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CONCLUSÃO: A indicação de que o paciente foi preso durante o gozo de liberdade provisória e
de que é reincidente não indica a necessidade da excepcional prisão preventiva
3. FURTO TENTADO – Absolvição sumária – Art. 397, III, CPP – Princípio da insignificância
que não retira a tipicidade da conduta – Necessidade de prosseguimento do feito –
Recurso ministerial provido (voto n. 44657)*. (TJSP; Apelação Criminal 0000140-
73.2016.8.26.0616; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito
Criminal; Foro de Itaquaquecetuba - 1ª Vara Criminal; Data do Julgamento:
21/06/2021; Data de Registro: 21/06/2021)
CONCLUSÃO: O réu foi denunciado por tentativa de furto de quatro latas de cerveja, 3 vodcas
e um refrigerante, totalizando R$ 34,00, durante o período noturno.
● A discussão nos autos versou sobre se havia tipicidade material ou não. O relator
entendeu que não se aplicava a insignificância. Expôs que o bem era dotado de valor
econômico, havendo lesão ao patrimônio jurídico da vítima. Segue abaixo trecho da
decisão:
Ainda que de pequeno valor a res, tal circunstância não retira a antijuridicidade da
conduta do acusado ainda que delito não consumado - , relevando notar que “A tese
do crime de bagatela, ou da insignificância social do fato, não teve consagração no
Direito brasileiro, a não ser como causa especial de diminuição de pena, no furto e
no estelionato, ou de perdão judicial, no crime do artigo 176 do Código Penal”
(JTAERGS 70/94).
Expôs ainda:
O crime de bagatela, como ensina a doutrina, decorre da natureza do bem e não de
seu valor econômico. (...)Bem por isso não tem previsão legal no sistema brasileiro,
sendo seu reconhecimento decorrente de interpretação e consolidação jurisprudencial
diante do caso concreto. E, no caso, como acima analisado, impossível esse
reconhecimento, diante da natureza e do valor do bem.
● O réu tinha antecedentes criminais por diversos crimes, já tendo sido condenado por
furto.
● À semelhança do presente caso, no processo nº 0001039-34.2017.8.26.0617
(17/06/2021), que versava sobre um crime de furto de produtos de higiene em
farmácia- 2 desodorantes, 1 produto de higiene e 2 shampoos-, o relator entendeu
pela inaplicabilidade da bagatela.
EXECUÇÃO DE PENA
5. FALTA GRAVE – Sentenciado destinatário de encomenda postal sedex contendo
papelotes de droga sintética – Objetos localizados em correspondência encaminhada pela
genitora do sentenciado - Atipicidade da conduta, não passível de subsunção ao previsto no
art. 52 da LEP – Absolvição – Medida de rigor – Agravo provido - (voto 44535). (TJSP; Agravo
de Execução Penal 0005521-03.2021.8.26.0482; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador:
16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Presidente Prudente - 2ª Vara das Execuções
Criminais; Data do Julgamento: 14/06/2021; Data de Registro: 14/06/2021)
CONCLUSÃO: sentenciado preso recebeu encomenda com drogas. As faltas disciplinares são
enumeradas em rol taxativo, não sendo prevista a conduta de destinatário de drogas. Eventual
crime deve ser apurado mediante inquérito policial.
6. CÁLCULO DE PENAS – Decisão guerreada que considerou como marco inicial para a
próxima progressão a data em que o sentenciado cumpriu o requisito subjetivo, adotada a
data em que concluído exame criminológico - Recurso pretendendo a alteração da data base,
para fins de progressão, devendo ser adotada a data em que atingiu o lapso necessário para a
benesse – Cabimento – Posição consolidada do C. STF e C. STJ – Tema analisado no IRDR nº
2103746-20.2018.8.26.0000, de observância obrigatória, através do qual, reconhecendo como
meramente declaratória a decisão que defere a progressão do regime de cumprimento de
pena, definiu, em sede de embargos declaratórios, que o termo inicial para a progressão no
regime será a data em que preenchido o último requisito pendente, independentemente da
anterior implementação do requisito objetivo – Exame criminológico que apenas reconheceu
o atendimento ao requisito subjetivo, e, por não delimitar o momento do seu
preenchimento, deve retroagir até o momento em que preenchido o requisito objetivo, eis
que inexistente qualquer elemento a impedir sua retroatividade - Decisão reformada - Recurso
provido - (voto nº 44553). (TJSP; Agravo de Execução Penal 0009313-88.2020.8.26.0032;
Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Araçatuba
- 1ª Vara das Execuções Criminais e Anexo do Júri; Data do Julgamento: 02/06/2021; Data de
Registro: 02/06/2021)
7. FALTAS GRAVES – Decisão judicial que reconheceu a prescrição das faltas graves
praticadas em 25.11.2018, 16.03.2019 e 03.04.2019, adotando-se por base, analogicamente, o
menor prazo prescricional indicado na legislação penal, qual seja, dois anos – Recurso
ministerial que pretende seja adotado o lapso de três anos para que se reconheça a prescrição,
com fulcro na redação do art. 109 do CP, após a alteração dada pela Lei nº 12.234/10 ,
procedendo-se à análise dos procedimentos administrativos – Não cabimento – Ausência de lei
que discipline a matéria - Inteligência do prazo de dois anos, em aplicação analógica a favor do
sentenciado - Decurso do prazo de dois anos entre o cometimento das faltas e
reconhecimento da prescrição por decisão judicial – Decisão mantida - Agravo desprovido
(voto 44552).
CONCLUSÃO: “adoto como menor prazo prescricional para as faltas graves o prazo de dois
anos, previsto tanto no art. 114, I, do CP, bem como no art. 30 da Lei 11.343/06”.
LEI DE DROGAS
Caso concreto: eram dois réus, sendo que um foi condenado por tráfico privilegiado e o outro
pelo caput do art. 33 da Lei de drogas.
CONCLUSÕES:
CONCLUSÃO: Correto o afastamento da agravante do artigo 61, inciso II, alínea 'j', do CP, vez
que não pose ser aplicada apenas pelo fato de ter sido o delito praticado durante estado de
calamidade pública, em razão da pandemia da COVID-19. Imprescindível que haja
comprovação nos autos de que o réu se aproveitou da situação para praticar o crime
(influenciado ou facilitado o crime de alguma forma). Réu flagrado em local já conhecido
anteriormente como ponto de narcotráfico.
NULIDADES
CONCLUSÃO:
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
CONCLUSÃO: se entendeu que, diante das circunstâncias, sete cartuchos de arma de uso
permitido configuram irrelevante jurídico (“...a pequena quantidade de munição, atrelado ao
fato de que na ocasião não dispunha o réu de arma eficaz a detoná-la não atenta contra a
incolumidade pública, objetividade jurídica tutelada pela norma. A potencialidade social do
fato, realmente, esteve na esfera da pequenez. Sem arma de fogo apta a ser utilizada de
imediato a munição, o perigo na conduta ficou reduzido.).
CONCLUSÃO: o réu pedia a aplicação de crime único para as armas e munições de uso restrito
e o reconhecimento do concurso formal em relação às munições, de uso permitido. O relator
fundamentou “E, ainda que se tratem de delitos da mesma espécie e as condutas tenham sido
praticadas em um mesmo contexto fático, descrevem ações distintas, com lesão a bens
jurídicos diversos, já o delito do art. 16 da Lei nº 10.826/03, diferentemente dos demais tipos
penais previstos na citada lei, visa a proteção, além da paz e segurança pública, também da
seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas. Desse modo, com uma única ação
praticou Leonardo delitos diferentes, o que inviabiliza o reconhecimento de crime único,
devendo ser mantido o concurso formal de infrações reconhecido pelo juízo.” Manteve, ainda,
o concurso material em relação à posse de munições.
15. *ESTUPRO – Quadro probatório que se mostra seguro e coeso para evidenciar autoria
e materialidade do delito – Firme relato e reconhecimento pela vítima – Manutenção da
condenação – Possibilidade de alteração da capitulação delitiva para o art. 215-A, CP, mais
adequado à realidade dos fatos – Readequação das penas – Alteração do regime prisional
inicial para o semiaberto – Possibilidade de imediata colocação no aberto, com fulcro no art.
387, § 2º, CPP – Recurso parcialmente provido (voto n. 44628)*. (TJSP; Apelação Criminal
0007608-40.2020.8.26.0037; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de
Direito Criminal; Foro de Araraquara - 2ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 17/06/2021; Data
de Registro: 17/06/2021)
● A vítima caminhava pela via pública, sozinha, quando o réu veio em sua direção.
Abordou a mulher e, após tentar manter conversa banal, agarrou-a violentamente
pelo braço e cintura, puxando seu corpo contra o dele e, com intuito lascivo, começou
a passar as mãos em suas nádegas e pernas, na região da coxa até chegar próximo à
genitália.
● “De início, cumpre observar que referido tipo foi incluído na legislação material penal
pela Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2.018, trazendo a figura da importunação
sexual, delito menos grave. Ao tratarem sobre atos libidinosos, diferem-se os tipos
entre si na medida em que, enquanto o do artigo 213 do Código Penal exige, para sua
configuração, a presença de violência ou grave ameaça e ainda que o ato libidinoso
tenha sido praticado com a vítima, o artigo 215-A prevê sanção àquele que, sem a
anuência do ofendido, pratica ato libidinoso contra aquele. E, na hipótese dos autos,
afirmou a vítima que foi puxada pelo acusado, que passou a mão em seu corpo de
forma lasciva, sem ameaças ou agressões.”
16. *ESTUPRO DE VULNERÁVEL – Alegação de cerceamento de defesa em razão do
indeferimento de reperguntas em audiência – Inocorrência – Questões consideradas
irrelevantes – Observância ao art. 400, § 1º, CPP – Ausência de prejuízo – Preliminar afastada –
Conjunto probatório apto à comprovação da materialidade e autoria delitivas – Versão
exculpatória isolada nos autos – Erro de tipo minimamente comprovado – Conduta típica,
ainda que presente o consentimento da vítima – Presunção de violência absoluta, conforme
Súmula 593, E. STJ – Manutenção da condenação – Pena-base no mínimo legal, com alteração
do acréscimo, pela continuidade delitiva, para 1/3 diante do número de infrações –
Manutenção do regime prisional fechado – Recurso parcialmente provido (voto nº 44282)*.
(TJSP; Apelação Criminal 1503881-07.2020.8.26.0196; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Franca - 1ª Vara Criminal; Data do
Julgamento: 08/06/2021; Data de Registro: 08/06/2021)
CONCLUSÃO: “ainda que dentro do exercício da ampla defesa tenha o réu o direito à produção
das provas que reputar necessárias à comprovação da tese defensiva, não menos certo é que
cabe ao Juiz, dentro de sua discricionariedade e sendo o destinatário das provas, analisar a
relevância e pertinência de sua produção para o deslinde do feito, podendo indeferir aquelas
que julgar dispensáveis, inclusive as reperguntas em audiência.(...) buscou evitar exposição
desnecessária da menor, o que em consonância com a proteção integral a ela garantida
constitucionalmente”. Entendeu-se que a negativa evitou a revitimização.
OUTROS TEMAS
17. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS – Quadro probatório que se mostra seguro e coeso para
evidenciar autoria e materialidade do delito – Inexistência de dúvidas que justifica o decreto
condenatório – Confissão parcial dos réus Daniel e Guilherme - Validade do depoimento dos
policiais – Manutenção da condenação - Correta majoração da básica, nos termos do art. 42,
da Lei n.º 11.343/06 – Confissão dos acusados Daniel e Guilherme que deve ser reconhecida –
Réus que preenchem todos os requisitos do §4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06 – Aplicação do
redutor que deve se dar na fração máxima – Adequação da pena de todos os réus -
Possibilidade de substituição da corporal por restritivas de direitos e fixação do regime aberto
– Precedentes STJ e STF – Isenção de custas – Impossibilidade - Recursos defensivos
parcialmente providos, com determinação de expedição de alvarás de soltura (voto nº 44598).
(TJSP; Apelação Criminal 1500186-85.2020.8.26.0312; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Juquiá - Vara Única; Data do Julgamento:
14/06/2021; Data de Registro: 14/06/2021)
CONCLUSÃO: “a justiça gratuita postulada não afasta a cobrança das custas processuais, é de
se ver que não podem os apelantes serem isentos desse pagamento, posto que não tem
caráter de pena e decorre da sucumbência processual, em razão de previsão legal que está em
plena vigência (art. 4º da Lei 11.608/2003), cuja eventual impossibilidade de pagamento
deverá ser aferida pelo Juízo das Execuções.”
PRISÃO CAUTELAR
19. HABEAS CORPUS – Lesão corporal e ameaça no âmbito da Lei n.º 11.340/06 – Ataque à
conversão do flagrante em preventiva - Análise sob o enfoque das Leis n.º 11.340/06,
12.403/11 e 13.964/19 - Prisão cautelar que se mostra como exceção no nosso sistema –
Denúncia ajuizada - Desproporcionalidade da excepcional prisão cautelar diante do regime
que pode ser imposto caso venha a ser condenado (art. 33, caput, do CP) – Paciente primário
- Suficiência da imposição de medidas cautelares diversas da prisão (art. 282, §6º, do CPP) -
Liberdade provisória concedida – Liminar deferida - Ordem concedida - (voto n.º 44562).
(TJSP; Habeas Corpus Criminal 2109745-46.2021.8.26.0000; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro Regional I - Santana - Vara da Região Norte de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; Data do Julgamento: 09/06/2021; Data de
Registro: 09/06/2021)