SEEU - Processo: 9000164-13.2022.8.15.

0011 - Assinado digitalmente por GUSTAVO PESSOA TAVARES DE LYRA - 4726871

[27.1] AUTORIZADO TRABALHO EXTERNO - Decisão em 13/04/2022

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
PODER JUDICIÁRIO
COMARCA DE CAMPINA GRANDE
VARA DE EXECUÇÃO PENAL DE CAMPINA GRANDE - SEEU
Rua Vice-Prefeito Antônio Carvalho de Souza, s/n - Liberdade - Campina Grande/PB - CEP: 58.410-050 - Fone: 33102400

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Autos nº. 9000164-13.2022.8.15.0011

Processo: 9000164-13.2022.8.15.0011
Classe Processual: Execução da Pena
Assunto Principal: Pena Privativa de Liberdade
Data da Infração: Data da infração não informada
Polo Ativo(s): Estado da Paraíba
Polo Passivo(s): MATHEUS IAN RIBEIRO DA SILVA

DECISÃO

EXECUÇÃO PENAL - TRABALHO EXTERNO - APENADO EM REGIME

SEMIABERTO – APENADO QUE PREENCHE OS REQUISITOS –
INTERVENÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO - CONCESSÃO.

Satisfazendo, o sentenciado, os requisitos legais, por demonstrar o exercício do

trabalho externo, deve-se conceder tal benefício, em respeito à devida reinserção
social do apenado.

Vistos, etc.

Cuida-se de processo de execução do (a) apenado (a)Matheus Ian Ribeiro da Silva,qualificado (a) nos
autos, no qual foi determinado o regime prisional semiaberto para o cumprimento de pena.

Instado a se pronunciar, o órgão do Ministério Público interveio, pugnando pela adequação do regime,
vindo-me os autos para apreciação.

Eis, em síntese, o relatório. DECIDO.

É cediço que as penas privativas de liberdade devem ser cumpridas de maneira progressiva, de forma que
as progressões devem representar maiores condições de readaptação do sentenciado no meio social, razão
pela qual mister se faz priorizar o trabalho como forma de estimular a vida comunitária sadia e respeitável
.

Verte dos autos que o apenado foi condenado ao cumprimento da pena de 07 (sete) anos, 09 (nove) meses
e 10 (dez) diasde reclusão em regime semiaberto, razão pela qual é de se conceder o benefício do trabalho
externo para que o apenado possa prover o sustento de seus familiares, apresentando declaração de
trabalho para comprovar.

No tocante à obrigatoriedade de apresentação de declaração de trabalho, considerando a superpopulação

carcerária existente, muito além da capacidade máxima prevista, bem como os esforços concentrados
deste juízo para dar andamento nos processos de execução e os entendimentos Jurisprudenciais do STJ e
do TJRS, extraordinariamente, dispenso a comprovação prévia de proposta de trabalho, concedendo o
prazo de 90 dias para comprovação de efetiva atividade profissional, sob pena de revogação do benefício
concedido.
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[27.1] AUTORIZADO TRABALHO EXTERNO - Decisão em 13/04/2022

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Lastreando tal entendimento, transcrevo as Jurisprudências referidas acima:

AGRAVO MINISTERIAL EM EXECUÇÃO. PROGRESSÃO AO REGIME

ABERTO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO VÍNCULO COM
ATIVIDADE LABORAL LÍCITA. ART. 114, I, DA LEP. TEMPERAMENTO.
A notória realidade brasileira no que concerne ao provimento, pelo Estado, das

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condições de trabalho à população, especialmente aos egressos do sistema
prisional, obriga à flexibilização da regra contida no art. 114, I, da LEP, que prevê
que somente o apenado que estiver trabalhando ou que comprove a possibilidade
de fazê-lo imediatamente pode ingressar no regime aberto. Manutenção da decisão
que defere a progressão ao regime aberto, condicionada, todavia, à comprovação
do vínculo laboral no prazo de 90 dias, pena de retorno ao regime mais gravoso.
AGRAVO PROVIDO EM PARTE. UNÂNIME. (Agravo Nº 70053904942, Sexta
Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Bernadete Coutinho
Friedrich, Julgado em 13/06/2013)(TJ-RS - AGV: 70053904942 RS, Relator:
Bernadete Coutinho Friedrich, Data de Julgamento: 13/06/2013, Sexta Câmara
Criminal, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 21/06/2013).

HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME

CARCERÁRIO. DEFERIMENTO DO REGIME ABERTO PELO JUÍZO DAS
EXECUÇÕES. CASSAÇÃO PELO TRIBUNAL A QUO. FALTA DE
COMPROVAÇÃO DE TRABALHO. EXEGESE DO ART. 114, I, DA LEP.
TEMPERAMENTO. ESTIPULAÇÃO DE PRAZO PARA A BUSCA E
OBTENÇÃO DE OCUPAÇÃO LÍCITA. RAZOABILIDADE. ORDEM
CONCEDIDA. 1. A Sexta Turma deste Tribunal Superior consagrou o
entendimento de que a regra do art. 114, I, da LEP, a qual exige do condenado,
para ingressar no regime aberto, a comprovação de trabalho ou a possibilidade
imediata de fazê-lo (apresentação de proposta de emprego), deve sofrer
temperamentos, ante a realidade da população carcerária do país. Assim, de acordo
com o princípio da razoabilidade, deve-se conceder ao apenado um prazo de 90
dias, para, em regime aberto, procurar e obter emprego lícito, apresentando,
posteriormente, a respectiva comprovação da ocupação. Precedente: HC 147.913/
SP. 2. Ordem concedida para restabelecer a decisão de primeiro grau que deferiu à
paciente a progressão de regime para o aberto e estipular o prazo de 90 (noventa)
dias para que se demonstre a obtenção de trabalho lícito, formalizado em termo de
compromisso. (STJ - HC: 213303 SP 2011/0164035-3, Relator: MIN. VASCO
DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), Data de
Julgamento: 14/02/2012, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 27/02/
2012).

À luz do exposto, considerando-se os princípios de direito aplicáveis à espécie, o parecer Ministerial e

tudo o mais que dos autos consta, DEFIROO TRABALHO EXTERNO, nos termos dos artigos 35 e
seguintes do Código Penal e 37 e segs. da LEP, advertindo o apenado de que qualquer desregramento
implicará em perda de eventuais dias remidos (arts. 118 e 127, da LEP), e regressão de regime,
concedendo o prazo de 90 dias para comprovação de efetiva atividade profissional, sob pena de revogação
do benefício concedido.

Ficará o apenado sujeito a todas as condições da Portaria nº 03/2019, com as alterações da Portaria nº 06/
2019 e Portaria nº 05/2021, sob pena de regressão do regime e revogação do trabalho externo.
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Expeça-se ordem de liberação e salvo-conduto.

Dê-se baixa no mandado de prisão, se houver.

Atualize-se o endereço residencial do apenado, conforme documento n. 18.

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Oficie-se ao presídio encaminhando cópia desta decisão para cumprimento imediato, informando
ao apenado a condições acima descritas, fornecendo cópia desta e do salvo-conduto para os
esclarecimentos necessários.

Serve esta decisão como ofício para os devidos fins.

Cumpra-se com urgência.

Atualize-se os incidentes.

P.I.

Campina Grande, 13 de abril de 2022.

GUSTAVO PESSOA TAVARES DE LYRA

Juiz de Direito