Você está na página 1de 118

Detecção da mentira

aprenda de forma inteligente como se


defender de falsas intenções
Por Tainã Veloso

Material Teórico concernente ao curso de Expressões Faciais


das Emoções.

Salvador, 2019

 SUMÁRIO
Detecção da mentira

o Corpo, a voz e a face

Prefácio

Sobre o Especialista

Contatos:

Agradecimentos

A Mentira: Estatísticas e Motivos

A Mentira

1.1

A Definição

1.2

Omissão e Falsificação

1.3

Sorriso – A Máscara
1.4

Outras Formas da Mentira

Discernindo Verdades de Mentiras

1.5

Pistas para Detecção

O Treinamento: Reais Ganhos

Pistas do Engano

Mentiras – Por que falham?

Sentimentos sobre a Mentira.

1.6

Medo de Ser Pego (Detection Apprenhesion)

1.7

Fatores Influenciadores

1.8

Deception Guilt – Culpa por ter mentido

1.9

Deception Guilt Vs Detection Apprehension

1.10

Vergonha e Culpa

Detectando a Mentira através: Palavras, Voz, Corpo e


Face

1.11

As Palavras

1.12

O Corpo

1.13

Emblemas

1.14

Ilustradores

1.15

Ilustradores Vs Emblemas

1.16

Manipuladores
1.17

A Face

1.17.1

A Mentira através da Face

1.17.2

Obstáculos para o reconhecimento do gerenciamento facial

1.17.3

Pistas acerca da Leakage e Deception Clues

1.17.4

Morfologia

1.17.5

Tempo e Localização

1.17.6

Oito Estilos de Representação Facial

1.18

Idiossincrasia: Brokaw Hazard

1.19

Indução ao erro: Othelo Error

1.20

Voz

1.21

Outros Sinais

Detecção da Mentira:

1.22

Pistas da Face

1.23

Os Olhos

1.24

Sistema Nervoso Central

1.25

Tempo

1.26

Localização

Perigos e Precauções

1.27

Primeiros Encontros

Todo cuidado é pouco!


Quatro Pontos Importantes

Auto Engano

Familiaridade – Perigos

Deficiência na Detecção da Mentira

Avanços Tecnológicos

Principais pistas sobre a Mentira: Mitos e Verdades

Pistas Comportamentais – Entenda Melhor

Resumo das Pistas: No que você deve focar!

Palavras do Especialista

Check- List Comportamental

Escaneando a Mentira

Referências:

Prefácio
O presente material tem como base 50 anos de pesquisa
acerca das emoções, linguagem corporal e detecção da
mentira, no qual possui como alicerçe três principais livros
ao qual a leitura é recomendada para aprofundamento
sobre a Mentira, sendo eles: Telling Lies – Clues to Deceit in
the Marketplace, Politics, and Marriage escrito por Paul
Ekman; LIESPOTTING – Proven Techniques to Detect
Deception escrito por Pamela Meyer e Unmasking the Social
Engineer: The Human Element fo Security, escrito por
Christopher Hadnagy, Paul F. Kelly (Editor) e o prefácio
escrito por Paul Ekman.
Aa parte denominada “Referências” encontrada ao final do
material, que se encontra na formatação da APA (American
Psychological Association), possui artigos que subsidiaram a
contrução do presente material e servem como
recomendação de leitura, assim como os livros acima
citados.  

Sobre o Especialista

Psicólogo pela Universidade Federal da Bahia

Especializou-se em Reconhecimento de Micro


Expressões Faciais, conquistando Certificações
Internacionais.

3 Certificações pelo Paul Ekman Group (eSETT4.0 ,


eMETT e FACS – Facial Action Code System,
certificado padrão ouro).

2 Certificações pelo Center for Body Language


(Practitioner e Trainer). Único brasileiro a constar na
lista de Trainers Internacionais).
Colaborou como Decodificador Facial do Center for
Body Language – Empresa Nº 1 do Mundo em
Treinamento de Linguagem Corporal para Negócios.

1 Certificação pela Humintell (Dangerous Demeanor


Detector Advanced

Colaborou no Laboratório de Métodos Quantitativos


e Psicometria Preditiva - MePP (UFBA)

Colaborou no Laboratório de Pesquisa em


Neuropsicologia Clínica e Cognitiva – NEUROCLIC
(UFBA).

Ministrou treinamentos para Delegados e


Investigadores na ACADEPOL – Academia da Polícia
Civil, Salvador, Bahia.

Ministrou treinamento para o Centro de Operações e


Inteligência da Segurança Pública (COE), Salvador,
Bahia.

Contatos:
Email:
psiveloso@gmail.com

Facebook:
https://www.facebook.com/ZygomaticVeloso/

Linkedin:
https://www.linkedin.com/in/tain%C3%A3-veloso-
b15b994a/

Agradecimentos
A caminhada foi longa e trabalhosa ao longo desses 10 anos
de pesquisa e especialização sobre o reconhecimento de
microexpressões faciais, assunto esse que na época era
pouco conhecido, na época apenas pelo seriado Lie to Me,
mas sem nenhum norte que me guiasse para
aprofundamento na área. Eis que aqui a minha caminhada
começou a ser acompanhada por colegas de faculdade que
logo se tornaram amigos inestimáveis e que se faz
necessário menção. A Cláudia Marinho, vulgo “Valente”, por
ter sido a primeira pessoa a me passar o livro que veio a ser
a porta de entrada para meus estudos – A linguagem das
emoções de Paul Ekman. A Cassio Lima, vulgo 2010.3,
amigo inestimável depalavras afiadas e concisas, mas
sempre preparado para lhe estender a mão sempre que
precise. Caminhamos por toda a graduação, pesquisamos,
rimos, reclamamos, nos divertimos e conversamos, de
situações do dia a dia a questões sobre a existência
humana. Te agradeço imensamente pelo companherismo e
crescimento intelectual ao longo de todo esse tempo e por
também ter contribuído com a qualidade do material. Você
é um Neuropsicólogo de mão cheia meu amigo! A Eloah
Santana, uma pessoa de coração enorme e sorriso fácil, que
de tanta paixão pelo que faz, se entrega de corpo e alma.
Uma psicóloga de mão cheia, que já viajou uma parte do
mundo e ainda irá conhecer muito mais, pois sua jornada
está apenas começando, mas com um futuro imenso pela
frente! Sempre pronta e prestativa para me dá consultoria
gratuita (bem sei o valor de todas as palavras e ideias
ditas), uma das principais responsáveis por eu está pondo
em prática todo um modelo de negócio, que acreditou em
mim, mesmo quando eu mesmo duvidava se era possível.
Observe bem e veja o quanto o seu conhecimento me
ajudou, pois se hoje estou aqui, agradeço muito a você! A
minha noiva e futura esposa, Thaís Nonato, mulher forte e
determinada que preza pelo profissionalismo, que mudou a
minha vida completamente, me fazendo um homem muito
melhor a cada dia que passamos juntos. Sua força é a
minha força! A minha mãe, fortaleza e exemplo de garra e
determinação. Se sou o que sou e estou aonde estou, devo
isso diretamente a Senhora. Nada que eu fizer será o
suficiente para retribuir tudo que fez e faz por mim, mas
como bem sabe, eu movo montanhas se for necessário para
lhe oferecer o mundo. Por fim, agradeço a você caro leitor,
por confiar mesmo não me conhecendo, por entrar no meu
mundo, que agora será nosso! Sem você nada disso faria
sentido. Meu muito obrigado!

A Mentira: Estatísticas e Motivos


Um em quatro Americanos acreditam não tem problema
mentir para o seu empregador, enquanto um terço de todos
os resumos contém falsas informações. Um em cinco
empregados estão conscientes de fraudes no seu ambiente
de trabalho, no qual mais de três quartos das mentiras
passam sem serem detectadas.

Mentiras nos negócios custam 994 milhões ao ano – a


grosso modo seriam 7% das revendas anuais (Association of
Certified Fraud Examiners). Estes são exemplos de dados
aos quais anualmente se possui conhecimento acerca de
como a mentira faz-se presente nas interações diárias da
sociedade e suas inerentes consequências não somente no
mundo dos negócios, mas também nas relações diárias
entre as pessoas.

Desta forma, pesquisadores interessados acerca dos


possíveis canais de comunicação ao qual existiria uma
maior incidência da mentira, chegaram aos seguintes
dados: 37% dos telefonemas, 27% em encontros face a
face, 21% em chats de conversas instantâneas e 14% por
emails.

Dentre os possíveis motivos apontados que justificassem de


acordo com as pessoas o comportamento de mentir está:
evitar uma punição, obter uma recompensa que de outra
forma não seria possível obter, proteger outra pessoa de ser
punida, proteger a si mesmo de uma ameaça de dano físico,
ganhar admiração dos outros, sair de alguma situação
incômoda, evitar constragimentos, manter sua privacidade
e exercitar poder sobre os outros pelo controle da
informação.

Se faz necessário informar que os motivos acimas são


apenas alguns dos apontados como justificativas mais
frequentes, mas não esgota o número de possibilidades
pelos quais as pessoas possam se utilizer deste artifício. De
acordo com Meyer (2010) em torno de uma hora de
treinamento sobre detecção da mentira as pessoas podem
melhorar suas habilidades de 25% para 50%, o que
concebivelmente pode aumentar sua acurácia total para
75%. Nesta linha de pensamento Ekman (2009), afirma que
ao se adicionar os movimentos corporais, voz e fala, nós
poderemos alcançar mais de 90% das informações
corretamente.

A Mentira
De acordo com o dicionário Oxford: “no uso moderno, a
palavra mentira é normalmente uma expressão de violenta
reprovação moral, no qual em uma conversação educada
tende a ser evitada. O sinônimo falsidade e inverdade são
frequentemente substitutos como um relativo eufemístico.

Existem diversas formas pela qual uma pessoa pode vir a


proferir uma mentira, por exemplo: prover uma informação
falsa inconscientemente, é considerado desonesto, porém
sem mentir; uma mulher que possui uma ilusão paranoide e
que alega ser filha de Micheal Jackson, não é mentirosa,
mesmo sendo sua alegação falsa.
Fornecer aos clientes más conselhos de investimento não é
uma mentira, a menos que deliberadamente esteja
tentando prejudicar com aquela informação. Um metiroso
patológico sabe que está a mentir, porém não consegue
controlar o seu comportamento. Uma mentira com o tempo
pode ser tornar uma verdade para o mentiroso, caso isso
aconteça, a pessoa não mais poderá ser chamada de
mentirosa, fato este que será esclarecido mais adiante.

Não se pode levar em consideração somente quem está


mentindo na definição, o alvo da mentira é uma variável
importante. Em uma mentira o alvo não é questionado ou
notificado a priori que irá ser enganado.

1.1 A Definição
A definição aqui adotada será a posição de Ekman (2010)
na obra Telling Lies, no qual se refere a intenção deliberada
de enganar a outra sem nenhuma notificação a priori para
este propósito ou mesmo não tenha perguntado
explicitamente a vítima se esta queria ser enganada. Dentro
desta perspectiva há duas formas primárias da mentira:
Omissão e Falsificação.

1.2 Omissão e Falsificação


Na
omissão
o mentiroso retém algumas informações sem
dizer nada que não seja verdadeiro, já na
falsificação
um
outro passo é adicionado, não apenas a reteção da
informação, mas a adição de novos fatos que são falsos e
tornando estes como verdades.

Na maioria das vezes é necessário a realização das duas


modalidades para realizar a mentira, em algumas ocasiões
somente uma delas é necessária. Segue alguns exemplos:
Um doutor que não diz ao paciente que a doença que possui
é terminal; o marido que não menciona o tempo despendido
de parte do seu horário de almoço no motel com a mulher
do seu amigo ou um policial que não diz ao suspeito que um
grampo está gravando as suas conversas com o seu
advogado.

Entretanto uma notificação pode vim a ser feita de


antemão, no caso de um marido e mulher combinarem e
concordarem em possuir um casamento aberto, no qual irá
omitir um affair, há a possibilidade de não ser questionado.
Outro exemplo serioa de um paciente dizer ao doutor que
caso as notícias sejam ruins, que ele não o diga.

As vantagens da omissão primeiramente é por ser mais fácil


do que a falsificação, uma vez que se faz necessário
somente o ocultamento de determinado fato da história,
podendo contar toda a verdade, não se fazendo necessário
a criação de um fato falso e tornando este como verdade, o
que já exige um maior esforço cognitivo.

Uma segunda vantagem é o fato de parecer menos


repreensível do que a falsificação, onde o mentiroso pode se
sentir com menos culpa, sendo passiva e não ativa.
Constitui-se por ser também mais fácil de acobertar caso
seja descoberto, vindo alegar ignorância, tendo a intenção
de revelar mais tarde, falha na memória, etc.

Entre estas duas modalidades, existe uma intermediária, no


qual é a alegação da falta de memória por parte do
mentiroso, sendo realizada deliberadamente. Esta escolha
pode se dar quando não pode mais se manter na postura de
não dizer nada, onde uma questão é feita diretamente ou
um desafio lançado.
Na falsificação o mentiroso evita ter que lembrar da mentira
criada, e caso descoberta, alega não ter mentido, que fora
somente um problema de memória. Contudo, a alegação da
perda da memória é viável apenas em casos sem muita
importância ou para algo que aconteceu algum tempo atrás.

Faz-se necessário ficar atento que nem toda a passagem de


tempo justifica a falha de memória, por exemplo, um evento
extraordinário, onde qualquer um seja esperado possuir tal
lembrança, não importando quando tenha acontecido, como
é o caso do ataque do Word Trade Center que ocorre em 11
de Setembro de 2001. 

Algumas mentiras não sustentam-se na omissão,


requerendo a falsificação, por exemplo: mentir sobre
experiências prévias para obter um trabalho, com
consequente omissão de determinadas informações e
fabricação de relevantes partes da história acerca da sua
experiência na tentativa de engradecer seu currículo;
escapar de uma festa tediosa sem querer ofender o dono,
podendo omitir a vontade de querer assistir televisão, e
falsificando uma desculpa aceitável.

A falsificação ocorre mesmo quando não é estritamente


necessário para a fabricação de uma mentira, sendo
utilizado para encobrir evidências do que está sendo
escondido, mas especialmente necessário quando são as
emoções que precisam ser omitidas. Torna-se difícil a
manutenção da face impassível e as mãos inativas quando
se vivencia uma forte emoção.

1.3 Sorriso – A Máscara


Dentre as expressões faciais é a mais utilizada pois é a que
exige as musculaturas mais fáceis de movimentar
voluntariamente, servindo como oposição as emoções como
o medo, raiva, nojo, angústia, desespero, etc. Sua
frequencia de uso também é explicado pois algumas das
variações de felicidade é a mensagem requerida nas
situações para elaborar uma mentira, além de ser uma
saudação padrão requerida usualmente em saudações
amistosas.

Os sinais denominados de “pés de galinha”, como são


chamadas as rugas localizadas na parte exterior dos olhos,
são sinais úteis para o sorriso verdadeiro, apenas quando o
sorriso for pequeno, onde a alegria experienciada não é
muito forte. Isso pois os sorrisos largos irão criar os pés de
galinha dado a alevação da bochecha resultando no
acúmulo de pele abaixo das pálpebras.

Desta forma, os pés de galinha pode ser melhor utilizado de


forma mais confiável quando o sorriso for pequeno, caso
contrário, existirá uma maior probabilidade de erro quanto
ao seu julgamento nas interações do dia a dia.

Há de se levar em consideração qual a real necessidade


para você como investigador da face em se utilizar da
diferença existente entre o sorriso ser verdadeiro ou falso,
pois de forma geral, nas interações diárias, a simples
identificação dos traços da alegria é o suficiente para que te
informe se está agradando ou não a pessoa, vindo a
observar as reações subsequentes e o contexto da
interação para obter a confirmação sobre a emoção.

1.4 Outras Formas da Mentira


Misdirecting: reconhecendo a emoção sentida, mas
não identificando o que a causou, pois ao dizer a
verdade sobre a emoção sentida, acaba
redirecionando a atenção, tirando o foco do que
realmente importa.
Dizendo a verdade falseando-a ou admitindo a
verdade, mas com exagero ou humor, para que o
alvo continue desinformado ou enganado.

Meia – Omissão: admitir apenas uma parte do que é


verdadeiro, desta forma redireciona a atenção no
que permanece omitido.

Dizer a verdade mas de uma forma que implique no


oposto do que está sendo dito.

Discernindo Verdades de Mentiras


2 Pistas para Detecção
O tópico sobre a mentira que vem sendo debatido nos
últimos 50 anos de pesquisa se constitui como um assunto
sedutor entre as pessoas. Como consequência do fácil
acesso ao conhecimento, aliado a uma falta de preocupação
dos replicadores do saber acerca das pistas sobre detecção
da mentira, onde por muitas vezes acabam não tendo o
devido cuidado na busca de pesquisas sobre as principais
pistas corroboradas pelo campo científico, a disseminação
sobre possíveis pistas sobre a mentira se popularizou vindo
a criar diversos mitos sobre as variadas formas pelas quais
se pode identificar o mentiroso.

O grande problema quanto a isso concentra-se na


divulgação de conhecimentos baseados em evidências com
pouca força científica e adoção por parte de muitos
profissionais, na tomada de decisões com base em falsas
pistas que pode fazer a diferença entre a vida e a morte, a
prisão ou liberdade, a contratação ou demissão, etc.,
podendo vir a mudar o destino de vidas completamente.
Os autores Levine, Serota, & Shulman (2010) investigaram
sobre o real impacto na performace na habilidade em
detectar mentiras nos expectadores do seriado televiso Lie
to Me, exibido em 2010, ao qual tinha como apelo de
marketing, está subsidiado por uma consultoria com um dos
pesquisadores mais renomados e respeitados no campo das
expressões faciais e detecção da mentira, Paul Ekman.
Contudo, por se tratar de um show televiso, com o simples e
único intuito em ganhar audiência, fizeram um apanhado de
fatos científicos que ainda precisavam de mais pesquisas
para serem utilizados.

Como o esperado, dentre os resultados obtidos, um deles


evidenciou que as habilidades em detecção da mentira não
melhoraram pelo simples fato de terem assistido o
programa. Isso mostra a necessidade de cuidado ao se
tratar sobre o assunto, dado a fácil aceitação das pessoas e
a crença de que pode vir a melhorar apenas por assistir algo
que venha afirmar possuir base científica, assim como a
importância em fornecer conhecimento e treinos
subsidiados em evidências que possuam suporte científico,
para que se possa ter uma menor probabilidade de que
incorram na utilização de pistas poucos confiáveis e venham
a tomar decisões com maior chance de acerto com o que há
de melhor no momento.

Desta forma, o que será apresentado aqui, é um esforço na


tentativa de compilar as evidências que possuem maior
força no campo da ciência e, portanto, possam ser utilizadas
para distinguir quem está a mentir daqueles que estão
falando a verdade. Contudo, faz-se importante dizer que
não se tem como objetivo findar a discussão ou que iremos
compilar todas as evidências existentes até o momento,
mas que iremos focar nas pistas mais promissoras acerca
da detecção da mentira.
Em um mundo ideal de investigação, o inocente iria
claramente negar as acusações e declarar sua inocência,
enquanto que o suspeito iria dizer a verdade, afirmando que
fora ele de fato que veio a cometer determinado crime.
Entretanto, esse mundo não existe, onde tanto o inocente
quando o culpado pode alegar inocência ou ambos
confessarem o crime, ficando a cargo da investigação
apurar os fatos e evidências, para somente então chegarem
a uma determinada conclusão.

Caso você fosse o investigado e se encontrasse na situação


ao qual tanto o inocente quando o culpado está a alegar
inocência, pode vir a pensar em determinado ponto que a
melhor postura a ser adotada é de fazer pressão sobre os
suspeitos, tornando-se mais agressivo e acusando-os,
repetindo esse procedimento em todas as entrevistas
individuais. Essa estratégia de acordo com Inbau, Reid,
Buckley, & Jayne (2001) são apropriadas a depender do
contexto da situação.

Essa abordagem, pode funcionar a partir do momento ao


qual o culpado, sobre pressão, mesmo vindo a alegar
inocência, acabe por exibir pistas comportamentais e
verbais que denunciem sua mentira – onde a culpa sentida
pelo ato (considerando que ele sinta) - será o fator
preponderante para eliciar às emoções. Contudo, um
inocente, tendo em vista que a pressão venha aumentar
cada vez mais à medida que venha alegar a sua inocência -
a situação torna-se mais aversiva a cada momento – não
tendo nenhuma pista de quando a situação a qual se
encontra venha a findar, pode levá-lo a admitir uma culpa
somente para livrar-se da pressão que se encontra.

As pessoas que são culpadas, independentemente da


técnica de interrogatório utilizada, pode vir invariavelmente
responder com um simples “sim” ou “não”. Ao invés disso,
existe a possibilidade de alegarem falta de memória do
ocorrido, atribuindo a circunstâncias envolvendo bebidas ou
algum problema que relacione uma doença a falta de
memória. É importante pontuar, que a admissibilidade de
falta de memória apesar de ser uma pista que levante
suspeita, não se constitui com uma pista forte sobre a
possibilidade de que esteja a mentir.

É justamente essa variabilidade de respostas, as quais tanto


o inocente quando o culpado pode alegar (culpa ou
inocência), que traz à necessidade da obtenção de
informações através de outras pistas verbais e não verbais
que possam dar dicas acerca da mentira.

A mentira não possui um processo psicológico


idiossincrático ao qual irá produzir indicadores
comportamentais únicos e distintos, que sempre venham a
apontar que determinada pessoa esteja a mentir. Um caso
ilustrador disso seria a famosa história do boneco Pinóquio,
onde ao mentir, o seu nariz crescia bem diante dos seus
olhos, não se fazendo necessário saber acerca do que ele
estava mentindo, o porquê de ele estar mentindo e como
ele se sentia acerca da mentira. Infelizmente, no mundo
real, não termos tais pistas, se fazendo importante saber
como o mentiroso se sente e como ele está a pensar
(Ekman, 1985/1992).

Desta forma, uma pessoa que queira se tornar um detector


de mentiras humano, precisa vir a investigar como a pessoa
que está a mentir, pensa ou senti na determinada situação,
comparando às informações obtidas com a linha de base
comportamental quando estava a dizer a verdade. A partir
disto, procurar indicadores sobre os seus pensamentos ou
emoções que levantem suspeitas sobre uma possível
mentira, vindo a antecipar possíveis estratégias adotadas
para exibir credibilidade, encontrando evidências que
indiquem deslizes no que está a dizer.

A linha de base comportamental se refere ao


comportamento usual de determinada pessoa, a forma
como ela fala (com longas ou pequenas pausas, dá muitas
voltas para explicar alguma coisa ou vai direto ao ponto,
fala muito rápido ou devagar, etc.), se utiliza de ilustradores
(usa muito ou pouco ao falar), manipuladores (se toca
alguma parte do corpo com frequência, se sim, qual parte,
ou não toca nenhuma), como é o nível usual de
expressividade através da face (mexe muito as
sobrancelhas – juntas para cima ou juntas para baixo -, ri
bastante, possui algum tic nervoso, etc.).

O sentimento de culpa é evidente através do desconforto e


negatividade aparente exibido pelo mentiroso, ao qual este
pode parecer estar mais nervoso, vindo a projetar um
comportamento de desconforto e de não cooperação. O
sentimento de culpa pode criar a impressão de que a
história contada ao todo, não passe a sensação de
veracidade, como se algo estivesse faltando e não está
sendo dito. Ao comparar o mentiroso com uma pessoa
honesta, aquele parece ser menos assertivo e direto no que
está a dizer, podendo vir a contar sua história de uma forma
menos convincente.

Nem todo mentiroso irá sentir culpa sobre sua mentira ou


sobre alguma transgressão que tenha feito e esteja
tentando acobertar, mas mesmo assim irá transparecer a
impressão de tensão e negatividade se eles estiverem
preocupados acerca da possibilidade de serem pegos na sua
mentira. Se eles estiverem tentando esconder alguma
transgressão que cometeram e caso essa descoberta lhe
cause graves problemas, se configura com uma situação
com grande potencial para que fiquem com medo.
Mesmo que aquilo que estejam a esconder não se constitua
como algo grave que venha a prejudicá-lo realmente, ainda
sim podem eliciar o medo pelo simples fato de que se forem
descobertos, vão agora saber que estava a mentir, onde sua
credibilidade começará a ser questionada.

Comenta-se bastante de que o grande problema para o


mentiroso é conseguir conectar todos os fatos que esteja a
inventar, estabelecendo uma linha lógica e coerente, vindo
a transparecer credibilidade no que está a dizer. Em
primeira instância, isso tem fundamento, uma vez que se
faz necessário ficar atento aos detalhes para que deixe
todas as informações conectadas. Contudo, isso não se
constitui como um problema para todos.

Um bom mentiroso pode vir simplesmente descrever algo


que de fato estava a fazer em determinado momento, e.g.,
um crime que aconteceu pelo turno da noite, o suspeito
acaba sendo questionado acerca do que estava fazendo no
momento exato que o crime ocorreu, vindo então a
descrever o que fizera na noite anterior ao crime. Essa
estratégia irá permitir que acesse os fatos da sua memória
da mesma forma que uma pessoa honesta faria, não tendo
a necessidade de falsificar ou omitir alguma informação,
vindo a nível facial, exibir expressões faciais da mesma
forma que alguém que estivesse a dizer a verdade, isso pois
está a rememorar fatos reais que veio a vivenciar, porém
apenas deslocando o espaço temporal do acontecimento.

Uma outra possível forma é a antecipação de possíveis


perguntas que possam ser realizadas, vindo a planejar e
formular respostas contundentes, satisfazendo de forma
coerente o que fora questionado. O problema aqui incide
sobre a forma pela qual o mentiroso irá conseguir responder
de uma forma que seja sincera e espontânea, caso
contrário, irá levantar suspeitas, colocando por água abaixo
todo o seu plano.

Existe também uma importante diferença psicológica entre


o honesto e o mentiroso que influencia às diferentes
impressões causadas por ambos, que é justamente a
sinceridade, ou seja, enquanto que o honesto não precisa
realizar esforço para tal, o mentiroso realiza um esforço
deliberado para que pareça ser sincero, onde o honesto por
esperar a priori de ser acreditado no que está a dizer, exibe
um comportamento mais natural e menos auto consciente,
portanto, mais digno de confiança em tese. 

Um problema neste ponto é a partir do momento que o


honesto teme que o que esteja dizendo não seja tido como
verdade, onde irá realizar o mesmo esforço deliberado de
ser acreditado, tentando afirmar que a aquilo que está a
dizer de fato é uma história verdadeira, resultando no
mesmo comportamento do mentiroso, transparecendo que
o que está a contar seja menos credível do que outrora
seria, quando estava a reagir sem esforço deliberado.

As pistas válidas acerca da mentira são aquelas


provenientes das diferenças da forma pela qual o mentiroso
se comporta quando comparado ao honesto, sendo estas
diferenças oriundas das emoções eliciadas (medo de ser
pego, culpa por ter mentido), processos psicológicos como o
esforço deliberado em parecer honesto, crenças e
estratégias (como ideias acerca de quais comportamentos
criem uma impressão de honestidade).

Quanto maior forem as diferenças entre as emoções, o


esforço deliberado do comportamento, suas crenças e
estratégias entre o mentiroso e o honesto, maior serão as
pistas comportamentais acerca da mentira.
Como já dito anteriormente, a definição adotada é a de
Ekman (2009), que define como uma escolha deliberada em
enganar outra pessoa sem nenhuma notificação a priori que
o engano irá ocorrer, não importando se artifício utilizado
para sua realização seja a dizer algo falso  (falsificação) ou
pela omissão de informações cruciais (omissão), sendo
estas apenas técnicas diferentes mas com o mesmo intuito,
enganar.

À primeira vista pode ocasionar estranheza, mas vamos


entender o que significa. Em um jogo de pôquer, o jogador a
priori já possui ciência da natureza inerente de que o
engano, nesse contexto denominado de blefe, é um dos
principais artifícios utilizados, sendo assim, a pessoa não
poderá reclamar que alguém a está enganando, pois já
existe uma notificação a priori.

Da mesma forma se trata os atores, aos quais interpretam


os seus personagens, vindo a viver diversas vidas e
realidades, tanto no teatro quanto na televisão. Nesses
momentos, o engano é permitido, pois sabe-se que é
necessário a representação das personas para que o show
venha a acontecer. Um outro possível exemplo é o
estabelecimento de um relacionamento aberto ao qual se
entra num acordo ao qual nenhum dos parceiros irá contar
com quem e quando ficou com outrem. Nesse caso, nenhum
deles poderá vir a protestar uma vez que combinaram
(notificação a priori) sobre a vida amorosa extraconjugal.

A falsificação caracteriza-se pela introdução de algum fato


que não ocorreu, transformando-o em verdade. Vamos
exemplificar: Pedro é casado com Antônia e em uma das
noites acaba chegando tarde em casa (o que não é comum
para o comportamento padrão dele), onde ao chegar,
Antônia, está sentada no sofá e visivelmente chateada. De
pronto, Pedro começa a se justificar, dizendo que sente
muito mas que ocorreu um imprevisto, que o amigo acabou
passando mal e tiveram que levar ele para o hospital
(quando na verdade ele tinha saído com a melhor amiga
dela), e que por isso acabou voltando mais tarde do que o
normal.

O que aconteceu na história fictícia acima, é que Pedro,


introduziu um novo fato e o tornou como verdade (que o
amigo passou mal e o levaram para o hospital), não vindo a
dizer que estava em um encontro com a amiga dela, isso é
o que chamamos de falsificação. Já na omissão, a pessoa
deixa de fora uma informação importante, mas não
introduzindo o fato que não aconteceu e o tornando verdade
como na falsificação.

No caso da omissão, Pedro pediria desculpas por ter


chegado atrasado e se justificaria dizendo que encontrou a
amiga dela e que ficaram conversando (o que não deixa de
ser verdade, porque entre as diversas atividades que
realizaram no seu encontro, existiu a conversa), e por isso
acabou chegando mais tarde do que de costume. Nesse
caso, podemos observar que Pedro apenas omitiu parte da
história e contando algo que de fato aconteceu, contudo,
dizendo apenas parte da história, e não introduzindo um
fato novo como na falsificação.

As mentiras ditas podem não envolver emoções como


tópico principal, mas ainda sim, as emoções podem vir a
influenciar a mentira. Mas o que isso quer dizer? Uma
mentira que envolve emoção se dá no momento que a
pessoa está a sentir alguma emoção (alegria, tristeza, nojo,
raiva, surpresa, medo, nojo, etc.) e tenta disfarçar essas
emoções com alguma outra expressão facial (como
explicado mais a frente, no Capítulo 8.8, sobre as formas de
gerenciamento facial).
Quando nos referimos que as emoções podem influenciar a
mentira mesmo não sendo elas o tópico principal, estamos
nos referindo principalmente ao Medo de Ser Pego
(Detection Apprehension), Culpa por Ter Mentido (Guilt
about Lying) e O prazer do mentiroso (Duping Delight).

O medo de ser pego representa o que o próprio nome diz,


que é o medo que o mentiroso pode vim a ter de ser pego
quando está a mentir. Abaixo iremos ilustrar os principais
pontos no qual o medo de ser pego terá uma maior
probabilidade de sermais evidente:

O alvo da mentira possui a reputação de ser difícil


em ser enganado.

O alvo começa a suspeitar de algo.

O mentiroso possui pouca prática ou histórico em


sair bem-sucedido com suas mentiras.

O mentiroso tem uma maior tendência a ser


vulnerável a ter medo de ser pego, devido a sua
personalidade.

Altos são os riscos que envolvem a mentira.

Tanto a recompensa quando a punição por trás da


mentira está em jogo ou se for um ou outro, é a
punição que está em jogo no momento.

A punição por ser pego mentindo é alta ou a


punição sobre do que se trata a mentira é tão
grande que não se vê vantagem em contar que está
mentindo.

O alvo de forma alguma vem a se beneficiar com a


mentira.
Já a culpa por ter mentido se refere ao sentimento
relacionado ao ato de mentir em si e não sobre o
julgamento se a pessoa é culpada ou inocente, ou com o
conteúdo da mentira.

A culpa por ter mentido poderá ser potencializado de acordo


com os pontos abaixo:

O alvo não espera ser enganado.

A mentira é totalmente egoísta e o alvo não se


beneficia em nada ao ser enganado, assim como
perde tanto quanto ou muito mais do que o
mentiroso vem a ganhar.

A mentira não é autorizada pelo contexto que se


encontra e a situação é uma a qual a honestidade é
esperada.

O mentiroso não tem praticado a sua mentira já há


um bom tempo.

O mentiroso e o alvo compartilham valores.

O mentiroso possui alguma proximidade pessoal


com o alvo da mentira.

O alvo pode ser facilmente enganado ou taxado


como ingênuo.

O mentiroso ganha a confiança do seu alvo e se


aproveita desse fator para engana-lo.

Tanto o medo de ser pego quanto a culpa por ter mentido se


referem a sentimentos negativos quanto a mentira,
entretanto, existe uma sensação positiva também, chamada
de prazer do mentiroso (Duping Delight). O mentiroso pode
ver a mentira como um objetivo que fora alcançado ou a
sensação em si de antecipar um desafio ou até mesmo
durante o momento da mentira quanto a incerteza acerca
do sucesso ou falha da mentira. Após o ato de mentir pode
vir também a ter o prazer através do alívio por ter cessado
a situação, assim como a sensação de orgulho por ter
conseguido ou o sentimento de desprezo para com o alvo.

O Duping Delight caso não seja omitido pelo mentiroso,


pode ser uma pista essencial para a identificação de que
algo não está certo naquela situação, vindo a servir de
bússola para que o investigador venha a se direcionar e
realizar possíveis questionamentos que o ajudem a
identificar o que está sendo escondido. De maneira geral, a
Culpa por ter mentido, o Medo de ser pego e o Duping
Delight são as três principais emoções que podem vir a
influenciar a mentira mesmo quando esta não se trata
diretamente sobre emoções.

À primeira vista, tem-se a impressão de que é uma tarefa


fácil, onde essas emoções acima irão emergir de forma
tranquila e frequente quando alguém estiver a mentir.
Porém não é bom por aí que a realidade irá se encaminhar,
pois existe um fator fundamental chamado de
diferenças
individuais
, que iremos discutir agora.

Vamos listar abaixo alguns comportamentos que podem vir


confundir as pessoas no momento da investigação acerca
da veracidade do discurso, pensando que pelo simples fato
de estarem a exibi-los podem vir a ser um indicativo de uma
possível mentira. São elas:

São indiretas e apresentam circunlocuções (falam


de forma indireta e imprecisa) em seu discurso.
Falam com muitas pausas curtas ou longas pausas
entre as palavras.

Realizam muitos erros no seu discurso.

Usam poucos ilustradores.

Exibem muitos manipuladores corporais.

Exibem expressões faciais assimétricas.

Usualmente expressam facialmente as emoções de


medo, raiva, angústia independentemente de como
realmente estão a se sentir (relaciona-se com as
estruturas faciais das pessoas que por natureza já
apresentam os mesmos indicadores faciais das
emoções).

Entre as pessoas, existe uma diferença muito grande em


todos os comportamentos acima apresentados e essas
diferenças caso não sejam levados em consideração no
momento da investigação pode ocasionar em chamar de
mentiroso quem está a falar a verdade ou o posto, chamar
de verdadeiro quem está a mentir.

No livro Telling Lies, Paul Ekman (2009) traz dois conceitos


importantes que se baseiam como uma consequência do
erro em não levar em consideração as diferenças
individuais, denominados de Othello Error e Brokaw hazard.

O Othello Error representa a falha em desconsiderar que


uma pessoa que está sendo suspeita de está a mentir pode
vir a exibir os mesmos sinais emocionais de quem está a
mentir, o que pode vir a dificultar o reconhecimento das
expressões através das musculaturas faciais. Já Brokaw
Hazard relaciona-se com a falha de não levar em
consideração a possibilidade de que as diferenças
individuais podem ocasionar que o mentiroso não exiba
nenhum sinal sobre a mentira enquanto que uma pessoa
que está a falar a verdade pode vir a exibir.

Algumas pessoas, como os psicopatas e os mentirosos por


natureza possuem a habilidade em inibir os sinais faciais
sobre as suas verdadeiras emoções, o que nesse caso,
mesmo as musculaturas faciais confiáveis de algumas
emoções devem ser desconsideradas, dado a tamanha
habilidade.

O investigador que está em busca de mentiras precisa


tomar algumas precauções. A primeira é procurar ter
consciência acerca das suas próprias convicções sobre o
suspeito, ou seja, a partir do momento que temos uma ideia
pré-concebida sobre determinado fato, isso irá aumentar a
probabilidade de que ocorra um viés na sua interpretação
dos fatos, podendo supervalorizar, subvalorizar ou mesmo
deixar passar alguma pista, apenas para que venha a
corroborar seu próprio ponto de vista.

A segunda precaução concerne sobre a consideração da


possibilidade de que um sinal emocional não é um sinal da
mentira, mas sim um sinal de como a pessoa
verdadeiramente está se sentir naquele momento que está
sob suspeita de que está a mentir. Em outras palavras, a
pessoa que está sendo investigada está exibindo um sinal
emocional acerca da mentira ou um sinal emocional por
está sendo falsamente acusada/julgada naquele momento?

A terceira precaução é que o investigador tem que


desconsiderar um sinal emocional sobre a mentira se a
personalidade do suspeito servir como um fator
influenciador para uma maior probabilidade de que venha a
ter tais emoções mesmo que o sujeito esteja sendo
verdadeiro. Cada pessoa irá reagir de uma forma diferente
sobre a suspeita de está mentindo, sendo assim, deve-se
ter cuidado com a possiblidade de que uma pessoa que
esteja falando a verdade, mas sendo acusado do contrário,
tenha o sentimento de raiva, frustração, etc. 

O Treinamento: Reais Ganhos


A literatura exibe dados que apontam a deficiência que nós
como seres humanos possuímos para detecção da mentira,
onde através da observação do comportamento do
mentiroso a taxa de acerto usualmente centrada em 50%
(ao acaso) e quando melhor, em torno de 60% (FREITAS-
MAGALHÃES, 2003).

Devido a isso, o treinamento de habilidades na identificação


e no reconhecimento do comportamento não verbal se faz
tão imperativo. Sendo assim, reais ganhos que irá obter a
partir do treinamento da detecção da mentira são:

Aumento de acurácia na obtenção de informações


corretas;

Irá fortificar os seus relacionamentos;

Desenvolver um círculo interno leal;

Poderá depositar sua confiança em seus colegas e


amigos com segurança;

Afiar os seus instintos;

Impulsionar sua produtividade;

Aumentar a confiança em si mesmo e melhorar o


seu ambiente de trabalho.
Pistas do Engano
Leakage:
Quando o mentiroso equivocadamente
revela a verdade.

Deception Clue:
Quando o comportamento do
mentiroso sugere que ele ou ela está mentindo, mas
sem revelar a verdade.

Deception Clue responde a questão se a pessoa está


mentindo ou não, porém sem revelar o que está sendo
omitido, apenas o leakage pode fazer isso. Quando se é
importante saber exatamente o que está sendo omitido,
então se faz importante obter informações através do
leakage – expressões faciais, tom de voz, deslizes da língua
ou certos gestos.

Em algumas ocasiões, mesmo através do leakage, obtém-se


somente uma parte do que está sendo escondido

Mentiras – Por que falham?


Entre os possíveis motivos para que uma mentira venha a
falhar está o mau planejar da diretriz de mentira a ser
seguida, o que pode ser alcançado através do ensaio, o que
vem a recair em outro ponto, a não antecipação as
possíveis perguntas que podem ser elaboradas.

A dificuldade em omitir ou falsear uma emoção sentida


pode vim a deixar pistas, mas sem revelar a razão
(deception clue) ou inadertivamente acaba por revelar o
que está a mentir (leakage). As mudanças fisiológicas,
caracterizadas como automática e ocasionadas pelo sistema
nervoso central, possui como fator principal a velocidade
em influênciar os seguintes canais:
-
         
Expressões Faciais

-
         
Respiração

-
         
Tom de Voz

-
         
Linguagem Corporal

-
         
Postura

Quando estamos a falar da influência das emoções na


detecção da mentira deve-se levar em consideração o grau
de intensidade emocional ao qual a pessoa pode estar a
sentir, variáveis estas que repercutem em diferentes
consequências, sendo elas:

-
         
Mudanças Graduais: constitui-se de pequenas
mudanças no comportamento, o que permite uma
relativa facilidade para a Omissão, pois estas mudanças
estão ao nível consciente e assim com maior
possibilidade de percepção da pessoa que está a exibir.

-
         
Começo gradual e se mantém leve: Possui em geral
as mesmas características da categoria apresentada
acima, porém caracterizada por ser mais notável para
os outros do que para si.

-
         
Forte Emoção: Esta caracteriza-se por ser de difícil
controle, uma vez que o indivíduo não detém controle
sobre sua exibição (espontânea), sendo involuntária, no
qual o indíviduo pode não estar consciente da sua
exibição.

Sentimentos sobre a Mentira.


As mentiras que não envolvem emoções são: ações, planos,
pensamentos, intenções, fatos e fantasias. Contudo, mesmo
que a mentira não tenha a ver com algo relacionado as
emoções, estas podem vir a estar envolvidas. Abaixo
encontra-se os possíveis sentimentos:

-
         
Fear for being caught – Medo de Ser Pego
(Detection Apprehension).

-
         
Deception Guilt – Culpa por ter mentido.

-
         
Duping Delight – Deleite ou prazer por ter
ludibriado alguém.

3.1 Medo de Ser Pego (Detection


Apprenhesion)
O medo em pequena quantidade pode ajudar o mentiroso a
evitar erros e mantê-lo alerta, no qual um moderado nível
de medo acaba por emitir sinais comportamentais. Desta
forma, estimar o medo de ser pego pode ajudar a pensar se
vale a pena ou não efetivar a mentira ou mesmo planejar
em medidas que ajudem na redução do seu medo.

Os possíveis motivos pelo qual esse sentimento possa vim a


surgir está relacionado a: 

-
         
O alvo possuir a reputação por ser difícil de ser
enganado;

-
         
O alvo começa a suspeitar de que algo possa estar
errado;

-
         
O mentiroso possui pouca prática ou nenhum
histórico de sucesso;

-
         
O mentiroso é especialmente vulnerável ao medo
de ser pego mentindo;
-
         
O que se está em jogo é alto; tanto o prêmio
quanto a punição estão em jogo, ou se for apenas um
dos dois, a punição ganhará preponderância;

-
         
A punição por ser pego mentindo é grande ou a
punição sobre o que se trata a mentira é tão grande que
não há incentivo de se contar a verdade;

-
         
O alvo em nenhum momento se beneficia da
mentira

3.2 Fatores Influenciadores


Os possíveis fatores que acabam por influenciar que as
pessoas venham a sentir medo de ser pego quando está a
mentir relaciona-se com a crença do mentiroso acerca da
habilidade do alvo como um bom detector de mentiras. Se
faz necessário levar em consideração incidentes passados
envolvendo mentiras, ao qual poderá influenciar direta e
indiretamente pela frequencia a qual o indívíduo irá realizar
o ato, tornando-se mais fácil ou difícil de mentir.

Outro fator influenciador na apreensão de ser detectado é a


sua personalidade, onde alguns indivíduos acabam por
possuir uma maior facilidade ou não de mentir, mesmo
levando em consideração sua história de vida, fatores estes
que devem ser levados em consideração conjuntamente.

Na atualidade, no campo da ciência, possui-se mais


informações acerca dos bons mentirosos, do que aqueles
com dificuldades para mentir, por exemplo: atores,
vendedores, negociadores, advogados no juri, espiões e
diplomatas.

Um dos principais fatores que contribuem para o medo de


ser pego constitui-se em uma simples regra: quanto maior
for o que se está em jogo, maior será a probabilidade de
eliciar emoções. Desta forma, o que se está em jogo irá
influenciar diretamenta na forma pela qual irá reagir e as
emoções que irá sentir.

Em algumas situações o que se está em jogo pode não estar


visível, por exemplo: a admiração pelo superior, jogo de
poker, etc. Assim como os fatores já apresentados, a forma
idiossincrática é um fator importante, ou seja, as diferenças
individuais as quais as pessoas se expressam e reagem a
determinadas situações.

A apreensão de ser detectado pode ser maior quando se


envolve o evitar de uma punição, não somente vindo a
ganhar um prêmio ou recompensa. O evitar de uma punição
pode ser a meta do mentiroso desde o princípio se:

-
         
O alvo é desconfiado

-
         
O mentiroso possui pouca confiança

Existe um problema ao tocante da distinção entre a


distinção do Medo de ser desacreditado de um garoto
inocente e a culpa de um garoto através do Medo de ser
pego, pois os sinais do medo são os mesmos. A dificuldade
é amplificada quando o investigador sobre a mentira tiver
um histórico duvidoso e não tiver acreditado em nenhuma
verdade a priori.

Há duas formas de punição que estão em jogo quando se


mente: a punição referente a mentira que subjaz a história
dita e a punição por cada ato direcionado com o objetivo da
concretização da mentira.

3.3 Deception Guilt – Culpa por ter mentido


A culpa por mentir se refere ao sentimento sobre a mentira
e não se alguém é culpado ou inocente, se fazendo
necessário o alerta em não confundir a culpa por ter
mentido com o sentimento de culpa acerca da mentira.
Pode variar em intensidade, vindo a produzir leakage ou
deception clues.

Algumas são as possibilidades para que a culpa por ter


mentido venha a surgir, sendo elas:

A mentira não é autorizada;

A situação é uma na qual a honestidade é


autorizada;

O mentiroso é pessoalmente familiarizado com o


alvo e compartilham valores sociais;

O mentiroso não tem praticado a mentira por um


longo período e por isso apresenta dificuldade.

3.4 Deception Guilt Vs Detection Apprehension


Geralmente existe uma relação inversa entre a Culpa por ter
Mentido e o Medo de ser Pego, pois o que diminui a culpa
sobre a mentira, aumenta o medo de ser pego, por
exemplo: o empregador que mente para o seu empregado
que estava a suspeitar de um desvio/fraude, cancelando
suas suspeitas de pega-lo no ato do crime, é provável que
sinta alto medo de ser pego, mas baixa culpa por ter
mentido.

Fatores que podem vim a aumentar a culpa por ter mentido


também podem diminuir a apreensão de ser detectado. O
mentiroso pode vim a sentir culpa por ter mentido para um
alvo confiável, mas ele pode sentir menos medo de ser
pego por alguém que não esperaria ser enganado.
Quando experienciado a níveis elevados, a culpa por mentir
torna-se uma experiência torturante, desta forma, o alívio
por se livrar da culpa proveniente de uma mentira pode
motivar o indivíduo a confessar, mesmo não levando em
consideração a probabilidade da punição pelo delito
cometido.

3.5 Vergonha e Culpa


São intimamente relatados, porém com uma diferença
qualitativa: Culpa não precisa de audiência para ser
evocada e a própria pessoa é o juiz. A vergonha requer a
desaprovação ou ridicularização de outros. Se ninguém
souber sobre a infração, não haverá vergonha, mas
continuará a ter culpa. Vergonha requer algum respeito para
com aqueles que o desaprovam. Caso contrário a
desaprovação pode causar raiva ou desprezo, não
vergonha.

Detectando a Mentira através:


Palavras, Voz, Corpo e Face
4.1 As Palavras
As razões pelas quais os mentirosos preferem a utilizar as
palavras do que outras pistas no corpo: 1.) Palavras são
tidas como a principal fonte de informação desde a infância,
a qual é dada mais atenção. 2.) É a fonte mais fácil de
controlar em um discurso. 3.) Mentirosos tendem a serem
mais cautelosos acercas das escolhas das palavras. 4.)
Muito mais informações podem ser transmitidas mais
rapidamente pelas palavras do que pela face e corpo. 5.) As
palavras são fáceis de serem ensaiadas e por isso mais
fáceis de se falsificar.
Muitos mentirosos são traídos por suas palavras devido a
falta de cuidado. De acordo com Sigmund Freud,
Slip of
the Tongue
denota: “… alguma coisa que a pessoa não
gostaria de dizer, o que a torna uma fonte de auto-traição”.
Mais uma forma de erro são as
Tirades
que se constitui
como um erro no discurso ao qual revela informação
inadvertidamente, percebendo apenas depois de observar
as consequências do que fora revelado.

4.2 O Corpo
O corpo e a voz fornecem menos informações do que a face
e as palavras:

(Corpo e Voz) < (Face e Palavras)

É também uma boa fonte de Leakage e Deception Clues,


diferente da face e da voz, onde a maioria dos movimentos
estão diretamente ligados as áreas cerebrais envolvidas nas
emoções. Em sua maioria ignorado, pois as pessoas ficam
ocupadas dando atenção a face e avaliando as palavras. A
maioria das pistas sobre a mentira contidas na face, corpo e
voz são ignoradas ou mal interpretadas. 

4.3 Emblemas
Possui como característica o seu preciso significado, sendo
conhecido por todos dentro de determinado grupo cultural.
Pode ser usado no lugar das palavras ou quando as palavras
não podem ser usadas, em sua grande maioria são quase
sempre perfomados deliberadamente.

4.4 Ilustradores
Denominados assim pois ilustram o discurso assim que
proferido, ajuda a explicar ideias que são difíceis para
colocar em palavras. Usado também quando uma pessoa
não encontra uma palavra, por exemplo: movimentos das
sobrancelhas para cima ou para baixo. Dentro de uma
mesma cultura, indivíduos diferem na quantidade de
ilustradores apresentados: diferentes culturas = diferentes
tipos de ilustradores.

Exemplos: A definição de zig zag, cadeira, explicar como


chegar a um determinado lugar ou sua escolha ocupacional.

A procura dos ilustradores referentes a alguma palavra


transmite a mensagem de que a outra pessoa está a pensar
e que não passou o seu turno da fala. Ilustradores
aumentam com o envolvimento da pessoa no que está
sendo dito. Tendem a utilizar mais quando estão furiosos,
horrorizados, muito agitados, angustiados ou
animadamente entusiasmados.

As razões que pode explicar uma menor frequência do uso


de ilustradores são: falta de investimento emocional no que
está sendo dito, onde as pessoas ilustram menos quando
estão desinteressadas, não estão envolvidas, estão
entediadas, profundamente tristes, fingindo interesse ou
entusiasmo ou quando tem problemas ao escolher as
palavras que irá dizer.

Fiquem atentos, pois o decréscimo pela escolha das


palavras pode não ter nenhuma ligação com uma mentira,
mas sim com o alto valor do que está sendo dito: primeiras
impressões do chefe; responder uma questão que possa
fornecer uma premiação; primeiras palavras para uma
pessoa apaixonadamente admirada a distância.

4.5 Ilustradores Vs Emblemas


Emblemas - Precisão nos movimentos e na mensagem,
podem ser utilizados no lugar de uma palavra ou quando a
pessoa não pode falar ou não fala. Dependem da cultura e
não precisam está acontecendo em uma conversa para que
ocorre seu entendimento.

Ilustradores - Pode envolver uma grande variedade de


movimentos e pode significar uma mensagem vaga em vez
de precisa. Por definição ocorrem somente durante o
discurso e não para substituí-lo quando a pessoa não fala.
Não dependem da cultura, apesar de haver ilustradores que
possam ser específicos a região.

4.6 Manipuladores
Inclui todos os movimentos que manipulam outra parte do
corpo, como massagear, esfregar, pegar, segurar, coçar.
Tipicamente a mão é o manipulador, mas também pode ser
um recipiente. Os recipientes comuns são os cabelos,
ouvido, nariz ou testículos, sendo performados no limite da
consciência.

A maioria das pessoas não conseguem ficar sem realiza-los


por muito tempo quando tentam deliberadamente. Cada
pessoa possui seus manipuladores favoritos e aumentam
com o desconforto.
Sinais não confiáveis
sobre a mentira,
pois podem indicar estados opostos: desconforto e
relaxamento. A diferença no que se está em jogo pode
ajudar a explicar o aumento ou diminuição dos
manipuladores.

Os manipuladores desta forma caracterizam-se por não


serem sinais confiáveis na identificação da mentira, pois as
pessoas variam enormemente na quantidade e nos tipos de
manipuladores, onde o não conhecimento do padrão
comportamental da pessoa vem a interferir na
interpretação, uma vez que aumentam de frequência
quando estão desconfortáveis sobre alguma coisa.

A grande maioria das pessoas acreditam que à exibição de


manipuladores denunciam a mentira e que um mentiroso
motivado irá tentar interrompe-los, o que não procede.

4.7 A Face
Depois das palavras, a face é a segunda fonte que vem a
receber a maior quantidade de atenção pois contitui-se
como uma marca e símbolo do Self, é também a forma
principal utilizada para distinguir uma pessoa da outra.
Constitui-se como o lugar primário para a exibição das
emoções no qual importantes e necessários sinais são
exibidos para a conversação proceder.

Dado a sua importância no reconhecimento das emoções,


iremos aqui discutir mais a fundo como melhor podemos
utilizar da face como meio de obtenção de informações.

De acordo com Freitas-Magalhães (2011) as emoções não


enganam, mas nós que nos enganamos quando pensamos
que se está enganando o outro, isso pois quanto mais se
tenta enganar, mais as emoções a nível facial se tornam
assimétricas e incongruentes, vindo a permitir sua
identificação.

A micro expressão é um método que consiste na avaliação


técnica e científica da expressão facial que é utilizada para
a descoberta da mentira a partir do estudo da face permite
através de análise minuciosa através das zonas (superior,
média e inferior), dos lados (esquerdo e direito) bem como o
início, duração e fim do movimento.
O tempo de aparecimento e desaparecimento das macro
expressões varia entre 0,5 a 4,5 segundos e ocorre num
processo normal de exibição de emoções, já o tempo de
aparecimento e desaparecimento das micro expressões
ocorrem em menos de 0,5 segundos, usualmente em torno
de 1/5 a 1/15 segundos (Freitas-Magalhães, 2011).

A expressão facial verdadeira surgi de forma mais rápida na


face, sendo simétrica e involuntária (ou espontânea), com
notória sincronia, pois surge ao mesmo tempo ou até
mesmo antes em alguns casos, do discurso verbal, ao
contrário da falsa, que se apresenta o extremo oposto.

4.7.1 A Mentira através da Face

As pessoas usualmente acabam por acreditar que as


expressões que estão a serem exibidas na face são mais
confiáveis do que as palavras ditas. Alguém em algum
momento da vida já pensou ter sido capaz de dizer se
alguém estava ou não a dizer a verdade apenas olhando
para o seu rosto, ou mesmo ao se ouvir as inúmeras
propostas políticas em época de eleição, onde somente de
olhar para a face de alguns candidatos para-se e pensa:
“não mesmo, nem ele mesmo acredita no que está
dizendo”.

Há momentos aos quais realizamos que a expressão facial


de determinada pessoa na verdade não representava o que
de fato estava a sentir, contudo era tarde demais, pois você
já foi enganado e só percebeu isso depois. Existem duas
formas de engano através da face, denominados: Mentira
por Comissão ou Mentira por Omissão. A primeira ocorre
quando a pessoa expressa uma emoção na qual não está
sentindo, enquanto que a segunda é no momento que a
pessoa não exibe nenhum traço emocional do que está
sentindo ser exibido na face.
Nós vamos aprendendo como disfarçar as nossas emoções
desde a infância, e.g., “engula o choro”; “não olhe para mim
com esse rosto”, onde até mesmo se aprende o que e como
se expressar em determinadas situações e.g., “seja
educado meu filho, dê um sorriso”, o que implica não
somente na inibição das emoções que estão sentindo, mas
também de mascarar a exibição de uma outra emoção.
Como consequência desses aprendizados ao longo da
infância, ao se chegar à adolescência muitos já possuem a
habilidade necessária para gerenciar e manipular as
expressões faciais das emoções.

Apesar do desenvolvimento de habilidades para


manipulação facial, ainda sim, as expressões faciais das
emoções continuam por serem difíceis de serem
controladas, onde geralmente as pessoas vem a possuir
uma maior prática em mentir através das palavras do que
pela face, e possuindo mais prática em mentir com a face
do que com o corpo.

Uma possível explicação são os ensinamentos culturais que


valorizam as palavras proferidas, e.g., “escute o que vou lhe
dizer agora”; “quando uma pessoa está a falar a outra tem
que escutar”, o que acaba por educar as pessoas a focarem
mais naquilo que está sendo dito do que como está sendo
dito. Como consequência as pessoas acabam vindo a ter
uma melhor performance na percepção oral.

Nessa linha de raciocínio, as pessoas acabam comentando


mais sobre o que você está a dizer do que a expressar
através da face, assim como comentar mais sobre a face do
que os movimentos realizados através do corpo.

Existem três motivos pelos quais é mais fácil vir a mentir


pelas palavras do que pela face, sendo elas: Facilidade de
Monitoramento, Falsificação e Inibição.
É mais fácil de
monitorar
as palavras na medida em que
estão sendo ditas do que vir a monitorar suas expressões
faciais, pois estas podem ser extremamente rápidas,
aparecendo e desaparecendo repentinamente em menos de
um segundo. Em contrapartida com as palavras você pode
perceber facilmente o posicionamento adotado pela pessoa
enquanto ela está a falar, cuidadosamente ouvindo e
julgando o que está sendo dito, o que já não pode ser feito
com as expressões faciais.

Você pode treinar aquilo que deseja falar até achar a melhor
forma possível, ouvindo a si mesmo, vindo a realizar ajustes
e gerenciando palavra por palavra que será proferida,
verificando cada mudança nas palavras escolhidas. Já às
suas próprias expressões não lhe permitem que venha a
monitorar da mesma forma e facilidade, onde por não ser
uma tarefa habitual pode vir a ser estranha.

Durante o crescimento, as crianças vão sendo literalmente


ensinadas como falar, vindo aprender vocabulário e
gramática, tendo a disposição dicionários ou mesmo a vasta
rede de internet para procura. Desta forma, as palavras
acabam sendo mais fáceis de
falsificar
, onde cada palavra
pode ser escrita, delineando claramente toda uma estrutura
a ser seguida da forma que melhor dê sentindo ao que se
deseja expor, ensaiando e repetindo por diversas vezes,
sendo em frente de um espelho ou para um amigo. Agora
imagine realizar isso com as expressões faciais, onde por
mais que possua críticas a respeito, de forma geral será
baseada em palpites e intuições, tornando-se uma crítica
vaga, sem precisão e passível de viés interpretativo.

Diferentemente das palavras, as expressões não possuem


um dicionário que possa ser consultado quando tiver dúvida
ou muito menos as pessoas são ensinadas em como se
expressar facialmente durante um discurso. De forma geral
o que se aprende sobre a face é como controla-la em
determinadas situações, e não acerca dos conjuntos de
músculos necessários para realização dos movimentos e
suas consequências a nível estrutural da face.

Já a
inibição
pode ser mais facilmente realizada nas
palavras do que na face. Um dos motivos centra-se na
velocidade de exibição facial, contudo, a principal razão
refere-se à particularidade na qual as expressões faciais são
ativadas involuntariamente durante uma experiência
emocional, enquanto que as palavras não.

Imaginem a situação: você está andando de bicicleta no


parque da sua cidade, quando repentinamente uma pessoa
pula na sua frente com uma faca em punhos dizendo que é
um assalto. Existem diversas possibilidades, dentre elas
pode vir a sentir medo, possuindo a intenção de fugir do
perigo da situação que se encontra ou a raiva, de partir
para o enfrentamento. Independente da emoção sentida,
uma coisa em comum irá ocorrer, mudanças fisiológicas
distintas para cada estado emocional, o que irá provocar
diferentes posturas frente a situação vivida.

Nas palavras não há fenômeno semelhante, que ocasione


respostas automáticas e involuntárias que saiam da sua
boca no momento da situação, apesar da possibilidade da
ocorrência de grito ou frequência respiratória pesada como
se estivesse com dificuldade para obter ar.

Como consequência da menor prática do controle das


expressões faciais, capacidade de monitoramento,
falsificação ou inibição da face quando comparado com as
palavras, as expressões faciais acabam por oferecer a
oportunidade de revelar como a pessoa está se sentindo.
Em contrapartida a esta visão, devido a possibilidade do
controle da aparência facial, vindo a sobrepor as respostas
faciais involuntárias ou mesmo exibir expressões de
emoções que não estão a sentir, existe a possibilidade de as
expressões vir a enganá-lo.

A maioria das pessoas acabam por seguir as regras abaixo


para conseguir distinguir expressões faciais verdadeiras das
falsas, assim como detectar o vazamento (
leakage
) das
verdadeiras emoções que a pessoa está tentando esconder:


     
Os olhos como fonte principal de veracidade.


     
Quando as palavras ditas por uma pessoa acerca de
uma emoção não condizem com o comportamento não
verbal, você tem que desconsiderar as palavras e
acreditar na face, ou seja, se alguém disse que está
triste verbalmente, mas não exibe nenhum traço na
face, deve-se acreditar no não verbal.


     
Ao contrário, se uma pessoa não disser nada
verbalmente, mas vir a expressar facialmente, tome
como fonte a face, principalmente se a face vier a
contradizer o que as palavras estão a dizer, e.g., uma
pessoa dizer que não está com nojo em determinada
situação, mas você consegue observar o levantamento
do lábio superior e enrugamento do nariz (sinal claro de
nojo), deve-se acreditar que está a sentir nojo.


     
Existe a possibilidade de que a diferença entre as
palavras e a face como fonte confiável de informação só
poderá ser feita mediante análise da situação.

De uma forma geral essas regras funcionam em uma


grande parte do tempo (com exceção dos olhos), contudo,
para melhor compreendermos as diferenças entre as
expressões faciais confiáveis e falsas, se faz necessário o
entendimento das razões pelas quais levam as pessoas ao
controle facial, assim como as técnicas de gerenciamento.
Uma das primeiras razões a sabermos é o termo
Display
Rules
(
Regras de Exibição
), que indica a influência
cultural acerca do aprendizado do gerenciamento
emocional, onde ensina em quais situações deve se
comportar, o que fazer, como fazer, etc.

Originalmente aprende-se as regras de exibição através de


instruções acerca do que se pode e o que não se pode fazer,
mas também pode ser aprendido através da observação e
imitação sem a necessidade de ser instruído. Uma vez
aprendido, as regras de exibição operam como hábitos, ou
seja, de forma involuntária, e.g., dirigir um carro
inicialmente é uma tarefa que demanda a realização de
tarefas múltiplas e simultâneas, contudo ao longo do tempo
acaba tornando-se natural, vindo a realizar uma grande
parte das tarefas necessárias de forma involuntária.

Uma vez incorporado as regras de exibição (que variam de


cultura para cultura), não se tem a necessidade de pensar
sobre o que se está fazendo, apenas se vier a cometer
algum erro ou se forem consideradas circunstâncias
estranhas, não identificando qual a situação que se
encontra, assim como o papel e a função esperada na
situação.

Algumas regras de exibição são específicas a proibição da


exibição de determinadas expressões faciais em algumas
situações sociais ou em determinada posição. Por exemplo,
no Brasil, em sua grande maioria, é culturalmente ensinado
que em situações de falecimento e enterro, não se deve
exibir a expressão facial da alegria, não sendo esta
necessariamente uma regra explícita, mas implícita, vindo a
ser moralmente censurado pelos seus pares. Em
contrapartida, no México, o Dia dos Mortos é celebrada,
sendo festejada com comidas, bolos, festas, músicas e
doces preferidos dos mortos. Observem como a influência
cultural irá incidir diretamente sobre as regras de exibição.

As regras de exibição não precisam absolutamente vir a


coibir ou demandar determinadas expressões, mas apenas
especificar determinados ajustes de intensidade das
emoções. Imaginemos o falecimento de um empresário que
fora casado, se no funeral a secretária viesse a chorar
copiosamente mais do que a própria mulher, poderia surgir
pensamentos impróprios acerca da natureza do
relacionamento entre o falecido e a secretária.

A segunda razão é o papel da


Regras de Exibição Pessoal
, ou seja, hábitos que são produtos idiossincráticos do
indivíduo, aprendidos na sua vida familiar. Muitos são
ensinados a não encararem as pessoas no meio da rua, ou
nunca olhar com raiva para uma figura de autoridade, tendo
que mostrar o seu respeito.

Uma terceira razão está ligada às


Exigências
demandadas pela profissão
, onde atores precisam
possuir uma boa habilidade de gerenciamento facial, assim
como os diplomatas, advogados, vendedores, políticos,
médicos, enfermeiras. Algumas pessoas podem vir a
escolher determinadas profissões já pensando previamente
acerca da necessidade de determinada habilidade ou
mesmo vir a ser desenvolvida ao longo da sua carreira.

A quarta razão para o controle das expressões faciais é a


Necessidade do momento
, no qual um prisioneiro que
seja culpado, não irá alegar a sua inocência seguindo as
regras de exibição cultural, pessoal ou por necessidades
profissionais (há não ser que seja um criminoso
profissional). Irá mentir tanto com sua face como pelas
palavras, para tentar salvar a si próprio da possível
condenação.
Contudo, mesmo sabendo sobre as regras de exibição,
precisa-se ter conhecimento em como reconhecer que está
havendo um controle da mensagem emitida, e se isto
estiver ocorrendo, como vir a reconhecer que a mensagem
de fato representa o que está sentindo ou vindo a fingir.
Para que possamos responder esta questão, primeiramente
se faz necessário o conhecimento sobre as técnicas de
gerenciamento facial.

O gerenciamento da aparência facial pode ser realizado


através da
qualificação
da aparência da emoção que este
sendo sentida,
modulação
da expressão ou
falsificação
da mensagem.

Na
qualificação
de uma expressão facial, a pessoa
acrescenta uma expressão adicional como um comentário
da expressão a qual acabou de exibir, e.g., uma pessoa que
vai ao dentista e ao se submeter aos procedimentos, exibi a
expressão de medo e logo em seguida o de alegria, o que
indica que apesar do medo, ainda assim irá realizar as
etapas necessárias para finalização do atendimento.

A expressão emocional sentida não é modificada em sua


intensidade como na
modulação,
ou escondida/substituída
por uma outra expressão não sentida como na
falsificação.

Uma expressão pode ser qualificada quando exibida


imediatamente após outra expressão, como um comentário
social evocado pela regra de exibição cultural ou pessoal,
ou como uma expressão genuína de uma futura emoção.

O sorriso é o qualificador mais usualmente utilizado, sendo


adicionado como um comentário para quaisquer emoções
negativas, onde é um indicador de prováveis consequências
ou limites de uma emoção negativa, ou seja, passando a
mensagem do quão sério a pessoa está levando a tarefa
adiante, estando ainda em controle da situação.

Tomemos como exemplo novamente a pessoa que foi ao


dentista, onde ao sentar na cadeira para realizar limpeza
dos dentes venha a exibir medo e logo em seguida um
sorriso. Esse sorriso qualificador significa: “mesmo com
medo irei continuar”, “não irei chorar”, “eu aguento o que
estiver por vir”.

Os qualificadores faciais das expressões são uma forma


intermediária de gerenciamento facial, vindo a distorcer
muito pouco as expressões e sendo normalmente o
resultado das regras de exibição (cultural ou pessoal), e não
necessidades individuais evocadas por vontade própria no
momento.

Nos
moduladores
faciais da expressão, você ajusta a
intensidade das expressões com o objetivo de exibir mais ou
menos o que está verdadeiramente a sentir. Desta forma,
ao se modular, não tem como intenção adicionar algum
comentário a mensagem emocional prévia (
qualificador
)
ou vindo a mudar a natureza da mensagem (
falsificando
),
mas apenas vindo a aumentar ou diminuir a intensidade
emocional.

Para realizar a modulação, pode se utilizar as diferentes


áreas faciais envolvidas, a duração da expressão ou mesmo
a força do músculo facial. Imaginemos uma pessoa que está
sentindo medo ao estar conversando com o seu chefe
acerca dos maus resultados dos investimentos, vindo a
exibir medo (aqui exibido através dos olhos e estiramento
horizontal dos lábios para trás – características usuais do
medo).
Esta pessoa sabendo que está com medo, pode querer não
mostrar o que está sentindo para o chefe pensando que isso
pode prejudicar uma situação que já está ruim ao seu ver,
desta forma, vem a diminuir a intensidade do medo exibido
pela boca ou tentando anular a exibição pela boca,
deixando somente os olhos.

Tipicamente quando as pessoas modulam suas emoções


(intensificando ou atenuando), acabam por utilizar as três
técnicas – mudança no número de áreas faciais envolvidas,
o tempo de exibição que a emoção ficará no rosto ou quão
forte será a atividade muscular facial.

Na
falsificação
, você vem a exibir uma emoção que não
está sentindo (
simulando
); exibe nenhuma emoção quando
na verdade está sentido alguma emoção (
neutralizando
)
ou vindo a cobrir uma emoção sentida com a aparência de
uma outra emoção não sentida (
máscara
).

A
simulação
é a tarefa de passar a impressão de que está
experienciando determinada emoção quando na verdade
não está sentindo nada. Imagine que você seja um
profissional da área de saúde e trabalhe sob regime de
escala, onde um colega sempre chega atrasado para lhe
cobrir, porém em um determinado dia ele além de chegar
atrasado (o que acarreta no seu atraso para que possa ir a
sua residência descansar) ainda esquece de bater o ponto,
e que por causa disso a coordenadora tem descontado da
folha de pagamento (da colega). Esse seu colega vem se
lamuriar justamente para você, e não querendo se indispor,
vem a exibir facialmente tristeza (para mostrar que sente
pela situação) quando na verdade acha merecido a atitude
adotada pela coordenadora. Isso é simulação.

Para ser capaz de simular com sucesso se faz necessário


que seja capaz de relembrar as sensações de cada uma das
expressões das emoções na sua face (alegria, tristeza,
medo, surpresa, nojo, raiva e desprezo), para que uma vez
sentida, seja capaz de voluntariamente reproduzir na face
os movimentos necessários para transmitir a mensagem
emocional requerida.

Você precisa ser sensível as suas emoções e combina-las


com as memórias da sua face quando está a senti-las, para
que assim possa voluntariamente ajustar a sua face para
parecer da forma particular desejada.

A
neutralização
é o oposto da
simulação
, onde mesmo ao
sentir uma forte emoção você irá tentar parecer que não
está a sentir nada, ou seja, a neutralização é o extremo de
atenuação, sendo modulada para mais baixa intensidade
até não restar mais nenhum traço.

Para se realizar a neutralização é preciso realizar as


seguintes etapas:

-
         
Manter a musculatura facial relaxada e inibir
qualquer contração muscular.

-
         
Congelar os músculos faciais para que não se exiba
nenhum traço emocional (a famosa poker face) e.g.,
encarando, mas sem tensionar as pálpebras, etc.

-
         
Camuflar partes da face e.g., morder ou sugar os
lábios, esfregar partes do rosto, etc.

Tenha em mente que a


neutralização
é uma tarefa difícil de
ser realizada, principalmente quando mais forte for a
emoção sentida, onde ao ser feita em situações como esta,
irá transparecer que está tenso, dando a impressão que
está a esconder alguma coisa, mesmo que a atual emoção
sentida não seja revelada.
Já na
Máscara
você vem a simular uma emoção não sentida
para cobrir ou omitir a real emoção que está a experienciar.
Às pessoas se utilizam mais desse recurso pois é mais fácil
de esconder uma expressão facial com outra do que vir a
tentar não exibir nenhuma emoção. Um outro motivo é que
a ocultação de uma determinada emoção usualmente
requer um falso pronunciamento acerca da substituição, ou
seja, se uma pessoa que está muito triste e não quisesse
levantar suspeita sobre o seu estado emocional, teria que
além de neutralizar a tristeza, vir a exibir alegria.

Em suma, todas as três técnicas de gerenciamento facial –


qualificadores, moduladores e falsificação (onde este inclui
a neutralização, a máscara e a simulação) pode vir a ocorrer
por qualquer uma das quatro razões as quais as pessoas
vem a controlar suas expressões faciais – regras de exibição
cultural, regras de exibição pessoal, exigência vocacional ou
necessidade do momento.

4.7.2 Obstáculos para o reconhecimento do


gerenciamento facial

Como poderemos saber quando alguém estiver a realizar o


gerenciamento emocional das expressões faciais? Se faz
importante frisar que existem determinadas pessoas as
quais possuem um alto nível de habilidade neste quesito,
por exemplo, alguns atores, vendedores ou advogados
podem ser muito convincentes. Desta forma, quando vier a
encontrar pessoas desse calibre, a melhor opção é não
utilizar a face destas pessoas como fonte confiável de
informação pois são profissionais

Entretanto, existem algumas pessoas que vieram a


desenvolver suas habilidades devido a uma demanda
exigida pelo ofício realizado, onde são simplesmente bons
em enganar as pessoas com suas expressões faciais.
Pesquisas sobre estas pessoas estão em desenvolvimento
para saber quais são as características destas pessoas que
mesmo sem treinamento especial conseguem obter um alto
nível de gerenciamento facial e consigam ainda sim
enganar facilmente as pessoas.

Uma boa notícia é que não são todas as pessoas que


possuem esse alto nível de habilidade ou são profissionais
em mentir com a face. Sendo assim, caso não queira ser
enganado, e se não está a encontrar pessoas com alto nível
de habilidade facial, se faz necessário reconhecer os sinais
de Vazamento (
Leakage
) e Pistas acerca da Mentira (
Deception Clues
).

O
Leakage
pode ser definido como a traição não intencional
da emoção que a pessoa está tentando omitir, já o
Deception Clue
lhe informa que o gerenciamento emocional
está ocorrendo, mas não lhe diz qual emoção está sendo
omitida, lhe informando apenas que algo está acontecendo.

Quando uma pessoa estiver tentando neutralizar o medo


que está a sentir, mas não o fizer com eficiência, você
poderá detectar traços reminiscentes do medo na face (
Leakage
), mas se ele conseguir realizar uma neutralização
de forma eficiente, vindo a exibir uma poker face, sua face
pode vir parecer suficientemente estranha para que saiba
que ele não está exibindo facialmente como ele está
verdadeiramente se sentindo (
Deception Clue
).

4.7.3 Pistas acerca da Leakage e Deception Clues

Aqui nós iremos discutir quatro aspectos principais das


expressões faciais que poderá lhe informar quando uma
pessoa estiver a controlar as suas expressões. O primeiro
aspecto refere-se a
Morfologia
, que representa a
configuração particular da aparência da face.
Esse aspecto está ligado as mudanças temporárias no
formato da característica facial, assim como o aparecimento
de rugas em determinadas emoções. Como iremos discutir
mais adiante, uma parte da face acaba por ser mais
disfarçada do que outras, fazendo-se necessário saber
identificar determinados indicadores faciais para cada
emoção e assim se consiga distinguir as emoções que estão
sendo sentidas e as emoções falsas.

O segundo aspecto é o
Tempo
de uma expressão, ou seja,
quanto tempo demora para que apareça na face, qual é o
seu tempo de duração e quanto tempo demora até
desaparecer. O terceiro aspecto é a
Localização
da
expressão no fluxo da conversa, e o quarto é denominado
de
Micro Expressões
faciais, onde são produtos de
interrupções nas emoções sentidas.

Todos estes aspectos conjuntamente –


morfologia
,
intensidade, localização e as micro expressões –
precisam
ser interpretadas tendo como base o contexto social de
realização das expressões. O contexto social envolve outros
comportamentos – inclinação e movimentação da cabeça,
postura corporal, movimento corporal, voz e palavras,
comportamentos precedentes e subsequentes, o
comportamento das pessoas que está a interagir, a situação
a qual se encontra e as normas sociais que faz com que
você espere determinadas posturas emocionais a serem
experienciadas.

4.7.4 Morfologia

Preste atenção nos movimentos realizados na parte inferior


do rosto das pessoas, principalmente os lábios e as linhas
ao redor do nariz e da parte inferior da bochecha. De acordo
com Ekman e Friesen (2003), apesar da falta de evidências
que comprovem, os seus estudos em expressões faciais
sugerem que as pessoas ao realizar o gerenciamento facial,
concentram os seus esforços nos movimentos da boca e
lábios do que na área dos olhos/pálpebras e
sobrancelhas/testa.

Uma possível explicação é o papel da boca na comunicação


aprendida culturalmente, onde as pessoas possuem maior
consciência no que está sendo dito, assim como o resultado
da prática adquirida em inibir determinadas ações – gritar
em raiva ou quando com muito medo, lamentar ou chorar
em sofrimento, vomitar ou cuspir em nojo, gargalhar em
alegria - nas formas mais extremas das emoções.

Como consequência da valorização da atenção voltada para


a boca, ao se
modular
as emoções – intensificar ou atenuar
– as pessoas muito provavelmente irão tentar eliminar os
sinais emocionais na região dos lábios do que no restante
da face. Lembre-se que a modulação pode ser realizada
através do gerenciamento através das áreas faciais
envolvidas, do tempo de permanência na face, assim como
na força de contração muscular.

Sabendo que as pessoas irão focar os seus esforços de


controle facial na região da boca, observe com atenção as
outras regiões faciais, vindo a lembrar os indicadores faciais
pertencentes a cada emoção, onde isso irá lhe proporcionar
um maior repertório de identificação das expressões.

Na
falsificação,
mais uma vez a atenção será
redirecionada na boca do que nas outras regiões faciais –
olhos/pálpebras e sobrancelhas/testa. Se o objetivo da
falsificação for a neutralização da emoção sentida, a
simulação de uma emoção não sentida ou a mascarar uma
emoção sentida com uma emoção simulada, você terá uma
maior probabilidade de observar essas mudanças na região
da boca.
Uma expressão falsa usualmente apresenta pequena
assimetria, assim como uma falta de naturalidade,
proveniente de uma falta de suavização a partir do
momento do seu aparecimento na face, vindo a perdurar
até o seu desaparecimento. Isto é, a forma abrupta do
início, bem como o seu término repentino, acaba por deixar
menos natural a exibição da expressão emocional.

Uma grande parte dos movimentos realizados na área da


boca ou ao redor dos lábios irá produzir mudanças na
configuração da bochecha, do queixo e das pálpebras
inferiores, onde a parte superior das bochechas e as
pálpebras inferiores são as regiões onde se possui as
maiores mudanças, na raiva quando expressa através da
variação boca aberta, no nojo e pela maioria das variações
da alegria, exceto as de menor intensidade.

Em suma, ao ser observar a


modulação
ou
falsificação
dessas emoções –raiva, nojo e alegria – as mudanças faciais
irão ocorrer tanto na parte inferior da face como também
nas bochechas e parte inferior das pálpebras.

Sendo assim, as pessoas


manipulam
ou
modulam
as
expressões com menos frequência na região das
sobrancelhas/testa, onde estes movimentos afetam a
aparência das pálpebras superiores, especialmente na raiva
e na tristeza. Sabendo predizer as áreas faciais nas quais a
leakage e deception clues irão aparecer durante a
falsificação e modulação será essencial na identificação do
gerenciamento das diferentes áreas faciais.

Contudo, existe aqui uma variável importante que irá


influenciar a forma com a qual as pessoas irão manipular as
áreas faciais, que se refere à prática que determinada
pessoa possui em realizar os movimentos musculares das
expressões.
Existem alguns movimentos faciais que também podem ser
utilizados como pontuadores, para enfatizar ou sublinhar
determinadas palavras ou frase – levantar das
sobrancelhas/testa em surpresa; baixar das sobrancelhas
em raiva ou a parte interna da sobrancelha na tristeza (com
uma menor frequência devido a dificuldade na realização
desse movimento de forma voluntária). Caso se observe
que as pessoas utilizam esses movimentos com frequência,
então existe uma maior probabilidade que possa mentir
com essas expressões devido a prática da realização
deliberada desses movimentos faciais.

Assim como os pontuadores, existem os movimentos faciais


que funcionam como
emblemas
, que são movimentos
faciais musculares onde tanto a pessoa que realiza quanto a
pessoa que observa sabem que não se refere a uma
expressão, mas a uma referência convencional a uma
emoção, sendo o mesmo que mencionar uma emoção
através das palavras.

O levantar da sobrancelha da surpresa com as outras áreas


faciais neutras referem-se a um questionamento, o cair do
maxilar refere-se à perplexidade, etc. Partindo-se do mesmo
princípio dos
pontuadores
, se o movimento muscular de
uma expressão facial também faz parte de um emblema,
então será mais provável que que a pessoa possa a mentir
através deste movimento, tendo uma menor probabilidade
que obtenha pistas acerca da mentira (leakage) através
destes indicadores.

Aqui precisamos fazer uma consideração no


reconhecimento do
leakage
e
deception clues
na simulação
da alegria, fugindo a regra de reconhecimento através das
sobrancelhas/testa, pois a alegria em sua configuração não
ocasiona nenhuma modificação nessas áreas. Contudo, se
estiver utilizando a alegria para mascarar outras emoções,
as regiões da sobrancelha/testa e as pálpebras podem vir a
conter traços das outras emoções nestas áreas.

Lembre-se que a alegria é marcada pela elevação da


bochecha, ocasionando o aparecimento de rugas nas
pálpebras inferiores, assim como a elevação dos cantos da
boca para cima, podendo haver ou não ação dos músculos
dos olhos - orbicularis oculi par lateralis.

. Se estiver ocorrendo uma diminuição da intensidade da


alegria, poderemos observar traços da expressão na
elevação das bochechas, pequena formação de covinhas
nos cantos da boca e pequenas rugas nas pálpebras
inferiores, mesmo que o sorriso tenha se dissipado
completamente.

Dentre as emoções, a surpresa é a mais fácil de ser


simulada, pois os movimentos da boca e das sobrancelhas
são fáceis de serem realizados, além de estarem
relacionados ao emblema da surpresa. Uma provável pista
de que a surpresa está sendo simulada será pela ausência
das pálpebras abertas e relaxadas. Observe o contexto da
ocorrência da emoção e veja se ela se enquadra na situação
que fora evocada, pois a dissonância entre a intensidade de
expressão exibida, seu tempo no fluxo da conversa e o
contexto serão essenciais para verificação da autenticidade.

A surpresa usualmente é utilizada para mascarar o medo.


Isso ocorre devido às similaridades nas experiências e nas
situações que eliciam ambas as emoções, mas
principalmente devido aos movimentos musculares
envolvidos. De forma geral a surpresa pode ser utilizada
para mascarar qualquer emoção, onde a principal pista para
detectar que está sendo utilizada como máscara é o tempo,
no qual precisa ser prolongado para poder conseguir
esconder as outras emoções, contudo, a surpresa é a
emoção mais rápida, e por isso, se muito prolongado, maior
será a probabilidade de que é falsa.

Já o medo ao ser simulado, os esforços serão concentrados


na boca e nos olhos, por isso, detenha atenção na falta de
movimentação das sobrancelhas/testa. Isto poderá indicar
um possível sinal de mentira, assim como a maior
intensidade do medo – horrorizado ou chocado – no qual
não envolve a ação das sobrancelhas. 

Contudo tenha em mente o padrão comportamental da


pessoa, pois possa ser que o padrão de exibição do medo
desta pessoa não envolva naturalmente a ação muscular
das sobrancelhas. Aqui vai uma dica importante que serve
para todas as emoções:
você terá uma maior chance de
detectar o gerenciamento facial se vier a possuir
familiaridade com as idiossincrasias referentes ao
repertório comportamental das expressões faciais
,
ou seja, quanto mais familiaridade você tiver com os
movimentos padrões da pessoa, melhor será sua chance de
detectar mudanças comportamentais que antes não se
faziam presentes.

A sobrancelhas/testa do medo é um movimento de difícil


realização voluntária, além de não ser utilizado como
pontuadores ou emblemas, portanto, esta pista se constitui
como indicador confiável de que a pessoa está a sentir
medo. Sendo assim, caso seja exibido com o restante da
face neutra, significa que a pessoa está de fato a sentir
medo. Caso apareça com algum outro movimento no
restante da face, indica que o medo está sendo
experienciado em conjunto com outra emoção ou está
sendo mascarada com o medo. Por isso, sempre leve o
contexto em consideração.
A raiva por sua vez não possui uma pista conclusiva que
indique acerca de uma possível mentira. A sobrancelha
unida para baixo da raiva é utilizada como emblema,
podendo significar determinação, concentração ou
perplexidade, além de ser um movimento de fácil realização
voluntária, assim como o pressionar dos lábios.

Devido a isso, a principal pista para detectar que a raiva


está sendo simulada é a falta de tensão existente na
pálpebra inferior, o que se constitui como uma pista muito
sutil para identificação. Desta forma, a raiva ao ser usada
para mascarar alguma outra emoção, será exibida
primariamente nas sobrancelhas/testa e nos lábios,
deixando a presença da real emoção sentida através dos
olhos.

Ao virem a diminuir a intensidade da raiva, as primeiras


regiões faciais de atuação serão as sobrancelhas/testa e os
lábios. Já quando uma outra emoção é utilizada para
encobrir a raiva, poderemos observar os traços da raiva
através da tensão das pálpebras inferiores, dando a
qualidade do encarar dos olhos, assim como da ação das
sobrancelhas – juntas e para baixo.

O nojo pode ser facilmente simulado, pois as três áreas


faciais que a compõem são também emblemas –
enrugamento do nariz; elevação dos lábios superior e
elevação unilateral do lábio superior (esse sinal também
pode ser utilizado no desprezo). As sobrancelhas em nojo
não possuem papel fundamental, pois uma vez que o nojo
se dissipe nas outras áreas faciais, vindo a deixar somente
as sobrancelhas, acaba por transmitir uma mensagem
ambígua, podendo até mesmo se confundir com os
emblemas da raiva.
O nojo geralmente é utilizado para mascarar a raiva,
contudo pode-se observar a presença desta através das
sobrancelhas, onde as sobrancelhas no nojo são apenas
rebaixadas, enquanto que na raiva além de rebaixadas são
unidas. Uma outra forma de identificar a raiva é através dos
olhos, devido a tensão existente das pálpebras inferiores,
dando a qualidade do encarar, de um olhar mais incisivo.
Devido a isso, se faz importante observar qual o contexto
que está a acontecer as emoções.

Os elementos mais fortes do nojo encontram-se na parte


inferior da face – o enrugamento do nariz, assim como o
levantamento do lábio superior – mas devido ao fato de que
é justamente a parte inferior do rosto a mais utilizada para
simular, é provável que a tentativa de mascarar o nojo com
outras emoções será bem-sucedida.

Uma forma de identificar o nojo quando está sendo


mascarado com outras emoções é a leve presença da
elevação do lábio superior e de rugas do nariz.

A tristeza acaba por ser simulada através da parte inferior


da face, seguido do olhar direcionado para baixo, onde a
sobrancelha, assim como no medo, se constitui como um
indicador confiável de que a tristeza está sendo sentida.
Esta é uma característica importante a ser procurada, pois é
um movimento de difícil realização voluntária.

Possua atenção com o padrão comportamental, pois


existem pessoas que não apresentam este movimento
quando estão tristes, mesmo em alta intensidade.
Dificilmente encontrará pessoas que utilizem as
sobrancelhas da tristeza como pontuadores ou emblemas,
mas uma vez que as encontre, saiba que há uma maior
probabilidade de ser enganado através deste movimento
devido a sua realização deliberada.
Ao se deparar com pessoas que possuam a habilidade de
realizar voluntariamente a sobrancelhas da tristeza, você
deverá prestar atenção no formato das pálpebras
superiores, no qual mesmo não havendo o movimento
visível das sobrancelhas/testa, a elevação da parte interna
da sobrancelha irá causar mesmo que sutil, a formação de
pequenas rugas no centro da testa, caso ainda sim não seja
possível sua visualização, observe a parte externa das
pálpebras superiores, aos quais dado a elevação da parte
interna as sobrancelha acaba por formar um triângulo,
devido ao rebaixamento das pálpebras superiores. Sendo
esta uma pista sutil de identificação.

Mesmo com a diminuição da intensidade da tristeza, ainda


será visível os traços remanescentes da emoção na
sobrancelha/testa e pálpebras superiores. Já ao ser
mascarada por outra emoção, será essa mesma região com
maior probabilidade para identificação da tristeza. Em casos
de que a tristeza for utilizada para encobrir outras emoções,
serão as sobrancelhas/testa que possuirão maiores chances
de identificação da verdadeira emoção sentida.

4.7.5 Tempo e Localização

Uma das formas de identificação do gerenciamento facial de


forma consciente acerca dos possíveis sinais da mentira é
ser sensível ao
tempo
e
localização
das expressões faciais.
Quanto tempo demora para a expressão aparecer na face (
Onset
); quanto tempo a expressão permanece na face
antes de começar a dar os primeiros sinais de diminuição de
sua intensidade (
Duração
); e quanto tempo até a
expressão começar a desaparecer (
Offset
). Não existe
uma regra geral acerca do Onset, Duração e Offset para
cada emoção, vindo a depender exclusivamente do
contexto que está a ocorrer, relacionando o conteúdo que
está a evocar as emoções e sua exibição.
A
localização
será um aspecto que somado ao
tempo
irá
fortalecer suas conclusões acerca da exibição das
expressões, pois se faz necessário a localização das
expressões faciais dentro do fluxo conversacional, ou seja, a
relação das expressões com as palavras e a linguagem
corporal.

Lembrem-se que as emoções são rápidas o suficiente para


serem exibidas antes das palavras. Desta forma, ao sentir
uma determinada emoção, a ordem de exibição será
primeiramente a emoção e suas consequências no corpo
para somente depois as palavras. Imagine que durante uma
conversa, você vem a dizer para o interlocutor que está com
raiva e depois de alguns segundos exibe a expressão de
raiva vindo a fechar o punho e batendo na parede. Nesta
situação, a raiva exibida é falsa, pois a ordem natural é
primeiro vir a expressar e depois vir a dizer, e a combinação
ideal quando os dois ocorrem de forma simultânea.
Portanto, a ordem correta de exibição seria a expressão,
seguida da verbalização da raiva e continuação de sinais de
raiva ao longo da sua fala.

Se as expressões faciais não estiverem sincronizadas com


as palavras e a linguagem corporal, será um fator de
desconfiança para com sua atitude, levantando suspeitas
acerca da veracidade do que está sendo dito e sobre suas
emoções.

4.7.6 Oito Estilos de Representação Facial

Até o presente momento discutimos acerca de alguns dos


indicadores faciais inerentes a cada uma das emoções, bem
como as formas de utilização do gerenciamento facial para
captar pistas que denunciem quando estão a neutralizar,
mascarar ou diminuir sua intensidade. Onde no meio deste
processo devido a interrupção da emoção, acaba por
produzir a leakege e deception clue.

Entretanto, apesar dos indicadores faciais serem universais,


ainda sim ocorre uma variação individual em como são
executados. O primeiro fator responsável são as
características estáticas da face, fazendo com que qualquer
expressão seja um pouco diferente umas das outras, vindo a
depender das estruturas faciais de cada pessoa e.g., altura
da formação óssea do rosto, quão profundo são os olhos, os
depósitos de gordura abaixo da pele, a localização das
musculaturas faciais, etc.

O segundo fator são as experiências emocionais que


influenciam a forma pela qual diferentes situações evocam
diferentes emoções nas pessoas, como irão reagir em
detrimento de determinados acontecimentos, onde sua
vivência ensinará como reagir aos ambientes.

O terceiro fator está ligado as regras de exibição, que são


hábitos aprendidos desde a infância, ficando profundamente
enraizado de tal forma que sua realização acaba por ser
involuntária, não se necessitando então de respostas
deliberadas, agindo de forma inconsciente. Estas regras de
exibição são diferentes para diferentes pessoas.

Os três fatores apresentado anteriormente são responsáveis


pela maioria da variação nas expressões faciais, todavia, as
regras de exibição pessoal possuem uma participação
especial, pois relaciona-se com as características dos estilos
das expressões faciais resultantes do aprendizado adquirido
através das regras de exibição.

As regras de exibição pessoal são responsáveis pela


formulação de regras gerais e específicas da forma pela
qual as expressões serão exibidas, em que situação e para
quem. Diferem de cultura para cultura e são responsáveis
pelas impressões dos viajantes de que as expressões faciais
não são universais. À medida que as crianças vão
crescendo, as regras de exibição vão se enraizando e
tornam-se hábitos naturais. Após um tempo, as regras de
exibição para o gerenciamento das emoções acabam por
operar de forma automática, modulando a expressão sem
escolha ou consciência.

As regras de exibição pessoal podem se confundir em


alguns momentos com as regras de exibição, porém, o que
se percebe é a adaptação das regras culturalmente
aprendidas sendo adaptadas de acordo com suas
necessidades pessoais a partir dos aprendizados adquiridos
de acordo com experiência de vida. O que acaba refletindo
nas variações de reações a uma mesma situação,
repercutindo na forma com será expresso, bem como nas
formas de gerenciamento emocional.

Desta forma, as regras de exibição pessoal resultam em


características diferenciadas na face de cada pessoa, onde
iremos discutir oito formas de estilos de expressões:
Retentor Facial (
Whitholder
), Revelador (
Revealer
),
Expressor Involuntário (
Unwitting Expressor
), Expressor
Vazio (
Blanked Expressor
), Expressor Substituto (
Substitute Expressor
), Expressão do Efeito Congelado (
Frozen-affect expressor’s
), Expressor Sempre Pronto (
Ever
Ready Expressor
) e o Efeito Inundação do Expressor (
Flooded Affect Expressor
).

O Retentor Facial (
Whitholder
) são aquelas pessoas que
raramente vem a exibir facialmente o que estão sentindo,
ou seja, são os inexpressivos, enquanto que os Reveladores
(
Revealer’s
) são o seu oposto, pois sempre estão a exibir o
que estão sentindo, denominados de expressivos. Devido a
esta característica, os expressivos acabam por se meter em
algumas confusões devido ao seu excesso de “sinceridade”
facial. Isto acontece por se tratar de uma reação
involuntária, onde a falta de prática das pessoas para
controlarem conscientemente suas reações emocionais
apenas deixa isso mais fácil.

Os Expressores Involuntário (
Unwitting expressor’s
) são
aqueles que expressam o que estão sentindo mas não tem
consciência disso. Comumentemente as pessoas que
possuem esta característica acabam perguntando como as
outras pessoas sabem como elas estão se sentindo. Em
contrapartida os Expressores Vazio (
Blanked Expressor’s
)
possuem a convicção de que estão a exibir alguma emoção
na face quando na verdade exibem uma face neutra ou
ambígua.

Os Expressores Vazio (
Blanked Expressor
) pensam estar
exibindo alguma emoção em particular, mas na verdade
não estão exibindo nada e se estiverem é uma expressãode
cuja a interpretação é ambígua, e geralmente escutam dos
outros que a face exibida não corresponde a emoção que
está dizendo que está a sentir.

Já os Expressores Substitutos (
Substitute Expressor’s
)
substituem a aparência de uma emoção por outra sem ter
consciência disto. Estas pessoas geralmente possuem a
característica de não acreditarem que a emoção que estão
a exibir é diferente da que está a relatar.

A Expressão do Efeito Congelado (


Frozen-affect expressor’s
) possui uma sutileza interessante, pois as faces destas
pessoas parecem que foram construídas para aparentar
determinada emoção, mesmo que não estejam sentindo, o
que dificulta a identificação da real emoção que está a
exibir por outros. Vocês por acaso já encontrou pessoas que
pareciam sempre a estar tristes – cantos dos lábios para
baixo ou parte interna das sobrancelhas para cima – ou
felizes, com medo etc. São pessoas que possuem traços de
indicadores emocionais já demarcados na face,
sobressaindo-se naturalmente, dando o aspecto de que
sempre aparentam determinada emoção.

O Expressor Sempre Pronto (


Ever Ready Expressor
) possui
como característica apresentar uma das emoções como a
primeira resposta padrão para toda e qualquer evento em
qualquer situação. Sua expressão padrão, contudo, logo é
substituída pela real emoção que está a sentir, bastando
apenas esperar alguns segundos para sua visualização.
Uma pessoa pode vir a reagir sempre com a expressão de
alegria para boas e más notícias, para provações, ameaças,
insultos, etc.

O Efeito Inundação do Expressor (


Flooded Affect Expressor
) é aquele no qual a pessoa sempre irá exibir uma ou duas
emoções de forma quase definitiva quase a todo momento,
não vindo a sentir-se de modo neutro, sendo uma parte
contínua do seu estado emocional.

Uma pessoa que é inundada por sentimentos de raiva, irá


transparecer que está a todo momento em estado irritadiço,
onde mesmo que venha a sentir alguma outra emoção, esta
será combinada com os traços da raiva, ou esta irá
predominar perante as outras emoções. De forma geral,
esse estilo facial é encontrado em pessoas com problemas
psiquiátricos severos e em meio a crises importantes da
vida.

Suas próprias expressões faciais podem ser caracterizadas


por um desses oitos estilos em algum grau, no qual a
maioria da população assim como você, irá apresentar um
deles em certo nível em algum momento. Contudo, existem
pessoas nas quais exibirá de forma mais expressiva esses
estilos, vindo a possuir uma maior influência nas suas vidas.

4.8 Idiossincrasia: Brokaw Hazard


Significa a possibilidade de um mau julgamento devido a
falta do conhecimento acerca dos comportamentos
idiossincráticos, ou seja, comportamentos típicos/ diferenças
Individuais no comportamento emocional
.

Desta forma as pessoas podem possuir como


comportamento:

-
Ser indireto e prolixo no discurso.

-   Falar com muitas pequenas e grandes pausas entre as


palavras.

-   Realizam muitos erros no discurso.

-   Usam menos ilustradores.

-   Realizam muitos manipuladores corporais.

- Frequentemente exibem sinais de medo, angústia ou raiva


em suas expressões faciais, independente de como
realmente se sentem.

-   Exibem expressões faciais assimétricas.

4.9 Indução ao erro: Othelo Error


É causada pelo erro de não reconhecer que algumas
pessoas confiáveis acabam tendo reações emocionais
quando estão sendo suspeitas de estarem mentindo.
Pessoas que estão sendo verdadeiras podem sentir medo de
serem desacreditadas, e o seu medo pode ser confundido
com o medo de ser detectado como mentiroso. Algumas
pessoas possuem uma forte culpa por alguma situação não
resolvida, e estes sentimentos podem ser confundidos com
a culpa por ter mentido do mentiroso.

Pessoas que estão sendo verdadeiras também podem sentir


desprezo para com aqueles que o estão acusando
injustamente. Excitação para com o desafio de provar que o
seu acusador está errado ou prazer por antecipar sua
vingança. Os sinais desses sentimentos podem se
assemelhar ao Dumping Delight (deleite ou prazer de
enganar) do mentiroso.

Othelo Error é também um exemplo de como preconcepções


podem enviesar o julgamento do investigador acerca da
mentira, causando uma distorção na detecção,
desconsiderando ideias, possibilidades ou fatos. Isso
acontece quando o especialista se baseia a partir das suas
crenças pré-concebidas, por exemplo, pessoas ciumentas,
pessoas suspeitas, etc.

4.10 Voz
O erro mais comum na Mentira pela Voz são as Pausas
(muito longo ou muito frequente). Hesitação no início do
turno da fala, particularmente, se está a responder uma
questão. Erros no Discurso podem se constituir também
como uma pista.

Estes erros podem ocorrer pois o mentiroso pode não ter


trabalhado o suficiente na sua linha de mentira ao longo do
tempo ou devido ao alto medo de ser pego mentindo.

4.11 Outros Sinais


Sinais não bem estabelecidos, mas promissores para
identificação da mentira: discurso rápido e alto - raiva ou
medo; discurso devagar e suave – tristeza. O tom elevado
não se constitui como um sinal para a mentira pois pode ser
um sinal de raiva ou medo, talvez também de excitação.

Detecção da Mentira:
5.1 Pistas da Face
1. Micro Expressões

2. Expressões Interrompidas

3. Vazamento através dos músculos Faciais Confiáveis

4. Olhos

5. Lágrimas

6. Erro no Tempo

7. Erro no local de Aparecimento

8. Sorrisos Falsos

9. Ruborização e Branqueamento

10. Dilatação da Pupila

11. Assimetria

A face frequentemente possui dois tipos de mensagens: O


que o mentiroso deseja mostrar e O que o mentiroso deseja
cancelar/esconder. Expressões falsas, mas convincentes
podem ocorrer por um momento, enquanto que expressões
suprimidas podem deixar pistas vazarem no próximo
momento.

Pacientes com danos no sistema piramidal não conseguem


exibir expressões deliberadamente, desta forma deveriam
não serem capazes de mentir facilmente por não serem
capazes de inibir ou exprimir na face uma falsa expressão.

Pacientes com danos no sistema extrapiramidal não são


capazes de exibir expressões quando eles sentem as
emoções. Deveriam ser exímios mentirosos faciais, uma vez
que não precisam inibir qualquer expressão verdadeira
sentida.

A face pode exibir qual emoção é sentida:

-
         
Raiva, Medo, Tristeza, Nojo, Angústia, Felicidade,
Desprezo, Entusiasmo, Surpresa e Contentamento, são
todas distintas facialmente.

-
         
Se duas emoções estão sendo vivenciadas
simultaneamente.

-
         
A intensidade da emoção sentida: Cada emoção
varia em intensidade (aborrecimento - fúria, apreensão -
Terror, etc.).

-
         
Para encontrar a falsidade da expressão quando
simulada basta analisar a simetria da face, pois quando
simulado, os movimentos do lado esquerdo não são
iguais aos do lado direito.

-
         

5.2 Os Olhos
A mudança da aparência dos olhos ocasionado pelos
músculos que o circundam.

Direção do olhar:

1.) Para baixo – Tristeza

2.) Para baixo ou para os lados - Vergonha ou Culpa

3.) Evita o olhar - Nojo

Piscar - Voluntário e Involuntário (aumenta a frequência


quando a pessoa está emocionada). A dilatação da pupila
está diretamente relacionada ao Sistema Nervoso Central
(SNC), assim como as lágrimas, que podem ser ocacionadas
por Angústia, Tristeza, Alívio, e algumas formas de alegria e
risada descontrolada.

5.3 Sistema Nervoso Central


Produção de mudanças significativas no corpo devido a
excitação emocional:

1.) Padrão de Respiração

2.) Frequência do movimento de engolir

3.) Quantidade de suor

As mudanças ocorrem involuntariamente quando a emoção


é eliciada, sendo muito difícil inibi-la e por esta razão
constitui-se como uma pista confiável. O SNC é responsável
pela produção de mudanças visíveis na face como a
ruborização, branqueamento e o suor.

5.4 Tempo
Inclui a duração total da expressão facial, assim como o
tempo necessário para que apareça (onset), e para
desaparecer (offset). Expressões de longa duração,
certamente 10 seg ou mais, e usualmente 5 seg - são
provavelmente falsas. Caso especial: surpresa - onset, offset
e sua duração tem que ser curtas, menos que um segundo,
para que a surpresa seja genuína, caso contrário será uma
simulação (a pessoa está brincando de estar surpreso).

5.5 Localização
O local da expressão no fluxo da conversa, as mudanças na
voz, e na linguagem corporal constitui-se como pistas para
detectar incongruência emocional. Expressões faciais não
sincronizadas com a linguagem corporal são prováveis
indicadores da mentira.

Perigos e Precauções
1º Precaução: Envolve realizar o processo de interpretação
dos sinais comportamentais da mentira mais explícito.

2º Precaução: Entender melhor a natureza dos erros que


ocorrem na detecção da mentira: Desacreditando na
Verdade (Falso Positivo); Acreditando na Mentira (Falso
Negativo).

6 Primeiros Encontros
São especialmente vulneráveis aos erros em julgamento
também por causa das diferenças individuais que as
pessoas apresentam aos encontros iniciais.  Seguem um
padrão pré-estabelecido sobre como se comportar, e por
essa razão fornecem uma amostra não representativa do
seu comportamento usual.
Os primeiros encontros podem provocar ansiedade, desta
forma, se possível, o especialista em mentiras deve basear
os seus julgamentos em uma série de encontros. Se o
Especialista precisa tomar uma decisão depois no primeiro
encontro, este deveria ser longo o bastante para que se
possa ter uma chance de observar o comportamento usual
do suspeito.

Obs:  Algumas vezes isso não é possível pois o encontro


pode ser estressante para o suspeito que está ressentido ou
com medo de estar sob suspeita.

Todo cuidado é pouco!


A interpretação das quatro fontes de vazamento: Deslizes
da Língua (slips of the tongue), Tiradas Emocionais (tirades),
Deslizes de Emblemas e Micro Expressões - não são
vulneráveis ao Brokaw Hazard Error, independente de quão
frequente ocorram, eles quebram a mentira encoberta,
revelando informações. Essas pistas não precisam de uma
linha de base para comparação para que se evite o erro de
desacreditar na verdade.

Uma pessoa altamente confiante pode sentir raiva se


desconfia que ele está sendo suspeito de mentir, mas irá
sentir pouco medo de ser desacreditado ou considerado
culpado.

Uma pessoa temerosa, com falta de confiança e que espera


frequentemente falhas, pode sentir medo de ser
desacreditado, mas provável que não sinta raiva ou culpa.

Indivíduos que possuem culpa permanente, irão sentir culpa


quando forem suspeitos de algum delito que não
cometeram. Essas pessoas, contudo, não irão sentir medo,
raiva, supresa, angústia ou excitação.
Existem ganhos e perdas para o especialista em mentiras
quando o suspeito não sabe que ele é suspeito de mentir:

-
         
O mentiroso não irá cobrir os seus rastros;

-
         
Antecipar Questões;

-
         
Ensaiar sua linha de mentira;

-
         
E de outras formas tomar cuidado em geral se o
mentiroso não acredita que cada movimento seu está
sendo avaliado por uma vítima desconfiada.

Quatro Pontos Importantes


Quando a mudança comportamental não está restrita à uma
única modalidade (face, voz ou mudanças no SNC como a
indicada pelo engolir a seco) é um importante fator de que
algo importante está acontecendo e deve ser explorado.

É menos arriscado interpretar mudanças em um


comportamento do que interpretar características
comportamentais ao qual a pessoa exibe repetidamente.
Quando mudanças comportamentais ocorrem em
determinado tópicos ou questões, é uma importante pista
de que é uma área quente para ser explorada.

Deve-se tentar pensar em alternativas explicações do


porquê determinadas mudanças comportamentais
ocorreram, considerando outras possiblidades para além de
uma possível mentira.

Quando mais uma pessoa contar uma mentira, mais fácil irá
se tornar. A cada mentira proferida, menor é a consideração
acerca se é correto engajar-se em uma mentira. Após
diversas repetições, o mentiroso torna-se confortável e não
mais irá tomar nota acerca do fato de que está a mentir. Se
desafiado ou cutucado o mentiroso irá lembrar que está
fantasiando.

Auto Engano
A pessoa não percebe que está a mentir para si mesmo e a
pessoa não sabe o motivo pelo qual está à enganar a si
próprio. O requerimento crucial para o autoengano é que a
vítima desconhece o motivo da manutenção da sua falsa
convicção.

Se a pessoa não estiver mentindo ou se a pessoa não


acredita que está a proferir uma mentira no momento que
está a fazer, espera-se que o seu comportamento não
possua indícios de incongruência verbal e não-verbal.

Uma pessoa que inicialmente sabe que está a mentir, com o


tempo pode vim acreditar na sua própria mentira, uma vez
que isso aconteça, seu comportamento será de alguém
verdadeiro.

Familiaridade – Perigos
A vantagem acerca do conhecimento sobre as
idiossincrasias tem um custo:

-
         
Desejo de manter e preservar nossos
relacionamentos nos conduz a desenvolver uma
cegueira para comportamentos excusos.

A confiança nos torna vulneráveis pois:

-
         
Os níveis de alerta são reduzidos e o beneplácito
da dúvida que deve ser rotineiramente disponibilizada
acaba sendo negligenciada.
-
         
Sobrevalorização na sua habilidade de detectar a
mentira o torna vulnerável.

Deficiência na Detecção da Mentira


Abaixo iremos listar alguns pontos que justificam a
deficiência do ser humano apontados pela literatura na
identificação da mentira:

-
         
O passado evolutivo não nos preparou.

-
         
Os pais não ensinam como identificar as suas
mentiras.

-
         
A confiança é preferível a desconfiança

-
         
- A confiança nos outros não é necessariamente
requerida, porém faz a vida mais fácil de ser vivida.

-
         
Cooperação involuntária.

-
         
Somo ensinados a ser educados nas interações e
não para obter informações que não são
disponibilizadas a nós.

Avanços Tecnológicos
Segue abaixo uma relação dos avanços da tecnologia no
âmbito da detecção da mentira, onde o departamento de
Defesa dos EUA está pesquisando:

-
         
Scanners Termais - Detectar mudanças nos olhos
humanos.

-
         
Teste da Inalação - Mensura o nível de hormônios
de stress na respiração.
-
         
Rastreador dos Olhos - Analisa se o que esta-se
vendo é familiar ou não. Um raio de luz que mensura a
corrente sanguínea do cortex.

-
         
Pupilometer - Rastrea a dilatação da pupila.

-
         
PASION - Fornece informações sobre o corpo
humano (batidas do coração, mudanças na pele e
estados emocionais durante chamadas telefônicas,
emails e mensagens de texto).

Principais pistas sobre a Mentira:


Mitos e Verdades
As pistas comportamentais abaixo são um compilado
apontado pela literatura como as mais utilizadas e
debatidas, não somente no campo da ciência, mas também
pela crença popular acerca da detecção da mentira. Desta
forma, a lista tem como função principal chamar atenção
para as pistas comportamentais e a grande variedade
existente.

Todavia se faz importante salientar que nem todas as pistas


comportamentais abaixo possuem corroboração científica
sobre sua eficiência em distinguir quem está mentindo de
quem está a dizer a verdade. Mais a frente iremos debater
quais dentre elas possuem melhor a probabilidade científica
de acerto, dando maior margem de acerto para identificar
quem está mentindo.

Segue abaixo as principais pistas comportamentais:

1)
   
Legenda:

1. Verdade
2. Mito

3. Faltam evidências

4. Depende do Contexto e outros fatores

5. Existe evidências, mas falta corroboração científica

6. Não difere quem está a mentir de quem está a falar


a verdade

A Linguagem Corporal – mãos, pernas, pés, torso


(
verdade
)

Direção do olhar – o mentiroso evita contato ocular


ou possui menor frequência.
(
mito)

Quando alguém está a esconder algo, tende a


mexer menos os pés e os braços.
(
depende do
contexto e outros fatores)

Os movimentos dos braços e pernas do mentiroso


parecem menos naturais, quase mecânicos
passando a impressão de estarem mais tensos.
(
verdade)

Levar a mão pra cobrir a boca indica que


inconscientemente está tentando esconder ou
evitar a dizer o que estava a falar.
(
faltam
evidências)

Parcial shrug (dar de ombros parcial – levanta


apenas um ombro).
(
Existe evidências, mas
falta corroboração científica
)

Tempo de execução de uma ação na linha


conversacional.
(verdade)
Contradição e inconsistência entre gestos e fala.
(verdade)

Tempo de duração das emoções (onset, offset,


apex).
(verdade)

Estados Emocionais.
(verdade)

Expressões Faciais.
(verdade)

Linguagem corporal em consonância com as


emoções (expressões faciais).
(verdade)

O sorriso que não aparece em todo o rosto é um


sorriso falso.
(verdade)

Mudança de direção do rosto (ou retirada) para


evitar a fonte de informação que esteja lhe
incomodando. Por outro lado, caso a informação lhe
chame atenção, irá inclinar sua cabeça na direção
da fonte, lhe dando maior atenção.
(Não difere
quem está mentir de quem está a falar a
verdade)

Postura ereta (confortável e confiante com a


situação), representa a forma como a pessoa se
sente acerca de si mesmo. Mãos no bolso, ombros
caídos, olhar para baixo (postura não confiante).
(Não difere quem está mentir de quem está a
falar a verdade)

Postura inclinada na direção da pessoa quando


estiver engajado na conversa. Já quando está a
mentir seu corpo tende a não ficar na direção da
pessoa, mas tenta evita-la.
(Não difere quem
está mentir de quem está a falar a verdade)
Quando está a blefar, tende a ter uma menor
probabilidade de que venha a tocar a vítima,
inconscientemente vem a reduzir o nível de
intimidade entre eles.
(
faltam evidências)

Alguém que está a mentir, raramente vem a


apontar na direção da vítima ou vindo a gesticular
apontando para o ar. Apontar indica convicção e
autoridade sobre um ponto.
(Não difere quem
está mentir de quem está a falar a verdade)

Posição da linguagem corporal na formação de


barreiras (pode ser tanto objetos físicos como os
próprios braços).
(
depende do contexto e outros
fatores)

As palavras – o mentiroso vem a adotar um certo


padrão de fala, indicando que está a esconder
alguma coisa (dá rodeios para falar). Repetindo as
palavras utilizados pela vítima para ganhar tempo.
(
depende do contexto e outros fatores)

A construção das histórias realizadas pelo mentiroso


é perfeita, sem erros. Não admite erros que
porventura venha a ter feito na sua história, ao
contrário da pessoa que fala a verdade, onde
comumentemente admite possíveis erros e as
conserta ao longo da história.
(verdade)

Slip of the tongue (deslizes da língua – conhecido


também como ato falho, onde diz algo
inadvertivamente sem intenção, falando algo que
não tinha a intenção, revelando informações de
forma inconsciente).
(
existe evidências, mas
falta corroboração científica
)
O mentiroso fica desconfortável no silêncio, vindo a
tentar preencher esses possíveis espaços
(
mito)

Mudanças ocasionadas pelo Sistema Nervoso


Central
(verdade)

Vamos aqui para alguns esclarecimentos. A categoria “


(
existe evidências, mas falta corroboração científica
)”
significa que as pistas conseguem de alguma maneira
diferenciar, dando pistas de que algo está errado na
história, contudo, ainda sim faltam pesquisas que
corroborem a sua real eficácia como indicador que
diferencie o mentiroso de quem está a mentir.

Em relação a categoria “
depende do contexto”
são
pistas que dependem de um contexto específico, agrupado
com um determinado conjunto de variáveis, que influenciam
para a identificação da mentira, por exemplo, as pistas:
piscar e falar mais rápido e menor frequência de
movimentos nos pés e nas pernas só são pistas confiáveis
no contexto forense, pois foi constato que é nesse cenário
específico que essas variáveis se mostraram eficiente em
diferenciar quem menti de quem está a falar a verdade.

Sendo assim, essas pistas podem te auxiliar na procura de


incongruências entre o que está sendo dito e o expresso,
lhe guiando como uma bússola para uma maior
investigação, contudo ficando atento que por si só, não são
suficientes como indicadores confiáveis de que a sua
presença ou não será um indicativo de uma possível
mentira.

Pistas Comportamentais – Entenda


Melhor

       
Tamanho da Pupila (Dilatação)

Essa pista pode sugerir que o mentiroso fique mais tenso do


que os honestos ou que tenha um processo cognitivo maior
por ter que ficar constantemente pensando na melhor forma
de encobrir a mentira. Quando as pessoas estão a observar
pessoas que estão a mentir ou falar a verdade (mesmo que
não saiba quem está a mentir), acabam por pontuar que o
mentiroso aparentemente parece mais nervoso do que o
honesto. Isso ainda continua mesmo se a avaliação seja
realizada através da voz, pontuando que o mentiroso soa
estar mais tenso do que o honesto. De acordo com DePaulo
(2010) as pessoas podem notar a tensão na altura da voz,
no qual é maior quando uma pessoa está a mentir do que
quando está a dizer a verdade.


       
Inquietação

A inquietação é alguma vezes hipotetizada como um


indicador de ansiedade. Ela é pontuada pelos pesquisadores
de diversas formas, podendo ser exibida através de objetos
e.g., pegando em lápis, caneta, copos ou qualquer objeto
que se encontre por perto; a auto manipulação e.g., tocar a
própria roupa, mãos, cabelos, pescoço, face, etc. Estas
pistas, assim como a quantidade da frequência de piscadas
e a postura mais relaxada, até o presente momento não
possui uma clara relação com a mentira.


       
São os mentirosos menos positivos e
aparentemente menos agradáveis do que os honestos?

Em linhas gerais, somente em algumas formas, por


exemplo: sendo menos cooperativos, apresentando mais
reclamações (declarações mais negativas) e as suas faces
aparentam ser menos agradáveis quando estão a falar.

       
São os mentirosos menos diretos do que os
honestos?

Os mentirosos fornecem menos detalhes do que os


honestos? A resposta é sim, a história dita pelos mentirosos
contém menos detalhes, e por isso dão a impressão de que
estão menos completas. Já em relação a pista que passe a
ideia de que o mentiroso esteja a reter alguma informação,
o pressionar dos lábios conjuntamente, tende a ter uma
maior probabilidade de exibição.


       
Os mentirosos contam histórias menos
convincentes do que as pessoas honestas?

As histórias ditas pelos mentirosos acabam por não possuir


muito sentindo como as histórias ditas por pessoas a contar
a verdade, ou seja, a história dita pelo mentiroso soa mais
discrepante e ambivalente, a estrutura das suas histórias é
menos lógica e menos plausível. São menos atraentes
naquilo que estão a dizer, ou seja, parecem menos
envolvidos, assim como utilizam menos ilustradores
(movimentos realizados pelas mãos que ajudam a explicar
ideias que as palavras por si só demoram mais ou não
conseguiriam deixar claro).

São menos imediatos, mais distantes, impessoais, evasivos


e não muito claros quando comparados com alguém a dizer
a verdade. Os mentirosos são mais prováveis de que
repitam palavras ou frases. Uma pista que parece ser
promissora, mas que ainda falta maiores pesquisas para
confirmar a relação com a mentira é a baixa frequência de
movimentos das mãos e dos pés realizados pelos
mentirosos quando comparados com os honestos.

Em suma, existem alguns indicadores aos quais podemos


identificar que o mentiroso vem a contar sua história de
uma forma menos convincente do que uma pessoa que
esteja a falar a verdade. Sendo elas: a história contada é
menos plausível, de uma forma que passe a impressão de
que estão pouco envolvidos com aquilo que estão a dizer,
distanciando-se, assim como uma incerteza do que está
sendo dito.

Em conversas usuais, quando as pessoas estão a falar a


verdade, acabam por dizer de uma forma não tão bem
estruturada como se pensa, pois podem começar a história
e no meio lembrarem de algum detalhe que deixou passar e
somente lembrar-se depois, vindo a admitir o seu erro. Em
algum momento pode vir a se corrigir, referindo-se que algo
dito anteriormente está errado. Todas essas formas
anteriormente citadas referem-se a sinais de credibilidade
do discurso.

Aqueles que não possuem nada a esconder não se


importam em admitir que acabam por esquecer alguma
coisa ou se corrigir, vindo a realizar essas pequenas
correções inconscientemente ao longo da sua narrativa. Em
contrapartida, aqueles que estão preocupados quem
alguém venha a descobrir algo que estejam escondendo, ou
seja, medo de que saibam que estão a mentir, serão
relutantes em admitir essas pequenas imperfeições, vindo a
contar histórias de uma forma tão boa e estruturada que se
encaixam perfeitamente demais para ser verdade.

Os mentirosos quando comparados com os que falam a


verdade, possuem baixa probabilidade em admitir de que
não se recordam de alguns detalhes, assim como
corrigirem-se acerca de algo que vieram a dizer
anteriormente.

As mentiras se tornam mais óbvias quando o


mentiroso está altamente motivado?
Se as pessoas estão motivadas a terem sucesso com suas
mentiras e não querem ser pegas, isso quer dizer que
existirá uma menor quantidade de pistas sobre a mentira
pelo fato de que irão tentar com mais afinco e veemência
para contar uma boa mentira ou as suas mentiras irão se
tornar mais óbvias na proporção do que está em jogo
cresça? Essa foi uma pergunta realizada pelos
pesquisadores DePaulo e Kirkendol (1989). Diga-se de
passagem, uma excelente colocação.

1. Quando as pessoas não possuem especiais


incentivos para escaparem com suas mentiras, não
há ocorrência de pistas óbvias acerca da mentira.
Pode-se observar isso em pessoas que não se
importam em conseguir escapar com a sua mentira,
onde fica extremamente difícil descobrir quando
estarão a mentir.

2. Contudo, quando o mentiroso se importa em


escapar com sua mentira e encontra-se motivado
para tal, muitas serão as pistas comportamentais
que irão trair a sua mentira. Uma das pistas é a
altura do tom de voz, no qual possuirá um maior
tom quando estiver a mentir do que apresentaria ao
falar a verdade. Pode-se notar também uma maior
tensão quando estiver a mentir.

3. Quanto mais motivado o mentiroso, menor será a


quantidade de contato ocular quando comparado a
pessoa que está falando a verdade, vindo a ter
evidência também de que nestas condições de alta
motivação os mentirosos irão realizar menos
movimentos das pernas e dos pés.

As mentiras que possuem como objetivo a ocultação


de transgressões são mais óbvias do que outras
mentiras?

Para o contexto forense, a distinção entre mentiras que


possuem como base esconder ou não transgressões é
relevante, onde mentiras sobre transgressões caracteriza-se
pela negação ou ocultação de delitos relacionados à fraude,
roubo ou o cometimento de outros crimes.

As pistas comportamentais quando a mentira se refere a


transgressão, envolve as seguintes pistas: os mentirosos
parecem estar mais nervosos do que os que estão a falar a
verdade, assim como piscam mais, falam mais rápido, suas
pernas e pés acabam movendo-se com uma menor
frequência.

São as mentiras mais convincentes quando


preparadas anteriormente?

Quando os mentirosos não possuem tempo a priori para


produzir uma linha de mentira a ser seguida de acordo com
um planejamento prévio, acabam por demorar mais tempo
para responder a uma pergunta do que os que falam a
verdade. Entretanto, a partir do momento que possuem
tempo para planejar, acabam por responder mais rápido do
que uma pessoa que está a falar a verdade.

Em suma, as pistas para detecção da mentira acabam por


diferir de acordo com alguns fatores, como o tipo de
mentira, bem como a motivação de conseguir escapar
através da mentira contada.

Conclusão

Saber como uma pessoa estar a se sentir ou como você se


sente não implica dizer o que ocasionou a emoção, bem
como reagir. Em determinados momentos não será
prazeroso saber como as pessoas estão a se sentir,
principalmente quando não querem que saibam como estão
realmente a se sentir. Possuir a capacidade de saber como
as pessoas se sentem não implica dizer que tenha a
obrigação de fazer alguma coisa para mudar a situação.

A forma como deve agir uma vez que detenha o


conhecimento acerca das emoções das pessoas que estão a
sua volta irá depender de você, da outra pessoa, da
situação, do seu relacionamento com elas, se as pessoas
gostariam de compartilhar os seus sentimentos bem como
sua intenção futura em manter alguma relação. Ou seja,
como irá responder irá depender da natureza da sua
relação, sua história passada, intenção futura e o
conhecimento acerca dela.

A habilidade de identificar as emoções antecipadamente,


pode dar a vantagem de saber lidar melhor com as pessoas
em uma variedade de situações, bem como gerenciar as
suas próprias respostas emocionais aos seus sentimentos.

Se ao longo da sua leitura, questionou o porquê de algumas


emoções que tinha curiosidade de saber não apareceu, a
resposta para isso é que as emoções aqui descritas são
apontadas na literatura com uma maior robustez científica
acerca da sua universalidade.

Por exemplo, a culpa, o constrangimento, a vergonha e a


inveja, de acordo com a literatura, estão a apontar a sua
possível universalidade, contudo, ainda faltam evidências
mais contundentes, e por isso não se encontram aqui.

Resumo das Pistas: No que você


deve focar!
Não existe clara relação entre a inquietação e a
mentira

Não existe diferença significativa na frequência de


piscadas entre o mentiroso e quem está falando a
verdade.

Em algum ponto o mentiroso transparece ser mais


negativo e desagradável, sendo menos cooperativo,
reclamando mais e sua face transmite uma
sensação de desagrado.

O tempo de fala, que é definido como a


porcentagem de duração do tempo durante toda a
interação que uma pessoa dispende falando, se
apresenta em menor porcentagem de tempo, do
tempo total do que uma pessoa que diz a verdade
(não se apresenta estatisticamente confiável).

O mentiroso fornece uma menor quantidade de


detalhes no que está a dizer, ou seja, a história
contada por eles contém menos detalhes, parecem
incompletas, passando a sensação de que está
faltando alguma coisa.

Os mentirosos exibem mais o comportamento de


pressionar dos lábios, que sugere uma pista de
retenção da informação

Os mentirosos possuem uma maior probabilidade


em repetir palavras e frases.

Os mentirosos contam histórias menos


convincentes, sendo menos plausíveis e de uma
forma que soa menos envolvente para o ouvinte,
bem como passando a sensação de distância e
incerteza.
Os mentirosos são mais relutantes do que as
pessoas que falam a verdade em admitir
imperfeições na sua história (realizar correções do
que disse anteriormente, dizer que se esqueceu de
algum detalhe, que cometeu algum erro e vir a
concertar).

Obs: quando as pessoas não se importam


muito pelo fato de estar mentindo, será muito
difícil obter pistas comportamentais que
indiquem a mentira.

Apenas quando estão


motivadas
,
que os
mentirosos irão apresentar o padrão de tom
de voz mais alto, mais tensos e irão realizar
menos contato visual.

Sob condições de alta motivação os


mentirosos serão mais inibidos do que os que
falam a verdade, realizando menor
movimentação dos pés e das pernas.

CONTEXTO FORENSE:
Nas mentiras sobre
transgressões (é o tipo de mentira utilizada para
esconder e negar delitos como traição, roubo assim
como outros crimes de menor ou maior proporção)
os mentirosos parecem mais nervosos, piscam mais,
falam mais rápido e realizam menos movimentos
dos pés e pernas quando comparados com quem
fala a verdade.

Quando as pessoas estão a falar sobre suas


opiniões, o que gostam e o que não gostam, fatos
pessoais ou qualquer coisa que não envolva mal
comportamento, acabam ficando mais inquietos ao
mentir do que ao estarem falando a verdade
.
Tempo de preparação para montar uma linha de
ação: 1.) quando a pessoa não possui tempo para
preparar um plano em como responder as
perguntas, os mentirosos demoram mais para
começar a responder, contudo, quando possuem
tempo para planejar, os mentirosos acabam
respondendo mais rápido do que quem fala a
verdade.

Em suma, ao se revisar as pistas acerca da mentira chega-


se à conclusão que as diferenças comportamentais de quem
mente e fala a verdade são poucas em número e
inexpressivas em tamanho (DePaulo, 2010).

Podemos observar que a ciência da mentira não é exata,


possuindo muitas nuances a serem levadas em
consideração na hora da investigação, o que a faz
complexa, mas não impossível, apesar de não ser uma
tarefa simples. O que deixa evidente a precaução que se
deve ter em quais pistas se utilizar para calcar sua decisão
em diferenciar o mentiroso de quem está falando a verdade.

Esse ebook foi feito justamente para fornecer os melhores


indicadores, de forma simples e precisa, com o objetivo de
calcar suas decisões com base científica, utilizando o que
tem de melhor no momento. Como a ciência sempre está
em andamento, é necessário o estudo e atualização
constante dos avanços realizados na área, pois é centrando
seu conhecimento em bases sólidas lhe dará mais
segurança e confiabilidade na sua decisão.

O contexto forense possui algumas peculiaridades que a faz


diferir de outros cenários e, portanto, devem ser
esclarecidas De acordo com Ekman e Frank (1993) existe
três diferenças principais entre os cenários “comuns” e o
contexto forense na detecção da Mentira:
O que está em jogo – ser pego ou conseguir escapar
no cenário de laboratório é menos importante do
que nos cenários de interrogatório (hoje chamado
de entrevistas).

A diferença existente entre os suspeitos e os


universitários (usualmente a amostra comum das
pesquisas) é que os estudantes representam um
maior nível de instrução quando comparados com
os suspeitos e isso pode influenciar no modo como
mentem.

Os assuntos tratados no cenário de laboratório são


diferentes dos abordados na entrevista judicial.

Uma das idéias comuns quando se trata da coleta de


informações não verbais se refere a observação durante a
conversa informal, no qual usualmente tenta se obter a
linha base de padrão comportamental vindo a detectar as
nuances idiossincráticas do seu comportamento (exemplo:
fala rápido, muitas pausas, vai direto ao ponto, tom de voz
alto, sobrancelhas arquedas para enfatizar ideias, etc.).
Todavia, existe diferenças entre o comportamento natural e
autêntico durante a conversa informal e o início da
entrevista.

São situações distintas, pois enquanto na conversa informal


nada se tem a perder, não possuindo consequências
danosas para si mesmo, a condição da entrevista em si já
possui um risco elevado uma vez que já existe a
possibilidade em ser considerado suspeito. De acordo com
Freita-Magalhães (2011) e Vrij (1995), dado a esse motivo
que tanto o mentiroso quanto quem está a dizer a verdade
irá se comportar de forma diferente em ambas as situações.
Desta forma, se faz importante começar a coleta de
informação já na condição da entrevista, pois assim garante
que o comportamente padrão apresentado já se encontra
sob influência da pressão existente na entrevista,
possibilitando que ao identificar o padrão comportamental
nesse contexto, possamos comparar com qualquer
mudança existente.

Aliado a isso, de acordo com Freitas-Magalhães (2003) a


contaminação entre expectativas/ações do entrevistador e
respostas do entrevistado é um problema existente e que
influencia a coleta de informações, reconhecida como um
problema na deteçcão da mentira.

Portanto, se faz necessário se despir das suas pré-


concepções as quais irá influenciar a forma pela qual irá
coletar e interpretar os dados, criando um viés de
confirmação pois irá trabalhar em cima de pistas que
corroborem as suas idéias, criando margem para o erro.
Sendo assim, trabalhe com os fatos e variáveis
apresentadas durante o momento da entrevista, se
esforçando para deixar em aberto o campo das
possibilidades e ir agregando novas informações sem
confirmar nada de antemão, mas seguindo o caminho que
os próprios indícios venham a te levar.

Esse é uma tarefa que requer autoconhecimento, paciência,


experiência e reflexão, que vai ser refinada ao longo do
tempo de forma gradual, mas que irá lhe dá um maior
conforto nas tomadas de decisão, já que será calcada em
medidas objetivas e com bases científicas, tentando reduzir
ao máximo a margem de erro.

Palavras do Especialista
Esse é apenas o começo de um longo e complexo caminho
da comunicação não verbal, onde somente a prática e
estudo como qualquer outra habilidade, irá levar-lhe a
excelência. A partir desse momento, o conhecimento que
adquiriram irá permitir que tenham acesso à uma parcela
da comunicação humana a qual a grande maioria da
população não possui.

Haja com cuidado, seja cético nas suas análises, procure


uma linha de base para suas comparações, observe o
contexto ao qual está ocorrendo a ação, observe o tempo
de exibição do comportamento, veja se as ações
executadas foram voluntárias ou involuntárias, etc. 

Procure obter a maior quantidade de variáveis possíveis que


possa lhe ajudar na sua decisão, e tenha em mente de
jamais ir em busca de respostas as quais venham responder
ideias pré-concebidas a priori, pois irá influenciar a forma
pela qual sua visão e julgamento irá ser efetuado.

As interações humanas são permeadas por diversos


distratores no momento que está a se comunicar com as
pessoas ao seu redor i.e., na face tem-se a estrutura facial
composta pela musculatura, as rugas, a tonalidade e
elasticidade da pele, cicatrizes, o cabelo que pode ficar na
frente do rosto, óculos escuros, chapéus, ornamentos em
geral, etc.

Portanto, não seja precipitado e trace uma linha de base do


comportamento emitido pela pessoa que está à interagir.
Possuindo a possibilidade a priori de realizar uma análise
antes do primeiro encontro é uma boa estratégia para que
não se caia na armadilha dos comportamentos emitidos no
primeiro encontro.
Todavia, você não terá esta possibilidade ao seu dispor a
todo o momento, sendo assim, mantenha-se cético e tente
analisar a maior quantidade de informações advinda do
comportamento. Quanto maior a disponibilidade de
informações, maior será a probabilidade para uma tomada
de decisão acertiva.

Inicialmente é comum se deparar com a dificuldade de não


conseguir ouvir o que a pessoa está a dizer e
simultaneamente prestar atenção para a sua face, sua
postura, seus gestos, seu tom de voz, repetição de palavras,
gagueira, lógica de raciocínio. Se me perguntarem: Há
algum método que possa nos ajudar nesse entrave inicial? A
resposta é sim e não, pois a precaução aliada a prática que
irá fazer com que se habituem a esta habilidade, e ao longo
do tempo sem perceber já irá ser um padrão habitual, ao
conversar, prestar atenção nessas variáveis.

Cada um irá possuir entraves variados, assim como


facilidades distintas, por isso lhes dizer uma fórmula padrão
de análise não seria elegante, verdadeiro e justo para com
todos vocês. Ainda sim, não pensem que a partir de agora
tudo e todos estarão no seu radar, primeiro porque é uma
atividade de atenção concentrada, e requer muita energia,
o que irá lhe cansar. Segundo, a partir do momento que
adquirir maturidade com essa habilidade você não irá ficar
em estado de alerta e suspeitando sempre, mas sim ficará
mais tranquilo, pois saberá se defender daqueles que
estarão a tentar lhe enganar ou prejudicar.

Dúvidas, sugestões, questionamentos, basta entrar em


contato que terei a plena satisfação de conversar com vocês
sobre expressões faciais, linguagem corporal e detecção da
mentira. Logo abaixo encontra-se o espaço das referências,
artigos que subsidiaram de alguma forma a construção
deste material, entretanto, caso queiram mais indicações
basta entrar em contato, pois a área de pesquisa que
envolve a mentira é vasta e muitas variáveis que tiveram
acesso vem a influenciar de formas distintas.

Bem-Vindos ao Mundo da Linguagem Não – Verbal!

Check- List Comportamental


O check list abaixo representa um esforço em sumarizar em
um só lugar as possíveis pistas comportamentais que
possam lhe ajudar no momento da investigação, se fazendo
importante frizar que o presente material não esgotou por si
só todos as pistas existente na literatura, mas somente
aquelas que se provaram a nível estatístico, satisfatório
para que se possa utilizar como um indicador que possa
distinguir com maior margem de segurança o mentiroso de
quem está falando a verdade.

Ainda sim, é importante ter me mente que uma única pista


não é o bastante para se realizar uma análise, portanto,
quanto maior for a quantidade de pistas que corroborem a
dissonância entre aquilo que está sendo dito verbalmente e
expresso de forma não verbal, melhor será para a sua
decisão, sempre observando a linha de base
comportamental, a procura de discrepâncias e sempre
levando em consideração o contexto.

T
abela
1 – P
istas que podem trair a informação
omitida

Pistas
Informações
comportamentais

Discurso indireto Linha verbal não preparada; emoções


negativas

Pausas e erros no Linha verbal não preparada; emoções


discurso negativas

Pode revelar informações emocionais


Emblemas
que não foram ditas

Decréscimo dos Linha não preparada, escolhendo as


ilustradores palavras para falar

Aumento dos
Emoções negativas
manipuladores

Relacionado a emoções, não é


Respiração rápida
específico

Sinais confiáveis para detecção da


Micro expressões
mentira

Pistas faciais
Emoções do Medo e a Tristeza
confiáveis

Pode ser específico a alguma emoção;


ato falho pode vir a revelar alguma informação
sobre emoções
Repetir palavras e Linha verbal não preparada ou
frases emoções negativas

As histórias
possuem poucos Baixa credibilidade na história
detalhes

Não admitir
imperfeições na Relutantes em admitir erros
sua história

As histórias são
As histórias não passam credibilidade,
menos
fazem pouco sentido
convincentes

Pressionar os lábios Retenção de informação

Quando não estão Difícil de detectar os sinais


motivadas comportamentais

O padrão de tom de voz mais alto,


mais tensos e irão realizar menos
Quando estão
contato visual. São mais inibidas e
motivadas
realizam menos movimentos dos pés e
pernas

Contexto Forense Mais nervosos, piscam mais, falam


mais rápido e realizam menos
movimentos dos pés e pernas
Frequência de Não há diferença significativa para
Piscadas distinção

Não há diferença significativa para


Inquietação
distinção

Desviam o olhar MITO

Detection
Apprehension Boa Pista – Sinal emocional
(Medo de ser pego)

Deception Guilty Boa Pista – Sinal emocional

Tomar cuidado para não ignorar pistas


Familiaridade
comportamentais
Escaneando a Mentira
A presente seção tem como objetivo discutir de forma direta
e precisa os principais pontos que podem tornar a mentira
mais fácil ou difícil de ser detectada de acordo com a
presença ou não dessas variáveis.

Sendo assim, iremos desenvolver os tópicos em formato de


perguntas, pois ficará mais claro para o entendimento e de
antemão já possa dirimir alguma dúvida que você leitor ao
longo dos estudos já vinha se questionando.

1.)
  
A mentira envolve somente a omissão sem a
necessidade de utilizar a falsificação?

Se na mentira contada for somente necessário a


utilização da omissão, a mentira ficará mais difícil em
ser detectada, isso pois nesse modalidade apenas se faz
necessário omitir determinas informações, não tendo
que criar nada novo e tornar essa foto como verdade
(falsificação), o que dá um maior trabalho e margem
para erro. Portanto, as mentiras que apenas precisam
da omissão, serão mais difíceis de serem detectadas
quando comparadas com a falsificação.

2.)
  
Existe uma punição severa pelo ato em si da
mentir não levando em consideração as perdas
advindas da mentira?

Existem contextos aos quais o ato de mentir em si é


mais condenável do que as perdas advindas dessa
mentira, como consequência, a punição acaba sendo
maior pelo ato de mentir. Nessa situação, a presença de
uma punição severa pode vir a estimular o medo de ser
pego, aumentando as chances da exibição de pistas
comportamentais que denunciem a mentira ou apenas o
conhecimento da existência dessa punição pode
dissuadir com que a pessoa dê continuidade ou mesmo
inicie a mentira, facilitando a vida do investigador na
detecção já que a própria pessoa irá parar antes mesmo
de começar a mentira.

3.)
  
A mentira contada envolve a presença de
alguma emoção sentida no momento?

Se no momento da mentira não houver a presença de


nenhuma emoção, será muito mais fácil para sua
realização, haja vista que não haverá a necessidade em
tentar esconder suas verdadeiras emoções, tendo que
além de suprimir, vir a sobrepor com uma outra que não
está sentindo, tarefa complexa e difícil.

Todavia, se houver a presença de emoções, se tornará


mais difícil para o mentiroso e mais fácil para o
investigador se a emoções presentes for raiva, medo e
tristeza, requerendo seu cancelamento ou falsificação.
Tendo em mente que o mentiroso em algumas ocasiões
terá que inexpressivo para que tenha sucesso, tornando
a tarefa em surprimir alguma emoção difícil uma vez
que não poderá recorrer ao recurso de se utilizar de
uma outra emoção para mascarar a que está sentindo
de fato.

4.)
  
O mentiroso é um psicopata?

A psicopatia se caracteriza por ser um estado mental


patológico no qual incorre comportamentos antissociais,
caracterizado por se constituir em vários graus. Os
psicopatas demosntram uma falta de sinceridade,
possuem o hábito de mentir, principalmente acerca do
seu passado, sendo de forma elaborada, tendo como
ferramenta principal a manipulação.

Junto a isso, apresentam um controle comportamental


deficiente, marcado pela crueldade extrema e posterior
ausência de remorso, vindo a exprimir desprezo e
despreocupação (Freitas-Magalhães, 2019). Possuem
um funcionamento cerebral, emocional e expressivo
distintos quando comparados a indivíduos “comuns”,
possuindo baixo níveis de ansiedade e alta habilidade
em simular emoções, apesar de apresentr déficit no
processo de estímulos emocionais.

De acordo com Freitas Magalhães (2013) a literatura


aponta para a existência de déficits no reconhecimento
de expressões faciais e como consequência são
incapazes de sentir empatia bem como não percebem
sinais de afeição em relação a não psicopatas.

Dito isto, uma vez que se encontre com pessoas desse


perfil, haja vista as características apresentadas, uma
mentira perpetrada por um psicopata se torna de difícil
tarefa em obter pistas comportamentais que venha a
denunciar a mentira.

5.)
  
Se o mentiroso vier a confessar que menitiu,
lhe será concedido algum benefício, como o
perdão?

O mentiroso tendo ciência de que independente do que


faça não haverá nenhum benefício, irá se esforçar ainda
mais para tentar ser bem-sucedido e tentar escapar
com sua mentira, tornando a tarefa em detectar mais
difícil. Contudo, caso haja a opção de que tenha algum
benefício como o perdão ser vier a contar, então nesse
momento teremos a probabilidade que fique tentado
com a oportunidade e venha a confessar sobre seu ato,
tornando a tarefa do investigador mais fácil.

6.)
  
O que está em jogo no momento (a
recompensa ou a punição) da mentira é alto?

Esse é um ponto interessante para discussão pois pode


levar a duas condiutas distintas pelo mentiroso, uma
vez que quanto maior for o que está em jogo poe vim a
estimular o medo de ser pego mentindo, facilitando
para o investigador na captura de sinais
compartamentais, pode também fazer com que o
mentiroso se motive ainda mais para que não seja pego,
tentando com mais afinco sair glorioso na sua tarefa de
enganar.

Esse ponto reforça a ideia mais uma vez de que


somente uma variável não é sufuciente para distinguir
quem está mentindo de quem está dizendo a verdade,
se fazendo necessário a reunião de uma maior gama de
variáveis, onde quanto mais indícios tivermos, mais
fortificado será a decisão tomada.

7.)
  
A mentira envolvida é altruísta, ou seja, o
mentiroso mesmo tendo sucesso não irá obter
nenhum ganho ou mesmo a vítima não irá sofrer
nenhuma perda ou se beneficiar em algum nível?

Se o mentiroso realmente acredita que o ato dele é para


um bem maior, que é para o próprio bem da vítima ou
que a vítima pode vim a se beneficiar, faz com que sinta
menos culpa por ter mentido, tornando a tarefa em
detectar a mentira difícil, pois estará motivado o
suficiente para ter sucesso, se empenhando e
escondendo ao máximo qualquer sinal comportamental
que o denuncie
Porém, caso o mentiroso não acredite realmente nisso,
existe a possibilidade com que aumente a culpa por ter
mentido e isso transpareça através de pistas
comportamentais, vindo a denunciar a mentira.

8.)
  
Pode o mentiroso se antecipar e saber em
que momento poderá mentir?

Sim, isso será possível se o mentiroso tiver tempo para


planejar a sua estratégia e linha de pensamento, vindo
a construir uma história a qual tentará antecipar todas
as possíveis perguntas. Deste modo, sabendo quais os
possíveis pontos de questionamento, poderá livremente
escolher quais os momentos necessários para mentir.
Em situações como essa, a mentira será mais difícil em
ser detectada, caso contrário, quando ele não tiver
tempo para planejar, ficará mais fácil extrair pistas
comportamentais.

9.)
  
Existe uma punição severa uma vez que seja
pego mentindo

Nessa situação, caso não haja uma punição severa que


venha a amendrotar o mentiroso, menor será a
probabilidade que possua o medo de ser pego na
mentira, contudo a falta desse medo pode deixá-lo
descuidado, vindo inadvertivamente revelar
informações que outrora não o faria. O fato de nào
apresentar o medo de ser pego faz com que seja difícil
para o investigador obter informações, a não ser que
incorra no erro citado acima.

Por outro lado, se houver a presença de uma grande


punição, irá acarretar o medo de ser pego assim como a
possibilidade em sentir o medo de ser desacreditado
mesmo estando a falar a verdade, onde o medo de ser
pego e o medo em ser desacreditado não tem como ser
distinguido, pois produzem as mesmas transformações
ao nível do sistema nervoso central, como
consequência, na face.

10.)
   
A situação contextual da mentira é uma na
qual a pessoa que está sendo enganada confia
tanto no outro que nem mesmo suspeita da
possibilidade de estar sendo enganado?

Aqui é uma situação a qual a própria vítima, dado a sua


alta confiança no mentiroso, acaba por ignorar
quaisquer possíveis sinais que venham a surgir sobre a
mentira, já que sua confiança é tamanha, que acaba
negligenciando possíveis divergências
comportamentais.

Nesse tipo de situação, a tarefa em reconhecer a


mentira é alta, já que a própria vítima irá ignorar todo e
qualquer sinal, não dando nenhum possibilidade de
questionamento quanto a idoneidade do mentiroso,
incorrendo em uma não aberta a possibilidade de
visualização de nuances comportamentais que sugiram
uma possível mentira, postura essa que não seria
adotada caso a interação fosse com um total
desconhecido, onde aqui, a dádiva da dúvida existiria
no plano da consciência, dando abertura a possibilidade
em investigar caso alguma discrepância viesse a
acontecer.

11.)
 
O mentiroso e a vítima compartilham valores
morais?

Se o mentiroso vier a compartilhar valores sociais com a


sua vítima, existe a possibilidade de que aumente a
possibilidade de aumento na culpa por ter mentido, já
que possuem esse ponto em comum, todavia, caso não
haja nenhum compartilhamento de valores sociais,
acontece o oposto, existe uma diminuição da culpa por
ter mentido, uma vez que não tem nada que faça com
que se identifique com a vítima.

12.)
 
 contexto em que se encontram permite com
que a mentira aconteça?

Como explicado anteriormente, situações as quais a


mentira é autorizada (jogo de pôquer, atuação de
personagens, etc.) acabam não se configurando como
uma mentira de acordo com a definição aqui defendida,
e uma vez que o contexto seja uma que permita a
mentira, faz com que a a culpa por ter mentido seja
diminuída, enquanto que um contexto ao qual não
permita incorre no aumento da culpa por ter mentido.

Isso acontece, pois, a partir do momento que o contexto


dá essa possibilidade, o mentiroso encontra uma brecha
e se sente confortável em atuar já que o ambiente o
permite, vindo a diminuir a sensação de culpa por
perpetrar a mentira e enganar o outro.

13.)
 
 mentiroso é inteligente, possui uma boa
capacidade em fabricar histórias, boa memória e
consegue levar as pessoas na conversa pelo seu
jeito envolvente?

Pessoas que se encaixem nesse perfil terão uma maior


probabilidade de que elaborem histórias mais
convincentes, vindo a antecipar os possíveis
questionamentos, tornando a detecção da mentira uma
tarefa mais difícil.

14.)
 
O mentiroso possui a habilidade de utilizar
os músculos faciais confiáveis?
Esse é um caso particular onde o mentiroso possui a
habilidade de movimentar as musculaturas faciais de
forma voluntária, conseguindo ter acesso a indicadores
confiáveis das emoções, fazendo com que a tarefa de
detecção da mentira se torne complexa. Pessoas com
esse nível de habilidade são raras, mas existem, caso
venha a encontrar, somente com experiência e
conhecimento acerca dos indicadores das expressões
faciais que irá ter sucesso em discernir as expressões
falsas das verdadeiras.

15.)
   
O mentiroso é um bom ator e sabe utilizar
da técnica Stanislavski?

Essa técnica permite que a pessoa consiga reviver


experiências passadas relacionadas as emoções,
fazendo com que o sistema nervoso venha a reproduzir
as sensações corpóreas e faciais da emoção. Desta
forma, as expressões que serão exibidas a nível facial
serão verdadeiras, pois são uma reprodução com base
na experiência que a pessoa realmente viveu.

Pessoas que possuam essa habilidade tornam a mentira


difícil em ser detectada.

16.)
Existe uma audiência ou alguma pessoa que
saiba de antemão que a mentira está sendo
perpetrada?

A presença de uma audiência estimula o mentiroso a


ficar mais motivado, e isso pode resultar em descuido,
estimulando o prazer do mentiroso, podendo vir a
fornecer pistas comportamentais de forma inconsciente.
Uma outra possibilidade é o oposto, onde a presença de
pessoas ou o conhecimento de que saibam que está a
mentir, faça com que o medo de ser pego e a culpa por
ter mentido aumente.

17.)
   
O alvo da mentira é desconhecido?

Esse questionamento é o extremo oposto da


questão
11
, já que lá existia um compartilhamento de valores,
enquanto que aqui o alvo da mentira é desconhecido.
Como consequência acabam não compartilhando
nenhum valor em comum, fazendo com que a
probabilidade em sentir culpa por estar mentindo seja
diminuída, resultando na diminuição da probabilidade
com que pistas comportamentais venham a surgir. 

18.)
 
A vítima e o mentiroso são conhecidos?

Aqui temos um ponto importante que está diretamente


relacionado com o Brokaw Hazard (comportamentos
idiossincráticos). Uma vez que a vítima possua
conhecimento sobre as peculiaridades comportamentais
do mentiroso, existe uma maior chance de que
possíveis flutuações que venham a ocorrer e sejam
diferentes das usuais, venha a chamar sua atenção para
uma possível mentira.

Desta forma, se a vítima e o mentiroso são conhecidos,


o investigador será mais capaz de evitar erros acerca
das diferenças comportamentais, fazendo com que a
tarefa em detectar a mentira se torne mais fácil.

19.)
   
O investigador precisa se concentrar e
suprimir a suspeita que possui do mentiroso?

Nessa situação, o investigador acaba direcionando sua


atenção na sua própria necessidade em
suprimir/cancelar suas emoções, que acaba não ficando
alerta as flutuações comportamentais, vindo a falhar na
detecção da mentira, tornando assim, a tarefa de
identificação mais difícil. Em contrapartida, se não
existe essa necessidade, a tarefa da detecção fica mais
fácil, pois poderá se concentrar totalmente no
mentiroso.

20.)
 
O mentiroso já teve algum sucesso anterior
em conseguir enganar a vítima?

A partir do momento que o mentiroso já possui


experiências prévias de sucesso com a mentira, ao
longo do tempo vem a aperfeiçoar os pontos
necessários para otimizar as chances de sucesso, além
de que, devido a sua história de êxito, o medo de ser
pego acaba vindo a diminuir, tornande-se uma tarefa
difícil para o investigador, uma vez que a probabilidade
de que venha exibir traços comportamentais que
venham a denunciar a mentira são menores do que
aqueles que tiveram poucou ou nenhum sucesso prévio
com a mentira.

21.)
 
O investigador possui alguma evidência de
informação que somente o mentiroso poderia
saber?

Nessa modalidade, o investigador detendo esse


conhecimento pode se utilizar das informações contidas
na cena e verificar o quanto o mentiroso detém de
conhecimento, já que somente o investigador sabe
dessas informações e o mentiroso sabe sobre isso, dá a
vantagem para que possa testar muitas variações de
possibilidade visando sempre encontrar nuances
comportamentais que denuncie o mentiroso e lançando
informações que somente quem estaria na cena
saberia. Tendo essa vantagem, a tarefa em reconhecer
a mentira fica mais fácil. 
22.)
 
O mentiroso e a vítima pertencem a uma
mesmo grupo cultural ao qual compartilham
normas e costumes?

O compartilhamento de normas e costumes através da


cultura permite com que o investigador seja melhor
capaz em detectar e interpretar as nuances
comportamentais, haja vista que possui conhecimento
dos regionalismos e minucias do grupo que pertence,
fazendo com que a tarefa em detectar a mentira seja
mais fácil.

No outro oposto encontra-se o não compartilhamento, o


que dificulta a detecção dos comportamentos,
ocasionando mais erros no julgamento pois não saberá
distinguir as nuances sutis existentes dentro da cultura,
não captando em sua totalidade a mensagem,
aumentando a probabilidade de erro, dificultando assim,
a tarefa de detectar a mentira.

23.)
 
investigador possui a reputação de ser difícil
em ser enganado?

Quando o investigador possui a reputação de ser difícil


em ser enganado, acaba por vir a aumentar o medo de
ser pego, assim como o prazer o mentiroso em tentar
conseguir ganhar esse desafio, o que pode causa um
descuido e deixar transparecer pistas comportamentais.
Essa situação acaba tornando a tarefa em detectar a
mentira mais fácil. Em contrapartida, caso o
investigador não possua essa reputação, o mentiroso
não irá sentir essas emoções, o que torna a
probabilidade de sinais comportamentais emergir,
serem menor, tornando a detecção da mentira mais
difícil.
24.)
 
mentiroso realmente acredita na mentira
que está contando?

Uma vez que o mentiroso realmente acredite na mentira


que está a dizer, o sistema nervoso irá eliciar a
produção das expressões faciais de forma verdadeira,
pois a pessoa realmente está a acreditar naquilo que
está dizendo. Contudo, uma vez que a dúvida venha a
pairar sobre o que está a dizer, toda e qualquer
incongruência entre o verbal e não verbal irá ser visível
a nível comportamental.

25.)
   
O mentiroso já possui prática no ato de
mentir?

Uma vez que o mentiroso tenha muita prática em uma


determinada linha, acaba por conseguir antecipar
possíveis questionamentos, podendo ensaiar os pontos
necessários para convencimento. Desta forma a tarefa
em detectar a mentira acaba ficando mais difícil quanto
mais tempo a pessoa tiver para elaborar a história a ser
seguida.

Quanto mais prática e sucesso o mentiroso venha a ter,


melhor será o seu processo de otimização da história,
concertando os possíveis furos e cercando as
possibilidades. Ao contrário do mentiroso que não tem
prática, que irá incorrer em erros mais facilmente.

26.)
 
 mentiroso possui traços de personalidade
que o deixem vulnerável ao medo de ser pego,
culpa por ter mentido ou o prazer do mentiroso?

A pessoa que apresentar traços de personalidade que


potencializem a vulnerabilidade do medo de ser pego,
culpa por ter mentido ou o prazer do mentiroso, torna a
tarefa em detectar a mentira mais fácil de ser realizada,
uma vez que essas emoções aumentam a probabilidade
de que nuances comportamentais se tornem visíveis.

27.)
 
O investigador possui a reputação de ser
injusto nas suas avaliações?

Eis aqui uma situação de difícil predição, uma vez que


essa reputação pode simultaneamente eliciar a
diminuição da culpa por ter mentido assim como o
aumento do medo de ser pego. Desta forma não temos
como saber a partir disto se a detecção da mentira será
fácil ou difícil.

28.)
 
O investigador tende a ver o melhor nas
pessoas, tende a evitar problemas ou possui a
tendência em negar os fatos?

Aqui é uma situação onde o investigador provavelmente


irá negligenciar pistas comportamentais acerca da
mentira, podendo incorrer na possibilidade de julgar
alguém como verdadeiro enquanto está a dizer uma
mentira.

29.)
 
O investigar apresentar uma boa precisão
em reconhecer os comportamentos não verbais?

Ter alguém com uma boa capacidade de leitura das


pistas não verbais do comportamente lhe dá uma
vantagem na detecção da mentira, uma vez que ficará
atento as possíveis flutuações comportamentais que
vier a aparecer, o que tornará a detecção da mentira
mais fácil.

30.)
 
O investigador tende a construir ideias pré-
concebidas perante a investigação?
Calcar suas decisões em cima de idéia preé-concebida
irá fazer com que enviese toda a sua tomada de
decisão, onde muito provavelmente irá atrás de pistas
que venham a corroborar o seu ponto de pista. Isso para
um investigador das pistas não verbais do
comportamento é um dos maiores erros a se cometer.
Essa situação acaba fazendo com que a mentira seja
mais difícil em detectada.

31.)
 
De alguma maneira o investigador pode se
beneficiar ao detectar a mentira?

Nessa situação, o investigador por vir a ignorar


deliberadamente algumas pistas comportamentais, de
forma consciente ou até mesmo inconsciente acerca da
mentira para que assim possa vir a se beneficiar. Esse
fato faz com que a detecção da mentira se torne difícil,
pois o interesse irá sobrepujar a busca pela verdade.

32.)
   
O investigador nas suas análises acaba
sendo tomado por alguma emoção de forma
frequente?

Aqui é uma situação na qual o investigador mesmo


tendo uma boa leitura comportamental e tenha um bom
desempenho em detectar a mentira, pode acontecer
com que inocentes sejam julgados erroneamente, o que
chamamos de falso positivo, pois está classificando
alguém como mentiroso quando na verdade está
falando a verdade.

Referências:
Bond, C. & DePaulo, B. Accuracy of Deception Judgments.
Personality and Social Psychology Review (2006), Vol. 10,
No. 3, 214 – 234.
Birdwhistel, R. L. (1970).
Kinesics and contexto.
Philadelphia: University of Pennsylvania Press.

Bruner, J. S., & Tagiuri, R. (1954). The perception of people.


In G. Lindzey (Ed.),
Handbook
of social psychology (Vol. 2,
pp. 634-654). Reading, MA: Addison-Wesley.

DePaulo, B. M., & Morris, W. L. (2004). Discerning lies from


truths: Behavioral cues to deception and the indirect
pathway of intuition.. In P. A.Granhag & L. Stromwall (Eds.),
Deception detection in forensic contexts. Cambridge:
Cambridge University Press. Chapter 2, pp. 15-40.

DePaulo, Bella. (2010). The Hows and Whys of Lies (p. 89).
Kindle Edition.

Eibl-Eibesfeldt, I. (1989).
Human ethology.
New York:
Aldine/de Gryuter.

Ekman, P. (1985).  Telling lies. New York. Norton. (Reprinted,


2009).

Ekman, P., & Rosenberg, E. L. (Eds.). (2005).


What the face
reveals.
New York: Oxford University Press.

Ekman, P., & Friesen, W.V. (2003).


Unmasking the Face: A
guide to recognizing emotions from facial clues.
Cambridge,
MA. Malor Books.

Ekman, P., O’Sullivan, M., & Frank, M. A Few Can Catch a


Liar. Psychological Science, Vol. 10, No. 3, May 1999.

Ekman, P. (1998). Introduction. In C. Darwin (1872/1998),


The expression of the emotion in man and animals.
(p. xxi-
xxxvi).
New York: Oxford University Press.
Ekman, P., & Rosenberg, E. L. (Eds.). (1997).
What the face
reveals.
New York: Oxford University Press.

Ekman, P. Why We Don’t Catch Liars. Social Research, Vol.


63, No. 3. (Fall 1996).

Ekman, P., & O’Sullivan, M. (1991). Who Can Catch a Liar?


American Psychologist, Vol. 46, No. 9, 913 – 920.

Ekman, P., Friesen, W. V., & O'Sullivan, M. (1988).  Smiles


while lying.  Journal of Personality and Social Psychology, 54,
414-420. 

Ekman, P., & Friesen, W. V. (1978).


Facial Action Code
System: A technique for the measurement of facial
movement.
Palo Alto, CA: Consulting Psychologists Press.

Ekman, P. (1973). Cross Cultural studies of facial


expressions. In P. Ekman (Ed.), Darwin
Darwin and facial
expression: A century of research in review
(pp. 169-222).
New York: Academic Press.

Ekman, P., & Friesen, W. V., & Ellsworth, P. (1972).


Emotion in
the human face: Guidelines for research and a review of
findings.
New York: Pergamon Press.

Ekman, P., & Friesen, W. V. (1971). Constants across cultures


in the face and emotion.
Journal of Personality and Social
Psychology,
17, 124-129.

Ekman, P., Sorenson, E. R., & Friesen, W. V. (1969). Pan -


Cultural elements in facial displays of emotions.
Science,
164, 86-88.

FREITAS-MAGALHÃES, A. Por Que Me Mentes? Ensaio Sobre


a Face da Mentira. Escrytos|Ed. Autor. Kindle Edition.
Inbau, F. E., Reid, J. E., Buckley, J. P., & Jayne, B. C. (2001).
Criminal interrogation and confessions (4th ed.).
Gaithersburg, MD: Aspen.  DePaulo, Bella (2010-10-20). The
Hows and Whys of Lies (p. 105). Kindle Edition.

Izard, C. E. (1971).
The face of emotion.
New York: Appleton-
Century-Crofts.

Izard, C. E. (1977).
Human emotions.
New York: Plenum
Press.

Keltner, D., & Buswell, B. N. (1997). Embarrassment: Its


distinct form and appeasement functions.
Psychological
Bulletin,
122, 250-270.

Keltner, D., & Ekman, P. (2000).


Facial Expression of
emotion.
In M. Lewis and J. Haviland – Jones (eds). Handbook
of emotions, 2
nd
edition. New York: Guildford Publication.

Klineberg, O. (1940).
Social psychology.
New York: Henry
Holt.

La Barre, W. (1947). The cultural basis for emotions and


gestures.
Journal of Personality,
16, 49-68.

Levine, T. R., Serota, K. B., & Shulman, H. C. (2010). The


Impact of Lie to Me on Viewers’ Actual Ability to Detect
Deception. Communication Research, 37(6), 847–856.
https://doi.org/10.1177/0093650210362686

Porter. S, & Brinke, L. Reading Between the Lies – Identifying


Concealed and Falsified Emotions in Universal Facial
Expressions. Vol. 19, No 5.

Porter. S, Korva. N, & Baker, A. Secrets of the Human Face:


New Insigths Into the Face and Convert Emotions.
Psychology Aotearoa.
Porter. S., Brinkle, L., & Wallace, B. Secrets and Lies:
Involuntary Leakage in Deception Facial Expressions as a
Function of Emotional Intensity.

Plutchik, R. (1962).
The emotions: Facts, theories, and a new
model.
New York: Random House.

Russell, J. A. (1994). Is there universal facial recognition of


emotion from facial expressions?: A review of cross-cultural
studies.
Psychological Bulletin, 115, 102-141.

Russell, J. A. (1997). Reading emotions from and into faces:


Resurrecting a dimensional – contextual perspective. In J. A.
Russell & J. M. Fernandez-Dols (Eds.),
The psychology of
facial expression
(pp. 295-320). Cambridge, England:
Cambridge University Press.

Scherer, K. R. & Ekman, P. (1982). Methodological issues in


studying nonverbal behaviour. In Scherer, K. R. & Ekman. P
(Eds.),
HANBOOK OF METHODS IN NONVERBAL BEHAVIOR
RESEARCH
. New York: Cambridge University Press, Pp. 45-
135.

Scholosberg, H. (1954). Three dimensions of emotion.


Psychological Review, 61, 81-88.

Tomkins, S. S. (1962).
Affect, imagery, consciousness
: Vol.
1. The positive affects, New York: Springer.

Tomkins, S. S. (1963).
Affect, imagery, consciousness
: Vol.
1. The negative effects, New York: Springer.

Tomkins, S. S., & McCarter, R. (1964). What and where are


the primary effects? Some advices for a theory.
Perceptual
and Motor Skills,
18, 119-158.
Who Can Best Catch a Liar? A Meta-Analysis of Individual
Differences in Detecting Deception. The Forensic Examiner,
Spring 2006.

Você também pode gostar