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DIREITO

OBRIGACIONAL
E CONTRATUAL
UNIDADE II
Centro Universitário Católica SC | Unidade: Joinville
Curso: Direito | Disciplina: Direito Obrigacional e Contratual
Período: 3º Semestre
Professor: Fernando Speck de Souza
ROTEIRO DA AULA
Obrigação: estrutura e função

PARTE 2
PARTE 1
Relação obrigacional
Elementos da obrigação
complexa
• O elemento subjetivo • Obrigação como
• O elemento objetivo processo.
• Elemento
imaterial/espiritual
PARTE 1
Elementos da obrigação
Elementos da obrigação

“Definida a obrigação, cabe


O elemento subjetivo agora, em seguida, analisar os
vários elementos em que ela se
desdobra. São eles: duplo sujeito
(credor e devedor), objeto da
O elemento objetivo prestação e vínculo jurídico.
Nenhuma relação obrigacional
pode existir, ou sobreviver, sem a
inevitável presença de todos
Elemento imaterial/espiritual esses elementos.” (WASHINGTON
DE BARROS MONTEIRO)
Elemento
subjetivo

• O elemento subjetivo da obrigação são o(s) credor(es) e o(s)


devedor(es). Devem ser determinados ou determináveis. Ex.:
donatário, destinatário de recompensa.
Elemento
objetivo

• É a prestação = dar, fazer e não fazer (objeto imediato).


• ≠ Objeto da prestação (objeto mediato).
• Características do objeto: art. 104, II, CC (v. art. 166, II).
• A possibilidade deve ser física e jurídica (v. arts. 100, 106 e 426).
Elemento
imaterial/espiritual

• É o vínculo que une o sujeito ativo e o sujeito passivo.


• Divide-se em débito (Schuld) e responsabilidade (Haftung).
• Débito ≠ Responsabilidade: A responsabilidade só surge se o devedor
não cumprir espontaneamente o primeiro (débito/obrigação).
PARTE 2
A chamada funcionalização da
obrigação: relação obrigacional
complexa: obrigação como processo
A chamada funcionalização da obrigação:
a obrigação como processo

CÓDIGO CIVIL PORTUGUÊS


Decreto-Lei nº 47 344, de 25 de novembro de 1966
LIVRO II - DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
TÍTULO I - DAS OBRIGAÇÕES EM GERAL
CAPÍTULO I - Disposições gerais
SECÇÃO I - Conteúdo da obrigação
Artigo 398º – Conteúdo da prestação
1. As partes podem fixar livremente, dentro dos limites da lei, o conteúdo positivo ou negativo da prestação.
2. A prestação não necessita de ter valor pecuniário; mas deve corresponder a um interesse do credor, digno de
protecção legal.
“Do ponto de vista de sua estrutura, a relação jurídica
obrigacional comporta três elementos essenciais: (i) o
elemento subjetivo, ou seja, os titulares dos centros de
A chamada interesse credor e devedor; (ii) o elemento objetivo ou
objeto da obrigação (a prestação); e (iii) o vínculo jurídico.
funcionalização Sob a perspectiva funcional, contudo, a relação
da obrigação: a obrigacional deve ser estudada como um processo, um
conjunto de atos e atividades que se movimentam em
obrigação como direção a determinado fim econômico e social. [...].
processo A função que desempenha, de acordo com os interesses
merecedores de tutela que compõem a relação
obrigacional, irá determinar a disciplina incidente sobre os
elementos de sua estrutura. Assim sendo, estrutura e
função devem ser concomitantemente examinadas para a
compreensão normativa e interpretação da concreta
relação jurídica” (TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER,
Anderson. Fundamentos de direito civil: obrigações. Rio
de Janeiro: Forense, 2010. v. 2, cap. I, n. 1. E-book).
A chamada funcionalização da
obrigação: a obrigação como
processo
“A atração do dever pelo adimplemento
determina mútuas implicações das regras que
se referem ao nascimento e desenvolvimento
do vínculo obrigacional.
Assim, regras há que se dirigem à
prestação, e mesmo ao seu objeto, que
produzem conseqüências no desdobramento
da relação. E o próprio ordenamento jurídico,
ao dispor sobre o nascimento e o
desenvolvimento do vínculo oblicationis, tem
presente o sentido, o movimento e o fim da
mesma relação, ou seja, o encadeamento,
em forma processual, dos atos que tendem
ao adimplemento do dever” (COUTO E SILVA,
Clóvis Veríssimo do. A obrigação como
processo. Rio de Janeiro: FGV, 2006. p. 22).
Relação obrigacional como processo

A relação obrigacional como processo “abrange todos os


direitos, inclusive os formativos, as pretensões e ações,
obrigações, exceções, e ainda posições jurídicas (...) Sob
o ângulo da totalidade, o vínculo passa a ter sentido
próprio, diverso do que assumiria se se tratasse de pura
soma de suas partes, de um compósito de direitos,
deveres e pretensões, obrigações, ações e exceções”
(Clóvis Veríssimo do Couto e Silva).
Deveres prestacionais

• Deveres primários ou principais (típicos, essenciais): São


as prestações nucleares ou a ratio essendi do vínculo
obrigacional. Ex. Compra e venda: transferência da coisa e
pagamento do preço.
• Deveres secundários (acessórios): Ex.: dar quitação; pagar
juros de mora; pagar despesas de escritura.
• Deveres anexos, laterais: meros deveres de conduta
(deveres anexos da boa-fé objetiva). (ausência de
uniformidade na nomenclatura)
Deveres anexos, laterais, meros deveres de
conduta (deveres anexos da boa-fé objetiva)

• (a) Boa-fé objetiva: “É o dever de agir de acordo com


determinados padrões, socialmente recomendados, de
correção, lisura, honestidade. (...) [É a] atitude de lealdade,
de fidelidade, de cuidado que se costuma observar e que é
legitimamente esperada nas relações entre homens
honrados” (LARENZ, Karl. Allgemeiner Teil des Bürgerlichen
Rechts. Atualizado por Manfred Wolf. München: C.H. Beck
Verlag, 2004).
Obrigação como processo
e complexo de relações
RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO OCORRÊNCIA. NATUREZA DA RELAÇÃO JURÍDICA. PRAZO PRESCRICIONAL.
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES. OBRIGAÇÃO COMO PROCESSO. CUMPRIMENTO DO OBJETO DA OBRIGAÇÃO E DE DEVERES ANEXOS. EXIGÊNCIA DE
CONDUTAS DE COOPERAÇÃO DO DEVEDOR E DO CREDOR. MORA DO CREDOR. DISPENSA DA MÁ-FÉ E INVERSÃO DOS RISCOS. 1. Não há falar em
omissão ou contradição do acórdão recorrido se as questões pertinentes ao litígio foram solucionadas, ainda que sob entendimento diverso do
perfilhado pela parte. 2. A relação jurídica constituída por Contrato de Cessão de Direito de Posse e de Compra e Venda de Benfeitorias tem
natureza pessoal, prescrevendo em 20 (vinte) anos, nos termos do art. 177 do CC/1916, o direito de se exigir o cumprimento de obrigação
decorrente do negócio jurídico constituinte. Observância das regras de transição do art. 2.028 do CC/2002. 3. Numa compreensão
contemporânea, as obrigações oriundas dos contratos não se apresentam como simples vínculo abstrato. A realização da prestação pelas
partes, para que seja legítima, impõe o cumprimento dos deveres de cooperação, lealdade e respeito, que compreendem comportamentos
ativos e de abstenção do devedor e do credor, que podem estar expressos no conteúdo da obrigação ou, simplesmente, decorrer do
ordenamento. 4. A complexidade da relação obrigacional traduz a prática de condutas variadas em direção ao adimplemento, as quais abarcam
a execução da prestação pelo devedor, o cumprimento de deveres acessórios, assim como a realização de ações cooperativas por parte do
credor. 5. A mora do credor se caracteriza pela ausência de colaboração para recebimento da prestação, seja pela recusa expressa, seja por meio
da criação de obstáculos à sua realização pelo devedor, sempre que tenha havido oferta de cumprimento pelo devedor. A configuração da mora
do credor dispensa prova da má-fé e transfere a ele os riscos da prestação. 6. Configura-se mora do credor quando este, notificado pelo
devedor, por 20 (vinte) anos deixa de comparecer ao Cartório de Registro de Imóveis para receber em doação imóvel prometido em contrato,
sob alegação de enfermidade nunca sequer comprovada nos autos. 7. Recurso especial provido. (STJ, REsp 1.494.386/PA, rel. Min. Luis Felipe
Salomão, Quarta Turma, j. 4/2/2020, DJe 19/5/2020).
OBRIGADO!

Fim da Unidade II

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