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DIREITO CIVIL

Parte Geral – III

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Parte Geral – III
Carlos Elias

Sumário
Apresentação..................................................................................................................3
Parte Geral – III. ...............................................................................................................4
1. Direitos da Personalidade............................................................................................4
2. Pessoas Jurídicas........................................................................................................ 7
2.1. Pressupostos Existenciais e Teorias.......................................................................... 7
2.2. Surgimento da Pessoa Jurídica. ................................................................................9
2.3. Espécies de Pessoa Jurídica................................................................................... 10
2.4. Situações Especiais................................................................................................ 14
2.5. Classificação das Pessoas Jurídicas quanto à Estrutura. . ....................................... 18
2.6. Representação das Pessoas Jurídicas.................................................................... 19
2.7. Caso da Sociedade Anônima: Adoção da Teoria da Aparência................................. 19
2.8. Efeitos do Registro................................................................................................ 20
2.9. Desconsideração da Personalidade Jurídica.......................................................... 20
2.10. Extinção da Pessoa Jurídica................................................................................. 28
2.11. Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica.. .......................................................29
Resumo......................................................................................................................... 31
Questões de Concurso...................................................................................................35
Gabarito........................................................................................................................43
Gabarito Comentado. .....................................................................................................44

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Parte Geral – III
Carlos Elias

Apresentação

Olá, amigo(a)!
Agora, vamos falar sobre direitos da personalidade e de pessoas jurídicas. Prepare-se, por-
que eu pretendo aprofundar naquilo que é importante para você passar e ser nomeado no
concurso!
Vamos em frente!

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PARTE GERAL – III

1. Direitos da Personalidade

Aluno(a), há muita gente que não tem dinheiro e nenhum outro patrimônio material. Qual-
quer um, porém, tem algo valiosíssimo: os direitos da personalidade, como a honra, a  ima-
gem etc.
O Código Civil trata da matéria a partir do art. 11. Vale a pena conferir os dispositivos. Aqui,
vamos tratar dos aspectos principais que são cobrados em prova. E, para começar, quero que
você resolva esta questão:

Questão 1 (FCC/TRT-18ª/ANALISTA JUDICIÁRIO/2013) Os direitos da personalidade;


a) garantem, como regra, a inviolabilidade da vida privada.
b) extinguem-se nos casos em que a pessoa não possa mais exprimir sua vontade.
c) permitem a disposição gratuita do próprio corpo, com fins altruísticos, para depois da morte,
mas impedem a revogação, em vida, de tal liberalidade.
d) autorizam o uso do nome alheio em propaganda comercial, não sendo necessário obter o
consentimento quando se tratar de figura pública.
e) são, em regra, transmissíveis, embora irrenunciáveis.1

Os direitos da personalidade são direitos existenciais, ou seja, são direitos inerentes à con-
dição de pessoa. O  titular desse direito coincide com o seu objeto: a pessoa é titular de si
mesma (o que abrange o próprio corpo e os elementos imateriais que a compõe, como a honra,
a imagem etc.). Não há um catálogo exaustivo de direitos da personalidade (não há rol de ti-
pologia de “numerus clausus”), pois, com base nos princípios constitucionais e nas constantes
mudanças sociais, novos direitos da personalidade podem ser identificados.

1
Letra a.

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Por ser inerente à condição de pessoa, os  direitos da personalidade possuem estas
características, as quais são inferidas do art. 11 do CC e dos princípios gerais do orde-
namento: indisponibilidade (o titular não pode abrir mão deles), inalienabilidade (titular

não pode transferir a terceiros), imprescritibilidade (não há perda nem aquisição pelo

transcurso do tempo), insuscetibilidade de limitação voluntária (titular não pode restringir

o próprio direito da personalidade), vitaliciedade (acompanham a pessoa durante toda a

sua vida), oponibilidade erga omnes (são direitos absolutos e, portanto, toda a coletivida-

de deve respeitá-los).

Há, porém, exceções a algumas dessas características quando houver lei ou suporte

principiológico. Há diversas normas legais que flexibilizam essas características, a exem-

plo da possibilidade de doação gratuita de órgãos após a morte (art.  14, CC) e, se não

houver riscos à saúde, em vida (observada, neste caso, a Lei n. 9.434/1997). Além disso,

ainda que não haja permissão legal expressa, é viável a flexibilização das características

quando houver suporte principiológico. E haverá esse suporte quando a limitação volun-

tária ao direito da personalidade for exercida sem abuso de direito e em compatibilidade

com a boa-fé e os bons costumes, conforme enunciado 139/JDC. Em regra, a limitação

aos direitos da personalidade não deve ser geral nem permanente, consoante enunciado

4/JDC. Assim, por exemplo, embora não haja previsão legal expressa, qualquer pessoa

pode fazer tatuagem e furar a orelha para colocar o brinco, porque isso atende ao suporte

principiológico retrocitado. Há, porém, situações mais complexas, como, por exemplo,

a relativa à possibilidade de cirurgia de transgenitalização com mudança de nome e de

sexo nos registros públicos. O  STJ é pacífico em admitir essa prática e autoriza que a

pessoa obtenha um novo assento de nascimento contendo novo nome e novo sexo com

direito a não divulgação dessa mudança nas certidões expedidas (STJ, REsp 737.993/MG,
4ª T., Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJe 18/12/2009).
E quanto ao morto? Ele tem direitos da personalidade? Seria possível que alguém tire uma
“selfie” de um cadáver e expor nas redes sociais?

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É claro que não! Isso geraria dano moral por ofensa a direitos da personalidade.
De fato, mesmo depois de falecido, os  direitos da personalidade da pessoa devem ser
protegidos. A proteção desses direitos deve ser pleiteada por seus familiares nos termos do
parágrafo único do art. 12 e do parágrafo único do art. 20 do CC. A proteção aí não é a direitos
da personalidade do próprio familiar, e sim do falecido, como a imagem, a fama, o respeito aos
restos mortais etc. Esses familiares podem ser chamados de lesados indiretos por estarem
protegendo direitos da personalidade do falecido, e  não direitos da personalidade próprios.
Apesar de serem considerados lesados indiretos, esses familiares agem em nome próprio
Entre os legitimados para a proteção dos direitos da personalidade, estão não apenas o
cônjuge, mas também o companheiro (Enunciado 275/JDC), além dos parentes na linha reta
em qualquer grau e os parentes colaterais até o quarto grau (art.  12, parágrafo único, CC).
Quando, porém, se tratar de direitos da personalidade do falecido relacionados à sua imagem
ou às suas produções autorais (escritos ou palavras), os parentes colaterais não terão legiti-
midade para a proteção desses direitos, pois o parágrafo único do art. 20 do CC se atém aos
parentes na linha reta e ao ex-consorte (cônjuge ou companheiro). O parágrafo único do art. 20
do CC afasta a regra geral de legitimação do art. 12, parágrafo único, para essas espécies de
direitos da personalidade, conforme enunciado 5/JDC.
Como o ordenamento valoriza o vínculo de afetividade em maior grau do que o biológico,
é de reconhecer-se, a depender do caso concreto, a legitimidade de pessoas que mantinham
vínculo afetivo com o morto para a proteção de direitos da personalidade deste. Não se pode
negar a legitimidade a um noivo, a um namorado, a um enteado, a um padrasto ou a um amigo
íntimo para a proteção de alguns direitos da personalidade do falecido. Essas pessoas devem
ser consideradas lesadas indiretas se o tipo de lesão ao direito da personalidade guarda cone-
xão com o grau de afetividade que havia com o falecido.
O rol de legitimados do art. 12, parágrafo único, e do art. 20, parágrafo único, do CC pode
ser flexibilizado para abranger terceiros que, por seu vínculo afetivo com o parente, possam ser
considerados lesados indiretos de um direito da personalidade do falecido, segundo um juízo
de razoabilidade. Em igual sentido, estão Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves (2016, p. 211).
Por fim, como fica a proteção (a tutela) dos direitos da personalidade?

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A proteção dos direitos da personalidade pode dar-se por meio de tutelas específicas de
obrigação de fazer ou de não fazer, a exemplo de uma ordem judicial de retirada de uma pos-
tagem ofensiva em uma página da internet.
Pode também dar-se por meio de indenização por danos sofridos. O dano moral é, por defi-
nição, uma violação a um direito da personalidade e, por isso, é indenizável. Há, porém, outros
danos indenizáveis que podem ser cumulados com o dano moral e que também decorrem de
violações de direitos da personalidade, como o dano estético (que decorre do grau de deforma-
ção física do corpo) e o dano existencial (que atinge o projeto de vida de uma pessoa).

2. Pessoas Jurídicas

Vamos agora para pessoas jurídicas!

2.1. Pressupostos Existenciais e Teorias

Antes de tudo, quero que você resolva esta questão:

Questão 2 (CESPE/TJ-PB/2013) O reconhecimento da existência social da pessoa jurídica,


admitido no Código Civil de 2002, tem como base a teoria
a) momentânea.
b) da realidade técnica.
c) da ficção.
d) da realidade objetiva.
e) negativista.2

Vamos em frente!!!
Pessoa jurídica é um ente invisível que possui personalidade jurídica. Há três pressupostos
existenciais da pessoa jurídica: (1) a vontade humana que lhe dá origem; (2) observância das

2
Letra b.

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condições legais para a sua criação; (3) licitude do objeto. Trata-se de elementos essenciais à
personificação da pessoa jurídica.
Há ainda quem acrescente dois outros requisitos: (a) a capacidade jurídica reconhecida
pela legislação e (b) a organização de pessoas ou a afetação de um patrimônio a um fim espe-
cífico. Temos, porém, que esses dois já estão implícitos naqueles três pressupostos existen-
ciais retrocitados.
Acerca de sua natureza jurídica, há dois grupos de teorias: (1) teoria negativista: nega a
existência concreta da pessoa jurídica e considera-a apenas um patrimônio sem sujeito; (2)
teoria afirmativista: preconiza a existência concreta de grupos sociais com interesses próprios
com personalidade jurídica.
Entre os sectários da teoria afirmativista, há outras duas vertentes. A primeira é a teoria
da ficção, segundo a qual só o homem, por essência, pode ser titular de relações jurídicas,
pois tem existência real e psíquica, de sorte que as pessoas jurídicas seriam fruto da criação
humana, que lhe atribui direitos por mera ficção jurídica mediante lei (ficção legal) ou doutrina
(ficção doutrinária). Savigny defendia a teoria da ficção legal.
A segunda espécie de teoria afirmativista é a teoria da realidade, à luz da qual a pessoa
jurídica é uma realidade social, com existência própria e distinta da de seus membros. A teoria
da realidade se divide em três subespécies.
A primeira é a teoria da realidade objetiva, teoria da realidade orgânica ou teoria organicis-
ta, para a qual as pessoas jurídicas são organismos sociais com existência e vontade próprias.
Ela se equivoca ao esquecer-se da relevância da vontade dos sócios de uma sociedade.
A segunda é a teoria da realidade técnica, segundo a qual a existência da pessoa jurídica
é real e concreta, mas dependente de atos técnicos, como o registro.
A terceiro é a teoria da realidade das instituições jurídicas, que preconiza que a pessoa
jurídica é derivada do direito, assim como a personalidade jurídica da pessoa natural. Sob essa
ótica, a pessoa jurídica é uma instituição jurídica, consistente em agrupamentos de pessoas ou
massa patrimonial dotadas de objetivos próprios, por força da vontade das pessoas naturais
que lhe deram vida com base na permissão do Direito. É uma espécie de mistura das demais
teorias. A quarta é a teoria institucionalista, em conformidade com a qual a pessoa jurídica pas-

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sa a existir desde o momento em que há uma organização de pessoas ou bem com finalidade
comum. Mesmo que a lei não reconheça personalidade jurídica a essas instituições, o fato é
que elas já exercem atos na vida social com base em uma espécie de “personalidade moral”.

2.2. Surgimento da Pessoa Jurídica

Como surge uma pessoa jurídica?


No Brasil, as pessoas jurídicas de direito privado surgem com o registro do seu ato cons-
titutivo no órgão competente (art. 45, CC). O ato constitutivo é o ato que incorpora a vontade
dos instituidores da pessoa jurídica e pode ser um contrato social ou um estatuto social. Se
se tratar de sociedade empresária, o órgão competente é a Junta Comercial (art. 984, CC); se
pessoa jurídica de advogados – sociedade simples de advocacia ou sociedade unipessoal de
advocacia –, a OAB (art. 15, Lei 8.906/94); se demais tipos de pessoas jurídicas, o Registro
Civil das Pessoas Jurídicas (art. 114, Lei 6.015/1973).
Isso vale também para partidos políticos e sindicatos: o seu surgimento enquanto pessoa
jurídica é com o registro no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, de maneira que o seu registro
no TSE ou no Ministério do Trabalho é apenas uma espécie de “alvará de funcionamento” elei-
toral ou sindical, hábil a autorizar o exercício das atividades.
No caso de empresas públicas e sociedades de economias mistas, por elas serem dotadas
de personalidade jurídica de direito privado e de terem natureza empresária, elas também nas-
cem com o registro na Junta Comercial, mas, como elas nascem de destaque orçamentário de
um ente público para ser usado em atividade econômica, há necessidade de lei prévia autori-
zando a sua criação (art. 173, CF, e art. 2º, Lei 13.303/2016).
Já as pessoas jurídicas de direito público são criadas por lei, pois só lei pode conferir-lhes
os “superpoderes” próprios do regime de direito público. No caso dos entes federativos, a lei
criadora é a CF. No caso de pessoas jurídicas de direito público externo, também é a CF ou
algum tratado internacional, segundo as regras de Direito Internacional Privado.

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2.3. Espécies de Pessoa Jurídica

Aluno(a), agora é hora de estudarmos quais são as espécies de pessoas jurídicas. Resolva
esta questão agora:

Questão 3 (FCC/TRT-12ª/2013) No tocante às pessoas jurídicas:


a) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com o início efetivo de
suas atividades ao público.
b) de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que, nessa
qualidade, causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver por parte destes culpa ou dolo.
c) a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das instituições religio-
sas é condicional, por ser laico o Estado brasileiro, que deverá autorizar ou não seu reconheci-
mento e registro.
d) os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito público interno.
e) as autarquias e as associações públicas são pessoas jurídicas de direito privado.3

Let’s go!
As pessoas jurídicas podem ser de direito público ou de direito privado.
De um lado, as  pessoas jurídicas de direito público são previstas nos arts.  40 ao 43 e
podem ser: (1) de direito público externo, quando regida por normas de Direito Internacional
Público, como a República Federativa do Brasil e os organismos internacionais – ONU, OIT etc.;
e (2) de direito público interno, quando se cuida dos entes sujeitos ao regime jurídico do direi-
to administrativo, a saber os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios)
e as respectivas autarquias (o que abrange as associações públicas disciplinadas na Lei n.
11.107/2005, as agências reguladoras, as fundações públicas etc.).
3
Letra b.

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De outro lado, as pessoas jurídicas de direito privado são catalogadas no art. 44 do CC e


podem ser: sociedades, empresa individual de responsabilidade limitada (EIRELI), fundações,
organizações religiosas e partidos políticos.
Vamos falar um pouco dessas pessoas jurídicas de direito privado. Em primeiro lugar, va-
mos falar das sociedades.
As sociedades são união de pessoas com fins econômicos, ou seja, os seus sócios objeti-
vam auferir lucro por meio de futura distribuição de dividendos. Em regra, é fundamental haver
mais de um sócio, mas, quando houver lei específica, admitem-se exceções de sociedades
unipessoais, a exemplo de:
• todas as sociedades limitadas, que podem ser unipessoais após mudança feita no Códi-
go Civil pela Lei da Liberdade Econômica (art. 1.052, §§ 1º e 2º, CC);
• subsidiária integral (art. 251, Lei 6.404/1976) e da sociedade unipessoal de advocacia
(art. 15, Lei 8.906/1994). A disciplina das sociedades está detalhada no livro de Direito
das Empresas, a partir dos art. 981 do CC.

Vamos agora falar da EIRELI.


A EIRELI é uma pessoa jurídica constituída por uma única pessoa (designada de titular)
com fins econômicos. Em princípio, esse tipo de pessoa jurídica perdeu sentido prático com
a Lei da Liberdade Econômica (Lei n. 13.874/2019), que permitiu que as sociedades limitadas
sejam unipessoais. Seja como for, tendo em vista que há EIRELIs constituídas antes da Lei da
Liberdade Econômica e tendo em vista que novas EIRELis podem ser constituídas (embora
isso seja pouco provável diante da existência da sociedade limitada unipessoal), a figura segue
disciplinada no Código Civil e ainda merece estudo.
O art. 980-A do CC disciplina esse tipo de pessoa jurídica e impõe limitações, como a ve-
dação de uma mesma pessoa ser titular de mais de uma EIRELI e a exigência de que o capital
social mínimo seja de cem salários mínimos.
Se a EIRELI se afundar em dívidas, somente o seu patrimônio pode ser penhorado. Os bens
dos sócios estão livres de constrições judiciais, pois a responsabilidade deles é limitada ao
capital social. O sócio só responderia no caso de desconsideração da personalidade jurídica
ou na hipótese de não ter integralizado o capital social (caso em que responderá até ao que

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falta para tanto), como sucede nas sociedades de responsabilidade limitada (arts. 980-A, § 6º,
e 1.052, CC).
Agora, é tempo de falar da Associação.
As associações consistem na reunião de pessoas sem fins econômicos. Em princípio, uma
associação pode ter lucro com suas atividades, mas esse fato, por si só, não descaracteriza a
sua finalidade não econômica. Só haveria fim econômico se os lucros fossem rateados entre
os membros da associação, o que não sucede. O lucro é reinvestido na própria atividade da
associação. Obviamente, as associações podem contratar serviços, inclusive de seus asso-
ciados, remunerando-os por isso. Essa remuneração, porém, não representa distribuição de
lucros, e sim remuneração para todos os efeitos jurídicos. Se fossem dividendos, o associado
poderia, por exemplo, deixar de pagar imposto de renda, a depender da lei tributária. Mas, como
é remuneração, cumpre-lhe pagar a exação de renda pertinente. A disciplina das associações
está a partir do art. 53 do CC.
Vamos agora para as fundações.
A fundação é um patrimônio afetado a uma das finalidades do parágrafo único do art. 62
do CC, que lista diversas hipóteses de fins não lucrativos, como fins de assistência social, de
educação, de promoção da democracia, de atividades religiosas etc. Apesar de o parágrafo
único do art. 62 do CC se valer do advérbio “somente”, há corrente no sentido de que esse rol
de finalidades é exemplificativo, de maneira que outras finalidades não lucrativas podem auto-
rizar a criação de uma fundação. É o caso, p. ex., das “fundações de caráter esportivo” (Nelson
Rosenvald e Cristiano Chaves).
Essa corrente de ampliar ilimitadamente o rol de fins para a criação de fundação, todavia,
parece-nos contrariar expressamente o próprio CC, que é expresso em usar o advérbio “somen-
te”, além de desconsiderar dois fatos relevantes: (1) esse entendimento permitiria contornar o
veto presidencial ao inciso X do art. 62 do CC, que haveria de autorizar a criação de fundação
para fins de “habitação de interesse social”, mas que foi tida por inconveniente no veto presi-
dencial por autorizar o ingresso de fundações no mercado de habitação com privilégios tribu-
tários que distorceriam a concorrência com empresas do segmento; (2) há interesse público
nas fundações, e o Estado gasta recursos financeiros e de pessoal na sua fiscalização, como
por meio do Ministério Público, de maneira que seria desarrazoado permitir que um particular
imponha gastos ao Poder Público com uma fundação de irrelevante interesse social.

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Exemplo: imagine uma fundação para estimular as pessoas a ficarem olhando o vento.

A disciplina das fundações está a partir do art. 62 do CC.


Como não há sócios na fundação e como há interesse público nelas, o Ministério Público
deve fiscalizar a fundação (art. 66, CC).
A criação da fundação dá-se por meio de quatro etapas: (1) a fase de dotação ou de insti-
tuição: por escritura pública ou testamento, o instituidor destina um patrimônio para a criação
de uma fundação na forma do art. 62 do CC; (2) fase da elaboração do estatuto social: o insti-
tuidor no ato de instituição ou uma pessoa indicada pelo instituidor elaborará o estatuto social
no prazo indicado pelo instituidor ou, se ausente este, em 180 dias, sob pena de o Ministério
Público efetuar a elaboração, conforme art. 65, CC; (3) fase de aprovação do estatuto: o Mi-
nistério Público deve aprovar o estatuto para impedir regras abusivas ou incompatíveis com a
vontade do instituidor, admitido recurso ao juiz no caso de rejeição do Ministério Público, con-
forme art. 65, CC; (4) fase do registro: o estatuto social deve ser registrado no Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, dando início à pessoa jurídica.
Por fim, vamos falar também das organizações religiosas.
As pessoas jurídicas que exercem atividade religiosa, independentemente da orientação
de fé, são consideradas organizações religiosas. A opção do legislador de tratar as organiza-
ções religiosas como pessoa jurídica diversa possui cunho mais político e didático, para evitar
que os templos em geral tivessem de adaptar-se às inúmeras regras complexas e burocráticas
de associação trazidas pelo CC/2002 e para reconhecer que há um regime jurídico peculiar
para elas, com direito a imunidade tributária sobre patrimônio, renda e serviços (art. 150, VI,
“b”, CF) e com liberdade de culto (art. 5º, VI, CF). Seja como for, na prática, o funcionamento
das organizações religiosas costumam seguir o modelo das associações, embora a elas não
sejam exigíveis a adaptação às regras de associação do CC/2002 previstas a partir do art. 53
(art. 2.031, CC). O CC não detalha regras de funcionamento das organizações religiosas, dando
liberdade aos seus membros.
A Igreja Católica foge a essa regra por conta de acordo internacional firmado entre o Brasil
e a Santa Fé em razão do qual a Igreja Católica possui personalidade jurídica em conformidade
com o direito canônico (Decreto n. 7.107/2010).

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Por fim, vamos para os partidos políticos.


Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, que surgem com o registro
no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas e que, após esse seu nascimento enquanto
pessoa jurídica, dependem de um registro no TSE para efeito de viabilizar o exercício da ativi-
dade eleitoral, nos termos do art. 7º da Lei n. 9.096/1995. Não se aplicam as regras de asso-
ciações aos partidos políticos por serem espécies de pessoas jurídicas diversas, apesar de o
funcionamento dos partidos costumar ser similar ao das associações.

2.4. Situações Especiais

Tem de se enquadrar em
uma das PJs do art. 44
Lei pode prever Serviços sociais

outros tipos de PJ autônomos


Atividades de
interesse público

Sindicato É uma associação

É associação sob
Situações
ECAD regime jurídico
especiais
especial

Empresa
pública e sociedade São sociedades
de econômia mista

Fundos de São entes


investimento despersonalizados

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Aluno(a), vale a pena aprofundarmos um pouco para enfrentar algumas situações especiais.
Em primeiro lugar, vamos falar dos Serviços Sociais Autônomos.
Os serviços sociais autônomos constituem o Sistema “S”, que empreende atividades de
interesse público. Os serviços sociais autônomos são entes de cooperação, enquadrando-se
como uma entidade paraestatal4 (ao lado das organizações sociais, das OSCIPs e das entida-
des de apoio). Como exemplos, citem-se: Serviço Social Autônomo Associação das Pioneiras
Sociais (Lei nº 8.246/1991), Serviço Social Autônomo Agência de Promoção de Exportações
do Brasil – Apex/Brasil (Lei nº 10.668/2003), Serviços Social Autônomo Agência Brasileira
de Desenvolvimento Industrial – ABDI (Lei nº 11.080/2004), Serviço Social do Transporte” –
SEST (Lei nº 8.706/1993), Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte” – SENAT (Lei nº
8.706/1993), Serviço Social da Indústria – SESI (Decreto-Lei nº 9.403/1946) e Serviço Nacional
de Aprendizagem dos Industriários – SENAI (Decreto-Lei nº 4.048/1942).
Há controvérsia se os serviços sociais autônomos são ou uma categoria específica de
pessoa jurídica de direito civil ou não.
Considerando que o rol de pessoas jurídicas de direito privado está no art. 44 do Código
Civil e que só uma lei federal poderia criar novas espécies diante da competência privativa da
União para legislar sobre direito civil, temos que não há como considerar o serviço social au-
tônomo como uma categoria própria de pessoa jurídica de direito privado. Ele é apenas autori-
zado por lei específica (de qualquer dos entes federativos). Essa lei é de Direito Administrativo,
e não de Direito Civil, e destina-se a investir a iminente pessoa jurídica de direito privado com
algumas prerrogativas próprias do regime de Direito Público (como a viabilidade de receber
tributos, mais especificamente as contribuições parafiscais).
Assim, os serviços sociais autônomos precisam se enquadrar em uma das espécies de
pessoas jurídicas de direito privado do art. 44 do CC, tudo conforme destacado pela juíza Tânia
Mara Ahualli5. Como eles não possuem fins econômicos e desempenham uma atividade de
4
Diz-se “paraestatais”, porque se trata de pessoas jurídicas de Direito Privado que estão ao lado do Estado na execução de
atividades de interesse público. Não integram a Administração Pública (nem mesmo a indireta), mas são fomentadas pelo
Estado em razão de sua finalidade de interesse público. Também são chamadas de “entes de cooperação” no Direito Admi-
nistrativo.
5
Decisão neste processo: TJSP, 1VRPSP, Pedido de Providências nº 1072206-93.2017.8.26.0100, Juíza Tânia Mara Ahualli,
DJ 26/09/2017 (Disponível em https://www.kollemata.com.br/rcpj-servico-social-autonomo-paraestatal-pessoa-juridica-
-sui-generis-inconstitucionalidade-via-admin.html).

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interesse público, as espécies mais adequadas são a associação, a fundação ou a organização


religiosa.
Os serviços sociais autônomos são criados com o registro do ato constitutivo (estatuto
social), escolhendo uma das espécies de pessoas jurídicas do art. 44 do Código Civil, após
autorização de lei específica, que lhes traça as diretrizes de criação e de funcionamento.
Em segundo lugar, vamos para os sindicatos. O sindicato não é uma categoria de pessoa
jurídica fora do art. 44 do CC. Ele é, na realidade, uma associação, conforme art. 511 da CLT:

É lícita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses econômicos
ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores
autônomos ou profissionais liberais exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou
atividades similares ou conexas.

O art. 8º da CF reitera isso:

É livre a associação profissional ou sindical (...).

Trata-se de uma associação com um nome e uma disciplina especiais nos termos da le-
gislação trabalhista e da CF.
Em terceiro lugar, sigamos para tratar do ECAD, que vela pelo pagamento das retribuições
devidas aos autores pelo uso de suas obras por terceiros. O Escritório Central de Arrecadação
e Distribuição – ECAD é, na realidade, uma associação sob regime jurídico especial que en-
volve a atribuição de poder de polícia e de outros que só a lei poderia dar. Não é uma pessoa
jurídica fora do art. 44 do CC. O art. 99 da Lei de Direitos Autorais (Lei n. 9.610/1998) é textual:

A arrecadação e distribuição dos direitos autorais relativos à execução pública de obras musicais
e literomusicais e de fonogramas será feita por meio das associações de gestão coletiva criadas
para este fim por seus titulares, as quais deverão unificar a cobrança em um único escritório central
para arrecadação e distribuição, que funcionará como ente arrecadador com personalidade jurídica
própria (...).

Em quarto lugar, é  preciso fazer um esclarecimento: empresa pública e sociedade de


economia mista são sociedades com regime jurídico especial. Enquadram-se, pois, no rol do
art. 44 do CC.

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Em quinto lugar, tome um cuidado especial com o seguinte: há qualidades de direito tri-
butário ou administrativo outorgados a determinadas pessoas jurídicas, como as de micro-
empresa, empresa de pequeno porte, organização social (OS), organização da sociedade civil
de interesse público (OSCIP). Não se trata de espécies de pessoas jurídicas, mas de meras
qualidades que concedem um regime jurídico especial para alguma das pessoas jurídicas de
que trata o art. 44 do CC. Assim, por exemplo, as sociedades podem ser qualificadas como
microempresa ou empresa de pequeno porte se se enquadrarem nos requisitos legais (Lei
Complementar n. 123/2006). As associações e as fundações, a seu turno, podem se qualifica-
rem como OS ou OSCIP nos termos das leis respectivas (Leis n.s 9.637/1998 e 9.790/1999).
Por fim, quero falar sobre uma situação especial: a dos fundos. O ordenamento jurídico
admite entes despersonalizados, assim entendidos os que, não tendo personalidade jurídica,
podem ter direitos e deveres. O espólio é o exemplo clássico.
A sofisticação das relações jurídicas tem despertado outras hipóteses. E muitas delas en-
volve a utilização da figura do patrimônio de afetação para segregar um patrimônio de uma
pessoa jurídica (geralmente a incumbida da administração) a fim de compor um ente desper-
sonalizado. É o que ocorre com o fundo de investimento imobiliário (Lei n. 8.668/1993) e o
grupo de consórcio (art. 3º, Lei º 11.795/2008).
Isso também ocorre com diversos fundos que são criados para operacionalizar interesses
públicos.

Exemplo: Fundo de Arrendamento Residencial – FAR (Lei n. 10.188/2001), Fundo Garantidor


de Parcerias – FGP (art. 16, Lei n. 11.079/2004), Fundo da Marinha Mercante – FMM (art. 22,
Lei n. 10.893/2004), Fundo de Catástrofe (art. 2º, § 1º, Lei Complementar n. 137/2010), Fundos
Garantidores de Projetos de Infraestrutura de Grande Vulto - CPFGIE (art. 33, Lei n. 12.712/2012,
e Decreto n. 8.188/2014), Fundo de Garantia à Exportação – FGE (art. 1º, Lei n. 9.818/1999),
Fundo de Apoio à Estruturação de Parcerias (art. 14, Lei n. 13.334/2016) e Fundo de Defesa de
Direitos Difusos – FDD (arts. 13 e 20 da Lei n. 7.347/1985 e Decreto n. 1.306/1994).

É preciso verificar a lei de cada fundo para definir a natureza jurídica, que pode oscilar de
uma mera segregação patrimonial de uma pessoa jurídica (como o FAR e o FGE, que só tem

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fins contábeis) até a formação de um ente despersonalizado (como o FGP e o FAEP) ou, até
mesmo, de uma pessoa jurídica (como uma fundação).
No caso dos fundos de investimento, eles são entes despersonalizados, são considerados
condomínios de natureza especial e estão regidos genericamente pelos arts. 1.368-C ao 1.368-
F do CC. Alguns fundos de investimento possuem leis específicas, como o fundo de investi-
mento imobiliário (Lei n. 8.668/1993).
Se o fundo constituir um ente despersonalizado ou uma pessoa jurídica, é ele quem deve
figurar como parte em contratos e em outros atos jurídicos, ainda que sob a representação de
alguma pessoa jurídica que o administre. Afinal, ele tem aptidão para ter direitos e deveres por
força de lei, apesar de não ter personalidade jurídica6. Se, porém, ele for uma mera segregação
patrimonial, é a pessoa jurídica titular dos bens que praticará atos jurídicos. O tema, porém,
é controverso e há serventias notariais e de registro que se recusam a colocar o nome do fun-
do que não seja pessoa jurídica como parte em atos jurídicos, mesmo quando eles são entes
despersonalizados.
Isso basta para ficarmos com uma visão adequada das espécies de pessoas jurídicas.

2.5. Classificação das Pessoas Jurídicas quanto à Estrutura

Há uma classificação importante para as provas de concurso. Você precisa conhecê-la.


Trata-se da classificação das pessoas jurídicas quanto à estrutura.
Quanto à estrutura, as pessoas jurídicas podem ser: (1) universitas personarum (universali-
dade de pessoas): a sua estrutura é decorrente da união de pessoas, como se dá na sociedade,
nas associações, na EIRELI7, nos partidos políticos e nas organizações religiosas, cuja com-
posição envolve necessariamente pessoas; (2) universitas bonorum (universalidade de bem):
a estrutura da pessoa jurídica não é composta por pessoas, e sim por um patrimônio afetado
a uma finalidade, a exemplo das fundações, que não possuem “sócios”, e sim um conjunto de
bens destinado a um dos fins do art. 62, parágrafo único, CC.

6
O fato de não ter personalidade jurídica limita a sua liberdade: só lhe é permitido praticar atos que a lei ou os costumes
autorizam (legalidade estrita), ao contrário da legalidade ampla estendida às pessoas naturais e jurídicas.
7
A EIRELI envolve uma pessoa (o titular) na sua estrutura, e não bens, razão por que é uma universitas personarum, e não
uma universitas bonorum.

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2.6. Representação das Pessoas Jurídicas

Meu amigo e minha amiga, você sabe que as pessoas jurídicas são invisíveis. Daí tiramos
o seguinte problema: como uma pessoa jurídica pode assinar um contrato ou fazer algum ato?
Naturalmente, ela precisará ser representada. Vamos falar sobre isso.
Como ente invisível, a pessoa jurídica depende de algum indivíduo para praticar atos em
nome dela. Em regra, o administrador – assim nomeado segundo as regras internas da pes-
soa jurídica – tem poderes para praticar atos em nome da pessoa jurídica, como assinar um
cheque, por exemplo, salvo se extrapolar os poderes definidos no ato constitutivo (que pode
proibi-lo, p. ex., de assinar cheques em nome da pessoa jurídica). Cabe aos terceiros verificar o
ato constitutivo da pessoa jurídica para verificar se há ou não vedação ao administrador para
a prática do ato. Se o administrador praticar um ato além (= ultra) dos seus poderes (= vires),
esse ato não vinculará a pessoa jurídica. Trata-se do que se chama Teoria Ultra Vires, sediada
nos arts. 47 e 1.015 do CC. O CC não adotou a Teoria da Aparência, que se opõe à teoria ultra
vires, por prestigiar terceiros de boa-fé.
Apesar da adoção da Teoria Ultra Vires pelo CC, ela deve ser flexibilizada com as seguintes
ressalvas, extraídas do Enunciado 219/JDC:

(a) o ato ultra vires não produz efeito apenas em relação à sociedade;
(b) sem embargo, a sociedade poderá, por meio de seu órgão deliberativo, ratificá-lo;
(c) o Código Civil amenizou o rigor da teoria ultra vires, admitindo os poderes implícitos dos
administradores para realizar negócios acessórios ou conexos ao objeto social, os quais
não constituem operações evidentemente estranhas aos negócios da sociedade;
(d) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por ações, em virtude da existência de regra
especial de responsabilidade dos administradores (art. 158, II, Lei n. 6.404/76).

O mero fato de ser sócio de uma pessoa jurídica não lhe outorga poderes de representação
dela. É preciso que esse sócio seja administrador, encargo que pode ser outorgado a quem não
é sócio também.

2.7. Caso da Sociedade Anônima: Adoção da Teoria da Aparência

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A teoria ultra vires não foi adotada para as sociedades anônimas por existir dispositivo di-
verso na Lei das Sociedades Anônimas (LSA – Lei n. 6.404/1976) a afastar, nesse ponto, o CC:
o art. 158, II, da LSA, ao responsabilizar civilmente o administrador por ato de violação da lei ou
do estatuto, afasta o parágrafo único do art. 1.015 do CC.
Nesse sentido, o enunciado n. 219/JDC dispõe:

(...) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por ações, em virtude da existência de regra
especial de responsabilidade dos administradores (art. 158, II, Lei n. 6.404/76).

Assim, os  atos ultra vires praticados pelo administrador vinculam a sociedade anônima,
assegurado, porém, a esta pleitear indenização contra o administrador.

2.8. Efeitos do Registro


Aluno(a), a  doutrina costuma falar sobre os efeitos jurídicos decorrentes do registro do
ato constitutivo de uma pessoa jurídica. Você também precisa saber disso para enfrentar as
provas.
Vamos lá.
O registro do ato constitutivo no órgão competente, ao criar a pessoa jurídica (PJ), gera os
seguintes efeitos: (1) patrimonial: o patrimônio da PJ é diverso do dos seus membros; (2) pes-
soal: a personalidade jurídica da PJ não se confunde com a pessoa natural dos seus membros;
(3) processual: a legitimidade para ser parte em processos é da PJ, e não dos seus membros;
(4) obrigacional: as obrigações da PJ não são dos membros. Assim, ao se fazer um contrato
com uma pessoa jurídica, os seus membros não estão se vinculando ao contrato, de maneira
que, em princípio, eventual ação judicial discutindo o contrato deverá ser proposta contra a
pessoa jurídica como polo passivo, e não contra os seus membros.

2.9. Desconsideração da Personalidade Jurídica


2.9.1. Noções Gerais

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Chegamos agora na parte que mais é cobrada em concurso no tema de pessoa jurídica: a
chamada desconsideração da personalidade jurídica.
Antes de tudo, veja esta questão e responda:

Questão 4 (FCC/SABESP/ADVOGADO/2014) A desconsideração da personalidade jurídica.


a) acarreta a extinção da pessoa jurídica.
b) deve ser decretada, inclusive nas relações civis, sempre que a pessoa jurídica se tornar in-
solvente, não importando a razão que a tenha levado à insolvência.
c) pode atingir sócio que não tenha sido designado administrador pelo contrato social.
d) atinge, em qualquer hipótese, apenas os sócios de maior capital.
e) é decretada, imediatamente, se a administração da pessoa jurídica vier a faltar.

Letra c.
Nos relembra que a desconsideração atinge qualquer sócio ou o administrador (ainda que não
seja sócio) nas hipóteses da lei. Vamos estudar a matéria.

Antes de tudo, veja este quadro de resumo:

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


É a regra geral (art. 50 do CC).
TEORIA MAIOR Requisitos (ao menos um dos Confusão patrimonial (teoria maior objetiva)
seguintes requisitos) Desvio de finalidade (teoria maior subjetiva)

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É exceção e tem de ser prevista em lei específica ou, no caso de dívidas trabalhistas, em
princípio constitucional.

Requisito Basta o mero adimplemento da dívida

perante consumidor (art. 28, § 5º, CDC)

TEORIA MENOR decorrentes de danos ambientais (art. 4º, Lei


9.605/1998)
Casos de dívidas:
Trabalhistas (jurisprudência do TST, que aplica, por ana-
logia, o art. 28, § 5º, do CDC em favor do trabalhador
em razão do princípio constitucional da vulnerabilidade
do trabalhador.
É atingir a pessoa jurídica por dívidas pessoais de um
dos sócios, desde que presente algum dos requisi-
Desconsideração inversa ou tos da teoria maior, tudo conforme § 3º do art. 50 do
às avessas CC. Em outras palavras, é a “extensão das obrigações
dos sócios ou de administradores à pessoa jurídica”
(art. 50, § 3º, CC).
É atingir outra pessoa jurídica que indiretamente
mantém confusão patrimonial com a pessoa jurídica
Casos especiais
devedora.
Desconsideração. indireta Não é cabível com mera existência de um grupo eco-
nômico; é preciso prova do abuso da personalidade
jurídica (art. 50, § 4º, CC; e STJ, REsp 1266666/SP, 3ª
Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 25/08/2011).
É atingir um terceiro (um “sócio” ardilosamente escon-
Desconsideração expansiva dido) em hipóteses em que os sócios formais da
pessoa jurídica devedora são meros “laranjas”.

Em princípio, em qualquer dos casos acima, há necessidade de observância do proce-


PROCEDIMENTO
dimento judicial do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (art. 133 e
JUDICIAL
ss, CPC).

A desconsideração da personalidade jurídica é a suspensão temporária da autonomia pa-


trimonial da pessoa jurídica, de modo a permitir que o patrimônio dos sócios ou dos admi-
nistradores respondam por dívidas dela. Não há extinção da pessoa jurídica, mas apenas a
suspensão da autonomia patrimonial. O fundamento da teoria da desconsideração da perso-
nalidade jurídica é o abuso de direito, que é um ato ilícito (art. 187, CC) e que ocorre quando

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os sócios se valem abusivamente da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para frustrar


credores. A teoria da desconsideração da personalidade também é conhecida como disregard
theory, disregard of legal entity ou teoria do levantamento do véu.
Despersonificação da pessoa jurídica é fenômeno diverso; é a extinção da pessoa jurídica.
Não se confunda desconsideração com responsabilização pessoal. Esta última hipótese é
aquela em razão da qual uma pessoa pode responder por dívida de outra por força de lei. Pas-
sa a haver dois coobrigados pela dívida toda a responsabilização pessoal. É o que sucede na
responsabilidade pessoal das sociedades integrantes do mesmo grupo econômico em dívidas
trabalhistas (art. 2º, § 2º, CLT) e na responsabilização pessoal do sócio, do administrador ou de
terceiros por dívidas tributárias de pessoa jurídica no caso de infração à lei, ao contrato social
ou ao estatuto social ou em outros casos legais (arts. 134 e 135, CTN). Já na desconsideração
da personalidade jurídica, o  que há é uma suspensão temporária da autonomia patrimonial
para permitir a excussão de bens do sócio ou administrador que perpetrou abuso de direito.
A doutrina costuma falar que há duas espécies de teoria da desconsideração da persona-
lidade jurídica: a maior e a menor. Vamos cuidar delas.

2.9.2. Teoria Maior

A teoria maior da desconsideração jurídica é a regra geral e está no art. 50 do CC. Ela se
aplica a qualquer pessoa jurídica, desde que esteja presente o seguinte requisito: o inadimple-
mento e o abuso da personalidade jurídica. O mero inadimplemento não é suficiente. Não há
necessidade de insolvência ou falência.
Esse abuso da personalidade jurídica deve necessariamente enquadrar-se em um desvio
de finalidade ou em uma confusão patrimonial.
O desvio de finalidade se dá quando os membros da pessoa jurídica desviam o objeto so-
cial da pessoa jurídica com a intenção de fraudar os credores. Nas palavras do § 1º do art. 50,

É a utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos
de qualquer natureza.
Não basta a mera expansão ou alteração da finalidade original da atividade econômica específica
da pessoa jurídica (§ 5º do art. 50, CC).

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É preciso haver o propósito de lesar credores ou praticar ilícitos. Como se vê, o desvio de
finalidade depende da presença de um requisito subjetivo (a intenção de fraudar), o que autori-
za designar essa hipótese como teoria maior subjetiva.
Trata-se de situação difícil de ser provada e caracterizada. Se uma sociedade com o objeto
social de prestar cursos de capacitação passa a exercer a venda de lanches, esse desvio de
finalidade só autorizará a desconsideração da personalidade jurídica se houver intenção de
prejudicar os credores. Se essa mudança finalística decorreu de sobrevivência financeira, não
há má-fé e, portanto, é descabida a desconsideração.
A confusão patrimonial ocorre quando, de fato, os bens da pessoa jurídica se confundem
com os dos sócios, ou seja, quando não há, de fato, separação entre os patrimônios. Aí não
há necessidade de prova de intenção de fraudar; basta a prova do fato objetivo da confusão
patrimonial, razão por que essa hipótese é designada de teoria maior objetiva. Os incisos I a III
do § 2º do art. 50 do CC especificam três hipóteses em que a confusão patrimonial é admitida:

I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-ver-


sa.
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor pro-
porcionalmente insignificante.
III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

Há discussão sobre a taxatividade ou não dessas hipóteses de confusão patrimonial. En-


tendemos que o rol não é taxativo por conta da amplitude do inciso III do § 2º do art. 50 do CC,
o qual admite, como caracterizador da confusão patrimonial, “outros atos de descumprimento
da autonomia patrimonial”. Nesse sentido, escrevemos em artigo sobre o assunto8:

O § 2º do art. 50 do CC apenas define o óbvio: confusão patrimonial é a mistura do patrimônio da


pessoa jurídica com o dos sócios. Nos seus incisos, são arroladas, apenas a título ilustrativo, algu-
mas das inúmeras situações em que isso pode ocorrer. De fato, o caráter meramente exemplificati-
vo desses incisos é dado pelo inciso III, que admite, como caracterizador da confusão patrimonial,
“outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial”.
Assim, por exemplo, embora o inciso I do § 2º do art. 50 do CC preveja o “cumprimento repetitivo
pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa” como exemplo de confu-

8
OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. A Lei da Liberdade Econômica: diretrizes interpretativas da nova Lei e Aná-
lise detalhada das mudanças no Direito Civil e no Registros Públicos. Disponível em: www.flaviotartuce.adv.br/
artigos_convidados. Elaborado em 21 de setembro de 2019-B, p. 15.

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são patrimonial, é certo que, mesmo se esse cumprimento não for repetitivo (ex.: a sociedade, com
seus próprios recursos, paga uma única dívida pessoal dos sócios), estará configurada a confusão
patrimonial. A única cautela que se deve ter aí é com o fato de que a dívida paga deve ser econo-
micamente relevante à luz do princípio da proporcionalidade, pois de minimis non curat praetor9.
Por ilustração, se a pessoa jurídica pagou uma única conta de telefone no valor de R$ 100,00 do
sócio, é desproporcional categorizar tal fato como uma “confusão patrimonial”. Se, porém, a pessoa
jurídica pagou uma conta de R$ 20.000,00 do sócio, aí haveria proporcionalidade. Igualmente, se a
pessoa jurídica pagou inúmeras contas pequenas do sócio (ex.: inúmeras contas de telefone), aí já
haveria proporcionalidade diante do fato de que o somatório dos valores das contas assume valor
econômico relevante. Enfim, a adequação típica não é meramente formal, mas deve ser também
material, ou seja, substancial: tem de haver relevância financeira no ato de confusão patrimonial.

Encerramento irregular das atividades da PJ não é, por si só, motivo para a desconsideração
da pessoa jurídica, pois isso não representa confusão patrimonial nem desvio de finalidade
(Enunciado n. 282/JDC; STJ, EREsp 1306553/SC, 2ª Seção, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJe
12/12/2014).
A dissolução ou encerramento irregular de pessoa jurídica ocorre quando os seus sócios “fe-
cham” as portas sem adotar o procedimento formal para a extinção da pessoa jurídica previsto
no art. 51 do CC (dissolução, liquidação e cancelamento do registro). Não se pode presumir
ato abusivo nessa conduta, pois frequentemente tal ocorre em razão da crise financeira da em-
presa, que não dispõe de recursos sequer para a contratação de profissionais para a realização
dessa operação formal de encerramento.
Esclareça-se que a Súmula n. 435/STJ cuida de redirecionamento de execução fiscal com base
na interpretação dos arts.  134 e 135 do CTN, que versam sobre responsabilização pessoal,
e não de desconsideração da personalidade jurídica.

Não é cabível a desconsideração da personalidade jurídica pela mera mudança de endereço de


sede da pessoa jurídica sem comunicação, pois isso não se enquadra em confusão patrimo-
nial nem em desvio de finalidade (STJ, REsp 970.635/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi,
DJe 01/12/2009).
9
De coisas pequenas não cuida o juiz.

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2.9.3. Teoria Menor

A teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica contenta-se com o mero


inadimplemento de uma obrigação pela pessoa jurídica para a suspensão da autonomia pa-
trimonial. Não há necessidade de prova de abuso da personalidade jurídica. É preciso haver
previsão legal expressa ou, ao menos, fundamento principiológico consistente, pois a teoria
menor afasta a regra geral do art. 50 do CC.
A teoria menor é aplicada para dívidas perante consumidor (art. 28, § 5º, CDC), dívidas
por danos ambientais (art. 4º, Lei 9.605/1998) e dívidas trabalhistas (princípio da vulnerabi-
lidade do trabalhador, que atrai, segundo o TST, por analogia, o art. 28, § 5º, do CDC em prol
dos obreiros).

2.9.4. Casos Especiais

Aluno(a), a doutrina e a jurisprudência têm desenvolvido novas hipóteses de desconside-


ração! Cuidado!
É possível admitir novas formas de desconsideração com fundamento na vedação do abu-
so de direito prevista no art. 187 do CC e na aplicação analógica do art. 50 do CC. Afinal de
contas, a teoria da desconsideração da personalidade nasceu exatamente como reação a con-
dutas abusivas dos devedores em aproveitar-se da autonomia patrimonial da pessoa jurídica
para frustrar credores. Nesse sentido, é possível admitir diversos tipos de variações da des-
consideração, como as desconsiderações inversa, indireta e a expansiva bem como a teoria
da sucessão de empresas, além de haver doutrinadores a admitir outras situações, como a
desconsideração por subcapitalização (contra a qual fazemos ressalvas na forma abaixo).
Vamos para a primeira hipótese: a desconsideração inversa.
Desconsideração inversa ou às avessas é a suspensão da autonomia patrimonial da pes-
soa jurídica para permitir que os bens destas respondam por dívidas pessoais dos sócios.
É preciso haver prova dos requisitos do art. 50 do CC: abuso de direito por meio de confusão
patrimonial ou desvio de finalidade. Isso pode acontecer até mesmo em direito de família: o
marido que, antes do divórcio, esconde seus bens na pessoa jurídica para ocultar da esposa

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incorre em confusão patrimonial com esta, de modo que a esposa, por ocasião da partilha de
bens decorrentes de divórcio, poderá reivindicar penhora de bens da pessoa jurídica para ga-
rantir a sua meação sobre o patrimônio ocultado. O fundamento legal são os arts. 187 e 50, CC.
E você já ouviu falar da desconsideração indireta? Vamos falar dela.
Desconsideração indireta é permitir que respondam pela dívida de uma pessoa jurídica os
bens de uma outra que, com o objetivo de frustrar credores, mantenha confusão patrimonial
ou desvio de finalidade com a pessoa jurídica devedora. Não importa o vínculo jurídico man-
tido entre essas pessoas jurídicas (societário, joint venture etc.), pois ele é meramente formal
diante do abuso de direito. Essa hipótese autoriza que entes do mesmo grupo econômico
respondam por dívidas uma das outras, desde que seja provado o abuso da personalidade
jurídica. O  mero fato de ser integrante do mesmo grupo econômico não é suficiente para a
desconsideração indireta (art. 50, § 4º, CC; e STJ, REsp 1266666/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy
Andrighi, DJe 25/08/2011).
Há ainda a desconsideração expansiva.
Desconsideração expansiva é a desconsideração de uma pessoa jurídica para atingir o pa-
trimônio de “pessoas” que, com o intento fraudulento de frustrar os credores, mantêm-se escon-
didos, atuando como um verdadeiro “sócio escondido”. Não se deve empregar a expressão “só-
cio oculto” aí para não causar confusão com a expressão técnica utilizada em tipos societários
legítimos, como a sociedade em conta de participação (formada por sócios ostensivos e ocul-
tos). Nesse caso, a desconsideração da pessoa jurídica expande-se para atingir os bens desses
sócios escondidos. Assim, por exemplo, se uma pessoa, por algum meio fraudulento, logra criar
uma sociedade da qual serão sócios dois “laranjas” (pessoas que nem sabem disso) para viver
a subtrair o patrimônio dessa pessoa jurídica, os credores desta poderão pedir a desconsidera-
ção para atingir os bens desse indivíduo fraudador, que é um “sócio ardilosamente escondido”.
Igualmente, a gente pode falar da teoria da sucessão de pessoas jurídicas como uma so-
fisticação da teoria da desconsideração.
A teoria da sucessão de pessoas jurídicas é uma sofisticação da desconsideração da per-
sonalidade jurídica para permitir que os bens de pessoa jurídica que sucedeu uma outra pos-
sa ser responsabilizado nos casos que essa sucessão ocorreu com abuso de direito, como

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sucederia na hipótese de a nova pessoa jurídica desempenhar a mesma atividade e manter a


mesma estrutura material e imaterial (móveis, empregados etc.).
Por fim, você sabia que há quem sustente a desconsideração da personalidade jurídica em
razão de subcapitalização?
Explico. Havendo a constituição de uma pessoa jurídica com capital social manifestamen-
te incompatível com a dimensão da atividade a ser desempenhada, haveria abuso de direito a
autorizar a desconsideração da personalidade jurídica, pois os sócios estão pretendendo “fugir
dos prováveis riscos do negócio” (Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves, 2016, p. 494). Guar-
damos, porém, ressalvas a essa hipótese, pois, além de o capital social não ter conexão dieta
com o patrimônio real da sociedade – que varia ao longo do tempo e que efetivamente tem
relevância perante os credores –, a subcapitalização não se encaixa nas hipóteses de abuso
da personalidade jurídica do art. 50 do CC (nem é confusão patrimonial nem desvio de finalida-
de). Se tivéssemos de admitir a deconsideração por subcapitalização, no máximo, dever-se-ia
limitar a desconsideração da personalidade até o valor do capital social que seria razoável,
pois parece exagerado responsabilizar os sócios além disso. O fundamento dessa heterodoxa
hipótese de desconsideração seria uma interpretação conjugada do princípio da vedação do
abuso de direito (art. 187, CC) com da obrigação dos sócios de responder pessoalmente até a
integralização do capital social (art. 1.052, CC) e com a incidência analógica do art. 50 do CC.

2.10. Extinção da Pessoa Jurídica

Como “morre” uma pessoa jurídica?


Vamos falar disso. Antes, veja esta questão e responda.

Questão 5 (CESPE/TJ-DFT/2013) São duas as possibilidades de extinção da pessoa jurídi-


ca, na forma convencionada nos atos constitutivos ou por determinação judicial, não havendo,
no Brasil, possibilidade de extinção de sociedade privada por ato da administração pública.

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Errado.
Há várias hipóteses de dissolução e uma delas é a administrativa, que decorre de ato adminis-
trativo que cassa a autorização de funcionamento da pessoa jurídica, conforme estudaremos
mais abaixo.

A extinção de uma pessoa jurídica deve atravessar três etapas: dissolução, liquidação e
cancelamento do registro (art. 51, CC). Só com esse último ato ocorre a efetiva extinção do
ente. Sobre a extinção da PJ, consultem-se os arts. 46, VI (registro da PJ com condições de ex-
tinção da PJ e destino do patrimônio), 54, VI (condições de dissolução no estatuto da associa-
ção), 61 (destino do patrimônio da associação), 69 (extinção da fundação) e 1.033 (hipóteses
de dissolução da sociedade) do CC.
A dissolução é a fase de anúncio de que a pessoa jurídica começará o seu processo de
encerramento (daí o verbete dissolução). A dissolução deve ser averbada no registro público
para divulgação a terceiros. Há as seguintes modalidades de dissolução: (1) convencional: de-
corre de deliberação dos membros, conforme quórum estatutário ou legal; (2) administrativa:
ocorre quando há cassação da autorização para funcionamento; (3) legal: ocorre quando a lei
determina; (4) judicial: deriva de decisão judicial; (5) natural: falecimento de membro, sem que
seja reconstituída a pluralidade de membros. No caso de associação, o estatuto pode afastar a
intransmissibilidade da condição de associado (art. 56, CC), de maneira que, havendo a morte
dos associados (que é uma causa natural), não haverá dissolução da pessoa jurídica.

2.11. Direitos da Personalidade da Pessoa Jurídica

Quero encerrar falando sobre as particularidades da pessoa jurídica em matéria de direitos


da personalidade.
Os direitos da personalidade também se estendem, no que couber, às pessoas jurídicas,
conforme art. 52 do CC. Daí decorre o cabimento de dano moral em favor da pessoa jurídica

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de direito privado no caso de ofensa à sua honra objetiva, como sucede nas hipóteses de di-
vulgações de mensagens falsas contra a qualidade dos serviços prestados por uma pessoa
jurídica ou na hipótese de negativação indevida do nome de uma pessoa jurídica no cadastro
de inadimplentes. A pessoa jurídica possui honra objetiva, assim entendida a reputação social
(a reputação perante a coletividade), mas não honra subjetiva, que é a percepção que a pessoa
tem sobre si mesma. Somente as pessoas naturais possuem honra subjetiva, por serem seres
humanos, e não entes invisíveis como a pessoa jurídica.

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RESUMO
Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios.
É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o con-
teúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões.
De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com
a bola.
Seja como for, o ideal é você ler toda a teoria, e não só o resumo, para, depois, ir às ques-
tões.
O resumo desta aula é este:
• Os direitos da personalidade são direitos existenciais, ou seja, são direitos inerentes à
condição de pessoa;

Exemplo: integridade física, honra, imagem etc.

• Não há um catálogo exaustivo de direitos da personalidade (não há rol de tipologia de


“numerus clausus”);
• Características dos direitos da personalidade:
– indisponibilidade;
– inalienabilidade;
– imprescritibilidade;
– vitaliciedade;
– insuscetibilidade de limitação voluntária;
– oponibilidade erga omnes;
• Exceções à insuscetibilidade de limitação voluntária:
– lei ou
– princípios jurídicos (= bons costumes, boa-fé, ausência de abuso de direito);
• Mesmo depois de falecido, os direitos da personalidade da pessoa falecida devem ser
protegidos. A proteção desses direitos deve ser pleiteada por seus familiares nos ter-
mos do parágrafo único do art. 12 e do parágrafo único do art. 20 do CC;

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• Proteção dos direitos da personalidade: (1) tutela de obrigação de fazer ou de não fazer;
(2) indenização por dano moral;
• Dano moral: é a violação de um direito da personalidade;
• Pessoa jurídica é um ente invisível que possui personalidade jurídica;
• Pressupostos existenciais da pessoa jurídica: (1) a vontade humana que lhe dá origem;
(2) observância das condições legais para a sua criação; (3) licitude do objeto;
• Entre as teorias acerca da natureza jurídica da pessoa jurídica, prevalece a teoria da
realidade técnica, segundo a qual a existência da pessoa jurídica é real e concreta, mas
dependente de atos técnicos, como o registro;
• Espécies de pessoas jurídicas:
− Pessoa jurídica (PJ) de Direito Público externo: as regidas por Direito Internacional

Público, como os Estados Soberanos e as organizações internacionais (art. 42, CC);

− PJ de Direito Público interno: os entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) e

as respectivas autarquias, as respectivas autarquias e as demais entidades de cará-

ter público criadas por lei (art. 41, CC);

− PJ de Direito Privado: são as sociedades, as empresas individuais de responsabilida-

de limitada (Eireli), associações, fundações, organizações religiosas e partidos políti-

cos (art. 44, CC);

• Sociedade: união de pessoas com finalidade lucrativa. Casos em que pode ter apenas

1 sócio: (1) sociedade limitada (art.  1.052, §§  1º e 2º, CC); e (2) outros casos legais,
como subsidiária integral (art. 251, Lei n. 6.404/76) e sociedade unipessoal de advoca-
cia (art. 15, Lei n. 8.906/94);
• A pessoa jurídica é representada pelo administrador nos limites dos poderes do estatuto
social ou do contrato social. Atos praticados além dos poderes (ultra vires) não vinculam
à pessoa jurídica (teoria Ultra Vires), conforme arts. 47 e 1.015 do CC;
• A Teoria Ultra Vires foi adotada pelo CC, mas pode ser flexibilizada se a assembleia rati-
ficar o ato ultra vires do administrador ou se o administrador tiver atuado de acordo com
poderes implícitos;

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• Não se aplica isso para sociedade anônima, que possui regra própria no art. 158, II, da
Lei n. 6.404/76: a teoria Ultra Vires não foi adotada para sociedade anônima;
• Desconsideração da personalidade jurídica: é a suspensão temporária da autonomia
patrimonial da pessoa jurídica;
• A extinção de uma pessoa jurídica deve atravessar três etapas: dissolução, liquidação e
cancelamento do registro (art. 51, CC);
• Direitos da personalidade se aplicam, no que couber, a pessoas jurídicas;
• Pessoas jurídicas de direito privado podem sofrer dano moral;

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

É a regra geral (art. 50 do CC).

TEORIA MAIOR Requisitos (ao menos um dos Confusão patrimonial (teoria maior objetiva)
seguintes requisitos)
Desvio de finalidade (teoria maior subjetiva)

É exceção e tem de ser prevista em lei específica ou, no caso de dívidas trabalhistas, em
princípio constitucional.

Requisito Basta o mero adimplemento da dívida

perante consumidor (art. 28, § 5º, CDC)

TEORIA MENOR decorrentes de danos ambientais (art. 4º, Lei


9.605/1998)
Casos de dívidas:
Trabalhistas (jurisprudência do TST, que aplica, por ana-
logia, o art. 28, § 5º, do CDC em favor do trabalhador em
razão do princípio constitucional da vulnerabilidade do
trabalhador.

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É atingir a pessoa jurídica por dívidas pessoais de um


dos sócios, desde que presente algum dos requisi-
Desconsideração inversa ou tos da teoria maior, tudo conforme § 3º do art. 50 do
às avessas CC. Em outras palavras, é a “extensão das obrigações
dos sócios ou de administradores à pessoa jurídica”
(art. 50, § 3º, CC).
É atingir outra pessoa jurídica que indiretamente
mantém confusão patrimonial com a pessoa jurídica
Casos especiais
devedora.
Desconsideração. indireta Não é cabível com mera existência de um grupo eco-
nômico; é preciso prova do abuso da personalidade
jurídica (art. 50, § 4º, CC; e STJ, REsp 1266666/SP, 3ª
Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 25/08/2011).
É atingir um terceiro (um “sócio” ardilosamente escon-
Desconsideração expansiva dido) em hipóteses em que os sócios formais da pessoa
jurídica devedora são meros “laranjas”.
Em princípio, em qualquer dos casos acima, há necessidade de observância do
PROCEDIMENTO
procedimento judicial do incidente de desconsideração da personalidade jurídica
JUDICIAL
(arts. 133 e ss, CPC).

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Entre os direitos ressalvados pela lei ao nas-
cituro estão os direitos da personalidade, os quais estão entre aqueles que têm por objeto os
atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa.

Questão 2 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) De acordo com entendi-


mento sumulado no Superior Tribunal de Justiça, a  indenização pela publicação não autori-
zada de imagem de pessoa com fins econômicos e comerciais depende de prova do prejuízo.

Questão 3 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014) Admite-se, no ordenamento jurídico brasileiro, li-


mitação,  temporária ou permanente, dos direitos da personalidade, desde  que por vontade
expressa de seu titular.

Questão 4 (CESPE/PROCURADOR/PGE-AM/2016) Uma pessoa poderá firmar contrato


que limite seus direitos da personalidade caso o acordo seja-lhe economicamente vantajoso.

Questão 5 (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A ocorrência de grave e injusta


ofensa à dignidade da pessoa humana configura o dano moral, sendo desnecessária a com-
provação de dor e sofrimento para o recebimento de indenização por esse tipo de dano.

Questão 6 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2019/ADAPTADA) O ato de dis-


posição altruísta do próprio corpo para depois da morte, no todo ou em parte é válido, mas o
ato jurídico que a consagrou é irrevogável.

Questão 7 (CESPE/JUIZ/TJPR/2019) Conforme os direitos da personalidade, a disposição


do próprio corpo é
a) permitida, se por vontade pessoal e para fins científicos, ainda que implique em diminuição
da integridade física.
b) proibida para fins de transplante, ainda que a disposição seja parcial.
c) permitida, após a morte, para fins científicos e de forma gratuita.

d) proibida, após a morte, se parcial e com fins altruísticos.

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Questão 8 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2019/ADAPTADA) O pseudôni-


mo adotado para atividades lícitas, desde que averbado à margem do nome no cartório do
registro civil, goza da mesma proteção que se concede ao nome.

Questão 9 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2019/ADAPTADA) O nome da


pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a expo-
nham ao desprezo público, salvo nas hipóteses de interesse científico ou literário e sem que
haja intenção difamatória.

Questão 10 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJTJ-MG/2019/ADAPTADA) A divulga-


ção de escritos, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento, salvo se autorizadas, ou necessárias à administração da justiça ou à ma-
nutenção da ordem pública.

Questão 11 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) É facultada a substituição


do prenome por apelidos públicos notórios.

Questão 12 (VUNESP/PROCURADOR/ESEF-SP/2019) A respeito de travestis e transgêne-


ros, em ação direta de inconstitucionalidade, com fundamento, entre outros, nos princípios da
dignidade da pessoa humana, da honra e da imagem, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
a) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamen-
tos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e gênero por meio de
ação judicial.
b) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamen-
tos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e gênero diretamente
no registro civil.
c) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, mas condicionados à reali-
zação de tratamentos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e
gênero por meio de ação judicial.
d) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, mas condicionados à reali-
zação de tratamentos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e
gênero diretamente no registro civil.

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e) os pedidos de alteração de prenome e gênero devem se basear em certificações médicas ou


psicológicas, pois não podem ser baseados unicamente no consentimento livre e informado
pelo solicitante, em razão da obrigatoriedade de comprovar os requisitos.

Questão 13 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A internação psiquiátrica


involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público
Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse
mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.

Questão 14 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-SE/2014) As


informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser utilizadas para fins diversos
dos que motivem seu armazenamento, registro ou uso, ainda que haja autorização do titular.

Questão 15 (CESPE/ADVOGADO/TELEBRAS/2015) O STF firmou o entendimento de que é


permitida a publicação da biografia de uma pessoa, sem a prévia autorização do biografado,
sendo possível posterior direito de resposta em caso de violação à honra do indivíduo retrata-
do e de abuso da liberdade de expressão.

Questão 16 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/2019) A pessoa


jurídica de direito público
a) pode sofrer dano moral, desde que, apenas, seja demonstrada ofensa à sua honra objetiva.
b) pode sofrer violação de dano moral, atingida em seus direitos objetivos e os subjetivos.
c) pode pleitear indenização de dano coletivo, desde que represente a violação a um dano
social.
d) não é titular de indenização por dano moral relacionado à ofensa de sua honra ou imagem.
e) não sofre violação de direitos objetivos ou subjetivos, posto que é um ente sem personali-
dade própria.

Questão 17 (IDIB/ADVOGADO/CREMERJ/2019) Com base nas disposições do Código Civil


sobre as pessoas jurídicas, assinale a alternativa correta:

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a) São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.
b) São pessoas jurídicas de direito privado, dentre outras, as associações públicas.
c) As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito público interno.
d) Os Territórios não são pessoas jurídicas de direito público interno.

Questão 18 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2016/ADAPTADA) Dentre as pessoas jurídicas de direito


público interno, estão as autarquias, as associações públicas, as entidades de caráter privado
que se tenha dado estrutura de direito público.

Questão 19 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) A qua-


lidade de associado é intransmissível, salvo por sucessão legítima.

Questão 20 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) Sobre


associações, de acordo com o Código Civil brasileiro, (...) a convocação dos órgãos delibera-
tivos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de promovê-la.

Questão 21 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) Ne-


nhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitima-
mente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

Questão 22 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) A ex-


clusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimen-
to que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Questão 23 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-SE/2014)


Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido deve ser destinado a enti-
dade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, a instituição municipal,
estadual ou federal, independentemente de ulterior deliberação dos associados para destinar
o patrimônio social a alguma outra entidade que também persiga fins não econômicos.

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Questão 24 (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016/ADAPTADA) As fundações são entidades de direi-


to privado e se caracterizam pela união de pessoas com o escopo de alcançarem fins não
econômicos.

Questão 25 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-DFT/2014/


ADAPTADA) Pode-se instituir fundação, como disposição de última vontade, por testamento
público, cerrado ou particular, observados, em cada caso, os requisitos legais.

Questão 26 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-DFT/2014


ADAPTADA) As fundações instituídas como autarquias pelo poder público estão sujeitas ao
controle financeiro e orçamentário do MPF e dos MPs estaduais, conforme o âmbito de sua
atuação.

Questão 27 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PI/2014) O atual Código Civil adotou a teoria ultra


vires como regra; assim, a pessoa jurídica sempre responde pelos atos que seus administrado-
res praticarem com excesso dos poderes conferidos a eles pelos atos constitutivos.

Questão 28 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PI/2014) A vontade humana não constitui ele-


mento da personificação da pessoa jurídica.

Questão 29 (CESPE/DIPLOMATA/INSTITUTO RIO BRANCO/2016) Ao adquirir personalida-


de jurídica, a pessoa jurídica torna-se suscetível de direitos e obrigações e passa a ter existên-
cia própria, independentemente da pessoa de seus sócios, instituidores e administradores.

Questão 30 (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/2015)


Consoante a jurisprudência do STJ, a  desconsideração da personalidade jurídica é medida
excepcional e está subordinada à comprovação do abuso da personalidade jurídica, caracteri-
zado por
a) confusão patrimonial e dissolução irregular.
b) desvio de finalidade conjugado com confusão patrimonial.
c) desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
d) desvio de finalidade e dissolução irregular.
e) mera dissolução irregular.

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Questão 31 (CESPE/AUDITOR/TCE-PA/2016) De acordo com o Código Civil, o encerramen-


to irregular de determinada sociedade empresária é, por si só, causa suficiente para a descon-
sideração da personalidade jurídica.

Questão 32 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2016/ADAPTADA) Conforme entendimento prevalente


do STJ, a  dissolução da sociedade comercial, ainda que irregular, não é causa que, isolada,
baste à desconsideração da personalidade jurídica.

Questão 33 (CESPE/PROCURADOR/TCU/2015/ADAPTADA) A dissolução irregular de so-


ciedade é, por si só, causa para a desconsideração da personalidade civil por configurar des-
vio da finalidade institucional.

Questão 34 (CESPE/DIREITO/FUNPRESP-EXE/2016) Situação hipotética: Os sócios de

uma empresa decidiram dissolvê-la após a morte de um deles, mas não deram baixa na

junta comercial. Assertiva: Nessa situação, tal fato, por si só, não dá ensejo à aplicação

da teoria da desconsideração da personalidade jurídica com vistas a atingir os bens par-

ticulares do sócio-administrador para pagamento de dívidas da sociedade.

Questão 35 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A desconsideração in-

versa da personalidade jurídica se dá quando o credor busca estender a uma determinada

pessoa jurídica - de cujo devedor seja sócio - a responsabilidade patrimonial por dívida da

pessoa física.

Questão 36 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) Para a teoria menor

da desconsideração da personalidade jurídica, acolhida pelo Código Civil, notadamente

após o advento da chamada Lei da Liberdade Econômica, além da prova da insolvência

da pessoa jurídica, é necessária a demonstração do desvio de finalidade ou da confusão

patrimonial entre a pessoa jurídica e seus sócios.

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Questão 37 (CESPE/JUIZ/TJPA/2019) No direito pátrio, as hipóteses de desconsidera-

ção da personalidade jurídica abarcam duas teses majoritariamente aceitas pela doutrina

e pela jurisprudência dominantes. Elas se diferenciam precipuamente quanto aos requi-

sitos para que um órgão jurisdicional possa desconsiderar a personalidade jurídica de

uma sociedade personificada, de modo a atingir o patrimônio dos seus sócios para o pa-

gamento de uma obrigação inadimplida: a primeira considera necessário que tenha ocor-

rido abuso de personalidade jurídica, caracterizado por desvio de finalidade ou confusão

patrimonial; a segunda teoria considera que, para a desconsideração da personalidade,

basta a apresentação de mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento

de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de con-

fusão patrimonial.
Considerando o entendimento doutrinário majoritário e a jurisprudência dominante do STJ, as-
sinale a opção que indica, respectivamente, a denominação dada à segunda teoria de que trata
o texto apresentado e o ramo do direito ao qual ela se aplica no ordenamento jurídico brasileiro
excepcionalmente.
a) teoria menor da desconsideração/direito civil
b) teoria menor da desconsideração/direito ambiental
c) teoria maior objetiva da desconsideração/direito civil
d) teoria maior subjetiva da desconsideração/direito do consumidor
e) teoria maior objetiva da desconsideração/direito do consumidor

Questão 38 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-DFT/2014/


ADAPTADA) No Código Civil brasileiro, é prevista a desconsideração da personalidade jurídica
em caso de abuso caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial, de modo
a assegurar ao credor acesso aos bens particulares dos administradores e sócios da empresa
para a satisfação de seu crédito.

Questão 39 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) Considerando o interesse


em proteger bens jurídicos específicos e socialmente relevantes, o Código de Defesa do Con-

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sumidor e a legislação ambiental afastam, em todos os casos por eles regulados, a discussão
acerca do desvio de finalidade.

Questão 40 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A desconsideração da


pessoa jurídica somente pode ser decretada em incidente obrigatório, conforme legislação
processual pertinente, assegurando-se amplos contraditório e defesa, de modo a evitar a prá-
tica de abusos.

Questão 41 (VUNESP/JUIZ/TJ-RJ/2019) Pedro é sócio, juntamente com sua esposa Maria,


da pessoa jurídica “PM LTDA”. Maria, sem o conhecimento de Pedro, começou a desviar valo-
res dos cofres da empresa, mediante a emissão de notas fiscais frias, para Ricardo, seu con-
cubino. Em razão dos desvios realizados por Maria, a empresa “PM LTDA” parou de pagar seus
fornecedores, que ajuizaram demanda visando receber os valores devidos. Pedro descobriu a
traição e divorciou-se de Maria, que foi viver com seu concubino com todos os valores desvia-
dos da “PM LTDA”. Os fornecedores requereram a desconsideração da personalidade jurídica,
para que pudessem satisfazer seus créditos com o patrimônio pessoal de Maria e de Pedro.
Assinale a alternativa correta.
a) Pode haver a desconsideração da personalidade jurídica e os bens de Pedro e Maria irão
responder pelas dívidas da empresa, em razão do desvio de finalidade.
b) Os bens pessoais de Pedro não podem responder pelas dívidas da empresa, tendo em vista
que não houve ato doloso de sua parte, bem como ele não se beneficiou direta ou indiretamen-
te dos desvios.
c) Apenas os bens de Ricardo podem ser alcançados pela desconsideração da personalidade
jurídica, pois, apesar de não ser sócio, praticou atos dolosos de confusão patrimonial.
d) Apenas se for comprovada a culpa grave de Pedro na administração da pessoa jurídica é
que poderá ser realizada a desconsideração da personalidade jurídica e seus bens pessoais
responderem pelas dívidas da “PM LTDA”.
e) A desconsideração da personalidade jurídica apenas pode ocorrer em caso de confusão pa-
trimonial e, como não houve a transferência de valores para os sócios e sim para um terceiro,
não podem os bens pessoais de Pedro e Maria responderem pelas obrigações da sociedade.

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GABARITO

1. C 28. E
2. E 29. C
3. E 30. c
4. E 31. E
5. C 32. C
6. E 33. E
7. c 34. C
8. E 35. C
9. E 36. E
10. C 37. b
11. C 38. C
12. b 39. C
13. C 40. E
14. E 41. b
15. C
16. d
17. a
18. E
19. E
20. C
21. C
22. C
23. E
24. E
25. C
26. E
27. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (CESPE/ADVOGADO/AGU/2015) Entre os direitos ressalvados pela lei ao nas-
cituro estão os direitos da personalidade, os quais estão entre aqueles que têm por objeto os
atributos físicos, psíquicos e morais da pessoa.

Certo.
O nascituro tem direitos da personalidade por se cuidar de um ser humano em formação, es-
pecialmente os relacionados aos seus atributos físicos, psíquicos e morais. Ameaças à sua
integridade física, psíquica e moral devem ser coibidas. Neste sentido:
a) o STJ admite dano moral em favor do nascituro nos casos de morte do pai ou de lesão à
saúde (STJ, REsp 1.170.239, 4ª Turma, Rel. Min. Marco Buzzi, DJe 28/08/2013);
b) a Lei da Alimentos Gravídicos (Lei n. 11.804/2008) assegura ao nascituro o direito a pensão
alimentícia;
c) o STF distinguiu o embrião in vitro do nascituro: este, por ter direitos da personalidade e por
ser um embrião em gestão, não poderia ser objeto de pesquisas científicas, ao contrário do
embrião in vitro, que é um embrião em proveta e que pode ser objeto de pesquisa científica
na forma da Lei de Biossegurança/Lei n. 11.105/2005 (STF, ADI 3510, Pleno, Rel. Min. Ayres
Britto).
Igualmente, assim dispõe o enunciado n. 1/JDC:

Art. 2º A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direi-
tos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura.

Questão 2 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) De acordo com enten-


dimento sumulado no Superior Tribunal de Justiça, a  indenização pela publicação não
autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos e comerciais depende de prova
do prejuízo.

Errado.
Trata-se de hipótese de dano moral presumido (dano moral in re ipsa), assim entendido aquele
que dispensa de prova de prejuízo porque a experiência demonstra que há dano pela só ocor-

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rência do fato. O dano moral presumido é uma decorrência das regras da experiência, que é
meio de prova baseado em admitir como provado “aquilo que geralmente acontece” (id quod
plerumque accidit) e que é previsto no art. 375 do CPC. No caso de publicação não autorizada
da imagem da pessoa para fins econômicos, a jurisprudência entende haver dano moral presu-
mido e, portanto, dispensa a prova do prejuízo. É a Súmula n. 403/STJ:
Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de
pessoa com fins econômicos ou comerciais.

Questão 3 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2014) Admite-se, no ordenamento jurídico brasileiro, li-


mitação,  temporária ou permanente, dos direitos da personalidade, desde  que por vontade
expressa de seu titular.

Errado.
Ao contrário do afirmado na questão, a regra é a de que os direitos da personalidade não po-
dem ser limitados voluntariamente (art. 11, CC). A exceção se dá quando houver lei (art. 12,
CC) ou quando houver razoabilidade. A propósito deste último caso, a doutrina estabelece dois
condicionantes:
• A limitação não pode ser geral nem permanente, conforme enunciado n. 4/JDC:

O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não
seja permanente nem geral;

• Deve-se observar a vedação ao abuso de direito, à boa-fé objetiva e aos bons costumes,
conforme enunciado n. 139/JDC:

Os direitos da personalidade podem sofrer limitações, ainda que não especificamente


previstas em lei, não podendo ser exercidos com abuso de direito de seu titular, contraria-
mente à boa-fé objetiva e aos bons costumes.

O primeiro condicionante (proibição de limitação permanente ou geral) tem sido flexibilizado


pela doutrina e pela jurisprudência em alguns casos, a exemplo do que se dá com o caso de
transgêneros que fazem cirurgia de transgenitalização, a qual é admitida. Por meio desse

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procedimento, a  pessoa faz modificações cirúrgicas na compleição física de modo perma-


nente, mas o direito de identidade dos transgêneros prevalece aí sobre a tutela da integridade
física.
Seja como for, para concursos públicos, devem-se levar em conta os dois condicionantes aci-
ma por estarem baseados em enunciados das Jornadas de Direito Civil.

Questão 4 (CESPE/PROCURADOR/PGE-AM/2016) Uma pessoa poderá firmar contrato


que limite seus direitos da personalidade caso o acordo seja-lhe economicamente vantajoso.

Errado.
A regra é a de que os direitos da personalidade não podem ser limitados, salvo lei ou razoabili-
dade (art. 11, CC). Não importa se é ou não vantajoso economicamente.

Questão 5 (CESPE/DELEGADO/PC-GO/2017/ADAPTADA) A ocorrência de grave e injusta


ofensa à dignidade da pessoa humana configura o dano moral, sendo desnecessária a com-
provação de dor e sofrimento para o recebimento de indenização por esse tipo de dano.

Certo.
Há dano moral presumido (dano moral in re ipsa) no caso de ofensa à dignidade da pessoa
humana, porque a experiência demonstra que, nestes casos, há violação de direito da persona-
lidade. É o que decide o STJ, que admitir, independentemente de qualquer prova adicional, inde-
nização por dano moral a favor das pessoas que tiveram de desocupar temporariamente suas
residências por acidente ocorrido em obras no Rodoanel Mário Covas em São Paulo (gasoduto
da Petrobras rompeu durante obras feitas pela empresa DERSA/Desenvolvimento Rodoviário
S/A). Ser obrigado a desocupar a própria moradia é uma ofensa à dignidade da pessoa huma-
na, o que faz presumir o dano moral. O STJ fixou, como indenização por dano moral, o valor de
R$ 500,00 por cada dia de comprovado afastamento do lar. Veja este julgado:

DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO POR DANOS MORAIS.


ACIDENTE EM OBRAS DO RODOANEL MÁRIO COVAS. NECESSIDADE DE DESOCUPAÇÃO
TEMPORÁRIA DE RESIDÊNCIAS. DANO MORAL IN RE IPSA.

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1. Dispensa-se a comprovação de dor e sofrimento, sempre que demonstrada a ocorrên-


cia de ofensa injusta à dignidade da pessoa humana.
2. A violação de direitos individuais relacionados à moradia, bem como da legítima expec-
tativa de segurança dos recorrentes, caracteriza dano moral in re ipsa a ser compensado.
3. Por não se enquadrar como excludente de responsabilidade, nos termos do art. 1.519
do CC/16, o estado de necessidade, embora não exclua o dever de indenizar, fundamenta
a fixação das indenizações segundo o critério da proporcionalidade.
4. Indenização por danos morais fixada em R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia de efetivo
afastamento do lar, valor a ser corrigido monetariamente, a contar dessa data, e acres-
cidos de juros moratórios no percentual de 0,5% (meio por cento) ao mês na vigência do
CC/16 e de 1% (um por cento) ao mês na vigência do CC/02, incidentes desde a data do
evento danoso.
5. Recurso especial provido.
(REsp 1292141/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
04/12/2012, DJe 12/12/2012).

Questão 6 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2019/ADAPTADA) O ato de dis-


posição altruísta do próprio corpo para depois da morte, no todo ou em parte é válido, mas o
ato jurídico que a consagrou é irrevogável.

Errado.
O ato de disposição pode ser revogado a qualquer tempo, conforme art. 14, parágrafo único,
do CC:

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no
todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Questão 7 (CESPE/JUIZ/TJPR/2019) Conforme os direitos da personalidade, a disposição


do próprio corpo é
a) permitida, se por vontade pessoal e para fins científicos, ainda que implique em diminuição
da integridade física.

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b) proibida para fins de transplante, ainda que a disposição seja parcial.


c) permitida, após a morte, para fins científicos e de forma gratuita.
d) proibida, após a morte, se parcial e com fins altruísticos.

Letra c.
É o art. 14 do CC:

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no
todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Questão 8 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2019/ADAPTADA) O pseudôni-


mo adotado para atividades lícitas, desde que averbado à margem do nome no cartório do
registro civil, goza da mesma proteção que se concede ao nome.

Errado.
Não há necessidade de averbação no cartório para a proteção do pseudônimo. A proteção do
pseudônimo usado para atividades lícitas é a mesma dada ao nome independentemente de
qualquer procedimento adicional, conforme art. 19 do CC:

Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

Questão 9 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ-MG/2019/ADAPTADA) O nome da


pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a expo-
nham ao desprezo público, salvo nas hipóteses de interesse científico ou literário e sem que
haja intenção difamatória.

Errado.
Não há essa exceção: nome não pode ser empregado para exposição ao desprezo público de
modo algum. É o art. 17 do CC:

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações
que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

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Questão 10 (CONSULPLAN/TITULAR CARTÓRIO/TJ/TJ-MG/2019/ADAPTADA) A divulga-


ção de escritos, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
a seu requerimento, salvo se autorizadas, ou necessárias à administração da justiça ou à ma-
nutenção da ordem pública.

Certo.
Trata-se do art. 20 do CC:

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da


ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou
a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se desti-
narem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa
proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

Questão 11 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) É facultada a substituição


do prenome por apelidos públicos notórios.

Certo.
Essa substituição é admitida pelo art. 58 da Lei de Registros Públicos/LRP (Lei n. 6.015/73):

Art. 58. O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos
notórios.
Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou
ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de
juiz competente, ouvido o Ministério Público.

Questão 12 (VUNESP/PROCURADOR/ESEF-SP/2019) A respeito de travestis e transgêne-


ros, em ação direta de inconstitucionalidade, com fundamento, entre outros, nos princípios da
dignidade da pessoa humana, da honra e da imagem, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
a) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamen-
tos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e gênero por meio de
ação judicial.

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b) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da realização de tratamen-


tos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e gênero diretamente
no registro civil.
c) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, mas condicionados à reali-
zação de tratamentos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e
gênero por meio de ação judicial.
d) ambos, independentemente da cirurgia de transgenitalização, mas condicionados à reali-
zação de tratamentos hormonais ou patologizantes, têm o direito à alteração de prenome e
gênero diretamente no registro civil.
e) os pedidos de alteração de prenome e gênero devem se basear em certificações médicas ou
psicológicas, pois não podem ser baseados unicamente no consentimento livre e informado
pelo solicitante, em razão da obrigatoriedade de comprovar os requisitos.

Letra b.
O STF entendeu que, independentemente de cirurgia de transgenitalização e de decisão judicia,
o transgênero tem direito à mudança do seu assento de nascimento no Cartório de Registro
Civil das Pessoas Naturais, com alteração de seu nome e de seu sexo. Confira-se:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO CONSTITUCIONAL E REGISTRAL.


PESSOA TRANSGÊNERO. ALTERAÇÃO DO PRENOME E DO SEXO NO REGISTRO CIVIL.
POSSIBILIDADE. DIREITO AO NOME, AO RECONHECIMENTO DA PERSONALIDADE JURÍ-
DICA, À  LIBERDADE PESSOAL, À  HONRA E À DIGNIDADE. INEXIGIBILIDADE DE CIRUR-
GIA DE TRANSGENITALIZAÇÃO OU DA REALIZAÇÃO DE TRATAMENTOS HORMONAIS OU
PATOLOGIZANTES.
1. O direito à igualdade sem discriminações abrange a identidade ou expressão de gênero.
2. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade da pessoa humana e,
como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la.
3. A pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que
lhe foi designada ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta
sua vontade dispõe do direito fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classi-
ficação de gênero no registro civil pela via administrativa ou judicial, independentemente

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de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se tratar de tema relativo ao direito


fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade.
4. Ação direta julgada procedente.
(STF, ADI 4275, Tribunal Pleno, Rel. Min, Marco Aurélio, DJe 07-03-2019)

Nessa linha, o  Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio do o Provimento n. 73/2018/
CN/CNJ, disciplinou esse procedimento diretamente no Cartório, de maneira que toda pessoa
capaz e maior pode, por simples pedido acompanhado de alguns documentos e declarações,
requerer essa alteração diretamente no Cartório.

Questão 13 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A internação psiquiátrica


involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público
Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse
mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.

Certo.
Trata-se do art. 8º, § 1º, da Lei Antimanicomial (Lei n. 10.216/2001):

Art. 8º A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente
registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento.
§ 1º A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada
ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido,
devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2º O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável
legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.

Questão 14 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-SE/2014) As


informações genéticas são parte da vida privada e não podem ser utilizadas para fins diversos
dos que motivem seu armazenamento, registro ou uso, ainda que haja autorização do titular.

Errado.
Se houver autorização do titular, é permitido o uso das informações genéticas da pessoa para
outros fins, conforme enunciado n. 405/JDC (“As informações genéticas são parte da vida

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privada e não podem ser utilizadas para fins diversos daqueles que motivaram seu armazena-
mento, registro ou uso, salvo com autorização do titular”).

Questão 15 (CESPE/ADVOGADO/TELEBRAS/2015) O STF firmou o entendimento de que é


permitida a publicação da biografia de uma pessoa, sem a prévia autorização do biografado,
sendo possível posterior direito de resposta em caso de violação à honra do indivíduo retrata-
do e de abuso da liberdade de expressão.

Certo.
A questão espelha o entendimento do STF, que prestigiou a liberdade de expressão e, assim,
no caso de publicação de biografias, afastou a exigência de prévia autorização do biografado,
admitido, porém, que este, posteriormente, se valha de medidas para atacar eventuais abusos.
Confira-se:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002


(CÓDIGO CIVIL). PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS
OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS:
LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE
DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§  1º E 2º) E
INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS
(ART. 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE
PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR).
GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO
DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUI-
ÇÃO AOS ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO.
1. A Associação Nacional dos Editores de Livros - Anel congrega a classe dos editores,
considerados, para fins estatutários, a pessoa natural ou jurídica à qual se atribui o direito
de reprodução de obra literária, artística ou científica, podendo publicá-la e divulgá-la.
A correlação entre o conteúdo da norma impugnada e os objetivos da Autora preenche
o requisito de pertinência temática e a presença de seus associados em nove Estados
da Federação comprova sua representação nacional, nos termos da jurisprudência deste
Supremo Tribunal. Preliminar de ilegitimidade ativa rejeitada.

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2. O  objeto da presente ação restringe-se à interpretação dos arts.  20 e 21 do Código


Civil relativas à divulgação de escritos, à transmissão da palavra, à produção, publicação,
exposição ou utilização da imagem de pessoa biografada.
3. A Constituição do Brasil proíbe qualquer censura. O exercício do direito à liberdade de
expressão não pode ser cerceada pelo Estado ou por particular.
4. O direito de informação, constitucionalmente garantido, contém a liberdade de informar,
de se informar e de ser informado. O primeiro refere-se à formação da opinião pública,
considerado cada qual dos cidadãos que pode receber livremente dados sobre assuntos
de interesse da coletividade e sobre as pessoas cujas ações, público-estatais ou público-
-sociais, interferem em sua esfera do acervo do direito de saber, de aprender sobre temas
relacionados a suas legítimas cogitações.
5. Biografia é história. A vida não se desenvolve apenas a partir da soleira da porta de casa.
6. Autorização prévia para biografia constitui censura prévia particular. O recolhimento
de obras é censura judicial, a substituir a administrativa. O risco é próprio do viver. Erros
corrigem-se segundo o direito, não se coartando liberdades conquistadas. A reparação
de danos e o direito de resposta devem ser exercidos nos termos da lei.
7. A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra norma
constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (lei civil),
ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger outro direito constitucio-
nalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade,
à honra e à imagem.
8. Para a coexistência das normas constitucionais dos incs. IV, IX e X do art. 5º, há de
se acolher o balanceamento de direitos, conjugando-se o direito às liberdades com a
inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa biogra-
fada e daqueles que pretendem elaborar as biografias. 9. Ação direta julgada proce-
dente para dar interpretação conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil,
sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade
de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar
inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literá-
rias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas
como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes).
(STF, ADI 4815, Tribunal Pleno, Rel. Ministra Cármen Lúcia, DJe 01-02-2016)

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Questão 16 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP/2019) A pessoa


jurídica de direito público
a) pode sofrer dano moral, desde que, apenas, seja demonstrada ofensa à sua honra objetiva.
b) pode sofrer violação de dano moral, atingida em seus direitos objetivos e os subjetivos.
c) pode pleitear indenização de dano coletivo, desde que represente a violação a um dano
social.
d) não é titular de indenização por dano moral relacionado à ofensa de sua honra ou imagem.
e) não sofre violação de direitos objetivos ou subjetivos, posto que é um ente sem personali-
dade própria.

Letra d.
Segundo o STJ, a pessoa jurídica de direito público não pode sofrer dano moral porque a titu-
laridade de honra ou de imagem não é compatível com sua natureza. Ela depende apenas da
lei para existir e funcionar, e não de sua imagem ou honra. É diferente do que se dá com as
pessoas jurídicas de direito privado, que podem sofrer dano moral no caso de violação de sua
honra objetiva. Afinal de contas, é inegável que a pessoa jurídica de direito privado depende de
sua reputação para ter sucesso nas suas atividades.

Exemplo: uma empresa de restaurante não sobreviverá no mercado se for indevidamente asso-
ciada a uma reputação de desprezo com as regras de higiene alimentar.

Essa é a adequada interpretação do art. 52 do CC:

Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

Esse é o entendimento do STJ, que restringe às pessoas jurídicas de direito privado o


disposto na Súmula n. 227/STJ (“a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”). Confira-se, pois,
este julgado:

DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. INFORMAÇÕES VEICULA-


DAS EM REDE DE RÁDIO E TELEVISÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR DANO MORAL AJUI-

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ZADA POR MUNICÍPIO CONTRA O PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE. DIREITOS FUNDA-


MENTAIS. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO. RECONHECIMENTO LIMITADO.
1. A tese relativa à indenização pelo dano moral decorrente de ofensa à honra, imagem,
violação da vida privada e intimidade das pessoas somente foi acolhida às expressas no
ordenamento jurídico brasileiro com a Constituição Federal de 1988 (artigo 5º, incisos V
e X), que o alçou ao seleto catálogo de direitos fundamentais. Com efeito, por essa ótica
de abordagem, a indagação acerca da aptidão de alguém sofrer dano moral passa neces-
sariamente pela investigação da possibilidade teórica de titularização de direitos funda-
mentais, especificamente daqueles a que fazem referência os incisos V e X do art. 5º da
Constituição Federal.
2. A inspiração imediata da positivação de direitos fundamentais resulta precipuamente
da necessidade de proteção da esfera individual da pessoa humana contra ataques tradi-
cionalmente praticados pelo Estado. É bem por isso que a doutrina vem entendendo, de
longa data, que os direitos fundamentais assumem “posição de definitivo realce na socie-
dade quando se inverte a tradicional relação entre Estado e indivíduo e se reconhece que
o indivíduo tem, primeiro, direitos, e, depois, deveres perante o Estado, e que os direitos
que o Estado tem em relação ao indivíduo se ordenam ao objetivo de melhor cuidar das
necessidades dos cidadãos” (MENDES, Gilmar Ferreira [et. al.]. Curso de direito constitu-
cional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 222-223).
3. Em razão disso, de modo geral, a doutrina e jurisprudência nacionais só têm reconhe-
cido às pessoas jurídicas de direito público direitos fundamentais de caráter processual
ou relacionados à proteção constitucional da autonomia, prerrogativas ou competência
de entidades e órgãos públicos, ou seja, direitos oponíveis ao próprio Estado e não ao
particular. Porém, ao  que se pôde pesquisar, em se tratando de direitos fundamentais
de natureza material pretensamente oponíveis contra particulares, a  jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal nunca referendou a tese de titularização por pessoa jurídica de
direito público. Na verdade, há julgados que sugerem exatamente o contrário, como os
que deram origem à Súmula n.
654, assim redigida: “A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art. 5º, XXXVI, da
Constituição da República, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado”.
4. Assim, o reconhecimento de direitos fundamentais - ou faculdades análogas a eles -
a pessoas jurídicas de direito público não pode jamais conduzir à subversão da própria

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essência desses direitos, que é o feixe de faculdades e garantias exercitáveis principal-


mente contra o Estado, sob pena de confusão ou de paradoxo consistente em se ter, na
mesma pessoa, idêntica posição jurídica de titular ativo e passivo, de credor e, a um só
tempo, devedor de direitos fundamentais, incongruência essa já identificada pela jurispru-
dência do Tribunal Constitucional Alemão (BVerfGE 15, 256 [262]; 21, 362.
Apud. SAMPAIO, José Adércio Leite. Teoria da Constituição e dos direitos fundamentais.
Belo Horizonte: Del Rey, 2013 p. 639).
5. No caso em exame, o reconhecimento da possibilidade teórica de o município plei-
tear indenização por dano moral contra o particular constitui a completa subversão da
essência dos direitos fundamentais, não se mostrando presente nenhum elemento justi-
ficador do pleito, como aqueles apontados pela doutrina e relacionados à defesa de suas
prerrogativas, competência ou alusivos a garantias constitucionais do processo. Antes,
o caso é emblemático e revela todos os riscos de se franquear ao Estado a via da ação
indenizatória.
6. Pretende-se a responsabilidade de rede de rádio e televisão local por informações
veiculadas em sua programação que, como alega o autor, teriam atingido a honra e a
imagem da própria Municipalidade.
Tal pretensão representa real ameaça a centros nervosos do Estado Democrático de
Direito, como a imprensa livre e independente, ameaça que poderia voltar-se contra outros
personagens igualmente essenciais à democracia.
7. A Súmula n. 227/STJ constitui solução pragmática à recomposição de danos de ordem
material de difícil liquidação - em regra, microdanos - potencialmente resultantes do abalo
à honra objetiva da pessoa jurídica. Cuida-se, com efeito, de resguardar a credibilidade
mercadológica ou a reputação negocial da empresa, que poderiam ser paulatinamente
fragmentadas por violações a sua imagem, o que, ao fim e ao cabo, conduziria a uma
perda pecuniária na atividade empresarial. Porém, esse cenário não se verifica no caso
de suposta violação à imagem ou à honra - se existente - de pessoa jurídica de direito
público.
8. Recurso especial não provido.
(REsp 1258389/PB, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em
17/12/2013, DJe 15/04/2014).

Por isso, o gabarito é “D” por ser a única alternativa compatível com o que foi exposto.
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Questão 17 (IDIB/ADVOGADO/CREMERJ/2019) Com base nas disposições do Código Civil


sobre as pessoas jurídicas, assinale a alternativa correta:
a) São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.
b) São pessoas jurídicas de direito privado, dentre outras, as associações públicas.
c) As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito público interno.
d) Os Territórios não são pessoas jurídicas de direito público interno.

Letra a.
a) Certa. Corresponde ao art. 42 do CC:

Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas
que forem regidas pelo direito internacional público.

b) Errada. Associação pública é pessoa jurídica de direito público interno, conforme art. 41,
IV, do CC. Ela é uma espécie de autarquia decorrente de um consórcio público envolvendo a
edição de leis dos entes federativos consorciados, tudo nos termos da Lei n. 11.107/2005.
Confira-se o art. 41 do CC, que lista as pessoas jurídicas de direito privado:

Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:


I – a União;
II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
III – os Municípios;
IV – as autarquias;
IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;
V – as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se te-
nha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas
normas deste Código.

c) Errada. As organizações religiosas são pessoas jurídicas de direito privado, conforme art. 44,
IV, do CC. Confira-se esse dispositivo:

Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:


I – as associações;
II – as sociedades;
III – as fundações.

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IV – as organizações religiosas;


V – os partidos políticos.
VI – as empresas individuais de responsabilidade limitada.
§ 1º São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento das organizações
religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitu-
tivos e necessários ao seu funcionamento.
§ 2º As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às sociedades que
são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código.
§ 3º Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto em lei específica.

d) Errada. Os Territórios são pessoas jurídicas de direito público, conforme art. 41, II, do CC.

Questão 18 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2016/ADAPTADA) Dentre as pessoas jurídicas de direito


público interno, estão as autarquias, as associações públicas, as entidades de caráter privado
que se tenha dado estrutura de direito público.

Errado.
Não existe entidades de caráter privado com estrutura de direito público, o que faz a questão
se tornar errada. E, se existisse, ela seria uma pessoa jurídica de direito privado, pois se trata
de entidade “de caráter privado”. Na realidade, o que há é pessoa jurídica de direito público com
estrutura de direito privado, a qual é considerada pessoa jurídica de direito público e, por força
do parágrafo único do art. 41 do CC, sujeitam-se, no que couber, às regras do Código Civil.

Questão 19 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) A qua-


lidade de associado é intransmissível, salvo por sucessão legítima.

Errado.
A regra é a intransmissibilidade inter vivos (ex.: negócios jurídicos) ou causa mortis (ex.: suces-
são legítima ou testamentária) da condição de associado, salvo previsão diversa do estatuto.
É o art. 56 do CC.

Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não dispuser o contrário.


Parágrafo único. Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação,
a transferência daquela não importará, de per si, na atribuição da qualidade de associado ao adqui-
rente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa do estatuto.

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Questão 20 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) Sobre


associações, de acordo com o Código Civil brasileiro, (...) a convocação dos órgãos delibera-
tivos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 dos associados o direito de promovê-la.

Certo.
Trata-se do art. 60 do CC:

Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do estatuto, garantido a 1/5 (um
quinto) dos associados o direito de promovê-la.

Questão 21 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) Ne-


nhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitima-
mente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

Certo.
Trata-se do art. 58 do CC:

Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido
legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto.

Questão 22 (CONSULPLAN/PROCURADOR/PREF. SUZANO-SP/2019/ADAPTADA) A ex-


clusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em procedimen-
to que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Certo.
Trata-se do art. 57 do CC:

Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim reconhecida em pro-
cedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto.

Questão 23 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-SE/2014)


Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido deve ser destinado a enti-
dade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, a instituição municipal,

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estadual ou federal, independentemente de ulterior deliberação dos associados para destinar


o patrimônio social a alguma outra entidade que também persiga fins não econômicos.

Errado.
A destinação do patrimônio da associação irá para entidade similar definida pelo estatuto ou,
no silêncio deste, por deliberação dos associados, ao contrário do indicado na parte final da
questão. Confira-se o art. 56 do CC:

Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas,


se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art. 56, será destinado à
entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos asso-
ciados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou semelhantes.
§  1º  Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes,
antes da destinação do remanescente referida neste artigo, receber em restituição, atualizado o
respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação.
§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no Território, em que a associação
tiver sede, instituição nas condições indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se
devolverá à Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União.

Questão 24 (CESPE/JUIZ/TJ-AM/2016/ADAPTADA) As fundações são entidades de direito pri-


vado e se caracterizam pela união de pessoas com o escopo de alcançarem fins não econômicos.

Errado.
Fundação é caracterizada por ser uma massa patrimonial afetada a um dos fins não econômicos
do art. 62, parágrafo único, do CC. Não é uma união de pessoas, ao contrário do exposto na ques-
tão. É uma universitas bonorum (universalidade de bens), e uma universitas personarum (universa-
lidade de pessoas). É diferente do que se dá, por exemplo, com as sociedades e as associações,
as quais são uma união de pessoas (universitas personarum). Confira-se o art. 62 do CC:

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação
especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de
administrá-la.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou
de assistência.
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de:
I – assistência social;

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II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;


III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas
de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas; e
X – (VETADO).

Questão 25 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/ TJ-DFT/2014/


ADAPTADA) Pode-se instituir fundação, como disposição de última vontade, por testamento
público, cerrado ou particular, observados, em cada caso, os requisitos legais.

Certo.
Fundação pode ser instituída por escritura pública ou por testamento (em qualquer das suas
espécies, seja o testamento público, seja o particular, seja o cerrado), tudo conforme o art. 62
do CC.

Questão 26 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-DFT/2014


ADAPTADA) As fundações instituídas como autarquias pelo poder público estão sujeitas ao
controle financeiro e orçamentário do MPF e dos MPs estaduais, conforme o âmbito de sua
atuação.

Errado.
O Ministério Público (estadual ou do Distrito Federal e Territórios) tem dever de fiscalização
apenas as fundações privadas nos termos do art. 66 do CC. Não há qualquer previsão no
Código Civil para o Parquet fiscalizar fundações constituídas como autarquias, especialmen-
te porque estas são pessoa jurídica de direito público e, como tal, não são regidas pelas
regras de fundação do Código Civil, e sim pelas normas de direito administrativo. Confira-se
o art. 66 do CC:

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Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.


§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do
Distrito Federal e Territórios.
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao res-
pectivo Ministério Público.

Questão 27 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PI/2014) O atual Código Civil adotou a teoria ultra


vires como regra; assim, a pessoa jurídica sempre responde pelos atos que seus administrado-
res praticarem com excesso dos poderes conferidos a eles pelos atos constitutivos.

Errado.
Realmente, o CC adotou a teoria ultra vires como regra. Ela, porém, significa o contrário do ex-
posto na segunda parte da questão, o que torna o item errado. Pela teoria ultra vires, a pessoa
jurídica não responde por atos praticados pelo administrador além de seus poderes (= além de
suas forças ou, em latim, ultra vires). Trata-se do art. 47 do CC:

Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus pode-
res definidos no ato constitutivo.

Cabe uma lembrança. Apesar da adoção da Teoria Ultra Vires pelo CC, esta é flexibilizada para
admitir que o administrador tem poderes implícitos para praticar atos acessórios ou conexos
ao objeto social. Nesse sentido, veja o exposto no Enunciado 219/JDC:

(a) o ato ultra vires não produz efeito apenas em relação à sociedade;
(b) sem embargo, a sociedade poderá, por meio de seu órgão deliberativo, ratificá-lo;
(c) o Código Civil amenizou o rigor da teoria ultra vires, admitindo os poderes implícitos dos
administradores para realizar negócios acessórios ou conexos ao objeto social, os quais
não constituem operações evidentemente estranhas aos negócios da sociedade;
(d) não se aplica o art. 1.015 às sociedades por ações, em virtude da existência de regra
especial de responsabilidade dos administradores (art. 158, II, Lei n. 6.404/76).

Questão 28 (CESPE/PROCURADOR/PGE-PI/2014) A vontade humana não constitui ele-


mento da personificação da pessoa jurídica.

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Errado.
Para nascer, uma pessoa jurídica depende de um ato constitutivo (que envolve a manifestação
da vontade humana) e do seu registro. É preciso, pois, haver a vontade humana, ao contrário do
consignado na questão. Doutrinariamente, reconhecem-se três elementos essenciais à per-
sonificação da pessoa jurídica: (1) a vontade humana que lhe dá origem; (2) observância das
condições legais para a sua criação; (3) licitude do objeto.

Questão 29 (CESPE/DIPLOMATA/INSTITUTO RIO BRANCO/2016) Ao adquirir personalida-


de jurídica, a pessoa jurídica torna-se suscetível de direitos e obrigações e passa a ter existên-
cia própria, independentemente da pessoa de seus sócios, instituidores e administradores.

Certo.
Pessoa jurídica é ente com personalidade jurídica própria e, portanto, não se confunde com
seus sócios, instituidores e administradores, o que se chama de autonomia pessoal. Ao nascer,
a pessoa jurídica adquire autonomia pessoal, obrigacional (as obrigações da pessoa jurídica
não se confunde com a dos seus sócios), patrimonial (o patrimônio da pessoa jurídica não se
confunde com a dos seus sócios) e processual (a pessoa jurídica tem capacidade de ser parte
em processos judiciais).

Questão 30 (CESPE/PROCURADOR MUNICIPAL/PREFEITURA DE SALVADOR-BA/2015)


Consoante a jurisprudência do STJ, a desconsideração da personalidade jurídica é medida excep-
cional e está subordinada à comprovação do abuso da personalidade jurídica, caracterizado por
a) confusão patrimonial e dissolução irregular.
b) desvio de finalidade conjugado com confusão patrimonial.
c) desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
d) desvio de finalidade e dissolução irregular.
e) mera dissolução irregular.

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Letra c.
Em regra, a desconsideração da personalidade jurídica depende da presença de um dos seguin-
tes abusos da personalidade jurídica: desvio de finalidade ou confusão patrimonial. Trata-se do
art. 50 do CC:

Art.  50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações
de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa
jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso.
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com
o propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza.
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por:
I – cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;
II – transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor pro-
porcionalmente insignificante; e
III – outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações
de sócios ou de administradores à pessoa jurídica.
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput des-
te artigo não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica.
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da
atividade econômica específica da pessoa jurídica.

A dissolução (= encerramento) irregular da pessoa jurídica, por si só, não caracteriza nenhum
desses requisitos, conforme jurisprudência do STJ:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ALEGAÇÃO DE JULGAMENTO


COM BASE EM MATÉRIA NÃO VENTILADA NO RECURSO ESPECIAL. NÃO OCORRÊNCIA.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. REQUISITOS AUSENTES. ART. 50
DO CÓDIGO CIVIL DE 2002. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO.
1. Esta Corte Superior firmou seu posicionamento no sentido de que a irregularidade no
encerramento das atividades ou dissolução da sociedade não é causa suficiente para a
desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do art. 50 do Código Civil de 2002,
devendo ser demonstrada a ocorrência de caso extremo, como a utilização da pessoa
jurídica para fins fraudulentos (desvio de finalidade institucional ou confusão patrimonial).
(...)” (STJ, AgInt no AREsp 1548901/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, DJe
19/02/2020).

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Questão 31 (CESPE/AUDITOR/TCE-PA/2016) De acordo com o Código Civil, o encerramen-


to irregular de determinada sociedade empresária é, por si só, causa suficiente para a descon-
sideração da personalidade jurídica.

Errado.
O STJ é pacificado em sentido contrário: o encerramento irregular da pessoa jurídica, por si só,
é insuficiente para a desconsideração da personalidade jurídica.

Questão 32 (CESPE/JUIZ/TJ-DFT/2016/ADAPTADA) Conforme entendimento prevalente


do STJ, a  dissolução da sociedade comercial, ainda que irregular, não é causa que, isolada,
baste à desconsideração da personalidade jurídica.

Certo.
Trata-se da orientação pacificada do STJ.

Questão 33 (CESPE/PROCURADOR/TCU/2015/ADAPTADA) A dissolução irregular de so-


ciedade é, por si só, causa para a desconsideração da personalidade civil por configurar des-
vio da finalidade institucional.

Errado.
O STJ é pacificado em sentido contrário: o encerramento irregular da pessoa jurídica, por si só,
é insuficiente para a desconsideração da personalidade jurídica.

Questão 34 (CESPE/DIREITO/FUNPRESP-EXE/2016) Situação hipotética: Os sócios de


uma empresa decidiram dissolvê-la após a morte de um deles, mas não deram baixa na junta
comercial. Assertiva: Nessa situação, tal fato, por si só, não dá ensejo à aplicação da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica com vistas a atingir os bens particulares do sócio-
-administrador para pagamento de dívidas da sociedade.

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Certo.
A dissolução irregular, por si só, não autoriza a desconsideração da personalidade jurídica,
conforme orientação do STJ.

Questão 35 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A desconsideração inversa


da personalidade jurídica se dá quando o credor busca estender a uma determinada pessoa
jurídica - de cujo devedor seja sócio - a responsabilidade patrimonial por dívida da pessoa física.

Certo.
A questão define corretamente a desconsideração inversa ou às avessas. Por esta, a pessoa
jurídica é chamada a responder por dívida pessoal do sócio. Para tanto, é necessário provar
um dos seguintes tipos de abuso da personalidade jurídica: confusão patrimonial ou desvio de
finalidade. Confira-se o art. 50, § 3º, do CC.

Questão 36 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) Para a teoria menor da


desconsideração da personalidade jurídica, acolhida pelo Código Civil, notadamente após o
advento da chamada Lei da Liberdade Econômica, além da prova da insolvência da pessoa ju-
rídica, é necessária a demonstração do desvio de finalidade ou da confusão patrimonial entre
a pessoa jurídica e seus sócios.

Errado.
A desconsideração da personalidade jurídica tem duas teorias: a maior e a menor.
A teoria maior é a regra geral e está prevista no art. 50 do CC. Segundo ela, a desconsideração da
personalidade jurídica depende da existência de um dos seguintes tipos de abuso da personalida-
de jurídica: confusão patrimonial ou desvio de finalidade. A Lei da Liberdade Econômica manteve
isso no art. 50 do CC, mas fez acréscimos destinados a positivar entendimentos jurisprudenciais
já pacificados e a estabelecer a definição desses dois tipos de abuso da personalidade10.
10
Sobre o assunto, reportamo-nos a artigo nosso (OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. A Lei da Liber-
dade Econômica: diretrizes interpretativas da nova Lei e Análise detalhada das mudanças no Direito Civil e no
Registros Públicos. Disponível em: www.flaviotartuce.adv.br/artigos_convidados
. Elaborado em 21 de setembro de 2019-B).

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A teoria maior pode ser dividida em:


• Teoria maior objetiva: quando está presente o requisito da confusão patrimonial (cuja
configuração independe da prova da intenção de prejudicar e se satisfaz apenas com a
presença de um elemento objetivo, a mistura de patrimônio);
• Teoria maior subjetiva: quando está presente o requisito do desvio de finalidade (para
cuja caracterização exige-se a prova de um elemento subjetivo, o propósito de prejudicar
os credores e de praticar atos ilícitos de qualquer natureza).
A teoria menor é exceção e admite a desconsideração da personalidade com o mero inadim-
plemento. Ela é prevista em leis específicas, como no art. 28 do CDC (dívida consumerista) e
art. 4º da Lei n. 9.605/1998 (dívida ambiental).
Portanto, a questão em pauta está errada, pois afirma, indevidamente, que o Código Civil prevê
a teoria menor.

Questão 37 (CESPE/JUIZ/TJPA/2019) No direito pátrio, as  hipóteses de desconsideração


da personalidade jurídica abarcam duas teses majoritariamente aceitas pela doutrina e pela
jurisprudência dominantes. Elas se diferenciam precipuamente quanto aos requisitos para que
um órgão jurisdicional possa desconsiderar a personalidade jurídica de uma sociedade perso-
nificada, de modo a atingir o patrimônio dos seus sócios para o pagamento de uma obrigação
inadimplida: a primeira considera necessário que tenha ocorrido abuso de personalidade
jurídica, caracterizado por desvio de finalidade ou confusão patrimonial; a segunda teoria con-
sidera que, para a desconsideração da personalidade, basta a apresentação de mera prova de
insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da
existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial.
Considerando o entendimento doutrinário majoritário e a jurisprudência dominante do STJ, as-
sinale a opção que indica, respectivamente, a denominação dada à segunda teoria de que trata
o texto apresentado e o ramo do direito ao qual ela se aplica no ordenamento jurídico brasileiro
excepcionalmente.
a) teoria menor da desconsideração/direito civil
b) teoria menor da desconsideração/direito ambiental

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c) teoria maior objetiva da desconsideração/direito civil


d) teoria maior subjetiva da desconsideração/direito do consumidor
e) teoria maior objetiva da desconsideração/direito do consumidor

Letra b.
A segunda teoria tratada no texto (a que admite a desconsideração com a mera prova da insol-
vência da pessoa jurídica para o pagamento das obrigações, ou seja, com o mero inadimple-
mento desta) é a teoria menor da desconsideração, a qual é aplicável tanto no ramo do direito
do consumidor (art. 28, CDC) quanto no do direito ambiental (art. 4º, Lei n. 9.605/1998).

Questão 38 (CESPE/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/TJ-DFT/2014/


ADAPTADA) No Código Civil brasileiro, é prevista a desconsideração da personalidade jurídica
em caso de abuso caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial, de modo
a assegurar ao credor acesso aos bens particulares dos administradores e sócios da empresa
para a satisfação de seu crédito.

Certo.
Trata-se da teoria maior da desconsideração, prevista no art. 50 do CC.

Questão 39 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) Considerando o interesse


em proteger bens jurídicos específicos e socialmente relevantes, o Código de Defesa do Con-
sumidor e a legislação ambiental afastam, em todos os casos por eles regulados, a discussão
acerca do desvio de finalidade.

Certo.
Para dívidas consumeristas e ambientais, é adotada a teoria menor da desconsideração, para
as quais é desnecessária a prova de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. Basta aí
o mero inadimplemento (arts. 28 do CDC e 4º da Lei n. 9.605/1998).

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Questão 40 (FUNDEP/PROMOTOR/MPE-MG/2019/ADAPTADA) A desconsideração da


pessoa jurídica somente pode ser decretada em incidente obrigatório, conforme legislação
processual pertinente, assegurando-se amplos contraditório e defesa, de modo a evitar a prá-
tica de abusos.

Errado.
O incidente da desconsideração da personalidade jurídica é dispensável se, logo na petição
inicial, o autor já houver requerido a desconsideração e tiver colocado os sócios no polo pas-
sivo. É que, nesse caso, os sócios contra os quais se reverterá a desconsideração haverão de
defender-se na contestação. É o art. 134, § 2º, do CPC. A propósito, confira-se esse dispositivo
e o art. 133 do CPC:

Art.  133. O  incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da


parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
§ 1º O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos
em lei.
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade
jurídica.
Art. 134. O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimen-
to, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial.
§ 1º A instauração do incidente será imediatamente comunicada ao distribuidor para as anotações
devidas.
§  2º Dispensa-se a instauração do incidente se a desconsideração da personalidade jurídica for
requerida na petição inicial, hipótese em que será citado o sócio ou a pessoa jurídica.
§ 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º.
§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para
desconsideração da personalidade jurídica.

Questão 41 (VUNESP/JUIZ/TJ-RJ/2019) Pedro é sócio, juntamente com sua esposa Maria,


da pessoa jurídica “PM LTDA”. Maria, sem o conhecimento de Pedro, começou a desviar valo-
res dos cofres da empresa, mediante a emissão de notas fiscais frias, para Ricardo, seu con-
cubino. Em razão dos desvios realizados por Maria, a empresa “PM LTDA” parou de pagar seus
fornecedores, que ajuizaram demanda visando receber os valores devidos. Pedro descobriu a
traição e divorciou-se de Maria, que foi viver com seu concubino com todos os valores desvia-
dos da “PM LTDA”. Os fornecedores requereram a desconsideração da personalidade jurídica,
para que pudessem satisfazer seus créditos com o patrimônio pessoal de Maria e de Pedro.

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Assinale a alternativa correta.


a) Pode haver a desconsideração da personalidade jurídica e os bens de Pedro e Maria irão
responder pelas dívidas da empresa, em razão do desvio de finalidade.
b) Os bens pessoais de Pedro não podem responder pelas dívidas da empresa, tendo em vista que não
houve ato doloso de sua parte, bem como ele não se beneficiou direta ou indiretamente dos desvios.
c) Apenas os bens de Ricardo podem ser alcançados pela desconsideração da personalidade
jurídica, pois, apesar de não ser sócio, praticou atos dolosos de confusão patrimonial.
d) Apenas se for comprovada a culpa grave de Pedro na administração da pessoa jurídica é
que poderá ser realizada a desconsideração da personalidade jurídica e seus bens pessoais
responderem pelas dívidas da “PM LTDA”.
e) A desconsideração da personalidade jurídica apenas pode ocorrer em caso de confusão pa-
trimonial e, como não houve a transferência de valores para os sócios e sim para um terceiro,
não podem os bens pessoais de Pedro e Maria responderem pelas obrigações da sociedade.

Letra b.
Para haver a desconsideração da personalidade jurídica, é preciso haver prova de confusão patrimo-
nial ou de desvio de finalidade por ser aplicável aí a teoria maior da desconsideração (art. 50, CC).
Além do mais, a desconsideração, só pode atingir o patrimônio daquele sócio que praticou esses
atos de abuso da personalidade. No caso em pauta, Pedro (marido traído) não praticou ato algum de
abuso da personalidade jurídica e, por isso, não é cabível a desconsideração da personalidade jurídi-
ca contra ele de modo algum. A desconsideração só poderia ser feita para atingir Maria e seu aman-
te Ricardo, pois eles praticaram os atos abusivos. Por isso, a única alternativa correta é a letra “b”.

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Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.

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