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um assunto muito difundido nas redes sociais, mas pouco compreendido. Basta correr
os olhos no Youtube, que você irá se deparar com milhares de vídeos que se propõem
a fazer investigações comportamentais e demonstrar se as pessoas que foram
analisadas, mentiram ou não.
Apesar de existirem muitos céticos sobre o tema, há dezenas de estudos que provam
que os benefícios do uso da análise de credibilidade podem favorecer muito dentro
do processo investigativo. Tornando o conhecimento acerca do não verbal para
detectar mentiras, um caminho sem volta para aqueles que se propõem a percorrê-lo.
O feeling pode contribuir em algumas situações, mas jamais deve ser visto como uma
espécie de sexto sentido, que resolverá todas ou parte das questões em uma análise
de credibilidade. Aliás, uma das coisas que mais bato na tecla com meus alunos é:
Pegue a intuição e coloque na gaveta. Aqui precisamos ser técnicos.
Boa parte dos erros durante uma entrevista investigativa, surge através da
interpretação equivocada sobre a vítima e o suspeito. A acusação feita em muitos
dos casos, gera peso na avaliação daquele que está coletando depoimento, norteando
toda uma investigação para um lado que talvez não tenha volta.
Podemos usar como exemplo o Caso Evandro, que teve forte repercussão por meio do
Podcast Projeto Humanos, e posteriormente se tornou uma série na Globo Play.
Apesar de poucos casos ganharem tal notoriedade, esses erros são muito mais comuns
do que se pode imaginar. Inocentes pagam por crimes que não cometeram, e pessoas
que vivenciaram algum tipo de violência, são tratadas com descaso.
O peso que uma acusação exerce sobre a vida de uma pessoa, perante a sociedade,
pode ser irreparável.
Para algumas pessoas além da questão caráter, também há a honra.Provar que tal
imputação é descabida, é sobre valores íntimos de cada um.
Em um dos casos mais recentes que trabalhei, um executivo de uma grande empresa
acusado de ter cometido estupro, tinha sua vida pessoal e profissional em dúvida
apesar de nunca antes ter cometido nenhum tipo de ilícito. Sua conduta ilibada, foi
colocada em dúvidas a partir de sua prisão preventiva. Por intermédio dos
familiares, me foi solicitado auxílio para ajudar a provar que a acusação era
falsa.
Analisando os depoimentos da vítima e das testemunhas na fase do inquérito, pude
encontrar elementos que me permitiram abrir questionamentos para que os advogados,
céticos até essa altura, pudessem usá-las na oitiva.
Não importa qual seja a causa, se há uma história, é porque existe um fato. A
questão é saber se o que se alega está ligado ao fato ou não. E caso esteja, quem
diz a verdade e quem está mentindo? Seriam meias-verdades bem intencionadas? Quem
conta a história mais convincente? E o que te garante que a história mais
convincente seja a verdadeira? Qual critério você utiliza para chegar a tal
conclusão?
Um fato é coberto por uma história contada de várias maneiras. As vítimas dirão uma
coisa diferente do suspeito que é diferente das testemunhas.