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DIREITO CIVIL

Parte Geral – I

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Parte Geral – I
Carlos Elias

Sumário
Parte Geral – 1. ................................................................................................................3
1. Constitucionalização do Direito Civil.............................................................................3
2. Diretrizes Teóricas do Código Civil...............................................................................5
3. Corolários da Boa-Fé Objetiva.....................................................................................5
3.1. Proibição da Venire contra Factum Proprium............................................................5
3.2. Supressio.................................................................................................................6
3.3. Surrectio.................................................................................................................. 7
3.4. Tu Quoque................................................................................................................ 7
4. Teoria do Inadimplemento Mínimo............................................................................... 7
5. Duty to Mitigate The Loss ou Dever de Mitigar as Próprias Perdas. . .......................... 10
6. Alguns Princípios Gerais de Direito.. ........................................................................... 11
6.1. Princípio do aviso Prévio a uma Sanção.................................................................. 12
6.2. Princípio da Proteção Simplificada do Agraciado. . .................................................. 14
6.3. Princípio da Proteção Simplificada do Luxo............................................................ 16
Resumo......................................................................................................................... 18
Questões de Concurso.................................................................................................. 20
Gabarito....................................................................................................................... 28
Gabarito Comentado. .....................................................................................................29

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DIREITO CIVIL
Parte Geral – I
Carlos Elias

PARTE GERAL – 1
Apresentação

Olá, meu(minha) amigo(a)!


O foco da aula de hoje é tratar de alguns pressupostos essenciais do Direito Civil. Isso
não é cobrado com tanta frequência nos concursos. Todavia, quando esse tema é exigido em
prova, a maior parte dos candidatos deixa de responder, o que fará você ficar em vantagens
no concurso. Lembre-se de que não basta passar no concurso; é necessário você também ser
nomeado. Isso significa que acertar questões que os demais candidatos deixam em branco é
uma vantagem significativa.

1. Constitucionalização do Direito Civil

Amigo(a), o Direito Civil atual mudou bastante. Falamos muito de um Direito Civil Consti-
tucional na atualidade.
A ideia é a de que todas as instituições de Direito Civil devem ser lidas à luz dos princípios
e das regras constitucionais, conforme metodologia doutrinária conhecida como Constitucio-
nalização do Direito Civil ou como “Direito Civil Constitucional”.
Essa metodologia (ou movimento) encontra berço no pensamento do jurista italiano Pie-
tro Perlingieri e se insurge contra os fundamentos antigos do direito civil clássico para, nas
palavras do professor da UERJ Carlos Nelson Konder, defender um direito civil capaz de ser
um verdadeiro instrumento de “emancipação das pessoas e de transformação social, rumo a
uma comunidade mais justa e solidária”. O professor da UERJ Gustavo Tepedino e a profes-
sora Maria Celina Bodin de Moraes foram os principais responsáveis por trazer essa metodo-
logia para a doutrina brasileira, que conta atualmente com a adesão de autores do porte do
professor Paulo Luiz Neto Lôbo e Luiz Edson Fachin.
Por essa metodologia, condena-se a visão individualista em que se assentava o Código
Civil de 1916. Miguel Reale costumava afirmar que havia duas leis fundamentais no País: o
Código Civil, que era a “constituição do homem comum”, e a Constituição Federal, que es-

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trutura o Estado. Essa concepção não retrata, porém, a perspectiva constitucional do Direito
Civil, que fixa a Constituição Federal como a única lei fundamental, à qual deve estar subordi-
nado todo o direito civil.
A propósito, conforme destaca o professor Paulo Lôbo, a Constitucionalização do Direito
Civil implica colocar o indivíduo, e não o patrimônio, no centro da tutela jurídica e a não mais
enxergar o indivíduo como um mero homos economicus, perspectiva essa que é conhecida
como Repersonalização e Despatrimonialização do Direito Civil. Enaltece-se, assim, a digni-
dade da pessoa humana como vetor de condução do Direito Civil.
Em suma, pode-se atribuir ao movimento da constitucionalização do Direito Civil as prin-
cipais diretrizes: (1) despatrimonialização: o centro da tutela jurídica é a dignidade da pessoa
humana, e não o patrimônio; (2) repersonalização: a pessoa não é mais vista como um mero
agente econômico, e sim como o centro da tutela do direito; (3) eficácia horizontal dos direitos
fundamentais: os direitos fundamentais, que tradicionalmente eram aplicados apenas nas
relações entre Estado e indivíduo (vertical), devem também ser aplicados a relações entre
particulares (horizontal), a exemplo do princípio do contraditório antes de excluir associado
por justa causa (art. 57, CC) ou de infligir uma sanção a condômino (art. 1.337, CC).
Uma outra consequência é a de que o Direito Civil Constitucional prestigia normas com
cláusulas abertas e conceitos jurídicos indeterminados, os quais dão liberdade ao civilista
para acoplar os casos concretos aos princípios constitucionais.
Os contornos do Direito Civil Constitucional foram bem resumidos no documento conhe-
cido como “Carta de Curitiba”, no qual os Grupos de Pesquisa de Direito Civil dos Programas
de Pós-Graduação das Faculdades de Direito da Universidade Federal do Paraná e da Uni-
versidade Estadual do Rio de Janeiro editaram seis proposições que, em suma, realçam a
aplicação dos direitos fundamentais entre particulares, a rejeição do método de subsunção, a
supremacia do paradigma principiológico, a mudança do ensino jurídico e a sobrevalorização
da dignidade da pessoa humana (FACHIN e TEPEDINO, 2006).

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2. Diretrizes Teóricas do Código Civil

Alinhada à perspectiva constitucional do Direito Civil, é preciso recordar que o novo Có-
digo Civil foi elaborado pela comissão de juristas coordenada por Miguel Reale sob três Di-
retrizes Teóricas, que também são conhecidas como baldrames axiológicos do Código Civil.
A primeira foi a Socialidade, segundo a qual o novo diploma prestigia a função social do
Direito em oposição ao individualismo marcante do anterior Código.
A segunda é a Eticidade, de acordo com a qual a boa-fé objetiva foi prestigiada pelo novo
Código, ao exigir condutas éticas dos indivíduos.
A terceira é a Operabilidade, à luz da qual o novo Código buscou ser facilmente manuseá-
vel pelos operadores do Direito, do que dá exemplo tanto a reunião dos prazos prescricionais
nos arts. 205 e 206 do Código quanto a utilização de conceitos jurídicos indeterminados e de
cláusulas abertas para permitir que o texto normativo satisfaça às necessidades advindas
das transformações sociais futuras.

3. Corolários da Boa-Fé Objetiva

Como ensina o professor lusitano Menezes Cordeiro, a boa-fé objetiva condena o exercí-
cio de posições jurídicas contraditórias, do que podem ser extraídas várias figuras parcelares
da boa-fé objetiva, dos quais trataremos de quatro mais abaixo, a saber: a proibição da venire
contra factum proprium, supressio, surrectio e tu quoque. Trata-se de uma decorrência do
princípio da confiança.

3.1. Proibição da Venire contra Factum Proprium

De acordo com a venire contra factum proprium, também batizada como princípio da proi-
bição do comportamento contraditório, em nome da boa-fé objetiva, devem ser consideradas
ilícitas condutas que frustrem a legítima expectativa criada por uma conduta anterior. Para
ilustrar, o STJ não admitiu o pedido, feito pela esposa, de anulação de uma promessa de com-
pra e venda de imóvel feito pelo marido sem a outorga uxória, pois a esposa, em ação judicial

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anterior proposta por terceiro em busca do imóvel, havia denunciado a lide ao promitente
comprador, a fim de que este integrasse a lide como litisdenunciado (STJ, REsp 277.284, 4ª T.,
Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, DJ 12/03/2001).

3.2. Supressio

A supressio consiste na perda de um direito em razão de inércia capaz de criar uma legíti-
ma expectativa em terceiro. Um dos primeiros casos em que se aplicou a supressio foi na Ale-
manha, no início do século XX, quando a Corte alemã decidiu que um credor perdeu o direito
à correção monetária por ter-se mantido inerte em exigi-la durante o período de dois meses
em uma época de vertiginosa espiral inflacionária. O STJ, entre outros casos, já aplicou a su-
pressio para condenar um proprietário de uma padaria a pagar indenização de R$ 15.000,00
a uma moradora do mesmo prédio em razão dos barulhos provocados pelos maquinários
durante a madrugada. Nesse caso, a padaria havia alegado que a convenção do condomínio
previa apenas a destinação comercial das unidades autônomas. Todavia, o STJ entendeu que
o condomínio e, consequentemente, os demais condôminos perderam o direito de exigir essa
destinação exclusivamente comercial, por terem sido omissos durante muitos anos diante
da ostensiva ocupação residencial de uma moradora (STJ, REsp 1096639/DF, 3ª T., Rel. Min.
Nancy Andrighi, DJe 12/02/2009).
Outro caso de supressio ocorre quando, em um contrato de compra e venda de combustí-
vel, há cláusula exigindo um volume mínimo de aquisição mensal. Suponha que, nesse caso,
o comprador realize, sem qualquer sem qualquer insurreição do comprador, pedidos mensais
em volume inferior ao mínimo contratual durante todo o tempo de vigência contratual. Ao final
do contrato, o vendedor não poderá posteriormente pleitear a multa contratual estabelecida
pelo descumprimento do consumo mínimo em nome da supressio, conforme decidiu o STJ
(REsp 1374830/SP, 3ª T., Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe 03/08/2015).
A supressio nada tem a ver com a prescrição. Os institutos coexistem. No exemplo acima,
ainda que não esteja prescrita a pretensão de cobrança da multa pelo descumprimento do
consumo mínimo, operou-se a supressio contra o vendedor.

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3.3. Surrectio

A surrectio consiste na aquisição de um direito em razão de condutas antijurídicas reite-


radas com a capacidade de criar a legítima expectativa no autor dessas condutas. É o con-
trário da supressio. Maria Helena Diniz afirma que surrectio e supressio são faces da mesma
moeda. Por exemplo, no caso acima do condomínio, pode-se afimar que, sob a ótica da mora-
dora, houve surrectio, pois ela adquiriu o direito de imprimir destinação residencial à sua uni-
dade autônoma em razão de sua conduta reiterada de descumprir a convenção condominial.
Igualmente, no caso acima de compra de combustível, a conduta reiterada do comprador de
violar a cláusula de consumo mínimo rendeu-lhe a surrectio.

3.4. Tu Quoque

O tu quoque, a seu turno, veda que alguém se aproveite da própria torpeza, exigindo di-
reitos com base em uma norma que ele violou. A exceptio non adimpleti contractus, prevista
no art. 476 do Código Civil, é um exemplo. Ainda a título de exemplo, Nelson Rosenvald e
Cristiano Chaves citam interessante caso julgado por tribunal português. Nesse caso, a corte
lusitana entendeu que era incabível a alegação de inexistência de um contrato de compra e
venda de veículo por parte do comprador, pois este, anteriormente, havia retido dolosamente
o contrato que lhe fora enviado para assinatura.

4. Teoria do Inadimplemento Mínimo

Meus caros e minhas caras, ainda há outra teoria que vocês precisam conhecer. Trata-se
da teoria do inadimplemento mínimo.
Com fundamento na função social (arts. 421 e 2.035, parágrafo único, CC), na vedação ao
abuso de direito (art. 187, CC), na boa-fé (arts. 113 e 422, CC) e na vedação ao enriquecimento
sem causa (art. 884, CC), o Direito brasileiro acolhe a teoria do adimplemento substancial,
também batizada de teoria do inadimplemento mínimo ou da substantial performance.

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Em suma, a referida teoria condena a medida drástica da resolução1 do negócio jurídico


quando a parte tiver descumprido apenas uma parcela pequena (daí o nome “inadimplemento
mínimo”) do contrato após já ter honrado com uma parcela substancial da dívida. A aferição
da expressividade do adimplemento deve levar em conta aspectos não apenas quantitativo,
mas também qualitativo, conforme enunciado n. 586/CJF). E, nesse juízo, deve-se atentar
para a dimensão da consequência do inadimplemento no caso concreto e para o grau de
importância da parte inadimplida, como lembra o Ministro Sidnei Beneti2. A aferição da di-
mensão do inadimplemento – se é mínimo ou não – sempre dependerá da análise dos casos
concretos diante da inexistência de um critério prévio e fixo para tanto.
O objetivo é a manutenção do negócio jurídico nesses casos em que o devedor adimpliu
substancialmente a dívida, ou seja, teve uma performance substancial na execução do con-
trato, de modo que o seu inadimplemento foi mínimo.
Alerte-se que essa teoria não implica extinção da dívida, mas apenas afasta a adoção de
medidas desproporcionais pelo credor, como a resolução do contrato. Isso significa que o
credor poderá servir-se dos meios ordinários de cobrança da dívida, seja os extrajudiciais –
como o protesto ou a inscrição do nome do devedor em cadastros de inadimplentes (como o
Serasa) –, seja os judiciais, como uma ação de cobrança.
Se, por exemplo, alguém vende um imóvel por preço a ser pago em 100 prestações, não é
razoável que o vendedor pleiteie a resolução do contrato se o comprador, após ter pagado, por
exemplo, 99 prestações, descumpriu apenas a última. O adimplemento foi substancial.
Interessante exemplo é dado pelo notável professor da USP Otávio Luiz Rodrigues Junior,
que, com apoio em Edwart Errante3, lembra que uma empreiteira tem o direito de receber o
valor dos seus serviços se, diante de um projeto arquitetônico apresentado pelo dono da obra
para a construção de uma casa, somente cometeu uma falha: deixou de instalar as maçanetas
de duas portas na forma indicada no projeto. Dada a insignificância desse inadimplemento

1
Resolução é uma hipótese de extinção do contrato por inadimplemento. O verbete “resolver” também significa “acabar”.
Por isso, é usual a frase “vamos resolver o problema” com o significado acabar com o problema. Resolver o contrato é
extinguir o contrato.
2
REsp 1215289/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 05/02/2013, DJe 21/02/2013.
3
O caso é lembrado pelo Ministro Antonio Carlos Ferreira no seu voto proferido neste julgado: REsp 1581505/SC, 4ª Turma,
Rel. Ministro Antonio Carlos Ferreira, DJe 28/09/2016.

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diante de toda a obra, a teoria do inadimplemento mínimo impedirá a resolução do contrato,


mas permitirá que seja cobrado apenas a indenização por perdas e danos cabíveis (o valor
das maçanetas e o custo da instalação por terceiros). O dono da obra terá de pagar o preço
pactuado, do qual se poderá deduzir apenas o valor dessa indenização.
O STJ analisou outro caso interessante e entendeu que o não pagamento da última par-
cela do prêmio de um seguro de dano não teria implicado a extinção do contrato de seguro, de
modo que o segurado tinha o direito de cobrar o pagamento da cobertura securitária diante de
um acidente ocorrido com o seu veículo. A seguradora só poderá cobrar o valor dessa parcela
inadimplida (REsp 76.362/MT, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 01/04/1996).
Ressalva-se que esse julgado antigo não retrata exatamente a orientação mais atual do STJ,
que tende a admitir a resolução do contrato sempre que o segurador tiver notificado previa-
mente o segurado para purgar a mora, ou seja, para pagar a prestação atrasada, independen-
temente da dimensão do inadimplemento (REsp 318.408/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Humber-
to Gomes de Barros, DJ 10/10/2005).
Há controvérsia acerca da aptidão da teoria para, além de impedir a extinção do contrato,
coibir a adoção de meios de cobrança que sejam considerados excessivos.
Por exemplo, a jurisprudência oscilou bastante em definir se, nos casos de financiamen-
to de veículos com alienação fiduciária em garantia, a teoria do adimplemento substancial
seria ou não admissível a execução de uma garantia fiduciária por meio da busca e apre-
ensão do bem e da consequente consolidação da propriedade fiduciária. O STJ, após um
considerável período de precedentes estendendo a teoria para inibir esse meio executivo,
pacificou o entendimento em sentido contrário, definindo que a teoria não obsta a execu-
ção da busca e apreensão e da consolidação do bem. O fundamento principal foi o de que
a boa-fé e a função social do contrato seriam desvirtuadas se o credor perdesse o direito
de executar uma garantia essencial ao seu crédito com fundamento em autorização legal
expressa (o Decreto-Lei n. 911/67), o que comprometeria o “desenvolvimento da economia
nacional” (STJ, REsp 1622555/MG, 2ª Seção, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Mi-
nistro Marco Aurélio Belizze, DJe 16/03/2017).

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Sob essa perspectiva, a teoria do inadimplemento substancial não pode infertilizar nenhu-
ma garantia das obrigações, como propriedades fiduciárias, hipotecas, penhores etc. A teoria
apenas impede a resolução do contrato, mas não a cobrança da dívida por todos os meios
coercitivos disponíveis, com execução das garantias da dívida.
Temos por acertada a opção do STJ sob a ótica do Direito Civil Constitucional, cujos con-
tornos já definimos ao tratarmos da Parte Geral. Impedir a execução de garantias da dívida
geraria diversos efeitos indesejados, como o aumento dos preços dos produtos como forma
de compensar a inadimplência (de modo que os bons pagadores pagarão pelas extravagância
dos maus pagadores) e a insegurança no mercado de investimentos diante da lembrança de
que é extremamente comum haver venda de títulos mobiliários lastreados em créditos com
garantia (a exemplo do Certificado de Recebível Imobiliário, que é vendido na Bolsa de Valores
e que geralmente se lastreiam em créditos garantidos por alienação fiduciária em garantia de
imóveis).

5. Duty to Mitigate The Loss ou Dever de Mitigar as Próprias Perdas


Amigos e amigas, tenho por importante que você conheça algumas outras teorias impor-
tantes. A primeira delas é a teoria da substantial performance.
Não é apenas o devedor, mas também o credor deve observar a boa-fé objetiva. O duty to
mitigate the loss, também chamado de dever de mitigar as próprias perdas, estabelece que o
credor não pode adotar conduta oportunista que estimule o aumento da dívida com o objetivo
de obter proveitos. Compete, pois, ao credor adotar comportamentos que colabore para que a
dívida não se avoluma demasiadamente. Nas palavras do enunciado n.169/CJF, “o princípio
da boa-fé objetiva deve levar o credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo”.
Assim, por exemplo, viola o duty to mitigate the loss quem, esperando obter um proveito
econômico considerável, aguarda dois anos para executar uma multa diária de R$ 1.000,00
fixada por um juiz para que o órgão de cadastro de inadimplentes (como o Serasa) apasse
uma negativação indevida. O credor da multa diária (astreintes) agrediu a boa-fé ao manter
uma omissão oportunista ao longo de dois anos, com o objetivo de conseguir um proveito
econômico de mais de R$ 730.000,00 por um lapso do órgão cadastral. O juiz, diante disso,

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pode reduzir o valor total das astreintes diante da sua exorbitância por força da boa-fé obje-
tiva e do art. 814, parágrafo único, CPC.
Temos que, em nome do duty to mitigate the loss, é cabível a redução dos juros exces-
sivos cobrados por uma instituição financeira por uma dívida de cheque especial, especial-
mente quando essa instituição manteve silêncio por longo período de tempo a fim de cobrar
um montante exorbitante. Em nome da boa-fé objetiva, competia à instituição financeira, ao
menos, contatar o devedor, informando-lhe dos juros estratosféricos a que ele estava expos-
to. Como se sabe, os juros do cheque especial são vertiginosamente superiores aos de um
empréstimo pessoal. Enquanto aqueles chegam a mais de 500% a.a., estes últimos ficam na
casa dos 60% a.a. Se o banco houvesse comunicado o devedor, é provável que ele tivesse
tentado obter um empréstimo pessoal, ainda que em outro banco, para estancar essa san-
gria mortal. Temos que, nessas hipóteses, seria cabível a redução da dívida para o montante
equivalente ao da taxa de juros de um empréstimo pessoal, tudo em nome do duty to mitigate
the loss.
É evidente que, em outras situações de mútuos bancários, como naqueles em que alguém
contrai um empréstimo e posteriormente incorre em inadimplência, não se pode invocar o
duty to mitigate the loss para reduzir o valor dos encargos decorrentes da mora, pois, como
alertou o Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, “o estado de inadimplência e o crescimento da
dívida é de responsabilidade exclusiva do mutuário e não de um comportamento omissivo
do mutuante” (STJ, REsp 1489784/DF, 3ª Turma, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, DJe
03/02/2016).

6. Alguns Princípios Gerais de Direito


Entre os vários princípios gerais de direito, destacamos três aqui que são extremamente
úteis para “decorar” inúmeras regras do Direito Civil. Esses três princípios estão na base da
elaboração de várias regras do Código Civil e das leis extravagantes, além de serem o suporte
de vários precedentes do STJ mesmo quando inexistia lei.
Sobre esses princípios, tivemos a oportunidade de escrever três artigos, que, aqui, se-
rão resumidos de forma sistemática. Se você tiver mais tempo, leia o artigo completo para

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aprofundamento. Estes são os artigos, todos disponíveis no site www.flaviotartuce.adv.br/


artigos_convidados:
a) “O Princípio do Aviso Prévio a uma Sanção”
b) “O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da proteção simplificada do
agraciado e a responsabilidade civil do generoso”.

6.1. Princípio do aviso Prévio a uma Sanção

Em regra, antes de infringir qualquer sanção a uma pessoa, deve-se notificá-la previamen-
te a fim de que ela possa se defender, se justificar ou simplesmente se preparar. Por sanção,
deve-se entender qualquer restrição de direito imposta a uma pessoa. Esse é o princípio do
aviso prévio a uma sanção, que decorre do princípio do contraditório (que se aplica a relações
entre particulares) e da boa-fé objetiva.
São vários os exemplos de aplicação desse princípio (e é importante você gravar esses
exemplos):

a) Prisão civil do devedor de alimentos: é necessário citar pessoalmente o devedor previa-


mente para, em três dias, pagar a dívida ou justificar sua inadimplência (art. 528, CPC).
b) Busca e apreensão de veículo alienado fiduciariamente ou objeto de leasing: a ação de
busca e apreensão só pode ser ajuizado se, antes, o devedor tiver sido notificado mediante
envio de carta registrada com aviso de recebimento (AR) sem necessidade de que o próprio
devedor tenha sido quem assinou o AR (art. 2º, § 2º, DL 911/1969).
c) Consolidação da propriedade no procedimento de execução extrajudicial de dívida garanti-
da por alienação fiduciária em garantia sobre imóvel: é necessária notificação prévia do deve-
dor para, em 15 dias, purgar a mora (pagar a dívida atrasada), notificação essa que é feita pelo
Cartório de Imóveis (art. 26, Lei n. 9.514/1997).
d) Cancelamento de plano de saúde por inadimplemento do cliente: é necessária notificação
prévia (art. 13, II, da Lei n. 9.656/1998).

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e) Cancelamento do seguro de vida por inadimplemento do segurado: é necessária notificação


prévia. Não há lei, mas apenas ato infralegal (art. 3º da Circular Susep n. 67, de 25/11/1998)
e e jurisprudência do STJ (STJ, REsp 316.552/SP, 2ª Seção, Rel. Ministro Aldir Passarinho
Júnior, DJ 12/04/2004).
f) Negativação do nome do devedor em cadastro de inadimplentes: é forçosa a notificação
prévia por parte do órgão cadastral, sob pena de causar dano moral (art. 43, § 2º, do CDC; STJ
REsp 1061134/RS, 2ª Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 01/04/2009).
g) Negativação do nome do devedor em cadastro de inadimplentes de consulta ampla (como
o Serasa) a partir de informações extraídas de negativação feita no Cadastro de Emitentes de
Cheques sem fundos (CCF): é necessária notificação prévia do devedor para comunicar que o
seu nome, que estava negativado em um cadastro de inadimplentes de consulta bem restrita
(como o CCF) irá ser lançado em um cadastro de inadimplementos de consulta ampla (como
o SERASA), sob pena de causar dano moral (STJ, REsp 1578448/SP, 3ª Turma, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, DJe 12/04/2019).
h) Ação de despejo: “o procedimento do despejo prevê que, antes da ordem judicial de despe-
jo, o inquilino inadimplente tem o direito de, após ser citado, purgar a mora: trata-se do cha-
mado depósito elisivo (art. 61, 8 § 3º, e art. 62, II, da Lei n. 8.245/91)”4.
i) Corte de energia ou de água por inadimplência: “a medida drástica do corte do fornecimento
de energia elétrica ou de água só poderá ser feito mediante notificação prévia, conforme art.
6º, § 3º, da Lei n. 8.987/1995 (STJ, REsp 1342608/SP, 2ª Turma, Rel. Ministro Og Fernandes,
DJe 27/09/2017). Se, porém, houver situação de emergência, a suspensão da energia elétri-
ca é permitida sem prévio aviso, pois há urgência a justificar esse ato (art. 6º, § 3º, da Lei n.
8.987/1995.”5.
j) Suspensão do cartão de crédito em razão da negativação do nome do cliente em cadastro
de inadimplentes por outras dívidas: “a administradora do cartão de crédito não pode auto-
maticamente, sem prévia notificação, suspender o cartão de crédito de um consumidor em

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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O Princípio do Aviso Prévio a uma Sanção no Direito Civil Brasi-
leiro. Disponível em: www.flaviotartuce.adv.br/artigos_convidados. Elaborado em 30 de maio de 2019.
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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O Princípio do Aviso Prévio a uma Sanção no Direito Civil Brasi-
leiro. Disponível em: www.flaviotartuce.adv.br/artigos_convidados. Elaborado em 30 de maio de 2019.

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Parte Geral – I
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razão de algum outro credor ter inscrito o nome do consumidor em cadastro de inadimplen-
tes. O aviso prévio é essencial. Trata-se de conduta abusiva que causa dano moral ao con-
sumidor (STJ, REsp 592.908/MG, 4ª Turma, Rel. Ministro Barros Monteiro, DJ 20/02/2006)” 6.
k)Aplicação da multa de 10% contra o devedor na fase de cumprimento de sentença com base
no art. 523 do CPC: a aplicação da multa do art. 523 do CPC depende de prévia intimação do
devedor para pagar a dívida em 15 dias na fase de cumprimento de sentença (art. 523, CPC).
l) Pedido de falência: depende de prévio protesto, que pode ser o protesto especial para fins
falimentar ou até mesmo o protesto comum, desde que este tenha cumprido todos os requisi-
tos do protesto especial com inclusão da identificação de quem recebeu a notificação (Súnula
n. 361/STJ; STJ, REsp 1052495/RS, 3ª Turma, Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe 18/11/2009).

6.2. Princípio da Proteção Simplificada do Agraciado

O Direito Civil protege o agraciado (aquele que é beneficiado por um negócio jurídico gra-
tuito), mas sem lhe dar prestígio. Vejam os exemplos práticos:
a) Fraude contra credores:

Na caracterização da fraude contra credores, o consilium fraudis é dispensado diante de negócios


gratuitos, pois, entre prestigiar o beneficiário de uma liberalidade e os credores, o direito prefere
prestigiar estes últimos diante da função social (art. 158, CC). Se, porém, se tratar de um negócio
oneroso, o consilium fraudis é requisito essencial.7

b) Interpretação restritiva:

Negócios gratuitos devem ser interpretados restritivamente (art. 114, CC). De fato, seria injusto
permitir que o beneficiário de uma liberalidade adotasse interpretações extensivas e, com isso,
prejudicasse o generoso8.

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leiro. Disponível em: www.flaviotartuce.adv.br/artigos_convidados. Elaborado em 30 de maio de 2019.
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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da proteção simpli-
ficada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado,
Dezembro/2018 (Texto para Discussão n. 254). Disponível em: www.senado.leg.br/nepleg. Acesso em 4 dezembro 2018.
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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da proteção simpli-
ficada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado,
Dezembro/2018 (Texto para Discussão n. 254). Disponível em: www.senado.leg.br/nepleg. Acesso em 4 dezembro 2018.

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c) Formalidades para negócios gratuitos:

o fato de a liberalidade somente trazer ônus ao generoso exige que ela se exteriorize por uma forma
que assegure, ao máximo, certeza do seu ânimo. O beneficiário da liberalidade não é prestigiado
do ponto de vista formal, razão por que a legislação se inclina – há exceções! - a considerar os ne-
gócios jurídicos gratuitos como solenes, a exemplo da fiança e da doação, que devem ser escritas
(arts. 541 e 819, CC) 9.

d) Vícios redibitórios e evicção:

o princípio da garantia, que estabelece que o adquirente de um bem tem direito à higidez da coisa (ga-
rantia em caso de vício redibitório) e do direito sobre a coisa (garantia em caso de evicção), somente
é aplicável para contratos onerosos, conforme arts. 441 e 447 do CC. Beneficiários de gratuidade não
podem exigir juridicamente essa garantia de qualidade da coisa ou do direito sobre a coisa. O gene-
roso, porém, deve responder por indenização apenas no caso de dolo por força do art. 392 do CC 10.

e) Concessão generosa de prorrogação de prazo de pagamento:

à luz do art. 372 do CC, a concessão obsequiosa de um prazo adicional para o pagamento de uma
dívida (prazo de favor) não implica renúncia ao direito do credor de utilizar essa dívida para, por
meio da compensação, extinguir outra. Seria realmente injusto que o beneficiário da benesse pu-
desse executar judicialmente o generoso por uma outra dívida, sem que este último, em defesa,
pudesse opor a compensação. A concessão de um prazo de favor afasta a mora (juros moratórios,
multas etc.), mas jamais o direito de o credor valer-se da obrigação dilatada para invocar a com-
pensação 11.

f) Responsabilidade do cedente na cessão de crédito gratuita:

conforme art. 295 do CC, o cedente responde pela existência do crédito na cessão onerosa, inde-
pendentemente de culpa ou dolo. Se, porém, a cessão for gratuita, o cedente generoso só responde
por dolo. Essa regra harmoniza-se com a lógica de justiça da tutela da gratuidade e se afina com as
disposições relativas à evicção (art. 447, CC) e à responsabilidade civil do generoso (art. 392, CC) 12.
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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da proteção simpli-
ficada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado,
Dezembro/2018 (Texto para Discussão n. 254). Disponível em: www.senado.leg.br/nepleg. Acesso em 4 dezembro 2018.
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ficada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado,
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ficada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado,
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g) Pagamento indevido por meio de transferência gratuita de um imóvel:

quem adquire gratuitamente imóvel de quem o havia obtido como fruto de pagamento indevido não
é protegido prestigiosamente: poderá perder o bem (art. 879, parágrafo único, CC)13.

h) Carona (transporte gratuito de pessoas): generoso só responde por culpa grave ou dolo
(Súmula n. 145/STJ).

6.3. Princípio da Proteção Simplificada do Luxo


O Direito Civil protege situações de luxo (aquelas que estão acima da média), mas sem lhe
dar prestígio. Vejam os exemplos práticos:
a) Benfeitorias voluptuárias e posse:

o possuidor de boa-fé não pode exigir que elas sejam indenizadas, embora possa levantá-las se for
possível, ao contrário que se dá com as benfeitorias necessárias e úteis (art. 1.219, CC). Em outras
palavras, se um possuidor de boa-fé despende R$ 1.000,00 com a troca da fiação elétrica (benfeitoria
necessária), R$ 4.000,00 com a ampliação do quarto (benfeitoria útil) e R$ 500.000,00 com a con-
tratação de um famoso pintor para colorir o teto da sala ao estilo da Capela Sistina (benfeitoria vo-
luptuária), ele – ao ser desapossado do bem por um terceiro com melhor direito – poderá reivindicar
a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis com direito de retenção, mas não poderá exigir
que o reivindicante indenize-lhe as benfeitorias voluptuárias (“o luxo”), ou seja, as obras que excedem
o padrão do homo medius. Esse possuidor poderá apenas, se possível, “levantar” essa benfeitoria
luxuosa, como levar a lâmina do teto contendo a pintura e rebocando o teto para restituir-lhe a nor-
malidade. O Direito protege o luxo, mas não o prestigia, conforme o princípio da proteção simplificada
do luxo14.

b) Quorum mais rigoroso em condomínio edilício:

Para a realização de benfeitorias voluptuárias em condomínios, não basta o consentimento da maio-


ria dos condôminos, ao contrário do que sucede com benfeitorias úteis – que se satisfazem com
essa maioria absoluta (art. 1.341, inciso I, CC) – e com as benfeitorias necessárias – que sequer
reclamam autorização dos condôminos se não importarem em despesas excessivas (art. 1.341, §§
1º ao 4º, CC). Benfeitorias voluptuárias, por serem “luxos”, reivindicam um quorum mais rigoroso
de dois terços dos condôminos (art. 1.341, inciso I, do CC). Em outras palavras, benfeitorias que
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representam “luxos” não são prestigiadas como as demais benfeitorias, o que reflete mais uma
aplicação do princípio da proteção simplificada do luxo 15.

c) Redução equitativa indenização (art. 944, parágrafo único, CC):

quando há manifesta desproporção entre o grau de culpa e o dano, o juiz pode reduzir o valor da
indenização equitativamente. Assim, se um indivíduo abalroa o seu veículo contra um carro de luxo
cujo conserto custará cinquenta vezes mais o valor que corresponderia à reparação de um carro
comum, é viável aplicar o art. 944, parágrafo único, do CC para permitir o valor da indenização seja
reduzido para um patamar mediano. Isso, porque o luxo ostentado pelo titular do veículo acaba por
expor os demais a um risco acima da média. Se, porém, a colisão tivesse sido provocada dolosa-
mente por inveja do condutor do veículo comum, a indenização deveria ser o elevadíssimo valor do
orçamento, pois o grau de culpa será proporcional ao dano. É nesse sentido que o direito protege o
luxo, mas não lhe dá prestígio, conforme o princípio em pauta 16.

d) Móveis suntuosos em imóvel protegido pela impenhorabilidade do bem de família:

em regra, os móveis que guarnecem o imóvel residencial do devedor são impenhoráveis por se-
rem bem de família. Excepciona-se essa blindagem de impenhorabilidade se esses móveis forem
“obras de arte e adornos suntuosos” (art. 2º, Lei n. 8.009/1990). É que esses bens representam
“luxos”, ou seja, excedem o limite do padrão do homo medius e, portanto, não podem receber a
mesma deferência jurídica que repousa sobre os demais móveis. Trata-se de mais um exemplo de
aplicação do princípio da proteção simplificada do luxo17.

e) Benfeitorias voluptuárias em desapropriação:

Na desapropriação por utilidade pública ou para reforma agrária, as benfeitorias voluptuárias não
são indenizadas em dinheiro, ao contrário do que sucede com as benfeitorias necessárias e úteis
(art. 26, Decreto-Lei n. 3.365/41; arts. 5º, XXIV, 184, § 1º, CF; art. 5º, § 1º, da Lei n. 8.629/1993)” 18.

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OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de Oliveira. O princípio da proteção simplificada do luxo, o princípio da proteção simpli-
ficada do agraciado e a responsabilidade civil do generoso. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/Senado,
Dezembro/2018 (Texto para Discussão n. 254). Disponível em: www.senado.leg.br/nepleg. Acesso em 4 dezembro 2018.
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RESUMO
Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercí-
cios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o
conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as ques-
tões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade
com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir às
questões.
O resumo desta aula é este:
a) A Constitucionalização do Direito Civil é um movimento que estabelece que o Direito
Civil deve ser submetido ao Direito Constitucional, o que implica a despatrimonialização (a
pessoa humana é mais importante do que o patrimônio no Direito Civil), a repersonalização
(pessoa não é mero agente econômico, e sim algum com direito à dignidade) e a eficácia
horizontal dos direitos fundamentais (a possibilidade de aplicação de normas e princípios
constitucionais diretamente em relações de Direito Civil).
b) O Código Civil foi elaborado com base em três diretrizes teóricas: eticidade (valorização
da boa-fé objetiva), socialidade (valorização da função social) e operabilidade (o Código foi
redigido de modo a ser didático e com texto aberto a diversas interpretações).
c) São corolários da boa-fé objetiva: (1) a proibição da venire contra factum proprium; (2)
a supressio; (3) a surrectio; (4) o tu quoque.
d) Se o devedor cumpriu parcela substancial da dívida, não cabe a resolução do contrato
em nome da teoria do adimplemento substancial (= teoria do inadimplemento mínimo).
e) O credor não pode adotar conduta oportunista que aumente o valor da dívida em razão
da duty to mitigate the loss.
f) Princípio do aviso prévio a uma sanção: é necessário notificar a pessoa previamente a
uma sanção. Ex.:
• Prisão civil de alimentos;
• Busca e apreensão em alienação fiduciária ou leasing;

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• Consolidação de imóvel alienado fiduciariamente;


• Cancelamento de seguro ou plano de saúde por inadimplência;
• Negativação no Serasa, ainda que seja a partir de negativação feita no CCF, que é um
cadastro de acesso restrito;
• outros casos.

g) Princípio da proteção simplificada do agraciado: direito civil não dá prestígio ao agra-


ciado. Ex.:
• dispensa de consilium fraudis na fraude contra credores;
• interpretação restritiva;
• formalismo;
• inaplicabilidade de vício redibitório e de evicção;
• transportador só responde por culpa grave ou dolo no caso de carona;
• outros.

h) Princípio da proteção simplificada do luxo: direito civil não dá prestígio a luxo. Ex.:
• possuidor de boa-fé não pode exigir indenização por benfeitorias voluptuárias;
• quórum é mais rigoroso no condomínio edilício para a realização de benfeitorias
voluptuárias;
• móveis suntuosos que guarnecem bem de família podem ser penhorados;
• benfeitorias voluptuárias não são indenizáveis em desapropriação
• outros.

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QUESTÕES DE CONCURSO
Questão 1 (MPT/PROCURADOR/MPT/2017/ADAPTADA) O Código Civil de 2002 positivou
em seus artigos valores inerentes à pessoa humana, que passaram a orientar a interpretação
de institutos do Direito Civil, como, por exemplo, a boa-fé objetiva como elemento das rela-
ções contratuais. Essa mudança de paradigma decorre do que se tem chamado de constitu-
cionalização do Direito Civil.

Questão 2 (LEGALLE/PROCURADOR/PREF. DE SILVEIRA MARTINS-RS/2014) Atualmente é


possível se falar em um novo Direito Civil, marcado, especialmente, pelos seguintes elemen-
tos, EXCETO:
a) Privatização do Direito Civil.
b) Constitucionalização do Direito Civil.
c) Humanização do Direito Civil.
d) Normatização da biotecnologia.
e) Unificação no plano obrigacional entre o Direito Civil e o Direito Comercial.

Questão 3 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Có-


digo Civil de 2002 resguardou a igualdade por meio da visão abstrata do sujeito de direitos,
considerado em razão das normas jurídicas, e não em face de suas circunstâncias concretas.

Questão 4 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) A operacionalidade do direito


civil está relacionada à solução de problemas abstratamente previstos, independentemente
de sua expressão concreta e simplificada.

Questão 5 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Có-


digo Civil de 2002 adotou a concepção de sistema fechado, uma vez que permitido o diálogo
apenas com a Constituição Federal e com as normas especiais de direito privado.

Questão 6 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Códi-


go Civil de 2002 utilizou a técnica legislativa das normas abertas, razão pela qual o processo
de aplicação do Direito depende exclusivamente do raciocínio dedutivo e silogístico.

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Questão 7 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Códi-


go Civil de 2002 estabeleceu a visão antropocêntrica ao Direito Privado, da qual é exemplo a
previsão normativa dos direitos da personalidade.

Questão 8 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Códi-


go Civil de 2002 promoveu a unificação do Direito Privado, com exceção do direito das obriga-
ções, onde manteve a autonomia do Direito Civil e do Direito Empresarial.

Questão 9 (FCC/DEFENSOR/DPE-ES/2016) Darei apenas um exemplo. Quem é que, no Di-


reito Civil brasileiro ou estrangeiro, até hoje, soube fazer uma distinção, nítida e fora de dúvida,
entre prescrição e decadência? Há as teorias mais cerebrinas e bizantinas para se distinguir
uma coisa de outra. Devido a esse contraste de ideias, assisti, uma vez, perplexo, num mesmo
mês, a um Tribunal de São Paulo negar uma apelação interposta por mim e outros advogados,
porque entendia que o nosso direito estava extinto por força de decadência; e, poucas sema-
nas depois, ganhávamos, numa outra Câmara, por entender-se que o prazo era de prescrição,
que havia sido interrompido! Por isso, o homem comum olha o Tribunal e fica perplexo. Ora,
quisemos pôr termo a essa perplexidade, de maneira prática, porque o simples é o sinal da
verdade, e não o bizantino e o complicado. Preferimos, por tais motivos, reunir as normas
prescricionais, todas elas, enumerando-as na Parte Geral do Código. Não haverá dúvida ne-
nhuma: ou figura no artigo que rege as prescrições, ou então se trata de decadência. Casos
de decadência não figuram na Parte Geral, a não ser em cinco ou seis hipóteses em que cabia
prevê-la, logo após, ou melhor, como complemento do artigo em que era, especificamente,
aplicável. (REALE, Miguel. O projeto de Código Civil: situação atual e seus problemas funda-
mentais. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 11-12).
Essa solução adotada no Código Civil de 2002 se vincula:
a) à diretriz fundamental da socialidade.
b) à abolição da distinção entre prescrição e decadência.
c) à diretriz fundamental da eticidade, evitando soluções juridicamente conflitantes.
d) ao princípio da boa-fé objetiva, que garante a obtenção do julgamento esperado pelo
jurisdicionado.
e) à diretriz fundamental da operabilidade, evitando dificuldades interpretativas.

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Questão 10 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) Na elaboração do Código Civil


de 2002, o legislador adotou os paradigmas da socialidade, eticidade e operacionalidade, re-
pudiando a adoção de cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados.

Questão 11 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) No Código Civil de 2002, o prin-


cípio da socialidade reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, razão
pela qual o direito de propriedade individual, de matriz liberal, deve ceder lugar ao direito de
propriedade coletiva, tal como preconizado no socialismo real.

Questão 12 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
O Código Civil de 2002 contém várias cláusulas gerais, das quais são exemplos a função so-
cial do contrato, a boa-fé objetiva e a probidade que devem reger os contratantes, a função
social da propriedade e a ordem pública.

Questão 13 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) Cláusulas gerais, princípios e


conceitos jurídicos indeterminados são expressões que designam o mesmo instituto jurídico.

Questão 14 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) O princípio da eticidade, para-


digma do atual direito civil constitucional, funda-se no valor da pessoa humana como fonte
de todos os demais valores, tendo por base a equidade, boa-fé, justa causa e demais critérios
éticos, o que possibilita, por exemplo, a relativização do princípio do pacta sunt servanda,
quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um contratante em detrimento do
outro.

Questão 15 (MPE-MG/PROMOTOR/MPE-MG) Assinale a alternativa CORRETA:


É possível afirmar que a adoção do sistema de cláusulas gerais no Código Civil de 2002 reverencia:
a) O princípio da boa-fé objetiva.
b) O princípio da eticidade.
c) O princípio da sociabilidade.

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d) O princípio da operabilidade.

Questão 16 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
Os conceitos jurídicos indeterminados não estão indicados na lei, decorrendo, apenas, de va-
lores éticos, morais, sociais, econômicos e jurídicos.

Questão 17 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
O Código Civil de 2002 divide-se em Parte Geral, Parte Especial e Livro Complementar.

Questão 18 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
Os vetores estruturantes do Código Civil de 2002 são os da socialidade, da eticidade, da sis-
tematicidade e da operabilidade.

Questão 19 (AOCP/ADVOGADO/FESE-SUS/2010/ADAPTADA) Os princípios norteadores do


atual Código Civil Brasileiro são
a) Boa-fé, Eticidade e Operabilidade.
b) Socialidade, Legalidade e Operabilidade.
c) Socialidade, Eticidade e Operabilidade.

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d) Eticidade, Legalidade e Morabilidade.


e) Efetividade, Adequação e Boa-fé.

Questão 20 (MPE-MT/PROMOTOR/MPE-MT/2012/ADAPTADA) Os efeitos do princípio


nemo venire contra factum próprio podem ser identificados no Código Civil brasileiro de 2002
e no Código Civil de 1916 por meio de interpretação de algumas regras específicas, entre ou-
tras reguladoras dos contratos e dos negócios jurídicos.

Questão 21 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
O legislador brasileiro de 2002, ao optar pela grande codificação, unificou o direito das obriga-
ções, bem como revogou totalmente o Código Civil de 1916 e parcialmente o Código Comercial.

Questão 22 (FGV/MPE-RJ/2014/ADAPTADA) O princípio da boa-fé objetiva se apresen-


ta como norma de conduta leal e ética aplicável às obrigações contratuais, sentido idên-
tico ao utilizado, em matéria de direitos reais, na classificação da posse como sendo de
boa-fé ou de má-fé.

Questão 23 (FGV/MPE-RJ/2014/ADAPTADA) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta


como um estado psicológico pelo qual o agente, de forma crédula, desconhece as reais cir-
cunstâncias do ato praticado;

Questão 24 (FGV/MPE-RJ/2014/ADAPTADA) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta


como norma de conduta de acordo com os ideais de honestidade e lealdade, devendo as par-
tes contratuais agir conforme um modelo de conduta social, sempre respeitando a confiança
e os interesses do outro.

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Questão 25 (IESES/OFICIAL DE CARTÓRIO/TJMS/2014) Para fins de prazo civil considera-se


Meado:
a) Em qualquer mês, o seu décimo quinto dia, com exceção do mês de fevereiro, o qual será
considerado o décimo quarto dia.
b) A metade do prazo que a lei prever.
c) Em qualquer mês, o dia quinze, independentemente de que o vencimento venha a cair em
feriado.
d) Em qualquer mês, o seu décimo quinto dia, e se dia do vencimento cair em feriado, consi-
derar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.

Questão 26 (VUNESP/ADVOGADO/SPTRANS/2012) Considerando o Código Civil de 1916


(CC/1916) e o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta acerca da conta-
gem de prazos.
a) Prevalecem os prazos do CC/2002, na medida em que este revogou o CC/1916.
b) Prevalecem os prazos do CC/1916, em respeito ao ato jurídico perfeito.
c) Se reduzido o prazo pelo CC/2002 e transcorrido, na data de sua entrada em vigor, mais da
metade do tempo estabelecido no CC/1916, prevalece o prazo da nova lei.
d) Se reduzido o prazo pelo CC/2002 e transcorrido, na data de sua entrada em vigor, mais da
metade do tempo estabelecido no CC/1916, prevalece o prazo da lei anterior.
e) Se houve alteração de prazo pelo CC/2002, dever-se-á considerar a média dos prazos, a
contar da vigência do novo código.

Questão 27 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A operabilidade determinou a ado-


ção de soluções normativas para a facilitação da interpretação, aplicação e adaptação do
Direito, o que se verifica na adoção das normas abertas como técnica legislativa.

Questão 28 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A socialidade implicou a funcio-


nalização dos modelos jurídicos, fazendo prevalecer os valores coletivos sobre os individuais,

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sem que sejam desconsiderados os valores inerentes à pessoa, o que se verifica na previsão
do instituto do abuso de direito.

Questão 29 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A eticidade provocou a opção an-


tropocêntrica da codificação civil, implicando a prevalência de critérios éticos sobre os de
natureza formal, o que se verifica nos institutos da lesão e do estado de perigo.

Questão 30 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A igualdade formal determinou o


tratamento igualitário dos sujeitos de direitos e o afastamento de regimes tutelares, o que
se verifica no afastamento de um regime de proteção dos incapazes, presentes na anterior
codificação civil.

Questão 31 (FCC/TRE-PR/2017/ADAPTADA) A teoria do adimplemento substancial foi ex-


pressamente prevista na legislação civil e sua adoção evita a resolução do contrato, quando
ocorrer inadimplemento mínimo.

Questão 32 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. MOGI DAS CRUZES – SP/2016/ADAPTADA) So-


bre a supressio ou o comportamento contraditório, é possível afirmar que pode ser conside-
rado como abuso de direito por omissão reiterada.

Questão 33 (CESPE/DEFENSOR/DPU/2010/ADAPTADA) O pagamento realizado reiterada-


mente pelo devedor em local diverso do ajustado em contrato é um exemplo do que se deno-
mina supressio.

Questão 34 (CESPE/ANALISTA-ADVOCACIA/EBC/2011/ADAPTADA) O princípio da boa-fé


objetiva contratual tem, entre outras funções, a de limitar o exercício de direitos subjetivos,
sobre a qual incidem a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria dos atos
próprios, daí derivando os seguintes institutos: tu quoque, venire contra facutm proprium, sur-
rectio e supressio. Este último assegura a possibilidade de redução do conteúdo obrigacional
pactuado, pela inércia qualificada de uma das partes, ao longo da execução do contrato, ao

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exercer direito ou faculdade, criando para a outra a legítima expectativa de ter havido a renún-
cia àquela prerrogativa.

Questão 35 (FCC/DEFENSOR/DPE-MA/2015) Bruno adquiriu um veículo mediante contrato


de alienação fiduciária, em 300 parcelas no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) cada. Bruno
pagou pontualmente as parcelas até que, faltando apenas seis prestações para o adimple-
mento, não teve condições de realizar o pagamento. Diante da impontualidade de Bruno, a
instituição financeira ajuizou ação de busca e apreensão do veículo. Na condição de defensor
público atuando em favor de Bruno, para defendê-lo neste pedido de busca e apreensão, é
correta a alegação de abuso do direito por parte da instituição financeira por aplicação da
a) autonomia da vontade.
b) vedação de cláusula comissória.
c) exceção do contrato não cumprido.
d) vedação legal de busca e apreensão em alienação fiduciária.
e) teoria do adimplemento substancial.

Questão 36 (CESPE/JUIZ/TJ-PB/2015/ADAPTADA) Os negócios jurídicos que estabeleçam


benefício devem ter interpretação ampla.

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GABARITO
1. C 13. E 25. d
2. a 14. C 26. d
3. E 15. d 27. C
4. E 16. E 28. C
5. E 17. C 29. C
6. E 18. C 30. E
7. C 19. c 31. E
8. E 20. C 32. C
9. e 21. C 33. C
10. E 22. E 34. C
11. E 23. E 35. e
12. C 24. C 36. E

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 (MPT/PROCURADOR/MPT/2017/ADAPTADA) O Código Civil de 2002 positivou
em seus artigos valores inerentes à pessoa humana, que passaram a orientar a interpretação
de institutos do Direito Civil, como, por exemplo, a boa-fé objetiva como elemento das rela-
ções contratuais. Essa mudança de paradigma decorre do que se tem chamado de constitu-
cionalização do Direito Civil.

Certo.
A questão trata adequadamente da constitucionalização do Direito Civil, que preconiza a sub-
missão desse ramo do Direito à Constituição Federal e da qual decorre a eficácia horizontal
dos direitos fundamentais (aplicação destes em relações entre particulares), a repersonali-
zação (pessoa humana não é mais um mero agente econômico, e sim o titular de dignidade)
e a despatrimonialização (a dignidade da pessoa humana é mais importante do que a tutela
do patrimônio).

Questão 2 (LEGALLE/PROCURADOR/PREF. DE SILVEIRA MARTINS-RS/2014) Atualmente é


possível se falar em um novo Direito Civil, marcado, especialmente, pelos seguintes elemen-
tos, EXCETO:
a) Privatização do Direito Civil.
b) Constitucionalização do Direito Civil.
c) Humanização do Direito Civil.
d) Normatização da biotecnologia.
e) Unificação no plano obrigacional entre o Direito Civil e o Direito Comercial.

Letra a.
Não há falar em privatização do Direito Civil, e sim na sua publicização, assim entendida a
tendência de serem editadas normas de ordem pública para proteger pessoas vulneráveis
em contratos civis. Por isso, o gabarito é a letra “A”. No mais, acresça-se que o novo Direito

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Civil é marcado pela sua constitucionalização (movimento que o subordina à Constituição


Federal), pela sua humanização (há uma valorização da dignidade da pessoa humana), pela
normatização da biotecnologia (a legislação tende a regulamentar a biotecnologia, de que
são exemplos a presunção de paternidade no caso de reprodução assistida nos termos do
art. 1.597, III a V, do CC, a Lei de Biossegurança e a Resolução n. 63/2017 – CNJ, que trata da
paternidade no caso de reprodução assistida) e pela unificação no plano obrigacional entre o
Direito Civil e o Direito Comercial (as regras de obrigações do Livro das Obrigações se aplicam
para relações civis ou empresariais).

Questão 3 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Có-


digo Civil de 2002 resguardou a igualdade por meio da visão abstrata do sujeito de direitos,
considerado em razão das normas jurídicas, e não em face de suas circunstâncias concretas.

Errado.
Não tem uma visão abstrata do sujeito, e sim concreta, pois busca adequar-se às particula-
ridades de cada pessoa na garantia dos seus direitos. O próprio uso de cláusulas abertas e
conceitos jurídicos indeterminados como técnicas de redação legislativa se destinam a dar
maior mobilidade ao jurista para, diante de cada caso concreto, dar uma solução mais justa,
humana e digna.

Questão 4 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) A operacionalidade do direito


civil está relacionada à solução de problemas abstratamente previstos, independentemente
de sua expressão concreta e simplificada.

Errado.
A operabilidade do direito civil foca entregar ao jurista a aptidão de resolver casos concretos,
de acordo com suas particularidades, de uma maneira mais justa e compatível com a digni-
dade da pessoa humana. Não se busca, portanto, dar uma solução abstrata a todos os casos
concretos de forma indistinta, ao contrário do afirmado na questão.

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Questão 5 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Có-


digo Civil de 2002 adotou a concepção de sistema fechado, uma vez que permitido o diálogo
apenas com a Constituição Federal e com as normas especiais de direito privado.

Errado.
O sistema é aberto: o diálogo do direito civil é com todos os ramos do Direito e com todas as
normas (até com tratados internacionais), e não apenas com a Constituição Federal, ao con-
trário do dito na questão.

Questão 6 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Códi-


go Civil de 2002 utilizou a técnica legislativa das normas abertas, razão pela qual o processo
de aplicação do Direito depende exclusivamente do raciocínio dedutivo e silogístico.

Errado.
O uso de normas abertas (por meio das técnicas de redação legislativa do “conceito jurídico
indeterminado” e das “cláusulas abertas”) reduz o raciocínio dedutivo e silogístico (os quais
são mais usuais para normas fechadas) e amplia o espaço para o raciocínio da razoabilidade
e da ponderação de princípios.

Questão 7 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Códi-


go Civil de 2002 estabeleceu a visão antropocêntrica ao Direito Privado, da qual é exemplo a
previsão normativa dos direitos da personalidade.

Certo.
O Código Civil colocou a dignidade da pessoa humana no centro de sua tutela, o que retrata
uma visão antropocêntrica, conforme letra “D”. O homem é o centro, e não mais o patrimônio
(visão patrimonialista).

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Questão 8 (FCC/DEFENSOR/DPE-RS/2014/ADAPTADA) O sistema de codificação do Códi-


go Civil de 2002 promoveu a unificação do Direito Privado, com exceção do direito das obriga-
ções, onde manteve a autonomia do Direito Civil e do Direito Empresarial.

Errado.
O direito das obrigações foi unificado, de modo que relações obrigacionais civis e empresa-
riais se sujeitam às mesmas regras.

Questão 9 (FCC/DEFENSOR/DPE-ES/2016) Darei apenas um exemplo. Quem é que, no Di-


reito Civil brasileiro ou estrangeiro, até hoje, soube fazer uma distinção, nítida e fora de dúvida,
entre prescrição e decadência? Há as teorias mais cerebrinas e bizantinas para se distinguir
uma coisa de outra. Devido a esse contraste de ideias, assisti, uma vez, perplexo, num mesmo
mês, a um Tribunal de São Paulo negar uma apelação interposta por mim e outros advogados,
porque entendia que o nosso direito estava extinto por força de decadência; e, poucas sema-
nas depois, ganhávamos, numa outra Câmara, por entender-se que o prazo era de prescrição,
que havia sido interrompido! Por isso, o homem comum olha o Tribunal e fica perplexo. Ora,
quisemos pôr termo a essa perplexidade, de maneira prática, porque o simples é o sinal da
verdade, e não o bizantino e o complicado. Preferimos, por tais motivos, reunir as normas
prescricionais, todas elas, enumerando-as na Parte Geral do Código. Não haverá dúvida ne-
nhuma: ou figura no artigo que rege as prescrições, ou então se trata de decadência. Casos
de decadência não figuram na Parte Geral, a não ser em cinco ou seis hipóteses em que cabia
prevê-la, logo após, ou melhor, como complemento do artigo em que era, especificamente,
aplicável. (REALE, Miguel. O projeto de Código Civil: situação atual e seus problemas funda-
mentais. São Paulo: Saraiva, 1986. p. 11-12).
Essa solução adotada no Código Civil de 2002 se vincula:
a) à diretriz fundamental da socialidade.
b) à abolição da distinção entre prescrição e decadência.
c) à diretriz fundamental da eticidade, evitando soluções juridicamente conflitantes.
d) ao princípio da boa-fé objetiva, que garante a obtenção do julgamento esperado pelo
jurisdicionado.
e) à diretriz fundamental da operabilidade, evitando dificuldades interpretativas.

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Letra e.
Entre as diretrizes teóricas do Código Civil de 2002 (eticidade, socialidade e operabilidade), a
operabilidade é aquela que levou a Comissão de Juristas coordenada pelo professor Miguel
Reale a redigir um Código Civil que fosse facilmente manuseável (operável) pelos juristas
(operadores do Direito). Em decorrência disso, o Código Civil adotou uma sistematicidade, de
que é exemplo a reunião de todos os prazos prescricionais no art. 205 e 206 do Código Civil
com o objetivo de livrar os juristas de debates para definir qual o prazo é prescricional ou
decadencial. Ressalva-se que houve apenas uma falha nessa sistematização: o art. 1.032 do
CC prevê um prazo de prescrição de 2 anos durante o qual o sócio retirante ainda responde
por dívidas sociais. A questão em pauta trata da operabilidade, o que atrai o item “E” como
resposta.

Questão 10 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) Na elaboração do Código Civil


de 2002, o legislador adotou os paradigmas da socialidade, eticidade e operacionalidade, re-
pudiando a adoção de cláusulas gerais, princípios e conceitos jurídicos indeterminados.

Errado.
A operabilidade envolve o uso das técnicas de redação legislativa das cláusulas gerais e dos
conceitos jurídicos indeterminados, além do emprego de princípios (que, em muitas ocasiões,
são positivados por meio do uso das referidas técnicas de redação legislativa). Errada, pois,
a questão.

Questão 11 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) No Código Civil de 2002, o prin-


cípio da socialidade reflete a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, razão
pela qual o direito de propriedade individual, de matriz liberal, deve ceder lugar ao direito de
propriedade coletiva, tal como preconizado no socialismo real.

Errado.
A socialidade incutiu no direito civil uma preocupação no sentido de os institutos de direito
civil, com inclusão da propriedade, atendam à função social. Isso, porém, não significa um

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socialismo nem o fim da propriedade privada, ao contrário do exposto na questão. A ideia é


que o direito individual seja exercido dentro dos limites da função social.

Questão 12 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
O Código Civil de 2002 contém várias cláusulas gerais, das quais são exemplos a função so-
cial do contrato, a boa-fé objetiva e a probidade que devem reger os contratantes, a função
social da propriedade e a ordem pública.

Certo.
O uso de palavras com campo semântico aberto, que permite diversas interpretações por
conter certo grau de indeterminação, é a característica marcada dos conceitos jurídicos in-
determinadas e das cláusulas gerais (ou cláusulas abertas). Essas duas técnicas de redação
legislativa são bem parecidas.
A distinção é a que, no conceito jurídico indeterminado, a indeterminação está apenas defini-
ção da norma (= o conceito é indeterminado), e não na consequência de sua violação, a exem-
plo da expressão “atividade de risco” prevista no parágrafo único do art. 927 do CC. Definir o
que seja “atividade de risco” envolve certo grau de indeterminação, mas a consequência jurí-
dica é certa: a responsabilidade objetiva. A indefinição está apenas no pressuposto da norma
(conteúdo, a definição), e não no seu consequente (consequência prática).
Já na cláusula geral, a indeterminação está tanto na definição quanto na consequência práti-
ca. É o caso, por exemplo, da expressões “função social”, “boa-fé objetiva”, “probidade”, “de-
vido processo legal”. Tanto a definição desses conceitos quanto as suas consequências são
abertas, o que dá grande margem de manobra ao jurista. A indefinição está tanto no pressu-
posto da norma quanto no consequente19.

19
Para aprofundamento, recomendamos obra do jurista Rodrigo Reis MAZZEI (2005) e da jurista Sabrina Dourado FRANÇA
ANDRADE (2011).

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Na prática, porém, é comum haver mistura entre as duas técnicas de redação legislativa aci-
ma, especialmente porque ambas têm em comum o objetivo de dar maior liberdade à ativida-
de interpretativa do jurista.

Questão 13 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) Cláusulas gerais, princípios e


conceitos jurídicos indeterminados são expressões que designam o mesmo instituto jurídico.

Errado.
Embora as duas expressões sejam parecidas por representarem técnicas de redação legis-
lativa que dão maior liberdade ao jurista, elas não são iguais: a cláusula geral é que envolve
indeterminação no pressuposto e no consequente da norma, ao passo que o conceito jurídico
indeterminado só tem indeterminação no pressuposto. Reportamo-nos ao exposto nos co-
mentários da questão anterior.

Questão 14 (CESPE/DEFENSOR/DPE-TO/2013/ADAPTADA) O princípio da eticidade, para-


digma do atual direito civil constitucional, funda-se no valor da pessoa humana como fonte
de todos os demais valores, tendo por base a equidade, boa-fé, justa causa e demais critérios
éticos, o que possibilita, por exemplo, a relativização do princípio do pacta sunt servanda,
quando o contrato estabelecer vantagens exageradas para um contratante em detrimento do
outro.

Certo.
A eticidade é exigir que, nas relações de direito civil, as partes adotem comportamento com-
patível com a ética. Isso permite que contratos com cláusulas abusivas sejam invalidados, o
que representa uma flexibilização do pacta sunt servanda. A questão está, pois, correta.

Questão 15 (MPE-MG/PROMOTOR/MPE-MG) Assinale a alternativa CORRETA:

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É possível afirmar que a adoção do sistema de cláusulas gerais no Código Civil de 2002
reverencia:
a) O princípio da boa-fé objetiva.
b) O princípio da eticidade.
c) O princípio da sociabilidade.
d) O princípio da operabilidade.

Letra d.
A operabilidade é a diretriz teórica que estabelece que o CC/2002 deveria ser redigido de modo
a ser de fácil manuseio pelo operador do Direito. Dela decorre, de um lado, a sistematicidade
(de que é exemplo a concentração dos prazos prescricionais nos arts. 205 e 206 do CC) e, de
outro lado, o emprego de técnicas de redação aberta das normas por meio das cláusulas ge-
rais e dos conceitos jurídicos indeterminados. Por isso, a resposta é letra “D”.

Questão 16 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
Os conceitos jurídicos indeterminados não estão indicados na lei, decorrendo, apenas, de va-
lores éticos, morais, sociais, econômicos e jurídicos.

Errado.
Os conceitos jurídicos indeterminados estão no texto da lei também, pois representam uma
técnica de redação legislativa: a lei é escrita usando palavras de definição aberta (indetermi-
nada) para dar margem de manobra ao jurista.

Questão 17 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


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que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
O Código Civil de 2002 divide-se em Parte Geral, Parte Especial e Livro Complementar.

Certo.
A divisão do CC/2002 é esta: Parte Geral (arts, 1 a 232), Parte Especial (arts. 233 a 2027) e
Livro Complementar (arts. 2028 a 2046).

Questão 18 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
Os vetores estruturantes do Código Civil de 2002 são os da socialidade, da eticidade, da sis-
tematicidade e da operabilidade.

Certo.
As diretrizes teóricas do CC/2002 são a eticidade, a socialidade e a operabilidade. Dentro des-
ta última, está a sistematicidade. A questão cita as três diretrizes e, ainda que não houvesse
necessidade, especifica a sistematicidade, de modo que ela está correta.

Questão 19 (AOCP/ADVOGADO/FESE-SUS/2010/ADAPTADA) Os princípios norteadores do


atual Código Civil Brasileiro são
a) Boa-fé, Eticidade e Operabilidade.
b) Socialidade, Legalidade e Operabilidade.
c) Socialidade, Eticidade e Operabilidade.
d) Eticidade, Legalidade e Morabilidade.
e) Efetividade, Adequação e Boa-fé.

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Letra c.
As três diretrizes teóricas do CC/2002 são as indicadas na letra “c”.

Questão 20 (MPE-MT/PROMOTOR/MPE-MT/2012/ADAPTADA) Os efeitos do princípio


nemo venire contra factum próprio podem ser identificados no Código Civil brasileiro de 2002
e no Código Civil de 1916 por meio de interpretação de algumas regras específicas, entre ou-
tras reguladoras dos contratos e dos negócios jurídicos.

Certo.
O princípio da proibição do comportamento contraditório (princípio do nemo venire contra
factum proprium) não está positivada expressamente, mas decorre da conjugação de vários
dispositivos do Código Civil que exige a observância da boa-fé e da função social, como os
arts. 187, 421 e 422.

Questão 21 (NC-UFPR/DEFENSOR/DPE-PR/2014/ADAPTADA) A técnica legislativa moder-


na se caracteriza pela presença de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais,
que dão mobilidade ao sistema. Todavia, a codificação do Direito Civil exige, também, o trato
da casuística, sob pena de se incorrer em um vazio normativo específico para determinadas
situações. Em relação ao Código Civil de 2002, julgue esta afirmativa:
O legislador brasileiro de 2002, ao optar pela grande codificação, unificou o direito das
obrigações, bem como revogou totalmente o Código Civil de 1916 e parcialmente o Código
Comercial.

Certo.
Realmente houve unificação do direito obrigacional, de maneira que as obrigações civis e co-
merciais sujeitam-se às mesmas regras gerais. Por exemplo, a regra de limite da cláusula pe-
nal a 100% prevista no art. 412 do Código Civil se aplica tanto para obrigações de particulares

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não empresários quanto para obrigações contraídas entre empresários. Ademais, o art. 2.045
do CC/2002 revogou totalmente o CC/1916 (Lei n. 3.017/1916) e apenas uma parte do Código
Comercial (Parte Primeira do Código Comercial, Lei n. 556/1850). Confira-se o dispositivo:

Art. 2.045. Revogam-se a Lei n. 3.071, de 1º de janeiro de 1916 - Código Civil e a Parte Primeira do
Código Comercial, Lei n. 556, de 25 de junho de 1850.

Questão 22 (FGV/MPE-RJ/2014/ADAPTADA) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta


como norma de conduta leal e ética aplicável às obrigações contratuais, sentido idêntico ao
utilizado, em matéria de direitos reais, na classificação da posse como sendo de boa-fé ou
de má-fé.

Errado.
O erro está na última parte: a posse de boa-fé ou de má-fé no direito das coisas segue o
princípio da boa-fé subjetiva, assim entendida aquela que verifica se a intenção da pessoa é
moralmente boa ou não. É o art. 1.201 do CC:

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisi-
ção da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em
contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

Já a boa-fé objetiva não foca na intenção da pessoa, e sim na análise da compatibilidade da


conduta dela com os padrões éticos da sociedade.
O fato de o CC ter valorizado a boa-fé objetiva não significa que ele tenha desprezado a boa-fé
subjetiva, que ainda segue aplicável em vários casos, como na definição de posse de boa-fé
ou de má-fé em matéria de direito das coisas.

Questão 23 (FGV/MPE-RJ/2014/ADAPTADA) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta


como um estado psicológico pelo qual o agente, de forma crédula, desconhece as reais cir-
cunstâncias do ato praticado;

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Errado.
A questão aí trata da boa-fé subjetiva, e não da objetiva.

Questão 24 (FGV/MPE-RJ/2014/ADAPTADA) O princípio da boa-fé objetiva se apresenta


como norma de conduta de acordo com os ideais de honestidade e lealdade, devendo as par-
tes contratuais agir conforme um modelo de conduta social, sempre respeitando a confiança
e os interesses do outro.

Certo.
Trata-se da definição da boa-fé objetiva, que é aquela que afere a compatibilidade da conduta
da pessoa (independentemente de seu estado anímico) com os padrões éticos da sociedade.

Questão 25 (IESES/OFICIAL DE CARTÓRIO/TJMS/2014) Para fins de prazo civil considera-se


Meado:
a) Em qualquer mês, o seu décimo quinto dia, com exceção do mês de fevereiro, o qual será
considerado o décimo quarto dia.
b) A metade do prazo que a lei prever.
c) Em qualquer mês, o dia quinze, independentemente de que o vencimento venha a cair em
feriado.
d) Em qualquer mês, o seu décimo quinto dia, e se dia do vencimento cair em feriado, consi-
derar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.

Letra d.
Para negócios jurídicos (como contratos), a palavra “meado” sempre é o 15º dia, indepen-
dentemente do mês envolvido. E, se o dia do vencimento cair em dia não útil, presume-se sua
prorrogação para o dia útil seguinte. Se, por exemplo, estabeleço que o pagamento do preço
será em meado de fevereiro, a data de vencimento será 15/FEV e, caso esse dia seja feriado,

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considera-se que ele está prorrogado para o primeiro dia útil seguinte. Trata-se do art. 132,
caput e § 1º, do CC:

Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o
dia do começo, e incluído o do vencimento.
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia
útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se
faltar exata correspondência.
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.

Questão 26 (VUNESP/ADVOGADO/SPTRANS/2012) Considerando o Código Civil de 1916


(CC/1916) e o Código Civil de 2002 (CC/2002), assinale a alternativa correta acerca da conta-
gem de prazos.
a) Prevalecem os prazos do CC/2002, na medida em que este revogou o CC/1916.
b) Prevalecem os prazos do CC/1916, em respeito ao ato jurídico perfeito.
c) Se reduzido o prazo pelo CC/2002 e transcorrido, na data de sua entrada em vigor, mais da
metade do tempo estabelecido no CC/1916, prevalece o prazo da nova lei.
d) Se reduzido o prazo pelo CC/2002 e transcorrido, na data de sua entrada em vigor, mais da
metade do tempo estabelecido no CC/1916, prevalece o prazo da lei anterior.
e) Se houve alteração de prazo pelo CC/2002, dever-se-á considerar a média dos prazos, a
contar da vigência do novo código.

Letra d.
Trata-se do art. 2.028 do CC:

Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, quando reduzidos por este Código, e se, na data de
sua entrada em vigor, já houver transcorrido mais da metade do tempo estabelecido na lei revoga-
da.

O Enunciado n. 299/JDC tem a mesma dicção:

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299 – Art. 2.028. Iniciada a contagem de determinado prazo sob a égide do Código Civil de 1916,
e vindo a lei nova a reduzi-lo, prevalecerá o prazo antigo, desde que transcorrido mais de metade
deste na data da entrada em vigor do novo Código. O novo prazo será contado a partir de 11 de
janeiro de 2003, desprezando-se o tempo anteriormente decorrido, salvo quando o não-aprovei-
tamento do prazo já decorrido implicar aumento do prazo prescricional previsto na lei revogada,
hipótese em que deve ser aproveitado o prazo já decorrido durante o domínio da lei antiga, estabe-
lecendo-se uma continuidade temporal.

Questão 27 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A operabilidade determinou a ado-


ção de soluções normativas para a facilitação da interpretação, aplicação e adaptação do
Direito, o que se verifica na adoção das normas abertas como técnica legislativa.

Certo.
A adoção de normas abertas como técnica de redação legislativa se destina a facilitar o
manuseio do Código Civil pelo jurista, o que representa uma das ideias da diretriz teórica da
operabilidade.

Questão 28 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A socialidade implicou a funcio-


nalização dos modelos jurídicos, fazendo prevalecer os valores coletivos sobre os individuais,
sem que sejam desconsiderados os valores inerentes à pessoa, o que se verifica na previsão
do instituto do abuso de direito.

Certo.
A socialidade é o prestígio dado à função social do direito, afastando o individualismo exacer-
bado e exigindo compromissos com os valores coletivos. A questão segue essa linha e, por
isso, está correta.

Questão 29 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A eticidade provocou a opção an-


tropocêntrica da codificação civil, implicando a prevalência de critérios éticos sobre os de
natureza formal, o que se verifica nos institutos da lesão e do estado de perigo.

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Certo.
A eticidade exige condutas éticas dos indivíduos, fazendo a valorização da pessoa (antrocen-
trismo) prevalecer sobre o mero interesse patrimonial (patrimonialismo). A lesão (art. 157, CC)
e o estado de perigo (art. 156, CC) exemplificam isso, pois permitem anular negócios jurídicos
quando uma pessoa assumiu prestação manifestamente desproporcional por uma situação
de vulnerabilidade.

Questão 30 (FCC/DEFENSOR/DPE-PR/2012/ADAPTADA) A igualdade formal determinou o tra-


tamento igualitário dos sujeitos de direitos e o afastamento de regimes tutelares, o que se verifica
no afastamento de um regime de proteção dos incapazes, presentes na anterior codificação civil.

Errado.
O CC prestigia uma igualdade material, que busca dar proteção a quem está em situação de
vulnerabilidade. Os incapazes, por exemplo, seguem sob a proteção do regime de poder fami-
liar, tutela ou curatela. Errado, pois, o item.

Questão 31 (FCC/TRE-PR/2017/ADAPTADA) A teoria do adimplemento substancial foi ex-


pressamente prevista na legislação civil e sua adoção evita a resolução do contrato, quando
ocorrer inadimplemento mínimo.

Errado.
A teoria do adimplemento substancial não tem previsão textual na legislação, mas decorre da
vedação ao abuso de direito (art. 187, CC), da boa-fé objetiva (arts. 113 e 422, CC) e da função
social (art. 421, CC).

Questão 32 (VUNESP/PROCURADOR/PREF. MOGI DAS CRUZES – SP/2016/ADAPTADA) So-


bre a supressio ou o comportamento contraditório, é possível afirmar que pode ser conside-
rado como abuso de direito por omissão reiterada.

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Certo.
A supressio é a perda de um direito em razão de uma inércia prolongada (omissão reiterada)
que, no caso concreto, gere uma legítima expectativa em outrem. A ruptura dessa legítima ex-
pectativa configura um abuso de direito. Por isso, é correto dizer que a supressio é um abuso
de direito por omissão reiterada.

Questão 33 (CESPE/DEFENSOR/DPU/2010/ADAPTADA) O pagamento realizado reiterada-


mente pelo devedor em local diverso do ajustado em contrato é um exemplo do que se deno-
mina supressio.

Certo.
O art. 330 do CC prevê que o pagamento reiterado em lugar diverso do pactuado faz presumir
renúncia ao direito de exigir o pagamento no lugar pactuado. Isso é um exemplo de supres-
sio, pois a omissão reiterada do credor em exigir a observância do pagamento no lugar con-
tratado cria uma legítima expectativa no devedor de que este poderá continuar pagando no
mesmo lugar.

Questão 34 (CESPE/ANALISTA-ADVOCACIA/EBC/2011/ADAPTADA) O princípio da boa-fé


objetiva contratual tem, entre outras funções, a de limitar o exercício de direitos subjetivos,
sobre a qual incidem a teoria do adimplemento substancial das obrigações e a teoria dos atos
próprios, daí derivando os seguintes institutos: tu quoque, venire contra facutm proprium, sur-
rectio e supressio. Este último assegura a possibilidade de redução do conteúdo obrigacional
pactuado, pela inércia qualificada de uma das partes, ao longo da execução do contrato, ao
exercer direito ou faculdade, criando para a outra a legítima expectativa de ter havido a renún-
cia àquela prerrogativa.

Certo.
A questão arrola os quatro corolários da boa-fé objetiva, que são decorrência da teoria dos atos
próprios (segunda a qual é ilícito contrariar um ato próprio). Ela também define adequadamente

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a supressio, que implica a perda de um direito pelo seu não exercício prolongado com a capa-
cidade de criar uma legítima expectativa na outra parte.

Questão 35 (FCC/DEFENSOR/DPE-MA/2015) Bruno adquiriu um veículo mediante contrato


de alienação fiduciária, em 300 parcelas no valor de R$ 200,00 (duzentos reais) cada. Bruno
pagou pontualmente as parcelas até que, faltando apenas seis prestações para o adimple-
mento, não teve condições de realizar o pagamento. Diante da impontualidade de Bruno, a
instituição financeira ajuizou ação de busca e apreensão do veículo. Na condição de defensor
público atuando em favor de Bruno, para defendê-lo neste pedido de busca e apreensão, é
correta a alegação de abuso do direito por parte da instituição financeira por aplicação da
a) autonomia da vontade.
b) vedação de cláusula comissória.
c) exceção do contrato não cumprido.
d) vedação legal de busca e apreensão em alienação fiduciária.
e) teoria do adimplemento substancial.

Letra e.
A questão é antiga. O gabarito dela à época foi letra “E”. Todavia, atualmente, essa questão
seria anulada. Trazemos essa questão aqui para chamar a atenção para o entendimento atual
do STJ. O STJ, nos casos de financiamento de veículos com alienação fiduciária em garantia,
não mais admite a aplicação da teoria do adimplemento substancial para impedir a execução
de uma garantia fiduciária por meio da busca e apreensão do bem e da consequente con-
solidação da propriedade fiduciária. O fundamento principal é o de que a boa-fé e a função
social do contrato seriam desvirtuadas se o credor perdesse o direito de executar uma ga-
rantia essencial ao seu crédito com fundamento em autorização legal expressa (o Decreto-
-Lei n. 911/67), o que comprometeria o “desenvolvimento da economia nacional” (STJ, REsp
1622555/MG, 2ª Seção, Rel. Ministro Marco Buzzi, Rel. p/ Acórdão Ministro Marco Aurélio
Belizze, DJe 16/03/2017).

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Questão 36 (CESPE/JUIZ/TJ-PB/2015/ADAPTADA) Os negócios jurídicos que estabeleçam


benefício devem ter interpretação ampla.

Errado.
A interpretação de negócios jurídicos gratuitos (que são aqueles que estabelecem um benefí-
cio patrimonial a outrem sem contraprestação) tem de ser restritiva, e não extensiva (ampla),
conforme art. 114 do CC. O mesmo se dá com as renúncias a direitos: também têm de ser
interpretadas restritivamente (art. 114, CC). Trata-se de um exemplo do princípio da proteção
simplificada do agraciado, de maneira que aquele que será beneficiado com a liberalidade é
protegido, mas sem prestígio. Se faço uma doação a uma pessoa, esse contrato será inter-
pretado de forma restritiva: não poderá o agraciado “tentar” obter maior benefício por meio de
uma interpretação extensiva.

Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado
no concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação
para concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União
(Advogado da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e
Mestre em Direito pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito
no vestibular da UnB de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito
Público. Membro do Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.

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