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“Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir
do devedor (sujeito passivo) o cumprimento de uma determinada prestação.
Corresponde a uma relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter
transitório, cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível. -
(GONÇALVES, Carlos Roberto. Coleção Direito Civil Brasileiro 2020: Obrigações.
Vol. II. 18 ed. Saraiva. 2020). ”
Os sujeitos das relações obrigacionais, tanto o credor quanto o devedor, podem ser
determinados ou indeterminados (momentaneamente).
Exemplo1: João, por força de um contrato de compra e venda, deverá pagar para
Marcos o valor de R$10.000,00 (credor e devedor determinados - João: DEVEDOR
e Marcos: CREDOR);
1) POSITIVA, pois exige uma ação do DEVEDOR, o DEVEDOR tem que dar ou fazer
algo;
2) NEGATIVA, pois exige uma omissão do DEVEDOR, o DEVEVOR não deve fazer
algo;
Contudo, é possível que se utilize uma relação obrigacional para adquirir um direito
real, por exemplo, em contrato de compra e venda em que há a transmissão de um
direito real sobre um bem (propriedade), por meio de uma obrigação (transferência
e pagamento).
Os direitos reais estão na lei (Art. 1.225, CC), enquanto os obrigacionais podem ser
criados, a partir da previsão legal, pelas partes, ou seja, não estão elencados em um
rol taxativo.
Recai sobre uma determinada coisa e restringe num ou noutro grau o direito que o
titular tem em relação ao direito real, logo não é possível, por exemplo, transferir o
direito real.
Exemplo: direitos reais de garantia como anticrese, no qual o bem é utilizado para
o pagamento de uma dívida.
Quando se fala em direito real, uma grande característica é que esses direitos são
direitos erga omnes (para todos e contra todos) e as obrigações, por sua vez, são
inter partes.
Quando temos uma obrigação e atribuímos a ela uma eficácia real, essa obrigação
está produzindo um efeito, em vez de somente inter partes, uma eficácia contra
todos, erga omnes.
Exemplo: Marcos alugou seu apartamento para João pelo prazo de 36 meses;
quando completa 1 ano, Marcos decide vender o imóvel.
De acordo com a lei de inquilinato (Art. 27, Lei n. 8.245/1991), o locador deve deixar
que o locatário exerça o direito de preferência, devendo notificar o locatário de que
pretende vender o imóvel para saber se esse locatário tem interesse em comprar o
imóvel. Imagine que João, locatário, manifesta recusa na compra do imóvel e um
terceiro manifesta interesse. Esse terceiro, adquirente do imóvel, é obrigado a
respeitar as regras do contrato de locação e manter João no imóvel? Não, podendo,
inclusive, retirar o locatário do imóvel. A ação promovida pelo novo dono será uma
ação de despejo? Não, porque ele não é parte no contrato de locação. Será uma
ação de imissão na posse. Existe algum mecanismo que o locatário possa utilizar
para que, mesmo com a alienação do imóvel, ele não seja retirado do imóvel? Sim,
se àquela obrigação houver sido dado o efeito erga omnes, ou seja, uma obrigação
com eficácia real. Neste caso, com observância do artigo 576 do CC, vejamos:
Art. 576. Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não ficará
obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da
sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro.
§ 1º O registro a que se refere este artigo será o de Títulos e Documentos
do domicílio do locador, quando a coisa for móvel; e será o Registro de
Imóveis da respectiva circunscrição, quando imóvel.
§ 2º Em se tratando de imóvel, e ainda no caso em que o locador não
esteja obrigado a respeitar o contrato, não poderá ele despedir o locatário,
senão observado o prazo de noventa dias após a notificação.
Uma obrigação que, no início é de efeito inter partes, mas tem-se a atribuição de
uma eficácia real, logo passará a produzir efeito erga omnes, contra todos.