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NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS E TUTELAS PROVISÓRIAS NA

AÇÃO DE PROCEDIMENTO ESPECIAL DE INVENTÁRIO


Procedural contracts and interim protections in the special inventory procedure action
Revista de Processo | vol. 327/2022 | p. 287 - 307 | Maio / 2022 | DTR\2022\9025

Luan Eduardo Steffler


Mestrando em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Especialista em Direito Processual
pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas. Bolsista de Pesquisa de Mestrado do CNPq.
Advogado. luan.eduardo.steffler@gmail.com

Área do Direito:
Civil; Processual
Resumo:
Trata-se de pesquisa qualitativa exploratória, de procedimento monográfico, de abordagem dedutiva, com
o escopo de investigar a possibilidade de negócios jurídicos processuais e de tutelas provisórias na ação de
procedimento especial de inventário. Com o desenvolvimento da pesquisa, pode-se observar a inclusão de
negócios jurídicos processuais atípicos no sistema jurídico brasileiro; a regulamentação das tutelas
provisórias em duas espécies: urgência (antecipada e cautelar) e evidência; e a inclusão do parágrafo único
no art. 647 do CPC15, possibilitando a concessão de determinadas medidas provisórias na ação de
procedimento especial de inventário. Diante disso, torna-se possível a concessão de tutelas provisórias no
procedimento de inventário. Em relação aos negócios jurídicos processuais atípicos na ação de inventário,
esses são cabíveis, possibilitando ao juiz o controle de sua validade, premissas ratificadas pelo STJ no
julgamento do REsp 1.738.656.

Palavras-chave:
Negócios Jurídicos Processuais – Tutela Provisória – Tutela de Urgência – Tutela de Evidência –
Procedimento de inventário
Abstract:
It’s an exploratory qualitative research, of monographic procedure, of deductive approach, with the purpose
of investigating the possibility of procedural contracts and interim protections in the action of special
inventory procedure. With the development of the research, it can be observed the inclusion of atypical
procedural contracts in the Brazilian legal system; the regulation of interim protections in two species:
urgency (anticipated and preventive) and evidence; and the inclusion of the sole paragraph in art. 647 of
CPC15 enabling the granting of certain provisional measures in the special inventory procedure action. With
this, it becomes possible to interim protections in the inventory procedure. In relation to atypical procedural
contracts in inventory actions, they are applicable, and the judge may control their validity, premises ratified
by the STJ in the judgment of REsp 1,738,656.

Keywords:
Procedural contracts – Interim protection – Urgency protection – Evidence protection – Inventory
Procedure
Sumário:
1. Introdução - 2. Negócios jurídicos processuais - 3. Tutelas provisórias - 4. Procedimento especial
de inventário e da partilha - 5. A possibilidade de tutelas provisórias e negócios processuais na ação
de inventário - 6. Análise do caso concreto no Resp 1.718.656/RJ - 7. Considerações finais - 8.
Referências
Para citar este artigo: STEFFLER, Luan Eduardo. Negócios jurídicos processuais e tutelas provisórias na
ação de procedimento especial de inventário. Revista de Processo. vol. 327. ano 47. p. 287-307. São Paulo:
Ed. RT, maio 2022. Disponível em: <http://revistadostribunais.com.br/maf/app/document?stid=st-
rql&marg=DTR-2022-9025>. Acesso em: DD.MM.AAAA.
1. Introdução
Após ser sancionado o CPC (LGL\2015\1656)15 através da Lei 13.105/15, diversos institutos processuais
foram introduzidos e alterados, buscando agasalhar o processo civil brasileiro nas necessidades do mundo
contemporâneo. Os negócios jurídicos processuais constituem uma grande inovação albergada pelo diploma
processual de 2015, já que foram pouco explorados pelas legislações processuais anteriores, ganhando
sucessivos estudos nos dias atuais. Nessa perspectiva, o CPC (LGL\2015\1656)15 positivou a possibilidade,
mediante certas condições, de que regras processuais sejam criadas pelas partes (art. 190 e 191),
sobrevalorizando a vontade dos jurisdicionados na busca por uma tutela jurisdicional efetiva, célere e justa.
No que concerne às tutelas provisórias, essas ganharam nova roupagem, extinguindo-se o processo cautelar
conjuntamente com as medidas cautelares atípicas contidas no CPC (LGL\2015\1656)73, de maneira a
unificar em um único regime, as “tutelas provisórias”, sejam elas de urgência (antecipada e cautelar),
concedidas a partir dos pressupostos da existência de perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo
e da probabilidade do direito, ou da evidência, sem que haja o perigo de dano, mas apenas altíssima
probabilidade de acolhimento do direito previsto em lei.
Não bastasse isso, de igual modo, outra novidade foi a inserção no parágrafo único do art. 647 da
possibilidade do magistrado, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente, a qualquer dos herdeiros,
o exercício dos direitos de usar e de usufruir determinado bem, desde que, ao término do processo de
inventário, tal bem integre a cota do respectivo herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os
ônus decorrentes do exercício daqueles direitos.
Diante de tais peculiaridades, o STJ, por meio do REsp. 1.738.656/RJ, pronunciou-se acerca da possibilidade
de negócios jurídicos processuais e do deferimento de tutelas provisórias no procedimento especial de
inventário e partilha. Portanto, a pesquisa tem como objetivo analisar o alcance da decisão da Corte
Superior, buscando com base em pesquisa bibliográfica apontar os fundamentos que possibilitam a
elaboração de negócios jurídicos processuais pelas partes, bem como o deferimento de tutelas provisórias
(urgência e evidência), nas ações de procedimento especial de inventário e partilha.

2. Negócios jurídicos processuais


Os negócios jurídicos constituem determinada modalidade de ato jurídico (em sentido amplo), cujo conteúdo
e respectivos efeitos específicos são delimitados pela própria manifestação de vontade das partes que os
celebram. A voluntariedade dos sujeitos constitui um fator relevante não apenas na prática do ato em si,
mas na obtenção e modulação das consequências. De fato, o conteúdo conjuntamente com os efeitos do
ato não são preestabelecidos em lei, mas sim delineados, quando menos em substancial parcela, pela
vontade dos acordantes1.
A classificação dos atos jurídicos processuais não encontra unanimidade na doutrina nacional2. Porém, a
maior parte dos pesquisadores entende que tal instituto deve ser considerado a partir da classificação dos
atos jurídicos. Arruda Alvim3 atesta que “o fato jurídico é todo acontecimento da vida relevante para o
Direito, mesmo que seja fato ilícito”. Dessa maneira, fatos jurídicos processuais, que produzem ou não
certos efeitos no processo, estão englobados em duas categorias: os atos jurídicos processuais que
decorrem da vontade humana, e os fatos processuais, independente da vontade humana, realçando
determinado efeito sobre o processo, como a morte de uma das partes.
Os atos jurídicos investidos de declaração de vontade das partes, dos quais objetivam consequências
jurídicas, são denominados de convenções, acordos ou negócios processuais. Os negócios jurídicos
processuais são espécie do gênero atos processuais4.
A referência aos negócios jurídicos processuais não é tema que soa como novo no sistema jurídico global.
Tal instrumento remete-se aos estudos realizados na Alemanha no final do séc. XIX, por Josef Kohler, em
trabalho publicado em 18875, a pesquisa intitulada “Ueber processrechtliche Verträge und Creationen”
propôs a elevação da autonomia da vontade das partes, sobrevindo a possibilidade de interferirem no
procedimento. Kohler demonstrou uma visão privatista do processo, no qual a relação jurídica processual
deveria ocorrer somente entre as partes, sendo que a ação seria dotada de caráter privado. Assim, as partes
apoiadas na abertura do sistema poderiam, por meio da celebração de um contrato, acordar qual alternativa
procedimental seria utilizada, abrangendo temas como competência, fatos, provas e procedimentos
submetidos à “contratação” dos litigantes.
Augusto Chizzini salienta a importância do referido estudo realizado por Kohler, explorando o espaço de
autonomia privada das partes no processo, criticada posteriormente por Oskar Bülow6.
Oskar Bülow confrontou o pensamento de Kohler ao sistematizar a relação processual, repudiando a
tentativa de admitir-se no processo alguma liberdade para a negociação processual, partindo da premissa
que o processo se desliga dos domínios do direito material. Tal estudo foi considerado um marco para a
ciência processualística7.
Na mesma linha, a doutrina italiana do séc. XX trouxe relevantes contribuições ao tema dos negócios
jurídicos processuais. Partindo-se, primeiramente, de uma visão contrária a tal instituto, muito por conta da
“escola sistemática” do processo, desenvolvida por Giuseppe Chiovenda. Nesse ínterim, Salvatore Satta
negava a existência de negócios processuais – comedido no publicismo fundamentado por Bülow, o autor
reconhecia a existência de “opções processuais”, contudo, não sendo equiparáveis a um verdadeiro contrato
entre as partes8.
Enrico Tullio Liebman, na mesma linha, não admitia a existência de negócios jurídicos processuais, afirmando
que o efeito do ato processual já estaria “fixado e preestabelecido em lei”, não sendo relevante o intuito do
agente9.
Todavia, no ano de 1940, Francesco Carnelutti analisou certos acordos processuais vinculados
especificamente ao direito material, contribuindo para o desenvolvimento do instituto na primeira parte do
séc. XX10.
Contemporaneamente, a doutrina italiana ainda detém certo receio em considerar a amplitude da autonomia
privada e os acordos/negócios jurídicos de procedimento (individuais), angariando um pequeno número de
doutrinadores que expressam concordância favorável a negociação processual, reconhecendo a categoria
dos negócios processuais. Entretanto, não aprofundando no seu exame, referindo-se apenas aos negócios
típicos dos quais contém seu objeto tipificado em lei, exemplo do calendário processual, previsto no art. 81-
bis do Codice italiano, incluído pela reforma de 201111.
Remo Caponi12 considera ser benéfica para a efetividade da tutela jurisdicional a possibilidade da celebração
de acordos procedimentais, inclusive, de acordos atípicos, positivados expressamente no texto da lei
processual, evitando que sua validade dependa da discricionariedade do magistrado. O autor sugere a
incorporação de algumas possibilidade de negócios jurídicos processuais na lei processual italiana, como: I)
a propositura de demanda nova no juízo de primeiro grau; II) a superação das regras de preclusão; III) a
escolha de um modelo de debate entre uma pluralidade de padrões (ritos) predeterminados pela lei, dentro
de uma mesma sequência procedimental unitária, como no sistema inglês e francês; e IV) o acordo sobre
a instauração de um “processo modelo”, para o exame de questões idênticas ou similitudes em uma única
demanda, entre outros.

2.1. O desenvolvimento dos Negócios Jurídicos Processuais no cenário nacional


O direito processual começou a ganhar autonomia científica a partir do ano de 1868, muito por conta dos
estudos de Oskar Bülow que procurou identificar a existência de uma relação jurídica (processual) diversa
da relação entre o direito material, sendo sujeita a pressupostos e requisitos próprios. Dessa forma, com o
decorrer dos séculos, os países do sistema germânico agregaram-se a um movimento no sentido da
“publicização” do direito processual, com um modelo de processo que foi denominado de inquisitivo13. No
modelo de processo inquisitivo, em regra, são atribuídos ao magistrado amplos poderes, como o impulso
processual, fixação de prazos, conhecimento de ofício de fatos notórios e outros acessórios não alegados
pelas partes14.
Tal modelo foi adotado pelos Códigos de Processo Civil pátrios de 1939 e de 1973, dos quais sofreram forte
influência da estrutura liberal europeia, consagrando o publicismo e a ruptura da visão liberal do processo,
tendo em vista a amplitude dos poderes instrutórios do juiz. Devido a essa contundência exacerbada do
protagonismo magistral na relação processual, a autonomia da vontade das partes (para convencionarem
sobre suas situações processuais) detinha, como regra geral, espaço estritamente limitado15.
Cândido Rangel Dinamarco, em consonância com a doutrina de Enrico Tullio Liebman, não admitia a
existência de negócios jurídicos processuais, pois os efeitos dos atos processuais sempre resultam da lei,
não sofrendo qualquer influência de vontade, sendo que os atos processuais das partes não possuem efeito
na livre autorregulação que é própria dos negócios jurídicos. Consequentemente, os atos do juiz não teriam
o efeito da livre autorregulação, uma vez que ele não dispõe para si, nem pratica atos no processo com
fundamentação na autonomia da vontade, mas com fulcro no poder estatal que é investido16.
No entanto, os negócios jurídicos processuais fizeram-se presentes sob a égide do CPC (LGL\2015\1656)73,
mas apenas na forma típica, tendo, como exemplos principais, a cláusula de eleição de foro e a convenção
acerca do ônus da prova, disciplinadas respectivamente nos arts. 111 e no parágrafo único do
art. 333 do CPC (LGL\2015\1656)73. Porém, mesmo com a previsão de efeitos jurídicos imediatos
atribuídos aos atos das partes em suas declarações de vontade, conforme o art. 158 do CPC
(LGL\2015\1656)73, não foi desenvolvido estudo na doutrina nacional que aprofundou no tema das
negociações típicas e atípicas. José Carlos Barbosa Moreira17 acreditava que tal assunto aguardava o
interesse dos estudiosos, fazendo um comparativo com a doutrina alemã que já possuía pesquisas
avançadas sobre o tema.

2.2. Negócios jurídicos processuais no Código de Processo Civil de 2015


Dentre as alterações recepcionadas pelo CPC (LGL\2015\1656)15, uma delas, gerando grande repercussão
e debate, foi a possibilidade de que mediante certas condições, regras processuais sejam criadas pelas
partes (art. 190 e 191), sobrevalorizando a autonomia individual. No entanto, o processo continua e deve
continuar sendo instrumento a serviço do Estado, visando atingir objetivos que embora sejam das partes,
são públicos, como a atuação do direito objetivo, pacificação social (pela eliminação da controvérsia) e
afirmação do poder estatal18.
O legislador do CPC (LGL\2015\1656)15 procurou quebrar com o paradigma exacerbado do processo
publicista, diminuindo o protagonismo judicial, buscando um processo cooperativo/participativo fundado no
princípio da adequação (especialmente a negocial pelas partes), decorrendo das garantias constitucionais
do devido processo legal (art. 5º, LIV), do acesso à justiça (art. 5º, XXXV) e da tempestividade da tutela
jurisdicional (art. 5º, LXXVIII). Dessa maneira, os procedimentos devem ser vistos conforme as
peculiaridades da causa e a necessidade do direito material, visando uma prestação jurisdicional eficiente,
diante de um procedimento efetivamente adequado em que tanto o magistrado quanto as partes são
municiados de atributos para promover adaptações no procedimento19.
Nessa perspectiva, o art. 19020 do CPC (LGL\2015\1656)15 passou a admitir que as partes plenamente
capazes e de comum acordo, nas causas em que se admitam autocomposição, estipulem mudanças no
procedimento para ajustá-lo às especificidades da demanda ou convencionaram sobre seus ônus, poderes,
faculdade e deveres processuais, posteriormente ou durante a pendência do processo. O negócio jurídico
processual deverá obedecer a todos os requisitos exigidos pela legislação civil no tocante ao regime jurídico
das nulidades.
Tal dispositivo de lei consagrou uma cláusula geral de negociação processual que permite a formulação de
negócios processuais atípicos, não encontrando precedentes no antecessor CPC (LGL\2015\1656)73.
Ademais, o art. 190 e inc. IV do art. 139 do CPC (LGL\2015\1656)15, são duas grandes mudanças no tema
das execuções promovidas pela contemporânea sistemática processual. Todavia, a validade dos negócios
processuais atípicos na execução deve ser interpretada consoante ao previsto no art. 190 do CPC
(LGL\2015\1656)1521.
O art. 190 do CPC (LGL\2015\1656)15 carrega consigo uma cláusula geral, autorizando negócios
processuais. Assim sendo, permitem-se negócios processuais atípicos, possibilitando o ajuste processual
pela vontade das partes na modulação do procedimento ou de posições jurídicas processuais em
determinadas hipóteses, além daquelas taxativamente previstas em lei. Atribui-se ampla liberdade às partes
para em comum acordo articularem o processo jurisdicional, ajustando-o às suas peculiaridades concretas.
A arbitragem foi fonte de inspiração, ou fator de incentivo para o legislador instituir tal instrumento, partindo-
se do raciocínio que:
“se as partes podem retirar do judiciário a solução de seus conflitos, atribuindo a um juiz privado a solução
de suas lides, não há por que impedi-las de optar por manter a solução do conflito diante do juízo estatal,
mas em um procedimento ou processo por elas reelaborado.”22
O magistrado somente pode negar a aplicação do negócio jurídico processual, caso esteja presente alguma
invalidade (vício relativo aos planos da existência ou da validade, abusividade de cláusula ou vulnerabilidade
de parte). Com isso, analisando em conjunto os arts. 190 e 220, extrai-se que o CPC (LGL\2015\1656)15
não consagrou apenas uma cláusula geral de negócios entre as partes, mas também um novo princípio,
qual seja, o princípio do respeito ao autorregramento da vontade das partes no processo, uma vez que a
eficácia dos negócios processuais é imediata e independente de homologação judicial, sendo possível o
controle somente a posteriori – caso ocorra algum defeito de existência ou validade.
Porém, a abertura operada pelo CPC (LGL\2015\1656)15 não deve servir de oportunidade para o exercício
da criatividade dos advogados. As regras processuais convencionais devem ser pensadas como forma de
trazer resultados relevantes para a racionalização do processo, pois a lei remete-se a mudanças no
procedimento, primordialmente para “ajustá-lo” às especificidades da causa e não para apenas “simplificar”
o processo, eis que, o conceito de simplicidade envolve boa margem de subjetividade e nem sempre é tão
fácil de estabelecer. Trata-se de racionalizar, adequando o processo à relação controvertida dos respectivos
sujeitos23.

3. Tutelas provisórias
Desde os primórdios do ensino do direito, busca-se restringir os efeitos perniciosos do tempo, determinando
medidas que assegurem a plena realização do devido processo legal e a efetividade da tutela jurisdicional,
sobretudo em casos que comportam um certo grau de urgência.
Enrico Tullio Liebman24 acrescentava uma terceira atividade à função jurisdicional, além da
cognição/conhecimento e da execução, da qual a jurisdição realiza todo o ciclo de suas principais funções.
Tal atividade, tem por objetivo auxiliar, com o intuito de assegurar o curso eficaz do processo conjuntamente
com seu resultado útil, concorrendo assim, indiretamente, para a consecução dos objetivos gerais da
jurisdição, essa terceira atividade era denominada de processo cautelar pelo autor.
O CPC (LGL\2015\1656)73, elaborado pelo então ministro Alfredo Buzaid, discípulo direto de Enrico Tullio
Liebman, que durante os anos difíceis da Segunda Guerra, abrigou-se no território nacional, conduzindo um
movimento de atualização da processualística brasileira segundo os princípios jurídico-científicos revelados
na revolução operada a partir da obra de Oskar Bülow e ao longo das históricas lições de Giuseppe
Chiovenda25. Adotou no seu livro III, as chamadas medidas cautelares “Do processo Cautelar”, de Título
único “Das Medidas Cautelares”, do qual foi dividido em dois capítulos, o primeiro contendo as disposições
gerais e o segundo os procedimentos cautelares específicos.
Nas disposições gerais, constava o “Poder Geral de Cautela” previsto no art. 798, possibilitando ao
magistrado determinar medidas provisórias que julgasse necessárias, quando houvesse fundado receio de
que uma parte, antes do julgamento da lide, viesse a causar ao direito da outra lesão grave e de difícil
reparação.
O CPC (LGL\2015\1656)73 regulamentou a tutela de urgência de forma separada, isto é, em locais distintos.
A tutela de urgência não satisfativa (cautelar) era disciplinada pelo Livro III, que tratava do “processo
cautelar”, contendo o dever-poder geral de cautela, a teoria geral da cautelar, as cautelares inominadas
(atípicas) e as cautelares nominadas (típicas) em espécie26. No ano de 1994, foi introduzida no CPC
(LGL\2015\1656)73 a generalização da técnica antecipatória acoplada no art. 273, visando possibilitar a
tomada de decisões de cunho executivo e satisfativo no bojo do processo de conhecimento, através de
cognição sumária. Tratou-se de modificação com o escopo de contribuir para a eliminação de uma falha
estrutural do sistema processual, decorrente de uma opção não muito satisfatória pelo legislador, mas
também e, principalmente, se preocupou em distinguir a técnica antecipatória da técnica cautelar não as
equiparando.
Assim, pelo fato desses mecanismos processuais serem tratados em artigos esparsos, a doutrina daquela
época tentou traçar as diferenças entre as modalidades de tutelas. Teori Albino Zavascki27 sintetizou tais
distinções, sendo que na antecipação da tutela com base no art. 273 do CPC (LGL\2015\1656)73, a decisão
se destinava a antecipar os efeitos da futura decisão de mérito, ou seja, os efeitos que a parte pretende-se
antecipar seriam os mesmos a se obter no futuro com a tutela definitiva. De outra maneira, as medidas
cautelares possuem conteúdo próprio, diverso do conteúdo obtido pela tutela definitiva de mérito, o objeto
da cautelar não satisfaz o direito afirmado, mas apenas promove garantias para sua certificação ou para a
sua futura execução, as cautelares seriam então, medidas com eficácia limitada no tempo, mas sucedidas
por outra medida de semelhante natureza.
A comissão constituída pela presidência do Senado Federal para elaboração do anteprojeto do CPC
(LGL\2015\1656)15, sugeriu a criação de um título próprio para regular as modalidades de tutela
jurisdicional que obtivessem em princípio decisões provisórias, com intuito de tão somente assegurar a plena
utilidade prática da tutela definitiva, esta sim, apta a solucionar o litígio. Tal iniciativa, aprovada pelo Senado,
visou eliminar discussões acadêmicas sobre a natureza da antecipação provisória dos efeitos da tutela
jurisdicional28.
Desse modo, o CPC (LGL\2015\1656)15 passou a dedicar todo um livro, o quinto, denominado “Tutela
Provisória”, estipulando-se regras que permitem, generalizadamente, a concessão antecedente ou incidental
de medidas aptas a acautelar (no sentido de conservar) ou antecipar (no sentido de satisfazer) o direito
controvertido29.
Nesse norte, o diploma processual de 2015 impôs à tutela cautelar um tratamento bastante distinto do seu
antecessor. Visto que, este último consagrou o processo cautelar no seu livro III, do qual disciplinava em
um primeiro capítulo as regras gerais sobre a matéria e o procedimento cautelar comum, desdobrando o
segundo capítulo em quinze seções sobre os procedimentos cautelares específicos30. Os
arts. 294 a 311 do CPC (LGL\2015\1656)15, denominam de “tutela provisória” a ampla categoria
abrangendo as chamadas tutela de urgência (antecipada e cautelar) e de evidência, ressistematizando e
unificando no ponto de vista procedimental o instrumento das tutelas provisórias.
3.1. Tutela Provisória de Urgência
Em consonância com a sobrecarga do Poder Judiciário e com a demora na resolução dos processos
jurisdicionais, as partes em grande parcela das vezes, não podem suportar a morosidade final do
procedimento padrão para obterem sua pretensão, em virtude da existência de um perigo iminente de perda
ou de lesão do direito objeto de tutela jurisdicional. Tal situação de urgência, portanto, exige a concessão
de uma proteção judicial ágil e rápida31. Nesse ensejo, os jurisdicionados poderão lograr-se do manejo da
tutela provisória de urgência que tem como fundamento a existência de perigo de dano ou risco ao resultado
útil do processo (periculum in mora) e a probabilidade do direito (fumus boni iuris)32.
O perigo de dano e risco ao resultado útil do processo são pressupostos próprios da tutela provisória de
urgência, do qual recebeu tal denominação justamente por conter esses pré-requisitos. Sendo uma das mais
importantes técnicas processuais, por meio da qual impede que o tempo necessário à duração razoável do
processo cause danos à parte que tem razão. Hodiernamente não se pode pensar em processo efetivo, sem
que exista a possibilidade de se buscar medidas de urgência para combater o efeito nocivo do tempo, aliado
a situações de perigo e de perecimento do direito material durante todo o curso do processo33.
O § 1º do art. 300 do CPC (LGL\2015\1656)15, encapa a possibilidade de caução como contracautela, com
ressalva, reconhecida pela doutrina e pela jurisprudência, de que ela pode ser dispensada em caso de
hipossuficiência da parte interessada, sobre o assunto há entendimento consolidado no enunciado 49734 do
FPPC, segundo o qual: “as hipóteses de exigência de caução para a concessão de tutela provisória de
urgência devem ser definidas à luz do art. 520, IV, CPC (LGL\2015\1656)15”. O § 2º do art. 300 do CPC
(LGL\2015\1656)15, admite a concessão de liminar inaudita altera parte ou após justificação prévia da
tutela de urgência. Já, o art. 302 do CPC (LGL\2015\1656)15 impõe a responsabilidade da parte requerente
da tutela provisória de urgência, pelos danos que ela causar à parte contrária, caso a sentença final lhe seja
desfavorável, se obtida a medida em caráter antecedente não tiver promovido a citação do requerido no
prazo legal e, se a medida caducar ou se o magistrado acolher o pedido de decadência ou prescrição35.
Teori Albino Zavascki36 ratifica que são basicamente três situações que podem ocasionar risco à efetividade
da prestação jurisdicional: a) risco à certificação do direito material, pois a prova da sua existência se
encontra ameaçada (neste caso, cabe medida urgente para antecipar a produção das provas); b) risco à
futura execução forçada em virtude da dissipação patrimonial do devedor (a medida urgente terá, aqui, o
desiderato de garantir a execução – tutela de urgência cautelar); e c) risco em virtude da demora na fruição
do direito (a medida urgente, nessa situação, terá o objeto de antecipar a própria fruição do direito
afirmado).
A tutela de urgência é gênero das tutelas provisórias, dividida em duas categorias: a tutela cautelar – possui
o condão de tão somente assegurar o direito com técnicas como o arresto, sequestro, arrolamento de bens,
registro de protesto contra alienação de bem e qualquer outra medida idônea para asseguração do direito.
E a tutela antecipada – satisfativa, entregando, desde logo, o bem da vida ou parte dele, possibilitando-se
sua estabilização, conforme o art. 304 do CPC (LGL\2015\1656)15.
Leonardo Ferres da Silva Ribeiro dispõe que a única diferença entre a tutela cautelar e a antecipada, reside
na eficácia entre elas, ou seja, na forma de sua atuação, no meio utilizado para imunizar o periculum in
mora, na antecipação utiliza-se a técnica satisfativa, ao passo que, na cautelar a técnica é conservativa.
Todavia, o que importa é a concessão da tutela jurisdicional de forma efetiva, com o meio mais adequado
a salvaguardar o direito. A técnica deve ser aquela que melhor se mostrar efetiva à tutela pretendida, não
sendo conveniente fixar marcos divisórios entre a cautelar e antecipação de tutela37.
Justamente por isso, é que se tem a possibilidade de fungibilidade esculpida no parágrafo único do
art. 305 do CPC (LGL\2015\1656)15. Muito por conta da “dúvida objetiva”, criada pela doutrina e pela
jurisprudência desde o CPC (LGL\2015\1656)73, sendo que, até hoje a sustação de protesto, por exemplo,
é medida de urgência considerada cautelar por determinados julgadores, mas de cunho antecipatório por
outros. Apesar disso, a realidade operativa tem demonstrado sensatez, empregando o desapego às formas
técnicas, prevalecendo-se a ideia de que as técnicas cautelar e antecipada são apenas meios para que se
atinja o fim de toda a jurisdição, isto é, a prestação da tutela jurisdicional38.
No mais, a tutela de urgência pode ser manejada em caráter antecedente (antes do pedido principal), ou
incidental (após ou em conjunto com o pedido principal), devendo estar condicionada a um juízo positivo
firme da existência do direito e da inevitabilidade do dano iminente. Sendo assim, o juízo deve equivaler-se
de uma ponderação favorável à prioridade da tutela do direito – alegado pelo requerente sobre eventual
direito do requerido, sacrificando o contraditório e a ampla defesa, cuja postergação constitui sempre uma
violência39.

3.2. Tutela Provisória da Evidência


A Tutela da evidência é gênero da tutela provisória que satisfaz os efeitos da tutela jurisdicional, sem que
haja o perigo de dano, mas apenas altíssima probabilidade de acolhimento do direito, previsto em lei, tal
técnica não se funda na urgência do caso e sim na evidência do sistema jurídico40.
O vocábulo vincula-se àquelas pretensões deduzidas em juízo, nas quais o direito da parte revela-se
evidente, tal como o direito líquido e certo que autoriza a concessão do mandamus ou direito documentado
do exequente. A técnica se opera além do fumus boni iuris, na probabilidade de certeza do direito alegado,
aliada à injustificada demora do processo ordinário até a satisfação do interesse do jurisdicionado, com o
grave desprestígio para o Poder Judiciário, posto que injusta a espera determinada41.
Rogéria Dotti42 respalda que, no Brasil a tutela sumária vem sofrendo uma nítida evolução, haja vista,
inicialmente, destinar-se às situações de urgência onde houvesse periculum in mora, admitindo-se
contemporaneamente a antecipação apenas baseada em evidência, surgindo-se outros caminhos destinados
a conceder a tutela jurisdicional sumária para situações em que o direito do autor é considerado evidente.
Trata-se de mecanismo processual, com escopo na neutralização do dano decorrente da norma e da
inevitável demora do processo, o chamado dano marginal. Assim sendo, distribui-se de forma mais justa o
ônus do tempo do processo, mediante a plausibilidade do direito alegado pelo requerente43.
O legislador positivou a possibilidade da concessão provisória da tutela de evidência, nos casos em que: I)
ficar caracterizado abuso de direito de defesa ou manifesto caráter protelatório da parte contrária; II) os
fatos alegados ficarem provados por meio de documentos acostados aos autos, havendo tese firmada em
julgamentos repetitivos ou súmula vinculante; III) Tratar-se de pedido reipersecutório lastreado em prova
documental pertinente ao contrato de depósito, sendo lançada a ordem de entrega do objeto custodiado,
sob pena de multa; e IV) Se a petição inicial estiver municiada de prova documental capaz de demonstrar
o direito do autor44.
No entanto, a técnica da tutela de evidência deve ser aplicada de forma ampla e genérica, sempre que
estiverem presentes a probabilidade do direito do autor, a fragilidade da defesa e a necessidade de
continuidade da instrução. Além do art. 311 do CPC (LGL\2015\1656)15, a técnica está prevista em vários
outros dispositivos e na legislação extravagante, pois o rol não é taxativo, mas meramente exemplificativo.
Além do mais, os conceitos jurídicos indeterminados previstos nos incs. I e IV do art. 311 do CPC
(LGL\2015\1656)15, permitem a abertura do sistema para a avaliação de evidência no caso concreto,
avultando a possibilidade de se ter um poder geral de antecipação da evidência, sempre que estiverem
presentes a probabilidade do direito e a fragilidade da defesa45.

4. Procedimento especial de inventário e da partilha


Inventariar significa catalogar os bens deixados, o inventário consiste na forma de liquidação do patrimônio
do autor da herança. Partilhar significa dividir, partilha é o modo de extinguir a comunhão hereditária. O
direito nacional disciplina o inventário e a partilha nos arts. 610 e ss. do CPC (LGL\2015\1656)15 e 1.991 a
2.027 do CC (LGL\2002\400)46.
O inventário conjuntamente com a partilha devem ser compreendidos como o procedimento especial
destinado a identificar os bens deixados pelo falecido, no intuito de verificar sua exatidão, inclusive na
perspectiva de herdeiros preteridos ou de bens que devam ser trazidos à colação, quantificando seu valor,
apurando e providenciando o recolhimento do tributo incidente pela transferência de bens em virtude da
morte, pagando credores e partilhando (no sentido de dividir) os bens entre herdeiros e legatários47.
Segundo o art. 611 do CPC (LGL\2015\1656)15, o processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro
do prazo de dois meses a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes,
podendo o juízo prorrogar os prazos de ofício ou a requerimento de uma das partes. O prazo de
encerramento do inventário é direcionado ao órgão jurisdicional, constituindo prazo impróprio, de forma que
o não cumprimento não gerará consequências processuais. O dispositivo de lei, não prevê sanção legal para
o descumprimento do prazo de abertura do inventário, cabendo a cada Estado-membro da federação a
previsão de multa coercitiva48.
O legislador ao criar um procedimento específico para o inventário buscou preservar o princípio da economia
processual, sendo que, o art. 672 do CPC (LGL\2015\1656)15 possibilita a cumulação de inventários para a
partilha de heranças de pessoas diversas, desde que preenchidos três requisitos: I) a identidade de pessoas
entre as quais devem ser repartidos os bens; II) heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros;
e III) dependência de uma das partilhas em relação à outra49.
Alternativa ao procedimento de inventário é o arrolamento, disposto no art. 660 do CPC
(LGL\2015\1656)15, de rito sumário, no qual desde a petição inicial todos os herdeiros devem se manifestar
de comum acordo sobre a nomeação do inventariante, sobre os títulos de herdeiros, os bens do espólio e
sobre seu valor para fins de partilha. Nas ações que, o valor dos bens deixados for igual ou inferior a 1.000
(mil) salários mínimos, o inventário será processado como arrolamento, seguindo um procedimento
extremamente concentrado do art. 664 do CPC (LGL\2015\1656)15, viabilizando que todos os
questionamentos sejam resolvidos em uma audiência especialmente designada para tal ato. O procedimento
é utilizado, até mesmo, quando existir incapaz, mas todas as partes e o ministério público estiverem
concordes50.

5. A possibilidade de tutelas provisórias e negócios processuais na ação de


inventário
O parágrafo único do art. 64751 do CPC (LGL\2015\1656)15, possibilita ao magistrado, em decisão
fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de
usufruir determinado bem, desde que ao término do processo de inventário tal bem integre a cota do
respectivo herdeiro, cabendo ao mesmo todos os ônus decorrentes do exercício daqueles direitos.
Ricardo Alexandre da Silva e Eduardo de Avelar Lamy52, acreditam que não se trata de julgamento
antecipado, conforme o inc. I do art. 335 do CPC (LGL\2015\1656)15, mas sim de verdadeira espécie de
tutela provisória antecipada, pois sua natureza é satisfativa. Constituindo, portanto, uma tutela a
determinado herdeiro que provavelmente será o futuro destinatário do bem, aumentando-se a efetividade
do feito, porém, o deferimento de tal medida deve ser precedido da consulta às demais partes
(art. 10 do CPC (LGL\2015\1656)15), respeitando-se os princípios da cooperação e do contraditório
substancial.
Ocorre que, os requisitos necessários para o deferimento da utilização e fruição dos bens não são típicos da
tutela provisória de urgência, mas sim caracterizados pela evidência. Todavia, tal situação, não exclui a
possibilidade de ocorrer urgência na espécie, especialmente para que o próprio bem passe a ser protegido,
como seria o caso, por exemplo, da utilização antecipada de um automóvel, não deixando-o parado,
consequentemente causando o seu perecimento53.
Rodrigo da Cunha Pereira54, do mesmo modo, interpreta o parágrafo único do art. 647 do CPC
(LGL\2015\1656)15 como uma típica hipótese de tutela de evidência, considerando uma novidade em
matéria de processo de inventário. Sendo uma hipótese de tutela antecipada da qual não está atrelada
ao periculum in mora, mas diante de um direito material que se mostra evidente. Tal inovação legislativa foi
a principal na ação de inventário e partilha, podendo ser uma esperança para desatar alguns “nós”, nos
eternos e inexplicáveis processos litigiosos de inventário e partilha em que, naturalmente, a parte menos
favorecida é sempre a mais prejudicada.
De resto, avulta-se a possibilidade do cabimento dentro do processo de inventário e partilha dos negócios
jurídicos processuais (art. 190 e 191 do CPC15) na esperança da diminuição do tempo no litígio, acoplando
a possibilidade dos sujeitos processuais flexibilizaram o procedimento com a diminuição de prazos,
perfazendo modificações na forma e no conteúdo do ato processual anterior, bem como estabelecerem
regras particulares para o caso concreto, na esperança da solução do litígio ficar ainda maior, prezando-se
pela efetividade e a duração razoável do processo.

6. Análise do caso concreto no Resp 1.718.656/RJ


O STJ se manifestou acerca do assunto no dia 03 de dezembro de 2019, por meio do REsp 1.718.656/RJ55,
relatado pela ministra Nancy Andrighi, no qual os propósitos recursais objetivaram definir: I) Se a fixação
de determinado valor a ser recebido mensalmente pelo herdeiro a título de adiantamento de herança
configura negócio jurídico processual atípico na forma do art. 190 do CPC (LGL\2015\1656)15; e II) Se a
antecipação do uso de fruição da herança, prevista no parágrafo único do art. 647 do CPC
(LGL\2015\1656)15 é hipótese de tutela da evidência, distinta daquela genericamente prevista no
art. 311 do CPC (LGL\2015\1656)15.
A ministra Nancy Andrighi fundamentou seu voto no sentido de que, embora existissem negócios jurídicos
processuais típicos no decorrer da vigência do CPC (LGL\2015\1656)73, é correto afirmar que o CPC
(LGL\2015\1656)15 inova em tal matéria ao prever uma cláusula geral de negócios, concedendo às partes
determinados poderes para convencionar sobre matéria processual, modificando substancialmente a
disciplina legal sobre a matéria, especialmente porque o CPC (LGL\2015\1656)15 positivou uma cláusula
geral de negócios atípicos (art. 191). De modo que, o diploma processual de 2015 – buscou equilibrar a
constante e histórica tensão entre os antagônicos fenômenos do contratualismo e do publicismo processual,
permitindo uma maior participação e contribuição das partes para a obtenção da tutela jurisdicional efetiva,
célere e justa, não despindo, todavia, do controle jurisdicional. Nesse sentido, nada afasta a possibilidade
das partes convencionarem sobre o procedimento especial de inventário e partilha, amoldando o
procedimento conforme as especificidades do caso concreto.
No que tange à possibilidade do deferimento de tutelas provisórias no âmbito do procedimento de inventário
e partilha, a ministra foi categórica no sentido de admitir tal possibilidade, destacando que embora o
parágrafo único do art. 647 do CPC (LGL\2015\1656)15 constitui uma completa inovação no ordenamento
jurídico nacional, a tutela provisória já era admitida, inclusive, nas ações de inventário desde a reforma
processual de 1994, que passou admitir genericamente a concessão de tutela antecipatória em qualquer
espécie de procedimento fundado em urgência ( art. 273, I, do CPC73) ou na evidência ( art. 273, II, do
CPC73).
Dessa forma, o fato de parágrafo único do art. 647 do CPC (LGL\2015\1656)15 prever uma hipótese
específica de tutela provisória baseada na evidência, de igual forma, não exclui a apreciação do Poder
Judiciário de pretensões antecipatórias, fundando-se na urgência, ante a sua matriz essencialmente
constitucional. Portanto, cabível a antecipação da fruição e do uso de bens que compõem a herança, em:
I) Tutela provisória da evidência, se não houver controvérsia ou oposição dos demais herdeiros quanto ao
uso, fruição e provável destino do referido bem a quem pleiteia a antecipação; e II) Por tutela provisória de
urgência, independentemente de eventual controvérsia ou oposição dos demais herdeiros, se presentes os
pressupostos legais.

7. Considerações finais
O CPC (LGL\2015\1656)15, instituído pela Lei 13.105/15, obteve como uma de suas premissas enquadrar
o Processo Civil com a Constituição Federal. Buscou-se novas técnicas processuais, com o propósito de dar
mais efetividade ao processo (direito fundamental à duração razoável do processo – artigo 5º,
LXXXVIII da CF (LGL\1988\3)), como também reduzir custos e a sobrecarga dos tribunais.
Os negócios jurídicos processuais foram sobrevalorizados no ordenamento jurídico nacional contemporâneo
no afago de realçar a vontade das partes, possibilitando aos sujeitos processuais flexibilizaram o
procedimento, buscando obter uma tutela jurisdicional efetiva, célere e justa. Tal mecanismo, inovou ao
positivar de forma expressa a possibilidade de celebração pelas partes de negócios processuais atípicos
(art. 190 do CPC (LGL\2015\1656)15). Pois, antes do advento do CPC (LGL\2015\1656)15, o entendimento
que se predominava na doutrina era no sentido de inexistência da categoria negócio jurídico processual
atípico, reconhecendo-se, de forma geral, somente atos processuais e não negócios processuais (estes eram
considerados sinônimos daqueles ou eram neles englobados).
Em se tratando das tutelas provisórias, o CPC (LGL\2015\1656)15 extinguiu o processo cautelar, de modo
que, as tutelas provisórias – abarcam o gênero de urgentes (cautelar e antecipada) e evidente, passando a
serem tratadas de forma conjunta, unificando o sistema.
Novidade trazida pelo diploma processual de 2015, está inserida no parágrafo único do art. 647,
possibilitando o juízo, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos herdeiros o
exercício dos direitos de usar e de usufruir determinado bem, desde que ao término do processo de
inventário, tal bem integre a cota do respectivo herdeiro, cabendo ao mesmo, desde o deferimento, todos
os ônus decorrentes do exercício daqueles direitos.
Portanto, em consonância com a análise dos negócios jurídicos processuais, das tutelas provisórias e do
procedimento de inventário e partilha. A presente pesquisa, chega à conclusão do cabimento tanto de
negócios jurídicos processuais atípicos, ressalvando o devido controle jurisdicional, somente em casos de
vícios de validade, bem como de tutelas provisórias (urgência e evidência) na ação de inventário e partilha,
prestigiando a efetividade, a duração razoável do processo, a cooperação e a autonomia da vontade das
partes.
Vale destacar, por fim, que o parágrafo único do art. 647 do CPC (LGL\2015\1656)15 encapa uma hipótese
de tutela de evidência esparsa, além do rol previsto no art. 311 do CPC (LGL\2015\1656)15. Cabendo a
pesquisas sucessivas identificar outras hipóteses, visto a importância do instituto no sistema jurídico
nacional.

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2
.ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil: teoria geral do processo e processo de conhecimento. 17. ed.
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3
.Idem.
4
.CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. São Paulo: Atlas, 2015. p. 125-126.
5
.CABRAL, Antonio do Passo. Convenções processuais. Salvador: JusPodivm, 2016. p. 97.
6
.CHIZZINI, Augusto. Konventionalprozess e poteri delle parti. Rivista di Diritto Processuale. Roma, a. LXX, n. 1,
gen.-feb. 2015. p. 154 e ss.
7
.BÜLOW, Oskar. La teoría de las excepciones procesales y los presupuestos procesales. Traducción de Miguel
Ángel Rosas Lichtschein. Buenos Aires: Ediciones Jurídicas Europa-América, 1964.
8
.CABRAL, Antonio do Passo. Op. cit., p. 103.
9
.LIEBMAN, Enrico Tullio. Manual de direito processual civil. Trad. Cândido Rangel Dinamarco. 3. ed. São
Paulo: Malheiros, 2005. v. 1. p. 227.
10
.CHIZZINI, Augusto. Op. cit., p. 49-50.
11
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12
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14
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15
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CPC/1973 para a adequada compreensão da inovação do CPC/2015. Op. cit., p. 11.
16
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17
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18
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19
.REDONDO, Bruno Garcia. Negócios processuais: necessidade de rompimento radical com o sistema do
CPC/1973 para a adequada compreensão da inovação do CPC/2015. Op. cit., p. 15.
20
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Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os
seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
21
.DIDIER JR., Fredie. Negócios Jurídicos Processuais Atípicos e Execução. Revista de Processo, v. 275, São
Paulo: Ed. RT, 2018. p. 194.
22
.TALAMINI, Eduardo. Op. cit.
23
.YARSHELL, Flávio Luiz. Op. cit., p. 79-80.
24
.LIEBMAN, Enrico Tullio. Op. cit., p. 277-278.
25
.Idem.
26
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antecedente: principais controvérsias. Revista de Processo, v. 244. São Paulo: Ed. RT, jun. 2015. p. 167-194.
27
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28
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29
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30
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31
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32
.Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
33
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v. 4. 2. ed.).
34
.ENCONTRO DO FÓRUM PERMANENTE DE PROCESSUALISTAS CIVIS, 7, 2016, São Paulo. Enunciados do
Fórum Permanente de Processualistas Civis. Disponível em: [www.cpcnovo.com.br/wp-
content/uploads/2016/06/FPPC-Carta-de-Sa%CC%83o-Paulo.pdf]. Acesso em: 01.10.2020.
35
.GRECO, Leonardo. Op. cit., p. 199.
36
.ZAVASCKI, Teori Albino. Antecipação da tutela. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 49-50.
37
.RIBEIRO, Leonardo Ferres da Silva. Tutela Provisória: tutela de urgência e tutela de evidência: Do CPC 1973
ao CPC/2015. ARRUDA ALVIM, Teresa; TALAMINI, Eduardo (Coord.). 3. ed. rev. e atual. São Paulo:
Thomson Reuters Brasil, 2018. (livro digital).
38
.LAMY, Eduardo de Avelar. Aproveitamento de meios no Processo Civil. Salvador: JusPodivm, 2020. p. 140-
152.
39
.GRECO, Leonardo. Op. cit., p. 199.
40
.LAMY, Eduardo de Avelar. Tutela provisória. São Paulo: Atlas, 2018. (sem páginas).
41
.FUX, Luiz. A tutela dos direitos evidentes. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, Brasília, ano 2, n. 16,
abr. 2000. p. 1-2.
42
.DOTTI, Rogéria Fagundes. Tutela da evidência: probabilidade, defesa frágil e o dever de antecipar a tempo.
São Paulo: Ed. RT, 2020. (livro digital).
43
.MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela antecipatória, julgamento antecipado e execução imediata da sentença. São
Paulo: Ed. RT, 1997. p. 104.
44
.Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou
de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito,
caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;
IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do
autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.
45
.DOTTI, Rogéria Fagundes. Op. cit. (livro digital).
46
.MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil
comentado. rev. Atual e ampl. São Paulo: Ed. RT, 2017. p. 742.
47
.BUENO, Cassio Scarpinella. Op. cit., p. 543.
48
.NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil. 10. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.
p. 972.
49
.NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Op. cit., p. 972
50
.BUENO, Cassio Scarpinella. Op. cit., p. 548.
51
.Art. 647. Cumprido o disposto no art. 642, § 3º, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de 15
(quinze) dias, formulem o pedido de quinhão e, em seguida, proferirá a decisão de deliberação da partilha,
resolvendo os pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e
legatário.
Parágrafo único. O juiz poderá, em decisão fundamentada, deferir antecipadamente a qualquer dos
herdeiros o exercício dos direitos de usar e de fruir de determinado bem, com a condição de que, ao término
do inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro, cabendo a este, desde o deferimento, todos os ônus e
bônus decorrentes do exercício daqueles direitos
52
.SILVA, Ricardo Alexandre da; LAMY, Eduardo. Comentários ao Código de Processo Civil: artigos 539 ao
673. v. IX. ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel (Coord.). São Paulo: Ed. RT, 2016. p. 575-576.
53
.SILVA, Ricardo Alexandre da; LAMY, Eduardo. Op. cit., p. 575-576.
54
.PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Direito das Sucessões e tutela de evidência no novo CPC.
2016. ConJur. Disponível em: [www.conjur.com.br/2016-abr-10/processo-familiar-direito-sucessoes-tutela-
evidencia-cpc]. Acesso em: 12.10.2020.
55
.Civil. Processual civil. Ação de inventário. Celebração de negócio jurídico processual atípico. Cláusula geral
do art. 190 do novo CPC. Aumento do protagonismo das partes, equilibrando-se as vertentes do
contratualismo e do publicismo processual, sem despir o juiz de poderes essenciais à obtenção da tutela
jurisdicional efetiva, célere e justa. Controle dos negócios jurídicos processuais quanto ao objeto e
abrangência. Possibilidade. Dever de extirpar as questões não convencionadas e que não podem ser
subtraídas do poder judiciário. Negócio jurídico entre herdeiros que pactuaram sobre retirada mensal para
custeio de despesas, a ser antecipada com os frutos e rendimentos dos bens. Ausência de consenso sobre
o valor exato a ser recebido por um herdeiro. Arbitramento judicial. Superveniência de pedido de majoração
do valor pelo herdeiro. Possibilidade de exame pelo poder judiciário. Questão não abrangida pela convenção
que versa também sobre o direito material controvertido. Inexistência de vinculação do juiz ao decidido,
especialmente quando houver alegação de superveniente modificação do substrato fático. Negócio jurídico
processual atípico que apenas pode ser bilateral, limitados aos sujeitos processuais parciais. Juiz que não
pode ser sujeito de negócio jurídico processual. Interpretação estritiva do objeto e da abrangência do
negócio. Não substração do exame do poder judiciário de questões que desbordem o objeto convencionado
violação ao princípio do acesso à justiça. Revisão do valor que pode ser também decidida à luz do
microssistema de tutelas provisórias. Art. 647, parágrafo único, do novo CPC. Suposta novidade. Tutela
provisória em inventário admitida, na modalidade urgência e evidência, desde a reforma processual de 1994,
complementada pela reforma de 2002. Concretude aos princípios constitucionais da inafastabilidade da
jurisdição e da razoável duração do processo. Hipótese específica de tutela provisória da evidência que
obviamente não exclui da apreciação do poder judiciário pedido de tutela de urgência. Requisitos processuais
distintos. Exame, pelo acórdão recorrido, apenas da tutela da evidência. Acordo realizado entre os herdeiros
com feições particulares que o assemelham a pensão alimentícia convencional e provisória. Alegada
modificação do substrato fático. Questão não examinada pelo acórdão recorrido. Rejulgamento do recurso
à luz dos pressupostos da tutela de urgência. (BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Resp 1.738.656-RJ,
Recorrido: J A M S, Recorridos: A A S F; N A S; M M S; A A S – ESPÓLIO; M A S – INVENTARIANTE, rel.
Nancy Andrighi. Brasília, DF, 03.12.2019. Diário Oficial da União. Brasília).

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