Você está na página 1de 9

� Basta ler o que está em amarelo.

CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

1. CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA – Art. 1º, II, L. 8.137/90 – Materialidade do


crime e autoria delitiva devidamente comprovadas pelo acervo probatório – Dolo observado a
partir das circunstâncias delitivas – Excludentes de culpabilidade e ilicitude não comprovadas
nos autos – Condenação mantida – Pena-base imposta no mínimo legal - Fração pela
continuidade delitiva aplicada em 1/2 - Ausência de fundamentação para tanto – Ofensa ao
art. 93, IX, CF - Pena de multa fixada no preceito secundário do tipo penal – Impossibilidade de
redução do quantum - Possibilidade de redução do valor do dia-multa conforme a situação
econômica declarada pelo réu – Adequação da pena – Regime aberto e substituição da pena
privativa de liberdade por duas restritivas mantidos – Recurso parcialmente provido (voto nº
44605).  
(TJSP;  Apelação Criminal 0004808-56.2018.8.26.0248; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Indaiatuba - 1ª Vara Criminal; Data do
Julgamento: 24/06/2021; Data de Registro: 24/06/2021)

CONCLUSÃO: o réu era sócio administrador da empresa e responsável pelo funcionamento,


produção e transações realizadas pela empresa (circunstância admitida por ele). Entendeu-se
que tais atribuições se estendiam também à parte financeira e tributária da empresa, não
podendo alegar desconhecimento. O relator afirmou que, ainda que a empresa contasse com
contadores e advogados que cuidam da parte financeira e tributária, o réu não poderia se
descuidar da administração da própria empresa, cabendo a ele zelar pela regularidade de sua
atividade comercial (tinha o poder de decidir se haveria ou não supressão de tributo).

CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO

2. HABEAS CORPUS – Furto e embriaguez ao volante – Ataque à conversão da prisão em


flagrante em preventiva - Análise da prisão cautelar sob a ótica das Leis n.º 12403/11 e
13.964/19 – Paciente preso em flagrante por furto de duas baterias de posto de combustíveis
e por embriaguez ao volante - Prisão calcada nos antecedentes do paciente – Antecedentes do
paciente que, por si só, não indicam a insuficiência da imposição das medidas cautelares
diversas da prisão (art. 282, §6º, do CPP) - Desproporcionalidade da prisão processual -
Liberdade provisória concedida – Ordem concedida, com expedição de alvará de soltura -
(Voto n.º 44647).  (TJSP;  Habeas Corpus Criminal 2117190-18.2021.8.26.0000; Relator
(a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Caraguatatuba
- Vara Criminal; Data do Julgamento: 24/06/2021; Data de Registro: 24/06/2021)

CONCLUSÃO: A indicação de que o paciente foi preso durante o gozo de liberdade provisória e
de que é reincidente não indica a necessidade da excepcional prisão preventiva

3. FURTO TENTADO – Absolvição sumária – Art. 397, III, CPP – Princípio da insignificância
que não retira a tipicidade da conduta – Necessidade de prosseguimento do feito –
Recurso ministerial provido (voto n. 44657)*.  (TJSP;  Apelação Criminal 0000140-
73.2016.8.26.0616; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito
Criminal; Foro de Itaquaquecetuba - 1ª Vara Criminal; Data do Julgamento:
21/06/2021; Data de Registro: 21/06/2021)
CONCLUSÃO: O réu foi denunciado por tentativa de furto de quatro latas de cerveja, 3 vodcas
e um refrigerante, totalizando R$ 34,00, durante o período noturno.

● A discussão nos autos versou sobre se havia tipicidade material ou não. O relator
entendeu que não se aplicava a insignificância. Expôs que o bem era dotado de valor
econômico, havendo lesão ao patrimônio jurídico da vítima. Segue abaixo trecho da
decisão:
Ainda que de pequeno valor a res, tal circunstância não retira a antijuridicidade da
conduta do acusado ainda que delito não consumado - , relevando notar que “A tese
do crime de bagatela, ou da insignificância social do fato, não teve consagração no
Direito brasileiro, a não ser como causa especial de diminuição de pena, no furto e
no estelionato, ou de perdão judicial, no crime do artigo 176 do Código Penal”
(JTAERGS 70/94).
Expôs ainda:
O crime de bagatela, como ensina a doutrina, decorre da natureza do bem e não de
seu valor econômico. (...)Bem por isso não tem previsão legal no sistema brasileiro,
sendo seu reconhecimento decorrente de interpretação e consolidação jurisprudencial
diante do caso concreto. E, no caso, como acima analisado, impossível esse
reconhecimento, diante da natureza e do valor do bem.
● O réu tinha antecedentes criminais por diversos crimes, já tendo sido condenado por
furto.
● À semelhança do presente caso, no processo nº 0001039-34.2017.8.26.0617
(17/06/2021), que versava sobre um crime de furto de produtos de higiene em
farmácia- 2 desodorantes, 1 produto de higiene e 2 shampoos-, o relator entendeu
pela inaplicabilidade da bagatela.

PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA

4. AGRAVO EM EXECUÇÃO - Prescrição da pretensão executória – Condenação à pena de


10 meses e 20 dias de reclusão, pela prática do crime previsto no art. 155, caput, do Código
Penal, substituída por restritiva de direitos, consistente em prestação de serviços à
comunidade – Trânsito em julgado para a acusação ocorrido em 05.04.2018 – Aplicação do art.
112, I, CP – Cabimento - Decisão reformada – Prescrição da pretensão executória reconhecida -
Agravo provido, declarando-se a extinção da punibilidade do agravante (voto n. 44572)   (TJSP;
Agravo de Execução Penal 0007346-10.2021.8.26.0602; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Sorocaba - Vara do Júri/Execuções; Data do
Julgamento: 02/06/2021; Data de Registro: 02/06/2021)

CONCLUSÃO: “Nesse sentido, considerando-se como marco inicial da prescrição da pretensão


executória o trânsito em julgado para a acusação. (...)Dessa forma, embora a matéria seja
objeto de análise em repercussão geral, ainda não foi reconhecida pelo C. STF, ARE 848107
(Tema 788 - Termo inicial para a contagem da prescrição da pretensão executória do Estado: a
partir do trânsito em julgado para a acusação ou a partir do trânsito em julgado para todas as
partes) e, portanto, vige a legislação penal (art. 112, I, CP), mais benéfica ao réu”.

EXECUÇÃO DE PENA
5. FALTA GRAVE – Sentenciado destinatário de encomenda postal sedex contendo
papelotes de droga sintética – Objetos localizados em correspondência encaminhada pela
genitora do sentenciado - Atipicidade da conduta, não passível de subsunção ao previsto no
art. 52 da LEP – Absolvição – Medida de rigor – Agravo provido - (voto 44535).   (TJSP;  Agravo
de Execução Penal 0005521-03.2021.8.26.0482; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador:
16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Presidente Prudente - 2ª Vara das Execuções
Criminais; Data do Julgamento: 14/06/2021; Data de Registro: 14/06/2021)

CONCLUSÃO: sentenciado preso recebeu encomenda com drogas. As faltas disciplinares são
enumeradas em rol taxativo, não sendo prevista a conduta de destinatário de drogas. Eventual
crime deve ser apurado mediante inquérito policial.

6. CÁLCULO DE PENAS – Decisão guerreada que considerou como marco inicial para a
próxima progressão a data em que o sentenciado cumpriu o requisito subjetivo, adotada a
data em que concluído exame criminológico - Recurso pretendendo a alteração da data base,
para fins de progressão, devendo ser adotada a data em que atingiu o lapso necessário para a
benesse – Cabimento – Posição consolidada do C. STF e C. STJ – Tema analisado no IRDR nº
2103746-20.2018.8.26.0000, de observância obrigatória, através do qual, reconhecendo como
meramente declaratória a decisão que defere a progressão do regime de cumprimento de
pena, definiu, em sede de embargos declaratórios, que o termo inicial para a progressão no
regime será a data em que preenchido o último requisito pendente, independentemente da
anterior implementação do requisito objetivo – Exame criminológico que apenas reconheceu
o atendimento ao requisito subjetivo, e, por não delimitar o momento do seu
preenchimento, deve retroagir até o momento em que preenchido o requisito objetivo, eis
que inexistente qualquer elemento a impedir sua retroatividade - Decisão reformada - Recurso
provido - (voto nº 44553).   (TJSP;  Agravo de Execução Penal 0009313-88.2020.8.26.0032;
Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Araçatuba
- 1ª Vara das Execuções Criminais e Anexo do Júri; Data do Julgamento: 02/06/2021; Data de
Registro: 02/06/2021)
7. FALTAS GRAVES – Decisão judicial que reconheceu a prescrição das faltas graves
praticadas em 25.11.2018, 16.03.2019 e 03.04.2019, adotando-se por base, analogicamente, o
menor prazo prescricional indicado na legislação penal, qual seja, dois anos – Recurso
ministerial que pretende seja adotado o lapso de três anos para que se reconheça a prescrição,
com fulcro na redação do art. 109 do CP, após a alteração dada pela Lei nº 12.234/10 ,
procedendo-se à análise dos procedimentos administrativos – Não cabimento – Ausência de lei
que discipline a matéria - Inteligência do prazo de dois anos, em aplicação analógica a favor do
sentenciado - Decurso do prazo de dois anos entre o cometimento das faltas e
reconhecimento da prescrição por decisão judicial – Decisão mantida - Agravo desprovido
(voto 44552).

CONCLUSÃO: “adoto como menor prazo prescricional para as faltas graves o prazo de dois
anos, previsto tanto no art. 114, I, do CP, bem como no art. 30 da Lei 11.343/06”.

LEI DE DROGAS

8. *TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES – Materialidade, autoria e dolo de mercancia


devidamente comprovados ao longo da instrução processual – Validade da fala dos policiais –
Negativa dos réus isolada nos autos – Manutenção da condenação – Exclusão dos maus
antecedentes em relação a Alberico, porque inexistentes – Acréscimo em 1/6 pela
reincidência, agravante que obsta expressamente a redutora do art. 33, § 4º, e ainda exige a
manutenção do regime inicial fechado – Pena bem dosada para Igor, não se observando dolo
diferenciado a justificar exasperação da básica ou afastamento do tráfico privilegiado, como
buscado pelo Ministério Público – Regime aberto e substituição por duas restritivas de direitos
bem aplicados em relação a ele – Descabimento de afastamento da pena de multa – Recursos
do Ministério Público e de Igor desprovidos, e apelo de Alberico parcialmente acolhido (voto
nº 44394)*.  
(TJSP;  Apelação Criminal 1502232-39.2019.8.26.0229; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Hortolândia - 1ª Vara Judicial; Data do
Julgamento: 29/06/2021; Data de Registro: 30/06/2021)

Caso concreto: eram dois réus, sendo que um foi condenado por tráfico privilegiado e o outro
pelo caput do art. 33 da Lei de drogas.

CONCLUSÕES:

● Depoimento de policial tem o mesmo valor de demais testemunhas (segue o STF).


● A reincidência, além de servir como circunstância agravante, incidente na segunda fase
de dosimetria da pena, também inviabilize a aplicação de benefícios (privilégio), sem
que tal situação caracterize “bis in idem” ou evidencie desproporcionalidade na sanção
imposta.
● Aplicação da pena de multa não fere os princípios constitucionais da isonomia e da
individualização da pena. A quantidade da pena de multa cominada ao crime de tráfico
de drogas guarda relação com sua gravidade. Opção política do legislador.
9. TRÁFICO DE DROGAS – Preliminar afastada - Quadro probatório que se mostra seguro
e coeso para evidenciar autoria e materialidade do delito de tráfico de drogas – Suficiência e
validade dos depoimentos policiais – Impossibilidade de desclassificação da conduta para o art.
28 da Lei nº 11.343/06 - Condenação mantida - Pena bem dosada – Réu portador de maus
antecedentes – Impossibilidade de aplicação do redutor do §4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06
– Manutenção do afastamento da agravante da calamidade pública - Regime fechado mantido
– Recursos improvidos (voto n. 44680).   (TJSP;  Apelação Criminal 1502987-78.2020.8.26.0536;
Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de São
Vicente - 3ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 24/06/2021; Data de Registro: 24/06/2021)

CONCLUSÃO: Correto o afastamento da agravante do artigo 61, inciso II, alínea 'j', do CP, vez
que não pose ser aplicada apenas pelo fato de ter sido o delito praticado durante estado de
calamidade pública, em razão da pandemia da COVID-19. Imprescindível que haja
comprovação nos autos de que o réu se aproveitou da situação para praticar o crime
(influenciado ou facilitado o crime de alguma forma). Réu flagrado em local já conhecido
anteriormente como ponto de narcotráfico.

NULIDADES

10. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES – Quadro probatório que se mostra seguro e


coeso para evidenciar autoria e materialidade, bem como o dolo de mercancia – Versão
exculpatória isolada nos autos - Validade do depoimento dos policiais – Condenação mantida –
Pena corretamente dosada – Grande quantidade de drogas apreendidas - Maus antecedentes
que não são atingidos pelo período depurador – Regime fechado mantido – Recurso improvido
(voto nº 44601).  (TJSP;  Apelação Criminal 1501154-18.2020.8.26.0603; Relator (a): Newton
Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Araçatuba - 1ª Vara Criminal;
Data do Julgamento: 17/06/2021; Data de Registro: 17/06/2021)
11. *ROUBOS CIRCUNSTANCIADOS – Nulidade das audiências de instrução diante da
ausência de gravação – Inocorrência – Forma não obrigatória por lei – Presença das partes nos
atos, com oportunidade de reperguntas e esclarecimentos – Procedimentos administrativos da
Vara não passíveis de análise por meio deste – Validade do reconhecimento pessoal, ainda que
não observado o art. 226, II, CPP, porque corroborado por outros elementos – Ausência de
ofensa ao direito de não produzir prova contra si mesmo – Não vislumbrado cerceamento de
defesa porque dados da testemunha protegida são sigilosos, tendo sido fornecidos em parte –
Ausência de qualquer prejuízo às partes – Preliminares afastadas Conjunto probatório
suficiente à certeza da materialidade, autoria, concurso de agentes e emprego de arma de
fogo – Validade das falas das vítimas, testemunha protegida e policiais, não afastadas a
contento pela d. defesa – Versão exculpatória não comprovada nos autos – Concurso formal
bem reconhecido porque diversos os resultados a partir de uma conduta – Manutenção da
condenação – Pena-base fixada no mínimo, sem elementos modificadores na segunda fase –
Suficiência do acréscimo único na terceira etapa, de 2/3, em observância ao art. 68, CP, ainda
que presentes duas causas – Acréscimo final em 1/6 pelo concurso formal, mais benéfico ao
réu – Manutenção do regime prisional fechado diante das circunstâncias delitivas – Recurso
parcialmente provido (voto nº 44504)*.   (TJSP;  Apelação Criminal 1500257-
53.2019.8.26.0076; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de Direito
Criminal; Foro de Bilac - Vara Única; Data do Julgamento: 09/06/2021; Data de Registro:
09/06/2021)

CONCLUSÃO:

● Apesar de haver determinação de que haja gravação da audiência sempre que


possível, a lei (art. 405, § 1º, CPP) assim não obriga, já tendo o STJ decidido neste
sentido.
● Entendeu não haver nulidade por ofensa ao art. 226 do CPP (reconhecimento de
pessoa). Apesar de não ter sido observada a recomendação, as vítimas reconheceram
o réu (o que foi corroborado por outroS elementos nos autos).
● A determinação para que o réu falasse seu nome para que as vítimas reconhecessem
sua voz não configura produção de prova contra si mesmo, porque “a conduta apenas
complementou o ato válido em busca da verdade real, não tendo o d. defensor sequer
se insurgido na ocasião, não podendo agora alegar irregularidade após ter o ato
atingido sua finalidade, sem comprovado prejuízo às partes”.
● Negativa de fornecimento de maiores dados de testemunha protegida: o juízo
apresentou o nome e documentos pessoais, não havendo prejuízo à defesa.
12. *REVISÃO CRIMINAL – Estupro de vulnerável – Inépcia da denúncia – Matéria preclusa
– Outrossim, peça que preenche os requisitos do art. 41, CPP – Preliminar afastada Alegação
de condenação contrária à prova dos autos – Inobservância – Prova segura da autoria e
materialidade – Decisão emanada em 1ª instância e mantida por este Eg. Tribunal de Justiça –
Conclusão condenatória que não comporta modificação – Pena e regime adequados – Revisão
indeferida (voto n. 44463)*.  (TJSP;  Revisão Criminal 2281735-42.2020.8.26.0000; Relator
(a): Newton Neves; Órgão Julgador: 8º Grupo de Direito Criminal; N/A - N/A; Data do
Julgamento: 06/06/2021; Data de Registro: 06/06/2021)

CONCLUSÃO: considerou preclusa a alegação de inépcia apenas em sede de revisão criminal.


Foi citado essa decisão do STJ: “(...) devendo-se ressaltar que a jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça tem se orientado no sentido de que mesmo as nulidades tidas por
absolutas sujeitam-se à preclusão, em observância aos postulados da segurança jurídica e da
lealdade processual” (STJ HC nº 363450/RS Sexta Turma Rel. I. Min. Antonio Saldanha Palheiro
j. 18.09.2018).

ESTATUTO DO DESARMAMENTO

13. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES – Quadro probatório que se mostra seguro e


coeso para evidenciar autoria e materialidade, bem como o dolo de mercancia – Validade do
depoimento dos policiais – Versões exculpatórias não comprovadas – Manutenção da
condenação – POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO – Sete cartuchos de uso permitido – Pequena
quantidade de munição – Ausência de arma – Irrelevância jurídica – Absolvição de Willian, com
fulcro no art. 386, III, CPP – PENA - Correta majoração da básica, nos termos do art. 42, da Lei
n.º 11.343/06 ante a quantidade e natureza das drogas apreendidas – Reconhecimento da
menoridade relativa de Mateus – Réu Mateus que preenche todos os requisitos do §4º do art.
33 da Lei nº 11.343/06 – Aplicação do redutor que deve se dar na fração máxima – Adequação
da pena de Mateus – Pena de Willian fixada de maneira criteriosa – Réu multirreincidente -
Utilização de uma condenação como maus antecedentes e as demais como circunstância
agravante na segunda fase - Possibilidade de substituição da corporal por restritivas de direitos
e fixação do regime aberto a Mateus – Precedentes STJ e STF – Regime fechado mantido para
Willian - Recursos parcialmente providos, com determinação de expedição de alvará de soltura
ao corréu Mateus (voto 44603).  
(TJSP;  Apelação Criminal 1500283-44.2020.8.26.0552; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Leme - Vara Criminal; Data do Julgamento:
21/06/2021; Data de Registro: 21/06/2021)

CONCLUSÃO: se entendeu que, diante das circunstâncias, sete cartuchos de arma de uso
permitido configuram irrelevante jurídico (“...a pequena quantidade de munição, atrelado ao
fato de que na ocasião não dispunha o réu de arma eficaz a detoná-la não atenta contra a
incolumidade pública, objetividade jurídica tutelada pela norma. A potencialidade social do
fato, realmente, esteve na esfera da pequenez. Sem arma de fogo apta a ser utilizada de
imediato a munição, o perigo na conduta ficou reduzido.).

14. *ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO – Quadro probatório frágil – Insuficiência de provas no


tocante à associação – Condenação lastreada na confissão dos réus e suspeitas de
envolvimento em crimes - Crime autônomo que demanda prova do elo perene e estruturado
entre os agentes para a prática da traficância – Exegese do artigo 197 do CPP - Absolvição que
se impõe. TRÁFICO DE DROGAS, PORTE ILEGAL DE ARMA E MUNIÇÕES – Crimes imputados
apenas ao réu Leonardo – Conformismo com o mérito da condenação – Aumento da básica do
crime de tráfico em razão da quantidade de droga apreendida (985,6g de cocaína) – Básica dos
crimes da Lei 10.826/03 fixada no mínimo legal – Reincidência e confissão – Compensação
integral – Concurso formal entre os crimes de posse ilegal de arma de fogo e posse de
munições de uso restrito e uso permitido – Concurso material mantido – Regime fechado
adequado - Recurso parcialmente provido, com determinação de expedição de alvará de
soltura, pelo processo, com relação ao corréu Romário (voto nº 44588).*   (TJSP;  Apelação
Criminal 1503297-82.2019.8.26.0548; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara
de Direito Criminal; Foro de Campinas - 4ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 17/06/2021;
Data de Registro: 17/06/2021)

CONCLUSÃO: o réu pedia a aplicação de crime único para as armas e munições de uso restrito
e o reconhecimento do concurso formal em relação às munições, de uso permitido. O relator
fundamentou “E, ainda que se tratem de delitos da mesma espécie e as condutas tenham sido
praticadas em um mesmo contexto fático, descrevem ações distintas, com lesão a bens
jurídicos diversos, já o delito do art. 16 da Lei nº 10.826/03, diferentemente dos demais tipos
penais previstos na citada lei, visa a proteção, além da paz e segurança pública, também da
seriedade dos cadastros do Sistema Nacional de Armas. Desse modo, com uma única ação
praticou Leonardo delitos diferentes, o que inviabiliza o reconhecimento de crime único,
devendo ser mantido o concurso formal de infrações reconhecido pelo juízo.” Manteve, ainda,
o concurso material em relação à posse de munições.

CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL

15. *ESTUPRO – Quadro probatório que se mostra seguro e coeso para evidenciar autoria
e materialidade do delito – Firme relato e reconhecimento pela vítima – Manutenção da
condenação – Possibilidade de alteração da capitulação delitiva para o art. 215-A, CP, mais
adequado à realidade dos fatos – Readequação das penas – Alteração do regime prisional
inicial para o semiaberto – Possibilidade de imediata colocação no aberto, com fulcro no art.
387, § 2º, CPP – Recurso parcialmente provido (voto n. 44628)*.   (TJSP;  Apelação Criminal
0007608-40.2020.8.26.0037; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara de
Direito Criminal; Foro de Araraquara - 2ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 17/06/2021; Data
de Registro: 17/06/2021)

CONCLUSÃO: desclassificou-se a conduta de estupro para importunação sexual.

● A vítima caminhava pela via pública, sozinha, quando o réu veio em sua direção.
Abordou a mulher e, após tentar manter conversa banal, agarrou-a violentamente
pelo braço e cintura, puxando seu corpo contra o dele e, com intuito lascivo, começou
a passar as mãos em suas nádegas e pernas, na região da coxa até chegar próximo à
genitália.
● “De início, cumpre observar que referido tipo foi incluído na legislação material penal
pela Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2.018, trazendo a figura da importunação
sexual, delito menos grave. Ao tratarem sobre atos libidinosos, diferem-se os tipos
entre si na medida em que, enquanto o do artigo 213 do Código Penal exige, para sua
configuração, a presença de violência ou grave ameaça e ainda que o ato libidinoso
tenha sido praticado com a vítima, o artigo 215-A prevê sanção àquele que, sem a
anuência do ofendido, pratica ato libidinoso contra aquele. E, na hipótese dos autos,
afirmou a vítima que foi puxada pelo acusado, que passou a mão em seu corpo de
forma lasciva, sem ameaças ou agressões.”
16. *ESTUPRO DE VULNERÁVEL – Alegação de cerceamento de defesa em razão do
indeferimento de reperguntas em audiência – Inocorrência – Questões consideradas
irrelevantes – Observância ao art. 400, § 1º, CPP – Ausência de prejuízo – Preliminar afastada –
Conjunto probatório apto à comprovação da materialidade e autoria delitivas – Versão
exculpatória isolada nos autos – Erro de tipo minimamente comprovado – Conduta típica,
ainda que presente o consentimento da vítima – Presunção de violência absoluta, conforme
Súmula 593, E. STJ – Manutenção da condenação – Pena-base no mínimo legal, com alteração
do acréscimo, pela continuidade delitiva, para 1/3 diante do número de infrações –
Manutenção do regime prisional fechado – Recurso parcialmente provido (voto nº 44282)*.  
(TJSP;  Apelação Criminal 1503881-07.2020.8.26.0196; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Franca - 1ª Vara Criminal; Data do
Julgamento: 08/06/2021; Data de Registro: 08/06/2021)

CONCLUSÃO: “ainda que dentro do exercício da ampla defesa tenha o réu o direito à produção
das provas que reputar necessárias à comprovação da tese defensiva, não menos certo é que
cabe ao Juiz, dentro de sua discricionariedade e sendo o destinatário das provas, analisar a
relevância e pertinência de sua produção para o deslinde do feito, podendo indeferir aquelas
que julgar dispensáveis, inclusive as reperguntas em audiência.(...) buscou evitar exposição
desnecessária da menor, o que em consonância com a proteção integral a ela garantida
constitucionalmente”. Entendeu-se que a negativa evitou a revitimização.

OUTROS TEMAS

17. TRÁFICO ILÍCITO DE DROGAS – Quadro probatório que se mostra seguro e coeso para
evidenciar autoria e materialidade do delito – Inexistência de dúvidas que justifica o decreto
condenatório – Confissão parcial dos réus Daniel e Guilherme - Validade do depoimento dos
policiais – Manutenção da condenação - Correta majoração da básica, nos termos do art. 42,
da Lei n.º 11.343/06 – Confissão dos acusados Daniel e Guilherme que deve ser reconhecida –
Réus que preenchem todos os requisitos do §4º do art. 33 da Lei nº 11.343/06 – Aplicação do
redutor que deve se dar na fração máxima – Adequação da pena de todos os réus -
Possibilidade de substituição da corporal por restritivas de direitos e fixação do regime aberto
– Precedentes STJ e STF – Isenção de custas – Impossibilidade - Recursos defensivos
parcialmente providos, com determinação de expedição de alvarás de soltura (voto nº 44598).
(TJSP;  Apelação Criminal 1500186-85.2020.8.26.0312; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Juquiá - Vara Única; Data do Julgamento:
14/06/2021; Data de Registro: 14/06/2021)

CONCLUSÃO: “a justiça gratuita postulada não afasta a cobrança das custas processuais, é de
se ver que não podem os apelantes serem isentos desse pagamento, posto que não tem
caráter de pena e decorre da sucumbência processual, em razão de previsão legal que está em
plena vigência (art. 4º da Lei 11.608/2003), cuja eventual impossibilidade de pagamento
deverá ser aferida pelo Juízo das Execuções.”

PRISÃO CAUTELAR

18.HABEAS CORPUS - Roubo – Ataque ao decreto da prisão preventiva - Análise da prisão


cautelar sob o enfoque das Leis n.º 11.340/06, 12403/11 e 13.964/19 - Prisão cautelar que se
mostra como exceção no nosso sistema – Delito ocorrido em 09/10/19 – Prisão preventiva
decretada e cumprida em dezembro de 2020 - Ausência de motivos contemporâneos que
justifiquem a prisão cautelar (Lei n.º 13.964/19) – Precedente do STJ – Caráter subsidiário da
privação cautelar da liberdade (art. 282, §6º, do CPP) – Presunção de inocência - Suficiência da
imposição de medidas cautelares diversas da prisão - Liberdade provisória concedida – Ordem
concedida, com expedição de alvará de soltura - (Voto n.º 44565).   (TJSP;  Habeas Corpus
Criminal 2095845-93.2021.8.26.0000; Relator (a): Newton Neves; Órgão Julgador: 16ª Câmara
de Direito Criminal; Foro de Sorocaba - 2ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 09/06/2021;
Data de Registro: 09/06/2021)
CONCLUSÃO: “A mera indicação de que o paciente ostenta antecedentes criminais, ou de que é
reincidente, não impõe objetivamente a prisão preventiva, sendo imprescindível a
fundamentação (...).” Citou entendimento do STJ- “(...)e a reincidência, por si só, notadamente
diante do cenário de pandemia que estavamos vivendo, não justifica a prisão preventiva”.

19. HABEAS CORPUS – Lesão corporal e ameaça no âmbito da Lei n.º 11.340/06 – Ataque à
conversão do flagrante em preventiva - Análise sob o enfoque das Leis n.º 11.340/06,
12.403/11 e 13.964/19 - Prisão cautelar que se mostra como exceção no nosso sistema –
Denúncia ajuizada - Desproporcionalidade da excepcional prisão cautelar diante do regime
que pode ser imposto caso venha a ser condenado (art. 33, caput, do CP) – Paciente primário
- Suficiência da imposição de medidas cautelares diversas da prisão (art. 282, §6º, do CPP) -
Liberdade provisória concedida – Liminar deferida - Ordem concedida - (voto n.º 44562).  
(TJSP;  Habeas Corpus Criminal 2109745-46.2021.8.26.0000; Relator (a): Newton Neves; Órgão
Julgador: 16ª Câmara de Direito Criminal; Foro Regional I - Santana - Vara da Região Norte de
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; Data do Julgamento: 09/06/2021; Data de
Registro: 09/06/2021)

CONCLUSÃO: “O Ministério Público ajuizou denúncia, delimitada a acusação da prática do


delito de lesão corporal (punido com 03 meses a 03 anos de detenção) e de ameaça (punido
com detenção, de 01 a 06 meses, ou multa), de modo que a prisão preventiva revela-se de
rigor desproporcional diante do regime penitenciário que a lei prevê como possível de ser
fixado (aberto ou semiaberto), sobretudo diante da primariedade do paciente, de modo que,
considerado o tempo de prisão processual, esta reveste-se em verdadeira prisão para
cumprimento antecipado da pena, vedado pela legislação vigente”.

Você também pode gostar