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Sucessões – Parte II
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte II
Carlos Elias
Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Sucessões – Parte II........................................................................................................................ 5
1. Sucessão Testamentária. . ........................................................................................................... 5
1.1. Noções Gerais............................................................................................................................. 5
1.2. Vedação ao Testamento Conjuntivo. . .................................................................................... 5
1.3. Testamento vs Codicilo............................................................................................................ 5
1.6. Flexibilizações no Testamento Público................................................................................ 7
1.7. Capacidade de Testar. . .............................................................................................................. 8
1.8. Espécies de Testamento. . ........................................................................................................ 9
1.9. Disposições Testamentárias.. ................................................................................................ 11
1.10. Legado.......................................................................................................................................16
1.11. Direito de Acrescer. . ............................................................................................................... 18
1.12. Substituições Testamentárias.............................................................................................19
1.13. Extinção do Testamento.. ..................................................................................................... 22
Questões de Concurso.................................................................................................................. 36
Gabarito............................................................................................................................................ 70
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Sucessões – Parte II
Carlos Elias
Apresentação
Olá!
Escute, desde logo: o ideal é você ler a teoria deste PDF e os comentários dos exercícios
que estão ao final. Separei tudo de forma milimetricamente calculada para você estar pre-
parado para enfrentar as provas.
Mais uma recomendação: faça você mesmo o seu resumo ou seu próprio mapa mental.
Não basta você ler o PDF; é fundamental você escrever o que você está aprendendo, pois
isso é que faz você fixar a matéria. Escrever o que você estuda te ajudará também a treinar
para as provas discursivas. Você é que precisa sistematizar o conhecimento. Não recomen-
do que você busque resumos ou mapas mentais feitos por outras pessoas, a não ser que,
posteriormente, você elabore o seu próprio resumo ou mapa mental. Eu, pessoalmente, pre-
firo fazer um resumo a fazer um mapa mental. Eu fixo mais assim. Fique, porém, à vontade
para adotar a metodologia de sua preferência.
Vamos em frente!
Resumo
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para
os exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu
aprofundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiarida-
de com as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não
tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• A sucessão testamentária decorre da vontade manifestada em testamento ou em
codicilo;
• Codicilo é menos formal e se dedica a bens de pequeno valor e a questão não patri-
moniais;
• Testamento é mais solene e pode abranger qualquer disposição patrimonial ou não
patrimonial;
• É vedado o testamento conjuntivo (dois testamentos, de pessoas diferentes, em um
mesmo instrumento);
• STJ admite flexibilizar algumas solenidades do testamento de modo excepcional,
como a quantidade de testemunhas, especialmente que, no caso concreto, não hou-
ver suspeitas de fraudes;
• Incapaz não pode testar, salvo o maior de 16 anos de idade;
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SUCESSÕES – PARTE II
1. Sucessão Testamentária
1.1. Noções Gerais
A sucessão testamentária é a que decorre de manifestação de última vontade do falecido,
expressada mediante testamento ou codicilo. Por essa via sucessória, a partilha dos bens do
falecido seguirá a vontade que, em vida, o falecido por uma desses instrumentos. Não é admi-
tido outro instrumento que não o testamento ou o codicilo diante do formalismo exigido pelo
Código Civil diante da seriedade da sucessão testamentária.
Testamento é o negócio jurídico unilateral por meio do qual a pessoa manifesta sua última
vontade para a partilha do seu patrimônio e para outras questões não patrimoniais. O legisla-
dor é muito formalista para o testamento, exigindo várias cautelas formais (testemunhas, por
exemplo) em razão da seriedade do ato.
Já o codicilo é, por assim dizer, um “pequeno testamento”, por envolver questões de me-
nor monta. É, mais tecnicamente, o negócio jurídico unilateral por meio do qual uma pessoa
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expressa sua última vontade para a partilha de bens móveis de pequeno valor ou para ques-
tões não patrimoniais, como seu enterro (art. 1.881, CC). Como o codicilo lida com questões
de menor monta, o legislador dispensou-o do rigoroso formalismo do testamento. O codicilo
pode ser realizado por mero instrumento particular (por um mero escrito particular). Não
há necessidade de testemunhas nem de outra formalidade adicional, tudo conforme art.
1.881 do CC.
O codicilo pode tratar de questões patrimoniais de pequeno valor e, portanto, no que cou-
ber e no que for omisso o regramento específico, deve respeitar todas as regras de proteção
da legítima e da higidez da vontade do disponente no testamento, como as regras relativas à
redução testamentária, ao rompimento, à revogação etc.
De um lado, como o testamento é mais abrangente, ele pode revogar codicilo, conforme
reconhece o art. 1.884 do CC.
De outro lado, se o testamento lida com questões próprias do codicilo, indaga-se: o codicilo
poderia revogar essas partes do testamento?
O tema é controverso.
Entendemos positivamente, pois, nessas questões de valor, o testamento é, materialmente,
um codicilo, embora formalmente seja um testamento. Advertimos que, em regra, o codicilo
não pode revogar o testamento. A exceção corre à conta daquelas partes do testamento que
lidou com questões de pequeno valor ou questões não patrimoniais que poderiam ser tratadas
em codicilo. No mesmo sentido do que defendemos, estão Cristiano Chaves de Farias e Nel-
son Rosenvald (Farias e Rosenvald, 2020, pp. 433-434).
Há, porém, respeitados doutrinadores que anunciam a inaptidão do codicilo para revogar um
testamento, sem, porém, enfrentar especificamente a exceção que mencionamos acima (a de o
codicilo revogar apenas as cláusulas do testamento que lidou com matéria própria de codicilo).
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formal incapaz de invalidar o testamento público (STJ, REsp 1419726/SC, 3ª Turma, Rel. Minis-
tro Marco Aurélio Bellizze, DJe 16/12/20142).
Igualmente, no caso de testamento público cujo testador é cego, é requisito formal que essa
condição seja consignada na cédula e que haja duas leituras em voz alta: uma pelo tabelião ou
seu substituto e outra por uma das testemunhas (art. 1.867, CC). O STJ entendeu que a falta
da segunda leitura em voz alta (a feita pela testemunha) e a ausência de menção expressa à
condição de cego seriam meras irregularidades incapazes de invalidar o testamento público se
inexistirem outros elementos probatórios que coloquem em suspeição a fidedignidade das de-
clarações (STJ, REsp 1677931/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 22/08/2017).
Cita-se, ainda, outros julgados que flexibilizaram requisitos formais de somenos importância no
caso concreto: STJ, AgInt no REsp 1521371/MG, 4ª Turma, Rel. Ministro Marco Buzzi, DJe 03/04/2017;
AgRg no REsp 1401087/MT, 3ª Turma, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, DJe 13/08/2015.
Para aferir a validade do testamento à luz da capacidade de testar, o que importa é o mo-
mento da lavratura do testamento. É irrelevante a posterior mudança da capacidade de testar;
fatos posteriores relativamente à capacidade são desinfluentes.
De fato, à luz do art. 1.861 do CC, a incapacidade superveniente não invalida o testamento,
tampouco capacidade posterior não valida testamento feito por incapaz.
De um lado, se, no momento da prática do ato, a pessoa era apta a testar, o testamento é
válido, ainda que, posteriormente, ela se torne incapaz. Se o testador perde totalmente seu dis-
cernimento e, portanto, não tem mais condições de revogar um testamento, isso é irrelevante,
até porque, se ele tivesse morrido, o testamento já teria produzido efeito.
2
No caso concreto analisado pelo STJ, a tabeliã que praticava reiteradamente a irregularidade de colocar seus funcionários
para assinarem instrumentos como testemunhas instrumentárias apesar de não presenciarem os atos acabou perdendo a
delegação por outras irregularidades. Funcionário de cartório pode ser testemunha instrumentária, desde que presencie o ato.
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Sucessões – Parte II
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Disciplinado pelos arts. 1.864 ao 1.867 do CC, o testamento público, de forma pública ou
de forma aberta é aquele que é formalizado por uma escritura pública, ou seja, que é redigido
por um tabelião.
É exigido, no mínimo, duas testemunhas instrumentárias, além de ter de ser lido em alta
voz pelo tabelião perante o testador e perante as testemunhas (fato que – recomenda-se –
deve ser consignado na escritura pública).
Se o testador for surdo, ele terá de ler o testamento ou, se não souber ler, designará uma
pessoa para ler no seu lugar diante das duas testemunhas (art. 1.866, CC).
Cegos só podem fazer testamentos públicos, pois a intermediação do tabelião – que é um
agente público – reduzirá o risco de fraudes (art. 1.867, CC).
É claro que o tabelião, o testador, e as testemunhas têm de assinar a escritura. Todavia,
se o testador não puder ou não souber assinar, é permitido que qualquer testemunha assine a
rogo do testador, fato que será declarado pelo tabelião na escritura (art. 1.865, CC).
Regra Geral
Disciplinado nos arts. 1.876 ao 1.880 do CC, o testamento particular, hológrafo3 ou privado
é aquele redigido e lido pelo próprio testador.
Não pode ter rasusas ou espaços em branco, se tiver sido redigido de modo mecânico, sob
pena de facilitar fraudes e adulterações (art. 1.876, § 2º, CC).
3
Diz-se hológrafo, porque ele é todo (“holo”) escrito pelo testador (grafado – “grafo”).
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Disciplinado pelos arts. 1.868 ao 1.875 do CC, o testamento cerrado, secreto ou místico é
aquele que, embora tenha sido escrito pelo testador (ou por outrem a seu rogo), é aprovado e
lacrado pelo tabelião de notas.
Para tanto, o testador, diante de duas testemunhas, tem de entregar a cédula para o tabe-
lião, o qual, logo após a última palavra escrita na cédula, lavrará o auto de aprovação e lacrará
o testamento.
O testamento, já lacrado, será devolvido ao testador após o tabelião consignar, em seus
livros, a prática do ato de aprovação do testamento (art. 1.874, CC).
Testamento Marítimo
Disciplinado pelos arts. 1.888 ao 1.892 do CC, o testamento marítimo é o lavrado pelo co-
mandante da embarcação perante duas testemunhas com registro no diário de bordo. Segue-
-se, no que couber, as regras do testamento público ou cerrado, caso em que o comandante
atuará como se fosse o tabelião.
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Testamento Aeronáutico
Testamento Militar
Regra Geral
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Com exceção desta última – que será objeto de análise em outra ocasião -, passamos à
análise do assunto.
Definição
Como se dá sobre qualquer liberalidade, o testador pode impor cláusula restritiva da pro-
priedade sobre a deixa testamentária.
Há três cláusulas restritivas da propriedade: inalienabilidade, incomunicabilidade e impe-
nhorabilidade. A primeira, por presunção legal, já abrange as duas últimas (art. 1.911, CC).
Sub-Rogação Real
Embora o testador, em regra, só possa dispor da sua parte disponível quando tem herdeiros
necessários, o art. 1.848 do CC, com olhos na proteção do próprio herdeiro necessário, auto-
riza que o testador imponha uma cláusula restritiva da propriedade sobre bens da legítima,
desde que apresente uma justa causa para tanto. Por exemplo, se um filho sofre de gravíssimo
vício de entorpecentes e tende a ter comportamento perdulário para alimentar o vício, o pai, por
testamento, poderia impor uma cláusula de inalienabilidade sobre esse imóvel apresentando
essa justa causa, supondo-se que esse imóvel integra a legítima.
Essa hipótese é conhecida na doutrina como deserdação bona mente, pois, em princípio,
está limitando os direitos do herdeiro necessário sobre a legítima por um bom motivo.
Questões Especiais
Cancelamento da Cláusula Restritiva da Propriedade com Base na Função
Social
Em regra, a cláusula restritiva da propriedade só pode ser cancelada com a morte do su-
cessor, salvo previsão de termo ou condição resolutiva para momento anterior. Jamais esse
gravame será transmitido para depois da morte do sucessor (STJ, REsp 1641549/RJ, 4ª Turma,
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJe 20/08/2019).
Excepcionalmente, porém, mesmo sem fundamento legal expresso, o STJ admite o can-
celamento da cláusula com fundamento social se, no caso concreto, o juiz verificar que isso
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será mais proveitoso para o sucessor (STJ, REsp 1422946/MG, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy
Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 05/02/2015).
É o caso, por exemplo, do sucessor que, tendo recebido uma fazenda como legado com cláusu-
la de inalienabilidade, está passando fome por não ter o menor traquejo com a exploração de ativida-
des agrárias. Nesse caso, se ele comprovar que tem aptidão para se mudar para cidade e começar
novas atividades econômicas, o juiz pode autorizar o cancelamento da cláusula de inalienabilidade.
Como o art. 1.848 do CC exige justa causa para a imposição de cláusula restritiva da pro-
priedade sobre bem da legítima no caso de testamento, deve-se, por analogia, estender esse
dispositivo para casos de doação de bens da legítima a herdeiro necessário, pois, em ambos
os casos (testamento ou doação), há uma liberalidade. Não estender, por analogia, o referido
preceito seria admitir a burla à exigência de justa causa pela via da doação.
Nesse sentido, o STJ, analisando caso de doação a descendentes e enfatizando que aí há
uma antecipação de legítima na forma do art. 544 do CC, decidiu pela necessidade de haver
justa causa para justificar a imposição de uma cláusula restritiva da propriedade (STJ, REsp
1631278/PR, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 29/03/2019).
Alerta-se para o fato de que, se a doação ao descendente viesse da parte disponível do doador
(o que ocorre se houver previsão expressa de dispensa de colação na forma do art. 2.005, CC4),
não haveria necessidade de justa causa, porque o art. 1.848 do CC se restringe a bens da legítima.
Testador, ao deixar uma herança (patrimônio) ou um legado, pode estabelecer uma condi-
ção suspensiva ou resolutiva (art. 1.897, CC).
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Essa dispensa pode ocorrer depois de prático o ato (Oliveira, 2020-B).
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Termo
Apesar de ser proibido o termo para a herança, o art. 1.924 do CC admite termo (como uma
data ou um prazo) para o legado.
O motivo da distinção é o fato de que, no caso de herança testamentária, o sucessor é
titular de um patrimônio (o que envolve ativos e passivos), de maneira que soaria inconve-
niente essa condição ser temporária. Quando, porém, se trata de legado, o sucessor é titular
apenas de uma coisa específica e, por isso, poderá fruir dela de forma mais adequada dentro
do termo legal.
Havendo dúvida na interpretação de uma cláusula, deve-se buscar aquela que mais bem
assegure a vontade do testador (art. 1.899, CC). Trata-se de um desdobramento do princípio da
vontade soberana do testador.
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Farias e Rosenvald, 2016, p. 438.
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À semelhança da lógica adotada para doações conjuntivas (art. 551, CC) e obrigações divi-
síveis (art. 257, CC), presume-se que a deixa testamentária deve ser rateada em partes iguais
(pro rata) entre os cossucessores, se o testador não individualizou a fração de cada um (art.
1.904, CC).
No caso de designação coletiva (ou seja, no caso de o testador nomear cossucessores in-
dicando um grupo) em conjunto com designação individual, deve-se presumir que cada grupo
representa uma quota da deixa testamentária, impendentemente da quantidade de membros
(art. 1.905, CC). Ex.: “deixo um apartamento a João, a Maria e aos filhos de Patrícia”. Nesse
caso, João e Maria terão, cada um, 1/3 do apartamento, ao passo que os filhos da Patrícia fi-
carão com o último 1/3 do apartamento (porção essa que será rateado igualmente entre todos
os filhos da Patrícia).
Exemplo: “instituo João como meu herdeiro testamentário e deixo 10% do meu patrimônio a
Manoel”. Nesse caso, considerando que eu tinha herdeiro necessário e que, portanto, a minha
parte disponível é de 50% do meu patrimônio, tem-se que 10% irá para Manoel e 40% (o resto
da parte disponível) para João, ao passo que a legítima será partilhada entre os herdeiros
necessários segundo as regras da sucessão legítima.
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Se o testador faz disposição em favor de uma generalidade de pessoas, como aos pobres
ou às entidades filantrópicas, presumir-se-á que a sua vontade foi contemplar a generalidade
de pessoas de seu domicílio, salvo manifesta prova em contrário (art. 1.902, caput, CC).
E, nesse caso, as entidades privadas preferirão às públicas, o que se justifica pelo fato de
estas já serem custeadas pelos impostos (art. 1.902, parágrafo único, CC).
1.10. Legado
1.10.1. Definição
Legado é a deixa testamentária que consiste em uma coisa ou em uma fração ideal de uma
coisa. Decorre, pois, de uma sucessão a título singular. Distingue-se da herança (em sentido
estrito), que corresponde a um patrimônio (ativos e passivos) ou a uma fração dele.
Nos arts. 1.912 ao 1.940 do CC, o legislador esmiúça o assunto do legado.
1.10.2. Espécies
É ineficaz (e, portanto, gera caducidade) o legado de coisas certas que não pertençam ao
testador no momento da morte (arts. 1.912 e 1.939, II e III, CC). Não importa se o testador sa-
bia que coisa certa pertencia a terceiros. Testador não pode legar coisas alheias.
Nada, porém, impede que o testador, sabendo que uma coisa certa seja de terceiro, estabe-
leça que o testamenteiro tente adquiri-la com os recursos do espólio a fim de entregá-la ao le-
gatário. Nesse caso, o legado de coisa certa alheia será eficaz, pois o testador não está dispon-
do de coisa alheia, e sim determinando o uso de seus recursos para adquirir determinado bem.
Se, todavia, o testador for condômino da coisa certa legada (legado de coisa comum), o
testamento será eficaz apenas em relação à sua fração ideal na coisa (art. 1.914, CC).
Testador pode deixar um legado a alguém com o encargo de que este entregue coisa de
sua própria propriedade (sublegado) a outrem (sublegatário). Ex.: deixo o apartamento do Rio
de Janeiro (legado) a Manoel (legatário) com o encargo de que este transfira a sua casa de São
Paulo (sublegado) a Maria (sublegatária).
Se o legatário não quiser cumprir o encargo, presume-se que ele renunciou à deixa testa-
mentária (art. 1.913, CC).
Se, porém, o legatário quiser cumprir o encargo, ele, salvo disposição contrária do testador,
terá direito a pleitear, em regresso, contra os demais coerdeiros, o reembolso do sublegado
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(art. 1.935, CC). A presunção da lei é a de que o ônus financeiro do sublegado não pode ser
suportado pelo legatário, salvo se o testador expressamente o tiver previsto.
Nada impede que o testador ordene que seja adquirida uma coisa genérica pelos herdeiros
a fim de ser entregue ao legatário. Nesse caso, na verdade, o testador está deixando uma coi-
sa especificada apenas pelo gênero e a quantidade. Caberá ao testamenteiro adquirir a coisa,
individualizando-a (concentração) usando os recursos do espólio.
Se o testador deixar uma coisa singularizada de sua propriedade, é irrelevante se ela tiver
reduzido em quantidade: a disposição testamentária será eficaz até onde ela existir entre os
bens do falecido.
Suponha que Manoel deixe 1 tonelada de grãos de minha fazenda para João, mas, quando
de abertura da sucessão, só há 500Kg de grãos. O legado será eficaz só até esses 500 Kg que
sobraram (art. 1.916, CC).
Legado de Alimentos
Legado de Usufruto
Se o legado for um usufruto sobre um determinado bem, presume-se que ele é vitalício,
salvo previsão diversa no testamento (art. 1.921, CC).
Legado de Imóvel
No caso de o legado ser um imóvel, as benfeitorias feitas no imóvel legado estão incluídas,
mas não outros imóveis que tenham sido adquiridos em proximidade com o imóvel legado. A
exceção dá-se se houver previsão em contrário (art. 1.922, CC).
Legado de Dinheiro
No caso de o legado ser dinheiro, só se poderá cobrar juros desde o dia em que for consti-
tuído em mora a pessoa obrigada a pagar o valor (art. 1.925, CC).
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Presume-se que a renda ou a pensão prevista a título de legado sejam devidas desde a data
da morte do testador (art. 1.926, CC).
Legado Alternativo
No caso de legado alternativo, a escolha é, em regra do herdeiro ou, se este morrer, aos
seus sucessores (arts. 1.932 e 1.933, CC).
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Substituição vulgar, ordinária ou direta ocorre quando o testador indica um ou mais suces-
sor substituto para o caso de um ou mais sucessores iniciais não quererem ou não poderem
receber a deixa testamentária (art. 1.947, CC).
6
É o caso, por exemplo, de premoriência, de exclusão sucessória por indignidade ou de falta de vocação hereditária (ex.: art.
1.801, CC).
7
É o caso de não aceitação da deixa testamentária.
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Substituição recíproca dá-se quando o testador indica mais de uma pessoa como bene-
ficiária de uma deixa testamentária e nomeia-as como substitutas testamentárias uma das
outras. Não se trata de uma categoria autônoma de substituição, e sim de uma de uma subs-
tituição vulgar em que os substitutos testamentários coincidem com os sucessores iniciais. É
prevista no art. 1.948 do CC.
A substituição recíproca pode ser geral ou particular.
Diz-se geral, quando todos os sucessores iniciais são substitutos uns dos outros. Ex.: “dei-
xo o apartamento a Maria, Joaquim e João, mas, na hipótese de qualquer deles não querer ou
não poder, o seu quinhão deverá reverter-se em favor dos demais”. Em termos de efeitos práti-
cos, a substituição vulgar geral assemelha-se ao direito de acrescer: a diferença prática é que,
no direito de acrescer, não há necessidade de previsão expressa por ela ser uma decorrência
legal em razão do fato de a redação da cláusula testamentária ter-se valido de uma conjunção
real ou mista.
Diz-se particular, quando apenas alguns dos sucessores iniciais são substitutos uns dos
outros. Ex.: “deixo a casa a Bruno, Patrícia, Maria e Raimundo, mas, na hipótese de qualquer
deles não querer ou não poder, o seu quinhão deverá reverter-se em favor de Bruno”.
Definição
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É vedado que o testador estabeleça mais do que essas duas transmissões, pois o art.
1.911 do CC, condenando a predestinação da cadeia dominial pela vontade de uma única pes-
soa, proibiu a substituição fideicomissária além do segundo grau (art. 1.959, CC).
Classificação
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Cumprimento do
Normal
testamento
Nulidade
Extinção
Invalidade
Anulabilidade
Redução
Anormal
testamentária
Caducidade
Ineficácia Revogação
Rompimento
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1.13.2. Invalidade
Regras Gerais
Como os demais atos jurídicos, o testamento precisa observar as normas de ordem públi-
co para passar incólume pelo plano da validade, sob pena de incorrer em nulidade ou em anu-
labilidade. Para ser válido, o testamento tem de nascer respeitando o ordenamento jurídico.
Vamos sistematizar as hipóteses de anulabilidade e de nulidade do testamento.
Antes, porém, antecipamos um alerta: apesar de o testamento ser um negócio jurídico,
há particularidades no seu regime de invalidade em relação aos demais negócios jurídicos,
a exemplo da existência de prazo decadencial para os casos de nulidade e das diferenças de
hipóteses de invalidade. Trataremos disso mais à frente.
Anulabilidade
O testamento pode ser anulado quando houver erro, dolo ou coação, conforme art.
1.909 do CC.
O referido dispositivo não faz menção a outros vícios que, para os negócios jurídicos em
geral, geram anulabilidade, como a lesão, o estado de perigo e a fraude contra credores. Daí se
indaga: o testamento poderia ser anulado por esses vícios?
Entendemos que não pelo fato de esses vícios serem inaplicáveis ao testamento. De um
lado, o testador não se obriga a prestação alguma, de modo que soa inviável falar em lesão
ou em estado de perigo (os quais censuram manifesta desproporção de prestação). De outro
lado, no procedimento da sucessão causa mortis, os credores são pagos antes de se cumprir
qualquer cláusula testamentária de índole patrimonial, de maneira que se torna inviável em fa-
lar em fraude contra credores (que presume um negócio jurídico feito pelo devedor insolvente).
É verdade que o testador poderia reconhecer uma dívida inexistente como forma de “preju-
dicar” um credor, mas, nesse caso, não haveria uma fraude contra credores, e sim uma simu-
lação, que, a nosso sentir, atrai a nulidade da cláusula testamentária, e não sua anulabilidade9.
1.13.3. Nulidade
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O art. 1.859 do CC dispõe o seguinte: “extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado
da data do registro”. Zeno Veloso chama a atenção para o fato de que esse dispositivo propositalmente se valeu de termo
genérico (validade) que abrange tanto a nulidade quanto a anulabilidade, de maneira que, “como a lei não distingue [os tipos
de invalidade], não cabe ao intérprete distinguir” (Veloso, 2003, p. 21).
11
Como lembrava Teixeira de Freitas (2000, p. 122) – citando brocardos latinos clássicos listados por Simão Vaz Barbosa
Lusitano – “interpretação se deve fazer, que não resulte absurdo” (interpretatio facienda est, ut ne sequatur absurdum)
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Por isso, a melhor interpretação do art. 1.909 do CC é a de que esse preceito não se sobre-
põe ao art. 1.859 do CC, de maneira que jamais se poderá pleitear a anulação do testamento por
erro, dolo ou coação depois de escoado o prazo de 5 anos da data do registro do testamento.
Assim, se o interessado tomar ciência de um erro no testamento antes mesmo do registro
do testamento, o prazo decadencial para anulação será de 4 anos e começará a correr da data
dessa ciência. Como consequência, decairá o direito de anular o testamento na forma do art.
1.859 do CC, sem necessidade de, para tal efeito, invocar o art. 1.909 do CC.
Se, porém, o interessado tomar ciência desse erro três anos depois do registro do testa-
mento, deverá ser aplicado apenas o prazo decadencial do art. 1.859 do CC, de maneira que, ao
completar 5 anos do registro do testamento, terá decaído o direito de anular o testamento por
erro. Será aí inaplicável o prazo decadencial do parágrafo único do 1.909 do CC, pois ele daria
uma sobrevida a esse direito de anular, o que seria um absurdo jurídico diante do fato de até
mesmo as nulidades já terem convalescido.
Essa nos parece a melhor interpretação dos preceitos acima. E, nesse ponto, inferimos ter
o amparo de respeitados doutrinadores que, ao defenderem a necessidade de alteração do
malsinado parágrafo único do art. 1.909 do CC, censuram que o direito de anular sobreviva ao
de declarar nulo. É o caso de Mauro Antonini (2012, p. 2269) e de Zeno Veloso (2003, p. 24)12.
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Redução Testamentária
O testador pode determinar como ocorrerá essa redução (art. 1.967, § 2º, CC). Se, porém,
ele for silente, a redução deve recair, de modo igual, sobre todas as quotas daqueles que foram
nomeados herdeiros testamentários, pois estes foram contemplados pelo testador com uma
fração do patrimônio deste (herança), e não com uma coisa individualizada ou individualizável
(legado). Em não sendo suficiente, a redução deverá recair sobre os legados de modo igual.
Como o legado consiste em uma coisa individualizável (à diferença da herança testamentá-
ria, que consiste em uma fração da herança), o art. 1.968 do CC estabelece regras específicas
para o caso de o legado ser um imóvel (“prédio) indivisível. Se o imóvel legado for divisível, não
há complexidade: basta desmembrar o imóvel na proporção da redução testamentária. Caso,
porém, o imóvel for indivisível, deve-se observar se a redução testamentária alcança mais ou
menos do que ¼ do valor do imóvel, ou seja, se a redução é expressiva:
• Redução expressiva: o legatário perderá, em favor dos herdeiros legítimos, o imóvel
legado, mas poderá reclamar, em dinheiro, o valor excedente ao que deveria incidir a
redução;
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• Redução inexpressiva: o legatário ficará com o imóvel legado, mas terá de repor, em di-
nheiro, o valor correspondente à redução.
Revogação do Testamento
Definição
Enquanto estiver vivo, o testador pode revogar o seu testamento nos termos dos arts.
1.959 ao 1.972, CC. Tal decorre do princípio da vontade soberana do testador, segundo o qual
esta vontade deve ser sempre respeitada.
A revogação pode ser expressa ou tácita. Diz-se expressa quando novo testamento textu-
almente determina a revogação do testamento anterior (art. 1.969, CC). Esse comando pode
ser genérico: “ficam revogados todos os testamentos anteriores” (STJ, REsp 1694394/DF, 3ª
Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 26/03/2018).
Diz-se tácita quando há incompatibilidade de conteúdo entre o novo testamento e o an-
terior (ex.: os dois dispõem sobre o mesmo bem) ou quando há dilaceração, consentida pelo
testador, do testamento cerrado ou particular (o art. 1.972 do CC, é aplicável, por analogia,
ao testamento particular).
A revogação pode ser total (revoga integralmente testamento anterior) ou parcial (revoga
apenas parte das disposições do testamento anterior).
Novo testamento, ainda que de outra modalidade, pode revogar o anterior, pois não há
hierarquia de formas entre os testamentos. Ex.: testamento particular pode revogar testa-
mento público.
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Rompimento do Testamento
Noções Gerais
(...) se o indivíduo faz o seu testamento, quando não tem descendente sucessível, ou não o conhece,
distribuirá seus bens de um certo modo; e, se, depois, se reduzirem as suas liberalidades à meta-
de, já o testamento não exprime a sua vontade. Muitos legados deixariam de ter sido feito, muitas
16
O legislador tratou do descendente desconhecido ou superveniente no art. 1.973 do CC e deixou estender essas regras para
os demais herdeiros necessários (ascendentes ou cônjuge) no art. 1.974 do CC por um motivo: a hipótese de superveniên-
cia de herdeiro necessário só calha para descendente. Biologicamente, não há ascendente superveniente nem tampouco
há razoabilidade em romper o testamento pela superveniência de um cônjuge (um casamento posterior). Acontece que,
com a parentalidade socioafetiva, é possível que alguém venha a ter pai socioafetivo posteriormente à lavratura de um
testamento. É possível, pois, haver “pai superveniente” ao testamento. Para esses casos, entendemos também ser viável o
rompimento do testamento, pois a lógica de justiça aí é a mesma para a do caso de descendente superveniente, tudo con-
forme a máxima romana “ubi eadem ratio, ibi eadem ius” (onde há a mesma lógica, há a mesma regra).
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determinações teriam calado, se soubesse que apenas disporia da metade de seus bens. É, pois,
justo que se considere roto o seu testamento, deixando-lhe a liberdade de fazer outro, se quiser. A
situação não é a mesma do que, sabendo que tem herdeiros necessários, redige o seu testamento,
como se os não tivesse. O que assim procede infringe conscientemente a lei, contra a qual ergue
a sua vontade; a lei não lhe consente o excesso, mas lhe respeita o direito. Aquele a quem aparece
descendência antes inexistente ou ignorada, não violou lei alguma, dispondo da totalidade de seu
patrimônio, usou de um direito reconhecido; as circunstâncias é que mudaram, e, com elas, mudou
o seu estado de espírito em relação ao destino de seus bens para depois da morte.
É certo que, se o testador não tinha nenhum herdeiro necessário conhecido no momento
da elaboração do testamento, a superveniência ou a descoberta de um herdeiro necessário
acarreta rompimento do testamento (art. 1.973, CC).
O problema se dá quando o testador tinha, ao menos, um herdeiro necessário conhecido.
Nesse caso, indaga-se: se o testador sabia de descendentes ou de outros herdeiros necessá-
rios no momento de testar, a superveniência de outros (ex.: nasceu um novo filho ou um novo
neto) causaria o rompimento do testamento?
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O STJ entende que não, pois só há ruptura do testamento se, no ato de testar, o disponen-
te não tinha herdeiro necessário algum ou ignorava a existência de qualquer um. É que, se o
disponente tinha e sabia de, ao menos, um herdeiro necessário, ele já tinha consciência da
existência da legítima como parte indisponível no testamento. É irrelevante se ele vier a ter, re-
conhecer ou descobrir novo descendente ou herdeiro necessário, pois o seu estado de espírito
não mudaria diante da consciência de que a parte disponível era apenas de metade do patrimô-
nio (REsp 1273684/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 08/09/2014; REsp 594.535/
SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Hélio Quaglia Barbosa, DJ 28/05/2007; AgRg no REsp 1273684/RS,
3ª Turma, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 04/05/2012; REsp 240.720/SP, 4ª Turma, Rel. Minis-
tro Aldir Passarinho Junior, DJ 06/10/2003).
O entendimento do STJ deve ser aplicado em qualquer hipótese em que o testador já tinha,
ao menos, um herdeiro necessário, pois a razão de ser do instituto da revogação do testamen-
to é a presunção de que, se o testador soubesse que só poderia dispor de metade dos bens,
ele teria outro estado de espírito na confecção do testamento. A razão de ser não é proteger a
legítima, pois, para tanto, já há o instituto da “redução testamentária” (art. 1.967, CC).
Indaga-se: seria possível o testador afastar o rompimento do testamento dizendo ser irre-
levante o aparecimento de algum descendente ou outro herdeiro necessário?
Apesar do silêncio legal, temos por plenamente viável essa cláusula para afastar o rompi-
mento testamentário previsto nos arts. 1.973 e 1.974 do CC, pois a finalidade desse instituto é
proteger a vontade presumida do testador. Ora, se o testador textualmente externou sua vonta-
de, não há motivos para presumir que sua vontade seria diferente.
Nessa hipótese, a única consequência do aparecimento do herdeiro necessário desconhe-
cido será a redução testamentária para lhe assegurar a proteção da legítima na forma do art.
1.967 do CC.
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O próprio texto do art. 1.973 do CC, à semelhança do antigo art. 1.750 do CC/1916, é tex-
tual em anunciar a ruptura do testamento “em todas as suas disposições”. Nas palavras de
Clóvis Bevilaqua (1979, p. 964), com a descoberta ou a superveniência do novo herdeiro neces-
sário, “o estado de espírito [do testador] sofre mudança radical, não pode ser o mesmo que era
ao tempo da factura do testamento, e este rompe-se, não podendo subsistir as liberalidades,
quanto à legítima do descendente, nem quanto à porção disponível”.
Não se pode confundir o instituto do rompimento do testamento com o da redução testa-
mentária. Este último se volta à proteção da legítima na forma do art. 1.967 do CC, cortando,
apenas, os avanços excessivos do testador para além da sua parte disponível.
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Caducidade do Testamento
Definição
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O Código Civil apenas menciona expressamente a “caducidade do legado” (arts. 1.939 e 1.940,
CC), que, na verdade, é uma espécie de caducidade do testamento com foco apenas no legado.
Caducidade de testamento é expressão mais ampla, pois abrange também hipóteses de
testamento sem legado.
Portanto, ao tratarmos abaixo de caducidade do testamento também abrangeremos a ca-
ducidade de legado.
A caducidade do testamento pode ser parcial, quando apenas uma parte separável dele ca-
ducar. Se, por exemplo, ocorrer a caducidade de um legado, o testamento subsistirá nas demais
cláusulas, se elas forem separáveis. Trata-se do velho adágio utile per inutile non viatiatur (“o
útil não é invalidado pelo inútil”), como lembra o genial Professor Zeno Veloso (2003, p. 264).
Nesse sentido, se testador deixar duas coisas como legados e apenas uma delas perecer
antes da abertura da sucessão, subsiste o testamento quanto à outra coisa: a caducidade do
testamento aí é parcial, conforme art. 1.940 do CC.
Se o sucessor (herdeiro testamentário ou legatário) não puder ou não quiser receber a dei-
xa testamentária, o testamento caduca.
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A exceção corre à conta em que houver direto de acrescer (arts. 1.941 ao 1.946, CC) ou
substituição testamentária (arts. 1.947 ao 1.960, CC), caso em que não haverá caducidade do
testamento pelo fato de a deixa testamentária se reverter em favor do terceiro (o coerdeiro
com direito de acrescer ou o substituto testamentário).
Eis os casos principais de caducidade por perda do sujeito:
• Exclusão do herdeiro testamentário ou do legatário: dá-se no caso de indignidade (arts.
1.814 ao 1.818 e 1.939, IV, CC). É inviável caducidade por deserdação, pois, como esta
decorre de vontade manifestada no testamento (art. 1.964, CC), soa incompatível que o
testador deserde um herdeiro necessário e, ao mesmo tempo, contemple-o em um tes-
tamento. Se havia algum testamento anterior ao da deserdação, o caso é de revogação
do testamento anterior, e não de caducidade;
• Renúncia à herança ou ao legado (arts. 1.804 ao 1.813 e 1.913, CC): se sucessor recusar
deixa testamentária sem haver direito de acrescer ou substituição testamentária, não há
quem transferir a deixa testamentária e, por isso, há caducidade do testamento;
• Premoriência (art. 1.939, V, CC): se o sucessor for pré-morto quando da abertura da su-
cessão testamentária, é evidente que ele não pode receber a deixa testamentária.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (VUNESP/DELEGADO/PC-SP/2018) Pedro, cantor de sucesso de apenas dezessete
anos, preocupado com seus bens, decide fazer um testamento. Sobre a situação hipotética,
assinale a alternativa correta.
a) Caso algum herdeiro necessário não beneficiado pelo testamento decida impugnar a valida-
de do testamento de Pedro, o prazo é de quatro anos, contado o prazo da data do seu registro.
b) Se Pedro decidir fazer o testamento particular, ele deve ser escrito de próprio punho. Se for
público, pode ser de próprio punho ou por processo mecânico.
c) Serão nulas as disposições de Pedro se ele favorecer as testemunhas do testamento.
d) Pedro pode fazer o testamento conjuntivo com seu irmão para beneficiar seus pais.
e) Por ser relativamente incapaz, Pedro não pode testar, exceto se assistido por seus pais ou
representantes legais.
Art. 1.859. Extingue-se em cinco anos o direito de impugnar a validade do testamento, contado o
prazo da data do seu registro.
b) Errada. Testamento particular e público não precisam ser de próprio punho; podem por pro-
cesso mecânico (arts. 1.876 e 1.864, parágrafo único, CC). Lembre-se que, no caso de testa-
mento público, quem redige a cédula é o tabelião, e não o testador. Veja os referidos preceitos:
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e) Errada. A partir dos 16 anos, pessoa já pode testar, conforme parágrafo único do art.
1.860 do CC:
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno dis-
cernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Letra c.
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b) Errada. Embora a hipótese citada seja uma de indignidade (art. 1.814, III, CC), a exclusão do
herdeiro por indignidade depende de sentença judicial em ação a ser proposta no prazo deca-
dencial de 4 anos da morte, conforme art. 1.815 do CC:
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será de-
clarada por sentença.
§ 1º O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, conta-
dos da abertura da sucessão.
§ 2º Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a
exclusão do herdeiro ou legatário.
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens
que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
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e) Errada. Para evitar enriquecimento sem causa, o herdeiro excluído tem direito a ser indeniza-
do pelas despesas de conservação, conforme parágrafo único do art. 1.817 do CC:
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos
de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos her-
deiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens
da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação
deles.
Letra d.
003. (FCC/JUIZ/TJ-PE/2015/ADAPTADA) João, que possui dois filhos -José e Joaquim -em
2010, doou a José, com dispensa de colação, alguns imóveis que totalizaram R$ 2.000.000,00
e que representavam 25% de seu patrimônio, avaliado em R$ 8.000.000,00. Por testamento,
lavrado em 2012, João deixa parte de seus bens, distribuídos em legados, também a José e
sem prejuízo de sua legítima. Aberta a sucessão de João, em 2014, verificou-se que os bens
deixados a José, no testamento, equivaliam a R$ 3.000.000,00, e o patrimônio do testador se
reduzira a R$ 6.000.000,00. Segundo o que dispõe o Código Civil,
a) o testamento de João é nulo, porque não respeitou a legítima dos filhos
b) tanto as doações como os legados são válidos, porque respeitaram a legítima dos filhos
que deverá, respectivamente, ser calculada no momento da doação e no momento da abertura
da sucessão.
c) José terá de optar entre receber os legados ou permanecer com os bens doados, salvo se
os trouxer à colação, porque não se admite que o ascendente beneficie um mesmo descen-
dente com doações e legados, que ultrapassem o disponível calculado na data da abertura
da sucessão.
d) a cláusula que dispensou o donatário da colação tornou-se ineficaz, porque somados os
legados e as doações, João desrespeitou a legítima de Joaquim.
e) haverá necessariamente redução das disposições testamentárias para que a legítima de
Joaquim seja respeitada, levando-se em conta as doações e os legados.
Em 2010, como a doação com dispensa de colação foi feita respeitando a parte disponível à
época da liberalidade, ela é válida (arts. 544 e 2005, parágrafo único, CC). Logo, José não tem
de colacionar os 2 milhões que recebeu em doação naquela época. No testamento, João pode
dispor livremente de 50% do seu patrimônio na data de sua morte (parte disponível), pois a
outra metade é a legítima, que pertence aos herdeiros necessários (arts. 1.789, 1.846, 1.847 e
1.967 do CC). Se o testamento dispusesse além da parte disponível (que é calculada na data
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da morte do falecido), ele teria de sofrer redução testamentária (art. 1.967 do CC). Por essa
razão, como, no caso da questão, João só dispôs de metade do seu patrimônio à data da morte
(ou seja, de 3 milhões), o testamento é válido, de maneira tanto a doação feita a José quanto o
legado deixado a ele são válidos, tudo conforme a letra “B”.
Letra b.
004. (FCC/JUIZ/TJ-PE/2015/ADAPTADA) Antônio, que possui três filhos, foi condenado cri-
minalmente pelo Tribunal do Júri, por tentativa de homicídio contra seu pai, Serafim, que possui
outro filho. Nesse caso, Antônio
a) não poderá ser admitido a suceder nos bens deixados por morte de Serafim, ainda que
este o tenha expressamente reabilitado em testamento, porque a sentença criminal o impede
de suceder.
b) será excluído da sucessão de Serafim, independentemente de demanda de exclusão, por-
que a condenação criminal a supre, e os bens que lhe caberiam serão distribuídos, em partes
iguais, entre os filhos e o irmão de Antônio.
c) será excluído da sucessão de Serafim, desde que procedente demanda de exclusão, e os
bens que lhe caberiam serão destinados aos filhos do excluído, como se ele morto fosse antes
da abertura da sucessão
d) poderá ser deserdado, mas não excluído da sucessão de Serafim, porque o crime se deu na
modalidade tentada.
e) será excluído da sucessão de Serafim, desde que procedente demanda de exclusão, e os
bens que lhe caberiam serão destinados ao irmão de Antônio.
A tentativa de homicídio é causa de exclusão do herdeiro por indignidade (art. 1.814, I, do CC).
Essa exclusão não é automática, mas depende de ação a ser proposta após a abertura da su-
cessão (art. 1.815, CC). Havendo exclusão de um herdeiro por indignidade, é cabível o direito
de representação em favor de seus filhos, pois tal hipótese se equipara ao de premoriência
(art. 1.816, CC). Sob essa ótica, a única alternativa compatível é a letra “C”.
Letra c.
005. (CESPE/JUIZ/TJ-BA/2019) À luz do Código Civil e da teoria das invalidades dos atos e
negócios jurídicos, a elaboração de testamento conjuntivo nas modalidades simultânea, recí-
proca ou correspectiva é ato eivado de vício de
a) anulabilidade em qualquer uma das três modalidades.
b) nulidade em qualquer uma das três modalidades.
c) ineficácia em qualquer uma das três modalidades.
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b) Errada. Embora Décio pudesse nomear sua esposa como herdeira, não o pode em relação à
concubina por força do art. 1.801, III, do CC.
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II – as testemunhas do testamento;
III – o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do côn-
juge há mais de cinco anos;
IV – o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o
que fizer ou aprovar o testamento.
c) Certa. Não há proibição para nomear o filho como herdeiro, independentemente da origem
da filiação.
d) Errada. Art. 1.801, I, do CC proíbe.
e) Errada. Art. 1.801, IV, do CC proíbe.
Letra c.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dota-
das de valor econômico.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança,
será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Letra c.
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b) Sônia concorre na sucessão legítima com o filho de Joaquim, mas não terá direito à sua
cota-parte do imóvel decorrente do regime de bens do casamento.
c) Tendo sido a casa adquirida na constância do casamento, Sônia concorre na sucessão legí-
tima com o filho de Joaquim, inclusive com o direito de habitação.
d) Sônia não concorre na sucessão legítima com o filho de Joaquim, mas tem o direito real de
habitação.
e) Conforme jurisprudência do STJ, Sônia somente tem o direito real de habitação se proceder
ao registro no cartório de imóveis.
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem pre-
juízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
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Seja como for, independentemente do regime de bens, o viúvo tem direito real de habitação
sobre o imóvel destinado à residência da família, desde que seja a única dessa natureza a in-
ventariar (art. 1.831, CC).
Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem pre-
juízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel
destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
e) Errada. O direito real de habitação decorre de lei e, portanto, independe de registro no Cartó-
rio de Imóveis. Veja este julgado do STJ:
Letra d.
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010. (CESPE/ANALISTA/STJ/2018) João, ao falecer, deixou Maria, sua esposa, com quem
era casado sob o regime de comunhão parcial de bens, e dois filhos. Ao tempo do seu passa-
mento, ele possuía alguns bens comuns com sua esposa e outros particulares.
Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência dos tribunais superiores,
Maria concorrerá na herança com os descendentes de João somente quanto aos bens particu-
lares constantes no acervo hereditário.
Certo.
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Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo
da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de
dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa
do sobrevivente.
Certo.
012. (CESPE/ANALISTA/STJ/2018) João, ao falecer, deixou Maria, sua esposa, com quem
era casado sob o regime de comunhão parcial de bens, e dois filhos. Ao tempo do seu passa-
mento, ele possuía alguns bens comuns com sua esposa e outros particulares.
Nessa situação hipotética, conforme a jurisprudência dos tribunais superiores, caso tenha
sido beneficiada por testamento deixado por João, Maria perderá automaticamente o direito
à legítima.
Sucessão legítima – a que decorre de lei – não se confunde com a testamentária. Maria,
além da deixa testamentária (sucessão testamentária), também receberá seu quinhão na
sucessão legítima (art. 1.788, CC). E, como Maria é herdeira necessária (art. 1.845, CC), a
legítima – que é a metade do patrimônio do de cujus – não pode ser objeto de testamento.
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o
mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a su-
cessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Errado.
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c) A união estável havida entre César e Lídia não é reconhecida pelo ordenamento jurídico.
d) Com o falecimento de Hugo, a transmissão da herança ao herdeiro ocorrerá mediante a
imissão na posse, a qual, entretanto, será condicionada ao ajuizamento, pelo interessado, de
manifestação nesse sentido.
a) Errada. Como César é irmão de Hugo e como este não possuía outro parente sucessível
mais próximo na ordem de vocação hereditária do art. 1.829 do CC, César é herdeiro (inciso IV
do art. 1.829 e arts. 1.840 ao 1.842, CC).
b) Certa. A separação de fato faz cessar a eficácia do regime de bens por interpretação exten-
siva do art. 1.575 do CC.
Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos e a partilha de bens.
Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologada
pelo juiz ou por este decidida.
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c) Errada. É cabível união estável de pessoas formalmente casadas com terceiros apenas se
estiverem separadas de fato (art. 1.723, § 1º, CC).
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada
na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.
§ 1º A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplican-
do a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.
§ 2º As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Letra b.
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Doação de ascendente a descendente implica antecipação de herança, salvo se, além da dis-
pensa expressa de colação, tiver sido respeitada a legítima, calculada ao tempo da doação
(arts. 544 e 2.005, CC). A questão foi anulada, porque não deixou explícita a necessidade de
respeitar a legítima.
Art. 41. Os direitos patrimoniais do autor perduram por setenta anos contados de 1º de janeiro do
ano subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil.
Parágrafo único. Aplica-se às obras póstumas o prazo de proteção a que alude o caput deste artigo.
III – Correto. Doação de ascendente a descendente é antecipação de herança e, por isso, tem
de ser colacionado pelo donatário, sob pena de este sofrer a pena de sonegação (arts. 544 e
2.002, CC).
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016. (CESPE/DEFENSOR/DPE-AC/2017) Aos setenta anos de idade, Roberto, viúvo, com três
filhos maiores, sendo um deles incapaz, pretende firmar testamento a fim de dispor, após sua
morte, dos bens de que é proprietário.
Nessa situação,
a) a sucessão testamentária só poderá ser realizada mediante testamento público.
b) Roberto só poderá dispor, no testamento, de até vinte e cinco por cento de seus bens.
c) a sucessão testamentária depende da anuência dos filhos capazes e do representante legal
do incapaz.
d) a idade de Roberto não é fato impeditivo para firmar testamento.
e) a existência de filho incapaz impede a sucessão testamentária.
a) Errada. O testamento pode ser público, particular ou cerrado, conforme art. 1.862 do CC.
b) Errada. Só pode dispor até de 50% do patrimônio por ter herdeiros necessários (os filhos),
conforme arts. 1.789 e 1.845 do CC.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte
deles, para depois de sua morte.
§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador
somente a elas se tenha limitado.
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A ação de petição de herança só pode ser proposta dentro do prazo prescricional, e não a
qualquer tempo. O prazo prescricional é de 10 anos. Veja este julgado do STJ:
Errado.
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Embora os maiores de dezesseis anos de idade possam testar, esse ato será passível de anu-
lação se ausente a assinatura do representante legal.
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno
discernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Errado.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança,
será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
b) Certa. Os filhos têm de colacionar os bens recebidos a título de doação, ainda que a doação tenha
sido feito antes do nascimento dos irmãos. O objetivo é igualar a legítima. Veja este julgado do STJ:
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(...)
2. Para efeito de cumprimento do dever de colação, é irrelevante o fato de o herdeiro ter
nascido antes ou após a doação, de todos os bens imóveis, feita pelo autor da herança
e sua esposa aos filhos e respectivos cônjuges. O que deve prevalecer é a ideia de que
a doação feita de ascendente para descendente, por si só, não é considerada inválida
ou ineficaz pelo ordenamento jurídico, mas impõe ao donatário obrigação protraída no
tempo de, à época do óbito do doador, trazer o patrimônio recebido à colação, a fim de
igualar as legítimas, caso não seja aquele o único herdeiro necessário (arts. 2.002, pará-
grafo único, e 2.003 do CC/2002).
3. No caso, todavia, a colação deve ser admitida apenas sobre 25% dos referidos bens,
por ter sido esse o percentual doado aos herdeiros necessários, já que a outra metade
foi destinada, expressamente, aos seus respectivos cônjuges. Tampouco, há de se cogi-
tar da possível existência de fraude, uma vez que na data da celebração do contrato de
doação, o herdeiro preterido, ora recorrido, nem sequer havia sido concebido.
4. Recurso especial parcialmente provido.
(REsp 1298864/SP, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 19/05/2015, DJe 29/05/2015).
c) Errada. O direito real de habitação ao viúvo só recai sobre imóvel que pertencesse ao de
cujus ou ao casal, e não a terceiros. Por isso, se os irmãos do de cujus eram donos do imóvel,
não há falar em direito real de habitação. Veja este julgado do STJ:
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Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Art. 1.915. Se o legado for de coisa que se determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda
que tal coisa não exista entre os bens deixados pelo testador.
Letra b.
Não há opção correta, uma vez que a utilização do termo “finalidade” prejudicou o entendimento da
opção apontada como gabarito (letra c).
a) Errada. Em regra, a morte extingue o parentesco por afinidade apenas na linha colateral, mas
nunca na linha reta (art. 1.595, § 2º, CC).
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do côn-
juge ou companheiro.
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
b) Errada. Não vínculo de afinidade nessa hipótese. Só há vínculo de afinidade de um dos côn-
juges com os parentes do outro (art. 1.595, CC).
c) Errada. Questão foi anulada por falar em parentesco por “finalidade”, o que não existe. O
correto é parentesco por “afinidade”. Houve erro de digitação. Se a questão tivesse falado em
parentesco “por afinidade”, ela estaria correta, pois a sogra é parente por afinidade (art. 1.595,
§ 1º, CC).
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Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1º O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do côn-
juge ou companheiro.
§ 2º Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.
Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casa-
mento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1º Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e
aos filhos aproveitarão.
§ 2º Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos
filhos aproveitarão.
e) Errada. Só até o segundo grau, ou seja, só até cunhados (irmãos do consorte), conforme art.
1.595, § 1º, CC.
Anulada.
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c) Errada. Os casos citados são de caducidade do legado (art. 1.939, IV e V, CC), e não de rom-
pimento do testamento (arts. 1.973 ao 1.975, CC).
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Art. 1.974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros
necessários.
Art. 1.975. Não se rompe o testamento, se o testador dispuser da sua metade, não contemplando os
herdeiros necessários de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte.
PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. CIVIL. ADOÇÃO
OCORRIDA SOB A ÉGIDE DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. FALECIMENTO DE ASCENDENTE
BIOLÓGICO. DIREITO SUCESSÓRIO. LEI VIGENTE À ÉPOCA DA ABERTURA DA SUCESSÃO.
APLICAÇÃO. EXCLUSÃO LEGÍTIMA DOS ADOTADOS. ART. 227, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO
FEDERA. PRINCÍPIO DA IGUALDADE ENTRE OS FILHOS. INTERPRETAÇÃO CONFORME.
1. Afasta-se a alegada violação do art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido, inte-
grado pelo julgado proferido nos embargos de declaração, dirime, de forma expressa,
congruente e motivada, as questões suscitadas nas razões recursais.
2. A adoção constituída na vigência do Código Civil de 1916, consoante o disposto nos
arts. 376 e 378, não extinguia o vínculo de parentesco natural, preservando, assim, o
direito sucessório do adotado com relação aos parentes consanguíneos.
3. Não há direito adquirido à sucessão, que se estabelece por ocasião da morte, pois é
nesse momento em que se dá a transferência do acervo hereditário aos titulares, motivo
pelo qual é regulada pela lei vigente à data da abertura (art. 1.577 do Código Civil de 1916
e art. 1.787 do Código Civil de 2002).
4. In casu, quando do falecimento da avó biológica, vigia o art.
1.626 do Código Civil de 2002 (revogado pela Lei n. 12.010/2009), segundo o qual a
adoção provocava a dissolução do vínculo consanguíneo. Assim, com a adoção, ocorreu
o completo desligamento do vínculo entre os adotados e a família biológica, revelando-se
escorreita a decisão que os excluíra da sucessão porquanto, na data da abertura, já não
eram mais considerados descendentes.
5. A interpretação do art. 227, § 6º, da Constituição Federal, que instituiu o princípio da
igualdade entre os filhos, veda que, dentro da família adotante, seja concedido, com fun-
damento em dispositivo legal do Código Civil de 1916, benefício sucessório extra a deter-
minados filhos que implique reconhecer o direito de participar da herança dos parentes
adotivos e dos parentes consanguíneos.
6. Recurso especial desprovido.
(REsp 1477498/SP, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 23/06/2015, DJe 30/06/2015).
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Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de
irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
Letra b.
Está errada a parte final da questão: se pertencer a terceiros, não há direito real de habitação.
Veja este julgado do STJ:
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Errado.
Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a
suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do
ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite
da disposição testamentária.
b) Errada. A doutrina entende que é taxativo o rol legal por se tratar de norma restritiva de direi-
to. O rol dos atos de indignidade está no art. 1.814 do. CC.
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c) Errada. É causa sim, por se enquadrar no inciso I do art. 1.814 do CC, que condena atentados
contra a vida do de cujus.
d) Errada. É o contrário (art. 1.816, parágrafo único, CC).
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens
que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será de-
clarada por sentença.
§ 1º O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, conta-
dos da abertura da sucessão.
§ 2ª Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a
exclusão do herdeiro ou legatário.
Letra a.
Pedro só tem direito à meação por conta da comunicação decorrente do regime de bens (di-
reito de família), mas, sobre a outra metade do patrimônio – que comporá o acervo hereditário
– não irá concorrer, na sucessão causa mortis, com os filhos por força do art. 1.829, I, do CC.
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único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particu-
lares;
II – aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III – ao cônjuge sobrevivente;
IV – aos colaterais.
Certo.
a) Errada. Meação – a metade dos bens comuns pertencente ao cônjuge supérstite em ra-
zão do regime de bens do casamento – não é herança e, portanto, não se está a falar aqui de
cessão de direito hereditário art. 1.793 do CC. O STJ, porém, entendeu que a meação atrai o
art. 108 do CC e, por isso, a sua cessão exige escritura pública. O art. 108 do CC estabelece
o seguinte:
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios
jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre
imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.
O STJ entendeu que esse dispositivo se estenderia aos casos de cessão de meação (pelo viúvo
ou viúva) aos herdeiros, conforme este julgado.
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Preferimos dissentir da decisão acima do STJ, pois meação é uma universalidade de direito e
não é considerada bem imóvel pelo direito civil. É diferente da herança, que é bem imóvel (art.
80, II, CC).
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário,
as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização.
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, cele-
brada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire
o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
d) Errada. O cônjuge é herdeiro necessário, independentemente do regime de bens (art.
1.845, CC).
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Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quan-
do testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver
ao testador.
Letra c.
Viúva que era casada sob o regime da comunhão parcial só concorre com os filhos sobre os
bens particulares do de cujus, de modo que o item está errado. É a leitura do art. 1.829, I, do CC
pelo STJ. Veja este julgado do STJ:
Errado.
028. (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Situação hipotética: João recebeu de seu avô, por doa-
ção pura e simples, com cláusula de impenhorabilidade e incomunicabilidade, o imóvel no qual
reside. Anos mais tarde, João faleceu. Assertiva: Nessa situação, a transmissão do referido
imóvel aos herdeiros necessários de João se dará com a cláusula restritiva, devendo a sua
alienação ocorrer por autorização judicial.
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TESTAMENTO. INALIENABILIDADE.
COM A MORTE DO HERDEIRO NECESSÁRIO (ART. 1721 DO CC), QUE RECEBEU BENS
CLAUSULADOS EM TESTAMENTO, OS BENS PASSAM AOS HERDEIROS DESTE, LIVRES E
DESEMBARAÇADOS.
ART. 1723 DO CÓDIGO CIVIL.
(REsp 80.480/SP, Rel. Ministro RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, julgado em
13/05/1996, DJ 24/06/1996, p. 22769).
Errado.
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Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens
que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suce-
der em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes.
Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos
os casos em que podem ser excluídos da sucessão.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e
testamentários.
Art. 1.923. Desde a abertura da sucessão, pertence ao legatário a coisa certa, existente no acervo,
salvo se o legado estiver sob condição suspensiva.
§ 1º Não se defere de imediato a posse da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade própria.
§ 2º O legado de coisa certa existente na herança transfere também ao legatário os frutos que pro-
duzir, desde a morte do testador, exceto se dependente de condição suspensiva, ou de termo inicial.
c) Errada. É de ineficácia, e não de nulidade (art. 1.793, § 2º, CC).
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser
objeto de cessão por escritura pública.
§ 1º Os direitos, conferidos ao herdeiro em consequência de substituição ou de direito de acrescer,
presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2º É ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança
considerado singularmente.
§ 3º Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de
bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.
d) Errada. Quando há apenas irmãos como herdeiros, cada irmão bilateral recebe o dobro do
quinhão devido a cada irmão unilateral (art. 1.841, CC). Se um irmão unilateral recebe “x”, sig-
nifica que um irmão bilateral recebe “2x”. Considerando que há 3 irmãos bilaterais e 1 único
irmão unilateral, tem-se que este último receberá 1/7 da herança, ao passo que cada um dos
outros irmãos bilaterais ficará com 2/7 da herança. A questão foi anulada apenas porque, por
erro de digitação, o examinador escreveu “irmão bilateral” na última frase quando seu desejo
era escrever “irmão unilateral”.
Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um
destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
e) Errada. A capacidade sucessória testamentária é aferida no momento da abertura da suces-
são (art. 1.798, CC).
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Houve comoriência nesse caso (art. 8º, CC), o que faz presumir que ambos morreram no mes-
mo momento. A consequência é que um não será herdeiro do outro (art. 1.784, CC) e, portanto,
o patrimônio de cada um será transmitido hereditariamente para a respectiva família de ori-
gem, conforme exposto na questão.
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum
dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testa-
mentários.
Certo.
São os arts. 1.805 (aceitação expressa ou tácita), 1.806 (renúncia) e 1.807 (aceitação presu-
mida) do CC.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita,
há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente
conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais
coerdeiros.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo
judicial.
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Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias
após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para, nele, se pro-
nunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
Certo.
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de
irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
Certo.
É o art. 426 do CC, que veda o pacto de corvina, também chamado de pacto sucessório.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Certo.
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Em primeiro lugar, quando concorrerem tios e sobrinhos na sucessão causa mortis legítima,
prevalece os sobrinhos, de maneira que só estes receberão a herança: os tios nada receberão
(art. 1.843, CC).
Em segundo lugar, os herdeiros respondem pelas dívidas do de cujus dentro da força da heran-
ça: trata-se do chamado benefício de inventário (art. 1.792, CC).
Por fim, a prescrição iniciada contra uma pessoa continua a fluir contra o seu sucessor
(art. 196, CC).
Com base nisso, tem-se que, no caso, o gabarito é a letra “B”.
Letra b.
No caso, os herdeiros mais próximos do de cujus são irmãos, os quais serão os herdeiros. Entre
os irmãos, os bilaterais (os que têm os mesmos pais do de cujus) têm direito a receber o dobro
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dos irmãos unilaterais (art. 1.841, CC). Além do mais, se um dos irmãos for premorto, os filhos
dele têm direito de representação e, assim, repartirão o quinhão que seria devido (art. 1.853,
CC). Na espécie, como há dois irmãos bilaterais e dois unilaterais, isso significa que cada irmão
bilateral tem direito a 2/6 da herança, ao passo que cada irmão unilateral tem direito a 1/6. Con-
siderando que um dos irmãos unilaterais é premorto e que este deixou dois filhos (sobrinhos do
de cujus), estes poderão, por força do direito de representação, repartir entre si o quinhão que
seria devido ao premorto, de modo que cada sobrinho do de cujus terá direito a 1/12 da herança.
Como a herança é de 12.000.000,00, daí decorre que: (1) cada irmão bilateral receberá R$
4.000.000,00; (2) o irmão unilateral sobrevivo receberá R$ 2.000.000,00; e (3) cada sobrinho,
por direito de representação, ficará com R$ 1.000.000,00. A mãe do irmão unilateral premorto
não é herdeira, pois não é parente do de cujus.
Letra a.
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GABARITO
1. c 13. b 25. C
2. d 14. Anulada 26. c
3. b 15. b 27. E
4. c 16. d 28. E
5. b 17. E 29. Anulada
6. c 18. E 30. C
7. c 19. b 31. C
8. d 20. Anulada 32. C
9. C 21. b 33. C
10. C 22. C 34. E
11. C 23. E 35. b
12. E 24. a 36. a
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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