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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
3ª CÂMARA CRIMINAL
1.Trata-se de recurso de agravo interposto pelo reeducando Marcelo Henrique Caetano (mov. 75.1), por
intermédio de defensora constituída, contra a decisão proferida pela MMª. Juíza de Direito da Vara de
Execuções Penais e Corregedoria dos Presídios do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de
Maringá/PR, nos autos de execução de pena nº 0015095-08.2017.8.16.0017 (mov. 34.1), que indeferiu o
pedido da defesa para realizar a detração penal do período de 123 (cento e vinte e três) dias de prisão
preventiva e monitoração eletrônica decretado nos autos nº 0010243-67.2019.8.16.0017 em que o
recorrente foi posteriormente absolvido.
Narrou o reeducando que respondeu a processo-crime pela prática, em tese, do crime de receptação,
tendo sido absolvido ao final do processo.
Ressaltou que durante este processo-crime o reeducando foi preso por 3 (três) dias com posterior
conversão da prisão em medida cautelar diversa da prisão consistente na monitoração eletrônica,
permanecendo com esta medida por 120 (cento e vinte) dias.
PROJUDI - Recurso: 4003276-98.2020.8.16.0017 - Ref. mov. 31.1 - Assinado digitalmente por Desembargador Mario Nini Azzolini
09/01/2023: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Mario Nini Azzolini - 3ª Câmara Criminal)
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Destacou que no momento em que foi preso e obteve a monitoração eletrônica, o agravante estava
cumprindo pena definitiva em regime aberto perante o Juízo da Execução.
Destacou que é possível a realização da detração penal em processos distintos desde que o crime em que
Pontuou, inclusive, que outra Magistrada da Vara de Execuções Penais anteriormente havia concedido o
benefício ao reeducando.
Requereu, portanto, a realização da detração penal referente ao período em que permaneceu sob
monitoramento eletrônico nos autos nº 0010243-67.2019.8.16.0017 pelo período de 123 (cento e vinte e
três) dias (mov. 75.1/0015095-08.2017.8.16.0017 - SEEU).
O Ministério Público do Estado do Paraná apresentou contrarrazões pugnando pelo conhecimento e pelo
desprovimento do recurso, com a manutenção da decisão atacada (mov. 78.1/0015095-08.2017.8.16.0017
- SEEU).
O Magistrado a quo, em juízo de retratação, manteve a decisão agravada por seus próprios e jurídicos
fundamentos (mov. 81.1/ 0015095-08.2017.8.16.0017/SEEU).
É o relatório.
2.O juízo de admissibilidade do recurso é positivo, uma vez que estão presentes os pressupostos
objetivos (previsão legal, adequação, observância das formalidades legais e tempestividade) e
subjetivos (legitimidade e interesse para recorrer).
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albergado, ou, se não existir na comarca, a sua residência; f) recolher-se à
casa do albergado aos domingos e feriados, ou em sua residência, caso não
exista casa do albergado na comarca onde residir; g) não se ausentar da cidade
onde reside por prazo superior a 08 dias sem prévia autorização judicial. A
É sabido que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça admite a realização da detração penal em
processos distintos, desde que a segregação seja posterior aos delitos em que o agravante cumpre pena e
que requer a incidência do instituto. Nesse sentido:
PROJUDI - Recurso: 4003276-98.2020.8.16.0017 - Ref. mov. 31.1 - Assinado digitalmente por Desembargador Mario Nini Azzolini
09/01/2023: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Mario Nini Azzolini - 3ª Câmara Criminal)
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EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.
CRIME DE HOMICÍDIO. DETRAÇÃO. PRISÃO CAUTELAR RELATIVA A
PERÍODO ANTERIOR AO DELITO. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO
DESPROVIDO. 1. Admite-se a detração, inclusive em processos distintos,
No presente caso, o agravante estava cumprindo pena definitiva por crimes anteriores em regime aberto
perante o Juízo da Execução (autos nº 0015095-08.2017.8.16.0017), quando, em 03.05.2019, o
reenducando foi preso em flagrante pela prática, em tese, do crime de receptação (autos nº 0010243-
67.2019.8.16.0017), sendo convertida a prisão em flagrante em preventiva (mov. 12.1). No dia
06.05.2019, o Magistrado a quo concedeu liberdade provisória ao agravante, mediante a aplicação de
medidas cautelares diversas da prisão, dentre elas, monitoração eletrônica (mov. 19.2).
O reeducando permaneceu em monitoração eletrônica por 120 (cento e vinte) dias, de 06.05.2019 a
06.09.2019, eis que em 06.09.2019 sobreveio sentença absolutória (mov. 147.1), com trânsito em
julgado em 27.09.2019 (mov. 157).
PROJUDI - Recurso: 4003276-98.2020.8.16.0017 - Ref. mov. 31.1 - Assinado digitalmente por Desembargador Mario Nini Azzolini
09/01/2023: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Desembargador Mario Nini Azzolini - 3ª Câmara Criminal)
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Da análise dos autos de execução, verifica-se que não houve comunicação do Juízo Criminal ao Juízo
da Execução sobre a nova prisão e a medida cautelar de monitoração eletrônica. Sendo assim, mesmo
durante o período em que o agravante esteve preso preventivamente e sob monitoração eletrônica, o
reeducando permaneceu cumprindo as condições impostas ao regime aberto perante o Juízo da
Dessa forma, em que pese haver pena a ser cumprida por crimes anteriores ao período de prisão
preventiva e de monitoramento eletrônico em processo-crime que o acusado foi absolvido, não houve
interrupção da execução da pena.
Sendo assim, não é possível computar concomitantemente o período cumprido na execução da pena e o
período de prisão preventiva e monitoração eletrônica imposta em processo-crime para fins de detração
penal, eis que não é permitido computar duas penas concomitantemente.
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(AgRg no HC n. 690.689/SP, Relator Des. Conv. do TJDFT, Quinta Turma,
julgado em 19/10/2021, DJe de 4/11/2021)
Sendo assim, considerando que a execução da pena continuou enquanto o agravante permaneceu preso
e sob monitoração eletrônica, não há como computar aquele período mais de uma vez para fins de
3.Voto, portanto, para conhecer e negar provimento ao recurso, nos termos da fundamentação.
O julgamento foi presidido pelo Desembargador José Carlos Dalacqua, com voto, e dele participaram
Desembargador Mario Nini Azzolini e Desembargador Ruy Alves Henriques Filho.
Relator