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Teoria Geral do Direito Civil

Washington Luiz Junior


5 - Domicílio Civil
• 5.1 - Domicílio da pessoa natural
• 5.2 - Pluralidade e mudança de domicílio
• 5.3 - Domicílio da pessoa jurídica
• 5.4 - Classificação do domicílio
• 5.5 - Foro de eleição
Domicílio
• Conceito de grande importância para o estudo
do direito , haja vista que as relações jurídicas
se formam entre pessoas, sendo necessário
que estas tenha um local, livremente
escolhido ou determinado por lei, onde
possam ser encontradas para responder para
responder por suas obrigações.
• Portanto, todos os sujeitos de direito devem
ter um local certo no espaço de onde irradiem
sua atividade jurídica;
• Este ponto de referência é o seu domicílio (do
latim domus, casa ou morada);
• DOMICÍLIO – SIGNIFICADO JURÍDICO
RELEVANTE;
• REGRA GERAL DE COMPETÊNCIA – CPC
• Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a
ação fundada em direito real sobre bens
móveis serão propostas, em regra, no foro do
domicílio do réu.
• Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa.
Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito
de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.

• Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha,
a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for
réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
• Parágrafo único. É, porém, competente o foro:
• I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo;
• Doutrina Vinculada
• II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em
lugares diferentes.

• Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o
competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de disposições
testamentárias.

• Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante.
DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL
• o código trata conjuntamente do domicílio da
pessoa natural e da pessoa jurídica no Título III
do Livro I da Parte Geral.
• DO DOMICÍLIO
• Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o
lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo.
• Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

• I - da União, o Distrito Federal;


• II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
• III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
• IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos
constitutivos.

• § 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um


deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.

• § 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por


domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das
suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Conceito
• Clóvis Beviláqua conceitua domicílio da pessoa
natural como:
“o lugar onde ela, de modo definitivo,
estabelece a sua residência e o centro
principal de sua atividade.”
• Por via de consequência, domicílio:
Þlocal onde o indivíduo responde por suas
obrigações, ou o local em que estabelece a sede
principal de sua residência e de seus negócios;
ÞÉ a sede jurídica da pessoa onde ela se
presume presente para os efeitos de direito e
onde pratica habitualmente seus atos e
negócios jurídicos;
• Portanto é de se entender nos conceitos
anteriores que sobressaltam duas idéias:
ÞA de morada; pertinente a família, ao lar,
onde o homem se recolhe para o repouso e
vida íntima;
ÞA de centro de atividades; relativa a vida
externa, relações sociais e profissionais, que
todo homem possui;
Conceito legal
• Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o
lugar onde ela estabelece a sua residência
com ânimo definitivo.
• Bem como, segundo a ideia de negócios e vida
profissional:
• Art. 72. É também domicílio da pessoa
natural, quanto às relações concernentes à
profissão, o lugar onde esta é exercida.
Residência X Domicílio
• Domicílio – onde o sujeito está para fins
jurídicos – conjunção dos elementos objetivo
e subjetivo;
• Elemento objetivo componente do domicílio –
Residência – estado de fato – onde o sujeito
está;
• Elemento subjetivo – vontade de fixar-se
permanentemente; animo definitivo;
• Neste diapasão:
• Uma pessoa pode ter várias residências e
apenas um domicílio;
Pluralidade de domicílios
• Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver
diversas residências, onde, alternadamente,
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer
delas.
• Art. 72. É também domicílio da pessoa natural,
quanto às relações concernentes à profissão, o
lugar onde esta é exercida.

• Parágrafo único. Se a pessoa exercitar


profissão em lugares diversos, cada um deles
constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem.
• Ex. :
• Toni Stark, advogado formado na Unigranrio,
mora na Urca com sua família porém mantém
escritórios profissionais em Duque de Caxias e
em São João de Meriti, onde comparece em
dias alternados, poder-se-á considerar
domicílio quaisquer desses três lugares.
CPC
• Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a
ação fundada em direito real sobre bens
móveis serão propostas, em regra, no foro do
domicílio do réu.

• § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será


demandado no foro de qualquer deles.
DOMICÍLIO SEM RESIDÊNCIA
DETERMINADA
• Teoria do domicílio aparente (no dizer de Henri
De Page: “aquele que cria as aparências de um
domicílio em um lugar que pode ser
considerado pelo terceiro como tendo aí o seu
verdadeiro domicílio”).
• Para Orlando Gomes, tal teoria visa resguardar
o interesse de terceiros quando o sujeito de
direito tem domicilio sem residência (fato –
elemento subjetivo – endereço) determinada.
CCB
• Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa
natural, que não tenha residência habitual, o
lugar onde for encontrada.

• EX.: CIGANOS, CAIXEIROS VIAJANTES.


Mudança de domicílio
• Podem as pessoas mudar de domicílio, porém para que tal
ocorre não basta que troquem de endereço eis que
necessário que exista a “intenção manifesta de o mudar”

• Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a


intenção manifesta de o mudar.

• Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que


declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa,
e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria
mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Curiosidade – CCB 1916
• Art. 34. Muda-se o domicílio, transferindo a
residência, com intenção manifesta de o mudar.

• Parágrafo único. A prova da intenção resultará do


que declarar a pessoa mudada às municipalidades
dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais
declarações não fizer, da própria mudança, com as
circunstâncias que a acompanharem.
ESPÉCIES DE DOMICÍLIO
• O primeiro domicílio da pessoa, que se prende
ao seu nascimento, é denominado domicílio
de origem e corresponde ao de seus pais, à
época;
Espécies
• A) voluntário;
• A.1) geral (escolhido livremente);
• A.2) especial (fixado com base no contrato,
sendo denominado, conforme o caso, foro
contratual ou de eleição);

• B) necessário ou legal;
Domicílio voluntário geral ou comum
• É aquele que depende da vontade exclusiva do
interessado. Qualquer pessoa não sujeita a
domicílio necessário, tem a liberdade de
estabelecer o local em que pretende instalar a
sua residência com ânimo definitivo, bem como
mudá-lo quando lhe convier.

Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a


residência, com a intenção manifesta de o mudar.
Domicílio especial
• Pode ser o do contrato:
• Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os
contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações
deles resultantes.
• Sede jurídica ou local especificado no contrato
para o cumprimento das obrigações dele
resultante;
• E o de eleição:
• Art. 111. A competência em razão da matéria e da
hierarquia é inderrogável por convenção das partes;
mas estas podem modificar a competência em razão
do valor e do território, elegendo foro onde serão
propostas as ações oriundas de direitos e
obrigações.
• Foro de eleição é o escolhido pelas partes para a
propositura de ações relativas as referidas
obrigações e direitos recíprocos.
Foro de eleição
• Aquele que é determinado pelas partes em
avença, podendo ser distinto do domicílio,
elegendo o foro independente das regras do
CPC.
Duas questões relevantes:
• 1) pode a parte favorecida pelo foro eleito
abrir mão do benefício e ajuizar a ação no foro
do réu?
• A jurisprudência tem observado a
possibilidade do credor optar pelo foro do
domicílio do devedor, quanto diverso da
eleição; ou seja, o foro de eleição não cerceia
o credor.
• 2) admite-se foro de eleição nos contratos de
adesão?
• Sim, desde que se respeite o princípio da
igualdade entre os contratantes.
• O STJ tem considerado ineficaz a cláusula de foro de
eleição em contratos de adesão:
• 1. quando constitui um obstáculo a parte aderente,
dificultando-lhe o comparecimento em juízo;
• 2. se é abusiva resultando em especial dificuldade
para a outra parte;
• 3. se o outro contratante “presumivelmente não
pode discutir cláusula microscopicamente impressa
de eleição de foro”.
CDC
• Art. 51. São nulas de pleno direito, entre
outras, as cláusulas contratuais relativas ao
fornecimento

• IV - estabeleçam obrigações consideradas


iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;
Domicílio necessário ou legal
• É o determinado pela lei, em função da condição ou situação de certas
pessoas. Nesses casos não há liberdade de escolha:

• Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar,


o marítimo e o preso.
• Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou
assistente;
• o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas
funções;
• o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede
do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado;
• e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
• Cpc
• Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se
processará no foro do domicílio de seu
representante.
Domicílio da pessoa jurídica
• A rigor a pessoa jurídica não tem residência, e sim sede ou
estabelecimento, que define um determinado lugar. Trata-se de
domicílio especial que pode ser livremente escolhido no seu
estatuto ou atos constitutivos.
• Este será o local habitual de suas atividades onde os credores
poderão demandar o cumprimento das obrigações.

• Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

• IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as


respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem
domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
Súmula 363 STF
• 363 - A pessoa jurídica de direito privado pode ser
demandada no domicílio da agência, ou
estabelecimento, em que se praticou o ato.

• Caso de pluralidade de domicílios.

• Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:


• § 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos
em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados.
CPC
• Art. 100. É competente o foro:

• IV - do lugar:

• a) onde está a sede, para a ação em que for ré a


pessoa jurídica;

• b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às


obrigações que ela contraiu;
Administração ou diretoria com sede no
estrangeiro
• Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio
é:

• § 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a


sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da
pessoa jurídica, no tocante às obrigações
contraídas por cada uma das suas agências, o
lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que
ela corresponder.
Pessoas jurídicas de direito público interno

• Têm por domicílio a sede de seu governo:

• Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:

• I - da União, o Distrito Federal;


• II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
• III - do Município, o lugar onde funcione a
administração municipal;

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