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infância, em uma distante programação da sessão da tarde, com seus filmes curiosos e muitas
vezes inapropriados para nossa idade, temos a clássica visão da delegacia esfumaçada, com
algum suspeito passando pelo detector de mentiras, para atestar sua culpa ou provar sua
inocência.
Sabemos que, mesmo não sendo algo comum e aceito na nossa nação, vários países
usam de diversos métodos para saberem se o suspeito está falando a verdade, ou mesmo se
está mentindo sobre os fatos aos quais ele está sendo interrogado. Essa é uma prática comum
sendo o famoso poligrafo a maneira mais usada para detectar mentiras.
Mas e aí? Esses métodos são mesmo confiáveis? É ético e seguro enviar pessoas para a
prisão, ou mesmo em casos mais graves e controversos para o corredor da morte, baseado em
uma análise de máquina? Senta ai que agora nós vamos descobrir.
Existem estudos que se baseiam no fato de que algumas pessoas estão mais
suscetíveis a mentir do que outras, sendo vulneráveis a esse tipo de ação, enquanto outras são
vistas como manipuladoras e enganosas.
Ocorre que essas pessoas que são consideradas mais vulneráveis bem como as
manipuladoras fazem parte de um grupo que incorporam medos da sociedade, causando um
pânico moral, o que lhes tornam diferentes das pessoas vistas como normais, sendo vistos
como uma monstruosidade.
Com isso algumas características, do ponto de vista evolutivo, podem estar ligadas aos
primatas mais próximos aos seres humanos, pois apresentam o neurocortex maiores.
Assim, essas técnicas de detecção levam em conta que mentir se torna mentalmente
muito mais desgastante do que falar a verdade, e que há diferentes estratégias entre as
pessoas que falam a verdade e as que mentem em seus interrogatórios, quando estimulados a
explorar profundamente os fatos que precisam ser determinados verdadeiros ou falsos pelas
autoridades.
Por isso, aqueles que estão mentindo são forçados e sentem-se mais desconfortáveis
do que aqueles que estão falando a verdade, o que faz com que se sintam mais nervosos e
desempenham comportamentos como cruzar as pernas ou mudar de posição na cadeira e
ainda desviar o olhar do investigador.
Frente a isso já podemos notar que existem inúmeros fatores diferentes para uma
análise precisa de comunicações, e a certeza delas serem verdadeiras ou mentirosas, são
fatores sociais, biológicos e também psicológicos.
A partir desses dados e das pesquisas atuais, os pesquisadores falam muito sobre a
Teoria da Verdade Padrão.
Falando de um dos meios de detecção mais famosos, o teste de polígrafo que é muito utilizado
com criminosos sexuais após a sua condenação, chamado de PCSOT, que já é utilizado
comumente nos Estados Unidos, onde mais de 80% dos programas de tratamento para
agressores sexuais já utilizam a pratica desde 2010.
Já em locais como o Canada, a utilização do polígrafo cai para 10% dos programas de
tratamento e na Rússia não há a utilização do poligrafo em seus programas, assim como no
brasil que não faz uso da pratica.
Mas então, a que conclusão podemos chegar ao analisar os dados expostos nesse texto?
O detector de mentiras continuará a ser utilizado devido a crença sobre sua eficácia,
mesmo sem a total comprovação, o que ainda mantém restrito o método de detecção de
mentira em algumas áreas, as quais ainda se mostram carentes de um desenvolvimento maior
sobre o tema, a partir de uma estrutura voltada a validade científica da detecção, baseados na
ética e nas leis.
Podemos concluir então que os mecanismos de detecção de mentiras são úteis até
certo ponto, e devem ser usados na busca por responsabilização de crimes e eventuais
condutas ilegais, porém, não podem ser objetos que tem suas decisões levadas como
incontroversas.
É necessário que esses métodos tenham o auxílio de seres humanos que entendam sobre o
comportamento humano e que em conjunto aos métodos de detecção possam criar narrativas
que levem a maior efetivação da justiça
Precisamos lembrar, que as máquinas são apenas isso - máquinas – (até quando? Não
sabemos) e não podem tomar as decisões que em nossos sistemas jurídicos deveriam ser
reservadas para o julgamento humano.