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DIREITO CIVIL

Parte Geral – IV

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Parte Geral – IV
Carlos Elias

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Parte Geral – Parte IV. . .................................................................................................................... 4
1. Domicílio ........................................................................................................................................ 4
1.1. Noções Gerais............................................................................................................................. 4
1.2. Espécies de Domicílio.. ............................................................................................................. 7
1.3. Domicílio da Pessoa Jurídica.. ............................................................................................... 10
2. Bens............................................................................................................................................... 11
2.1. Bens e Coisas: Distinção......................................................................................................... 11
2.2. Semoventes..............................................................................................................................12
2.3. Classificação dos Bens. . .........................................................................................................13
Questões de Concurso.................................................................................................................. 38
Gabarito............................................................................................................................................ 43
Gabarito Comentado.....................................................................................................................44

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Parte Geral – IV
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Apresentação
Meus queridos amigos e minhas queridas amigas, estamos seguindo um ritmo muito bom
de estudos.
Você está sendo muito bem preparado em Direito Civil.
Agora é hora de falarmos de domicílio e de bens. Ao final, iremos resolver exercícios!

Resumo

Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os
exercícios. É fundamental você resolver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu
aprofundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade
com as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver fa-
miliaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Domicílio é a sede da vida jurídica da pessoa. Distingue-se de residência, porque este é
um mero lugar físico sem efeitos jurídicos;
• O domicílio da pessoa natural pode ser: voluntário, quando decorre da vontade, ou legal,
quando decorre de lei;
• O domicílio voluntário pode ser: geral (residência + ânimo definitivo) ou especial (como
o domicílio contratual do art. 78 do CC);
• O domicílio legal é imposto pela lei; as principais hipóteses estão no art. 76 do CC;
• O domicílio da pessoa jurídica de direito privado é o lugar da sua sede (diretoria e ad-
ministração), salvo previsão diversa no estatuto ou contrato sociais. Além disso, cada
estabelecimento também é domicílio para os atos lá praticados;
• Os bens podem ser classificados de duas principais formas: bens considerados em si
mesmos (imóveis/móveis, corpóreos/incorpóreos, consumíveis/inconsumíveis, divisí-
veis/indivisíveis, singulares/coletivos) e bens reciprocamente considerados (principal e
acessório);
• Há controvérsia em enquadrar a pertença como bem acessório ou como uma categoria
autônoma. Seja como for, a pertença não segue o principal, salvo lei, vontade ou circuns-
tâncias do caso. Em regra, não se lhe aplica o princípio da gravitação jurídica.

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PARTE GERAL – PARTE IV


1. Domicílio
1.1. Noções Gerais

Lugar do exercício dos


direitos e deveres

Domicílio Sede da vida jurídica Cogência domiciliar = to-


dos têm domicílio

Pluralidade domiciliar

Local com o qual Residência pode se


se mantém relação ornar domicílio se
Residência
de FATO, sem houver o ânimo definitivo
relevância jurídica (art. 70 do CC)

Meus amigos e minhas amigas, o que mais você vai ter na vida são domicílios e residên-
cias depois de fazer o curso aqui do Gran Cursos Online, pois você ganhará muito dinheiro ao
passar no concurso que você deseja.
É bom, portanto, você saber tudo sobre domicílio. E vamos começar com esta questão:

001. (FCC/MPE-RS/2010) Sobre o domicílio da pessoa natural e da pessoa jurídica, é corre-


to afirmar:
a) O domicílio do marítimo é o de onde o navio estiver ancorado.
b) O domicílio da pessoa natural que não tenha residência habitual, será o lugar do último en-
dereço declarado.
c) Quanto às relações concernentes à profissão, domicílio da pessoa natural é o lugar da sede
principal da pessoa jurídica para a qual trabalhe.
d) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternativamente, viva, considerar-se-á
domicílio qualquer delas.
e) Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, o domicílio será,
sempre, o local da sede principal da pessoa jurídica.

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Retrata o princípio da pluralidade domiciliar.


Vamos falar sobre o tema!
Letra d.

Domicílio é a sede da vida jurídica de uma pessoa, é o lugar onde ela pode ser encontrada
para efeitos jurídicos. Trata-se aqui de domicílio civil, ou seja, de um local que é relevante para
relações civis. Esse domicílio também será o vigente para os demais ramos do direito, se não
houver norma em sentido diverso. Por exemplo, no direito tributário, há o domicílio fiscal, local
onde a pessoa deve ser encontrada para efeito jurídico-tributário (art. 127, CTN). No direito
eleitoral, há o domicílio eleitoral como sede da vida jurídica para fins de obrigações e direitos
eleitorais (art. 42, Código Eleitoral – Lei 4.737/1965). Os domicílios eleitorais, fiscais e civis
não necessariamente coincidem. No caso do domicílio civil, as principais utilidades jurídicas
desse conceito é o de que, em regra, as ações judiciais devem ser propostas no juízo do domi-
cílio do réu (art. 46, CPC) e o de que se aplica a lei do país de domicílio da pessoa para reger
questões inerentes à sua condição de pessoa (art. 7º, LINDB).
Residência, por outro lado, é um mero local físico com o qual o seu titular mantém uma rela-
ção de fato sem querer ser encontrado lá para efeitos jurídicos. Se alguém reside em um lugar
onde não tem a intenção de ser encontrado para efeitos jurídicos (talvez queira ser encontrada
para tomar um café, para conversar, mas não para efeitos jurídicos), tal local não é domicílio,
e sim residência, salvo se houver alguma lei específica em sentido contrário. A residência não
tem relevância jurídica alguma quando se trata do exercício de direitos e deveres do seu titular.
Ela não é um atributo da personalidade. Por essa razão, em contratos, é desnecessária a pra-
xe de, na qualificação dos contratantes, averbar que eles são “residentes e domiciliados” em
determinado lugar, pois o que importa aí é o domicílio, visto que o objetivo dos contratantes é
saber a sede jurídica da vida da pessoa, e não necessariamente a sede lúdica ou de descanso
da pessoa. É claro, porém, que convém saber também o local da residência para efeito de con-
seguir encontrar a pessoa para citação em uma ação judicial, mas a competência jurisdicional
será a do foro do domicílio, que não necessariamente corresponde à residência.
Domicílio e residência não se confundem, embora uma residência possa se tornar domicí-
lio quando a pessoa passa a ter o ânimo definitivo, ou seja, o desejo de ser encontrado no local
de modo permanente para efeitos jurídicos (art. 70, CC).
Teoricamente é possível a pessoa viver em um local, mas lá não ser seu domicílio por falta
do ânimo definitivo. Em princípio, não se vê obstáculo a que uma pessoa indique uma caixa
postal de uma agência dos Correios como o seu domicílio, de modo que esse local será o con-
siderado para todos os efeitos da sua vida jurídica (como a definição do foro competente para
ações judiciais), ainda que essa pessoa resida em outra cidade. Essa é a interpretação mais
adequada do art. 70 do CC, pois há necessidade de assegurar o direito de qualquer indivíduo

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de eleger o lugar que lhe aprouver como seu domicílio, pois, por algum motivo particular re-
lacionado à sua dignidade, ele não deseja ser encontrado, para efeitos jurídico-civil, no lugar
onde reside. Já tivemos a oportunidade de deparar-se com o caso de uma pessoa que, embora
vivesse em Goiás, somente indicava como seu endereço uma caixa postal de uma agência
dos Correios, porque somente queria que esse local fosse considerado para efeitos jurídicos
(como, por exemplo, para fixação de competência jurisdicional). Vincular necessariamente o
conceito de domicílio ao de residência parece-nos violar a dignidade da pessoa humana e o
próprio regime de domicílio do Código Civil, que admite diversas situações de domicílio sem
residência, como o domicílio aparente do art. 73 do CC a seguir tratado e alguns casos de do-
micílio legal (ex.: o domicílio do servidor público não se está no lugar de sua residência, e sim
do lugar onde exerce a profissão).
O domicílio é relevante apenas para definir o lugar do exercício de direitos e deveres de-
correntes da situação jurídica de pessoa. Para, por exemplo, realizar a citação de uma pessoa,
esse ato jurídico se satisfaz com a sua comunicação em qualquer lugar onde ela for encon-
trada, seja no seu domicílio, seja na rua, seja em outro lugar, salvo proibições legais, como
o local onde estiver ocorrendo um culto religioso do qual esteja participando o citando (art.
244, I, CPC).
Há, ainda, quem distinga residência de moradia ou habitação. Enquanto aquela é um local
físico onde a pessoa habita com intenção de permanecer, ainda que sem querer que daí de-
corram efeitos jurídicos, a moradia ou a habitação é o local em que a pessoa está temporaria-
mente, sem intenção de permanecer, como sucede numa hospedagem de férias em um hotel.
Não há relevância prática nessa distinção, pois ambas as situações – a residência e a moradia
– não são a sede da vida jurídica da pessoa, dignidade que é reservada ao domicílio.
Há três conceitos importantes quando se trata de domicílio.
O primeiro é o princípio da cogência domiciliar.
O domicílio é um dos atributos da personalidade, assim como são o nome, a capacidade, a
fama e o estado civil. O domicílio integra-se à própria individualidade jurídica de uma pessoa. E,
como toda pessoa pode ter direitos e deveres em razão da personalidade jurídica, toda pessoa
tem de ter um lugar onde possa ser encontrada para efeitos jurídicos em razão desses direitos
e deveres. Trata-se do princípio da cogência domiciliar: toda pessoa tem um domicílio neces-
sariamente (cogentemente).
O segundo é o princípio da pluralidade domiciliar.
Nada obsta a que uma pessoa tenha mais de um domicílio, ou seja, mais de uma local de
referência para a sua aptidão de ter direitos e deveres. Se, por exemplo, uma pessoa possui o
ânimo definitivo em mais de uma residência, todos esses locais serão considerados domicí-
lios dessa pessoa, conforme art. 72, CC. Isso costuma acontecer com empresários que vivem
em mais de um local em razão da gestão das filiais da sua empresa. Igualmente uma pessoa
pode ter um domicílio voluntário e um domicílio legal, como um servidor público, que pode ter
o local onde vive como seu domicílio voluntário (art. 70, CC) e, ainda, obrigatoriamente terá o

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lugar onde exerce permanentemente a sua função como domicílio legal (art. 76, CC). Afinal de
contas, o domicílio legal não afasta o(s) domicílio(s) voluntário(s).
Por fim, temos de falar da teoria do domicílio aparente.
Em decorrência do princípio da cogência domiciliar, todas as pessoas devem ter um domi-
cílio. Mesmo pessoas sem residência habitual, como os circenses, os ciganos, os itinerantes
ininterruptos, os que dormem nas praças e fazem das estrelas os seus cobertores – os mendi-
gos –, devem ter um domicílio, razão por que a lei fixa-lhes como domicílio o lugar onde forem
encontrados (art. 73, CC). Essa hipótese do art. 73 do CC é batizada de domicílio aparente ou
ocasional e representa um exemplo de domicílio sem residência. Se, por exemplo, alguém for
propor uma ação contra um circense que está em Brasília atualmente, o juízo competente será
o de Brasília, considerando que a competência é do foro do domicílio do réu (art. 46, CPC).
Brasília é o lugar que “aparenta” ser o domicílio dessa pessoa sem residência fixa, ou seja, é
o lugar em que “ocasionalmente” esse indivíduo errante está; daí o nome “domicílio aparente
ou ocasional. No referido exemplo, mudanças posteriores de domicílio são irrelevantes para
efeito de competência jurisdicional diante do princípio da perpetuatio jurisdictionis: a ação con-
tinuará tramitando em Brasília, ainda que o réu se mude para o Acre (art. 43, CPC).

1.2. Espécies de Domicílio

Residência + ânimo Aplica-se a todos os


Geral atos jurídicos
definitivo

Voluntário

É o local para determi-


Especial nados atos jurídicos Ex.: foro de eleição

Espécies
de domicílio
Legal ou necessário
Principais hipóteses no art. 76 do CC

O domicílio pode ser dividido em voluntário e em legal.


Vamos tratar deles.
O domicílio voluntário ou privatístico é o escolhido livremente pela pessoa. Decorre da sua
vontade. Pode ser de duas espécies: geral ou especial.

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O domicílio voluntário geral é o que se aplica a todos os atos jurídicos da pessoa (aos atos
em geral). Ele é definido no art. 70 do CC e retrata a definição geral de domicílio. O domicílio
voluntário geral é a soma de dois elementos: um objetivo (a residência, ou seja, o lugar onde
reside) e outro subjetivo (o ânimo definitivo, ou seja, a intenção de ser encontrado nesse local
de forma definitiva para efeitos jurídicos). É, pois, o lugar onde a pessoa fixa a sua residência
com ânimo definitivo.
O domicílio voluntário especial é o que se aplica apenas a determinados atos jurídicos,
afastando o domicílio geral. Isso ocorre quando, por vontade das partes, os efeitos jurídicos
de determinado ato devam levar em conta o domicílio indicado. Um exemplo é o domicílio con-
tratual, que é o local eleito como domicílio para efeito de um contrato, conforme permissão do
art. 78, CC. Outro exemplo é o foro de eleição, que se destina apenas o local onde deverão ser
propostas as ações judiciais relativas a questões de um contrato específico. É menos amplo
que o domicílio contratual, que atinge outros efeitos jurídicos vinculados ao domicílio. Se, por
exemplo, um brasileiro e um norte-americano se encontram em Cancun para celebrar um con-
trato, eles poderiam estipular que o domicílio a ser levado em conta para esse contrato são os
EUA, caso em que será aplicada a lei ianque para reger o contrato e será o Poder Judiciário ian-
que que terá competência para eventuais ações judiciais. Quanto ao foro de eleição, é possível
a declaração de sua nulidade pelo juiz quando for constatado abuso de direito na forma do art.
63, CPC, além de ser admissível foro de eleição no estrangeiro (art. 25, CPC).
Falta falar da outra espécie de domicílio: o legal.
A lei pode impor um domicílio a qualquer pessoa. Trata-se do domicílio legal, necessário
ou publicístico.
As principais hipóteses estão no art. 76 do CC, que impõe como domicílio: (1) do incapaz
o do seu representante ou assistente; (2) do marítimo – que é a pessoa que vive ou trabalha
em embarcações como os comandantes, os tripulantes e os que vivem a negociar pelos mares
(oficiais e tripulantes de marinha mercante) – o local onde está matriculada a sua embarca-
ção; (3) o do preso o local onde cumpre sentença, abrangendo até mesmo caso de imposição
de medidas de internação em manicômio judiciário por sentença, de maneira que, no caso de
prisão cautelar, não haverá domicílio necessário para o preso por falta de um sentença penal
condenatória; (4) o do militar o local onde serve, salvo para os militares da Aeronáutica e da
Marinha, que, por servirem em locais não terrestres (ar ou água), tem por domicílio legal a sede
do comando aos quais estão imediatamente subordinados, de maneira que militar reformado
– por não estar na ativa, ou seja, por não estar servindo nem sob subordinação imediata – não
tem domicílio legal, mas apenas o voluntário; (5) o do servidor público o local onde exercer
permanentemente as suas funções.
No caso do domicílio do servidor público efetivo, o fato de ele assumir uma função de
confiança ou ocupar um cargo comissionado em local diverso da sua lotação não configura
um novo domicílio legal do servidor, dada a ausência do requisito de exercício permanente
previsto no parágrafo único do art. 76 do CC: o exercício das funções do servidor no lugar da
função comissionada ou do cargo em comissão não tem caráter temporário. De fato, quanto
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ao servidor público, “as funções temporárias e os cargos em comissão não operam mudança
no domicílio anterior” (Andrada e Freire, 2003, p. 97). Esse domicílio funcional do servidor pú-
blico só se aplica a servidor público efetivo, ou seja, ao servidor concursado e não temporário
e recai sobre o lugar de sua lotação e exercício, pois, para os demais tipos de agentes públicos,
como os comissionados ou os temporários, a sua atividade não possui a permanência exigida
pelo parágrafo único do art. 76 do CC. Para esses agentes públicos não efetivos, o domicílio
será o domicílio voluntário deles ou – pensamos – o domicílio profissional do art. 72 do CC,
que somente irradia efeitos para atos relacionados à sua profissão e nada mais.
A lógica subjacente é que não é razoável que imponha que o agente público temporário
passe a ter o centro da sua vida jurídica (domicílio) em um local onde ele está de modo tempo-
rário. No máximo, esse local pode ser domicílio apenas para atos relacionados à sua profissão
(domicílio profissional do art. 72 do CC). Essa interpretação de restringir o domicílio legal ao
servidor público efetivo guarda coerência com a história. Desde o direito romano, como lem-
bra Clovis Bevilacqua (1979, pp. 258-259), “o funcionário público vitalício tinha o seu domicílio
legal, onde exercia a sua função (...) sem perder o anterior (...). Ao empregado temporário não
fazia referência tal lei”. O art. 37 do CC/19161 seguia o mesmo caminho e era expresso quanto
à inaplicabilidade do domicílio legal para quem exercia função pública temporária, periódica ou
em comissão. Essa orientação é justa, por não impor a um agente público temporário ou co-
missionado (que é demissível ad nutum) o ônus de ter de responder por deveres e direitos em
um local onde não lhe dá segurança de perenidade. Ademais, para Maria Helena Diniz (2012,
p. 249), servidores públicos efetivos licenciados não perdem o seu domicílio legal, salvo no
caso de afastamento prolongado para interesse particular com mudança do servidor afastado
para outro local com intenção de transferir-se definitivamente, pois, nesses casos, “não haverá
como prendê-lo ao domicílio funcional ante a configuração de domicílio voluntário” (2012, p.
249). Dissentimos, com as devidas vênias, dessa exceção, pois, enquanto o servidor público
efetivo mantiver o vínculo com a Administração Pública, o local de lotação do seu cargo públi-
co deve ser considerado seu domicílio por lei na forma do art. 76 do CC, facilitando, por exem-
plo, ações judiciais que porventura a própria administração venha a propor contra ele diante da
competência do foro do local da lotação (foro do domicílio do réu, na forma do art. 46, CPC).
Outro caso de domicílio legal é do agente diplomático na forma do art. 77 do CC, à luz do
qual será seu domicilio o Distrito Federal ou o último local do Brasil onde ele teve domicílio na
hipótese de ele ser citado em uma ação judicial no exterior e recusar responder perante a ju-
risdição estrangeira diante da sua imunidade diplomática (ou seja, alegar extraterritorialidade).
Nesse caso, considerando que o foro competente é, em regra, o domicílio do réu (art. 46, CPC),
a ação contra o agente diplomático deverá ser proposta no Distrito Federal ou no último local
do Brasil onde ele teve domicílio.
1
Art. 37, CC/1916: “Os funcionários públicos reputam-se domiciliados onde exercem as suas funções, não sendo temporá-
rias, periódicas ou de simples comissão, porque, nestes casos, elas não operam mudança no domicílio anterior”.

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Mais um caso é o domicílio profissional do art. 72 do CC, que se aplica para as pessoas
que, não sendo servidoras públicas, exercitam uma profissão, como advogados, empregados
celetistas, autônomos etc. Nesse caso, o local do exercício da sua profissão é o seu domicílio
apenas para atos relacionados à profissão. Se houver vários locais de exercício, cada um será
domicílio para os atos que lhes corresponderem. Assim, se um advogado que vive em Luzi-
ânia/GO possui escritório em Brasília/DF, não se poderá considerar que Brasília/DF será seu
domicílio para um contrato particular que ele assinou (ex.: um contrato de alimentação), pois
não se trata de uma questão relativa à sua profissão.

1.3. Domicílio da Pessoa Jurídica

Domicílio na CAPITAL ou,


Entes federativos no caso de município, na
prefeitura

Domicílio da PJ
(art. 75 do CC) Domicílio = sede

Demais PJs
+ de 1 ESTABELECIMEN-
TO: cada um deles é um
domicílio para os atos lá
praticados

No caso de pessoas jurídicas, o seu domicílio está disciplinado no art. 75 do CC.


Quando se trata dos entes federativos, o seu domicílio serão as capitais (domicílio da União
é o DF; domicílio dos Estados e dos Territórios é a respectiva capital) ou, no caso do município,
o lugar da prefeitura (local onde está o “cérebro” do ente federativo, ou seja, a administração
municipal).
Já no caso das demais pessoas jurídicas, o domicílio será onde está a sede delas, o “cére-
bro” delas, ou seja, o lugar onde funcionam a diretoria e a administração, salvo se o ato cons-
titutivo escolher um outro domicílio para essa pessoa jurídica. No caso de pessoas jurídicas
com vários estabelecimentos, cada um deles será considerado domicílio, ao menos, para os
atos nele praticados, o que é extremamente justo em razão do fato de a pessoa jurídica com
várias filiais estar a fracionar parcialmente a sua administração nas suas várias filiais. E tudo
isso sem prejuízo do domicílio da administração central, da sede da pessoa jurídica.
A lógica que está por trás desse critério do art. 75 do CC é a de que o domicílio da pessoa
jurídica deve estar no lugar onde esteja a “cabeça” da pessoa jurídica para permitir que ela
possa exercer os seus direitos e deveres adequadamente.

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Se, por exemplo, uma empresa celebra o contrato com uma agência do Banco do Brasil
em Rio Branco/AC, essa agência será considerada domicílio do Banco do Brasil, assim como
será domicílio o Distrito Federal, onde está a diretoria e a administração central do Banco do
Brasil (a sede).

2. Bens
2.1. Bens e Coisas: Distinção

Coisa é GÊNERO,
Silvio Rodrigues
bem é ESPÉCIE

Coisa em sentido
Bem X coisa
amplo: tudo que Bem é “coisa” com
existe, exceto o valor econômico
ser humano
Clóvis Bevilacqua
Coisa em
sentido estrito:
bens corpóreos

Temos de discutir uma pequena questão de nomenclatura.


Há controvérsia doutrinária acerca da distinção entre coisa e bem.
De um lado, com o apoio de Silvio Rodrigues, coisa é tida como gênero do qual bem é es-
pécie, por designar tudo quanto existe objetivamente com exclusão do ser humano, ao passo
que bem seria as coisas que podem ser apropriadas por um sujeito de direito por ter valor
econômico.
De outro lado, com apoio em Clóvis Bevilacqua, há quem dê sentido amplo e estrito ao ver-
bete coisa. Em sentido amplo, coisa é tudo quando existe com exclusão do homem, ainda que
não tenha expressão econômica e não seja apropriável, de modo que os bens seriam espécie
e designariam o que é apropriável pelo ser humano por ter valor econômico; em sentido estrito,
são os bens corpóreos. O CC, ao tratar de Direito das Coisas, emprega esse termo em sentido
estrito, pois, em princípio, as suas regras não se aplicariam a bens incorpóreos, salvo lei ex-
pressa (ex.: penhor de ações de sociedade anônima é expressamente permitida pelos arts. 39
e 40 da Lei 6.404/76). Parece-nos que a concepção de Bevilacqua é mais consentânea com a
nomenclatura utilizada pela legislação, que, ao se valer do verbete “bem” – como no Livro “Dos
Bens” (arts. 79 ao 103, CC) –, reporta-se a coisas apropriáveis pela pessoa e que, ao se referir
a coisas – como no Livro “Direito das Coisas” e em outras hipóteses (como arts. 188, II, 225

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do CC) –, reporta-se primordialmente a bens corpóreos. Não se nega, porém, que há situações
em que o verbete “coisa” é empregado como sinônimo de bem (coisa apropriável pela pessoa),
a exemplo do erro na indicação da coisa no art. 142 do CC e da disciplina de obrigações de
dar coisa (art. 233 e seguintes, CC), mas temos que isso é uma ligeira imprecisão decorrente
do uso de um verbete mais genérico: é como se empregar a expressão genérica “ser vivente”
quando se está a falar de apenas uma das espécies de seres viventes, o ser humano (isso é
quase uma metonímia invertida: usar o todo para se referir à parte).

2.2. Semoventes

Regras de visita no
caso de divórcio
São considerados Regime de
Semoventes ABUSIVIDADE
BENS sencientes proteção especial
da convenção
condominial que
proíbe animais

Os animais, embora sejam considerados bens – na categoria de semoventes (bens móveis)


–, recebem proteção especial pelo ordenamento, que os protege de tratamentos degradantes.
O STF já vedou práticas culturais que infligem sofrimento a animais, como a “farra do boi” (RE
153.531), a briga de galos (ADI 1856) e a vaquejada (ADI 4983). A dificuldade é, porém, definir
os limites das proteções dos animais. Os animais assumem uma condição especial de bens e,
por isso, são batizados de bens sencientes, visto que, ao contrário dos bens inanimados, eles
possuem capacidade de sentir e entender, ainda que precariamente.
Há proposições legislativas que exageram ao querer atribuir personalidade jurídica a ani-
mais, o que é despropositado, pois isso teoricamente impediria relações jurídicas básicas ao
ser humano, como abate de animais para alimentação, utilização de animais para fins domés-
ticos etc. Há quem, sob a visão radical de equiparação jurídica de humanos e animais – de que
é exemplo Peter Singer, que defende o antiespecismo –, equipare o tratamento aos animais às
práticas de racismo, posição exagerada que pode “prejudicar a evolução rápida do problema”
(António Menezes Cordeiro, 2016, p. 288).
Como consequência prática da tutela especial dos animais no Direito Civil, o STJ reconhece
que, no momento do divórcio, se houver dissenso entre os cônjuges sobre o animal de esti-
mação, o juiz deve buscar uma solução que, no caso concreto, prestigia o vínculo de afeto de
ambos em relação ao animal, de modo que seria viável admitir que um dos ex-consortes tenha

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direito de visita sobre o animal. Não se trata de mera aplicação do regime de guarda de crian-
ças pelos pais, pois não é viável equiparar a situação de animais de estimação com o de poder
familiar. Trata-se, sim, de um reconhecimento da natureza especial dos animais de estimação
e do prestígio ao vínculo afetivo com o animal (STJ, REsp 1713167/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro
Luis Felipe Salomão, DJe 09/10/2018).
Igualmente, há de ser tida por abusiva a cláusula de convenção condominial que proíbe
animais de estimação nas unidades privativas, especialmente quando se tratar de animais de
pequeno porte, pois, além da relevância desses animais para a individualidade dos seus pro-
prietários (dignidade da pessoa humana), é desproporcional esse tipo de invasão no direito de
propriedade exclusiva dos condôminos.
Há, ainda, quem se insurja contra o uso de animais como meio de transporte, mas tal de-
fesa parece-nos desprezar que quem costuma servir-se disso são pessoas de baixa renda que
dependem do animal para sua sobrevivência, de maneira que, em nome da função social, o
emprego da tração animal é devido desde que exercido com o máximo de cuidado ao animal.
Em Portugal, em 2017, foi editado o Estatuto Jurídico dos Animais (Lei n. 8/2017, de Por-
tugal), lei que modificou o Código Civil português e que estabeleceu inúmeras regras em prol
dos animais. O bem-estar do animal, por exemplo, é erguida como uma diretriz que obriga o
seu proprietário.

2.3. Classificação dos Bens


Há três principais modos de classificar os bens: (1) quanto à titularidade; (2) quanto à co-
mercialidade; (3) quanto a si mesmos; e (4) quanto a outros bens. Tratar-se-á dessas classifi-
cações mais abaixo.
Antes de prosseguirmos, quero que você resolva a questão.

002. (FCC/TRT-12ª/2013) Em relação aos bens:


a) pertenças são bens que constituem partes de outros bens móveis ou imóveis, para incre-
mento de sua utilidade.
b) são móveis os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
c) infungíveis são os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qua-
lidade e quantidade.
d) não perdem o caráter de bens imóveis as edificações que, separadas do solo, mas conser-
vando sua unidade, forem removidas para outro local.
e) as benfeitorias podem ser principais, acessórias, singulares e coletivas.

Retrata o art. 81 do Código Civil.


Vamos tratar desses temas.
Letra d.

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2.3.1. Quanto à Titularidade

De uso comum:
afetados a fim
público geral

De uso especial:
afetados a fim pú-
Pertencem ao blico especial
entes públicos; GA-
RANTIAS ESPECIAIS Dominicais:
NÃO afetados a
Públicos fim público
É admissível o uso
Quanto à de bens públicos por Os bens
TITULARIDADE, os particulares DESAFETADOS
bens podem ser: podem
ser ALIENADOS
Obs.: essa clas- Todos os demais
sificação não
abrange os bens Privados Quando
sem titulares pertencentes a
Podem ter
entes que prestam
proteção especial
serviço público
com exclusividade

Quanto à titularidade, os bens podem ser públicos, quando forem titularizados por entes
com personalidade jurídica de direito público interno, ou privados, quando o forem pelos de-
mais sujeitos de direito. A disciplina do tema está nos arts. 98 do CC, sem prejuízo de leis
especiais.
Nessa classificação, não são abrangidas as res nullius (coisa de ninguém), como os ani-
mais selvagens, nem as res derelictas (coisa abandonada), como um computador jogado no
lixo, pois não há titular desses bens.
Vamos falar um pouco mais sobre os bens públicos.
Como regra geral, os bens públicos possuem garantias especiais, como a sua impenho-
rabilidade, visto que o pagamento judicial das dívidas dos entes públicos se dá por meio de
precatórios, e a imprescritibilidade, visto que a usucapião (que é uma prescrição aquisitiva) é
vedada sobre bens públicos (art. 102, CC).
Conforme art. 99 do CC, os bens públicos podem ser dividido em três espécies: (1) bens
públicos de uso comum do povo: os que estão afetados a um fim público geral e que, portanto,
podem ser utilizados livremente pelos administrados dentro das restrições legais, como os
rios, os mares, as estradas, as praças etc.; (2) bens públicos de uso especial: os afetados a um

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fim público especial, como os imóveis destinados a repartições públicas, os veículos oficiais
etc.; (3) bens públicos dominicais: os que não estão afetados a fim público algum.
Os bens públicos afetados, ou seja, os de uso comum ou de uso especial não podem ser
alienados enquanto estiverem afetados. Ocorrendo, porém, a sua desafetação, eles se tornam
bens públicos dominicais e, como tais, podem ser alienados na forma da legislação vigente,
de que é exemplo a Lei 8.666/93. A desafetação, conforme doutrina do Direito Administrativo,
deve ocorrer mediante edição de lei específica. Assim, se o Estado deseja alienar um veículo
oficial, deve, em primeiro lugar, desafetar esse bem mediante lei específica para, depois, em
seguida, aliená-lo na forma da lei.
O uso de bens públicos por particulares é admissível e pode ser gratuito ou oneroso, mas
deve observar a legislação pertinente (art. 103, CC). Os instrumentos usuais para formalizar
esse uso são a concessão, a permissão e autorização de uso, em relação aos quais inexiste
uma lei federal geral. Há, ainda, outros veículos, como contratos administrativos e alguns direi-
tos reais instituídos em favor dos particulares, como a concessão de uso especial para fins de
moradia (MP 2.220/2001) ou a concessão de direito real de uso (art. 7º, DL 271/1967).
Por fim, é importante falar sobre alguns bens privados que recebem proteções próprias de
bens públicos.
Os privilégios indicados para os bens públicos não se estendem aos privados, de maneira
que estes, por exemplo, podem ser penhorados e ser usucapidos.
Todavia, quando se tratar de bens pertencentes a entes privados que desempenham servi-
ço público essencial com exclusividade, o STF costuma estender-lhes os privilégios do regime
de Direito Administrativo, vedando, por exemplo, a penhora de seus bens, fixando o regime
de precatório para o pagamento de condenações judiciais, censurando o usucapião etc. Isso
acontece, por exemplo, com a ECT, que tem a exclusividade do serviço público de postagem,
a Infraero, que tem exclusividade do serviço de suporte aeroportuário, a Terracap, que é uma
empresa pública do DF criada para administrar os imóveis que pertenciam ao DF e controlar
a ocupação territorial dessa capital. Nesses casos, embora haja empresas públicas, que são
pessoas jurídicas de direito privado, os seus bens – que são privados – usufruem os privilégios
do regime jurídico dos bens públicos.
Por fim, há o estranhíssimo parágrafo único do art. 99 do CC, que estabelece que são domi-
nicais os bens das pessoas jurídicas de direito público que tenham adotado estrutura de direito
privado. Trata-se de dispositivo sombrio, visto que não existe esse tipo de pessoa jurídica de di-
reito público com estrutura de direito privado no ordenamento jurídico brasileiro. Seja como for,
o STJ já se valeu desse dispositivo para considerar dominicais os bens da Terracap e, assim,
imunizá-los da usucapião, embora a Terracap seja uma pessoa jurídica de direito privado (STJ,
EREsp 695.928/DF, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, DJ 18/12/2006). Ao nosso sentir, o
referido dispositivo deve, por força de interpretação conforme à CF, respaldar que os bens das
empresas públicas que desempenham serviço público com exclusividade sejam considerados
como bens público dominicais, a exemplo do que decidiu o STJ no caso da Terracap. O art. 99,

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parágrafo único, do CC, portanto, protegeria como bens públicos dominicais os bens da ECT,
da Infraero, da Terracap etc.

2.3.2. Bens Considerados em Si Mesmos

Classificando o bem em relação a si mesmo, pode-se falar em bens corpóreos/incorpó-


reos, móveis/imóveis, fungíveis/infungíveis, consumíveis/não consumíveis, divisíveis/indivisí-
veis e singulares/coletivos.

Corpóreos e Incorpóreos

Possibilidade de
Que têm existência
Bens corpóreos discutir POSSE e
material/tangíveis
PROPRIEDADE

Existência NÃO cabem ações


Bens incorpóreos ABSTRATA/ possessórias (Sú-
intangíveis mula n. 228/STJ)

Embora o CC não preveja expressamente essa classificação de bens corpóreos e incor-


póreos, a utilidade dela é indubitável. São corpóreos os bens que têm existência material, que
são tangíveis, como o veículo, o celular, o imóvel etc. São incorpóreos ou imateriais os que não
existem materialmente, os que são intangíveis, os que têm existência abstrata. É o caso dos
direitos autorais, do direito a marca, das ações de Sociedades vendidas na Bolsa de Valores.
Atualmente, grande parte da riqueza do mundo é de bens incorpóreos, expressados em títulos
negociados na Bolsa de Valores, em direitos de exploração de atividades virtuais (como o Fa-
cebook), em direitos de exploração de frequências eletromagnéticas etc.
A utilidade dessa classificação pode ser vista, por exemplo, no fato de que a posse e a
detenção somente recai sobre bens corpóreos, de maneira que não seria cabível ação posses-
sória para a defesa de bens incorpóreos, como os direitos autorais (Súmula 228/STJ), os quais
podem ser protegidos por meio de ações de obrigação de fazer ou não fazer.

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Imóveis

Solo (abrange o
Por natureza
subsolo e o
(bens de raiz)
espaço aéreo)
Acessão
Resultam de artificial
Por acessão ACRÉSCIMOS
Bens IMÓVEIS ao solo Acessão
natural
Bens que, por lei,
devem ser havidos
Por por imóveis
determinação
legal Obs.: NAVIOS e
AERONAVES não
são bens imóveis

Pessoal, há diversas relevâncias na definição de um bem como móvel ou imóvel, seja para
efeitos tributários (ex.: o ITBI só incide sobre transmissão onerosa de bens imóveis, e não mó-
veis), seja para efeitos civis, como nestes casos: (1) os prazos de usucapião de imóveis são
superiores ao de móvel, conforme arts. 1.238 ao 1.244 e 1.260 ao 1.262, CC; (2) a escritura
pública é essencial para negócios envolvendo direitos reais sobre imóveis de valor superior a
30 salários mínimos, consoante art. 108, CC; (3) a alienação de imóveis por pessoas casadas
depende de consentimento do cônjuge, conforme art. 1.647, 1.649 e 1.656, CC; (4) as ações
imobiliárias exigem participação dos cônjuges das partes nos termos do art. 73, CC etc.
Vamos tratar dos bens imóveis.
Os bens imóveis podem ser de três espécies: por natureza, por acessão ou por determina-
ção legal. Estão disciplinados nos arts. 79 ao 81 do CC.
Os bens imóveis por natureza, também designados de bens de raiz, dizem respeito ao solo,
o que abrange o subsolo e o espaço aéreo na profundidade e na altura útil do ponto de vista
da função social (não chega ao céu nem ao inferno, ao contrário do que sucedia no direito ro-
mano, onde se dizia cuius ets solum eius est usque ad sidera usque ad inferos2), sem abranger,
porém, as riquezas minerais, que são bens da União (arts. 1.229 e 1.230 do CC e art. 20, VIII ao
X, da CF).
Os bens imóveis por acessão são aqueles que resultam de acréscimos (= acessões) ao solo.
Se a acessão decorreu de conduta humana, tem-se um bem imóvel por acessão artificial,
física ou industrial, que abrange as construções e as plantações (arts. 1.253 e ss, CC).
2
A propriedade do solo estende-se do céu ao inferno.

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Se, porém, a acessão decorre da natureza, tem-se um bem imóvel por acessão natural, no
qual se incluem o aluvião (acréscimo lento de terras à margem do rio, aumentando o perímetro
do solo), a avulsão (acréscimo violento, abrupto de terras), o álveo abandonado (acréscimo de
terra diante da evaporação da água do rio) e a formação de ilha (acréscimo de área do imóvel
sobre a ilha que emergiu pelo esvaziamento parcial do rio), conforme arts. 1.249 ao 1.252, CC.
As árvores só são acessões naturais se não tiverem decorrido de trabalho humano; do contrá-
rio, serão acessões artificiais por serem plantações.
A acessão natural ou artificial exige que a coisa acrescida seja incorporada ao solo; não
basta estar meramente dentro do solo. O tesouro, p. ex., não é bem imóvel por acessão pelo
mero fato de estar enterrado, pois ele não se incorporou ao solo. Ele é um bem móvel, que,
aliás, se descoberto, deve ser rateado entre o proprietário do solo e o achador caso não se
tenha memória do legítimo dono, conforme art. 1.264 do CC. Igualmente, as construções que
estiverem presas ao solo, mas apenas apoiadas nele em caráter temporário, como barracas,
armações (os stands) de feiras, palcos para shows, etc., não se tornam imóveis por acessão;
continuam sendo bens móveis (Bevilacqua, 1955, p. 162). As construções devem incorporar
ao solo, devem ser definitivas, não podem ser provisórias, para serem consideradas imóveis
por acessão artificial. O mesmo sucede com plantas colocadas em caixas ou vasos, as quais
se destinam a ser deslocadas, e não a serem incorporadas ao solo, razão por que são bens
móveis, e não imóveis por acessão natural.
Por ficção legal, não perdem a característica de bens imóveis as edificações removíveis
(como as casas removíveis) nem os materiais destacados de um prédio temporariamente para
ser reempregado nele, conforme art. 81 do CC. A provisoriedade dessa separação justifica a
ficção legal. Trata-se de bens imóveis por determinação legal.
Antes do CC/2002, havia também os bens imóveis por acessão intelectual, que correspon-
diam a tudo quanto era, por vontade do titular (acréscimo, ou melhor, acessão intelectual),
destinado de modo duradouro ao solo. Com o CC/2002, essa figura foi absorvida pelo conceito
de pertença, prevista no art. 93 do CC, a qual será estudada na classificação de bens recipro-
camente considerados.
Por fim, são bens imóveis por determinação legal os casos de bens que, por lei, devem
ser havidos por imóveis. Trata-se de ficção legal e gera várias utilidades, como, por exemplo,
tributária (credencia a cobrança, por exemplo, de ITBI no caso de transmissão onerosa). Geral-
mente o legislador faz isso com bens incorpóreos, como os direitos, que, por serem imateriais,
não se enquadram em móveis nem imóveis por natureza. Nesse contexto, o art. 80 do CC
reúne dois casos de bens imóveis por determinação legal: (1) os direitos reais sobre imóveis
e as respectivas ações e (2) o direito à sucessão aberta, que são os direitos hereditários. As-
sim, por exemplo, ao se instituir um direito real de usufruto sobre um imóvel a uma pessoa em
troca de uma quantia financeira, está-se a transferir um bem imóvel onerosamente, o que atrai
a cobrança de ITBI. Igualmente, no caso de um herdeiro ceder o seu direito hereditário (= direi-
to à sucessão aberta) a terceiros em troca de dinheiro, tem-se uma transmissão onerosa de

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bem imóvel a configurar fato gerador do ITBI. As ações que asseguram os direitos reais sobre
imóveis, como, por exemplo, a ação reivindicatória, também são consideradas bens imóveis.
As ações que asseguram os direitos reais sobre imóveis “são os próprios direitos em atitude
defensiva, ou considerados por uma de suas faces”, como ensinava Clóvis Bevilácqua (1979,
p. 274). Teoricamente é possível alienar onerosamente apenas a ação destinada a reivindicar
um imóvel, caso em que o ITBI seria devido por haver transmissão de um imóvel por natureza.
O comum, porém, é a transmissão do direito real sobre a coisa em conjunto com as respec-
tivas ações que asseguram esse direito, mas teoricamente é possível negociar apenas estas
últimas isoladamente.
Navios e aeronaves não são bens imóveis, apesar de serem hipotecáveis (art. 1.473, VI e
VII, CC). São bens móveis, mas, em razão das elevadíssimas expressões econômicas, a legisla-
ção historicamente lhe dedicou regras típicas de bens imóveis, como lembra Clóvis Bevilacqua
(1959, p. 165). Assim, por exemplo, diante do elevado valor desses bens, convém permitir que
ele seja oferecido em garantia por mais de uma dívida, medida que a hipoteca viabiliza diante
das hipotecas sucessivas (art. 1.476, CC). O penhor não permitiria isso, por exemplo. Em tom
metafórico, navios e aeronaves são bens móveis com a bazófia de um imóvel.

Móveis

São deslocáveis sem perda da


Por natureza sua substância ou destinação
econômico-social

Ex.: energia elétrica, quota de


Por
ação, título da dívida pública
determinação legal
Bens móveis (art. 83 do CC)

Bens que estejam incorporados a


algum imóvel, mas se destinam a
serem destacados dele
Por antecipação

Ex.: venda de safra antes


da colheita

Os bens móveis podem ser: por natureza, por determinação legal ou por antecipação.
Os móveis por natureza são os bens deslocáveis sem perda da sua substância ou da sua
destinação econômico-social. O critério adotado pelo CC é funcional para definir a mobilidade

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natural da coisa, prestigiando a conservação da destinação econômico-social da coisa remo-


vida. Um prédio não pode ser removido sem que se transforme em escombros, perdendo a
sua substância e a sua função. As “casas móveis” são exceções, pois se encaixam em bens
imóveis por determinação legal (art. 81, I, CC). O computador, a mesa, a cadeira etc. são bens
móveis por natureza por não perderem a sua substância. Também se enquadram aí os semo-
ventes, que são móveis que se deslocam por força própria, como os animais. Materiais de
construção, enquanto não empregados na obra, são móveis, assim como os materiais prove-
nientes de demolição de um prédio, conforme esclarecimento do art. 84, CC.
Os móveis por determinação legal são os assim classificados por lei. Além do art. 83 do
CC, há leis especiais que preveem hipóteses de móveis por determinação legal, a exemplo do
art. 5º da Lei 9.279/96 (direitos de propriedade industrial) e do art. 3º da Lei 9.610/98 (direitos
autorais). O art. 83 do CC reputa como móveis a energia elétrica e os direitos pessoais e reais
com as respectivas ações que os asseguram. Assim, as quotas e as ações de sociedades, os
títulos da dívida pública (com inclusão das apólices de dívida pública, que, à época do CC/16,
eram imóveis por lei), os títulos mobiliários negociados na Bolsa de Valores e no Mercado de
Futuros, os direitos de crédito são bens móveis por serem direitos pessoais, assim entendidos
direitos decorrentes de relações de natureza obrigacional (como as decorrentes de contratos,
de vínculos societários etc.). Não é à toa que o órgão fiscalizador da Bolsa de Valores chama-
-se Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Igualmente, o direito real de usufruto sobre um
veículo, por exemplo, também é bem móvel.
Os móveis por antecipação são os bens que, embora estejam incorporados a algum imóvel,
destinam-se economicamente a serem destacados do imóvel e que passam a ser considera-
dos móveis precocemente no momento em que, por vontade humana, são objeto de atos jurí-
dicos. É o caso, por exemplo, da venda de safra de frutos naturais (grãos, tomate etc.) antes da
colheita: esses frutos naturais passam a ser considerados móveis por antecipação, pois foram
negociados antes da sua colheita. O mesmo ocorre com as árvores destinadas a corte para
produção de lenha ou de madeira. Daí decorrem consequências práticas, como, por exemplo,
a inexigibilidade de consentimento do cônjuge do art. 1.647, I, do CC (que se restringe a caso
de alienação de imóveis), a inaplicabilidade do art. 108 do CC (que exige escritura pública
para negócios envolvendo direitos reais sobre imóveis valiosos), a desnecessidade de registro
imobiliário (que se aplica a imóveis) – embora possa se admitir a averbação para efeito de
publicidade a terceiros acerca do direito sobre a coisa que ainda não foi destacada do imóvel
com base no genérico art. 246 da Lei 6.015/73 –, a inaplicabilidade da competência do foro do
local do imóvel (que se aplica a direitos reais sobre imóveis – art. 47, CPC), a desnecessidade
de autorização judicial se o pai for representar o filho menor na venda desse bem (o art. 1691
do CC exige essa autorização para alienação de imóveis do menor ou para atos além da mera
administração), a não incidência de ITBI. Alerte-se que somente, enquanto não houver vontade
humana que se valha da sua futura natureza móvel, o bem incorporado ao imóvel continua-
rá sendo imóvel por acessão. Assim, se, por exemplo, alguém aliena uma fazenda com uma

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plantação, o ITBI incidirá sobre o preço integral da venda, sem poder destacar o valor corres-
pondente à plantação, pois esse negócio jurídico não está se valendo da futura mobilidade das
coisas plantadas. Se, porém, a venda fosse da futura colheita da plantação, não haveria ITBI
dada a natureza de bem móvel por antecipação.

Fungíveis e Infungíveis

Pode ser substituído por


Empréstimo
outro da mesma espécie,
= mútuo
qualidade e quantidade
Fungíveis

Em regra, somente
bens MÓVEIS

Quanto à
fungibilidade Que não podem ser substi- Empréstimo
tuídos; individualizados por = comodato
características próprias ou locação
Infungíveis
Bens fungíveis podem se
tornar infungíveis por vonta-
de das partes

Quanto à fungibilidade, os bens podem ser fungíveis ou infungíveis.


Fungível significa substituível no vernáculo. Bem fungível é aquele que pode ser substituído
por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade. A cédula pecuniária e a moeda (enfim,
o dinheiro) costumam ser bens fungíveis em regra, pois podem ser substituídos por outras
cédulas ou moedas que representem o mesmo valor. Podem, no entanto, se tornar infungíveis
se houver vontade humana expressa (ex.: o contrato veda a substituição) ou alguma particu-
laridade que a individualize, como um valor sentimental (ex.: a moeda ou a cédula pecuniária
deixada por um parente falecido).
No comodato ad pompam vel ostentationem, há uma infungibilização de um bem que cos-
tumeiramente é fungível por envolver um empréstimo de um objeto apenas para fins estéticos,
como uma cesta de frutas para ornamentação de um lugar.
Outros exemplos de bens fungíveis são a farinha, o trigo, o açúcar etc. Trata-se de objetos
individualizados a partir do gênero a que pertençam, como já se reconhecia no Direito Roma-
no. A nomenclatura bem fungível para designar esses objetos só surgiu no século XVI com o
humanista alemão Zasius, prevalecendo sobre a sugestão de outros humanistas que, em busca de

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sistematização do pensamento, sugeriram nomes como “coisas representáveis, coisas substi-


tuíveis, coisas sub-rogáveis, coisas de gênero e coisas de quantidade” (António Menezes Cor-
deiro, 2016, pp. 207-208).
Os bens infungíveis são os que não podem ser substituídos por outro. Trata-se das coisas
que são individualizadas por características próprias, e não por seu gênero e sua quantidade.
O art. 85 do CC apenas se refere à fungibilidade de bens móveis. Realmente, em regra, só
bens móveis podem ser fungíveis. Para concurso público, deve-se seguir o texto legal, salvo
se o examinador fizer referência à doutrina. Veja o referido artigo:

Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade
e quantidade.

Todavia, apesar do texto legal acima, excepcionalmente, imóveis também podem ser fun-
gíveis. Um apartamento costuma ser bem infungível, pois não pode ser substituído por outros,
que possuem localização diversa. Ele pode, no entanto, ser tido por fungível se, por vontade das
partes, for admitida a substituição do apartamento por outro situado no mesmo prédio e com
o mesmo tamanho, supondo-se que todos estejam com as mesmas características internas,
como no caso de prédio recém-construídos. Outro exemplo de fungibilidade de bens imóveis é
a partilha de vários lotes pertencentes a uma sociedade entre os sócios na hipótese de estes
terem acordado que cada um terá direito a uma certa quantidade de lotes. Outro exemplo é o
de uma incorporadora se obrigar a entregar dez lotes em um empreendimento, caso em que a
individualização da coisa deverá ser feita pelo gênero e pela quantidade.
A fungibilidade do bem deve ser analisada no caso concreto, pois um mesmo bem pode
ser tido por fungível ou infungível a depender das condições de cada situação. Nesse sentido,
a definição dada pelo art. 207º do Código Civil português parece ser mais técnico ao vincular
o conceito de fungibilidade de bem à forma como a relação jurídica ocorreu: “São fungíveis as
coisas que se determinam pelo seu gênero, qualidade e quantidade, quando constituam objec-
to de relações jurídicas”. No mesmo sentido, está António Menezes Cordeiro (2016, p. 208).
Há, porém, quem estabeleça que a fungibilidade decorre da natureza da coisa, e não do caso
concreto, embora reconheça exceções, a exemplo de Maria Helena Diniz (2016, pp. 385-386).
Há utilidade na classificação.
O empréstimo gratuito ou oneroso de coisas fungíveis é batizado de mútuo com discipli-
na no art. 586 e ss do CC. É comum falarmos de mutuários da CEF para designar as pessoas
que contraíram empréstimos pecuniários, ou seja, mútuo com essa instituição financeira. No
caso de mútuo pecuniária oneroso, a remuneração cobrada pelo mutuante chama-se juros
remuneratórios, que é uma espécie de “aluguel do dinheiro”. O mútuo de dinheiro a juros é co-
nhecido como mútuo feneratício (etimologicamente feneratício é relativo à cobrança de juros).
Por outro lado, o empréstimo de coisa infungível corresponde ao comodato se for gratuito ou
à locação se for onerosa (com cobrança de aluguel).

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Outra utilidade é que o art. 645 do CC dá tratamento especial para o depósito de coisas fun-
gíveis, invocando as regras de mútuo no que couber. Trata-se do chamado depósito irregular.
Mais uma utilidade é a de que a propriedade fiduciária sobre móveis só recai sobre bens
infungíveis (art. 1.361, CC).

Consumíveis e Inconsumíveis

Bens cujo uso implica


destruição imediata
Bens consumíveis
Presumem-se consumíveis os
bens destinados à alienação (con-
suntibilidade jurídica)

Não se destroem
Bens não consumíveis
imediatamente com o USO

Quanto à consuntibilidade ou à consuntibilidade, os bens podem ser consumíveis ou in-


consumíveis. Os bens consumíveis são os bens móveis cujo uso implica destruição imediata,
como os alimentos. Presumem-se consumíveis os bens destinados à alienação, como uma bi-
cicleta que está à venda em uma loja especializada (art. 86, CC). Essa presunção retrata o que
se designa de consuntibilidade jurídica, que leva em conta a destinação econômico-jurídica da
coisa. Os bens não consumíveis são o inverso: não se destroem imediatamente com o uso.
É possível que um bem se torne inconsumível por vontade das partes, como no comodato ad
pompam vel ostentationem (ex.: uma cesta de frustas emprestada apenas para decorar uma
festa). Consuntibilidade não se confunde com fungibilidade, como sucede com uma garrafa de
vinho herdada de um parente, pois aí se tem uma coisa infungível, mas consumível.
A utilidade prática é a de que, na disciplina de determinados institutos, o legislador deve
dar tratamento diferenciado aos bens consumíveis, estabelecendo, por exemplo, o dever de o
usufrutuário restituir coisa similar ou o equivalente em dinheiro de coisa consumível que já foi
usada quando o usufruto recair sobre coisa consumível e fungível (art. 1.392, § 1º, do CC). O
usufruto aí é designado de impróprio ou de quase-usufruto, o qual era disciplinado no art. 726
do CC/1916 e que, no CC/2002, não recebeu disciplina específica a não ser de modo indireto
no § 2º do art. 1.392, que trata apenas dos acessórios consumíveis. A doutrina tem, porém, por
admissível o quase-usufruto, considerando que o usufrutuário se torna proprietário da coisa
recebida e se obriga a restituir outra equivalente ao final do usufruto.

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Divisíveis e Indivisíveis

Conceito residual:
tudo que não é
Bens indivisível
divisíveis
Indivisibilidade atribuída por
Por lei
lei. Ex.: herança até a partilha

Divisibilidade
Pela vontade das partes. Pra-
Por vontade
zo máximo de 5 anos.
Bens
indivisíveis Impossibilidade de fracio-
Por natureza mento sem perda da sua
utilidade socioeconômica.

Quanto à divisibilidade, os bens podem ser divisíveis ou indivisíveis. A definição dos bens
divisíveis é residual: é aquilo que não é indivisível.
A indivisibilidade pode ser: (1) por natureza; (2) por vontade; (3) por lei.
Diz-se que o bem é naturalmente indivisível quando a coisa não pode ser fracionada sem
perda da sua utilidade socioeconômica ou da sua substância ou sem desvalorização conside-
rável, conforme art. 87 do CC. Como tudo pode ser materialmente fracionado (até o elétron é
fracionável em outras partículas na Física), o CC adotou o critério da utilidade socioeconômico,
ou seja, um critério utilitarista para definir os bens indivisíveis por natureza. Ex.: um cavalo,
uma cadeira etc.
A vontade também pode tornar indivisível um bem. Todavia, a legislação impõe limites, es-
tabelecendo o prazo máximo de cinco anos para essa indivisibilidade quando decorrer de ato
de vontade, seja do testador, seja do doador, seja dos condôminos, admitido, porém, prorroga-
ção posterior apenas por nova expressão de vontade dos condôminos (art. 1.320, CC). Aliás, o
juiz pode afastar a indivisibilidade antes do prazo se houver graves razões (art. 1.320, § 2º, CC).
O motivo disso é que, como ensinavam os romanos, o condomínio tradicional – aquele em que
mais de uma pessoa é titular da mesma coisa na proporção de uma fração ideal – é a “mãe da
discórdia” diante das inevitáveis divergências procedentes dos interesses egoísticos de cada
um, de maneira que a legislação sempre prestigia o retorno à feição unitária da coisa, do que
dá exemplo esse limite temporal da indivisibilidade e o direito de preferência ao condômino no
caso de alienação da fração ideal por outro (art. 504, CC).
A lei também pode impor a indivisibilidade dos bens, como sucede com os imóveis de ta-
manho correspondente à fração mínima de parcelamento (art. 4º, III, da Lei de Parcelamento

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Urbano, ou seja, da Lei 6.766/79) ou ao módulo rural (art. 4º, II e III, do Estatuto da Terra, ou
seja, da Lei 4.504/1964), admitido imóveis em tamanho inferior com expressa autorização
legal, como costuma acontecer em imóveis destinados a programas sociais de habitação.
Outro exemplo é o art. 1.386 do CC, que tem por indivisíveis as servidões prediais, ainda que
os prédios dominante ou serviente sejam divididos, salvo incompatibilidade com a natureza
ou a destinação da servidão. A herança também é tida por indivisível até a partilha (art. 1.791,
parágrafo único, CC). Outros exemplos: a quota da sociedade é indivisível em relação à socie-
dade (art. 1.056, CC); o fundo de reserva da sociedade cooperativa é indivisível em relação aos
sócios (art. 1.094, VIII, CC); há composse no caso de mais de um possuidor sobre uma coisa
indivisa (art. 1.199, CC)
A utilidade da classificação é manifesta. Ex.: a incapacidade relativa terá de aproveitar os
cointeressados capazes se o objeto for indivisível (arts. 105 e 177, CC); a distinção entre obri-
gações divisíveis e indivisíveis atrela-se à natureza do bem objeto da obrigação; a suspensão
da prescrição em prol de um credor solidário aproveita os demais no caso de obrigação indivi-
sível (art. 201, CC); a interrupção da prescrição contra um dos herdeiros do devedor solidário
prejudicará os demais herdeiros ou devedores apenas no caso de indivisibilidade da obrigação
e do direito (art. 204, § 2º, CC); a titularidade da coisa indivisível por mais de um pessoa gera
condomínio (art. 1.314, CC), embora seja possível condomínio sobre coisa divisível se esta não
tiver sido fracionada entre os condôminos, como no caso de condomínio sobre uma grande
faixa de terra.

Singulares

Unidade sócio-cultural- Formado por partes


-econômica, mesmo Bens singulares
homogêneas, da
podendo ser decomposto simples
mesma espécie

Bens singulares Formado por partes inde-


pendentes e heterogêneas,
de espécies diferentes
Bens singulares
Classificação do CC/16
compostos
As partes podem ser objeto
de negócio jurídico próprio

Os bens singulares são os que existem por si sós e guardam uma unidade sociocultural
econômica, conforme art. 90 do CC. Em princípio, qualquer bem poderia ser decomposto, fato
que não lhe retira a sua condição de bem singular. Um celular pode ser decomposto em chip,
tela, metais etc. e, nem por isso, deixa de ser um bem singular, pois ele é tido como uma unida-
de sócio-cultural-econômico. O conceito de bem singular abrange o que os romanos designavam

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de coisas compostas ex contingentibus, assim entendidas as que eram formadas por outros
pequenos móveis interconectados, a exemplo do telhado, fruto de diversas telhas. Assim, uma
cadeira, um veículo e um celular são exemplos de bens singulares.
O art. 54 do CC/1916 classificava os bens singulares em: (a) simples, quando fossem for-
mados por partes homogêneas – da mesma espécie – unidas em razão da natureza, como
um cavalo ou uma árvore, ou da ação humana, como a folha de papel, o quadro, o vaso ou o
direito de crédito, caso em que os componentes perdem a sua individualidade; (b) compostas,
quando as suas partes fossem objetos independentes e heterogêneos – de espécies diversas,
unidos pelo engenho humano, como o veículo, composto por rodas, motor etc.; a casa, com-
posta por vários materiais de construção; o relógio; etc. A utilidade prática dessa classificação
seria a de que, nas coisas singulares compostas, os seus componentes poderiam ser objeto
de negociação isolada, ao contrário dos bens singulares simples, que constituem uma unida-
de natural incindível em razão de suas partes perderem a individualidade. Assim, “é possível
a existência de direitos, tanto sobre a coisa composta, na sua unidade, como sobre os seus
elementos componentes, o que não se verifica na coisa simples” (Francisco Amaral, 2014, p.
390). O proprietário das rodas ou do motor de um veículo pode, por exemplo, ser uma pessoa
diversa do dono do veículo, a quem esses bens foram emprestados em comodato. Nas coisas
simples, isso é inviável: não há como alguém ser proprietário da perna do cavalo e não o ser de
todo o animal dada a indivisibilidade natural da coisa. É possível, sim, alguém ser condômino
do cavalo, mas não titular de uma parte individualizada dele, por se tratar de coisa simples.

Coletivos

Os bens singulares podem


Pluralidade de bens
ser objeto de negócio
singulares
jurídico próprio
Universalidade
de FATO Destinação úni-
ca desses bens
POR VONTADE
DO TITULAR

Pluralidade Não há necessidade d


Bens POTENCIAL de bens que haja, de fato,
COLETIVOS singulares pluralidade de bens
Universalidade
de DIREITO
Destinação única por
FORÇA de LEI

Natureza
jurídica do Há controvérsia
estabelecimento

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003. (FUNCAB/ANS/COMPLEXIDADE INTELECTUAL/2013) Constitui universalidade de di-


reito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. São exem-
plos de universalidade de direito:
a) estabelecimento, herança, patrimônio.
b) patrimônio, herança, massa falida.
c) herança, patrimônio, pomar.
d) biblioteca, estabelecimento, herança.
e) patrimônio, estabelecimento, pinacoteca.

Vamos tratar disso.


Letra b.

Os bens coletivos são os que não existem por si sós. São também chamados de universitas
rerum, por envolver uma coletividade de coisas. Eles podem ser de duas espécies: universali-
dade de fato (universitas facti3) e universalidade de direito (universitas iuris). Ao adotar as con-
cepções de universalidades, o direito brasileiro incorporou uma categoria medieval, “particu-
larmente reanimada nos princípios do século XIX”, como lembra o catedrático da Universidade
de Lisboa António Menezes Cordeiro (2016, p. 220).
Vamos falar primeiramente da universalidade de fato.
A universalidade de fato é a pluralidade de bens singulares com destinação única em ra-
zão da vontade do seu titular, conforme art. 90 do CC. Há duas principais características: (1) a
pluralidade de bens singulares é essencial; não há universalidade de fato se inexistir, de fato,
mais de um bem singular; (2) a destinação única da coisa decorre da vontade do titular; não há
universalidade de fato se o titular não quiser tratar o conjunto dos seus bens singulares como
uma unidade. Ex. de universalidade de fato: biblioteca (conjunto de livros) e rebanho (conjunto
de gados). Se só houver um livro, não há biblioteca, mas apenas um bem singular. Parece-nos
haver proximidade do conceito de universalidade de fato com o de bem singular composto, pois,
nestes, há objetos independentes que, pelo engenho humano, constituem a coisa. Os conceitos,
porém, se distanciam por dois motivos: (1) a universalidade de fato é constituída por bens sin-
gulares, simples ou compostos; (2) a identificação sociocultural econômico da universalidade
de fato é diversa da dos bens singulares compostos: enquanto é usual se entender a biblioteca
como um conjunto de bens singulares, de modo a ser razoável a alienação de livros individualizados,
3
Há quem se valha do termo universitas rerum para a universalidade de fato, como Maria Helena Diniz (2012, p. 381), mas
prevalece o emprego dessa expressão como gênero do qual a universalidade de fato e a de direito são espécies, como
ensina Francisco Amaral (2014, p. 391)

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não há a mesma razoabilidade em tratar a casa como um conjunto de materiais de construção


a serem negociados em apartado, como vender apenas o encanamento. Temos que o critério
sociocultural econômico é o mais decisivo nessa distinção.
A doutrina costuma asseverar que os bens singulares da universalidade de fato devem ser
homogêneos: na biblioteca, por exemplo, há vários livros (ou seja, coisas de gênero similar).
Parece-nos, no entanto, que a homogeneidade não é uma característica inerente, seja porque
o art. 90 do CC não exige isso, seja porque o que importa nessa universalidade é a pluralidade
de bens singulares com destinação única por vontade do titular. Se alguém decide vender um
“kit” de apoio a viagem composto por mala, roupas, livros e outros objetos diversos, não há
homogeneidade entre os bens, mas há uma universalidade de fato.
Além do mais, a doutrina costuma exigir que as coisas sejam corpóreas na universalidade
de fato. Parece-nos, porém, equivocada essa assertiva, pois há diversas hipóteses atuais de
pluralidade de bens imateriais que assumem destinação única por vontade do titular, a exem-
plo da coleção de músicas virtuais que um indivíduo possui em um serviço cibernético (como
no itunes, um serviço da empresa Apple) ou em seu computador (como o conjunto de vários
arquivos virtuais em formato “mp3”). Essas discotecas virtuais são tratadas como uma uni-
dade, apesar de envolverem vários bens incorpóreos singulares (os direitos sobre cada uma
das músicas).
Na universalidade de fato, os bens singulares que o compõe podem ser objeto de negócios
jurídicos próprios: é possível, obviamente, alienar um livro da biblioteca, por exemplo (art. 90,
parágrafo único, CC). Se, porém, desaparecer a pluralidade de bens singulares, desaparece a
universalidade de fato. Por fim, a universalidade de fato absorveu o que os romanos designa-
vam de coisas compostas ex distantibus, que “implicam agrupamentos de seres animados dis-
tintos, dotados, todavia, de uma alma comum. O exemplo romano era o do rebanho” (Cordeiro,
2016, p. 220).
Vamos, agora, falar da universalidade de direito.
A universalidade de direito, também batizada de universitas iuris, é um bem formado por
uma pluralidade potencial de bens singulares com destinação única por força de lei. Os bens
singulares que compõe a universalidade de direito podem ser corpóreos ou incorpóreos, ho-
mogêneos ou heterogêneos. Além disso, a pluralidade de bens singulares é potencial, porque
não necessariamente ela existirá, pois o que importa para a universalidade de direito é a exis-
tência de uma lei que atrairá para essa universitas iuris qualquer bem que se enquadrar nessas
regras. O que importa é que o bem se enquadre nas hipóteses de incidência descritos na lei
que rege a universalidade de direito. Há duas características principais: (1) não há necessidade
de haver pluralidade de bens, pois a qualidade de bem coletivo decorre de lei, que estabelece
as condições para que passem a integrar essa universalidade qualquer bem singular que se
enquadrar nelas; (2) há a sub-rogação real, que, para nós, é a principal utilidade prática dessa
classificação.

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A sub-rogação real pode ser entendida como a substituição de um ou mais bens por outro
ou outros com manutenção do regime jurídico. É a transferências das qualidades jurídicas que
recaem sobre um bem para o outro. Assim, por exemplo, a herança é um exemplo de univer-
salidade de direito. A sua qualidade de universalidade decorre de lei (art. 1.791, CC). Se uma
pessoa deixou apenas um imóvel, mesmo assim haverá aí a herança, que é uma universalidade
de direito. É irrelevante a pluralidade de bens singulares. Caso esse imóvel seja permutado por
3 pequenos apartamentos mediante autorização judicial, esses novos apartamentos substi-
tuirão o imóvel e integraram a universalidade de direito (sub-rogação real). Outro exemplo é o
patrimônio particular dos cônjuges, que se reporta aos bens que, por lei, não se comunicam
em razão do regime de bens. Assim, por exemplo, se uma pessoa casou sob o regime da co-
munhão parcial de bens e já tinha um imóvel, esse imóvel enquadra-se nas regras legais que o
fazem integrar o patrimônio particular desse cônjuge. Se, no curso do casamento, esse imóvel
é permutado por 3 pequenos apartamentos, esses novos apartamentos continuam sendo inte-
grantes dessa universalidade de direito e, portanto, seguem sendo integrantes do patrimônio
particular do cônjuge em razão da sub-rogação real.
Também são exemplos de universalidade de direito a massa falida e a herança, pois, por
força de lei, são um conjunto de todos os ativos e passivos de uma pessoa jurídica falida (mas-
sa falida) ou de uma pessoa natural morta (herança).
Por fim, para terminarmos a discussão com um tema interessante, vamos falar da natureza
jurídica do estabelecimento.
Há controvérsia quanto ao fundo de comércio, antigo nome do que atualmente se conhece
como estabelecimento. Há quem o tenha como uma coisa singular composta, como Nelson
Rosenvald (2016, p. 517); outros, como uma universalidade de fato; outros como universalida-
de de direito, a exemplo de Maria Helena Diniz (2012, p. 382). Parece-nos mais acertada esta
última corrente, pois o estabelecimento é fruto de uma previsão legal (arts. 1.142 e ss do CC)
e, portanto, constitui um conjunto de bens singulares com destinação única por força de lei.
Para ele, teoricamente, não há exigência de haver pluralidade de bens singulares: se uma socie-
dade só possui um imóvel, integra a universalidade de direito. Se esse imóvel é permutado por
3 pequenos imóveis, esses novos imóveis seguem integrando essa universalidade de direito
diante da sub-rogação real. Essas características evidenciam a natureza de universitas iuris do
estabelecimento.

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2.3.3. Bens Reciprocamente Considerados

Noções Gerais

Bem
principal

Espécies de
Segue o princípio Segue o PRINCIPAL;
bens quando Bem
da GRAVITAÇÃO assumirá a sua
comparados acessório
JURÍDICA natureza jurídica
entre si
NÃO se sujeitam ao princípio
Pertenças da gravitação jurídica, salvo lei,
vontade ou circunstância

Levando em conta um bem em relação a outros, podem-se classificar os bens em três es-
pécies: (a) principais; (b) acessórios; (c) pertenças.
Só há essa classificação quando se compara um bem com outro.
Não há falar em bem acessório, principal ou pertença se não houver mais de um bem a
ser cotejado. Explicaremos esses conceitos mais abaixo. Antes, porém, há o princípio da gra-
vitação jurídica, segundo a qual os bens acessórios seguem o principal, salvo disposição em
contrário. Trata-se da milenar regra romana conhecida como accessorium principale sequitur
(o acessório segue o principal). Embora o texto do art. 59 do CC/16 (“Salvo disposição espe-
cial em contrário, a coisa acessória segue a principal”) não tenha sido reiterado no CC/2002,
essa regra subsiste com as adaptações deste Codex, que ineditamente previu a figura das
pertenças.
Pertenças não são bens acessórios (embora haja quem assim os enquadre), mas sim uma
terceira categoria de bens, e, por isso, não se sujeitam ao princípio da gravitação jurídica, salvo
lei, vontade ou circunstância. Isso significa que a pertença não acompanha o bem principal
em um negócio jurídico que envolva este, salvo circunstâncias do caso ou disposição legal ou
voluntária em contrário (art. 94 do CC). Daí decorre que, se alguém alienar um apartamento,
presume-se que as benfeitorias – que são bens acessórios – estão inclusas, como as pias, a
privada, as torneiras etc., mas não abrangem as pertenças que guarnecem a casa, como os
racks, as cadeiras, as mesas, as televisões etc. Outro exemplo são os aparelhos de adaptação
que são instalados em veículos para viabilizar a sua condução por pessoa com deficiência
física ou com mobilidade reduzida, de modo que, ao ser alienado o veículo, o vendedor não
está obrigado a entregar também essas pertenças (STJ, REsp 1305183/SP, 4ª T., Rel. Ministro
Luis Felipe Salomão, DJe 21/11/2016). Daí igualmente decorre que o bem acessório assume

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a natureza jurídica do bem principal: o bem móvel incluído em um imóvel como bem acessório
torna-se imóvel também.
Os bens podem ser incorpóreos, como no caso do direito de crédito, e, por isso, pode ha-
ver relação de acessoriedade com incidência do princípio da gravitação jurídica. Entre direitos
também há relação de acessoriedade. Isso justifica o porquê de o art. 233 do CC estabelecer
que, na cessão de crédito, presume-se que os acessórios – como os juros no caso de crédito
pecuniário – também foram cedidos, salvo disposição em contrário (art. 287, CC). Também
são acessórios os encargos moratórios (cláusula penal, juros moratórios, correção monetária
etc.), as arras, os dividendos, os direitos reais sobre coisa alheia, como a servidão, a hipoteca
etc., como lembra Francisco Amaral (2014, p. 393)

Principal e Acessório

Bem que existe


Principal
por si só Bens extraídos da
Bem principal Frutos coisa principal de
X Bem que sozinho não modo inesgotável
Bem acessório atende à sua
função social Bens extraídos da
Acessório Produtos coisa principal de
modo esgotável
Classificação
Obs.: bens incorpóreos Aperfeiçoamento ou
também podem ser Benfeitorias conservação do bem;
classificados como passam a integrá-lo
principal e acessório
Bem que se torna inútil
Parte integrante
sem o principal

Possuem AUTONOMIA FUNCIONAL, Guardam vínculo de secunda-


mas se destinam ao bem principal de riedade, e não de acessorieda-
modo duradouro de com o bem principal

São funcionalmente úteis


Não se igualam à parte integrante
Pertenças longe do bem principal e não
nem à benfeitoria
se aglutinam a ele

Podem ser bens móveis ou imóveis

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De um lado, bem principal é o que existe por si só, é o que cumpre sua função social e
econômica independentemente de outro, conforme art. 92, CC. O critério para definir o seu pro-
tagonismo é o da função econômica e social. O veículo é principal em relação ao pneu por sua
finalidade econômica e social: não se trata do valor, e sim da destinação do bem.
De outro lado, na definição tautológica do art. 92 do CC, bens acessórios são aqueles que
supõe um principal, ou seja, os bens que cumprem a sua função social e econômica quan-
do estão conectados a um bem principal. Sozinhos, eles não atendem à sua utilidade so-
cioeconômica.
Como os bens incorpóreos (ex.: direitos de crédito) também são bens, eles podem ser
acessórios ou principais. Ex.: O direito de crédito perante um fiador é um bem acessório em re-
lação ao direito de crédito perante o devedor principal, pois a fiança é acessória a um contrato
principal que é garantido.
Vamos falar das espécies de bens acessórios: os frutos, os produtos, as benfeitorias e as
partes integrantes.
Frutos são bens extraídos da coisa principal de modo inesgotável. São utilidades produzi-
das periodicamente pela coisa sem alteração de sua substância, com possibilidade de serem
destacadas da coisa e serem objeto de relações jurídicas autônomas. A periodicidade da pro-
dução dos frutos pela coisa é essencial nessa definição. O bem principal pode gerar os frutos
incessantemente, sem se esvaziar. A fonte dos frutos é inesgotável.
Quanto à origem, os frutos podem ser: (1) naturais, quando decorre de força da natureza,
ou seja, da força orgânica da coisa, ainda que possa haver colaboração técnica humana para
maximizar a produção, a exemplo das frutas produzidas por uma árvore, das crias de animais
e dos ovos; (2) industriais4, quando decorre de conduta humana, ou seja, do engenho humano,
como o lucro de uma empresa, os pães produzidos por uma padaria, a produção de uma fá-
brica etc.; (3) civis, quando decorrem da utilização da coisa por terceiros, como o aluguel, os
juros, os dividendos, as rendas, os foros (no caso de enfiteuse, o enfiteuta deve pagar anual-
mente um valor designado de foro para o senhorio direto).
Os frutos civis são também chamados de rendimentos. Apesar disso, o legislador, por ex-
cesso de cautela, incorre em redundância ao se valer da expressão frutos e rendimentos em
conjunto, provavelmente com o objetivo de impedir interpretações restritivas do verbete “fru-
tos” que pudessem excluir os frutos civis, a exemplo do que sucede no art. 1.506 do CC (per-
cepção de frutos e rendimentos pelo credor anticrético).
Quanto ao estado, os frutos podem ser: (1) pendentes, quando ainda não foram desta-
cados da coisa; (2) percebidos ou colhidos, quando já foram separados da coisa, mas ainda
existem; (3) estandes, quando estão armazenados para futuro deslocamento ou alienação;
(4) percipiendos, quando já deveriam ter sido destacados da coisa, mas ainda não o foram;
4
A proximidade do conceito de frutos industriais com o de naturais conduziu, por exemplo, o CC português a incluir os frutos
industriais nos naturais, de modo a contemplar apenas duas espécies de frutos: os naturais e os civis (Cordeiro, 2016, p.
232).

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(5) consumidos, quando já não existem mais. Os frutos naturais e industriais consideram-se
percebidos logo quando são separados da coisa principal, ao passo que os frutos civis presu-
mem-se percebidos a cada dia, conforme art. 1.215 do CC. Isso significa que, se alguém tem
direito a ser indenizado pelos frutos civis (ex.: o invasor de um imóvel deve indenizar o esbu-
lhado pelos frutos percebidos), ele deverá pagar os frutos civis produzidos diariamente (ex.: no
caso do invasor, este deve pagar o valor da diária do aluguel do imóvel).
Há relevância prática nessas distinções, do que dão exemplo do art. 206, § 3º, III (fixa prazo
de prescrição de 3 anos para pretensão de cobrar frutos civis pagáveis em períodos inferiores
a um ano), dos arts. 1.214 ao 1.216 (disciplinam a indenização pelos frutos no caso de posse)
e do art. 1.232 (presume titularidade dos frutos e dos produtos pelo proprietário do imóvel,
salvo norma diversa).
Vamos falar agora dos produtos.
Produtos são bens extraídos da coisa principal de modo esgotável. Os produtos implicam
uma fragmentação da coisa principal e, portanto, são finitos. São utilidades extraídas da coi-
sa principal, alterando-lhe a substância. Ilustrativamente, as pedras, o petróleo, os minérios
são produtos em relação ao imóvel do qual são extraídos, pois, em algum dia, esgotar-se-ão.
Há relevância prática nessa classificação. Por exemplo, no regime da comunhão parcial
de bens, os frutos dos bens particulares do cônjuge se comunicam (ex.: o aluguel auferido
com a locação de um imóvel adquirido por um dos cônjuges antes do casamento), conforme
art. 1.660, V, CC. Há presunção absoluta de que os frutos – que são rendimentos periódicos
da coisa – decorrem de esforço comum dos cônjuges. O mesmo não sucede em relação aos
produtos extraídos do bem particular, que continuam sendo bens particulares em razão do
fato de que o produto nada mais é do que a desintegração parcial da coisa: são fragmentos do
bem particular. Se se pudesse comunicar os produtos, estar-se-ia comunicando o próprio bem
particular, o que não é admissível. O STJ já se manifestou nesse sentido (STJ, REsp 1171820/
PR, 3ª T., Rel. p/ Acórdão Min. Nancy Andrighi, DJe 27/04/2011).
Vamos agora falar de benfeitorias.
Benfeitoria é a despesa ou o trabalho (o esforço) feito para a conservação ou o aperfeiço-
amento de um bem principal ou para mero deleite. A benfeitoria envolve alteração na estrutura
do bem principal. Há uma adesão material ao bem principal. Benfeitorias são despesas ou
condutas voltadas a um bem. Etimologicamente, benfeitoria envolve o verbo “fazer” (-feitoria).
Benfeitoria decorre da aglutinação de um bem, de uma despesa ou de um serviço ao bem
principal mediante uma alteração feita na estrutura física da coisa. Há adesão material da
benfeitoria ao bem principal. Assim, a reparação de um telhado envolve uma despesa com a
contratação de um profissional especializado ou um esforço pessoal do próprio benfeitor na
conservação da coisa principal. Essa despesa ou esse serviço pessoal são considerados ben-
feitorias necessárias.

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Parte Geral – IV
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A benfeitoria necessariamente decorre de conduta humana; não existe benfeitoria natural,


conforme art. 97 do CC. Se houver algum melhoramento ou acréscimo a um bem por força da
natureza, ter-se-á uma acessão natural, e não uma benfeitoria.
Consideramos que a benfeitoria pode recair sobre bens incorpóreos também. As despesas
que redundem em conservação ou aprimoramento de bens imateriais integrantes do fundo de
comércio ou, em outras nomenclaturas do Direito Empresarial, do estabelecimento, também
devem ser consideradas benfeitorias, a exemplo dos gastos com mudança da marca e com o
aumento da cartela de clientes etc.
O nosso CC não define benfeitoria, embora distinga as suas espécies quanto à essencia-
lidade, as quais serão abordadas mais abaixo. O Código Civil português, porém, dá lapidar
definição no seu art. 216º, n. 1: “Consideram-se benfeitorias todas as despesas feitas para
conservar ou melhorar a coisa”. Essa definição geral é aplicável ao Brasil por acentuar que a
benfeitoria é uma despesa para conservação, aprimoramento ou deleite, e não propriamente
uma mera junção de coisas corpóreas. Não podem ser abrangidas despesas com o mero uso
da coisa sem que tenha um benefício ao bem. Só despesas que se incorporem ao bem para
efeito de conservação, aprimoramento ou deleite devem ser tidas por benfeitorias. Assim, são
benfeitorias destinadas à conservação (= benfeitorias necessárias) “os custos com a conser-
vação jurídica e física do bem, como pagamento de tributos, gastos com processos demarca-
tórios e divisórios, adubação de terreno e ração para animais” (Rosenvald e Chaves, 2016, p.
522). Por outro lado, despesas com transporte e deslocamento para chegar à coisa não são
benfeitorias por não se incorporarem à coisa, à semelhança do que decidem os tribunais por-
tugueses, conforme lembrança de António Menezes Cordeiro (2016, p. 235)5.
Conforme art. 96 do CC, as benfeitorias são classificadas quanto à essencialidade em: (1)
necessárias: quando se prestam à conservação do bem, a exemplo dos reparos feitos no telha-
do, na tubulação de água, na janela, na porta etc.; (2) úteis: quando facilitam ou aumentam o
uso, como no caso de instalação de um chuveiro; (3) voluptuária, quando se destinam a mero
deleite, como a instalação de uma piscina6. Os reparos de bens são benfeitorias necessárias.
5
A jurisprudência lusitana parece ser mais restritiva do que a doutrina brasileira na definição do que sejam despesas que
se incorporam ao bem – ainda que indiretamente – e que, portanto, podem ser tidas por benfeitorias. Na Terra de Eça de
Queiroz, não se incluem, entre as benfeitorias, “as despesas feitas com sementeiras, limpeza de matos e árvores, adubação
destas e retirada de ramada”. Embora concordemos que a despesa com a sementeiras não são benfeitorias pois se planta
para colher, e não conservar o bem, o fato é que os demais exemplos listados contribuem indiretamente para a conservação
do bem: a limpeza dos matos e das árvores e a retirada de ramadas contribuem para a manutenção da cobertura florestal
do imóvel, ao passo que a adubação da terra impede a deterioração da qualidade do solo.
6
O CC brasileiro parece mais adequado que o CC português ao definir as espécies de benfeitorias quanto à essencialidade,
porque este último vincula o conceito de benfeitoria útil ao aumento do valor do bem e estabelece que, na benfeitoria
voluptuária, não haverá aumento de valor, mas apenas despesa para recreio do benfeitor. Eis o disposto no art. 216º, item
3, do CC lusitano: “São benfeitorias necessárias as que têm por fim evitar a perda, destruição ou deterioração da coisa; úteis
as que, não sendo indispensáveis para a sua conservação, lhe aumentam, todavia, o valor; voluptuárias as que, não sendo
indispensáveis para a sua conservação nem lhe aumentando o valor, servem apenas para recreio do benfeitorizante”. Temos,
no entanto, que o critério do aumento do valor não é o mais adequado, pois, nas benfeitorias voluptuárias, usualmente há

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Parte Geral – IV
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Agora chegou a hora de falar de parte integrante.


Parte integrante é o bem que se torna inútil sem o principal. É o bem cuja função social
e econômica é completar a funcionalidade de o bem principal. Pode ser separado, porém, do
bem principal sem destruição deste. Ex.: o pneu em relação ao veículo; o controle remoto em
relação à televisão; a lâmpada em relação ao bocal; as telhas e as portas em relação à casa.
A parte integrante integra a coisa principal; entram na unidade desta. Por isso, há doutri-
nadores a defender que ela não pode ser negociada em apartado da coisa principal. Discorda-
mos, porém, por entender que a negociação isolada da parte integrante é viável, como no caso
de alienação isolada do pneu, do controle remoto, da lâmpada, das telhas e das portas. Daniel
Eduardo Carnacchioni (2013, p. 452) se posiciona nessa linha divergente também.
Para Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves (2016, p. 520), a parte integrante também não
se submete ao princípio da gravitação jurídica, por não ser um bem acessório, e sim um bem
meramente secundário, à semelhança da pertença. Dissentimos, porém, desse entendimento,
pois a regra geral deve ser a de que a parte integrante seguirá a coisa principal diante da inuti-
lidade daquela sozinha. Maria Helena Diniz (2012, p. 382) leciona em igual diapasão. Além de
o art. 94 do CC não excepcionar a parte integrante do princípio da gravitação, a razoabilidade
chancela esse raciocínio. Assim, ao alienar um veículo, uma televisão, um imóvel, presume-se
que respectivamente seguirão juntos os pneus, o controle remoto, as telhas e as portas. Não
há justo motivo para acrescer uma exceção ao princípio da gravitação jurídica quando o art. 94
do CC foi expresso em só afastar as pertenças.
Após falar de tudo isso, vamos tratar das pertenças.
As pertenças são bens que, embora possuam uma autonomia funcional e não sejam agre-
gados à estrutura do bem principal (não há aderência material), destinam-se, de modo du-
radouro, a este. Pertença etimologicamente significa “pertencer a”: no direito, pertença é o
bem que passa a “pertencer” a uma coisa principal por vontade do titular. Embora haja quem
o enquadre como bens acessórios, a exemplo de Francisco Amaral (2014, p. 397) e Silvio de
Salvo Venosa (2011, p. 316), ou como um bem acessório sui generis, como Maria Helena Diniz
(2012, p. 389)7, o regime jurídico peculiar desses bens recomenda-lhes considerar uma terceira
aumento – por vezes, expressivo – do valor do bem, como no caso da valorização de um imóvel em razão da construção
de uma piscina. A única coincidência existente entre o CC português e o CC brasileiro se dá na benfeitoria necessária, que
é tida como aquela destinada à conservação do bem.
7
António Menezes Cordeiro (2016, pp. 226-227) considera as pertencás “coisas acessórias em sentido estrito”. O referido
autor lembra ainda que a consagração da pertença nas codificações começoiu com o BGB alemão (o Código Civil alemão)
e, posteriormente, espraiou-se para outras condificações, a exemplo do art. 817º do Código Civil italiano de 1942, que
assim dispunha: “São pertenças as coisas destinadas de modo duradouro ao serviceo ou ao ornament de uma outra coisa. A
destinação pode ser efetuada pelo proprietário ou por quem tenha um direito real sobre a mesma”. O CC português de 1966
incorporou o conceito de pertença, batizando-as, também, de “coisas acessórias” e fixando regra similar à brasileira no sen-
tido de excluir a pertença do princípio da gravitação juridical, salvo previsão expressa. A propósito, assim reza o art. 210º
do CC português: “1. São coisas acessórias, ou pertenças, as coisas móveis que, não constituindo partes integrantes, estão
afetada por forma duradoura ao service ou ornamentação de uma outra. 2. Os negócios jurídicos que têm por objeto a coisa
principal não abrangem, salvo declaração em contrario, as coisas acessórias”.

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categoria, a de pertenças, que guarda um vínculo de secundariedade – e não de acessorieda-


de – em relação ao bem principal. Diz-se vínculo de secundariedade, em razão de a pertença
guardar certa independência jurídica do principal: ela não segue a sorte do principal em regra,
salvo lei, circunstâncias ou vontade. Simpatizam-se com essa ideia Nelson Rosenvald e Cris-
tiano Chaves (2016, p. 519). O próprio art. 1.712 do CC se reporta a pertenças e acessórios
como duas categorias distintas. Há, ainda, quem considere as pertenças como bens principais
afetados, como Daniel Eduardo Carnacchioni (2013, p. 461), mas não nos parece adequado
designar de principal as pertenças diante de sua situação coadjuvante.
As pertenças servem ao bem principal em razão de vontade do seu titular; por isso, antes
do CC/2002, diante da ausência de previsão legal no CC/1916, a doutrina enquadrava as atuais
pertenças como bens por acessão intelectual, pois eram acrescidos (acedidos – daí acessão!)
ao bem principal em razão da vontade do seu titular (intelectual – daí acessão intelectual). O
conceito de bens por acessão intelectual foi absorvido pelo de pertenças com o CC/2002.
No conceito de pertença, não há necessidade de comprovação da intenção do proprietário
de destinar a pertença à coisa principal, conforme enunciado n. 5/JDC (“Para a existência da
pertença, o art. 93 do CC não exige elemento subjetivo como requisito para o ato de destinação”).
O mero uso efetivo da pertença na coisa principal de modo duradouro já é suficiente, como se
houvesse uma presunção jurídica de vontade do titular nessa destinação.
As pertenças não se confundem com a parte integrante, pois são úteis funcionalmente
longe do bem principal, nem com as benfeitorias, pois não se aglutinam à estrutura do bem
principal (não há aderência material).
Como exemplo, Franciso Amaral (2016, p. 397) cita as pertenças agrícolas (máquinas, tra-
tores, animais etc., que são úteis à produção agrícola em um imóvel rural), as urbanas (eleva-
dores, para-raios, tapetes, que se incorporam a edifícios residenciais), as industriais (máqui-
nas usadas no funcionamento de um estabelecimento comercial), as navais e aeronáuticas
(como os botes de salvamento, os instrumentos náuticos). O referido jurista, no entanto, nega
a qualidade de pertenças aos móveis que guarnecem uma casa, aos livros da biblioteca, aos
instrumentos de trabalho, aos automóveis de passeio de um agricultor (e não o trator), pois
eles serviriam primordialmente às pessoas, e não à coisa. Pertenças deveriam servir primor-
dialmente à coisa. Dissentimos, porém, pois esses bens permanecem de modo duradouro no
bem principal e, se têm serventia às pessoas, isso decorre do fato de o próprio bem principal
também ter essa utilidade. O caráter duradouro da destinação do bem ao serviço principal é
o apanágio das pertenças, conforme art. 93 do CC. No caso especificamente de veículos es-
tacionados em uma garagem (como o de passeio do agricultor), concordamos que não são
pertenças, mas por outro motivo: eles não se destinam de modo duradouro ao serviço do bem
principal, ao contrário do que sucede com o mobiliário de uma casa, os livros de uma biblioteca
e os instrumentos de trabalho em um escritório. Favoravelmente a essa divergência acenam
Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves (2016, p. 519).

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Bens imóveis também podem ser pertenças, a exemplo de um lote destinado de modo dura-
douro a servir de estacionamento para um imóvel principal (ex.: lote para estacionamento dos
clientes de um banco, cujo prédio está localizado em lote vizinho) ou a exemplo de um imóvel
destinado à acomodação de doentes com moléstias contagiosas em local separado do imóvel
sede do hospital. A relação de pertença pode ser aperfeiçoada até mesmo pela formalização
de um direito real de servidão, tornando esse imóvel de estacionamento o prédio serviente.
Pode também ser meramente averbado na matrícula do imóvel a condição de pertença, sem
um direito real correlato. A doutrina majoritária é nesse sentido (Carnacchioni, 2013, p. 456).
E realmente não há motivos para se insurgir contra isso, pois o art. 93 do CC não restringe as
pertenças aos bens móveis, ao contrário, por exemplo, do que fez o art. 210º, item 1, do Código
Civil português de 1966, que textualmente limitou a pertença a bens móveis8. O CC brasileiro,
embora tenha inegável influência do Código lusitano, não quis reproduzir essa limitação. Há di-
vergência, todavia. Para Maria Helena Diniz (2012, p. 391), a pertença é sobre bens móveis, de
maneira que as hipóteses retrocitadas de “imóvel-pertença” seriam classificadas como bens
imóveis por acessão física artificial, categoria não contemplada textualmente no CC e utilizada
pela eminente doutrinadora diante da sua interpretação restritiva do art. 93 do CC.

8
Os Códigos Civis suíços e alemão também textualmetne limitaram as pertenças aos bens móveis.

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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) Sendo o domicílio o local em que a pes-
soa permanece com ânimo definitivo ou o decorrente de imposição normativa, como ocorre
com os militares, o domicílio contratual é incompatível com a ordem jurídica brasileira.

002. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) Domicílio corresponde ao lugar onde a pes-


soa estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

003. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O foro de eleição é uma


espécie de domicílio necessário ou legal.

004. (CESPE/AUDITOR/TCU/2015) A definição do domicílio do servidor público depende de


seu ânimo definitivo para estabelecer residência em determinado lugar.

005. (CESPE/TCE-RO/2013) Assim como as pessoas naturais, a pessoa jurídica pode ter mais
de um domicílio, se tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes. Nesse caso, cada
estabelecimento será considerado domicílio para os atos nele praticados.

006. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O domicílio da pessoa jurí-


dica que possui vários estabelecimentos empresariais é sua sede administrativa.

007. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF 4/2019/ADAPTADA) Mesmo tendo a pessoa jurídi-


ca diversos estabelecimentos em lugares diferentes, apenas o lugar da sua sede é considerado
seu domicílio.

008. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF 4ª/2019/ADAPTADA) A União tem domicílio múlti-


plo, no Distrito Federal e na Capital de todos os Estados da Federação onde houver procurado-
ria em funcionamento.

009. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF-4ª/2019/ADAPTADA) Se a pessoa natural exercitar


profissão em lugares diversos, terá domicílio apenas no lugar onde se concentrar sua principal
atividade.

010. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) É inadmissível, pelo orde-


namento jurídico, a pluralidade de domicílios.

011. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O servidor público tem do-


micílio no local onde exerce permanentemente suas funções, ainda que exerça função de con-
fiança de forma transitória em local diverso.

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012. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O domicílio necessário do


preso é o local onde foi capturado, ainda que cumpra a sentença condenatória em local diverso.

013. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF-4ª/2019/ADAPTADA) A pessoa natural que não te-


nha residência habitual considera-se domiciliada no lugar onde for encontrada.

014. (CESPE/AUXILIAR JUDICIÁRIO/TJ-PA/2020) Paulo é médico e vive com sua esposa e


seu filho, menor de idade, em Juiz de Fora – MG. Duas vezes por semana, ele atende em um
hospital localizado na capital do Rio de Janeiro e fica instalado em um pequeno apartamento
que mantém alugado para os dias em que trabalha naquela localidade. Todos os anos, a famí-
lia passa férias em uma casa de propriedade de Paulo localizada em Petrópolis – RJ. Certo dia,
o casal sofreu um acidente de carro e ambos ficaram em coma em decorrência do acidente.
Em razão disso, os avós maternos do filho do casal, que moram em Angra dos Reis – RJ, foram
nomeados como tutores do menor.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, a respeito de domicílio.
a) Antes da ocorrência do acidente, apenas a cidade de Juiz de Fora – MG poderia ser consi-
derada domicílio de Paulo.
b) Após a nomeação dos avós como tutores do filho de Paulo, o domicílio do menor passou a
ser Angra dos Reis – RJ.
c) Antes da ocorrência do acidente, as cidades de Juiz de Fora – MG e Petrópolis – RJ pode-
riam ser consideradas domicílio da esposa de Paulo.
d) Antes da ocorrência do acidente, a propriedade localizada em Petrópolis – RJ poderia ser
considerada domicílio do casal.
e) A cidade do Rio de Janeiro não poderia ser considerada domicílio de Paulo antes do acidente.

015. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) Têm domicílio necessário o incapaz, o servi-


dor público, o militar, o marítimo e o preso.

016. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF 4/2019/ADAPTADA) O servidor público tem domicí-


lio necessário.

017. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TJ-AM/2019) O


espólio e a massa falida são exemplos de bens coletivos classificados como universalida-
de de fato.

018. (CESPE/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL/SEFAZ-AL/2020) O direito à suces-


são aberta é considerado, para os efeitos legais, bem imóvel, ainda que os bens deixados pela
pessoa falecida sejam todos móveis.

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019. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT 8/2016/


ADAPTADA) O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, ainda que todos os bens
deixados pelo falecido sejam móveis.

020. (CESPE/OFICIAL DE JUSTIÇA/AVALIADOR/TJ-PA/2020/ADAPTADA) O Código Civil


classifica os bens públicos como de uso comum, de uso especial e dominicais. Entre esses,
apenas os dominicais estão sujeitos a usucapião, por seguirem o regime de direito privado.

021. (CESPE/OFICIAL DE JUSTIÇA/AVALIADOR/TJ-PA/2020/ADAPTADA) Exceto se hou-


ver manifestação das partes em sentido contrário, o negócio jurídico realizado quanto ao bem
principal inclui as pertenças, essenciais ou não essenciais, e os acessórios.

022. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens


acessórios segue a sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário
pela vontade da lei ou das partes.

023. (CESPE/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/SEFAZ-RS/2019) De acordo com o


Código Civil, terreno destinado ao estabelecimento de uma autarquia em determinado estado
federado é um bem público.
a) de uso especial, que é inalienável enquanto conservar sua qualificação.
b) singular, que é alienável desde que observada a forma como a lei determinar que ocor-
ra esse ato.
c) dominical, que é alienável desde que observada a forma como a lei determinar que ocor-
ra esse ato.
d) de uso comum, que é inalienável enquanto conservar sua qualificação.
e) de uso restrito, que é inalienável enquanto conservar sua qualificação.

024. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL/MPE-PI/2018) O uso comum dos bens públicos deve


ser sempre gratuito; por isso, a cobrança de valores por sua utilização caracteriza violação ao
interesse social.

025. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRF-1ª/2017) Os bens públicos dominicais são


inalienáveis.

026. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT 8/2016/


ADAPTADA) Bens infungíveis são aqueles cujo uso importa sua destruição.

027. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-15ª/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, são


consumíveis os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualida-
de e quantidade.

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028. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT 8/2016/


ADAPTADA) Os frutos são as utilidades que não se reproduzem periodicamente; por isso, se
os frutos são retirados da coisa, a sua quantidade diminui.

029. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Os rendimentos são considerados produto da coisa, já que


sua extração e sua utilização não diminuem a substância do bem principal.

030. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT-8ª/2016/


ADAPTADA) As benfeitorias úteis são aquelas indispensáveis à conservação do bem ou para
evitar sua deterioração, acarretando ao mero possuidor que as realize o direito à indenização
e retenção do bem principal.

031. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT-8ª/2016/


ADAPTADA) Um bem divisível por natureza não pode ser considerado indivisível pela simples
vontade das partes, devendo tal indivisibilidade ser determinada por lei.

032. (FGV/OFICIAL DE JUSTIÇA/TJ-RS/2020) O direito civil identifica e classifica os diferen-


tes tipos de bens, com o objetivo de facilitar a aplicação do direito ao caso concreto. De acordo
com o Código Civil brasileiro, é correto afirmar que os bens:
a) fungíveis e móveis podem ser substituídos por outros de mesma espécie e quantidade;
b) singulares incluem os que se consideram de per si independentemente dos demais, embo-
ra reunidos;
c) imóveis incluem tudo que for incorporado ao solo, desde que seja de forma natural, inclusive
o próprio solo;
d) móveis são suscetíveis de movimento próprio sem alteração da substância ou destinação
econômica e social, exceto os bens de remoção por força alheia;
e) divisíveis podem ser fracionados sem alterar sua substância, mesmo com diminuição con-
siderável de valor, desde que sem prejuízo do uso a que se destina.

033. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 15/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, os ma-


teriais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qua-
lidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

034. (FCC/ANALISTA JURÍDICO/SEAD-AP/2018) De acordo com o Código Civil, são


bens públicos:
a) os dominicais, tais como os edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento
da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias.
b) os de uso comum do povo, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou esta-
belecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
autarquias.

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c) os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento


da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias.
d) os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito privado, como
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
e) os de uso comum do povo, apenas.

035. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-15ª/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, consi-


deram-se como benfeitorias mesmo os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

036. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 15/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, os natu-


ralmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis somente por vontade das partes.

037. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-15ª/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, os ne-


gócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal como regra abrangem as pertenças, salvo
as exceções legais.

038. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2015/ADAPTADA) A fungibilidade dos bens está direta-


mente relacionada à consuntibilidade, pois não há bem consumível que seja infungível.

039. (CESPE/JUIZ/TRF-5ª/2015/ADAPTADA) Os bens acessórios são aqueles que, não sen-


do partes integrantes do bem principal, se destinam de modo duradouro ao uso de outro.

040. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Os rendimentos são considerados produto da coisa, já que


sua extração e sua utilização não diminuem a substância do bem principal.

041. (CESPE/AUDITOR/TCE-SC/2016) O valor decorrente do aluguel de determinado imóvel


é considerado bem acessório.

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Parte Geral – IV
Carlos Elias

GABARITO
1. E 15. C 29. E
2. C 16. C 30. E
3. E 17. E 31. E
4. E 18. C 32. b
5. C 19. C 33. C
6. E 20. E 34. c
7. E 21. E 35. E
8. E 22. C 36. E
9. E 23. a 37. E
10. E 24. E 38. E
11. C 25. E 39. E
12. E 26. E 40. E
13. C 27. E 41. C
14. b 28. E

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Parte Geral – IV
Carlos Elias

GABARITO COMENTADO
001. (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) Sendo o domicílio o local em que a pes-
soa permanece com ânimo definitivo ou o decorrente de imposição normativa, como ocorre
com os militares, o domicílio contratual é incompatível com a ordem jurídica brasileira.

Ao contrário do exposto na questão, é admitido também o domicílio contratual, assim enten-


dido aquele definido no contrato (art. 78 do CC). Trata-se de um domicílio voluntário especial.
O domicílio pode ser classificado em:
• Domicílio voluntário ou privatístico: é o que decorre da vontade do titular. Pode ser sub-
dividido em:
− Domicílio voluntário geral: é que o se aplica aos fatos jurídicos em geral. É definido
no art. 70 do CC como sendo o lugar (residência) em que a pessoa permanece com
ânimo definitivo (intenção de ser encontrada lá para efeitos jurídicos);
− Domicílio voluntário especial: é apenas para determinados fatos jurídicos específi-
cos, a exemplo do domicílio contratual previsto no art. 78 do CC;
• Domicílio legal, necessário ou publicístico: é que decorre de lei, a exemplo dos casos
previstos no art. 76 do CC.
Veja os arts. 70, 76 e 78 do CC:

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Errado.

002. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) Domicílio corresponde ao lugar onde a pes-


soa estabelece a sua residência com ânimo definitivo.

É o art. 70 do CC:

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Certo.

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003. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O foro de eleição é uma


espécie de domicílio necessário ou legal.

É uma espécie de domicílio voluntário especial, pois decorre de vontade das partes (“voluntá-
rio”) e se destina a um fim jurídico específico (o contrato em que foi pactuado o foro de elei-
ção). Veja art. 78 do CC:

Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e
cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
Errado.

004. (CESPE/AUDITOR/TCU/2015) A definição do domicílio do servidor público depende de


seu ânimo definitivo para estabelecer residência em determinado lugar.

O domicílio do servidor público decorre de lei, e não de sua vontade. É o lugar onde ele exerce
permanentemente suas atividades. É o art. 76 do CC:

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Errado.

005. (CESPE/TCE-RO/2013) Assim como as pessoas naturais, a pessoa jurídica pode ter mais
de um domicílio, se tiver diversos estabelecimentos em lugares diferentes. Nesse caso, cada
estabelecimento será considerado domicílio para os atos nele praticados.

É o § 1º do art. 75 do CC:

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I – da União, o Distrito Federal;
II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III – do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administra-
ções, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabele-
cimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Certo.

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006. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O domicílio da pessoa jurí-


dica que possui vários estabelecimentos empresariais é sua sede administrativa.

Cada estabelecimento é domicílio para atos lá praticados, conforme § 1º do art. 75 do CC:

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I – da União, o Distrito Federal;
II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III – do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administra-
ções, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabele-
cimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Errado.

007. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF 4/2019/ADAPTADA) Mesmo tendo a pessoa jurídi-


ca diversos estabelecimentos em lugares diferentes, apenas o lugar da sua sede é considerado
seu domicílio.

Contraria § 1º do art. 75 do CC:

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I – da União, o Distrito Federal;
II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III – do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administra-
ções, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabele-
cimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Errado.

008. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF 4ª/2019/ADAPTADA) A União tem domicílio múlti-


plo, no Distrito Federal e na Capital de todos os Estados da Federação onde houver procurado-
ria em funcionamento.

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Contraria inciso I do art. 75 do CC:

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


I – da União, o Distrito Federal;
II – dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III – do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administra-
ções, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será
considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabele-
cimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Errado.

009. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF-4ª/2019/ADAPTADA) Se a pessoa natural exercitar


profissão em lugares diversos, terá domicílio apenas no lugar onde se concentrar sua principal
atividade.

Cada local de trabalho é domicílio para questões jurídicas relativas a esse local, conforme pa-
rágrafo único do art. 72 do CC:

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Errado.

010. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) É inadmissível, pelo orde-


namento jurídico, a pluralidade de domicílios.

Contraria o art. 71 do CC:

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, conside-
rar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Errado.

011. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O servidor público tem do-


micílio no local onde exerce permanentemente suas funções, ainda que exerça função de con-
fiança de forma transitória em local diverso.
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É o art. 76, parágrafo único, do CC:

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

Além disso, Maria Helena Diniz (2012, p. 249) ensina:

Se o servidor público já exercia função efetiva e, em razão de um comissionamento, é transferido


temporariamente, mudança de domicílio não haverá, pois continuará tendo por domicílio aquele
onde exerce suas funções em caráter efetivo. Há autores que afirmam o desaparecimento da obri-
gatoriedade de ter o servidor público licenciado por domicílio o lugar de suas funções, uma vez que
a lei se refere a efetivo exercício do cargo. Mas julgado já houve, inclusive do Supremo Tribunal Fe-
deral, entendendo que a concessão de licença ao servidor não atingirá seu domicílio legal. Todavia,
se certo servidor público resolve pedir afastamento prolongado para tratar de interesses pessoais,
mudando de residência para outro local, com intenção de transferir-se definitivamente para tal lugar,
não haverá como prendê-lo ao domicílio funcional, ante a configuração do domicílio voluntário (CC,
art. 76, parágrafo único).

Certo.

012. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRE-BA/2017/ADAPTADA) O domicílio necessário do


preso é o local onde foi capturado, ainda que cumpra a sentença condenatória em local diverso.

É o local onde cumpre sentença, conforme parágrafo único do art. 76 do CC:

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

Errado.

013. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF-4ª/2019/ADAPTADA) A pessoa natural que não te-


nha residência habitual considera-se domiciliada no lugar onde for encontrada.

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É o art. 73 do CC:

Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for
encontrada.
Certo.

014. (CESPE/AUXILIAR JUDICIÁRIO/TJ-PA/2020) Paulo é médico e vive com sua esposa e


seu filho, menor de idade, em Juiz de Fora – MG. Duas vezes por semana, ele atende em um
hospital localizado na capital do Rio de Janeiro e fica instalado em um pequeno apartamento
que mantém alugado para os dias em que trabalha naquela localidade. Todos os anos, a famí-
lia passa férias em uma casa de propriedade de Paulo localizada em Petrópolis – RJ. Certo dia,
o casal sofreu um acidente de carro e ambos ficaram em coma em decorrência do acidente.
Em razão disso, os avós maternos do filho do casal, que moram em Angra dos Reis – RJ, foram
nomeados como tutores do menor.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta, a respeito de domicílio.
a) Antes da ocorrência do acidente, apenas a cidade de Juiz de Fora – MG poderia ser consi-
derada domicílio de Paulo.
b) Após a nomeação dos avós como tutores do filho de Paulo, o domicílio do menor passou a
ser Angra dos Reis – RJ.
c) Antes da ocorrência do acidente, as cidades de Juiz de Fora – MG e Petrópolis – RJ pode-
riam ser consideradas domicílio da esposa de Paulo.
d) Antes da ocorrência do acidente, a propriedade localizada em Petrópolis – RJ poderia ser
considerada domicílio do casal.
e) A cidade do Rio de Janeiro não poderia ser considerada domicílio de Paulo antes do acidente.

Juiz de fora e apartamento alugado no Rio de Janeiro são domicílio voluntário, pois há ânimo
definitivo (arts. 70 e 71, CC). Petrópolis não são domicílio por faltar ânimo definitivo (art. 70,
CC). Hospital é domicílio profissional do médico (art. 72, CC). Com a nomeação dos tutores, o
domicílio legal dos menores passou a ser o domicílio dos tutores por força do parágrafo único
do art. 76 do CC. O gabarito, pois, é letra “B”. Veja os referidos dispositivos:

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo
definitivo.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, conside-
rar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar
onde esta é exercida.

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Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá
domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Letra b.

015. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/STJ/2018) Têm domicílio necessário o incapaz, o servi-


dor público, o militar, o marítimo e o preso.

É o art. 76 do CC:

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Certo.

016. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRF 4/2019/ADAPTADA) O servidor público tem domicí-


lio necessário.

É o art. 76, caput, do CC:

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor pú-
blico, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado;
o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
Certo.

017. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TJ-AM/2019) O


espólio e a massa falida são exemplos de bens coletivos classificados como universalida-
de de fato.

Trata-se de uma universalidade de direito (art. 91, CC), e não de universalidade de fato (art. 90,
CC). Veja os referidos dispositivos:

Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma
pessoa, tenham destinação unitária.

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Parte Geral – IV
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Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas
próprias.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dota-
das de valor econômico.
Errado.

018. (CESPE/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA FEDERAL/SEFAZ-AL/2020) O direito à suces-


são aberta é considerado, para os efeitos legais, bem imóvel, ainda que os bens deixados pela
pessoa falecida sejam todos móveis.

É o art. 80, II, do CC:

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II – o direito à sucessão aberta.
Certo.

019. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT 8/2016/


ADAPTADA) O direito à sucessão aberta é considerado bem imóvel, ainda que todos os bens
deixados pelo falecido sejam móveis.

É o art. 80, II, do CC:

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II – o direito à sucessão aberta.
Certo.

020. (CESPE/OFICIAL DE JUSTIÇA/AVALIADOR/TJ-PA/2020/ADAPTADA) O Código Civil


classifica os bens públicos como de uso comum, de uso especial e dominicais. Entre esses,
apenas os dominicais estão sujeitos a usucapião, por seguirem o regime de direito privado.

Nenhum bem público pode ser objeto de qualquer tipo de usucapião. Veja o art. 102 do CC:

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.


Errado.

021. (CESPE/OFICIAL DE JUSTIÇA/AVALIADOR/TJ-PA/2020/ADAPTADA) Exceto se hou-


ver manifestação das partes em sentido contrário, o negócio jurídico realizado quanto ao bem
principal inclui as pertenças, essenciais ou não essenciais, e os acessórios.

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Questão contraria o art. 94 do CC:

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, sal-
vo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Errado.

022. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens


acessórios segue a sorte do bem principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário
pela vontade da lei ou das partes.

A questão define adequadamente o princípio da gravitação jurídica, segundo a qual os bens


acessórios seguem o principal, salvo disposição legal ou voluntária em contrário. Trata-se da
milenar regra romana conhecida como accessorium principale sequitur (o acessório segue o
principal). Embora o texto do art. 59 do CC/16 (“Salvo disposição especial em contrário, a coisa
acessória segue a principal”) não tenha sido reiterado no CC/2002, essa regra subsiste com as
adaptações deste Código, que ineditamente previu a figura das pertenças.
Faça-se o alerta: as pertenças, ainda que possam ser consideradas bens acessórios, não se
sujeitam ao princípio da gravitação jurídica, salvo lei, vontade ou circunstância. Isso significa
que a pertença não acompanha o bem principal em um negócio jurídico que envolva este, salvo
circunstâncias do caso ou disposição legal ou voluntária em contrário (art. 94 do CC).
Um interessante exemplo do STJ, que entendeu que os aparelhos de adaptação que são ins-
talados em veículos para viabilizar a sua condução por pessoa com deficiência física ou com
mobilidade reduzida são pertenças e, por isso, se esse veículo vier a ser alienado, o vendedor
não está obrigado a entregar também essas pertenças, salvo pacto contrário. Veja a ementa
deste julgado:

RECURSO ESPECIAL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. AÇÃO DE BUSCA E APRE-


ENSÃO. APARELHOS DE ADAPTAÇÃO PARA CONDUÇÃO VEICULAR POR DEFICIENTE
FÍSICO OU COM MOBILIDADE REDUZIDA. PERTENÇAS QUE NÃO SEGUEM O DESTINO
DO PRINCIPAL (CARRO). DIREITO DE RETIRADA DAS ADAPTAÇÕES. SOLIDARIEDADE
SOCIAL. CF/1988 E LEI N. 13.146/2015.
1. Segundo lição de conceituada doutrina e a partir da classificação feita pelo Código
Civil de 2002, bem principal é o que existe por si, exercendo sua função e finalidade,
independentemente de outro; e acessório é o que supõe um principal para existir juri-
dicamente.
3. Os instrumentos de adaptação para condução veicular por deficiente físico, em relação
ao carro principal, onde estão acoplados, enquanto bens, classificam-se como pertenças, e

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por não serem parte integrante do bem principal, não devem ser alcançados pelo negócio
jurídico que o envolver, a não ser que haja imposição legal, ou manifestação das partes
nesse sentido.
4. É direito do devedor fiduciante retirar os aparelhos de adaptação para direção por defi-
ciente físico, se anexados ao bem principal, por adaptação, em momento posterior à cele-
bração do pacto fiduciário.
5. O direito de retirada dos equipamentos se fundamenta, da mesma forma, na solidarie-
dade social verificada na Constituição Brasileira de 1988 e na Lei n. 13.146 de 2015, que
previu o direito ao transporte e à mobilidade da pessoa com deficiência ou com mobili-
dade reduzida, assim como no preceito legal que veda o enriquecimento sem causa.
6. Recurso especial provido.
(STJ, REsp 1305183/SP, 4ª T., Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 21/11/2016)

Certo.

023. (CESPE/AUDITOR-FISCAL DA RECEITA ESTADUAL/SEFAZ-RS/2019) De acordo com o


Código Civil, terreno destinado ao estabelecimento de uma autarquia em determinado estado
federado é um bem público.
a) de uso especial, que é inalienável enquanto conservar sua qualificação.
b) singular, que é alienável desde que observada a forma como a lei determinar que ocor-
ra esse ato.
c) dominical, que é alienável desde que observada a forma como a lei determinar que ocor-
ra esse ato.
d) de uso comum, que é inalienável enquanto conservar sua qualificação.
e) de uso restrito, que é inalienável enquanto conservar sua qualificação.

São os arts. 99, II, e 100 do CC:

Art. 99. São bens públicos:


I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como ob-
jeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes
às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto
conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Letra a.

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024. (CESPE/ANALISTA MINISTERIAL/MPE-PI/2018) O uso comum dos bens públicos deve


ser sempre gratuito; por isso, a cobrança de valores por sua utilização caracteriza violação ao
interesse social.

Pode ser oneroso também. Veja o art. 103 do CC:

Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido
legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Errado.

025. (CESPE/TÉCNICO JUDICIÁRIO/TRF-1ª/2017) Os bens públicos dominicais são


inalienáveis.

Contraria art. 101 do CC:

Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Errado.

026. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT 8/2016/


ADAPTADA) Bens infungíveis são aqueles cujo uso importa sua destruição.

Questão define bem consumível (art. 86, CC), e não infungível (art. 85, CC):

Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade
e quantidade.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substân-
cia, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Errado.

027. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-15ª/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, são


consumíveis os bens móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualida-
de e quantidade.

Questão define bens fungíveis (art. 85, CC), e não consumíveis (art. 86, CC).
Errado.

028. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT 8/2016/


ADAPTADA) Os frutos são as utilidades que não se reproduzem periodicamente; por isso, se
os frutos são retirados da coisa, a sua quantidade diminui.

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Questão trata dos produtos, e não dos frutos. Os produtos são bens acessórios extraídos da
coisa principal de modo esgotável. Os produtos são, grosso modo, a fragmentação de parte
da coisa principal. A sua retirada altera, pois, a substância da coisa principal. Ex.: o petróleo
extraído de uma fazenda é produto, pois, ao ser retirado, a fazenda perde esse conteúdo e não
produz outro no lugar.
É diferente dos frutos, que são bens extraídos do principal de modo inesgotável, pois o bem
principal pode produzir outros no lugar do que foi extraído. Ex.: os grãos de soja colhidos de
uma fazenda são frutos, pois, com uma nova plantação, a fazenda pode gerar mais grãos.
Errado.

029. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Os rendimentos são considerados produto da coisa, já que


sua extração e sua utilização não diminuem a substância do bem principal.

Rendimentos, que são também chamados de frutos civis, são frutos. De fato, quanto à origem,
os frutos podem ser:

a) naturais, quando decorre de força da natureza, ou seja, da força orgânica da coisa, ainda que pos-
sa haver colaboração técnica humana para maximizar a produção, a exemplo das frutas produzidas
por uma árvore, das crias de animais e dos ovos;
b) industriais, quando decorre de conduta humana, ou seja, do engenho humano, como o lucro de
uma empresa, os pães produzidos por uma padaria, a produção de uma fábrica etc.;
c) civis, quando decorrem da utilização da coisa por terceiros, como o aluguel, os juros, os dividen-
dos, as rendas, os foros (no caso de enfiteuse, o enfiteuta deve pagar anualmente um valor designa-
do de foro para o senhorio direto).
Errado.

030. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT-8ª/2016/


ADAPTADA) As benfeitorias úteis são aquelas indispensáveis à conservação do bem ou para
evitar sua deterioração, acarretando ao mero possuidor que as realize o direito à indenização
e retenção do bem principal.

Questão trata das benfeitorias necessárias, e não das úteis, conforme art. 96 do CC:

Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.


§ 1º São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda
que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2º São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3º São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Errado.

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031. (CESPE/ANALISTA JUDICIÁRIO/OFICIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR/TRT-8ª/2016/


ADAPTADA) Um bem divisível por natureza não pode ser considerado indivisível pela simples
vontade das partes, devendo tal indivisibilidade ser determinada por lei.

Contraria o art. 88 do CC:

Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por
vontade das partes.
Errado.

032. (FGV/OFICIAL DE JUSTIÇA/TJ-RS/2020) O direito civil identifica e classifica os diferen-


tes tipos de bens, com o objetivo de facilitar a aplicação do direito ao caso concreto. De acordo
com o Código Civil brasileiro, é correto afirmar que os bens:
a) fungíveis e móveis podem ser substituídos por outros de mesma espécie e quantidade;
b) singulares incluem os que se consideram de per si independentemente dos demais, embo-
ra reunidos;
c) imóveis incluem tudo que for incorporado ao solo, desde que seja de forma natural, inclusive
o próprio solo;
d) móveis são suscetíveis de movimento próprio sem alteração da substância ou destinação
econômica e social, exceto os bens de remoção por força alheia;
e) divisíveis podem ser fracionados sem alterar sua substância, mesmo com diminuição con-
siderável de valor, desde que sem prejuízo do uso a que se destina.

a) Errada. Item define bens fungíveis (art. 85, CC), e não bens móveis (arts. 82 a 84, CC).
b) Certa. É o art. 89 do CC.
c) Errada. Ao contrário do dito no item, admite-se bens imóveis por acessão artificial, e não
apenas por acessão natural (art. 79, CC).
d) Errada. Parte final contraria art. 82 do CC.
e) Errada. Não pode ter diminuição considerável do valor (art. 87, CC).
Veja os dispositivos citados:

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem
alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I – as energias que tenham valor econômico;
II – os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III – os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
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considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente
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dos demais.
Letra b.
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033. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 15/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, os ma-


teriais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qua-
lidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

É o art. 84 do CC:

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conser-
vam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum
prédio.
Certo.

034. (FCC/ANALISTA JURÍDICO/SEAD-AP/2018) De acordo com o Código Civil, são


bens públicos:
a) os dominicais, tais como os edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento
da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias.
b) os de uso comum do povo, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou esta-
belecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas
autarquias.
c) os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento
da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias.
d) os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito privado, como
objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
e) os de uso comum do povo, apenas.

É o art. 99 do CC:

Art. 99. São bens públicos:


I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da
administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como ob-
jeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes
às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Letra c.

035. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-15ª/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, consi-


deram-se como benfeitorias mesmo os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem
sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.

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Contraria art. 97 do CC.

Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem
a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Errado.

036. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT 15/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, os natu-


ralmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis somente por vontade das partes.

Lei também pode tornar indivisível um bem, conforme art. 88 do CC:

Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por
vontade das partes.
Errado.

037. (FCC/ANALISTA JUDICIÁRIO/TRT-15ª/2018/ADAPTADA) Em relação aos bens, os ne-


gócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal como regra abrangem as pertenças, salvo
as exceções legais.

Contraria art. 94 do CC:

Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, sal-
vo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Errado.

038. (CESPE/PROCURADOR/AGU/2015/ADAPTADA) A fungibilidade dos bens está direta-


mente relacionada à consuntibilidade, pois não há bem consumível que seja infungível.

As classificações quanto à fungibilidade e quanto à consuntibilidade não se confundem: ser


infungível não significa que o bem é não consumível, assim como ser fungível não implica que
o bem seja consumível.
Infungível é o bem que não pode ser substituído por outro de mesmo gênero, espécie e quan-
tidade. Consumível é o bem cujo uso importa na sua destruição imediata ou que é destinado à
alienação (art. 86, CC).
Uma cesta de frutas que é emprestada para decorar uma festa de casamento é infungível por
conta do contrato das partes (trata-se de um caso de comodato ad pompam vel ostentationem),
apesar de esse bem ser consumível: frutas, se consumidas, desaparecem imediatamente.

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Uma caneta BIC azul é um bem fungível, apesar de não ser consumível (o seu uso não implica
destruição imediata).
Errado.

039. (CESPE/JUIZ/TRF-5ª/2015/ADAPTADA) Os bens acessórios são aqueles que, não sen-


do partes integrantes do bem principal, se destinam de modo duradouro ao uso de outro.

A questão define as pertenças, e não os bens acessórios (art. 94, CC). Bens acessórios são
aqueles que supõe um principal (art. 92) e envolvem várias subespécies: frutos, produtos, ben-
feitorias e parte integrante. Há controvérsia se pertença é ou não um bem acessório: o STJ
tende a entender que é um bem acessório, apesar de reconhecer que as pertenças possui
particularidades, como a de não seguir a sorte do bem principal se não houver lei, pacto ou
circunstâncias nesse sentido à luz do art. 94 do CC. Veja os dispositivos retrocitados:

Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja
existência supõe a do principal.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo du-
radouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, sal-
vo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.

Veja ainda este precedente do STJ, que entendeu que, apesar de o equipamento de monitora-
mento acoplado ao caminhão seja um bem acessório ser um bem acessório na modalidade
“pertença”, ele não acompanha o bem principal pelo fato de, em regra, as pertenças não se
sujeitarem ao princípio da gravitação jurídica:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO DE CAMINHÃO, DADO EM GARAN-


TIA FIDUCIÁRIA EM CONTRATO DE EMPRÉSTIMO. PROCEDÊNCIA, DECORRENTE DO
INADIMPLEMENTO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO DO EQUIPAMENTO DE MONITORAMENTO
ACOPLADO AO CAMINHÃO. PERTENÇA. RESTITUIÇÃO AO DEVEDOR FIDUCIÁRIO. NECES-
SIDADE. RECURSO ESPECIAL PROVIDO.
1. Ainda que se aplique aos bens acessórios a máxima de direito, segundo a qual “o aces-
sório segue o principal”, o Código Civil conferiu tratamento distinto e específico às per-
tenças, as quais, embora tidas como bens acessórios, pois, destinadas, de modo dura-
douro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de um bem principal, sem dele fazer
parte integrante, não seguem a sorte deste, salvo se houver expressa manifestação de
vontade nesse sentido, se a lei assim dispuser ou se, a partir das circunstâncias do caso,
tal solução for a indicada. 2. O equipamento de monitoramento acoplado ao caminhão
consubstancia uma pertença, a qual atende, de modo duradouro, à finalidade econômico-

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-social do referido veículo, destinando-se a promover a sua localização e, assim, reduzir


os riscos de perecimento produzidos por eventuais furtos e roubos, a que, comumente,
estão sujeitos os veículos utilizados para o transporte de mercadorias, caso dos autos.
Trata-se, indiscutivelmente, de “coisa ajudante” que atende ao uso do bem principal.
Enquanto concebido como pertença, a destinação fática do equipamento de monitora-
mento em servir o caminhão não lhe suprime a individualidade e autonomia (o que per-
mite, facilmente, a sua retirada), tampouco exaure os direitos sobre ela incidentes, como
o direito de propriedade, outros direitos reais ou o de posse.
2.1 O inadimplemento do contrato de empréstimo para aquisição de caminhão dado em
garantia, a despeito de importar na consolidação da propriedade do mencionado veículo
nas mãos do credor fiduciante, não conduz ao perdimento da pertença em favor deste.
O equipamento de monitoramento, independentemente do destino do caminhão, perma-
nece com a propriedade de seu titular, o devedor fiduciário, ou em sua posse, a depender
do título que ostente, salvo se houver expressa manifestação de vontade nesse sentido,
se a lei assim dispuser ou se, a partir das circunstâncias do caso, tal solução for a indi-
cada, exceções de que, no caso dos autos, não se cogita.
2.3 O contrato de financiamento de veículo, garantido por alienação fiduciária, ao des-
crever o veículo, objeto da avença, não faz nenhuma referência à existência do aludido
equipamento e, por consectário, não poderia tecer consideração alguma quanto ao seu
destino. Por sua vez, o auto de busca e apreensão, ao descrever o veículo, aponta a exis-
tência do equipamento de monitoramento, o que, considerada a circunstância anterior, é
suficiente para se chegar a compreensão de que foi o devedor fiduciário o responsável
por sua colocação no caminhão por ele financiado.
3. Recurso especial provido.
(REsp 1667227/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado
em 26/06/2018, DJe 29/06/2018)

Errado.

040. (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016) Os rendimentos são considerados produto da coisa, já que


sua extração e sua utilização não diminuem a substância do bem principal.

Rendimentos, que são também chamados de frutos civis, são frutos.


De fato, quanto à origem, os frutos podem ser:
• naturais, quando decorre de força da natureza, ou seja, da força orgânica da coisa, ainda
que possa haver colaboração técnica humana para maximizar a produção, a exemplo
das frutas produzidas por uma árvore, das crias de animais e dos ovos;

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• industriais, quando decorre de conduta humana, ou seja, do engenho humano, como o


lucro de uma empresa, os pães produzidos por uma padaria, a produção de uma fábrica
etc.;
• civis, quando decorrem da utilização da coisa por terceiros, como o aluguel, os juros, os
dividendos, as rendas, os foros (no caso de enfiteuse, o enfiteuta deve pagar anualmente
um valor designado de foro para o senhorio direto).
Errado.

041. (CESPE/AUDITOR/TCE-SC/2016) O valor decorrente do aluguel de determinado imóvel


é considerado bem acessório.

Trata-se de um fruto civil.


Certo.

Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.

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