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SEEU - Processo: 4400105-39.2020.8.13.0280 - Assinado digitalmente por JUSCELE MARIA SANTANA - ***.***.

626-17
[88.2] JUNTADA DE ACÓRDÃO - Acórdão em 11/11/2022

Agravo em Execução Penal Nº 1.0000.22.175140-7/001

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Validação em https://seeu.pje.jus.br/seeu/ - Identificador: PJLPG LC8AX QPCL5 5KQ4U


Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006.
EMENTA: AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL – EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE –
CASSAÇÃO DA DECISÃO – INOCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO – PRONÚNCIA –
MARCO INTERRUPTIVO – RECURSO PROVIDO. A decisão de pronúncia, ainda
que reformada através de Recurso em Sentido Estrito por acórdão do Tribunal
de Justiça, operando a desclassificação para Juízo Singular, é marco
interruptivo da prescrição.

AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL Nº 1.0000.22.175140-7/001 - COMARCA DE GUANHÃES - AGRAVANTE(S):


MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS - AGRAVADO(A)(S): RODRIGO IRAN DE CARVALHO

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 9ª Câmara Criminal


Especializada do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na
conformidade da ata dos julgamentos, À UNANIMIDADE, em DAR
PROVIMENTO AO RECURSO.

DES. EDUARDO MACHADO


RELATOR

Fl. 1/5
SEEU - Processo: 4400105-39.2020.8.13.0280 - Assinado digitalmente por JUSCELE MARIA SANTANA - ***.***.626-17
[88.2] JUNTADA DE ACÓRDÃO - Acórdão em 11/11/2022

Agravo em Execução Penal Nº 1.0000.22.175140-7/001

Validação em https://seeu.pje.jus.br/seeu/ - Identificador: PJLPG LC8AX QPCL5 5KQ4U


DES. EDUARDO MACHADO (RELATOR)

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006.


VOTO

Trata-se de AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL interposto pelo


Ministério Público contra a decisão de fls. 08/09 do documento único
do JPe, que julgou extinta a punibilidade do agravado, nos termos do
artigo 107, inciso IV, do Código Penal, pelo reconhecimento da
prescrição da pretensão executória.
Nas razões recursais, às fls. 02/07 do documento único do JPe,
o Órgão Ministerial requer a reforma da decisão “para afastar a
prescrição e determinar o imediato cumprimento da pena pelo
agravado”, alegando, em apertada síntese, que, “ao desclassificar a
conduta reconhecida na pronúncia, o tribunal reformou a decisão de
piso, conclui-se que a decisão não retira da sentença seu poder
interruptivo... Considerando a pena aplicada (três anos, um mês e dez
dias), e o disposto no art. 109, inciso IV, do CP, o prazo prescricional
aplicável à hipótese é de 8 (oito) anos. Por seu turno, partindo dessas
premissas, e, levando em consideração que a denúncia foi recebida
em 11 de março de 2005, que o réu foi pronunciado em 23 de outubro
de 2007, que a sentença condenatória foi publicada em 12 de maio de
2015, transitando em julgado para o Ministério Público em 22 de junho
de 2015, conclui-se que em nenhum momento a prescrição se
consumou. Frise-se, por sua vez, que essa não é a primeira vez que a
questão é levantada pelo agravado. Na sentença condenatória, o juízo
afastou a ocorrência da prescrição, levando em consideração, como
marco interruptivo, a sentença de pronúncia. Da mesma forma, o E.
Tribunal de Justiça mineiro também considerou a sentença de
pronúncia como marco interruptivo da prescrição da pretensão punitiva.

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Agravo em Execução Penal Nº 1.0000.22.175140-7/001

A rigor, a questão ora debatida já foi resolvida no processo de

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conhecimento e estaria acobertada pela coisa julgada material.”.

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Contrarrazões às fls. 61/75 do documento único do JPe,
pugnando a Defesa pelo não provimento do recurso.
Juízo de retratação, à fl. 76 do documento único do JPe,
mantendo a decisão hostilizada.
Manifesta a douta Procuradoria Geral de Justiça, às fls. 88/93 do
documento único do JPe, pelo conhecimento e provimento do recurso.
É o breve Relatório.
Presentes os pressupostos de admissibilidade e processamento,
conheço do agravo em execução penal.
Razão assiste ao Ministério Público.
O artigo 110 do Código Penal dispõe:

"Art. 110 - A prescrição depois de transitar em julgado a sentença


condenatória regula-se pela pena aplicada e verifica-se nos prazos
fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o
condenado é reincidente.
§1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em
julgado para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se
pela pena aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo
inicial data anterior à da denúncia ou queixa."

O agravante pretende que seja considerado para a prescrição o


período compreendido entre a data da denúncia e do trânsito em
julgado da sentença penal condenatória sem, no entanto, levar em
consideração os demais marcos interruptivos da prescrição, os quais
encontram-se previstos nos incisos do art. 117 do Código Penal:

Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se:


I - pelo recebimento da denúncia ou da queixa;
II- pela pronúncia;

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III- Pela decisão confirmatória da pronúncia;

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IV- pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis;

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V - pelo início ou continuação do cumprimento da pena;
VI - pela reincidência.

Portanto, a decisão de pronúncia, ainda que reformada através


de Recurso em Sentido Estrito por acórdão do Tribunal de Justiça,
operando a desclassificação para Juízo Singular, é marco interruptivo
da prescrição.
Nesse sentido, trago à colação julgado do Superior Tribunal de
Justiça:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL.


PRONÚNCIA. REFORMA PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. RECURSO EM SENTIDO
ESTRITO. EFEITO INTERRUPTIVO. PRESCRIÇÃO. MANUTENÇÃO. DOSIMETRIA.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O art. 117, inciso II, do Código Penal,
estabelece expressamente a sentença de pronúncia como marco interruptivo da
prescrição. 2. A desclassificação da conduta no julgamento do recurso em sentido
estrito para crime de competência do Juízo singular, constitui reforma da pronúncia
por error in judicando. Nesse caso, é mantida a validade do ato jurisdicional e, por
consequência, seu efeito como marco interruptivo da prescrição. Diferente seria se
tivesse havido a anulação da pronúncia, por error in procedendo, quando a própria
validade do ato jurisdicional teria sido atingida. 3. De forma análoga, observa-se que o
acórdão que, ao julgar a apelação defensiva, reforma a sentença condenatória e
absolve o Acusado, não retira da sentença reformada o seu efeito de ter interrompido
a prescrição. 4. In casu, a pena de detenção imposta ao Agravante, considerada para
fins de prescrição sem a incidência do concurso formal (art. 70 do CP), é de 4 (quatro)
anos. Nessas condições, o prazo prescricional é de 8 (oito) anos. 5. Portanto, diante
da interrupção da prescrição, pela pronúncia, em 30/12/2009 (fls. 2.357-2.369), não se
consumou o citado lapso prescricional entre o recebimento da denúncia, em
22/11/2004 (fls. 529-533) e a publicação da sentença condenatória, em 08/05/2017 (fl.
3.508), devendo ser reformado o acórdão recorrido. 6. Agravo regimental desprovido.
(AgRg no REsp 1816442 / RS - Superior Tribunal de Justiça. 6ª Turma - 22/09/2020).

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Agravo em Execução Penal Nº 1.0000.22.175140-7/001

Feitas tais considerações, não transcorrido lapso temporal entre

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os marcos interruptivos, incluindo a decisão de pronúncia, não se

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verifica a ocorrência da prescrição.
Pelo exposto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO para cassar
a decisão que decretou a extinção da punibilidade do agravado pela
ocorrência da prescrição, determinando que se proceda às diligências
necessárias para se dar início ao cumprimento da pena, nos termos
deste voto.

DESA. KÁRIN EMMERICH - De acordo com o(a) Relator(a).

DESA. VALÉRIA RODRIGUES QUEIROZ - De acordo com o(a)


Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO"

Fl. 5/5

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