Você está na página 1de 2

GUIA PRÁTICO NA PRISÃO EM FLAGRANTE.

1. O cliente comunica que está preso. O que fazer?


R: Orientar para permanecer calado, informar que aguarda o advogado e que só assim
vai falar.
1.1. O A.P.F. (Auto de Prisão em Flagrante) pode ser lavrado em delegacia ou na central
de garantia.
1.2. O advogado pode falar com a autoridade policial antes de o cliente prestar
depoimento.
2. Ao chegar no local, procurar o delegado e se apresentar como advogado do cliente, e
gostaria de saber o que está acontecendo. (O delegado vai expor os fatos).
3. Pergunte se tem intenção de arbitrar fiança, e peça para conversar reservadamente
com seu cliente, e peça para contar os fatos em detalhes e verdadeiro.
DICA: Por ser advogado iniciante, devo ter o Código Penal e o Código de Processo
Penal sempre ao meu lado, para verificar se, pelo tipo penal, cabe fiança ou não, o tipo
de crime, quem poderá conceder a fiança, etc.
4. Verificar se a prisão realizada é realmente em FLAGRANTE DELITO, de acordo
com o artigo 302 do CPP. Caso contrário, a prisão é ilegal, cabendo RELAXAMENTO
DA PRISÃO.
5. Verificar no 323 do CPP para saber se o tipo penal é passível de fiança. Caso
positivo, verificar o artigo 322 do CPP se o JUIZ ou a AUTORIDADE POLICIAL pode
arbitrar FIANÇA.
5.1. O delegado poderá arbitrar a fiança conforme o artigo 325 do CPP, cuja pena
privativa de liberdade, em seu grau máximo, não for superior à 4 anos.
5.2. O valor da fiança deverá ser de acordo com o artigo 326 do CPP.
DICA¹: cliente contou o caso, por exemplo: crime de lavagem de dinheiro (situação
bem complexa), e você não conhece o crime, não sabe entendimentos jurisprudenciais,
ou a lei teve alteração recente e você tem dúvidas, oriente seu cliente para que fique
calado, pois poderá comprometer o caso em ocasião futura.
DICA²: informe a seu cliente que você vai estudar o caso com mais calma, e conversar
em outra oportunidade.
7. Acompanhar o A.P.F. (Auto de Prisão em Flagrante), ficar atento às regras da oitiva
de testemunha, oitiva do réu, verificar se foi respeitado todo o procedimento.
7.1. Terminado o A.P.F., o delegado comunica o Juiz em 24 horas.
DICA: Faça um roteiro do que vai acontecer, treine para não se perder, isso para
qualquer ato processual.
8. Vai ser comunicado ao juiz, que vai verificar se teve maus tratos, o que ocorreu, vai
ser distribuído e vai gerar um número do processo e em qual vara vai correr. Em alguns
Estados, pode ocorrer a audiência de custódia (não tem previsão no CPP, e sim no Pacto
São José da Costa Rica, no artigo 5ª, § 1°).
8.1. A Audiência de custódia é o primeiro contato do juiz com seu cliente, o qual o MP
fala, o advogado fala e o juiz resolve algumas questões.

O QUE FALAR NA AUDIÊNCIA?


1. A prisão foi ILEGAL? Houve DESCUMPRIMENTO de algum procedimento? Se
sim, trata-se de PRISÃO ILEGAL, cabendo RELAXAMENTO DE PRISÃO.
2. É caso de FIANÇA? A autoridade policial podia ter arbitrado e não concedeu?
EXPOR AO JUIZ.
3. É caso de EXCLUDENTE DE ILICITUDE, nos termos do artigo 23 do Código
Penal? Cabe LIBERDADE PROVISÓRIA mediante termo de comparecimento de todos
os atos.
4. O Juiz vai verificar o enquadramento do caso em prisão preventiva. O advogado,
portando seu roteiro, vai saber se o cliente preenche os requisitos do artigo 312 do CPP.
Vai verificar se há motivos necessários para uma prisão cautelar: RÉU PRIMÁRIO,
BONS ANTECEDENTES, EMPREGO FIXO, NÃO OFERECE RISCO À
SOCIEDADE, NÃO TEM CONDUTA PAUTADA NO CRIME. (Provar que o acusado
se encaixa nos requisitos).
DICA: o ADVOGADO precisa falar, tem que ter DESENVOLTURA, não pode ficar
com vergonha.
PEDIDO SUPERVENIENTE: Excelência, se tiver presente um dos requisitos da prosão
preventiva, pedir a substituição em MEDIDA CAUTELAR, nos termos do artigo 310, II
do CPP.
MEDIDAS CAUTELARES: artigo 319 CPP.
DICA: Vamos imaginar que não teve audiência de custódia, deve o advogado fazer uma
petição por escrito e despachar com o juiz, que vai decidir pela prisão ou não.

Você também pode gostar