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Direito Constitucional | Material Complementar

Professor Cristiano Lopes

Direitos e deveres individuais e coletivos – Parte VIII

Princípio do juiz natural



O princípio do juiz natural, consagrado pelo art. 5º, LIII, da CRFB/88, estabelece que ninguém será
sentenciado senão pela autoridade competente, representando a garantia de um órgão julgador técnico e isento,
com competência estabelecida na própria Constituição e nas leis de organização judiciária de cada Estado.
Princípio do devido processo legal
LIV – Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.
Seguindo as premissas estabelecidas por Nelson Nery Junior, “
normas, garantias e princípios, que tem por objetivo resguardar os direitos fundamentais do indivíduo,
principalmente a vida, liberdade e patrimônio, durante o desenrolar do processo, que deve ser finalizado em
prazo razoável, de modo a permitir a justa composição da lide”.
considerado pela doutrina um postulado de onde emanam rias garantias espec icas, como direito ao
contraditório e ampla defesa, inadmissibilidade de provas ilícitas, razoável duração do processo, dentre outras.
Normalmente, caracteri ado sob o en o ue ormal e material.

MATERIAL: mecanismo de
controle da razoabilidade das
leis e que tamb m objetiva a
busca pela justiça.

ENFOQUES

FORMAL: justifica-se por meio


de um procedimento formado
PRINCÍPIO DO DEVIDO pelos princ pios da justiça.
PROCESSO LEGAL

Conjunto de normas, garantias


e princ pios que objetivam
CONCEITO resguardar os direitos
fundamentais do indi duo
durante o processo.

Destarte, é importante ressaltar que este princípio é subdividido em devido processo legal em sentido
formal, e devido processo legal substantivo. O devido processo legal formal (processual) é o conjunto das
garantias processuais a assegurar um processo justo em conformidade com o direito, acepção já muito difundida. Já
o devido processo legal material (substancial) é a exigência de justiça no conteúdo da decisão, isto é, no aspecto
substantivo, um processo que seja justo não só nas garantias formais, mas também no plano material. Não basta a
obediência às formas prescritas (garantias processuais formais), é necessário que isto reflita em uma decisão justa.

Princípio do contraditório e da ampla defesa


LV – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem garantido a amplitude do direito de defesa, o exercício do
contraditório e o devido processo legal (CF, art. 5o, LIV e LV) mesmo que em sede de inquéritos policiais e/ou
processos originários, cujos conteúdos devam ser mantidos sob sigilo. Nessa esteira de pensamento surgiu a Súmula
Vinculante 14 “ direito do de ensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de pro a ue,

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j documentados em procedimento in estigat rio reali ado por rg o com compet ncia de pol cia judiciaria, digam
respeito ao e erc cio do direito de de esa”.

RINCÍPIO DO
CONTRA ITÓRIO E DA
AMPLA DEFESA

Conceito

CONTRADITÓRIO: Princ pio que assegura às partes o direito


AMPLA DEFESA: Princ pio que proporciona às partes a
de aç o e de defesa, incluindo o direito de in ormaç o e de
amplitude de defesa dentro dos requisitos previstos em lei.
participaç o nos acontecimentos processuais.

Princípio da vedação das provas ilícitas


LVI – São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos.
Princípio do estado de inocência ou da não culpabilidade
LVII – Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal
condenatória.
LVIII – O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas
hipóteses previstas em lei.
Ação penal privada subsidiária da pública
LIX – Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no
prazo legal.
Princípio da publicidade dos atos processuais
LX – A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da
intimidade ou o interesse social o exigirem.
Disciplina constitucional da prisão e dos direitos do preso
LXI – Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada
de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime
propriamente militar, definidos em lei.
LXII – A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre ser


sendo-lhe assegurada a assistência da família e de ad- vogado;
LXI –
interrogatório policial;

– admitir a liberdade
provisória, com ou sem fiança;

LXVII – Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.
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regra a inadmissibilidade de pris o ci il por d idas. tualmente, a e ceç o se restringe ao respons el


por obrigação alimentícia. Não obstante a questão da possibilidade da prisão civil do alimentante inadimplente
esteja totalmente pacificada em nosso ordenamento, não logra o mesmo êxito a sistemática em torno do
depositário infiel.
rasil aderiu à on enç o mericana de ireitos umanos Pacto de San Jos da osta ica , como
também ao Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que vedam a prisão civil por dívidas relativas a
obrigações contratuais, ressalvando somente a decorrente de obrigação alimentar.

FIQUE LIGADO!!!

No julgamento do RE 466.343/SP, o Supremo Tribunal Federal afastou a possibilidade de prisão civil do


depositário infiel e também do alienante fiduciário. Nesse mesmo julgamento, o Supremo explicitou que
os tratados internacionais sobre Direitos Humanos anteriores à EC nº 45/04 tem status de norma
supralegal. O tratado internacional referido no julgamento era o Pacto de São José da Costa Rica, ao
qual o Brasil aderiu em 1992.

Gratuidade na prestação da assistência jurídica


LXXIV – O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem
insuficiência de recursos.
Gratuidade das certidões e das ações de habeas corpus e habeas data
LXXVI – São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito.
LXXVII – São gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos
necessários ao exercício da cidadania;
LXXVIII – A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
Tal inciso visa garantir maior celeridade aos processos judiciais e administrativos, pode-se dizer que esse
direito já estava assegurado ao estabelece o princípio da eficiência na administração publica e aos processos em
geral. A celeridade consiste na rapidez de um processo , as partes devem ter uma prestação jurisdicional em um
curto tempo. A razoável duração estar relacionada ao principio da razoabilidade, ou seja, uma proporcionalidade,
ponderação. Tudo isso, visa evitar o abarrotamento do poder judiciário.
Direitos fundamentais e tratados internacionais
§ 1o – As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.
De acordo com o disposto no art. 5º, § 1º, da CRFB/88, os direitos e garantias fundamentais têm
aplicabilidade imediata, vinculando os poderes públicos independentemente do reconhecimento expresso por lei
infraconstitucional, estando protegidos não apenas diante do legislador ordinário, mas também da ação do poder
constituinte reformador, por integrarem o rol das denominadas cláusulas pétreas.
§ 2º – Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes
do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte.
O catálogo de direitos fundamentais previstos no art. 5º, § 2º, da CRFB/88, não é exaustivo, isto é, não
exclui a incidência de outros direitos e garantias individuais decorrentes de tratados e convenções internacionais em
que a República Federativa do Brasil seja parte. Este preceito consagra uma cláusula de abertura dos direitos
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fundamentais, que possibilita a permanente atualização destes direitos, abrindo espaço para que os tratados
contribuam para a ampliação e renovação dos mesmos. Referida cláusula institui que o rol de direitos fundamentais
não se resume somente aos direitos assim considerados na Constituição, mas também aqueles sopesados com
relevância constitucional, embora não encartados em seu texto positivado.
§ 3º – Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem
aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
A emenda constitucional 45/04 acrecentou ao art. 5º, § 3º, possibilitando que as normas e princípios sobre
direitos humanos, originariamente previstos em tratados e convenções internacionais dos quais o Brasil seja
signatário, passem a ter status jurídico de emenda constitucional, desde que o tratado ou convenção internacional
seja aprovado em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
membros.
Assim, os tratados e convenções internacionais sobre Direitos Humanos aprovados por meio de um processo
legislativo análogo ao das emendas constitucionais passam a gozar da mesma força hierárquica destas, a título de
exemplo, cumpre dizer que até o presente momento temos, com esse status de emenda, o decreto legislativo
186/08, que aprova o texto da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e de seu Protocolo
Facultativo, assinados em Nova Iorque, em 2007, e o decreto 6.949/09, que promulgou a referida convenção. Em
contrapartida, os demais tratados continuam com a mesma força hierárquica atribuída às normas
infraconstitucionais.
Para que as regras previstas em um tratado ou conversão internacional sejam equiparadas hierarquicamente
às emendas constitucionais, é necessário :
 Antes de mais nada, as regras trata de direitos humanos;
 O tratado ou a convenção seja aprovado por duas vezes pela Câmara dos Deputados e por duas vezes pelo
Senado Federal; e
 Nas quatro votações, o quorum de aprovação seja igual ou superior a três quintos dos membros de cada
casa legislativo
§ 4º – O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação
tenha manifestado adesão.
A internacionalização da jurisdição penal antes de ser uma realidade é uma necessidade imperativa para o combate
à criminalidade internacional que desconhecem fronteiras. Criado por meio do Estatuto de Roma de 1998, o
Tribunal Penal Internacional (TPI) representou um incitamento à teoria da responsabilidade internacional dos
indivíduos, visto que o Estatuto prevê a punição dos indivíduos que praticarem os atos ilícitos previstos neste

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