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COMPETÊNCIA NO Profª Ma.

Hilziane Brito
PROCESSO CIVIL
A jurisdição é una, mas, na prática, exige o concurso de vários
órgãos do Poder Público.

Art. 42, CPC - As causas cíveis serão processadas e


decididas pelo juiz nos limites de sua competência,
ressalvado às partes o direito de instituir juízo arbitral,
na forma da lei.

COMPETÊNCIA é medida da jurisdição.

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DISTRIBUIÇÃO DA COMPETÊNCIA
 Normas constitucionais – Poder Judiciário Federal.
 Leis processuais.
 Organização judiciária - distribuição interna nos tribunais.
Art. 44, CPC - Obedecidos os limites estabelecidos pela
Constituição Federal, a competência é determinada pelas
normas previstas neste Código ou em legislação especial,
pelas normas de organização judiciária e, ainda, no que
couber, pelas constituições dos Estados.
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
 Art. 43, CPC – Determina-se a competência no momento do
registro ou da distribuição da petição inicial, sendo
irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito
ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão
judiciário ou alterarem a competência absoluta.
 Estabilidade processual.
 Exceções: supressão do órgão; alteração superveniente da
competência em razão da matéria ou da hierarquia (comp.
absolutas)/ desmembramento da comarca.
COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO
 Art. 284, CPC - Todos os processos estão sujeitos a registro,
devendo ser distribuídos onde houver mais de um juiz.
 Art. 285, CPC - A distribuição, que poderá ser eletrônica, será
alternada e aleatória, obedecendo-se rigorosa igualdade.

Observância do princípio do Juiz Natural.


CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Foro (território - CPC);
Juízo (vara – organização judiciária).

Originária (1ª instância);


Derivada (2ª instância).
FOROS CONCORRENTES
Vários foros são competentes para o processamento e julgamento de
uma demanda.

Autor exercita o forum shopping: havendo vários foros competentes, o


autor escolhe aquele que acredita ser o mais favorável aos seus
interesses.

Controle da boa-fé.
CLASSIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
 COMPETÊNCIA INTERNACIONAL: define as causas que a Justiça
brasileira deverá conhecer e decidir.

 COMPETÊNCIA NACIONAL: aponta quais os órgãos locais que se


incumbirão especificamente da tarefa.
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
ART. 21 A 24 CPC
 Lei processual no Espaço.
 Jurisdição interna e soberania dos Estados.
 Limites da jurisdição brasileira diante da jurisdição dos órgãos de
outras nações.
 Só deve haver jurisdição até onde o Estado efetivamente consiga
executar soberanamente suas sentenças.

 ESPÉCIES:
 Cumulativa ou concorrente;
 Exclusiva.
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COMPETÊNCIA CONCORRENTE:

 Art. 21, CPC - Compete à autoridade judiciária brasileira processar


e julgar as ações em que:
 I – o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado
no Brasil;
 II – no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação;
 III – o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil.
 Parágrafo único. Para o fim do disposto no inciso I, considera-se
domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que nele tiver
agência, filial ou sucursal.
Art. 22, CPC - Compete, ainda, à autoridade judiciária brasileira
processar e julgar as ações:
I – de alimentos, quando:
a) o credor tiver domicílio ou residência no Brasil;
b) o réu mantiver vínculos no Brasil, tais como posse ou propriedade de
bens, recebimento de renda ou obtenção de benefícios econômicos;
II – decorrentes de relações de consumo, quando o consumidor tiver
domicílio ou residência no Brasil;
III – em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à
jurisdição nacional.
COMPETÊNCIA EXCLUSIVA:
Proteção da soberania
Não serão homologadas nem produzirão efeitos no
Brasil.
Art. 23, CPC - Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de
qualquer outra:
I – conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil;
II – em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento
particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o
autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do
território nacional;
III – em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à
partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade
estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
OBS:
 Em relação a fatos ocorridos fora das situações previstas nos
artigos 21, 22 e 23 do CPC: inexistência de jurisdição brasileira.

 Nem mesmo havendo conexão ou continência.


 Conexão não é objeto de fixação da competência internacional.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE E LITISPENDÊNCIA:

 Art. 24, CPC. A ação proposta perante tribunal estrangeiro não


induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária
brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados
internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil.
 Parágrafo único. A pendência de causa perante a jurisdição
brasileira não impede a homologação de sentença judicial
estrangeira quando exigida para produzir efeitos no Brasil.
OBS: Nenhum efeito produzirá a coisa julgada estrangeira em questão de
matéria pertinente à competência exclusiva da Justiça Brasileira.
COMPETÊNCIA INTERNA
 Competência dos membros do Poder Judiciário – CF, art. 96 e
seguintes:

 Tribunais Superiores (STF, STJ, TST, TSE, STM):


 Jurisdição sobre todo o território nacional.
 Competência fixada na Constituição Federal.
 Tribunais Regionais Federais:
 Jurisdição sobre uma determinada Região.
 Tribunais de Justiça dos Estados:
 Jurisdição sobre cada Estado-Membro e Distrito Federal.
 Divisão de primeira instância em Comarcas. 16
CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO DA COMPETÊNCIA
Competência originária de Tribunais:
 STF (CF 102,I);
 STJ (CF 105,I);
 TRF (CF 108,I);
 TJBA (Constituição Estadual e RITJBA).
Competência da Justiça Federal:
 CF 108 e 109 (STJ 150).
Competência da Justiça Comum Estadual:
 Competência residual.
 Juízos Especializados (Família, Crime, Fazenda Pública, Cível, Comercial,
Consumidor...).
 Regra geral: domicílio do Réu (CPC 94).
 Outros critérios para fixação (CPC 95 a 100). 17
COMPETÊNCIA EM MATÉRIA CIVIL
Jurisdição civil.
Competência residual.
Direito Civil e ramos relacionados (Direito Empresarial,
Constitucional, Administrativo, etc.).

Justiça Federal.
Justiça dos Estados.
COMPETÊNCIA DAS JUSTIÇAS ESTADUAIS
NA JURISDIÇÃO CIVIL
 Competência residual: questões não atribuídas pela CF à Justiça
Federal.
CRITÉRIOS DETERMINANTES DA DISTRIBUIÇÃO DA
COMPETÊNCIA INTERNA

•OBJETIVO: matéria/ pessoa/ valor da causa.


• Leva em consideração os elementos da ação.
• Em razão da pessoa: partes. Ex.: Vara da Fazenda Pública.
• Em razão da matéria: causa de pedir. Ex.: Vara da Família,
Vara Cível, Vara Penal.
• Em razão do valor da causa: valor do pedido. Ex.: JEC.
• Competência relativa:
• Art. 63, CPC. As partes podem modificar a competência em
razão do valor e do território, elegendo foro onde será
proposta ação oriunda de direitos e obrigações.

•Art. 62. A competência determinada em razão da matéria, da pessoa


ou da função é inderrogável por convenção das partes.
COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA
Art. 291. A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha
conteúdo econômico imediatamente aferível.

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da


reconvenção e será:
I – na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida
do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se
houver, até a data de propositura da ação;
II – na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o
cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de
ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;
III – na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais
pedidas pelo autor;
IV – na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor
de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;
V – na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o
valor pretendido;
VI – na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos
valores de todos eles;
VII – na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;
VIII – na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.

Juizados Especiais (Lei 9.099/95): até 40 salários mínimos.


COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA

 A matéria em litígio (natureza do direito material controvertido)


servirá para determinar a competência civil.
 Justiça Federal ou local.
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
•Leva-se em conta a divisão do território nacional em circunscrições
judiciárias.
•Foro comum/ geral: domicílio do réu (art. 46, CPC).
•Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real
sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de
domicílio do réu.
•Foros subsidiários: art. 46, §§, CPC.
•Foros especiais: art. 47 a 53 CPC..
Art. 46:
§ 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de
qualquer deles.
§ 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele poderá ser
demandado onde for encontrado ou no foro de domicílio do autor.
§ 3º Quando o réu não tiver domicílio ou residência no Brasil, a ação
será proposta no foro de domicílio do autor, e, se este também residir
fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro.
§ 4º Havendo 2 (dois) ou mais réus com diferentes domicílios, serão
demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.
§ 5º A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no
de sua residência ou no do lugar onde for encontrado
Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro
de situação da coisa.
§ 1º O autor pode optar pelo foro de domicílio do réu ou pelo foro de eleição se o
litígio não recair sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, divisão e
demarcação de terras e de nunciação de obra nova.
§ 2º A ação possessória imobiliária será proposta no foro de situação da coisa,
cujo juízo tem competência absoluta.

Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o


inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última
vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as
ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I – o foro de situação dos bens imóveis;
II – havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III – não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.

Art. 49. A ação em que o ausente for réu será proposta no foro de seu último
domicílio, também competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o
cumprimento de disposições testamentárias.

Art. 50. A ação em que o incapaz for réu será proposta no foro de domicílio de seu
representante ou assistente.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA
 Proteção de interesse público.
 Em razão da matéria, da pessoa (hierarquia) e da função do órgão
jurisdicional.
 Podem ser conhecidas ex officio a qualquer tempo e grau de jurisdição e
devem ser alegadas em preliminar da contestação sendo insuscetível de
prorrogação não podendo ser alterada.
 Não arguida: pagamento de custas.
 Reconhecida a incompetência absoluta, os autos são enviados ao juízo
competente anulando-se os atos decisórios.

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COMPETÊNCIA RELATIVA
Em razão do valor e do território.
Sujeitam-se à prorrogação e modificação.
Não pode ser conhecida ex officio (STJ 33).
Devem ser alegadas por meio de exceção.
A Lei 11.280 (16/02/2006) autorizou o juiz a reconhecer a incompetência
relativa ex officio nos casos de contrato de adesão.
Reconhecida a incompetência relativa, os autos são enviados ao juízo
competente mantidos os atos decisórios.

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ABSOLUTA RELATIVA
INTERESSE PÚBLICO. INTERESSE PARTICULAR.

ALEGADA A QUALQUER TEMPO E GRAU DE SOMENTE PODERÁ SER ARGUIDA PELO RÉU NA
JURISDIÇÃO/ RECONHECIDA EX OFFICIO PELO DEFESA, SOB PENA DE PRECLUSÃO E
JUIZ. PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA/
IMPOSSIBILIDADE DE SER RECONHECIDA DE
OFÍCIO.

RECONHECIDA – REMESSA AO JUÍZO RECONHECIDA – REMESSA AO JUÍZO


COMPETENTE + NULIDADE DOS ATOS COMPETENTE SEM NULIDADE DOS ATOS
DECISÓRIOS JÁ PRATICADOS. DECISÓRIOS JÁ PRATICADOS.

IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO POR POSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO POR


CONEXÃO E CONTINÊNCIA. CONEXÃO E CONTINÊNCIA.
MODIFICAÇÃO DA COMPETÊNCIA
SOMENTE COMPETÊNCIA RELATIVA.
Prorrogação – declínio.
 Art. 65, CPC - Prorrogar-se-á a competência relativa se o réu
não alegar a incompetência em preliminar de contestação.
 Foro de Eleição (CPC 63).
 Art. 63, CPC. As partes podem modificar a competência em razão
do valor e do território, elegendo foro onde será proposta ação
oriunda de direitos e obrigações.
 Art. 54, CPC. A competência relativa poderá modificar-se pela
conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção.
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Objetivo da conexão e continência: promover a economia processual e
evitar sentenças conflitantes.

Formas de alegação da conexão/continência:


AUTOR: inicial – pedido de distribuição por dependência.
RÉU: defesa (preliminar).
PREVENÇÃO
 Pressupõe conflito entre juízes competentes.

 Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

 Art. 240, CPC. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo
incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o
devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 (Código Civil).

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FORO DE ELEIÇÃO
 Art. 63, CPC - As partes podem modificar a competência em razão do valor e
do território, elegendo foro onde será proposta ação oriunda de direitos e
obrigações.
 § 1º A eleição de foro só produz efeito quando constar de instrumento escrito e
aludir expressamente a determinado negócio jurídico.
 § 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes.
 § 3º Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se abusiva, pode ser
reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que determinará a remessa dos autos ao
juízo do foro de domicílio do réu.
 § 4º Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula de eleição de
foro na contestação, sob pena de preclusão.
CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Art. 66, CPC. Há conflito de competência quando:
I – 2 (dois) ou mais juízes se declaram competentes;
II – 2 (dois) ou mais juízes se consideram incompetentes, atribuindo um ao outro a
competência;
III – entre 2 (dois) ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou
separação de processos.
Parágrafo único. O juiz que não acolher a competência declinada deverá suscitar
o conflito, salvo se a atribuir a outro juízo. O conflito pode ser suscitado por
qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz.

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QUEM JULGA O CONFLITO?
STF:
Art. 102, CF/88. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição,
cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal.

STJ:
Art. 105, CF/88. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o",
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS: Conflitos envolvendo juízes a ele
vinculados.

TRIBUNAIS DE JUSTIÇA: Conflitos envolvendo juízes a ele vinculados.

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