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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA PARAÍBA

JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DE CAMPINA GRANDE

Fórum Affonso Campos, R. Vice-Prefeito Antonio de C. Souza, Liberdade, Campina Grande - PB, CEP 58410-050

Processo: 0829184-05.2022.8.15.0001

DECISÃO

Vistos, etc.

Trata-se de ação de obrigação de fazer com pedido de tutela antecipada proposta por BARBARA CAROLLINI
MOTA BARBOZA em face do MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE, requerendo, em sede liminar, que o ente público a
nomeie novamente para o cargo de terapeuta ocupacional, mediante comunicação pessoal, ou, subsidiariamente, que reserve sua
vaga.

Alega que, aprovada em concurso público, dentro do número de vagas, para o cargo de terapeuta ocupacional,
foi nomeada, em 13/06/2022, por meio de publicação de portaria no Diário Oficial do Município de Campina Grande, em que foi
estabelecido o prazo de 30 (trinta) dias para posse.

Segunda ela, o Município não procedeu à comunicação pessoal da nomeação, mesmo já passados 8 (oito) meses
desde a homologação do resultado final do certame, o que ocasionou a perda do prazo para entrega da documentação e efetivação

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da posse. A autora sustenta ainda que, no período entre 26/06/2022 a 27/08/2022, esteve internada na Casa de Saúde Ulysses
Pernambuco, de modo que apenas soube de sua nomeação e da perda do prazo para posse por terceiros que também participaram
do concurso.

A tutela de urgência foi deferida na decisão de id. 67064935, bem como foi ratificada pela sentença que julgou
procedente o pleito autoral.

Ocorre que na petição de id. 73286840, o Município de Campina Grande requereu o chamamento do feito à
ordem, sob alegação de que ofertou embargos de declaração em face da decisão que concedeu a tutela de urgência por ter
incorrido em erro material, ao estabelecer dois prazos diferentes para o cumprimento, porém não houve manifestação do juízo
acerca dos aclaratórios.

Afirma ainda que foi proferida sentença de procedência, no entanto, não confirmou a liminar deferida, de modo
que a decisão de tutela deixou de produzir efeitos. Requer, portanto, que seja tornada sem efeito a intimação destinada ao
Município no Despacho de ID 71999718.

Eis o breve relato. DECIDO

Com efeito, a decisão que deferiu a tutela de urgência foi proferida em 08/12/2022 e ainda não houve o
cumprimento da obrigação de fazer por parte do promovido.

Assim, apesar de possuir razão quanto a não apreciação dos embargos de declaração, decorreu muito mais prazo
do que o referente à dúvida se o cumprimento deveria ocorrer em 05 (cinco) ou 10 (dez) dias, configurando-se perda do objeto.

Com relação a não confirmação da tutela provisória em sede de sentença, o entendimento da Edilidade
encontra-se equivocado.

Cabe esclarecer que se não for revogada a tutela provisória, a sentença de procedência a mantém tacitamente,
visto que a cognição sumária é sucedida pela cognição exauriente.

Nesse sentido, é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. APLICAÇÃO DO


CPC/1973. ASTREINTES. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA

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TUTELA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA MODIFICATIVA. PERDA DA EFICÁCIA.(...) 3.
A antecipação dos efeitos da tutela, conquanto produza efeitos imediatos à época do deferimento,
possui a natureza de provimento antecipatório, ao aguardo do julgamento definitivo da tutela
jurisdicional pleiteada, que se dá na sentença, de modo que, no caso de procedência, a antecipação
resta consolidada, produzindo seus efeitos desde o momento de execução da antecipação, mas,
sobrevindo a improcedência, transitada em julgado, a tutela antecipada perde eficácia, cancelando-se
para todos os efeitos, inclusive quanto à multa aplicada (astreinte).4. Agravo interno não provido.(
AgInt no REsp 1393844/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado
em 11/06/2019, DJe 27/06/2019)

Como se depreende, em caso de decisão judicial de procedência, a antecipação dos efeitos da tutela resta
consolidada, uma vez que a sua confirmação é inerente ao próprio comando da determinação judicial. Dessa forma, afigura-se
desnecessária a confirmação expressa pela sentença, dos efeitos da antecipação da tutela anteriormente deferida.

Além disso, os julgados apresentados pelo Município de Campina Grande referem-se a casos nos quais a sentença
não confirmou a concessão da tutela provisória nem a imposição das astreintes, em virtude do julgamento de improcedência, ou
seja, por adotar uma interpretação distinta ao desfecho do processo.

Ante o exposto, indefiro o pedido do Município de Campina Grande e mantenho os termos do despacho proferido
anteriormente, no sentido de comprovar o cumprimento da decisão de id. 67064935, no prazo de 5 (cinco) dias, sob pena de
imposição de multa.

Intimem-se as partes.

Depois o decurso do prazo anteriormente anotado para contrarrazões, remetam-se os autos à Colenda Turma
Recursal.

Campina Grande, data e assinatura eletrônicas.

José Gutemberg Gomes Lacerda

Juiz de Direito

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