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DECISÃO
Trata-se de reclamação com pedido de liminar, formulada por JOSÉ ROBERTO ARRUDA em face de
decisão exarada pelo Juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal que, em ofensa aos acórdãos
proferidos pela 1ª Câmara Cível desse Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios nos
julgamentos do Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e da Reclamação
0723245-66.2019.8.07.0000, determinou o sobrestamento da suspensão processual no processo n.º
0052807-83.2014.8.07.0018, nos seguintes termos (ID 154667970 na origem):
Cuida-se de ação de improbidade administrativa, cujas partes encontram-se qualificadas nos autos.
Houve suspensão do trâmite processual, conforme decisão proferida em Segundo Grau nos autos dos
processos, Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e Reclamação nº
0723245-66.2019.8.07.0000.
O referido Mandado de Segurança, julgado pela 1ª Câmara Cível do e. TJDFT, traz a seguinte ementa:
O MPDFT, nos autos do processo 0048410-78.2014.8.07.0018, informou que houve a apreciação da perícia
pelo Juízo Criminal competente.
Ato contínuo, o Juízo da 7ª Vara Criminal informou naqueles autos (processo 0048410-78.2014.8.07.0018)
que, em 17.3.2023, proferiu sentença declarando extinta a punibilidade em face da prescrição da pretensão
punitiva estatal pela pena em abstrato nos autos nº. 0031585- 47.2013.8.07.0001 e que, ainda, restam 09
(nove) ações penais pendentes de julgamento de mérito, vinculadas à operação denominada “Caixa de
Pandora” (feitos PJe 0012400-86.2014.8.07.0001, 0012395-64.2014.8.07.0001, 0012357-52.2014.8.07.0001,
0012369-66.2014.8.07.0001, 0012379- 13.2014.8.07.0001, 0012397-34.2014.8.07.0001,
0012398-19.2014.8.07.0001, 0012404-26.2014.8.07.0001, 12391-27.2014.8.07.0001).
No referido ofício houve a informação pelo Juízo da 7ª Vara Criminal que as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos. Todavia, não houve análise, pelo juízo criminal, em sentença, sobre a
ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador.
De acordo com a jurisprudência do STJ, as esferas penal e administrativa são independentes, de modo que a
solução conferida na ação criminal não interfere no julgamento da demanda por improbidade administrativa,
excetuando-se os casos em que se reconhece a inexistência do fato ou a negativa de autoria (EDcl no AgInt
no AREsp 0018437-66.2009.8.16.0030 PR 2014/0299597-5).
No caso, já houve a efetivação da perícia no juízo criminal, fato que obstava o prosseguimento dos processos.
A apreciação da prova para fins de convencimento do magistrado deverá ser analisada de forma independente
por cada juízo competente ao tempo da prolação da sentença.
Nesse sentido, constata-se que não há mais óbice para o prosseguimento das ações de improbidades descritas,
inclusive quanto a estes autos.
Alega o Reclamante que: (a) a reclamação visa garantir a autoridade das decisões do tribunal; (ii) o juízo de
origem proferiu a decisão reclamada em violação à autoridade dos acórdãos proferidos pela 1ª Câmara Cível
nos autos do MS 0707896-57.2018.8.07.0000 e da Rcl 0723245-66.2019.8.07.0000; (iii) no caso concreto,
rememorando o tema, trava-se histórica contenda defensiva que visa à realização de provas periciais nas
mídias apresentadas por corréu delator, bem como nos equipamentos eletrônicos supostamente utilizados
para captação; elementos probatórios estes que foram trazidos à presente ação civil de improbidade por
empréstimo, tudo no âmbito da cognominada operação CAIXA DE PANDORA; (iv) destaca-se que no ano
de 2016 o colendo STJ determinou “a realização de perícia no aparelho utilizado para captação da escuta
ambiental” no âmbito do RHC 68.893/DF, posteriormente incorporado pela RCL 34.135/DF; (v) requereu do
douto juízo reclamado a suspensão do curso processual das ações de improbidade cujas provas haviam sido
trazidas por empréstimo ou, subsidiariamente, a determinação de realização de perícia autônoma nessa esfera
cível, conforme a garantia constitucional ao contraditório (art. 5º, LV, da CF); (vi) o pleito defensivo foi
indeferido, com base na independência das instâncias criminal e administrativa, razão pela qual a análise da
prova pericial no juízo de origem não afeta a análise da prova no juízo de destino; (vii) com isso, impetrou o
Mandado de Segurança 0707896-57.2018.8.07.0000 no qual demonstrou inequivocamente a teratologia da
decisão que indeferira a suspensão da ação destinatária da prova até que o contraditório fosse efetivado na
origem; (viii) ao julgar referido mandamus, essa colenda 1ª Câmara Cível exarou o primeiro v. acórdão que
ora se pretende garantir a autoridade, pelo qual concedeu a segurança pleiteada e, assim, determinou a
suspensão da ação de improbidade até a efetivação e a apreciação da prova pelo juízo da 7ª Vara Criminal;
(ix) a determinação foi cumprida e, posteriormente, no anseio de dar prosseguimento ao feito, o juízo
reclamado determinou a expedição de ofício “ao juízo da 7ª Vara Criminal de Brasília para que informe se
houve a efetivação da perícia e sua apreciação” (Despacho ACIA 0048404-71.2014.8.07.0018); (x) o juízo
criminal informou objetivamente que “houve a efetivação da perícia e, por outro lado, a apreciação deste
juízo a respeito das controvérsias entre perícia oficial e pareceres técnicos-periciais de assistentes técnicos
foi alçada para o momento processual adequado que, aos olhos deste signatário, é na sentença” (Ofício
0048404- 71.2014.8.07.0018); (xi) o juízo reclamado proferiu decisão em que revogou a suspensão do
processo “diante da informação prestada pelo juízo criminal de que houve apreciação por aquele juízo sobre
a perícia realizada, não mais razão ou causa que justifique a suspensão do processo” (Decisão
0052807-83.2014.8.07.0018); (xii) ajuizou, então, a Reclamação 0723245- 66.2019.8.07.0000 para garantir a
autoridade do acórdão exarado em sede do mandamus mencionado, diante da manifesta ofensa à
determinação dessa colenda Câmara, já que a perícia ainda não havia sido apreciada na esfera criminal, como
expressamente informado pelo juízo da 7ª Vara Criminal de Brasília; (xiii) a 1ª Câmara Cível exarou o
segundo acórdão que ora se pretende garantir a autoridade, tendo reconhecido a ofensa apontada pelo
reclamante, e expressamente consignado que o momento para apreciação da validade/autenticidade das
provas periciais é na sentença; (xiv) uma vez mais o juízo ora reclamado determinou a retomada da marcha
processual da ação civil de improbidade, sob o mesmo fundamento de que a apreciação da perícia já havia
ocorrido, contrariamente ao que novamente informou o juízo criminal, e em violação aos dois acórdãos
exarados por essa colenda Câmara Cível; (xv) no corrente ano o juízo reclamado determinou nova expedição
de ofício ao juízo criminal para que informasse “se a perícia foi efetivada e apreciada, para fins de
prosseguimento das ações de improbidade”; (xvi) informou-se outra vez que “as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos, todavia ainda não foram apreciadas em sede de decisão judicial, tão pouco
houve ainda análise judicial sobre a ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador”; (xvii) o juízo
fazendário proferiu a decisão ora reclamada tendo determinado o sobrestamento da suspensão do tramite
processual por entender que “a apreciação da prova para fins de convencimento do magistrado deverá ser
Ao final, requer: (a) medida liminar para a suspensão do prazo para a apresentação das alegações finais
aberto pela decisão reclamada, conforme art. 300 do CPC; (ii) medida liminar para o fim de sobrestar a
marcha processual da ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, em trâmite perante a 2ª Vara de
Fazenda de Brasília, até o julgamento da reclamação; (iii) requisição de informações acerca do ato
impugnado perante a 2ª Vara de Fazenda de Brasília; (iv) notificação do representante do Ministério Público
do Distrito Federal, a fim de que oficie nos autos como fiscal da lei.
No mérito, requer seja julgada procedente a presente Reclamação, para reformar o ato impugnado,
notadamente a decisão proferida pelo eminente Juiz de Direito da 2ª Vara de Fazenda de Brasília nos autos da
ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, determinando a suspensão do trâmite processual até a
apreciação da prova pericial pelo juízo da 7ª Vara Criminal de Brasília, de modo a garantir a autoridade dos
acórdãos exarados pela 1ª Câmara Cível quando do julgamento do Mandado de Segurança 0707896-
57.2018.8.07.0000 e da Reclamação 0723245- 66.2019.8.07.0000.
É o relatório.
DECIDO.
A presente reclamação é cabível, tendo em vista a regra inserta no Art. 988, II do CPC, bem nos termos do
art. 196, II e seguintes do RITJDFT, uma vez que se trata de instrumento processual adequado para garantir a
autoridade de julgado da 1ª Câmara Cível desse Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios,
materializado no Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e na Reclamação
0723245-66.2019.8.07.0000, quanto ao sobrestamento da ação de improbidade n.º
0052807-83.2014.8.07.0018.
A petição veio instruída com documentos, nos termos do art. 197 do RITJDFT, tendo o Reclamante
apontado, nos termos dos arts. 988, II do CPC e art. 196, II do RITJDFT, a inobservância, por parte da
autoridade reclamada, de decisão do Tribunal.
DA TUTELA DE URGÊNCIA
Primeiramente se destacam dois pedidos ventilados pelo Reclamante em sua peça, a saber: (i) suspensão do
prazo para a apresentação das alegações finais aberto pela decisão reclamada, conforme art. 300 do CPC; (ii)
Considerando (i) que o pedido de liminar descrito nos itens especificados faz menção expressa à suspensão
da ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018 (alínea “a”); (ii) que a suspensão da marcha
processual alberga o pedido de suspensão de todo e qualquer prazo, tendo em vista que, em tese, o
sobrestamento incidente ao processo é integral; (iii) as disposições do art. 322, §2º do CPC, procederei à
análise considerando o conjunto da postulação para apreciar o pedido de sobrestamento da ação de
improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018.
A tutela de urgência deve ser concedida quando estiverem presentes elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, de acordo com o
disposto no artigo 300 do CPC.
Destaco que os requisitos estabelecidos no Art. 300 do CPC devem estar presentes de maneira concomitante
para que haja deferimento da medida liminar em sede de tutela de urgência.
No presente caso, em análise preliminar própria desse momento de estreita cognição em sede de pedido de
tutela, bem como a partir (i) das alegações do Reclamante, (ii) do rol documental carreado ao processo, (iii)
do acesso direto os autos na origem, vislumbro estarem presentes, de forma concomitante, os requisitos
para a concessão da tutela pretendida, muito embora o tema ainda mereça o aguardo do exame do mérito
da reclamação para a apreciação mais verticalizada da matéria.
Isso porque o Reclamante expõe como probabilidade de direito a inobservância, por parte do Juízo da 2ª
Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal, quanto ao sobrestamento da ação de improbidade n.º
0052807-83.2014.8.07.0018 que se efetivou no acórdão no Mandado de Segurança n.º
0707896-57.2018.8.07.0000 (ID 46093177) e, posteriormente, no acórdão proferido na Reclamação n.º
0723245-66.2019.8.07.0000 (ID 46093178).
O pano de fundo recorrente em todo esse contexto processual diz respeito à apreciação dos laudos periciais
dos áudios e vídeos (gravações ambientais) referenciados no IPL 650/DF, tendo em vista o entendimento
do Juízo reclamado acerca da desnecessidade de se aguardar o pronunciamento do Juízo Criminal para que se
ultime a análise do mérito da ação de improbidade, tratando-se de prova emprestada cuja análise no juízo de
origem não afetaria a apreciação por parte do juízo de destino.
É o que se verifica em algumas das decisões exaradas e informações prestadas pelo referido juízo acerca do
tema: (i) decisão constante do ID 4257385 no MS 0707896-57.2018.8.07.0000; (ii) informação prestada pelo
Juízo reclamado no ID 4388279 no MS 0707896-57.2018.8.07.0000; (iii) decisão constante no ID 12190785
na RCL 0723245-66.2019.8.07.0000; (iv) informação prestada pelo Juízo reclamado no ID 12898240 na
RCL 0723245-66.2019.8.07.0000.
De fato, o Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 (ID 46093177) traz em seu dispositivo o
seguinte comando: “(...) Por todo o exposto, deve ser concedida a segurança, suspendendo-se a ação de
improbidade número 2014.01.1.200571-0 até a efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara
Criminal dos áudios e vídeos (gravações ambientais) referenciados no IPL 650/DF e presentes nas ações
criminais suspensas(...)”, ao passo que a Reclamação n.º 0723245-66.2019.8.07.0000 (ID 46093178)
posteriormente garantiu a eficácia do julgado, ao determinar que: “(...) Ante o exposto, JULGO
PROCEDENTE a reclamação e IMPROCEDENTE o agravo de instrumento para garantir a eficácia da
decisão proferida no Mandado de Segurança n. 0707896-57.2018.8.07.0000 que determinou a suspensão da
ação de improbidade n. 0052807-83.2014.8.07.0018 em tramitação no juízo da 2ª Vara da Fazenda Pública
do DF(...)”.
Por outro lado, consta dos autos no ID 46093179 ofício exarado pelo Juízo da 2ª Vara de Fazenda Pública –
onde tramita a ação de improbidade n. 0052807-83.2014.8.07.0018 - solicitando do Juízo da 7º Vara Criminal
informações sobre a perícia em questão, “(...) para fins de prosseguimento das ações de improbidade (...)”,
informações fornecidas de acordo com o ID 46093180:
3. Por outro lado, ainda restam 09 (nove) ações penais pendentes de julgamento de mérito, vinculadas à
operação denominada “Caixa de Pandora” (feitos PJe 0012400-86.2014.8.07.0001,
0012395-64.2014.8.07.0001, 0012357-52.2014.8.07.0001, 0012369-66.2014.8.07.0001, 0012379-
13.2014.8.07.0001, 0012397-34.2014.8.07.0001, 0012398-19.2014.8.07.0001, 0012404-26.2014.8.07.0001,
12391-27.2014.8.07.0001).
4. Nessas ações, as perícias requeridas já foram efetivadas e juntadas aos autos, todavia ainda não
foram apreciadas em sede de decisão judicial, tão pouco houve ainda análise judicial sobre a ilicitude
dos vídeos apresentados pelo colaborador.(...) [G.N]
Diante disso, o Juízo reclamado proferiu a seguinte decisão, ao fundamento de independência entre as
esferas penal e administrativa, conforme consta da decisão abaixo (ID 46093181):
Cuida-se de ação de improbidade administrativa, cujas partes encontram-se qualificadas nos autos.
Houve suspensão do trâmite processual, conforme decisão proferida em Segundo Grau nos autos dos
processos, Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 e Reclamação nº
0723245-66.2019.8.07.0000.
O referido Mandado de Segurança, julgado pela 1ª Câmara Cível do e.TJDFT, traz a seguinte ementa:
O MPDFT, nos autos do processo 0048410-78.2014.8.07.0018, informou que houve a apreciação da perícia
pelo Juízo Criminal competente.
Ato contínuo, o Juízo da 7ª Vara Criminal informou naqueles autos (processo 0048410-78.2014.8.07.0018)
que, em 17.3.2023, proferiu sentença declarando extinta a punibilidade em face da prescrição da pretensão
punitiva estatal pela pena em abstrato nos autos nº. 0031585- 47.2013.8.07.0001 e que, ainda, restam 09
(nove) ações penais pendentes de julgamento de mérito, vinculadas à operação denominada “Caixa de
Pandora” (feitos PJe 0012400-86.2014.8.07.0001, 0012395-64.2014.8.07.0001, 0012357-52.2014.8.07.0001,
0012369-66.2014.8.07.0001, 0012379- 13.2014.8.07.0001, 0012397-34.2014.8.07.0001,
0012398-19.2014.8.07.0001, 0012404-26.2014.8.07.0001, 12391-27.2014.8.07.0001).
No referido ofício houve a informação pelo Juízo da 7ª Vara Criminal que as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos. Todavia, não houve análise, pelo juízo criminal, em sentença, sobre a
ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador.
De acordo com a jurisprudência do STJ, as esferas penal e administrativa são independentes, de modo que a
solução conferida na ação criminal não interfere no julgamento da demanda por improbidade administrativa,
excetuando-se os casos em que se reconhece a inexistência do fato ou a negativa de autoria (EDcl no AgInt
no AREsp 0018437-66.2009.8.16.0030 PR 2014/0299597-5).
No caso, já houve a efetivação da perícia no juízo criminal, fato que obstava o prosseguimento dos processos.
A apreciação da prova para fins de convencimento do magistrado deverá ser analisada de forma independente
por cada juízo competente ao tempo da prolação da sentença.
Nesse sentido, constata-se que não há mais óbice para o prosseguimento das ações de improbidades descritas,
inclusive quanto a estes autos.
Intimem-se as partes para que apresentem alegações finais. Prazo 15 dias, réus e 30 dias, já inclusa dobra,
para o MPDFT e o DF.
Infere-se do transcurso processual acima descrito que não houve modificação no contexto fático na origem
hábil a alterar a situação jurídica albergada tanto no Mandado de Segurança n.º
Assim, para os fins de apreciação típica do pedido de tutela, entendo que a probabilidade do direito se
encontra devidamente demonstrada, tendo em vista indícios de violação da autoridade de julgados da 1ª
Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Além disso, entendo estarem demonstrados o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, já
que subsiste dos autos, ao menos nesse primeiro momento de análise, a temeridade real e concreta
invocada, pois a ação de improbidade seguirá o curso sem que se ultime a apreciação das perícias, em
contraste ao que restou decidido nos acórdãos acima descritos, ou seja, a determinação de suspensão.
Esse momento de apreciação de tutela não comporta volver a questão da independência ou não das esferas
administrativa e penal, tendo em vista que tal discussão já restou vencida nos dois julgamentos. Trata-se de
cumprir a determinação da 1ª Câmara Cível do Tribunal e Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, o que,
aparentemente, não foi observado na origem, razão pela qual é necessária a tutela para salvaguardar a
autoridade dos julgados.
Assim, considerando: (i) o teor dos julgados no Mandado de Segurança n.º 0707896-57.2018.8.07.0000 (ID
46093177) e, posteriormente, no acórdão proferido na Reclamação n.º 0723245-66.2019.8.07.0000 (ID
46093178), que determinam a suspensão da ação de improbidade número 2014.01.1.200571-0 até a
efetivação da perícia e sua apreciação pelo juízo da 7ª Vara Criminal dos áudios e vídeos (gravações
ambientais); (ii) o ofício do Juízo da 7º Vara Criminal informando que: “as perícias requeridas já foram
efetivadas e juntadas aos autos, todavia ainda não foram apreciadas em sede de decisão judicial, tão pouco
houve ainda análise judicial sobre a ilicitude dos vídeos apresentados pelo colaborador” (ID 46093180);
(iii) decisão do Juízo reclamado retomando a marcha processual, DEFIRO A TUTELA pretendida para
sobrestar a ação de improbidade 0052807-83.2014.8.07.0018, em trâmite perante a 2ª Vara de Fazenda
de Brasília, até a apreciação, por parte do juízo da 7ª Vara Criminal dos áudios e vídeos (gravações
ambientais) acima referenciados OU até que se ultime o julgamento da presente reclamação.
Determino as citações do Distrito Federal e Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, por
intermédio de seus respectivos representantes legais, para que apresentem contestações, nos termos do art.
989, III do CPC e do art. 198, IV do RITJDFT.
Oficie-se, COM URGÊNCIA, ao Juízo a quo a fim de dar-lhe conhecimento desta decisão.
Publique-se.
Intimem-se.