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OJs potencialmente aplicáveis: RU (nacionalidade), Itália (RH), França (lex rei sitae).
Não se aplica o RRIV.
Aplica-se o art. 62.º do CC (+31.º):
L1 pt à L2 (nac: RU à art. 20.º/2: Italiana OU Inglesa????) DD à L3 LRS (fr) DS à
L3 LRS (fr)
L3 aplica L3.
L2 aplica L3.
Aplica-se, então, o 17.º/1: L1 deve aplicar L3 (Fr) e que esta se aplique a si próprio.
Assim, há que verificar se o 17.º/2 impede o reenvio. É necessário que L1 remeta para a
Lnac (o que sucede); é necessário que a RH seja num Estado que aplica a Lnac. No caso,
L(RH: itália) RM à L(nac: Ing). Assim, o 17.º/2 aplica-se e impede o reenvio.
Há que verificar se se aplica o 17.º/3: materialmente, aplica-se (sucessão); a Lnac aplica
a LRS e esta considera-se competente? Sim. Assim, aplica-se o n.º 3, o que significa que
o art. 17.º/1 volta a ter aplicação e a L1 pt deve aplicar a L3 (Fr), aceitando-se o reenvio.
Sub-hipótese:
E se o britânico tivesse falecido em 2020?
Aplica-se o RRIV.
Art. 21.º/1: L1 pt à L2 (RH: Itália). Não há reenvio nos termos do art. 34.º, pois a It não
é Estado terceiro.
Caso 21 (Retorno)
Andrea e Berta, dois nacionais romenos, casaram-se em França e fixaram residência
habitual comum em Portugal. Determine qual a lei reguladora dos efeitos pessoais do
casamento, considerando que:
(1) Os tribunais portugueses são internacionalmente competentes;
(2) A norma de conflitos francesa determina que a lei aplicável aos efeitos pessoais
do casamento é a lei da nacionalidade comum dos cônjuges;
(3) A norma de conflitos romena determina que a lei aplicável aos efeitos pessoais do
casamento é a lei da residência habitual comum dos cônjuges;
(4) Os Direitos de conflitos francês e romeno adotam o sistema de devolução simples.
OJs potencialmente aplicáveis: Roménia (nac), França (lex loci celebrationis), Portugal
(RH).
Não se aplica a convenção concernente aos conflitos de leis relativos aos efeitos do
casamento sobre os direitos e deveres dos cônjuges nas suas relações pessoais e sobre
os bens dos cônjuges, pois, apesar de ter sido celebrada precisamente por Portugal,
Itália e Roménia, não foi idoneamente ratificada nos termos do art. 8.º/2 CRP e é
inconstitucional.
Assim, aplica-se o art. 52.º CC (efeitos pessoais do casamento = relações entre os
cônjuges), que remete para a lei nacional comum (art. 31.º nem é necessário aqui). Assim,
L1 pt à L2 (nac: rom) DS à L1 (RH: pt) à L2 (nac: rom).
Assim, a L2 aplica L2.
Será que há retorno para a Lpt?
Não, pois a L2 acaba por se aplicar a si própria, pelo que o art. 18.º/1 não se aplica (a L2
não devolve para a Lpt). Assim, L1pt aplica L2 por via do art. 16.º (RM).
Retorno indireto:
L1 pt à L2 DS à L3 XX (RM/DS/DD)à L1
L1 pt à L2 DD à L3 RM à L1
Retorno direto:
L1 à L2 RM à L1
Caso 22
OJs potencialmente aplicáveis: EUA (nac), Itália (rh), Portugal (lex loci celebrationis).
Quaestio: lei aplicável à capacidade matrimonial à aplica-se o art. 49.º do CC (+31.º).
L1 pt à L2 (nac: EUA: art. 20.º/2, pt. final: NY) RM à L1 (llc: Pt)
Aplica-se o 18.º/1, o que significa que em princípio L1 aplica L1, aceitando o retorno.
Assim, tem que se verificar se o 18.º/2 impede o retorno: estamos perante uma matéria de
estatuto pessoal (sim), o indivíduo não reside em Pt, pelo que temos de verificar se a Lrh
(no caso, Itália) considera igualmente competente o direito interno português.
L1 (RH: Itália) RM à L2 (nac: NY).
Logo, o 18.º/2 implica a rejeição do retorno no caso concreto.
L1 irá aplicar L2 (nac: NY), por RM, nos termos do art. 16.º.
Caso 23
Caso se aplicasse a lei portuguesa e o testamento fosse inválido, será que o art. 19.º se
aplicar e impediria o retorno?
Se fosse de entender haver retorno nos termos do art. 18.º/1, será que este cessaria
por via da aplicação do art. 19.º (visto que o Direito material português não
permitiria a validade do testamento)? Duvidoso, pois permitiria o estado de
sucessível de C.
Além do mais, FC, BM, DMV defendem uma interpretação restritiva do art. 19.º, de modo
a limitar o seu alcance às situações já constituídas e não à sua constituição em Portugal
com a intervenção de uma autoridade pública e desde que a situação esteja em contacto
com a OJpt ao tempo da sua constituição (só neste caso poderiam os interessados ter
confiado na válida constituição da situação segundo a lei designada pela nossa norma de
conflitos).
Já LLP discorda: é uma redução teleológica (interpretação abrogativa) que teria de ser
justificada à luz do fim da norma ou outros princípios ou valores do sistema de Direito de
Conflitos. Segundo LLP, o legislador quis dar primazia ao princípio favor negotii
relativamente à harmonia internacional. LLP faz ainda notar que aquele entendimento
1
Diz-se no sumário do ac. da Relação de Évora de 28 de Outubro de 1993, CJ, tomo V,
1993, p. 276: “I - Remetendo a lei portuguesa, em caso de sucessão de inglês falecido em
Portugal, para a lei nacional deste, esta remissão é para o respectivo direito material e não
para as suas normas de conflitos. II - O direito dos filhos à legítima não é um princípio
de ordem pública internacional do direito português.”
parece partir do pressuposto de que os indivíduos se podem guiar pelas normas de
conflitos mas não pelas normas sobre devolução.
Por último, será que estamos perante um caso de aplicação do instituto da reserva de
ordem pública internacional?
Sub-hipótese:
E se o britânico tivesse falecido em 2016?
Aplicar-se-ia o RRIV.
Art. 21.º/1:
L1 pt à L2 RH (RU: art. 36.º/2/a: Ing à designação direta) DD à L1 pt
Art. 34.º/1/a: ficciona-se que a L2 opera uma remissão por RM. Aceita-se o retorno.
Nessa altura (2016), o RU ainda era Estado-membro, mas não era signatário do RRIV
(considerando 82). Era considerado Estado terceiro, para efeitos do art. 34.º (reenvio)?
LLP considera que seria considerado Estado terceiro (entendimento amplo). Se assim
fosse, então aplicar-se-ia o art. 34.º.
Como a LIng remete para a lei de um Estado-membro (Portugal), este não teria de se
considerar competente (al. a)) e deverá ler-se a alínea a) como ficcionando que a L2
opera o reenvio por referência material (apesar de no caso a LIng operar com sistema de
dupla devolução).
[mesma resposta agora que a Inglaterra não é Estado-membro da UE].
Caso 25
Anthony, britânico com residência habitual em Londres, faleceu em 2016, sendo a sua
herança composta por bens imóveis situados na França. Admitindo-se que:
(1) as normas de conflitos inglesas sujeitam a sucessão imobiliária à lei do lugar da
situação da coisa;
(2) os tribunais ingleses praticam dupla devolução;
Sub-hipótese:
E se todos os imóveis do património de A estivessem situados na República da Irlanda,
cujo Direito Internacional Privado sujeita a sucessão imobiliária à lei do lugar da situação
da coisa, com dupla devolução?
Na dupla devolução, a lei de referência(LA) aplica a lei que a lei para a qual a lei de
referência remete (LB) aplica (LD).
La à Lb DS à Lc à Ld
Aplica-se o RRIV.
Art. 21.º/1:
Esquema relativo ao imóvel sito em PT:
L1 pt à L2 RH (RU: art. 36.º/2/a – Ing) DD RMà L1 LRS (Portugal) à L2 Ing.
Ling DD à Lpt (RRIV: 21.º) à Ling à Lpt (34.º/1/a)
L2 aplica L3 e L3 seja EM
Esquema relativo ao imóvel sito no Canadá:
L1 pt à L2 RH (RU: art. 36.º/2/a – Ing) DD à L3 LRS (Canadá: 36.º/2/c – Quebeque)
RM à L3 LRS (Quebeque)
Aplica-se o art. 34.º, que permite o reenvio (quer para a Lpt, quer para a LQuebeque) ou
aplica-se a L2?
Nos termos dos artigos 21.º, 23.º, Considerando 37 e o próprio art. 34.º (“ou”) apontam
no sentido de vigorar no RRIV o princípio da regulação unitária da sucessão. Assim,
poder-se-ia defender que o reenvio fica excluído quando o Estado terceiro da L2 (no
caso, Inglaterra) remetesse para mais de uma lei. Contudo, doutrina internacional e
nacional (LLP) entendem que é de aceitar o dépeçage (fragmentação da regulação da
situação jurídica) e aplicar a lei portuguesa aos imóveis situados em Portugal, por
via da alínea a) (ficcionando-se que a referência por parte da L2 é material, não
relevando saber se a lei portuguesa se aplica a si própria – benefício da aplicação de leis
de Estados-membros, mas também facilitação do problema, visto que os EM aplicam o
Regulamento e, antes de aplicar o art. 34.º, não se sabe ao certo qual a lei que a lei do
foro aplica), e a lei do Quebeque aos imóveis aí situados, por via da alínea b) (a
LQuebeque aplica-se a si própria, pelo que os pressupostos da alínea estão
verificados).