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Mussa Agapito

Teorias de Motivação Académica: uma abordagem sobre a teoria de


Expectativa-valor

Academia Militar “Marechal Samora Machel”


Nampula, 2023
Mussa Agapito

Teorias de Motivação Académica: uma abordagem sobre a teoria de Expectativa-


valor

Trabalho a ser entregue ao docente da cadeira de Motivação na


Aprendizagem, curso de mestrado em Psicopedagogia,
Academia Militar “Marechal Samora Machel”, como um dos
requisitos parciais para obtenção do grau académico de
mestrado em Psicopedagogia.

Docente: Phd Laurindo Caetano

Academia Militar “Marechal Samora Machel”

Nampula, 2022

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Índice

Introdução...............................................................................................................................4
1. Teorias de motivação académica.....................................................................................5
1.1. Teoria de Expectativa-valor........................................................................................5
1.1.1. Defensores da teoria................................................................................................5
1.1.2. Área de actuação da teoria.......................................................................................7
1.1.3. Finalidade da teoria.................................................................................................7
2. Considerações finais........................................................................................................9
3. Referências bibliográfica.................................................................................................9

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Introdução

Este trabalho visa descrever a Teoria de Expectativa-valor, relativamente aos seus


defensores, sua área de actuação e sua finalidade. Entretanto, por se tratar de uma
teoria motivacional, é importante que se perceba o conceito motivação e sua relação
com o contexto académico. Trata-se de um conceito discutido por vários autores há
vários anos e décadas, pois, a questão de motivação tem uma relação directa com a
produção e a qualidade de qualquer trabalho.

No contexto do processo de ensino e aprendizagem, acredita-se que um aluno e um


professor motivados terão maior produção e maior qualidade no desenvolvimento
das suas funções de ensinar, por parte do professor, e de apreender, por parte do
aluno. A respeito disso, Gonding e Silva (2004) cit. em Martins (2013) define a
motivação como “uma acção dirigida a objectivos, sendo auto-regulada, biológica ou
cognitivamente, persistente no tempo e activada por um conjunto de necessidades,
emoções e valores, metas e expectativas” (p.11). Compreende-se assim que os
estados motivacionais constituem forcas actuantes no interior do individuo que criam
uma disposição para se envolver a um comportamento direccionado a um objectivo.
Portanto, a motivação é um impulso que permite as pessoas a desencadear uma acção
a fim de alcançar um determinado objectivo.

Segundo Blaskova et al. (2019) cit. em Sousa (2022), a motivação académica é “a


motivação para o desenvolvimento do conhecimento dos estudantes e as
predisposições de personalidade para construir uma carreira futura (…) o que
significa que, motivar é o processo de instigar os estudantes a actividades cognitivas
produtivas e aprendizagem activa dos conteúdos de estudo” (p.6). De uma forma
mais simples, compreende-se a motivação académica como o “apetite” estudantil
para a aquisição de novas lições.

Neste sentido, é fundamental que os estudantes se revelem motivados ao exercício


das suas tarefas e responsabilidades que lhes cabem, partindo da premissa de que,
porque a motivação determina a dimensão do nosso empenho, entusiasmo e zelo
enquanto estudantes vai encontrar reflexo na performance académica, mensurada em
termos de notas obtidas.

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1. Teorias de motivação académica

As teorias da motivação dividem-se em dois, designadamente: o grupo de teorias


com foco em crenças e expectativas, que compreende as teorias da Autoeficacia, da
Atribuição da causalidade e a Teoria de Expectativa-valor, e o grupo de teorias com
foco nas razões do envolvimento, constituído pelas teorias da Autodeterminação, de
Metas de Realização e Teorias do Interesse. Neste trabalho, faz-se abordagem
descrita da Teoria de Expectativa-valor, no que se refere, especificamente, aos seus
defensores, sua área de actuação, suas características, sua finalidade e considerações
finais.

1.1. Teoria de Expectativa-valor

Segundo Cruz (2020), o termo expectativa refere-se a probabilidade de que um


esforço chegue a um resultado. A Teoria de Expectativa-valor (1957-1964) é
conhecida como uma das muitas teorias que procuram explicar as motivações
humanas e propõe que o alcance de uma meta é o resultado da multiplicação entre
três componentes: o motivo (ou necessidade de realização), a probabilidade de
sucesso (expectativa) e valor de incentivo da tarefa.

1.1.1. Defensores da teoria

Não há clareza sobre o pioneiro da Teoria de Expectativa-valor, dado que alguns


autores apontam Victor H. Vroom, e outros destacam o psicólogo Atkinson. Ainda
nesta senda, são apontados outros defensores desta teoria, nomeadamente Eccles e
Wigfield (2002), Weiner (1992) e Heckhausen (1991). Portanto, há vários autores
que falam desta teoria. Para esta abordagem, optamos pela abordagem de Gil (2013)
pelo facto de se debruçar de forma simples e clara sobre a evolução da Teoria de
Expectativa-valor.

De acordo com Roberts (2007) cit. em Gil (2013), “Atkinson (1964) propôs o
primeiro modelo formal de motivação para o sucesso, baseado nas expectativas e
valores” (p.6). É por essa razão que John William Atkinson (1923-2003) é
considerado o pioneiro da teoria motivacional de Expectativa-valor, isto é, estudo da
motivação, rendimento e comportamento em humanos.

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Para a era moderna das teorias de Expectativa-valor, Gil (2013) considera como
mentores os psicólogos Eccles (1987), Eccles et al. (1983), Feather (1988), Wigfield
& Eccles (1992, 2001), os quais incorporam os trabalhos de muitos teóricos da
motivação Bandura, (1994), Battle (1965), Covington (1992) e de Weiner (1985). É
importante sublinhar que todos esses teóricos têm por base o modelo da expectativa-
valor de Atkinson (1964), ao relacionar de forma mais directa o desempenho, a
persistência e as escolhas com as crenças relacionadas com as expectativas e com o
valor da tarefa. No entanto, estas teorias diferem da teoria da expectativa-valor de
Atkinson em inúmeros aspectos.

Weiner (1992) é outro defensor da teoria em descrição identificou a capacidade, o


esforço, a dificuldade da tarefa e a sorte como as atribuições de realização mais
importantes. O autor classificou estas atribuições em três dimensões causais: locus de
controlo, estabilidade e controlabilidade. Cada uma destas dimensões causais tem
influências específicas em vários aspectos relacionados com os comportamentos de
realização (Gil, 2013). Percebe-se, portanto, que as atribuições causais dos
indivíduos para os resultados da realização, determinam os esforços de realização
subsequentes e, por isso, são crenças chave no processo motivacional.

Por sua vez, Heckhausen (1991), no seu modelo de expectativa-valor, defende a


perspectiva de que os resultados são um produto directo das acções do indivíduo.
Estes resultados imediatos podem ou não, ter diversas consequências (por exemplo,
auto-avaliação, avaliação externa), mas não têm qualquer valor de incentivo por si
só.

Já o psicólogo Victor Vroom defende a tese de que, o que motiva e influencia o


comportamento de determinado indivíduo são os objectivos que o mesmo possui, isto
é, as metas desejadas e as expectativas para atingir esses objectivos. Para este
defensor, há três forças básicas dentro do individuo que influenciam o seu
desempenho: Expectativa (probabilidade de uma acção produzir resultados
desejados), valência (grau da importância, isto é, valor que uma pessoa atribui a
determinado objectivo e à recompensa que o sujeito espera) e instrumentalidade
(resultado a ser obtido através de uma recompensa) (Cruz, 2020).

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1.1.2. Área de actuação da teoria

Segundo Cruz (2020), a Teoria de Expectativa-valor foi marco no campo da


motivação e da Psicologia das diferenças individuais e tornou possível estudar as
variáveis que influenciam o alcance dos objectivos, nomeadamente: expectativas,
valor e motivos. Por essa razão, a Teoria de Expectativa-valor é aplicável em
diferentes áreas que envolvem a realização de metas ou objectivos, como âmbitos
académicos e organizacionais.

É por essa razão que as teorias de expectativa-valor constituem um dos enfoques


teóricos que, segundo têm oferecido suporte empírico mais forte para se estudar a
motivação em ambientes educacionais. Ou seja, o modelo de motivação expectativa-
valor tem sido utilizado, desde a sua criação, como suporte teórico para várias
investigações na área da educação matemática. Por exemplo, o trabalho dos autores
do modelo, Eccles e colegas (1983), tem como base as decisões dos adolescentes
relativamente a continuar, ou não, a ter aulas de Matemática, sendo que a autora se
interessou especialmente pelas diferenças de sexo neste processo (Pintrich &
Schunk, 2002 cit. em Ruiz, 2008).

Em consequência disso, vários estudos chegaram à conclusão de que o valor que os


alunos atribuem às suas tarefas de aprendizagem é uma variável que tem grande
influência na sua motivação e, consequentemente, no processo de ensino-
aprendizagem. Os autores explicam ainda que, sob o ponto de vista afectivo, o aluno
que está envolvido numa tarefa que valoriza positivamente sente prazer, alegria, e o
próprio envolvimento nessa tarefa é uma recompensa para ele (Ruiz, 2008).

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1.1.3. Finalidade da teoria

Segundo Gil (2013), tanto a Teoria de Expectativa-valor quanto as restantes teorias


motivacionais são um conjunto de conceitos cuja finalidade é explicar o que motiva
as pessoas e como elas podem ser motivadas. Estas teorias têm sido desenvolvidas ao
longo dos anos por vários autores e são utilizadas por muitas organizações e
empresas para a gestão de recursos humanos.

A Teoria de Expectativa-valor, como uma teoria motivacional, “visa ajudar as


instituições a melhorar o modo como gerir os seus colaboradores, uma vez que
fornece um conjunto de princípios que podem ser seguidos para alcançar esse
objectivo” (Cruz, 2020, p.56). Assim, esta teoria pode ser aplicada à gestão de
recursos humanos, no sentido de melhorar a motivação dos funcionários. Para tal, os
gestores precisam identificar as metas, crenças e valores dos seus colaboradores, bem
como as recompensas e castigos que estes consideram relevantes. A partir daí, pode-
se desenvolver um plano de acção para melhorar a motivação dos trabalhadores em
relação às suas tarefas e responsabilidades no trabalho,

Portanto, esta teoria motivacional pode ajudar na gestão de pessoas de diversas


maneiras: ela pode fornecer um entendimento mais profundo das necessidades
humanas e dos factores que influenciam o comportamento, o que pode ajudar a
melhorar as estratégias de gestão. As teorias motivacionais também podem ajudar os
governantes a criar um ambiente de trabalho mais favorável, positivo e produtivo,
incentivando os funcionários a serem mais motivados e engajados.

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2. Considerações finais

A Teoria motivacional de Expectativa-valor é uma ferramenta valiosa que pode


ajudar os gestores das instituições de diversas áreas a melhorar o desempenho de
seus funcionários. Ao atender como os trabalhadores são motivados, os gestores
podem criar um ambiente de trabalho mais positivo e produtivo, o que vai fazer com
que a instituição obtenha resultados melhores.

Contudo, depois de toda a abordagem apresentada neste trabalho, compreendeu-se


que a teoria de expectativa-valor é aparentemente idealista, dado que um número
reduzido de indivíduos percebe a relação de alto grau de desempenho e vantagens,
pelo que a aplicação da teoria de expectativa-valor é limitada.

Depois das expectativas e percepções, esta teoria enfatiza o que é verdadeiro e real é
imaterial; concentra-se em benefícios e recompensas. Trata-se de uma teoria que se
destina apenas à estravagância psicológica, em que o objectivo final da pessoa é
alcançar o prazer ideal e a menor dor.

Finalmente, é importante destacar que um desempenho alto pode provocar outros


resultados negativos como, por exemplo, cansaço, atritos entre colegas de serviço,
falta de interacção, entre outros aspectos. Por outro lado, pode causar orgulho
derivado de boa qualidade de trabalho.

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3. Referências bibliográfica

CRUZ, Ana Carolina Pereira da. (2020). A motivação académica de universitários


no contexto da expansão da educação superior no brasil: um estudo com
graduandos da universidade federal de santa catarina (ufsc). Dissertação.
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina.
GIL, Ana Paula Rosado de Sousa. (2013). O modelo de motivação expectativa-valor
na aprendizagem da estatística: um estudo com alunos do 7.º ano a partir de
dados reais. Dissertação. Lisboa: Universidade de Lisboa/Instituto de educação
MARTINS, Amada Amorim. (2013). Motivação em Vendas: pesquisa sobre
indicadores de motivação. Trabalho de conclusão de curso. Belo Horizonte:
Universidade Federal de Minas Gerais.
SOUSA, Maria Beatriz Bernardo. (2022). Motivação académica como chave do
sucesso? Uma Tentativa de Compreensão Baseada na Percepção. S.ed.
Coimbra; Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
VIANA, Gustavo Salomão e VIANA, Adriana Noronha. (2017). Motivação
académica e sua relação com o desempenho académico: um estudo com
alunos de curso de graduação em Administração. Vol.19. São Paulo: Revista
Administrativa em Dialogo/Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

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