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Vantagens:
Desvantagens:
Garófalo: Teoria do “Delito Natural” -> Defende como essência 2 coisas, probidade
(respeito pelas coisas dos outros) e piedade (respeito pela vida do outro. O crime
comum em todas as sociedades dispõe em causa os P e P.
Desvio: Comportamento que foge ao normal e é errado para cada um de nós, para a
sociedade. É tudo o que se afasta das normas sociais e que provoca uma reação
negativa a terceiros (Robert).
“O desvio como a beleza, está nos olhos de quem o vê”
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Definição normativa: A desviância é aquilo que se afasta da norma e que vai ter uma
desaprovação social de tal modo que pode haver uma sanção negativa.
Definição estatística: O desvio é algo que se afasta da média, ou seja, é algo que se
afasta do que é frequente numa sociedade em termos de números.
Ex. Aceder a sites para ver filmes é uma irregularidade e é considerado crime, no
entanto, a grande maioria das pessoas fazem isso. Por esta definição é algo correto.
(25/09, 2º aula)
Complexificação
Diferenças Crime/Desvio
➔ O crime envolve sempre uma violação de uma lei, enquanto o desvio pode
apenas violar um conjunto de normas e tradições.
➔ Crime é uma violação de uma norma formal, quanto o desvio é a violação de
uma norma informal
➔ O desvio é muito mais alargante do que o crime. O crime é grealmente
comportamental, o desvio é de atitude.
➔ Nem todos os desvios podem ser considerados crimes, mas quase todos os
crimes são desvios.
Controlo social: É o que se faz para reduzir o número de crimes numa sociedade.
Pode ser informal, feito pelos nossos números de pares (pais, amigos, igreja, escola,..),
ou formal, exercido pelo controlo de justiça (polícia, tribunais, prisões,..)
(26/09, 3º aula)
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Métodos de medição dos níveis da criminalidade
Etapas de investigação
1º Tema
2º Objeto: afunilar o tema
3º Método: recolher dados
4º Análise dos dados
5º Resultados e conclusões
Métodos quantitativos
Vantagens e objetivos
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(02/10, 4º aula)
Desvantagens
Todos estes fatores podem fazer com que quando nós olhemos para as infrações de
uma determinada estatística não corresponderam à realidade, por isso são apenas
indicadores.
Criminalidade legal: aquela criminalidade que foi alvo de uma sanção, em que houve
uma condenação
- Só quem praticou o crime é que sabe, ou seja, nós nunca vamos ter conhecimento do
crime e automaticamente ele não vai aparecer nas estatísticas. Isto traz um problema
de incidência, número de crimes que são praticados, e um problema de prevalência,
número de pessoas que praticaram os crimes. Se há crimes que nunca vão chegar às
estâncias finais, isto vai fazer com que o número de crimes que eu tenho seja menor e
o número de pessoas que os praticaram também o seja.
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- Muitas vezes as vítimas não querem denunciar o crime (vergonha, medo de
represálias, não confiança no sistema de justiça, culpa de o crime ter ocorrido, não
pretendem que o ofensor seja condenado) ou não se apercebem de que são vítimas.
Podem também existir crimes sem vítimas específicas (tráfico de droga, contrabando,
crimes ambientais e corrupção).
(03/10, 5º aula)
Efeito Funil
Crimes cometidos
Crimes denunciados
Acusação
Julgamento
Condenações
Prisão
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Enquanto criminólogos devemos utilizar a triangulação, isto é, utilizar diferentes
métodos de forma a complementar.
Dentro dos diferentes métodos os mais utilizados são os inquéritos: inquéritos de
delinquência autorrevelada e inquéritos de vitimação.
Objetivos:
2º Podem contribuir para nós termos uma aproximação aos dados reais, ao perguntar
a alguém se cometeu o crime perguntamos também se foi reportado ou não às
autoridades.
3º Permite perceber a reação social, isto é, informal, isto é quem soube e como foram
as reações, ou formal, como foram reportar e como foi o contacto com as autoridades.
Limitações e dificuldades:
4º Problemas de aplicação, isto significa que podem existir determinados fatores que
vão influenciar as respostas que as pessoas vão dar.
Ex. Se pedir a um jovem que responda ao inquérito com os pais ao lado, as respostas
vão estar condicionadas;
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5º Redação das questões, quando contruímos um questionário as questões devem ser
colocadas de forma a serem passivas de serem compreendidas para toda a população,
caso contrario, os indivíduos podem interpretar as questões à sua maneira.
Objetivos:
3º Reação social, ou seja, formal, como é que foi a relação com a polícia, que atenção a
vítima sentiu ligada ao caso, e a informal, os amigos, familiares apoiaram a vítima
nesse momento.
4º Sentimento de insegurança, como se sente quando sai à rua sozinha na sua área de
residência após escurecer.
Limitações e dificuldades:
3º Ambiguidade do vivido.
4º Aplicação
5º Crimes sem vítima, estes inquéritos não cobrem os crimes sem vítimas.
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(09/10, 6º aula)
Todos estes métodos têm fragilidades, mas também cada um destes é fundamental
para nós medirmos a criminalidade. Por isso é que, quando escolhemos um método,
convém adequarmos ao problema em questão, mas sobretudo complementar com o
máximo os métodos. (complementaridade)
Para além destes inquéritos, os investigadores também têm utilizado outros tipos de
inquéritos:
➔ Atitudes, (ex. punitividade)
➔ Opinião mais ligada à perceção.
➔ Outros comportamentos
Método experimental
Exemplo:
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Divisão aleatória: 50 para cada grupo
(10/10, 7º aula)
Méritos:
Dificuldades:
Exemplo:
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Grupo experimental: 25 pessoas
n = 50 pessoas Aleatoriamente
Grupo de controlo: 25 pessoas
Experiência:
Grupo experimental: Colocar os indivíduos a ver uma série
Grupo de controlo: Colocar os indivíduos a ver conteúdos mais neutros
Métodos qualitativos
Observação
Dificuldades:
➔ Em termos globais, fazer uma observação leva muito tempo, não podemos
apenas observar uma vez pois as conclusões não são válidas;
➔ Coloca questões éticas, isto é, se eu testemunhar um crime devo fazer queixa
ou manter-me apenas a observar;
➔ Subjetividade e objetividade, a ciência tem que ter objetiva, no entanto, ao
observar aquelas ações as nossas emoções podem acabar por influenciar os
resultados.
Quando fazemos a observação sendo participante, estamos a vivenciar as
ações, história e acontecimentos de um grupo específico. Até que ponto é que
conseguimos abstrairmos dos nossos preconceitos, emoções e manter a
neutralidade quando passamos tanto tempo com aquelas pessoas? Estamos a
observar alguém semelhante a mim, de um certo ponto estou a observar-me a
mim;
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Informação recolhida é muito complexa e variada, sendo por isso, difícil de
avaliar.
➔ Acesso ao terreno (ex. gangue)
Entrevistas
Quando fazemos entrevistas, temos que ter um guião, que pode demorar meses a ser
pensado de forma a colocar as dimensões ligadas à entrevista, ter cuidado em garantir
a confidencialidade e garantir uma relação, embora empática com a pessoa que
estamos a entrevistas, de objetividade para não condicionar as respostas.
Exemplos:
➔ Clínica
➔ Centrada Individuais
➔ Em profundidade
➔ Focus group
Análise documental
Com esta análise podemos reconstruir as histórias de vida dos indivíduos, estudamos o
processo judicial, diários, cartas, biografias.
Este método pode ser usado de forma independente ou como método complementar,
devido às fragilidades que cada método possui.
(16/10, 8º aula)
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• Positivismo (Comte): o conhecimento deve ser fundado na experiência e na
observação (ou seja, empiricamente) e não na teologia ou metafísica. Baseia-se
no método experimental e na indução (caso particular para lei geral) como
formas de produção de conhecimento. Através das leis gerais, conseguem
prever-se acontecimentos (causalmente determinados) de forma objetiva e
neutra. Deu um enorme impulso às ciências sociais;
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✓ Rejeição do pensamento metafísico e de tudo o que não é ciência (o método
científico é a forma de produção de conhecimento mais fiável no estudo do
delinquente).
(17/10, 9º aula)
PRINCIPAIS AUTORES
Pontos positivos:
✓ Rompe a conceção abstrata do homem, tornando-o passível de ser estudado;
Neutralização dos indivíduos perigosos;
✓ Aplicação dos métodos positivo e experimental no estudo do crime
(importância para a criminologia científica);
✓ Propõe uma teoria geral que explica qualquer tipo de crime.
Críticas:
. Goring condena a metodologia usada, por ser frágil e não verdadeiramente científica
(apoia a sua crítica em estudos feitos em prisões, nos quais concluiu que não há
diferenças anatómicas entre delinquentes e não delinquentes: apenas se verificaram
diferenças a nível do tamanho, peso e QI);
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. Wolfgang recusa o atavismo (não se deve atribuir esse ressurgimento a criminosos); .
. Teorias do atavismo e do tipo criminoso foram formuladas a partir de uma única
observação.
- Os criminosos perigosos devem ser eliminados, pois não são aptos (pena de morte);
Importância dos métodos indutivo e experimental (o DP não só deve ser especulativo,
como também auxiliado por um método científico, ou seja, guiado pela Criminologia);
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• A pena deve ser moderada (menos violenta), certa (sempre aplicada), célere
(rápida), proporcional ao crime e prevista na lei;
• Princípio da dissuasão, ou seja, deve-se convencer o indivíduo a não cometer
mais crimes através das prevenções geral e especial.
O Direito Penal passa, assim, a ter como objetivo não só a definição e dissuasão do
crime, mas também a alteração do comportamento delinquente através do
tratamento e da manipulação da personalidade (onde se encontravam as causas do
crime). Deve haver uma defesa social que contorne a ineficácia das penas dissuasoras
e, para tal, são propostas medidas de segurança, reeducativas e de reabilitação como
medidas preventivas do crime. Criaram-se, assim, penas indeterminadas (ou seja, vão
sendo determinadas ao longo da sua execução, conforme o tipo de delinquente e
tendo em conta a sua personalidade criminal, ou seja, o seu nível de perigosidade
durante esse tempo.
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(24/10, 11º aula)
Personalidade Criminal
Teorias:
Debuyst afirma que a personalidade assenta sobre um conjunto de traços que permite
prever o comportamento futuro de um sujeito.
Um traço, por sua vez, é uma característica que é durável e traduz-se numa disposição
para nós nos comportarmos de determinada forma.
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aceder ao vivido do outro, aceder aos significados, ou seja, à forma como eles
interpretam o ato que cometeram.
Todos nós temos um pouco, mais ao menos, destas características. A diferença está no
grau destas características que são mais assentadas no ofensor.
Egocentrismo: Caracteriza-se por uma leitura do mundo em que o único ponto de vista
válido é o meu, tendência para impormos o nosso ponto de vista sobre os outros,
tendência que considera que o nosso ponto de vista é que é legítimo, é uma
incapacidade de julgar as situações de um ponto de vista que não é o nosso. Se alguém
que adota esta postura é contrariada reage com frustração, que pode levar à
agressividade. Este traço está em todos os delinquentes, mas também existe em todos
os outros indivíduos. No conjunto dos 4 traços é considerado o que menor peso tem
na passagem ao ato. Este traço está ligado à indiferença afetiva.
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Indiferença afetiva: É a incapacidade de nós nutrirmos sentimentos de afeto, respeito,
carinho, empatia pelos outros e é marcada por uma grande insensibilidade. Raramente
sentem culpa ou compaixão pelos atos que cometeram, e no momento em que
passam ao ato não pensam no sofrimento que fizeram à vítima nem às pessoas que
fazem parte da vida da vítima. O seu ato está legitimado, devido aos níveis de
egocentrismo, o seu ponto de vista é o que conta.
Pontos favoráveis:
Esta perspetiva apenas atua sobre os delinquentes crónicos, aqueles que cometem a
maioria dos crimes. Explica o facto de os indivíduos reincidirem (conjunto de
características)
Pontos desfavoráveis:
Não explicação determinados aspetos: como explicamos que haja indivíduos que
apenas cometem 1 ou 2 crimes na sua vida, se a personalidade é tão vincada não devia
ter uma continuidade ao longo da vida? A maior parte do crime é cometida entre os 17
e os 25 anos, a nossa personalidade é diferente comparada à nossa personalidade
antes e depois, como varia assim tanto? A maior parte dos crimes são cometidos por
homens, as mulheres têm uma estrutura da personalidade diferente dos homens?
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(30/10, 12º aula)
Abordagens fenomenológicas
Características gerais
E. De Greef
Foi sendo professor que começou a escrever as suas obras, é um autor muito influente
na criminologia. Foi desde sempre opositor às teorias positivistas, fundamentalmente
porque as teorias positivistas reduziam o criminoso a um objeto, alguém que era
fortemente determinado. O autor vai tentar perceber o delinquente a partir do
próprio ponto de vista do delinquente, como este se vê a si próprio, vai tentar aceder à
sua visão do mundo. E como é que o posicionamento sobre si próprio e a sua visão do
mundo podem ajudar a passar para o ato criminoso. O homem delinquente não é
qualitativamente diferente dos outros (Pinatel dizia o mesmo, mas afirmava que
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existia uma diferença de grau). O homem delinquente pode ter algumas diferenças,
mas é a nível de grau e de intensidade. Isto não era suficiente e por esse motivo tenta
compreender e tomar o lugar do outro em vez de meramente descrever as suas
características. É necessário analisar os atos ao longo do tempo, sairmos da ordem dos
fatores e entrar na ordem dos processos, olhar para o seu vivido.
Quando analisamos esta teoria há duas questões que temos de colocar e que vão
orientar esta abordagem: Como é que acedo ao vivido do outro? Como é que eu
conheço o outro sem o reduzir a um objeto?
É fundamentalmente não apenas na sua via académica, mas sim no trabalho clínico
que vai conseguir responder a estas questões.
Prática clínica
1º Temos que perceber que existe uma identidade fundamental entre o clínico e
aquele que praticou o crime, ou seja, tanto o clínico como o outro são exatamente da
mesma natureza, são humanos, independentemente da profissão ou do papel que lhes
foi atribuído. Partilham o mesmo drama humano.
2º O outro é sempre diferente de mim, cada um de nós face aos acontecimentos reage
e sente de forma diferente. A diferença não reside em eu não ter praticado o crime e o
outro sim, mas sim porque temos uma história de vida diferente, um conjunto de
experiências que são distintas. É esta história de vida que faz com que a situações
iguais as reações e os sentimentos sejam distintos, só que, apesar de nós termos a
noção de sermos diferentes, enquanto clínicos só podemos aceder ao outro sem o
reduzir a objeto se suspendermos todos os nossos preconceitos e esquecemos da
nossa própria visão sobre quem está à minha frente, os juízos que existem sobre
aquele tipo de situações. Enquanto clínico tem que suspender o seu quadro de valores,
preconceitos se quer realmente aceder ao outro.
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um de nós temos caracteriza-se por: O ser humano é ambivalente porque a nossa
identidade é constituída por dois instintos que são opostos um ao outro, o instinto de
simpatia e o instinto de defesa.
O instinto de simpatia vai desenvolver-se a partir do amor parental, quando os
indivíduos ainda são crianças, e é um instinto que está na base da subordinação e
dedicação ao outro. Nós dedicamo-nos a alguém porque gostamos dessa pessoa,
aceitamos o outro porque gostamos dessa pessoa. Quando a criança começa a crescer,
este instinto faz com que consolidemos o respeito que temos pelos outros. Este
instinto faz parte da personalidade dos indivíduos, é algo que nos faz em termos
abstratos aceitar e respeitar o outro.
O instinto de defesa é oposto ao instinto de simpatia. Este está ligado à conservação
de nós próprios e está relacionado com o sentimento de justiça e injustiça. É o instinto
que nos permite reagir à injustiça e muitas vezes culpar os outros de alguma injustiça.
Esta reação é muitas vezes agressiva, subentende que o outro seja totalmente
reduzido a um objeto de responsabilização. Esta angústia só é ultrapassada quando
nós atribuímos a culpa os outros.
A nossa identidade vai ser construída através destes 2 instintos ambivalente. Todos
nós temos um instinto mais exacerbado em relação ao outro, dependendo das
situações concretas. A nossa identidade vai se contruindo ao longo do tempo com
estes 2 instintos. As pessoas que cometem atos delinquentes têm o instinto de defesa
superior ao de simpatia. Os delinquentes interpretam quase todas as situações como
atos de injustiça, é como se o mundo estivesse contra eles, reagindo agressivamente a
tudo. A consciência destes vai ser formada por esta estrutura, mas também há
inteligência em todos os seres humanos, isto é, não somos seres passivos e tendo
estes instintos reagimos de acordo com estes instintos, mas sim temos instintos
moderados – tomada de consciência.
A maior parte dos crimes que ocorrem acontecem devido a este sentimento de
injustiça sofrido, ou seja, o crime na maior parte das vezes é um atentado à sua
integridade. Estes indivíduos repõem a justiça face ao que eles consideram ser um
atentado à sua integridade.
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A forma como vai reagir vai depender da estrutura de personalidade (forma-se com a
integração dos instintos), relevância da situação e fundamentalmente da interpretação
que o individuo faz da situação (é um ser consciente). Nesta interpretação aos seus
próprios olhos é legítimo reagir de forma agressiva.
Temos que ter em conta que para o homem que está à nossa frente há a existência de
um código de ética e de valores que adquiriu e foi reconfigurando ao longo da sua
existência, quadro de valores. Todos nós temos um quadro de referências e se nós
temos o direito a ter um, o delinquente também tem. É a este quadro que temos que
tentar aceder. Todos nós temos o nosso sentido de justiça e moral, não sabemos tudo
que é crime ou deixa de ser, o que para nós é ético ou não, não depende das leis, mas
sim de um código moral.
Para entender o crime que foi cometido temos de olhar para este como um ponto no
processo de vida deste indivíduo. Não queremos encontrar causas diretas ou indiretas,
fatores, mas sim para o processo (a variável de tempo é crucial).
O autor vai para uma prisão na Bélgica e vai estudar homicidas, homens que mataram
as suas mulheres.
Perceber que este ato vai desenrolar-se no tempo, não é decidido num dia, é um
processo que demora até chegar ao momento do ato. É dividido em estágios:
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3- Crise e passagem ao ato, nesta fase qualquer ato devido a este constante
estado de tenção, qualquer ato menor pode desencadear a passagem ao ato. O
campo de consciência vai se estreitando. Há uma série de subprocessos:
-> Processo suicida, afasta-se da realidade e perda de contactos com o
exterior, vive para esta ideia de anulação da injustiça que sente.
-> Processo de reivindicação, para além do sofrimento e degradação física e
psicológica, fixação com a ideia, ele considera que matar a sua mulher é
reivindicar a justiça, vai projetar toda a culpa que sentia para a vítima, daí
sentir-se legitimado a matar a sua mulher. A vitima aos seus olhos é ele e não a
sua mulher, no fundo está a punir o outro por ser responsável pelo seu mal-
estar, a mulher é reduzida às suas piores características.
Perspetivas sociológicas
✓ Existem teorias que pretendem explicar a importância dos fatores sociais e
outras que acham que as bases dos comportamentos estão na desorganização
e falta de integração.
✓ Existem diferentes grupos sociais com diferentes objetivos, normas e
possibilidades.
✓ Influência das interações sociais negativas.
✓ Tensões e pressões que conduzem ao comportamento criminoso.
✓ Teorias que têm importância em programas aplicados à criminologia.
✓ Melhoria do controlo social informal
Escola Cartográfica
Guérry
Diz que ao olharmos para os níveis de criminalidade, conseguimos ter acesso à moral
destes indivíduos, da nação.
O autor desdobre que é nas regiões mais ricas onde há uma maior taxa de
criminalidade, e não nas mais pobres, como se achava. Tem a ver com um acréscimo
de oportunidade. Se há mais prosperidade, há mais oportunidade.
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Ligação negativa ente a instrução e a criminalidade. A falta de instrução não está
necessariamente ligada à criminalidade, até porque mais importante do que a
instrução escolar é a instrução moral.
Regularidade do crime em relação ao tempo e à zona, mantinham-se constantes e nas
mesmas zonas. Isto leva a pensar que o crime é normal e não patológico.
Quételet
Causas do crime:
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➔ Um dos aspetos cruciais é que é o método cientifico que os doutores operaram
para obter uma dimensão prática;
➔ Importância das estatísticas para o conhecimento das causas do crime e
previsão e controlo da população. Os governos na altura precisavam de
conhecer a população e fizeram isto com o objetivo de gerir melhor;
➔ Ideia de quebrar do que o senso comum defendia e que mesmo os próprios
governos quebravam na época, o crime dava-se principalmente nas zonas mais
pobre. Se agirmos de acordo com estereótipos vamos acabar por intervir para
as zonas com mais pobreza quando na verdade temos que gerir esforços para
as zonas mais ricas, uma vez que é lá que ocorrem a maior parte dos crimes;
➔ Regularidade do crime, o crime tem causas que estão na sociedade e se
queremos reduzir temos que perceber o que está mal e o que existe que possa
reduzir a criminalidade.
Críticas:
Gabriel Tarde
Defende que as pessoas matam ou não matam, entre outros crimes, por imitação. O
crime ocorre por imitação. Este autor foi fundamental para outros autores da
criminologia como Alberto Bandura (aprendizagem social, o comportamento humano
ocorre por imitação).
Vem de uma época pós-industrialização, uma época que fez com que os laços e as
normas tradicionais fossem quebrados. Esta quebra aumentou nas grandes cidades a
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criminalidade. Quando há um conjunto de crimes que se dão da mesma forma, estes
crimes ocorrem por imitação, e normalmente esta imitação vem de cima para baixo,
por exemplo pai para filho ou irmão mais velho para irmão mais novo. Há maior
probabilidade de imitação de comportamentos quando existe uma relação de
proximidade entre as pessoas, interação direta com os indivíduos. Há grupos sociais
que podem ser criminógenos. É no âmbito destes grupos que a criminalidade vai
acontecer.
Durkheim
Era sociólogo, mas tem trabalhos ligados ao desvio e ao crime. Defende que o crime é
normal. Desenvolve os seus estudos depois da revolução francesa e revolução
industrial.
Há um afastamento claro dos valores religiosos até esta época existem valores muito
tradicionais, valores familiares elevados, havia muita uniformidade de valores, não
havia individualismo. Com a revolução francesa há muitos valores que vão ressurgir.
Ao mesmo tempo, dá-se a revolução industrial, passa a haver uma maior mobilidade,
maior facilidade de circulação de bens e os empregos das pessoas vão se diversificar.
Há um clima que passa a ser instável até a sociedade se poder organizar novamente.
O autor vai analisar os processos sociais e perceber como é que estes podem potenciar
o desvio.
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O que é a sociedade?
A sociedade é mais que a soma dos indivíduos que a compõem. É um conjunto mais ao
menos estável e coerente que se tende a reproduzir e onde cada elemento tem uma
função a cumprir. Se os indivíduos começam a falhar nesta função, a sociedade pode
colapsar. O crime pode explicar-se pelo bom ou mau funcionamento da sociedade.
Tipos de sociedade:
Todas as sociedades são fictícias, mas servem para mostrar o antes e o depois das
revoluções, há sociedades aproximadas, mas não iguais.
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interações, voltar ao normal (lei reparadora). -> a lei visa regular as interações,
uma lei mais civil e reparadora.
Ter diferentes tipos de sociedade leva a que a caracterização dos crimes que ocorrem
seja diferente. No entanto, nas duas sociedades o crime é normal. O crime tem uma
função distinta consoante as duas sociedades.
Na sociedade mecânica tem que existir sempre o mínimo de diversidade, caso
contrário tínhamos uma sociedade autoritária sem margem de liberdade. O crime terá
como função manter a solidariedade entre os membros e reforçar a consciência
coletiva.
Nas sociedades orgânicas o crime vai ter uma nova configuração: ser um passo para o
desenvolvimento da sociedade, ou seja, o crime tem uma função de inovação e
adaptação.
Ex. crimes políticos, rem regimes autoritários há situações em que há rebeliões e que
muitas vezes se podem cometer desvios, delitos ou crimes, isto faz com que muitas
vezes se comece a questionar o regime o que pode levar a uma mudança. Isto ocorre
numa sociedade em que existe diversidade de valores.
“O crime é normal”
Anomia: Uma sociedade entra em anomia quando deixa de ter normas ou quando
deixa de ter regulação necessária para os indivíduos que a constituem. Quando temos
a passagem de uma sociedade para a outra, o que acontece é que esta transição social
rápida faz com que as leis que regulavam as ações deixem de fazer sentido e de ser
adequadas para a nova sociedade. É preciso notar que para o autor a sociedade na
batalha individuo/sociedade, é a sociedade que está sempre à frente, uma vez que, é a
sociedade que impõem a forma como nós temos de agir (ex. moeda estabelecida à
nascença; escola obrigatória). O autor defende a perspetiva de que todos nós temos
desejos constantes e infinitos, sede do infinito, aspirações que esperamos que sejam
realizadas. A sociedade vai nos controlar com as suas normas, A sede do infinito se não
é travada faz com que o individuo deixe de saber o que é bom, mau, justo ou injusto.
Durkein estuda isto com o suicídio (como uma perspetiva sociológica), tomando este
com um facto social. Não vai pensar em motivações individuais ou psicológicas, não
olha individuo a individuo, vai estudar massas, olhar para as taxas de suicídio e
correlaciona-las com indicadores: religião, estado civil, ocupação. Diz-nos que quando
olhamos para este temos que o ver através de duas forças ou vetores:
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-> Integração social, se o indivíduo está ou não integrado numa sociedade. Um
indivíduo pode suicidar-se não somente porque não se sente integrado, mas também
porque se sente integrado em excesso.
-> Regulação em termos de normas, tipo de suicídio que vai espalhar o suicídio
anónimo.
➔ Suicídio fatalista: ocorre numa situação em que há excesso de normas o que faz
com que os indivíduos percam a esperança de encontrar uma vida melhor do
que a do momento. As condições sociais não lhes dão perspetivas futuras, não
lhes dão vontade de continuar a viver. Ex. escravatura; Vetor de regulação de
normas
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