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Poder Judiciário da União

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS

Gabinete do Des. Roberto Freitas Filho

Número do processo: 0715608-25.2023.8.07.0000


Classe judicial: RECLAMAÇÃO (12375)
RECLAMANTE: JOSE ROBERTO ARRUDA
RECLAMADO: JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA DA FAZENDA PÚBLICA DO DF

DECISÃO

Trata-se de reclamação com pedido de liminar, formulada por JOSÉ ROBERTO ARRUDA em face de
decisão exarada pelo Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal que, em ofensa aos acórdãos
proferidos pela 1ª Câmara Cível desse Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios nos
julgamentos do Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e da Reclamação
0723245-66.2019.8.07.0000, determinou o sobrestamento da suspensão processual no processo n.º
0052807-83.2014.8.07.0018, nos seguintes termos (ID 154667970 na origem):

Cuida-se de ação de improbidade administrativa, cujas partes encontram-se qualificadas nos autos.

Houve suspensão do trâmite processual, conforme decisão proferida em Segundo Grau nos autos dos
processos, Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e Reclamação nº
0723245-66.2019.8.07.0000.

O referido Mandado de Segurança, julgado pela 1ª Câmara Cível do e. TJDFT, traz a seguinte ementa:

DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROVA EMPRESTADA. JUÍZO CRIMINAL. EFEITOS
NAS ESFERAS CÍVEL E ADMINISTRATIVA. SUSPENSÃO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE.
REALIZAÇÃO E CONCLUSÃO DE PERÍCIA NO EQUIPAMENTO E CONTEÚDO. NATUREZA
COMPLEXA DA LEI 8.429/1992. LIMITES DA INDEPENDÊNCIA ENTRE INSTÂNCIAS.
DIREITO LÍQUIDO E CERTO DEMONSTRADO. SEGURANÇA CONCEDIDA. AGRAVO
INTERNO PREJUDICADO.1. Mesmo não estando expressamente prevista no rol do Art. 5º da Lei
12.016/2009 a possibilidade de impugnação pelo mandado de segurança, diante da modificação do tempo da
recorribilidade das decisões, da limitação trazida pelo rol do Art. 1.015, bem como, da urgência em face
apreciação de uma situação em que se discute a utilização de prova emprestada - fundamental ao deslinde do
feito, sobretudo em relação à segurança jurídica e à preservação dos direitos da parte, especificamente, às
garantias constitucionais - a via do mandado se impõe, até como medida para evitar prováveis prejuízos para
a colheita da prova, caso o Impetrante tivesse que aguardar o deslinde processual na ação de improbidade e
exercitar impugnação via recurso de apelação.2. A controvérsia situa-se na aferição da legalidade do
prosseguimento da ação de improbidade enquanto as provas técnicas ainda estão sendo objeto de análise no

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processo criminal, bem como no debate sobre a extensão da repercussão doa prova emprestada como
elemento probatório nas ações de improbidade.3. A Lei 8.429/1992 possui natureza complexa, que engloba
ratio civil, administrativa e penal, na medida em que atribui sanções contundentes (perda ou suspensão de
direitos políticos), ante a retributividade em face de lesões igualmente graves, típicas da esfera penal. 4. No
caso de uma ação de improbidade, cuja natureza é manifestamente complexa, a apreensão de independência
cede espaço para a intersecção de instâncias, na qual o deslinde em um procedimento – no caso, penal – traz
efeitos diferidos para a outra esfera – ação de improbidade, devendo-se atentar aos limites de independência
entre esferas.5. Existindo implicação na colheita da certificação de autenticidade da prova pericial no juízo
criminal de origem ante a possibilidade de reconhecimento judicial de imprestabilidade de prova, o resultado
pode ser o impacto diferido no deslinde da ação de improbidade em que o material é utilizado como prova
emprestada.6. Concedida a segurança para se suspender a ação de improbidade até a efetivação da
perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos áudios e vídeos (gravações ambientais)
referenciados no IPL 650/DF e presentes nas ações criminais suspensas.7. Segurança concedida. Agravo
interno julgado prejudicado.

Em observância à ordem superior, houve a suspensão de ações de improbidade administrativas sobre o


mesmo fato, em trâmite neste juízo, quais sejam, 0048409-93.2014.8.07.0018; 0048824-76.2014.8.07.0018;
0048829-98.2014.8.07.0018; 0048404-71.2014.8.07.0018; 0048831-68.2014.8.07.0018;
0010239-23.2012.8.07.0018; 0048406-41.2014.8.07.0018; 0048408-11.2014.8.07.0018;
0048410-78.2014.8.07.0018 e 0052807-83.2014.8.07.0018.

Nos termos do dispositivo do acórdão proferido no MS 0707896-57.2018.8.07.0000, a


suspensão encontrava-se limitada à efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos
áudios e vídeos (gravações ambientais) referenciados no IPL 650/DF e presentes nas ações criminais
suspensas.

O MPDFT, nos autos do processo 0048410-78.2014.8.07.0018, informou que houve a apreciação da perícia
pelo Juízo Criminal competente.

Ato contínuo, o Juízo da 7ª Vara Criminal informou naqueles autos (processo 0048410-78.2014.8.07.0018)
que, em 17.3.2023, proferiu sentença declarando extinta a punibilidade em face da prescrição da pretensão
punitiva estatal pela pena em abstrato nos autos nº. 0031585- 47.2013.8.07.0001 e que, ainda, restam 09
(nove) ações penais pendentes de julgamento de mérito, vinculadas à operação denominada “Caixa de
Pandora” (feitos PJe 0012400-86.2014.8.07.0001, 0012395-64.2014.8.07.0001, 0012357-52.2014.8.07.0001,
0012369-66.2014.8.07.0001, 0012379- 13.2014.8.07.0001, 0012397-34.2014.8.07.0001,
0012398-19.2014.8.07.0001, 0012404-26.2014.8.07.0001, 12391-27.2014.8.07.0001).

No referido ofício houve a informação pelo Juízo da 7ª Vara Criminal que as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos. Todavia, não houve análise, pelo juízo criminal, em sentença, sobre a
ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador.

De acordo com a jurisprudência do STJ, as esferas penal e administrativa são independentes, de modo que a
solução conferida na ação criminal não interfere no julgamento da demanda por improbidade administrativa,
excetuando-se os casos em que se reconhece a inexistência do fato ou a negativa de autoria (EDcl no AgInt
no AREsp 0018437-66.2009.8.16.0030 PR 2014/0299597-5).

No caso, já houve a efetivação da perícia no juízo criminal, fato que obstava o prosseguimento dos processos.
A apreciação da prova para fins de convencimento do magistrado deverá ser analisada de forma independente
por cada juízo competente ao tempo da prolação da sentença.

Nesse sentido, constata-se que não há mais óbice para o prosseguimento das ações de improbidades descritas,
inclusive quanto a estes autos.

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Intimem-se as partes para que apresentem alegações finais. Prazo 15 dias, réus e 30 dias, já inclusa dobra,
para o MPDFT e o DF.

Após, voltem-me para sentença.

Registre-se o sobrestamento de suspensão.

Alega o Reclamante que: (a) a reclamação visa garantir a autoridade das decisões do tribunal; (ii) o juízo de
origem proferiu a decisão reclamada em violação à autoridade dos acórdãos proferidos pela 1ª Câmara Cível
nos autos do MS 0707896-57.2018.8.07.0000 e da Rcl 0723245-66.2019.8.07.0000; (iii) no caso concreto,
rememorando o tema, trava-se histórica contenda defensiva que visa à realização de provas periciais nas
mídias apresentadas por corréu delator, bem como nos equipamentos eletrônicos supostamente utilizados
para captação; elementos probatórios estes que foram trazidos à presente ação civil de improbidade por
empréstimo, tudo no âmbito da cognominada operação CAIXA DE PANDORA; (iv) destaca-se que no ano
de 2016 o colendo STJ determinou “a realização de perícia no aparelho utilizado para captação da escuta
ambiental” no âmbito do RHC 68.893/DF, posteriormente incorporado pela RCL 34.135/DF; (v) requereu do
douto juízo reclamado a suspensão do curso processual das ações de improbidade cujas provas haviam sido
trazidas por empréstimo ou, subsidiariamente, a determinação de realização de perícia autônoma nessa esfera
cível, conforme a garantia constitucional ao contraditório (art. 5º, LV, da CF); (vi) o pleito defensivo foi
indeferido, com base na independência das instâncias criminal e administrativa, razão pela qual a análise da
prova pericial no juízo de origem não afeta a análise da prova no juízo de destino; (vii) com isso, impetrou o
Mandado de Segurança 0707896-57.2018.8.07.0000 no qual demonstrou inequivocamente a teratologia da
decisão que indeferira a suspensão da ação destinatária da prova até que o contraditório fosse efetivado na
origem; (viii) ao julgar referido mandamus, essa colenda 1ª Câmara Cível exarou o primeiro v. acórdão que
ora se pretende garantir a autoridade, pelo qual concedeu a segurança pleiteada e, assim, determinou a
suspensão da ação de improbidade até a efetivação e a apreciação da prova pelo juízo da 7ª Vara Criminal;
(ix) a determinação foi cumprida e, posteriormente, no anseio de dar prosseguimento ao feito, o juízo
reclamado determinou a expedição de ofício “ao juízo da 7ª Vara Criminal de Brasília para que informe se
houve a efetivação da perícia e sua apreciação” (Despacho ACIA 0048404-71.2014.8.07.0018); (x) o juízo
criminal informou objetivamente que “houve a efetivação da perícia e, por outro lado, a apreciação deste
juízo a respeito das controvérsias entre perícia oficial e pareceres técnicos-periciais de assistentes técnicos
foi alçada para o momento processual adequado que, aos olhos deste signatário, é na sentença” (Ofício
0048404- 71.2014.8.07.0018); (xi) o juízo reclamado proferiu decisão em que revogou a suspensão do
processo “diante da informação prestada pelo juízo criminal de que houve apreciação por aquele juízo sobre
a perícia realizada, não mais razão ou causa que justifique a suspensão do processo” (Decisão
0052807-83.2014.8.07.0018); (xii) ajuizou, então, a Reclamação 0723245- 66.2019.8.07.0000 para garantir a
autoridade do acórdão exarado em sede do mandamus mencionado, diante da manifesta ofensa à
determinação dessa colenda Câmara, já que a perícia ainda não havia sido apreciada na esfera criminal, como
expressamente informado pelo juízo da 7ª Vara Criminal de Brasília; (xiii) a 1ª Câmara Cível exarou o
segundo acórdão que ora se pretende garantir a autoridade, tendo reconhecido a ofensa apontada pelo
reclamante, e expressamente consignado que o momento para apreciação da validade/autenticidade das
provas periciais é na sentença; (xiv) uma vez mais o juízo ora reclamado determinou a retomada da marcha
processual da ação civil de improbidade, sob o mesmo fundamento de que a apreciação da perícia já havia
ocorrido, contrariamente ao que novamente informou o juízo criminal, e em violação aos dois acórdãos
exarados por essa colenda Câmara Cível; (xv) no corrente ano o juízo reclamado determinou nova expedição
de ofício ao juízo criminal para que informasse “se a perícia foi efetivada e apreciada, para fins de
prosseguimento das ações de improbidade”; (xvi) informou-se outra vez que “as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos, todavia ainda não foram apreciadas em sede de decisão judicial, tão pouco
houve ainda análise judicial sobre a ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador”; (xvii) o juízo
fazendário proferiu a decisão ora reclamada tendo determinado o sobrestamento da suspensão do tramite
processual por entender que “a apreciação da prova para fins de convencimento do magistrado deverá ser

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analisada de forma independente por cada juízo competente ao tempo da prolação da sentença” – em
manifesta violação às determinações dessa c. 1ª Câmara Cível; (xviii) a decisão reclamada violou os v.
acórdãos proferidos no julgamento do mencionado mandado de segurança e da citada reclamação, já que a
determinação expressa é de que se aguarde a apreciação da prova emprestada pelo juízo criminal, o que
somente ocorrerá com a vindoura prolação da sentença; (xix) foram opostos embargos de declaração com
efeitos infringentes, para que se considerasse o julgamento da reclamação anteriormente ajuizada e, assim,
fosse mantida a suspensão processual, estando os autos atualmente conclusos para decisão; (xx) a 1ª Câmara
Cível concedeu à unanimidade a segurança pleiteada no MS 0707896-57.2018.8.07.0000, determinando que
o e. juízo fazendário suspendesse o trâmite da ação de improbidade até que no âmbito da ação penal se
efetivasse o contraditório e se apreciasse a validade e a autenticidade sobre a prova ali produzida,
posteriormente carreada aos autos da ação de improbidade por empréstimo; (xxi) naquela oportunidade, todos
os eminentes desembargadores dessa c. 1ª Câmara Cível acompanharam o judicioso voto de Vossa
Excelência na relatoria do writ; (xxii) como se observa dos excertos acima expostos, a questão não pode ser
solucionada com a simples invocação da independência das esferas cível, administrativa e penal; (xxiii) isso
porque o elemento informativo cuja perícia foi determinada na esfera penal foi colacionado aos autos da ação
de improbidade de origem por meio de empréstimo, de modo que eventual invalidação da prova naquele
âmbito certamente acarretará consequências no julgamento da ação de improbidade; (xxiv) destaca-se, ainda,
que não se trata da valoração da prova, o que realmente pode atrair o argumento de independência das
instâncias, mas sim da apreciação da validade e da autenticidade da prova; (xxv) em outras palavras, só
poderá o juízo fazendário considerar a prova emprestada, e aí sim valorá-la, se ela for convalidada pelo juízo
criminal, onde foi produzida; (xxvi) a discussão que se trava no âmbito criminal cuida justamente da validade
dos áudios e vídeos apresentados pelo delator, diante da inequívoca quebra da cadeia de custódia desses
elementos indiciários, gravados por equipamentos extraoficiais e manipulados pela inserção de tarjas e
realização de cortes; (xxvii) como bem consignado no voto proferido por essa Relatoria no caso de uma ação
de improbidade, cuja natureza é manifestamente complexa, a apreensão de independência cede espaço para a
intersecção de instâncias, na qual o deslinde em um procedimento – no caso, penal – traz efeitos diferidos
para a outra esfera – ação de improbidade; (xxviii) este raciocínio vem ganhando cada vez mais espaço, como
se observa, v.g., do art. 21, § 4º, da Lei 8.429/92, inserido recentemente pela Lei 14.230/2021, segundo o
qual “a absolvição criminal em ação que discuta os mesmos fatos, confirmada por decisão colegiada, impede
o trâmite da ação da qual trata esta Lei, havendo comunicação com todos os fundamentos de absolvição
previstos no art. 386 do Decreto-Lei nº 3.689”; (xxix) se até a absolvição confirmada por decisão colegiada
impede o trâmite da ação de improbidade, não resta dúvida de que a prova emprestada do âmbito criminal par
ao âmbito da improbidade deve ser previamente convalidada por aquele juízo; (xxx) de mais a mais, como
relatado em linhas volvidas, a ofensa ao acórdão do mandado de segurança já foi objeto da Reclamação
0723245-66.2019.8.07.0000, tendo essa c. 1ª Câmara Cível reconhecido a violação apontada e, assim, dado
provimento à reclamação à unanimidade; (xxxi) verifica-se, pois, desse julgamento, que a apreciação da
validade/autenticidade das provas periciais se dará em sede de sentença, como informado pelo próprio juízo
criminal e definitivamente asseverado pela 1ª Câmara Cível, de modo que as ações de improbidade devem
permanecer suspensas até que isso ocorra; (xxxii) não obstante a concessão da ordem pleiteada no mandado
de segurança impetrado e o provimento da reclamação anteriormente ajuizada, o juízo fazendário proferiu a
decisão reclamada, em que determinou o sobrestamento da suspensão processual, sem que houvesse sido
apreciada a validade/autenticidade prova pericial pelo juízo criminal, conforme informações prestadas;
(xxxiii) o que se extrai da decisão reclamada é que o juízo ora reclamado – ao considerar a determinação de
que se aguarde a apreciação da prova pelo juízo criminal e a informação daquele juízo de que ainda não
houve análise sobre a ilicitude dos vídeos – determinou o prosseguimento do feito, sob o fundamento de que
houve a efetivação da perícia e a sua apreciação deve ser analisada por cada juízo competente, em razão da
independência das instâncias; (xxxiv) a ofensa aos acórdãos apontados, portanto, é incontestável, pelos
próprios termos da decisão reclamada, em que o juízo fazendário reconhece a determinação desse TJDFT de
que se aguarde a apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal, a qual ainda não ocorreu, apesar de determinar a
retomada da marcha processual; (xxxv) visando afastar o fundamento do julgamento do mandado de
segurança e dar prosseguimento ao feito, insistiu o juízo reclamado em embasar o sobrestamento da
suspensão na independência das instâncias criminal e administrativa; (xxxvi) o que também não é cabível,
uma vez que do teor do voto do Relator se extrai o entendimento de que “no caso de uma ação de

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improbidade, cuja natureza é manifestamente complexa, a apreensão de independência cede espaço para a
intersecção de instâncias, na qual o deslinde em um procedimento – no caso, penal – traz efeitos diferidos
para a outra esfera – ação de improbidade”; (xxxvii) existe óbice para o prosseguimento da ação de
improbidade, tendo em vista ela se valer, de maneira central, da prova emprestada cuja autenticidade ainda
resta pendente de análise.

Ao final, requer: (a) medida liminar para a suspensão do prazo para a apresentação das alegações finais
aberto pela decisão reclamada, conforme art. 300 do CPC; (ii) medida liminar para o fim de sobrestar a
marcha processual da ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, em trâmite perante a 2ª Vara de
Fazenda de Brasília, até o julgamento da reclamação; (iii) requisição de informações acerca do ato
impugnado perante a 2ª Vara de Fazenda de Brasília; (iv) notificação do representante do Ministério Público
do Distrito Federal, a fim de que oficie nos autos como fiscal da lei.

No mérito, requer seja julgada procedente a presente Reclamação, para reformar o ato impugnado,
notadamente a decisão proferida pelo eminente Juiz de Direito da 2ª Vara de Fazenda de Brasília nos autos da
ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, determinando a suspensão do trâmite processual até a
apreciação da prova pericial pelo juízo da 7ª Vara Criminal de Brasília, de modo a garantir a autoridade dos
acórdãos exarados pela 1ª Câmara Cível quando do julgamento do Mandado de Segurança 0707896-
57.2018.8.07.0000 e da Reclamação 0723245- 66.2019.8.07.0000.

Preparo recolhido (ID 46093176).

É o relatório.

DECIDO.

DOS REQUISITOS EXTRINSECOS E DO CABIMENTO

A presente reclamação é cabível, tendo em vista a regra inserta no Art. 988, II do CPC, bem nos termos do
art. 196, II e seguintes do RITJDFT, uma vez que se trata de instrumento processual adequado para garantir a
autoridade de julgado da 1ª Câmara Cível desse Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios,
materializado no Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e na Reclamação
0723245-66.2019.8.07.0000, quanto ao sobrestamento da ação de improbidade n.º
0052807-83.2014.8.07.0018.

A petição veio instruída com documentos, nos termos do art. 197 do RITJDFT, tendo o Reclamante
apontado, nos termos dos arts. 988, II do CPC e art. 196, II do RITJDFT, a inobservância, por parte da
autoridade reclamada, de decisão do Tribunal.

Constam do feito os seguintes documentos: (i) acórdão do MS 0707896-57.2018.8.07.07.000 (ID 46093177);


(ii) acórdão da RCL 0723245-66.2019.8.07.0000 (ID 46093178); (iii) decisão expedindo ofício à 7ª Vara
Criminal (ID 46093179); (iv) ofício encaminhado pelo juízo da 7ª Vara Criminal à 2ª Vara de Fazenda
Pública do Distrito Federal (ID 46093180); (v) decisão de sobrestamento da suspensão (ID 46093181), além
da ação de improbidade número 0052807-83.2014.8.07.0018 (IDs 46093182 a 460945561).

DA TUTELA DE URGÊNCIA

Primeiramente se destacam dois pedidos ventilados pelo Reclamante em sua peça, a saber: (i) suspensão do
prazo para a apresentação das alegações finais aberto pela decisão reclamada, conforme art. 300 do CPC; (ii)

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sobrestamento da marcha processual da ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, em trâmite
perante a 2ª Vara de Fazenda de Brasília, até o julgamento da reclamação, sendo que o último vem descrito
na peça como pontual pedido, descrito na alínea “a”.

Considerando (i) que o pedido de liminar descrito nos itens especificados faz menção expressa à suspensão
da ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018 (alínea “a”); (ii) que a suspensão da marcha
processual alberga o pedido de suspensão de todo e qualquer prazo, tendo em vista que, em tese, o
sobrestamento incidente ao processo é integral; (iii) as disposições do art. 322, §2º do CPC, procederei à
análise considerando o conjunto da postulação para apreciar o pedido de sobrestamento da ação de
improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018.

A tutela de urgência deve ser concedida quando estiverem presentes elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, de acordo com o
disposto no artigo 300 do CPC.

Destaco que os requisitos estabelecidos no Art. 300 do CPC devem estar presentes de maneira concomitante
para que haja deferimento da medida liminar em sede de tutela de urgência.

Nesse sentido, confira-se entendimento deste TJDFT:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. LICITAÇÃO. DECISÃO QUE REVOGOU


TUTELA DE URGÊNCIA ANTERIORMENTE CONCEDIDA. EQUIVOCADA. PREENCHIMENTO DE
REQUISITO DO EDITAL. NÃO COMPROVAÇÃO. TUTELA ANTECIPADA. AUSÊNCIA DE
PROBABILIDADE DO DIREITO. REVOGAÇÃO. MANUTENÇÃO. 1. Considerando que o edital faz
previsão expressa acerca da necessidade de comprovação de que os responsáveis técnicos tenham executado
obras com características relativas a metros quadrados, equivocada a decisão do magistrado a quo que
utilizou como parâmetro metros cúbicos. 2. Para a concessão de tutela antecipada, faz-se necessário o
preenchimento, concomitante, dos requisitos expostos no artigo 300 do Código de Processo Civil, quais
sejam: probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo. 3. Não restou
provado nos autos o preenchimento pela agravante do requisito referente à comprovação de experiência em
colocação de piso em granitina 2.700m², razão pela qual a manutenção da decisão que revogou a tutela
antecipada é medida mais adequada, ante a ausência da probabilidade do direito. 4. Recurso conhecido e
improvido.

(Acórdão n.1093649, 07038060620188070000, Relator: ANA CANTARINO 8ª Turma Cível, Data de


Julgamento: 03/05/2018, Publicado no DJE: 08/05/2018)[g.n]

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. TUTELA DE URGÊNCIA ANTECIPADA


EM CARÁTER ANTECEDENTE. DEFERIMENTO EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. ENTREGA DE
DOCUMENTOS. AUSÊNCIA DE PROBABILIDADE DO DIREITO E DO PERIGO DE DANO OU RISCO
AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO. DECISÃO REFORMADA. 1. O art. 300 do Código de Processo
Civil permite a concessão de tutela de urgência desde que haja elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 2. É cediço que, para a concessão de
tutela de urgência antecipada em caráter antecedente, faz-se necessária a presença concomitante dos
requisitos genéricos do fumus boni iuris e periculum in mora: o primeiro relativo à plausibilidade, aferida
em cognição sumária, da pretensão veiculada no processo (sua probabilidade de êxito) e o segundo
consistente no risco de dano irreparável que, em uma análise objetiva, mostre-se concreto e real. 3.
Documento trazido pela Agravante que reduz significativamente a probabilidade da existência do direito
alegado pela Agravada na petição inicial, que lastreou a decisão agravada. Isso não impede, todavia, que no
Feito original, após instrução probatória, entenda-se de modo diverso quando da apreciação do pedido de
tutela final. 4. Também não se verifica, em sede de cognição sumária, o alegado periculum in mora, pois o

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risco de dano apto a lastrear a presente medida, analisado objetivamente, deve se revelar real e concreto,
não sendo suficiente, para tal, o mero temor subjetivo da parte. Agravo de Instrumento provido.

(Acórdão n.1038254, 07007292320178070000, Relator: ANGELO PASSARELI 5ª Turma Cível, Data de


Julgamento: 10/08/2017, Publicado no DJE: 18/08/2017)[g.n.]

No presente caso, em análise preliminar própria desse momento de estreita cognição em sede de pedido de
tutela, bem como a partir (i) das alegações do Reclamante, (ii) do rol documental carreado ao processo, (iii)
do acesso direto os autos na origem, vislumbro estarem presentes, de forma concomitante, os requisitos
para a concessão da tutela pretendida, muito embora o tema ainda mereça o aguardo do exame do mérito
da reclamação para a apreciação mais verticalizada da matéria.

Isso porque o Reclamante expõe como probabilidade de direito a inobservância, por parte do Juízo da 2ª
Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, quanto ao sobrestamento da ação de improbidade n.º
0052807-83.2014.8.07.0018 que se efetivou no acórdão no Mandado de Segurança n.º
0707896-57.2018.8.07.0000 (ID 46093177) e, posteriormente, no acórdão proferido na Reclamação n.º
0723245-66.2019.8.07.0000 (ID 46093178).

O pano de fundo recorrente em todo esse contexto processual diz respeito à apreciação dos laudos periciais
dos áudios e vídeos (gravações ambientais) referenciados no IPL 650/DF, tendo em vista o entendimento
do Juízo reclamado acerca da desnecessidade de se aguardar o pronunciamento do Juízo Criminal para que se
ultime a análise do mérito da ação de improbidade, tratando-se de prova emprestada cuja análise no juízo de
origem não afetaria a apreciação por parte do juízo de destino.

É o que se verifica em algumas das decisões exaradas e informações prestadas pelo referido juízo acerca do
tema: (i) decisão constante do ID 4257385 no MS 0707896-57.2018.8.07.0000; (ii) informação prestada pelo
Juízo reclamado no ID 4388279 no MS 0707896-57.2018.8.07.0000; (iii) decisão constante no ID 12190785
na RCL 0723245-66.2019.8.07.0000; (iv) informação prestada pelo Juízo reclamado no ID 12898240 na
RCL 0723245-66.2019.8.07.0000.

De fato, o Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 (ID 46093177) traz em seu dispositivo o
seguinte comando: “(...) Por todo o exposto, deve ser concedida a segurança, suspendendo-se a ação de
improbidade número 2014.01.1.200571-0 até a efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara
Criminal dos áudios e vídeos (gravações ambientais) referenciados no IPL 650/DF e presentes nas ações
criminais suspensas(...)”, ao passo que a Reclamação n.º 0723245-66.2019.8.07.0000 (ID 46093178)
posteriormente garantiu a eficácia do julgado, ao determinar que: “(...) Ante o exposto, JULGO
PROCEDENTE a reclamação e IMPROCEDENTE o agravo de instrumento para garantir a eficácia da
decisão proferida no Mandado de Segurança n. 0707896-57.2018.8.07.0000 que determinou a suspensão da
ação de improbidade n. 0052807-83.2014.8.07.0018 em tramitação no juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública
do DF(...)”.

Em ambos os julgados, o dispositivo faz menção expressa à determinação de sobrestamento ação de


improbidade n. 0052807-83.2014.8.07.0018 na origem até a efetivação de perícia e apreciação por parte
do juízo criminal, por reconhecer a Câmara, no caso da Reclamação, violação à autoridade de acórdão
prolatado por esse órgão.

Por outro lado, consta dos autos no ID 46093179 ofício exarado pelo Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública –
onde tramita a ação de improbidade n. 0052807-83.2014.8.07.0018 - solicitando do Juízo da 7º Vara Criminal
informações sobre a perícia em questão, “(...) para fins de prosseguimento das ações de improbidade (...)”,
informações fornecidas de acordo com o ID 46093180:

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(...)2. Inicialmente, cumpre informar que, em 17.3.2023, proferi sentença declarando extinta a punibilidade
em face da prescrição da pretensão punitiva estatal pela pena em abstrato nos autos nº. 0031585-
47.2013.8.07.0001.

3. Por outro lado, ainda restam 09 (nove) ações penais pendentes de julgamento de mérito, vinculadas à
operação denominada “Caixa de Pandora” (feitos PJe 0012400-86.2014.8.07.0001,
0012395-64.2014.8.07.0001, 0012357-52.2014.8.07.0001, 0012369-66.2014.8.07.0001, 0012379-
13.2014.8.07.0001, 0012397-34.2014.8.07.0001, 0012398-19.2014.8.07.0001, 0012404-26.2014.8.07.0001,
12391-27.2014.8.07.0001).

4. Nessas ações, as perícias requeridas já foram efetivadas e juntadas aos autos, todavia ainda não
foram apreciadas em sede de decisão judicial, tão pouco houve ainda análise judicial sobre a ilicitude
dos vídeos apresentados pelo colaborador.(...) [G.N]

Diante disso, o Juízo reclamado proferiu a seguinte decisão, ao fundamento de independência entre as
esferas penal e administrativa, conforme consta da decisão abaixo (ID 46093181):

Cuida-se de ação de improbidade administrativa, cujas partes encontram-se qualificadas nos autos.

Houve suspensão do trâmite processual, conforme decisão proferida em Segundo Grau nos autos dos
processos, Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e Reclamação nº
0723245-66.2019.8.07.0000.

O referido Mandado de Segurança, julgado pela 1ª Câmara Cível do e.TJDFT, traz a seguinte ementa:

DIREITO ADMINISTRATIVO E CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA.


IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PROVA EMPRESTADA. JUÍZO CRIMINAL. EFEITOS
NAS ESFERAS CÍVEL E ADMINISTRATIVA. SUSPENSÃO DA AÇÃO DE IMPROBIDADE.
REALIZAÇÃO E CONCLUSÃO DE PERÍCIA NO EQUIPAMENTO E CONTEÚDO. NATUREZA
COMPLEXA DA LEI 8.429/1992. LIMITES DA INDEPENDÊNCIA ENTRE INSTÂNCIAS.
DIREITO LÍQUIDO E CERTO DEMONSTRADO. SEGURANÇA CONCEDIDA. AGRAVO
INTERNO PREJUDICADO.1. Mesmo não estando expressamente prevista no rol do Art. 5º da Lei
12.016/2009 a possibilidade de impugnação pelo mandado de segurança, diante da modificação do tempo da
recorribilidade das decisões, da limitação trazida pelo rol do Art. 1.015, bem como, da urgência em face
apreciação de uma situação em que se discute a utilização de prova emprestada - fundamental ao deslinde do
feito, sobretudo em relação à segurança jurídica e à preservação dos direitos da parte, especificamente, às
garantias constitucionais - a via do mandado se impõe, até como medida para evitar prováveis prejuízos para
a colheita da prova, caso o Impetrante tivesse que aguardar o deslinde processual na ação de improbidade e
exercitar impugnação via recurso de apelação.2. A controvérsia situa-se na aferição da legalidade do
prosseguimento da ação de improbidade enquanto as provas técnicas ainda estão sendo objeto de análise no
processo criminal, bem como no debate sobre a extensão da repercussão doa prova emprestada como
elemento probatório nas ações de improbidade.3. A Lei 8.429/1992 possui natureza complexa, que engloba
ratio civil, administrativa e penal, na medida em que atribui sanções contundentes (perda ou suspensão de
direitos políticos), ante a retributividade em face de lesões igualmente graves, típicas da esfera penal. 4. No
caso de uma ação de improbidade, cuja natureza é manifestamente complexa, a apreensão de independência
cede espaço para a intersecção de instâncias, na qual o deslinde em um procedimento – no caso, penal – traz
efeitos diferidos para a outra esfera – ação de improbidade, devendo-se atentar aos limites de independência
entre esferas.5. Existindo implicação na colheita da certificação de autenticidade da prova pericial no juízo
criminal de origem ante a possibilidade de reconhecimento judicial de imprestabilidade de prova, o resultado
pode ser o impacto diferido no deslinde da ação de improbidade em que o material é utilizado como prova
emprestada.6. Concedida a segurança para se suspender a ação de improbidade até a efetivação da

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perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos áudios e vídeos (gravações ambientais)
referenciados no IPL 650/DF e presentes nas ações criminais suspensas.7. Segurança concedida. Agravo
interno julgado prejudicado.

Em observância à ordem superior, houve a suspensão de ações de improbidade administrativas sobre o


mesmo fato, em trâmite neste juízo, quais sejam, 0048409-93.2014.8.07.0018; 0048824-76.2014.8.07.0018;
0048829-98.2014.8.07.0018; 0048404-71.2014.8.07.0018; 0048831-68.2014.8.07.0018;
0010239-23.2012.8.07.0018; 0048406-41.2014.8.07.0018; 0048408-11.2014.8.07.0018;
0048410-78.2014.8.07.0018 e 0052807-83.2014.8.07.0018.

Nos termos do dispositivo do acórdão proferido no MS 0707896-57.2018.8.07.0000, a


suspensão encontrava-se limitada à efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos
áudios e vídeos (gravações ambientais) referenciados no IPL 650/DF e presentes nas ações criminais
suspensas.

O MPDFT, nos autos do processo 0048410-78.2014.8.07.0018, informou que houve a apreciação da perícia
pelo Juízo Criminal competente.

Ato contínuo, o Juízo da 7ª Vara Criminal informou naqueles autos (processo 0048410-78.2014.8.07.0018)
que, em 17.3.2023, proferiu sentença declarando extinta a punibilidade em face da prescrição da pretensão
punitiva estatal pela pena em abstrato nos autos nº. 0031585- 47.2013.8.07.0001 e que, ainda, restam 09
(nove) ações penais pendentes de julgamento de mérito, vinculadas à operação denominada “Caixa de
Pandora” (feitos PJe 0012400-86.2014.8.07.0001, 0012395-64.2014.8.07.0001, 0012357-52.2014.8.07.0001,
0012369-66.2014.8.07.0001, 0012379- 13.2014.8.07.0001, 0012397-34.2014.8.07.0001,
0012398-19.2014.8.07.0001, 0012404-26.2014.8.07.0001, 12391-27.2014.8.07.0001).

No referido ofício houve a informação pelo Juízo da 7ª Vara Criminal que as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos. Todavia, não houve análise, pelo juízo criminal, em sentença, sobre a
ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador.

De acordo com a jurisprudência do STJ, as esferas penal e administrativa são independentes, de modo que a
solução conferida na ação criminal não interfere no julgamento da demanda por improbidade administrativa,
excetuando-se os casos em que se reconhece a inexistência do fato ou a negativa de autoria (EDcl no AgInt
no AREsp 0018437-66.2009.8.16.0030 PR 2014/0299597-5).

No caso, já houve a efetivação da perícia no juízo criminal, fato que obstava o prosseguimento dos processos.
A apreciação da prova para fins de convencimento do magistrado deverá ser analisada de forma independente
por cada juízo competente ao tempo da prolação da sentença.

Nesse sentido, constata-se que não há mais óbice para o prosseguimento das ações de improbidades descritas,
inclusive quanto a estes autos.

Intimem-se as partes para que apresentem alegações finais. Prazo 15 dias, réus e 30 dias, já inclusa dobra,
para o MPDFT e o DF.

Após, voltem-me para sentença.

Registre-se o sobrestamento de suspensão.

Infere-se do transcurso processual acima descrito que não houve modificação no contexto fático na origem
hábil a alterar a situação jurídica albergada tanto no Mandado de Segurança n.º

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0707896-57.2018.8.07.0000 (ID 46093177) e, posteriormente, no acórdão proferido na Reclamação n.º
0723245-66.2019.8.07.0000 (ID 46093178), que determinam a suspensão da ação de improbidade número
2014.01.1.200571-0 até a efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos
áudios e vídeos (gravações ambientais).

Assim, para os fins de apreciação típica do pedido de tutela, entendo que a probabilidade do direito se
encontra devidamente demonstrada, tendo em vista indícios de violação da autoridade de julgados da 1ª
Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.

Além disso, entendo estarem demonstrados o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, já
que subsiste dos autos, ao menos nesse primeiro momento de análise, a temeridade real e concreta
invocada, pois a ação de improbidade seguirá o curso sem que se ultime a apreciação das perícias, em
contraste ao que restou decidido nos acórdãos acima descritos, ou seja, a determinação de suspensão.

Esse momento de apreciação de tutela não comporta volver a questão da independência ou não das esferas
administrativa e penal, tendo em vista que tal discussão já restou vencida nos dois julgamentos. Trata-se de
cumprir a determinação da 1ª Câmara Cível do Tribunal e Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, o que,
aparentemente, não foi observado na origem, razão pela qual é necessária a tutela para salvaguardar a
autoridade dos julgados.

Assim, considerando: (i) o teor dos julgados no Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 (ID
46093177) e, posteriormente, no acórdão proferido na Reclamação n.º 0723245-66.2019.8.07.0000 (ID
46093178), que determinam a suspensão da ação de improbidade número 2014.01.1.200571-0 até a
efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos áudios e vídeos (gravações
ambientais); (ii) o ofício do Juízo da 7º Vara Criminal informando que: “as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos, todavia ainda não foram apreciadas em sede de decisão judicial, tão pouco
houve ainda análise judicial sobre a ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador” (ID 46093180);
(iii) decisão do Juízo reclamado retomando a marcha processual, DEFIRO A TUTELA pretendida para
sobrestar a ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, em trâmite perante a 2ª Vara de Fazenda
de Brasília, até a apreciação, por parte do juízo da 7ª Vara Criminal dos áudios e vídeos (gravações
ambientais) acima referenciados OU até que se ultime o julgamento da presente reclamação.

Requisitem-se informações do Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, quanto ao


sobrestamento da ação de improbidade n.º 0052807-83.2014.8.07.0018, a serem prestadas no prazo de 10
(dez) dias, nos termos do art. 989, I do CPC e do art. 198, II do RITJDFT.

Determino as citações do Distrito Federal e Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, por
intermédio de seus respectivos representantes legais, para que apresentem contestações, nos termos do art.
989, III do CPC e do art. 198, IV do RITJDFT.

Oficie-se, COM URGÊNCIA, ao Juízo a quo a fim de dar-lhe conhecimento desta decisão.

Publique-se.

Intimem-se.

Brasília, 27 de abril de 2023 13:19:05.

ROBERTO FREITAS FILHO

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