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CENTRO UNIVERSITÁRIO PARA O DESENVOLVIMENTO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ


ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIALMENTE APLICÁVEIS
CURSO DIREITO - DOGMÁTICA JURÍDICA
RIO DO SUL/SC

UNIDADE CURRICULAR: 26256.8044 - LABORATÓRIO DE PRÁTICAS JURÍDICAS VI – Direito Processual Civil


PROFESSOR M.e SAUL JOSÉ BUSNELLO
SEMESTRE/ANO: 2/2023 TURMA: DIR22023T45F6 - [ quarta-feira noturno ]
FASE: 6ª CRÉDITOS: 4 CARGA HORÁRIA: 80 h/a - [ 20 encontros ]
PRÉ-REQUISITOS: DISCIPLINA 26247.8044

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saul@unidavi.edu.br

Professor M.e Saul José Busnello – Laboratório de Práticas Jurídica VI - Direito Processual Civil
6ª Fase – Semestre/Ano 2/2023
Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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APRESENTAÇÃO DO PLANO DE AULA (PTP)

Considerações Introdutórias

● DOS PRONUNCIAMENTOS DO JUIZ E DO TRIBUNAL

Da Forma dos Atos Processuais

─ Da Prática Eletrônica dos Atos Processuais (arts. 193 a 199 e 1.053 do CPC)

─ Dos Pronunciamentos do Juiz (arts. 203 a 205 do CPC);

Segundo o artigo 203 caput do CPC, ―os pronunciamentos do juiz consistirão em


sentenças, decisões interlocutórias e despachos‖.

SENTENÇA: Segundo o artigo 203, § 1º do CPC, ―Ressalvadas as disposições expressas


dos procedimentos especiais1, sentença é o pronunciamento por meio do qual o juiz,
com fundamento nos arts. 485 2 e 4873, põe fim à fase cognitiva do procedimento
comum, bem como extingue a execução.‖

→ Da SENTENÇA cabe APELAÇÃO art. 1009 do CPC

─ Sentença de mérito ou definitiva: ocorre quando o juiz fundamenta a sentença (art. 489
do CPC) num dos incisos do artigo 487 do CPC. Após o trânsito em julgado da Sentença
ou do Acórdão dela proveniente, produz coisa julgada material.

- Coisa julgada material: é a decisão judicial que se torna imutável, não se podendo
mais discutir a mesma matéria (mesmo objeto, identidade de pessoas e causa de pedir)

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Arts. 539 e ss. do CPC.
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Sentença de extinção do processo sem resolução de mérito.
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Sentença de extinção do processo com resolução de mérito.

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6ª Fase – Semestre/Ano 2/2023
Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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ainda que em outro processo e em qualquer grau de jurisdição. (não cabem mais
recursos, somente é cabível, sob certos requisitos, ação autônoma de conhecimento,
denominada de Ação Rescisória4)

Enuncia o art. 502 do CPC: ―Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna
imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso.‖

E o Art. 508 do CPC: ―Transitada em julgado a decisão de mérito, considerar-se-ão


deduzidas e repelidas todas as alegações e as defesas que a parte poderia opor tanto ao
acolhimento quanto à rejeição do pedido.‖

A coisa julgada material é protegida pela CRFB/88, em seu art. 5º, inciso XXXVI: ―a lei não
prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada‖.

→ Quanto ao momento de formação da coisa julgada material: ―coisa julgada material


se forma quando da decisão extintiva do processo já não couber recurso algum. Isto pode
acontecer simplesmente porque recursos não tenham sido interpostos, e então transitará
em julgado a própria sentença de primeiro grau de jurisdição, proferida pelo juízo singular.
Ou pode ocorrer porque realmente não haja mais recursos a serem interpostos, tendo, por
exemplo a causa chegado até pronunciamento final do STF, transitando em julgado o
Acórdão‖.

─ Sentença terminativa: ocorre quando o juiz fundamenta a sentença (art. 489 do CPC)
num dos incisos do artigo 485 do CPC, produzindo coisa julgada formal, sendo esta a que
possibilita o ajuizamento de novo processo, uma vez que a sentença transitou em julgado,
porém sem resolução de mérito — art. 486 do CPC.

[ Do art. 486, § 3º decorre a denominada Perempção ]

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Arts. 966 e ss. Será abordada em tópico específico do conteúdo da disciplina.

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Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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DECISÃO INTERLOCUTÓRIA: Segundo o artigo 203, § 2º do CPC, ―é todo


pronunciamento judicial de natureza decisória que não se enquadre no § 1º‖.

─ É o pronunciamento judicial proferido no curso do processo que, sem o caráter de


extingui-lo, incide (interfere) diretamente no direito de qualquer dos sujeitos do processo e,
consequentemente, pode vir a influenciar na fundamentação da Sentença/Acordão
futuros.

(Ex): Deferimento de Tutela Provisória5; Exibição ou posse de documento ou coisa; etc

→ Da DECISÃO INTERLOCUTÓRIA cabe Recurso de AGRAVO6.

[ É cabível recurso contra todas as Decisões Interlocutórias (DI) proferidas em 1º Grau de


Jurisdição (a quo). As não impugnáveis por meio de Agravo de Instrumento – que é a
regra (art. 1.015 do CPC) –, o serão por Apelação, nos termos do art. 1.009, § 1º e 2º do
CPC ]

DESPACHOS: Princípio da Inércia da Jurisdição e do Impulso Oficial (art. 2º7 do CPC).


Segundo o artigo 203, § 3º do CPC, ―São despachos todos os demais
pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da
parte.‖
─ Distinguem-se das decisões ─ finais (Sentenças/Acórdãos) ou Interlocutórias, por
consistirem em pronunciamentos que não tem conteúdo decisório significativo, sob o
ponto de vista jurídico (intimações; citações etc).

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Livro V, arts. 294 e ss. do CPC, que discorre sobre Tutela Provisória [ Título I – Disposições Gerais ];
[ Título II – Da Tutela de Urgência (Capítulo I – Disposições Gerais); (Capítulo II – Do Procedimento da
Tutela Antecipada Requerida em Caráter Antecedente); (Capítulo III – Do Procedimento da Tutela Cautelar
Requerida em Caráter Antecedente) ]; [Título III – Da tutela de Evidência]
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Na forma de Instrumento - arts. 1.015 e ss. do CPC -, e/ou Interno (―Agravo de Colegiamento‖) contra
decisões monocráticas proferidas no âmbito dos Tribunais - arts. 1.021 e ss. do CPC.
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―Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei‖. As exceções previstas em lei são casos em que o juiz pode agir de ofício (ex officio) no
transcorrer do processo.

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Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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→ Dos DESPACHOS não cabe Recurso art. 1.001 do CPC

►►► Prazos a ser observados pelo Juiz [ Arts. 226 e 227 do CPC ] ◄◄◄

ACÓRDÃO: Segundo o artigo 204 do CPC ―Acórdão é o julgamento colegiado


proferido pelos tribunais‖.
Ver art. 1.008 do CPC

DOS RECURSOS

Das Disposições Gerais sobre Recursos

Teoria Geral dos Recursos

Recursos no CPC

Livro III – Dos Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões
Judiciais

Título II – Dos Recursos [ Arts. 994 a 1.044 ]

Obs: Por óbvio, para a compreensão da Disciplina estudaremos além destes, os


artigos que se fizerem necessários, compreendidos portando, fora deste intervalo.

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Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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▲ Conceito, Natureza Jurídica e Considerações Gerais

● Conceito

―Do latim re-curso, que transmite a ideia de um retorno ao curso, ao caminho já percorrido,
resultou na palavra portuguesa ´recurso´ que, no panorama jurídico-processual, adquiriu
significado próprio específico‖. ∟ rediscussão / reanálise

―Em sentido estrito, Recurso é o instrumento jurídico-processual através do qual se dá o


reexame de uma decisão‖.
∟ decisão interlocutória; sentença; acórdão

―Recurso é mecanismo processual voluntário, mediante o qual se busca, na mesma


relação processual, a revisão de uma decisão‖.

[ princípio do duplo grau de jurisdição é voluntário ]

Notas: Celebrar contrato de prestação de serviços advocatícios por fases (1ª instância;
recursos aos Tribunais TJ/SC; STJ, STF); Pegar declaração do cliente caso não pretenda
recorrer; Se quiser recorrer, documentar que vai trazer o valor das custas, documentos,
etc, até dia estabelecido; Ao entregar valores ao cliente documentar com testemunhas.

● Natureza jurídica

―No plano dos Recursos não há novo pedido com vistas à concessão da tutela
jurisdicional ou a sua negação. O que há é uma solicitação para reformar, invalidar,
esclarecer ou integrar – uma decisão judicial”.

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Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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Os Recursos têm, então, natureza jurídica de extensão do próprio direito de ação. Só se


interpõe Recursos de decisões proferidas em ―processos vivos‖. Decisões proferidas em
―processos findos‖ são impugnáveis por meio de ação autônoma de conhecimento,
denominada de Ação Rescisória8. [ não transitados em julgado ]
[ transitados em julgado ]

● Considerações gerais

─ O Recurso serve para dar maior segurança à prestação jurisdicional. [ Não é decisão
monocrática e sim de órgão colegiado ]

─ Órgãos singulares a quo (1º Grau de Jurisdição) da Justiça Comum Estadual ou da


Justiça Federal, inclusive no âmbito dos Juizados Especiais, são chamados de a quo.

─ Órgãos de 2º grau de Jurisdição ad quem:


- Turmas de Recursos dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais da Lei n. 9.099/1995;
- Tribunal de Justiça Estadual (Tribunal ad quem Estadual);
- Turmas de Recursos dos Juizados Especiais Cíveis Federais da Lei n. 10.259/2001;
- Tribunais Regionais Federais (Tribunal ad quem Federal);
- Superior Tribunal de Justiça – STJ (Tribunal ad quem Superior);
- Supremo Tribunal Federal – STF (Tribunal ad quem Superior).

─ Recursos com intuito meramente protelatórios sujeitam o litigante de má-fé ao


pagamento de multa e indenização ― arts. 80, VII e 81 do CPC.

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Vide nota 4 retro.

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Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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▲ Espécies de Recursos

● Previstos expressamente no Código de Processo Civil

[ Abordados aqui somente como fundamentadores


do princípio da taxatividade recursal – Previsão Legal ]

Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos:


I – apelação;
II – agravo de instrumento;
III – agravo interno;
IV – embargos de declaração;
V – recurso ordinário; [ ―ROC‖ constitucional ]
VI – recurso especial; [―REsp‖ ao Superior Tribunal de Justiça – STJ ]
VII – recurso extraordinário; [ ―RE‖ ao Supremo Tribunal Federal - STF ]
VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário;
IX – embargos de divergência; e;

Art. 997. Recurso adesivo.

[ Procedimento para interposição, acolhimento, processamento/julgamento ]

ART. 994
I – apelação [ Arts. 1009 a 1.014 ];
II – agravo de instrumento [ Arts. 1.015 a 1.020 ];
III – agravo interno [ Art. 1.021 ];
IV – embargos de declaração [ Arts. 1.022 a 1.026 ];
V – recurso ordinário [ Arts. 1.027 a 1.028 ];
VI – recurso especial [ Arts. 1.029 a 1.035 ];
VII – recurso extraordinário [ Arts. 1.029 a 1.035 ];
VIII – agravo em recurso especial ou extraordinário [ Art. 1.042 ];
IX – embargos de divergência [ 1.043 a 1.044 ].

Art. 997. Recurso adesivo [ Art. 997 ]

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● Previstos expressamente nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais da Lei n.


9.099/1995

─ Considerações Iniciais

─ São 3 (três) os Recursos cabíveis. Vejamos:

Art. 41. Da sentença, excetuada a homologatória de conciliação ou laudo arbitral,


caberá recurso para o próprio juizado.

Vide art. 487, III, ‗b‘ do CPC (de qquer. [ proveniente da Lei 9.307/1996 ]
valor: Art. 3º, § 3º in fine da Lei 9.099/95) de até 40 SM pode ser executado
é sentença definitiva ou de mérito que no JEC cfe. Arts. 52 e ss. da Lei
produz coisa julgada material – processo findo 9.099/95 c/c Art. 515, VII do CPC

NOTA: Enunciado 162 FONAJE: ―Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a
regra do art. 489 do CPC/2015 diante da expressa previsão contida no art. 38, caput, da
Lei 9.099/95 (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte – MG)

§ 1º. O recurso será julgado por uma turma composta por três juízes togados, em
exercício no primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do juizado.

§ 2º. No recurso, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogado.

Art. 42. O recurso será interposto no prazo de 10 dias, contados da ciência da sentença,
por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do recorrente.

[ ●Enunciado 165 FONAJE: ―Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os prazos serão contados de forma contínua (XXXIX Encontro
– Maceió-AL) ] – substituído pela Lei n. 13.728, de 31 de outubro de 2018 – contagem de prazo em dias úteis ]

[ ● Enunciado 13 FONAJE: Os prazos processuais nos Juizados Especiais Cíveis, contam-se da data da intimação ou
ciência do ato respectivo, e não da juntada do comprovante da intimação, observando-se as regras de contagem do CPC
ou do Código Civil, conforme o caso (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES).]

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§ 1º. O preparo será feito, independentemente de intimação, nas quarenta e oito horas
seguintes à interposição, sob pena de deserção.

§ 2º. Após o preparo, a Secretaria intimará o recorrido para oferecer resposta escrita no
prazo de dez dias.

Art. 43. O recurso terá somente efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito
suspensivo, para evitar dano irreparável para a parte.

→ Este recurso (da Sentença do juiz do JEC) denomina-se ―Recurso Inominado‖.


[ Seria a APELAÇÃO do Art. 994, I e 1.009 do CPC ] Da decisão (Acórdão da Turma de
Recursos) deste Recurso Inominado cabe ―Recurso Extraordinário - RE” para o
Supremo Tribunal Federal - STF ─ a ser interposto na própria TR ─, desde que exista
matéria constitucional controversa no processo em concreto. [ Súmula 640 do STF: É
cabível Recurso Extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas
causas de alçada, ou por Turma Recursal de Juizado Especial Cível e Criminal. ]
Observação: A decisão (Acórdão) do Recurso Inominado da Turma de Recursos é
considerado de última instância portanto não há supressão de instância ao interpô-lo
diretamente no Supremo Tribunal Federal – STF.

→ Recurso de ―Embargos de Declaração‖, previsto no art. 48 da Lei n. 9.099/1995.

▲ É admitido o Mandado de Segurança (que é remédio constitucional e não recurso)


contra decisão abusiva do juiz do JEC, a ser impetrado na Turma Recursal, por decisão
do STJ, através da edição da Súmula 376.

Compete à turma recursal processar e julgar o


mandado de segurança contra ato de juizado especial

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● Previstos expressamente nos Juizados Especiais Cíveis Federais da Lei n.


10.259/2001

─ Considerações Iniciais

─ São 5 (cinco) os Recursos cabíveis. Vejamos:

“Recurso Inominado” (da Sentença do juiz do JEC): Por força do art. 1º da Lei
10.259/2001 que enuncia: ―São instituídos os Juizados Especiais Cíveis e Criminais da
Justiça Federal, aos quais se aplica, no que não conflitar com esta Lei, o disposto na Lei
9.099/95, de 26 de setembro de 1995‖, aplica-se o disposto nos artigos 41 e ss., da Lei
9.099/95 nos Juizados Especiais Federais. Da decisão deste Recurso Inominado cabe
―Recurso Extraordinário” para o STF. (igualmente por força do art. 1º da Lei 9.099/95
→ Súmula 640 STF)
Recurso de ―Embargos de Declaração‖, previsto no art. 48 da Lei nº 9.099/95,
igualmente aplicado aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei
10.259/2001.
Recurso de ―Medida Cautelar‖ [ Art. 4º da Lei nº 10.259/2001 ]
Recurso de ―Pedido de Uniformização de Interpretação de Lei Federal‖, previsto no art.
14 da Lei nº 10.259/2001).

▲ O Mandado de Segurança da Súmula 376 do STJ supra abordado é aqui aplicado.

Observação:

1) Por previsão do Art. 59 da Lei n. 9.099/1995, não é admitida a Ação Rescisória no


âmbito dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais da Lei n. 9.099/1995, extensivo aos
Juizados Especiais Cíveis Federais da Lei n. 10.259/2001, por força da previsão do art.
1º desta Lei.

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▲ Da Admissibilidade e do Provimento dos Recursos – Pressupostos Gerais

O Juízo de Admissibilidade dos Recursos consiste na verificação, pelo órgão


competente para a sua realização, da presença dos requisitos de admissibilidade da
espécie recursal utilizada pela parte para busca da reforma da decisão que lhe foi
desfavorável.

NOTA: O Novo CPC (Lei n. 13.105/2015) inovou ao eliminar o Juízo de Admissibilidade


dos Recursos de Apelação (Art. 1.010, § 3º) e Ordinário - ROC (Art. 1.028, § 3º), perante
o Órgão de interposição, limitando seu exame ao Órgão julgador, o Tribunal competente.
Sendo assim, o único Recurso submetido ao exame de admissibilidade em 1º Grau de
Jurisdição é o de Embargos de Declaração (Arts. 994, IV c/c 1.022 a 1.026 do CPC),
quando interposto das Decisões Interlocutórias e/ou Sentenças do juiz a quo. Em 2º Grau
de Jurisdição temos Juízo de Admissibilidade para os Recursos Extraordinário (STF) e
Especial (STJ) previsto no art. 1.030, V, inserido pela Lei n. 13.256/2016).

ENUNCIADO 166 do FONAJE: ―Nos Juizados Especiais Cíveis, o juízo prévio de


admissibilidade do recurso será feito em primeiro grau‖. (XXXIX- Encontro – Maceió – AL)

─ Na Ação:

O juiz procederá ao exame de mérito do pedido formulado pela parte, acolhendo a


Petição Inicial (PI) e dando prosseguimento à Ação interposta, se for superado com
sucesso o juízo de admissibilidade, isto é, se verificar que estão presentes:

a) Os requisitos do art. 17 do CPC: Interesse Processual e Legitimidade da Parte;

b) Os pressupostos processuais dos Arts.319 e 320 do CPC.

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RELEMBRANDO: Para cumprimento do Princípio da Instrumentalidade das Formas (Art.


277 do CPC, o juiz pode determinar a emenda da PI para que ela seja acolhida,
processada e julgada, conforme enuncia o art. 321 do CPC).

─ No Recurso:

O Juízo de Admissibilidade se ocupa dos pressupostos de existência e regularidade


para o exercício ao direito do Recurso. São questões que levam ao Conhecimento ou
Não Conhecimento do Recurso interposto.

Recurso Conhecido → quando for comprovado que o Recurso possui os pressupostos


de admissibilidade intrínsecos9 (subjetivos) e extrínsecos10 (objetivos).

Recurso não Conhecido → quando for comprovado que o Recurso não possui os
pressupostos de admissibilidade intrínsecos9 (subjetivos) ou extrínsecos10 (objetivos).

O Conhecimento dos referidos pressupostos de existência e regularidade do Recurso


interposto dizem respeito ao direito do Recorrente ter analisado/processado/julgado o seu
Recurso, e, não ao direito de ter reconhecido e acolhido o seu Pedido, que são questões
inerentes ao Juízo de Mérito do Recurso (reforma, invalidação ou complementação da
Decisão). Estas levam ao Provimento ou Não Provimento do Recurso interposto.

Recurso Provido → quando o Órgão Julgador acata o Pedido do Recurso impetrado, ou


seja, quando concede o pedido do Recorrente (reforma, invalidação ou complementação
da Decisão).

Recurso Improvido (Desprovido) → quando Órgão Julgador não acata o Pedido do


Recurso impetrado, ou seja, quando não concede o pedido do Recorrente, mantendo a
Decisão anterior.

● Vide arquivo <Recurso Provido x Improvido> postado na Midiateca da Sala Virtual.

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Cabimento do Recurso; Legitimação para Recorrer; Interesse em Recorrer.
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Tempestividade; Regularidade Formal; Inexistência de Fato Extintivo ou Impeditivo; Preparo.

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► Pressupostos de Admissibilidade dos Recursos

a) Intrínsecos (Subjetivos):

a.1) Cabimento do Recurso:

Pelo Princípio da Taxatividade, somente adquirem feições recursais os instrumentos


de impugnação arrolados por lei. [ arts. 994 e 997 do CPC; Lei 9.099/1995; Lei
10.259/2001 ] Para tanto, cria o Ordenamento Jurídico um regime próprio para cada
espécie de Recurso, indicando também as hipóteses em que são cabíveis.

─ Trata-se da compatibilidade entre a Decisão proferida e o Recurso apresentado.

Decisão Interlocutória / Sentença / Acórdão

Agravo de Instrumento Apelação REsp

[ Rol de Recursos exemplificativo – outros são cabíveis ]

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a.2) Legitimação para recorrer:

Só pode recorrer quem estiver legalmente autorizado. Pela leitura do Art. 996 do CPC,
são legítimos para interpor Recurso a PARTE VENCIDA [ sucumbência de uma parte ou
de ambas (sucumbência recíproca). Sentença favorável não é o mesmo que Sentença
vencedora ], o TERCEIRO PREJUDICADO [ é o que tem interesse jurídico em impugnar
a decisão. Ex: litisconsorte que deveria ou não participar na relação jurídica ] e o
MINISTÉRIO PÚBLICO [ Ex. Quando atua na qualidade de custos legis em Ações de
Investigação de Paternidade de menores albergados ]

Autor pediu R$ 1.000,00 na PI e o juiz Autor pediu R$ 1.000,00 na PI e


Sentenciou R$ 700,00. Sucumbiu em o juiz Sentenciou R$ 1.000.00.
R$ 300,00 e o Réu em R$ 700,00
[ sucumbência recíproca - [ Apenas réu sucumbiu -
cabe Apelação p/ ambos ] cabe Apelação só p/ réu ]

a.3) Interesse em recorrer:

Há interesse em recorrer quando estiver presente o binômio ―necessidade / utilidade‖


no provimento judicial.

No Recurso a necessidade sempre estará presente, quando não for possível resolver
a questão de outro modo senão pela via recursal.

Quanto à utilidade, ligada ao pressuposto de admissibilidade Legitimação para


Recorrer, será necessário que a parte interessada em recorrer tenha sofrido algum
prejuízo em razão do provimento judicial, seja em relação à totalidade da pretensão, ou
mesmo, em parte dela ( Art. 996 do CPC )

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Apostila desenvolvida sob a fundamentação da Lei n. 13.105/2015 [ Novo Código de Processo Civil ]. Notas, Negritos,
Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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b) Extrínsecos (Objetivos):

b.1) Tempestividade:

Os Recursos tem um prazo preestabelecido para interposição. De acordo com o Art.


1.003, § 5º ―Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e
para responder-lhes11 é de 15 (quinze dias)‖.

NOTA: Os Embargos de Declaração tem prazo de 5 (cinco) dias. [ Art. 1.023 do CPC ]

Tempestividade recursal é, então, a interposição do Recurso no prazo legal


(considera-se tempestivo o ato processual praticado antes do termo inicial do prazo – Art.
218, § 4º).
Interposto fora do prazo, o Recurso não pode ser Conhecido, posto que a Preclusão
Temporal – Art. 223 caput do CPC (perda do direito de praticar/emendar um ato
processual por encerramento do prazo) é instituto de segurança da relação jurídico-
processual e não pode ficar à mercê da boa ou má vontade deste ou daquele juiz, mas
submete-se a critérios objetivos claramente postos na lei. (o magistrado não pode
interferir; aceitar recurso fora do prazo, salvo Justa Causa – Art. 223, in fine c/c §§ 1º e
2º do CPC)

→ Os prazos são computados de acordo com o Art. 224 caput e §§ 1º, 2º e 3º c/c Arts.
219 e 220 do CPC; [ Abordamos aqui os principais artigos ligados ao prazo dos Recursos
– Para estudo completo acerca de prazos processuais, vide Arts. 218 a 235 do CPC ]

→ O prazo para interposição de Recurso segue o previsto no art. 1.003 do CPC.

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Contra-arrazoar (Contrarrazões)

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Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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→ Prazos Recursais para Ministério Público:

Vide Art. 180.

→ Prazos Recursais para Defensoria Pública:

Vide Art. 186.

Enunciado nº. 53 (FONAJEF): Não há prazo em dobro para a Defensoria Pública no


âmbito dos Juizados Especiais Federais. (aplica-se à Lei 9.099/95)

→ Prazos Recursais para a Fazenda Pública:

Art. 183 do CPC.

→ Prazos Recursais para casos de Litisconsórcio:

Vide Art. 229 do CPC.


Enunciado nº. 164 (FONAJE): O art. 229, caput, do CPC/2015 não se aplica ao
Sistema de Juizados Especiais. (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte – MG)

→ Prazos Recursais nos Juizados Especiais Cíveis Federais da Lei n. 10.259/2001:

Art. 9º. Não haverá prazo diferenciado para a prática de qualquer ato processual pelas
pessoas jurídicas de direito público, inclusive a interposição de recursos, devendo a
citação para audiência de conciliação ser efetuada com antecedência mínima de trinta
dias.

→ Prazo de Recurso remetido via Correio: Vide Art. 1.003, § 4º. [ Ex.: Art. 1.017, § 2º, III ]

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Itálicos etc inseridos no texto tem caráter meramente didático. Esta apostila não tem fins comerciais.
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► Casos especiais de Interrupção do Prazo de Recurso

● Art. 1.004 do CPC [ Falecimento da parte. Falecimento do advogado. Motivo de força


maior que suspenda o processo = Restituição do prazo (Interrupção) ]

→ Falecimento da parte: Em caso de morte da parte, deve ser observado o que prevê o
Art. 313 caput, I e § 2º, I e II do CPC. Estando já transcorrendo a contagem do prazo para
interposição de Recurso, será tal prazo restituído em proveito do espólio, do sucessor ou
do herdeiro, contra quem começará a correr novamente depois da intimação (citação –
Inciso I)

→ Falecimento do advogado: Em caso de morte do advogado de qualquer das partes,


deve ser observado o que prevê o Art. 313 caput, I e § 3º do CPC. Estando já
transcorrendo a contagem do prazo para interposição de Recurso, constituído novo
mandatário será tal prazo restituído, iniciando a correr novamente depois da intimação.

→ Motivo de Força Maior: Havendo motivo de força maior que suspenda o processo ─ Art.
313, caput, VI ─, e, estando já transcorrendo a contagem do prazo para interposição de
Recurso, comprovado o fato, será tal prazo restituído à parte, contra quem começará a
fluir novamente após a cessação do evento.

Ex.: 1) ―Tem-se decidido que ―a doença que acomete o advogado somente se


caracteriza como justa causa quando o impossibilita totalmente de exercer a profissão ou
de substabelecer o mandato a colega seu para recorrer da decisão‖ (STJ, AgRg no Ag
1.342.662/MG, 4.ª T., j. 06.05.2014, rel. Min. Marco Buzzi); 2) Paralisação da cidade, em
face de inundação, impossibilitando a locomoção ou o peticionamento eletrônico por parte
do advogado etc.

● Art. 1.026 caput do CPC [ interposição de Recurso de Embargos de Declaração ]

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Ocorre a interrupção da contagem do prazo para interposição de Recurso, quando


qualquer das partes, em tempo hábil, manifesta Embargos de Declaração.
Ex.: Interposição de Embargos de Declaração em Sentença com indicação do erro,
obscuridade, contradição ou omissão (prazo 5 dias – art. 1.023) interrompe o prazo para
interposição do Recurso de Apelação (15 dias – art. 1.003, § 5º). O prazo para
interposição do Recurso de Apelação recomeça a contar por inteiro a partir da intimação
da sentença dos embargos de declaração.

Sentença [ erro/obscuridade/contradição/omissão ]

Interpõe ED no 5º dia
15 dias (Art. 1.003, § 5º)

Apelação ao TJ/SC

No exemplo, ao interpor os ED da Sentença do Juiz a quo no 5º e último dia do prazo é


automaticamente interrompida a contagem do prazo para a interposição da Apelação, que
fluirá por inteiro (15 d) após a intimação da sentença dos embargos de declaração.

b.2) Regularidade formal:

Deve a parte obedecer ao procedimento previsto em lei para apresentação do


Recurso [ CPC; Lei n. 9.099/1995; Lei n. 10.259/2001 ].

Ex.: Na Apelação seguir o procedimento previsto nos Arts. 1.009 a 1.014.

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Deve observar ainda o esgotamento de Instâncias Recursais. [ Não pode haver


supressão de instâncias, ou seja deverá seguir a sequência hierárquica determinada em
Lei para a interposição de Recursos (TJSC → STJ → STF) ]

b.3) Inexistência de fato extintivo ou impeditivo do Recurso:

A regra é que o Recurso, desde que cumpra todos os pressupostos de


admissibilidade, seja conhecido e tenha seu mérito analisado, sendo então provido ou
improvido. Há, no entanto, situações que fulminam (extinguem) o Recurso interposto e
outras que obstam (impedem) a sua interposição.

● Fatores que Fulminam (extinguem) o Recurso interposto

─ Deserção: Falta ou não Complementação do Preparo12 quando exigido. Tem como


efeito imediato o trancamento do Recurso com consequente extinção.

─ Desistência: Manifestação expressa do abandono do Recurso. Deve ser pedida em


petição. [ Art. 998 do CPC ].

● Fatores que Obstam (Impedem) a interposição do Recurso

─ Renúncia: Manifestação da vontade de não recorrer, podendo ser tácita (a parte


simplesmente não recorre, uma vez que o duplo grau de jurisdição é voluntário) ou oral na
audiência. [ Art. 999 do CPC ].

─ Aceitação Tácita: Art. 1.000 caput e parágrafo único.

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Vide item ―b.4‖.

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NOTAS:

─ Para o exercício dos fatores mencionados Desistência e Renúncia o advogado


necessita de instrumento de mandato (procuração) com poderes especiais;

─ Da Desistência, da Renúncia e da Aceitação Tácita decorre o trânsito em julgado da


Decisão;

─ Deserção, Desistência, Renúncia e Aceitação Tácita são espécies da denominada


―extinção anômala das vias recursais‖.

b.4) Preparo:

O Código de Processo Civil determina que alguns Recursos sejam condicionados ao


pagamento de taxas. É o chamado ―preparo‖ previsto no Art. 1.007 do CPC.

→ No âmbito dos Juizados Especiais estaduais ― Lei 9.099/95 ―, o preparo envolve,


além da característica taxa recursal também referida pelo CPC, o pagamento das custas
integrais do processo. É que nos Juizados (a quo), salvo litigância de má-fé, não se
recolhem custas, mas que passam a ser exigíveis, no caso de Recurso, sob pena de
Deserção. Este preparo deve ser feito em até 48h após à interposição do Recurso,
independentemente de intimação ― art. 42, § 1º da Lei 9.099/95.

→ No âmbito da Justiça Federal observar o disposto no art. 1.060 do CPC. Aplica-se o


previsto no art. 14, II da Lei n. 9.289/96 com nova redação. O Recorrente deve ser
expressamente intimado para fazer o preparo, daí correndo 5 dias para concretizá-lo.

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► Baixa dos autos ao juízo de origem

O Art. 1.006 do CPC traz a determinação administrativa para baixa dos autos para o
juízo de origem do processo pelo escrivão ou chefe de secretaria diante do trânsito em
julgado do Acórdão. É regra que pressupõe autos em papel (físicos).

► Efeitos dos Recursos

Não só a interposição, mas também o julgamento dos recursos gera uma série de
efeitos.

Quanto à interposição:

─ Obstativo: impede a formação da coisa julgada, formal ou material.

─ Suspensivo: Impede o início da eficácia da decisão recorrida, assim que interposto o


Recurso.

─ Regressivo/Modificativo: é a possibilidade de o próprio prolator da decisão julgar o


Recurso, retratando-se, no todo ou em parte, alterando a decisão recorrida.

─ Diferido: hipótese em que a admissibilidade do Recurso depende da interposição e do


conhecimento de outro Recurso, restringindo-se ao caso do Recurso Adesivo (Art. 997 do
CPC).

Quanto ao julgamento:

─ Devolutivo: Devolve, transfere o conhecimento de toda a matéria impugnada para a


instância ad quem (que é quem vai julgar o Recurso).

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─ Translativo: Corresponde à matéria que poderá ser examinada pelo órgão julgador do
Recurso independentemente da impugnação do recorrente, que é, nesse sentido,
transferida para regulamento por força de Lei. [ Art. 1.013, §§ 1º e 2º ]

─ Expansivo: corresponde às consequências do julgamento do Recurso com relação à


decisão, a outros atos do processo e, até mesmo, a outros sujeitos processuais.
─ Substitutivo: circunstância de a decisão do Órgão julgador do Recurso prevalecer sobre
a decisão recorrida se conhecido e provido o Recurso.

► Princípios norteadores dos Recursos

O Rol aqui exposto é o dos mais significativos. Não é taxativo, sendo admitidos pela
doutrina outros Princípios.

▲ De cunho Constitucional

1) Princípio do Duplo Grau de Jurisdição

▬ É princípio constitucional, implícito no Art. 5º, LV, in fine da CRFB/88.

→ Jurisdição:

● Poder de julgar, ―dizer‖, aplicar o Direito. Para fins da nossa Disciplina assim
classificamos a Jurisdição: a) Contenciosa, que pressupõe existência de conflito/litígio a
ser resolvido pelo Poder Judiciário; b) Comum; c) Civil, pois incide sobre normas
processuais civis.

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● Função do Estado conferida exclusivamente ao Poder Judiciário através dos


Juízes e Tribunais para dirimir conflitos/litígios entre particulares e entre estes e o próprio
Estado;

● Quanto ao grau hierárquico dos seus Órgãos divide-se em Primeiro Grau (a quo) e
Segundo Grau (ad quem), o que pressupõe o Duplo Grau de Jurisdição. A Jurisdição de
Segundo grau (ad quem) tem por missão conhecer, processar e julgar, por via de
Recursos, as causas já decididas na instância a quo, fundada na possibilidade da
decisão proferida nesta última ser errada ou injusta.
▬ Argumentos para a aplicabilidade do Princípio do Duplo Grau de Jurisdição:

a) há sempre a possibilidade das decisões se ressentirem de vícios, resultantes de


erro ou má-fé do seu prolator, donde decorre a necessidade de permitir-se a sua
reforma em Segundo Grau (ad quem);
b) a admissibilidade do reexame das decisões de Primeiro Grau (a quo) por
Desembargadores ou Ministros, em Segundo Grau (ad quem), mais experientes,
exige dos juízes a quo maior cuidado no exame e solução das lides, servindo de
―freio‖ às novas decisões que vierem a proferir, além de contribuir para o
aprimoramento moral e cultural dos Órgãos jurisdicionais;
c) é psicologicamente demonstrado ser raro alguém que se conforme com um único
julgamento que lhe seja contrário.

▬ No que diz respeito ao exercício do direito ao Princípio, temos:

→ Duplo Grau de Jurisdição Voluntário (Art. 996 do CPC): ocorre por meio de
provocação VOLUNTÁRIA da parte. (ex: recorrer da Sentença através da Apelação)

→ Duplo Grau de Jurisdição Necessário (Remessa Necessária): ocorre nos casos


do Art. 496 do CPC – Não é considerada Recurso, pois não é voluntária.

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NOTAS: - Não cabe Remessa Necessária nos Juizados Especiais.

- Nos Juizados Especiais Cíveis Estaduais da Lei n. 9.099/1995, por força do


art. 8º, que não admite como parte, pessoas jurídicas de direito público, não se aplica a
remessa necessária do art. 496 do CPC.

- Nos Juizados Especiais Cíveis Federais da Lei n. 10.259/2001: Embora o


art. 6º, II da Lei possibilite que sejam rés a União, autarquias, fundações e empresas
públicas federais, não se aplica a remessa necessária por força do art.13.
2) Princípio da Colegialidade

▬ É princípio constitucional implícito. Significa que o ―juiz natural‖ das decisões


proferidas no âmbito dos Tribunais componentes da Organização Judiciária brasileira é
Órgão Colegiado.

▲ De cunho Infraconstitucional

1) Princípio da Taxatividade

▬ É entendido no sentido de que a lei pode criar Recursos no sistema processual civil
brasileiro. E mais: não se trata de qualquer lei, mas de lei federal, por força do que dispõe
o Art. 22, I da CRFB/88. Mesmo o inciso XI do Art. 24 da CRFB/88, que reconhece aos
Estados-membros competência para criarem regras de procedimento não pode inovar o
sistema no que diz respeito aos Recursos. Há unanimidade na doutrina de que os
Recursos e suas hipóteses de cabimento são matéria de direito processual, a afastar,
consequentemente, a competência estadual da disciplina do tema.

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2) Princípio da Unirrecorribilidade (singularidade ou unicidade)

▬ Seu significado é o de que cada decisão jurisdicional desafia o seu contraste por
um e só por um Recurso. Cada Recurso tem aptidão de viabilizar o controle de
determinadas decisões jurisdicionais com exclusão das demais, sendo vedada a
interposição concomitante de mais de um Recurso para o atingimento de uma mesma
finalidade.

3) Princípio da Correlação

▬ Este princípio relaciona cada Recurso a uma específica finalidade,


independentemente de sua maior ou menor abrangência.
4) Princípio da Fungibilidade

▬ Justifica-se no sistema processual civil sempre que a Correlação entre as decisões


jurisdicionais e o Recurso cabível, prescrito pelo legislador, gerar algum tipo de dúvida no
caso concreto. [ Ex: Art. 1.024, § 3º ]

5) Princípio da Dialeticidade

▬ Trata da necessidade de o recorrente demonstrar as razões de seu inconformismo,


fundamentando por que a decisão lhe traz algum gravame e por que a decisão deve ser
anulada ou reformada. (Ex.: Súmulas 284 e 287 do STF)

6) Princípio da Consumação

▬ O legitimado a recorrer (Art. 996 do CPC) deve, no prazo do respectivo Recurso,


manifestar o seu inconformismo e apresentar, desde logo, as respectivas razões, sob
pena se preclusão temporal/consumativa (art. 223 do CPC).

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7) Princípio da Proibição da Reformatio in Pejus

▬ O interesse de Recorrer origina-se na Sucumbência e na perspectiva futura de


melhorar a decisão. Recorre aquele que tiver obtido menos do que pleiteou e que
vislumbra a possibilidade de obter vantagem com o julgamento do Recurso. O Art. 996 do
CPC fala em ―parte vencida‖, – ocorre que ambos podem ser vencidos – sucumbência
recíproca, sentença favorável - e apenas um ter interesse em recorrer.
● Se, por exemplo, somente o Autor pleiteasse a reforma da Sentença, e isso
piorasse a sua situação em relação à decisão anterior, seria justo? Não. Decorre daí a
―proibição da Reformatio in Pejus” no sistema jurídico brasileiro. O autor/recorrente não
corre o risco de ver sua situação piorada desde que a outra parte não recorra. Ou fica
como está ou melhora.
● Se, por exemplo, somente o Réu pleiteasse a reforma da Sentença, e isso piorasse
a sua situação em relação à decisão anterior, seria justo? Não. Decorre daí a ―proibição
da Reformatio in Pejus” no sistema jurídico brasileiro. O réu/recorrente não corre o risco
de ver sua situação piorada desde que a outra parte não recorra. Ou fica como está ou
melhora.
● Se ambos recorrem não se aplica o princípio.

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REFERÊNCIAS

CRFB/1988 e Emendas Constitucionais; Legislação infraconstitucional atualizada (Vade Mecum).

Jurisprudência Turmas de Recursos [Estaduais e Federais], Tribunais Estaduais e Superiores.

Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/2015 – atualizado com a Lei 13.256/2016).

Lei de Mediação (Lei n. 13.140/2015).

BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de Direito Processual Civil: inteiramente estruturado à luz
do NOVO CPC de acordo com a Lei n. 13.256, de 4-2-2016. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
v. único.

BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. 2. ed. São Paulo:
Saraiva, 2016.

DONIZETTI, Elpidio. Novo Código de Processo Civil comparado: CPC/1973 para o CPC/2015
e CPC/2015 para o CPC/1973 com destaques das modificações – de acordo com a Lei 13.256 de
04 de fevereiro de 2016 que altera o CPC/2015. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

MARINONI, Luiz G.; ARENHART, Sérgio C.; MITIDIERO, Daniel. O Novo Processo Civil. 2. ed.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

MARINONI, Luiz G.; ARENHART, Sérgio C.; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo
Civil comentado. 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.

MEDINA, Jose Miguel Garcia. Direito Processual Civil moderno: de acordo com a Lei
13.256/2016 (reforma do novo CPC). 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.

MEDINA, Jose Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: com remissões e
notas comparativas ao CPC/1973. 4. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2016.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção (org). Novo CPC comparado: artigo por artigo ● parágrafo
por parágrafo ● inciso por inciso ● alínea por alínea. (Coord. Luiz Fux). 3. ed. rev. e atual. São
Paulo: Método, 2016.

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WAMBIER, Teresa Arruda Alvim et al. Primeiros comentários ao Novo Código de Processo
Civil: artigo por artigo – De acordo com a Lei 13.256/2016. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo:
RT, 2016.

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