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Poder Judiciário da União Fls.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E TERRITÓRIOS

Órgão : 1ª TURMA CRIMINAL


Classe : AGRAVO DE EXECUÇÃO PENAL
N. Processo : 20180020069166RAG
(0006790-04.2018.8.07.0000)
Agravante(s) : FRANCISCO OSSILON VALE CASTRO
Agravado(s) : MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO
FEDERAL E TERRITÓRIOS
Relator : Desembargador J.J. COSTA CARVALHO
Acórdão N. : 1139638

EMENTA

AGRAVO EM EXECUÇÃO. CONVERSÃO DE PENA DE


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE EM
PECUNIÁRIA. FIXAÇÃO DE PENA RESTRIVA DE DIREITOS
DELEGADA AO JUÍZO DE EXECUÇÃO. ANÁLISE DO
ARTIGO 148, DA LEP. POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO.
NÃO OFENSA À COISA JULGADA MATERIAL. RECURSO
PROVIDO.
1. Conforme o artigo 148, da Lei de Execução Penal, resta
justificado o pedido de conversão da pena de prestação de
serviços à comunidade em prestação pecuniária, diante da
situação peculiar do condenado, ajustando-a às suas condições
pessoais,
2. In casu, não há que se falar em ofensa à coisa julgada e à
segurança jurídica, quando a sentença condenatória delega ao
Juízo da Execução a fixação de pena restritiva de direitos,
sendo plenamente possível sua conversão em outra pelo
mesmo juízo.
3. Agravo conhecido e provido.

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ACÓRDÃO

Acordam os Senhores Desembargadores da 1ª TURMA CRIMINAL


do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, J.J. COSTA CARVALHO -
Relator, GEORGE LOPES - 1º Vogal, MARIO MACHADO - 2º Vogal, sob a
presidência do Senhor Desembargador GEORGE LOPES, em proferir a seguinte
decisão: DAR PROVIMENTO. UNÂNIME., de acordo com a ata do julgamento e
notas taquigráficas.
Brasilia(DF), 22 de Novembro de 2018.

Documento Assinado Eletronicamente


J.J. COSTA CARVALHO
Relator

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RELATÓRIO

Cuida-se de agravo em execução interposto por FRANCISCO


OSSILON VALE CASTRO, com fulcro no artigo 197 da Lei de Execução Penal,
contra decisão proferida pelo Juízo da Vara de Execuções Penais do Distrito
Federal (fl. 23), que indeferiu o pedido de substituição da pena de prestação de
serviços à comunidade por prestação pecuniária.
Nas razões recursais (fls. 25/26v), a defesa argumenta a
impossibilidade de cumprimento da pena alternativa em prejuízo da jornada normal
de trabalho do agravante. Requer, então, a conversão da pena de prestação de
serviços à comunidade em prestação pecuniária.
Em contrarrazões às fls. 28/29v, o Ministério Público de 1º grau se
manifestou favoravelmente ao pedido da defesa.
Em juízo de retratação, o Juízo a quo manteve a decisão
impugnada (fl. 30).
A procuradoria de Justiça, em parecer às fls. 34/35, oficiou pelo
conhecimento e provimento do recurso interposto.
É o relatório.

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VOTOS

O Senhor Desembargador J.J. COSTA CARVALHO - Relator


Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
Insurge-se o agravante contra a decisão que indeferiu a substituição
da prestação de serviços à comunidade pela prestação pecuniária.
Pois bem.
O agravante foi condenado à pena de 07 (sete) meses e 15 (quinze)
dias de detenção, substituída por uma restritiva de direito, a ser estabelecida pela
Vara de Execuções Penais, pela prática do crime previsto no artigo 29, § 1º, inciso
III, da Lei nº 9.605/98 (fls. 07/11).
Em decisão à fl. 17, o Juízo da Execução estabeleceu o
cumprimento de uma prestação de serviço à comunidade.
Assevera o agravante, a impossibilidade do cumprimento da pena
alternativa fixada pela VEPEMA, porquanto se qualifica como autônomo e detém
apenas os domingos livres, pois exerce sua atividade laborativa de segunda a
sábado, das 7h às 20h.
Acrescenta, ainda, que a Seção Psicossocial informou que em
Taguatinga/DF, cidade em que o agravante reside e trabalha, não há instituições que
disponibilizem vagas no período noturno ou aos domingos para prestar serviços à
comunidade, sugerindo, dessa forma, a conversão da pena de prestação de serviços
comunitários em pena pecuniária (fl. 21).
Apesar das considerações do Juízo, entendo que o pedido merece
acolhida e, para tanto, peço vênia para adotar como razões de decidir os
fundamentos das contrarrazões do ilustre Promotor de Justiça às fls. 28/29v, nos
seguintes termos:

Com razão a defesa.


O art. 148 da LEP dispõe que:
Art. 148. Em qualquer fase da execução, poderá o juiz, motivadamente,
alterar, a forma de cumprimento das penas de prestação de serviços à
comunidade e a de limitação de fim de semana, ajustando-as às condições
pessoais do condenado e às características do estabelecimento, da
entidade ou do programa comunitário ou estatal.

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Como se vê, em observância aos princípios da proporcionalidade e da


razoabilidade, é possível ao Juízo da Execução, em uma situação peculiar,
alterar e ajustar a forma de cumprimento da pena inicialmente estabelecida,
verificando as condições pessoais do apenado. Ainda mais quando a
fixação da pena restritiva ficou a cargo da Vara de Execução Penal.
Dessa forma, em que pese o teor da r. decisão agravada, o Ministério
Público entende que, diante da situação peculiar do sentenciado, resta
justificado o pedido de conversão, já que em Taguatinga, onde reside e
trabalha o apenado, não existem instituições disponíveis no período noturno
ou aos domingos para cumprimento da pena, de acordo com o relatório da
Seção Psicossocial.
Sendo assim, em virtude da comprovada necessidade de se ajustar o
cumprimento da pena às condições do sentenciado, a fim de viabilizar o
respectivo cumprimento, entende o Parquet que merece provimento o
agravo interposto pela defesa.

Percebe-se nos autos que o agravante não se recusa ao


cumprimento da pena, pelo contrário, busca apenas ajustá-la às suas condições
pessoais, conforme dispõe o artigo 148, da Lei de Execução Penal, já supracitado
pelo órgão ministerial.
No mais, percebe-se pelo título ora em execução que a escolha da
pena restritiva de direitos ficou ao encargo do Juízo da Execução, conforme trecho à
fl. 10v, in verbis:

Quanto à possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por


restritiva de direitos prevista no artigo 7º da Lei nº 9605/98, considerando
que o condenado preenche os requisitos legais, substituo a pena privativa
de liberdade por uma restritiva de direitos, na forma a ser estabelecida
pela Vara de Execuções Penais. (Grifo Nosso)

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A despeito do tema, há julgado desta Corte de Justiça que não


autoriza a conversão da pena restritiva de direitos pelo Juízo da Execução, desde
que fixada a respectiva modalidade na sentença condenatória.
Como se vê, a situação posta em análise é diversa àquela perfilhada
pela Nossa Corte, porquanto a sentença condenatória delegou a decisão de fixação
de pena restritiva de direitos ao Juízo de Execução, sendo então plenamente
possível sua conversão em outra pelo juízo delegatário. Afinal, na hipótese, não há
que se falar em ofensa à coisa julgada e à segurança jurídica, por ausência de óbice
legal.
Posto isso, DOU PROVIMENTO ao recurso, para deferir a
substituição da prestação de serviços à comunidade por prestação pecuniária.
É como voto.

O Senhor Desembargador GEORGE LOPES - Vogal


Com o relator

O Senhor Desembargador MARIO MACHADO - Vogal


Com o relator

DECISÃO

Dar provimento. Unânime.

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