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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
CFC
Nº 70085676799 (Nº CNJ: 0017168-39.2022.8.21.7000)
2022/CRIME

REVISÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO.


ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE
VEÍCULO AUTOMOTOR. REEXAME DE PROVAS E
DO PROCESSO DOSIMÉTRICO. NÃO
CONHECIMENTO.
A vulneração das decisões acobertadas pelo manto da coisa
julgada, com assento na primeira parte do inc. LXXV do art.
5º da Constituição Federal, está restrita às hipóteses
taxativas circunscritas no art. 621 do Código de Processo
Penal. Não se admite, pois, o ajuizamento de revisão
criminal para revolver e rediscutir as questões que foram
controvertidas no decorrer da ação criminal, buscando-se
verdadeira nova instância recursal de julgamento. Na
hipótese, o pedido revisional limita-se a buscar a rediscussão
das provas valoradas na sentença, mantida a condenação e
analisadas teses recursais defensivas, ora reprisadas, quando
do julgamento da Apelação-Crime nº 70085014587, por
unanimidade de votos dos intregrantes da 6ª Câmara
Criminal. REVISÃO CRIMINAL NÃO CONHECIDA.

REVISÃO CRIMINAL TERCEIRO GRUPO CRIMINAL

Nº 70085676799 (Nº CNJ: 0017168- COMARCA DE PORTO ALEGRE


39.2022.8.21.7000)

YAGO FERREIRA CANDIDO REQUERENTE

MINISTERIO PUBLICO REQUERIDO

DECISÃO MONOCRÁTICA
Vistos.

Trata-se de revisão criminal ajuizada por YAGO FERREIRA CANDIDO,


por intermédio de defensora constituída, tendo por objeto a condenação no processo
criminal nº 001/2.20.0022620-0, como incurso nas sanções do artigo 157, § 2º, inciso II, e §
2º-A, inciso I, e do artigo 311, caput, ambos do Código Penal, às penas de 13 (treze) anos,
09 (nove) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumprida em regime inicial fechado, e
20 (vinte) dias-multa, à razão de um trigésimo do salário mínimo vigente à época do fato.

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Na peça inicial, sustenta o requerente, preliminarmente, a “nulidade do


‘reconhecimento’, posto que a vítima não realizou nenhum procedimento formal de
reconhecimento do Revisionando, seja em sede policial, seja em juízo”, levada a efeito a
identificação por meio de fotografias do acusado encaminhadas à vítima por oficiala do
Parquet e reconhecimento em audiência virtual, tudo sem a imprescindível observância aos
ditames do art. 226 do CPP, ensejando a ilegalidade dos atos. Para além disso, discorre
quanto às circunstâncias do fato e às características físicas do requerente, não ventiladas pela
vítima de roubo noturno, tornando mais frágeis os apontamentos. No mérito, aduz, em suma,
que a conclusão acerca da responsabilidade criminal pelos fatos imputados é “contrária as
evidências dos autos, porquanto retirando a palavra da vítima, não há outras provas de que
o Revisionando foi o autor do assalto, ressalta-se no que concerne a palavra da vítima a
jurisprudência recomenda extrema cautela na valoração da sua versão, visto que, o seu
maior desejo é ver solucionado o crime ao qual supostamente foi submetida junto a um
decreto condenatório. No caso em tela, a vítima em juízo revela que ‘eu gostaria muito de
descrever e incriminar muito os dois’ demonstrando de forma cabal o seu intuito de
incriminar de qualquer forma o Revisionando, ainda mais porque fora induzida pelo nulo
reconhecimento através de fotografia encaminhada a vítima pelo aplicativo de Whats App e
em conversa prévia ao ‘reconhecimento’ com a Oficiala do Ministério Público via telefone
não acostada aos autos”. No atinente ao crime previsto no art. 311 do CP, destaca frágeis os
substratos probatórios relativamente à ação nuclear típica, vedada a presunção de adulteração
ou remarcação do sinal identificador. Requer, nesse contexto, a procedência do pedido
revisional e a absolvição de Yago. Alternativamente postula a desclassificação do crime de
roubo para receptação, o afastamento das majorantes pelo emprego de arma de fogo e pelo
concurso de agentes, o redimensionamento da reprimenda imposta e a isenção da multa.
A Procuradoria de Justiça, em seu parecer, opinou pelo não conhecimento da
revisão e, caso conhecida, pela improcedência do pedido.
É o relatório, apertado. Decido.

O presente pedido revisional não merece conhecimento.


A revisão criminal consiste em ação autônoma de impugnação, de
competência originária dos Tribunais, que pode ser ajuizada a qualquer tempo visando à
desconstituição de decisão condenatória ou absolutória imprópria, em favor do réu.
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Inequívoco que a proteção constitucional conferida à coisa julgada (art. 5º,


inc. XXXVI) é pressuposto da segurança jurídica, característica indispensável no Estado
Democrático de Direito. Desse modo, a vulneração das decisões acobertadas pelo aludido
manto, assentada na primeira parte do inc. LXXV do art. 5º da Carga Magna (“ o Estado
indenizará o condenado por erro judiciário”), está restrita às hipóteses taxativas
circunscritas no art. 621 do Código de Processo Penal, cuja transcrição faz-se oportuna:

Art. 621. A revisão dos processos findos será admitida:


I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei
penal ou à evidência dos autos;
II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou
documentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do
condenado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial
da pena.

Não se admite, pois, o ajuizamento de revisão criminal para revolver e


rediscutir as questões que foram controvertidas no decorrer da ação criminal, tampouco o
processo dosimétrico de individualização da pena, buscando-se verdadeira nova instância
recursal de julgamento. O inconformismo com o resultado do julgamento pretérito é
incompatível com a excepcionalidade intrínseca da presente ação. Nessa senda, o Superior
Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento no sentido do não cabimento da revisão
criminal quando utilizada como nova apelação, com vistas ao mero reexame de fatos e
provas, não se verificando hipótese de contrariedade ao texto expresso da lei penal ou à
evidência dos autos, consoante previsão do art. 621, I, do CPP (HC n. 206.847/SP, Rel.
Ministro Nefi Cordeiro, 6ª T., DJe 25/2/2016).

Na espécie, limita-se o requerente a buscar a rediscussão das provas já


valoradas no curso da ação penal n° 001/2.20.0022620-0, que transitou em julgado em
26/08/2021, pretendendo a reforma da sentença, com a absolvição e, assim não entendido, a
desclassificação do crime de roubo pelo qual condenado para receptação ou, modo
subsidiário, o afastamento das majorantes pelo emprego de arma de fogo e pelo concurso de
agentes, bem assim a redução da pena privativa de liberdade e a isenção da multa, sem,
contudo, trazer aos autos qualquer substrato novo para respaldar seus pedidos, reprisando as
mesmas teses vertidas em recurso de apelação.

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Acerca da revisão criminal fulcrada no inc. I do art. 621 do CPP, leciona


Renato Brasileiro de Lima que a “expressão verdade deve ser compreendida como a
verdade manifesta. Portanto, só se pode falar em sentença contrária à evidência dos autos
quando esta não se apoia em nenhuma prova produzida no curso do processo, nem
tampouco, subsidiariamente, em elementos informativos produzidos no curso da fase
investigatória. Essa contrariedade pode se referir tanto à autoria do fato delituoso quanto
ao crime em si, ou, ainda, a circunstâncias que determinem a exclusão do crime, isenção ou
diminuição da pena. Portanto, a mera fragilidade ou precariedade do conjunto probatório
que levou à prolação de sentença condenatória não autoriza o ajuizamento de revisão
criminal”1.
No caso dos autos, não obstante o esforço argumentativo da defesa, as
discussões postas em sede preliminar e no mérito não são novas, forçoso é repetir, já
amplamente debatidas por ocasião do julgamento da apelação criminal nº 70085014587,
que, à unanimidade, negou provimento ao apelo defensivo.
A esse respeito, faz-se oportuna a transcrição do voto do nobre
Desembargador José Ricardo Coutinho Silva, ao analisar o referido recurso no âmbito da
Colenda Sexta Câmara Criminal, acompanhado pelos ilustres Desembargador Sérgio Miguel
Achutti Blattes e Dr. Ricardo Bernd:
Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
Tenho que a materialidade e a autoria delitivas foram bem analisadas
pela ilustre Juíza de Direito, Dra. Traudi Beatriz Grabin, ao proferir a sentença,
não sendo verificada qualquer inovação em sede de apelação em relação aos
pontos analisados em primeiro grau, pelo que adoto seus fundamentos para
evitar inútil tautologia (fls. 53/63, doc. 6, dos autos eletrônicos):

"(...)
A materialidade dos fatos se verifica do registro policial das fls. 18/21
e 40/41, auto de apreensão da fl. 23, auto de avaliação indireta da fl. 72,
coligidos pela prova oral que abaixo analiso.
YAGO FERREIRA CANDIDO, no seu interrogatório judicial, negou a
autoria dos fatos imputados dizendo que estava em casa por volta das 11h e,
após, saiu para ir na casa de um amigo de nome Jorge, tendo pego o veículo
apreendido emprestado dele e conduzido-o com sua esposa e filhos, sendo
abordados na Av. Antônio de Carvalho, conduzido e levado preso, ocasião

1
LIMA, Renato Brasileiro de. Código de Processo Penal Comentado. 3 ed. rev. E atual. Salvador:
Juspodivm, 2018. P. 1514.
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em que lhe foi dito que o carro era proveniente de roubo e estava com placas
clonadas. A seguir tiraram fotos suas e enviaram para a vítima, sendo
acusado de ser o autor do roubo. Ao tempo do fato estava foragido, uma vez
que tirou a tornozeleira eletrônica e foi morar em Balneário Camboriú.
Nunca foi levado a reconhecimento pessoal junto à delegacia de polícia.
CHAIANE ALMEIDA, ao ser interrogada, alegou desconhecimento
sobre se tratar de veículo roubado e de que as placas eram falsas. Em
síntese, relatou que seu marido disse que guardaria o carro, indo junto dele,
após convite, porém nunca tinha visto o carro anteriormente.
O ofendido Wagner D. Z. (fato 01) confirmou o roubo do veículo
Ford/Ka, cor vermelha, locado da empresa Localiza, com o qual trabalhava
e quando estacionava o veículo na garagem, foi surpreendido por dois
rapazes, um deles o réu Yago, que portava arma de fogo, que lhe foi
apontada, subtraindo além do carro, seu telefone, relógio, documentos, etc,
empreendendo fuga na posse dos bens. Comunicou o fato à Brigada Militar.
O veículo foi recuperado posteriormente, com placas adulteradas, segundo
informações da delegacia de polícia. Identificou o acusado pessoalmente em
juízo, por meio de audiência virtual, como sendo um dos autores do roubo.
Recebeu, em sede de investigação, de agente ministerial, fotos do acusado
(frente e perfil), reconhecendo-o como autor do roubo (1º fato). Suportou
prejuízo material de U$1.300,00 (relógio) e mais R$600,00 relativo aos
demais bens subtraídos.
O policial militar Rômulo Gomes Silva narrou ter abordado o veículo
que estava em atitude suspeita ( “pela atitude nervosa do motorista”) e ao
verificar os sinais identificadores verificaram que as placas eram falsas e
que ele estava em ocorrência de furto/roubo. Quanto ao condutor,
verificaram que estava foragido do sistema prisional. O veículo era tripulado
pelo casal que restou conduzido, presos em flagrante.
No mesmo sentido foram os informes do policial militar Wagner de
Castro Domingues, acrescentando que o veículo na posse dos réus constava
em uma listagem que detinha a guarnição de carros furtados e/ou roubados.
Estas foram as provas produzidas em juízo, à luz do contraditório e
ampla defesa, aptas, portanto, a julgamento.
Quanto ao primeiro fato denunciado (artigo 157, §2º, inciso II, e
§2º-A, inciso I, do Código Penal), a autoria do acusado YAGO FERREIRA
CÂNDIDO mostra-se certeira.
Com efeito, efetiva a palavra do ofendido, narrando claramente o
desenrolar dos acontecimentos, bem como indicando a autoria do réu como
um dos assaltantes, notadamente o que estava de posse da arma de fogo,
apontando-lhe, posteriormente preso na condução da res furtivae, um dia
após o assalto, estando o veículo com placas modificadas/adulteradas,
conforme relatos policiais.
É cediço, em crimes deste jaez, que a palavra da vítima apresenta
validade probatória apta a formar o convencimento do julgador, sobremodo
quando não infirmada por outros elementos, tal como ocorre na espécie.
Ademais, não se vislumbra, no caso vertente, motivo qualquer para
que os acontecimentos, pelo ofendido, fossem narrados de forma diversa
daquela, de fato, verificada. Vale registrar, o réu e a vítima não se
conheciam previamente, depreende-se dos autos. Fazem-se, então, as
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declarações da vítima, insuspeitas, na situação em tela, assumindo destaque


no caderno probatório.
Neste sentido, trago à baila recente julgado do Tribunal de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul:
APELAÇÃO. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO MAJORADO.
EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CONDENAÇÃO MANTIDA. PROVA
SUFICIENTE. DOSIMETRIA DA PENA. - MANUTENÇÃO DO DECRETO
CONDENATÓRIO. As provas existentes no caderno processual são
suficientes para o julgamento de procedência do pedido condenatório
deduzido na denúncia. Materialidade e autoria suficientemente demonstradas.
A negativa apresentada pelo réu se mostrou isolada nos autos. - PALAVRA
DA VÍTIMA. VALOR PROBANTE. Conforme tranquilo entendimento
jurisprudencial, a prova testemunhal consistente na palavra da vítima tem
suficiente valor probante para o amparo de um decreto condenatório,
especialmente quando se trata de delito praticado sem testemunhas
presenciais. Os relatos da vítima, ao se mostrarem seguros e coerentes, tanto
em sede policial, quanto em juízo, bem como aliados ao reconhecimento
pessoal efetuado, merecem ser considerados elementos de convicção de alta
importância. - MAJORANTE EMPREGO DE ARMA DE FOGO. São
prescindíveis para a configuração da majorante descrita no art. 157, §2º-A,
inc. I, do CP, a apreensão da arma de fogo e a certificação de sua efetiva
potencialidade lesiva, se nos autos do processo criminal restou
suficientemente comprovado, por outros meios, a utilização do artefato para
a intimidação da vítima. - DOSIMETRIA DA PENA. Basilar mantida em 04
(quatro) anos e 06 (seis) meses de reclusão. Apesar de afastado o desvalor
conferido à culpabilidade, a personalidade do agente se mostrou voltada à
prática delitiva. Ainda, não foi possível depreender dos autos qualquer
circunstância peculiar e extraordinária relacionada ao agente ou ao delito
que justificasse o abrandamento da pena pela incidência da atenuante
genérica prevista no art. 66 do CP. Na derradeira etapa, pela majorante do
emprego de arma de fogo, foi mantido o aumento em 2/3. Pena definitiva de
07 (sete) anos e 06 (seis) meses de reclusão. Regime inicial semiaberto.
Regime inicial semiaberto. Pena de multa inalterada. Apelo desprovido.
(Apelação Criminal, Nº 70084481282, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em: 28-10-2020)

Quanto à alegada inobservância do artigo 226 do Código de


Processo Penal, observa-se que os requisitos elencados no diploma legal
referenciado traduzem mera recomendação, de modo que não são essenciais
para a existência, validade e eficácia do ato judicial de reconhecimento de
pessoa.
Nesse sentido, observa-se precedente do Superior Tribunal de Justiça:
“PROCESSO PENAL E PENAL. HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO.
ART. 226 DO CPP. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO RATIFICADO EM JUÍZO.
CONDENAÇÃO BASEADA EM OUTRAS PROVAS. HABEAS CORPUS
DENEGADO. 1. Não há falar-se em nulidade se atesta a Corte local que
a condenação não se baseou unicamente no reconhecimento fotográfico
do paciente, ademais ratificado em juízo, mas também em outros
admitidas elementos a justificar o suporte probatório da autoria. 2. A
jurisprudência desta Corte é de que o descumprimento às disposições do
art. 226 do CPP constitui irregularidade, exigindo demonstração
concreta de prejuízo para o reconhecimento da nulidade. 3. Habeas
corpus denegado.”
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(HC 414.348/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA,


julgado em 08/05/2018, DJe 21/05/2018). Grifei.

“HABEAS CORPUS. ROUBO MAJORADO. RECONHECIMENTO DE


PESSOAS EM JUÍZO. INDEFERIMENTO DA INCLUSÃO DE
TERCEIROS. REQUISITOS DO ART. 226 DO CPP. NULIDADE.
AUSÊNCIA. PREJUÍZO CONCRETO NÃO DEMONSTRADO. EXCESSO
DE PRAZO PARA O ENCERRAMENTO DO FEITO. NÃO
OCORRÊNCIA. ORDEM DENEGADA. 1. A inobservância da forma
estabelecida no art. 226 do Código de Processo Penal para o
reconhecimento de pessoas e coisas não produz nulidade absoluta,
máxime quando se tratar de confirmação de reconhecimento já realizado
na fase inquisitorial. 2. Os prazos indicados na legislação processual
penal para a conclusão dos atos processuais não são peremptórios;
assim, eventual demora no término da instrução criminal deve ser aferida
levando-se em conta as peculiaridades do caso concreto. Precedente. 3.
Consideradas as particularidades do feito e a complexidade da ação
penal, combinadas com a informação de que já houve expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu, fica afastado, ao menos por ora,
o alegado excesso de prazo. 4. Ordem denegada.” (HC 397.523/SP, Rel.
Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em
05/04/2018, DJe 16/04/2018)

Todavia, atenta às alegações defensivas acerca da ilegalidade da


identificação fotográfica percutida pelo Ministério Público, observa-se, em
sede de julgamento de Recurso Extraordinário nº 593727/MG, de
repercussão geral, entendida a legalidade da promoção de investigação
criminal pelo Parquet, respeitadas as garantias e direitos constitucionais do
indiciado. Nesse sentido, trago à baila ementa do julgado:
Repercussão geral. Recurso extraordinário representativo da
controvérsia. Constitucional. Separação dos poderes. Penal e processual
penal.  Poderes d e investigação do Ministério Público. 2. Questão de
ordem arguida pelo réu, ora recorrente. Adiamento do julgamento para
colheita de parecer do Procurador-Geral da República. Substituição do
parecer por sustentação oral, com a concordância do Ministério Público.
Indeferimento. Maioria. 3. Questão de ordem levantada pelo Procurador-
Geral da República. Possibilidade de o Ministério Público de
estadomembro promover sustentação oral no Supremo. O Procurador-
Geral da República não dispõe de poder de ingerência na esfera orgânica
do Parquet estadual, pois lhe incumbe, unicamente, por expressa
definição constitucional (art. 128, § 1º), a Chefia do Ministério
Público da União. O Ministério Público de estado-membro não está
vinculado, nem subordinado, no plano processual, administrativo e/ou
institucional, à Chefia do Ministério Público da União, o que lhe confere
ampla possibilidade de postular, autonomamente, perante o Supremo
Tribunal Federal, em recursos e processos nos quais o próprio Ministério
Público estadual seja um dos sujeitos da relação processual. Questão de
ordem resolvida no sentido de assegurar ao Ministério Público estadual a
prerrogativa de sustentar suas razões da tribuna. Maioria. 4. Questão
constitucional com repercussão geral. Poderes de
investigação do Ministério Público. Os artigos 5º, incisos LIV e LV, 129,
incisos III e VIII, e 144, inciso IV, § 4º, da Constituição Federal, não
tornam a investigação criminal exclusividade da polícia, nem afastam
os poderes de investigação do Ministério Público. Fixada, em
repercussão geral, tese assim sumulada: “O Ministério Público dispõe de
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competência para promover, por autoridade própria, e por prazo


razoável, investigações de natureza penal, desde que respeitados os
direitos e garantias que assistem a qualquer indiciado ou a qualquer
pessoa sob investigação do Estado, observadas, sempre, por seus agentes,
as hipóteses de reserva constitucional de jurisdição e, também, as
prerrogativas profissionais de que se acham investidos, em nosso País, os
Advogados (Lei 8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI,
XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sempre presente no
Estado democrático de Direito – do permanente controle jurisdicional dos
atos, necessariamente documentados (Súmula Vinculante 14), praticados
pelos membros dessa instituição”. Maioria. 5. Caso concreto. Crime de
responsabilidade de prefeito. Deixar de cumprir ordem judicial (art. 1º,
inciso XIV, do Decreto-Lei nº 201/67). Procedimento instaurado
pelo Ministério Público a partir de documentos oriundos de autos de
processo judicial e de precatório, para colher informações do próprio
suspeito, eventualmente hábeis a justificar e legitimar o fato imputado.
Ausência de vício. Negado provimento ao recurso extraordinário.
Maioria. (RE 593727 / MG - MINAS GERAIS, Relator(a): Min. CEZAR
PELUSO, julgado em Julgamento: 14/05/2015, publicação em
08/09/2015, Órgão julgador: Tribunal Pleno)

Entendo, outrossim, não só na fase investigativa, como também


processual, a qualquer momento anterior à sentença, possível ao
Ministério Público investigar, notadamente quando não realizada
diligência específica pelo órgão policial, justificado o ato na busca da
verdade real.
Assim, não verifico afronta constitucional a identificação
fotográfica perpetrada pela vítima e atestada pela oficiala do Ministério
Público (fl. 104), notadamente porque ratificada em juízo, com
segurança, pelo vitimado, observado o contraditório e ampla defesa.
A autoria do réu YAGO é, portanto, incontroversa, impondose a
condenação criminal em relação ao primeiro fato denunciado.
A grave ameaça restou suficientemente comprovada, diante dos
informes da vítima, segura no relato, confirmando ter o acusado e seus
comparsas utilizado arma de fogo durante a ação criminosa. Assim,
presente a elementar do tipo penal atribuído.
O concurso de agentes e emprego de arma de fogo são,
igualmente, evidentes diante da prova oral, notadamente a palavra da
vítima e sua narrativa de que interpelada por dois indivíduos, o réu e
outro não identificado nos autos, sendo pelo acusado portada a arma de
fogo e anunciado o assalto. Iterativa a jurisprudência quanto à
desnecessidade da apreensão do artefato bélico e perícia para incidência
da majorante, sendo suficiente a palavra da vítima para sua
configuração. Assim, não acolho o pleito defensivo para afastamento das
majorantes relativas ao concurso de pessoas e emprego de arma de fogo.
Há que se observar, no ponto, a incidência da Lei 13.654, de 23 de
abril de 2018 -, que alterou a redação do artigo 157, §2º, revogando o
inciso primeiro, que dispunha sobre a possibilidade do aumento de pena
de 1/3 até 1/2, na hipótese de utilização de arma na prática do crime de
roubo, incluindo o §2º-A, inciso I, em que há previsão do aumento de
pena de 2/3 “se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma

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de fogo”, tratando-se de lei já vigente à época dos fatos criminosos


denunciados (11/05/2020).
Reconheço a agravante de pena em desfavor de YAGO, já que
ostenta condenação criminal anterior (processo nº 001/2.14.0081885-9).
(...)
Quanto ao terceiro fato denunciado (artigo 311, caput, do
Código Penal), imputado a ambos os réus, pertinente a Chaiane a
solução é igualmente absolutória e, relativamente a Yago, condenatória.
Explico.
Da análise dos autos, percebo que não há elementos suficientes
para imputar à ré Chaiane a prática da adulteração das placas descritas
na denúncia, pois não participou do roubo, já que eram dois homens, um
deles o corréu; desconhecia ser o carro produto do roubo, já que
absolvida quanto à receptação; e, assim, sua autoria é meramente
indiciária, sem nada concreto que autorize impor-lhe a reprimenda
estatal.
Observo, nesse rumo, que tais indícios foram rechaçados em Juízo
pela ré, não havendo testemunhas presencias do fato a vincular sua
participação.
Desse modo, a prova documental reunida não é suficiente para
atribuir à ré Chaiane a autoria do crime que lhe foi imputado no fato 03
da exordial. Assim, seja pela análise da prova oral, seja pelo exame da
prova documental, a autoria de Chaiane não ultrapassa a barreira
indiciária e, como é cediço, nada se presume em matéria de Direito
Penal, salvo a inocência, não bastando indícios, mas, sim, a certeza da
materialidade e autoria delitivas para a condenação. E a prova colhida
não aponta elementos suficientes a indicar que Chaiane soubesse,
admitisse, ou fosse a responsável pela adulteração de sinal de veículo
automotor descrito na denúncia.
No caso concreto, o Ministério Público não se desincumbiu do
ônus de comprovar a autoria do delito patrimonial, conforme estabelece
o artigo 156, primeira parte, do Código de Processo Penal.
Assim, em homenagem ao princípio in dubio pro reo, imperiosa é
a absolvição de Chaiane relativamente ao fato 03 narrado na denúncia,
frente a insuficiência probatória.
No entanto, melhor sorte não socorre ao acusado Yago, já que
reconhecidamente autor do roubo, um dia antes da prisão em flagrante,
na posse da res, presumida a sua ciência, participação e
responsabilidade sobre a adulteração do sinal do veículo automotor em
questão, consistente esta na substituição das placas originais por falsas.
A situação justifica-se por estar na condição de foragido da
justiça por ocasião da flagrância, auxiliando na ocultação do bem e sua;
por ser o autor do roubo, fins de circular com o carro sem que tal fosse
identificado e/ou recuperado. Todavia, sem êxito, pois abordado e preso
em flagrante.
Justamente por ser autor do roubo que, embora a ausência de
testemunhas oculares do fato, possível presumir-se com certeza que foi,

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também, responsável pela adulteração veicular em questão e, assim, a


condenação é impositiva.
Havendo, pelo réu, prática de crimes autônomos, incidente a
regra descrita no artigo 69 do Código Penal.
(...)”

Roubo majorado.
Com efeito, como se verifica da prova produzida e bem concluiu a
sentença, plenamente demonstradas a materialidade e a autoria do delito de
roubo majorado, tendo o réu, em comunhão de esforços e conjugação de
vontades com outro indivíduo não identificado, e mediante violência e grave
ameaça exercida com o emprego de arma de fogo, praticado a subtração do
veículo e outros pertences do ofendido, em consonância com os coerentes
depoimentos da vítima desde a fase policial, e dos policiais militares que
efetuaram a prisão, e com o inequívoco reconhecimento fotográfico do acusado
realizado na fase policial e, pessoal, em juízo.
Nesse contexto, descabida a tese de insuficiência de prova da autoria.
Quanto à observância dos requisitos do art. 226 do Código de Processo
Penal, esses devem ser observados quando possível, não ensejando a sua falta
nulidade do reconhecimento realizado, como reconhecido pela jurisprudência,
inclusive, do Superior Tribunal de Justiça:

PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ROUBO E EXTORSÃO
QUALIFICADA. RECONHECIMENTO FOTOGRÁFICO.
DISPOSIÇÕES DO ART. 226 DO CPP. RECOMENDAÇÃO
LEGAL E NÃO EXIGÊNCIA. PROVAS DE AUTORIA E
MATERIALIDADE. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. REEXAME
FÁTICO-PROBATÓRIO. NÃO CABIMENTO. SÚMULA 7/STJ.
ROUBO E EXTORSÃO. CONTINUIDADE DELITIVA
INAPLICÁVEL. CRIMES DE ESPÉCIES DISTINTAS. 1. A
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de
que as disposições insculpidas no art. 226 do CPP configuram
uma recomendação legal, e não uma exigência, não se
cuidando, portanto, de nulidade quando praticado o ato
processual (reconhecimento) de modo diverso. 2. Conforme
consignado pela Corte de origem, o ato judicial repressivo não foi
prolatado com fundamento unicamente no
reconhecimento fotográfico dos envolvidos, mas também com
esteio em todas as provas produzidas, colhidas na fase do inquérito
policial e judicial, circunstância que afasta a nulidade alegada.
Assim, houve fundamentação concreta para a condenação do
acusado, em que o Tribunal a quo, diante das provas dos autos,
concluiu pela autoria e materialidade do delito. Assim, rever os
fundamentos utilizados pela Corte estadual, para concluir pela
absolvição, em razão da ausência de provas para a condenação,
como requer a parte recorrente, importa revolvimento de matéria
fático-probatória, vedado em recurso especial, segundo óbice da

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Súmula n. 7/STJ. 3. É inviável o reconhecimento da continuidade


delitiva entre os crimes de roubo e de extorsão, por se tratarem de
delitos de espécies distintas, ainda que cometidos no mesmo
contexto temporal (HC 552.481/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN
PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 18/02/2020, DJe
02/03/2020). 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp
1641748/MG, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA
FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2020, DJe
24/08/2020). Grifei.

Ademais, a vítima não possuía qualquer relação com


o acusado anteriormente, não tendo qualquer razão para querer prejudicá-lo ou
acusá-lo falsamente, motivo pelo qual de se dar plena credibilidade às suas
declarações:
APELAÇÃO. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO
SIMPLES. CONDENAÇÃO MANTIDA. PROVA SUFICIENTE.
DOSIMETRIA DA PENA. MANUTENÇÃO. - MANUTENÇÃO DO
DECRETO CONDENATÓRIO. As provas existentes no caderno
processual são suficientes para o julgamento de procedência do
pedido condenatório deduzido na denúncia. Seguros relatos da
ofendida que, nas duas oportunidades em que foi ouvido, narrou
o fato tal como descrito na inicial acusatória, confirmando a
subtração do seu aparelho celular. Reconhecimento fotográfico
realizado na fase policial ratificado em audiência. - PALAVRA
DA VÍTIMA. VALOR PROBANTE. Conforme tranquilo
entendimento jurisprudencial, a prova testemunhal consistente
na palavra da vítima tem suficiente valor probante para o
amparo de um decreto condenatório, especialmente quando se
trata de delito praticado sem testemunhas presenciais. Os relatos
da vítima, ao se mostrarem seguros e coerentes, merecem ser
considerados elementos de convicção de alta importância. -
DOSIMETRIA DA PENA. Pena-base mantida em 05 (cinco) anos
de reclusão, diante da valoração de duas circunstâncias judiciais
do artigo 59 do Código Penal. Na segunda etapa, pela agravante
da reincidência, confirmada a exasperação da pena em 01 (um)
ano. Sanção definitiva ratificada em 06 (seis) anos de reclusão.
Regime inicial de cumprimento da pena deve ser mesmo o
fechado, considerada a reincidência do réu e o quantum total de
pena imposta. No que toca à pena de multa, que, segundo o
método bifásico (STJ, REsp nº 897876/RS e REsp nº 671.195/RS),
deve guardar proporção com a pena-base, considerando-se os
vetores do artigo 59 do Estatuto Repressivo, mantida a sua fixação
em 20 (vinte) dias-multa, à razão unitária mínima. -
PREQUESTIONAMENTO. O Julgador não está compelido a
esgotar os fundamentos e artigos de lei invocados pelas partes,
sendo suficiente que exponha de forma clara e precisa os
argumentos de sua convicção, com a incidência das normas em
que baseia sua decisão. Apelo defensivo desprovido, por maioria.
(Apelação Criminal, Nº 70084533462, Oitava Câmara Criminal,

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Tribunal de Justiça do RS, Relator: Isabel de Borba Lucas,


Redator: Dálvio Leite Dias Teixeira, Julgado em: 28-10-
2020). Grifei.

APELAÇÃO CRIME. ROUBO MAJORADO PELO CONCURSO


DE AGENTES E EMPREGO DE ARMA DE FOGO
PERPETRADO EM RESIDÊNCIA. ABSOLVIÇÃO. Incabível a
absolvição quando a prova colhida não deixa dúvida acerca da
materialidade e autoria do delito. Segundo a vítima, o ora
apelante e o corréu chegaram em sua residência, bateram
insistentemente na porta, pedindo para que ele a abrisse e, quando
abriu, os dois lhe calçaram um revólver. Afirmou que eles pediam
por dinheiro, lhe ordenando que entregasse a quantia de
R$10.000,00, porém não estava com a quantia em casa, pois havia
deixado os valores guardados na casa de uma vizinha. Como não
encontraram os valores, lhe desferiram dois tiros de arma de fogo,
atingindo-o na perna e no joelho. PALAVRA DA VÍTIMA.
VALOR PROBANTE. Em crimes como furto e roubo, que via de
regra são perpetrados contra pessoas que não possam oferecer
resistência e sem que haja a presença de outras testemunhas, a
palavra da vítima assume especial relevância, ainda mais que
essa tem como único interesse apontar o verdadeiro culpado pela
infração e não incriminar gratuitamente alguém. PALAVRA
DOS POLICIAIS MILITARES. A condição de policial militar
não torna a testemunha suspeita ou impedida quando o
depoimento afina com os demais elementos de prova. O
depoimento prestado pelos agentes da segurança merece especial
relevância quando não verificada qualquer razão plausível a
justificar um possível falso testemunho. Não haveria sentido o
Estado credenciar policiais para realizar a segurança pública e,
ao depois, em juízo, lhes retirar a credibilidade de seus
depoimentos por terem desempenhado regularmente suas
funções. PENA. DOSIMETRIA. Nada a reparar na pena fixada,
eis que o apenamento imposto atende ao disposto no art. 59 do
Código Penal. CONDENAÇÃO MANTIDA. APELO IMPROVIDO.
(Apelação Criminal, Nº 70084483064, Quinta Câmara Criminal,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria de Lourdes G. Braccini
de Gonzalez, Julgado em: 27-10-2020). Grifei

Na mesma linha, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:


HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
NÃO CABIMENTO. ROUBO MAJORADO. ART. 226 DO CPP.
PLEITO DE NULIDADE DO RECONHECIMENTO
FOTOGRÁFICO. MATÉRIA NÃO DISCUTIDA NA ORIGEM.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. AUSÊNCIA DE RAZÕES QUE
AMPAREM O PEDIDO. CONDENAÇÃO BASEADA EM
ACERVO FORMADO POR OUTRAS PROVAS. CRIME
PATRIMONIAL COMETIDO NA CLANDESTINIDADE.
DEPOIMENTO DA VÍTIMA COERENTE E HARMÔNICO.
HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. I - A Terceira Seção
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desta Corte, seguindo entendimento firmado pela Primeira Turma


do col. Pretório Excelso, sedimentou orientação no sentido de não
admitir habeas corpus substitutivo do recurso adequado, situação
que implica o não conhecimento da impetração, ressalvados casos
excepcionais em que, configurada flagrante ilegalidade apta a
gerar constrangimento ilegal, seja possível a concessão da ordem
de ofício. II - A questão de eventual nulidade do reconhecimento
fotográfico não foi apresentada e, portanto, não foi examinada
pelo eg. Tribunal de origem, o que obsta o seu conhecimento por
esta Corte, sob pena de indevida supressão de instância. III - In
casu, consta que o eg. Tribunal de origem asseverou que a
condenação do paciente fundamentou-se não apenas no
reconhecimento fotográfico durante o inquérito e em Juízo, mas
também na prova oral colhida em sede judicial, submetida ao
crivo do contraditório, o que afasta a pecha de nulidade da
sentença, sob alegação de que teria se baseado unicamente no
reconhecimento fotográfico. IV - Importa registrar que,
consoante a jurisprudência desta Corte Superior, a palavra da
vítima tem especial relevância nos delitos patrimoniais cometidos
na clandestinidade, sobretudo se - como na hipótese - coerente e
consentânea com as demais provas dos autos. Precedentes. V - Em
tal contexto, inviável o acolhimento do pedido de absolvição do
paciente, pois demandaria o exame aprofundado de todo conjunto
probatório da ação penal, como forma de desconstituir as
conclusões das instâncias ordinárias, soberanas na análise dos
fatos e provas, providência inviável de ser realizada dentro dos
estreitos limites do habeas corpus. Precedentes. Habeas corpus
não conhecido. (HC 475.526/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER,
QUINTA TURMA, julgado em 06/12/2018, DJe
14/12/2018). Grifei.

Outrossim, demonstrada a atuação do acusado em comunhão de esforços


e vontades com outro indivíduo não identificado, quando do roubo, incidente a
majorante do concurso de agentes.
Do mesmo modo, comprovado o emprego de arma de fogo para ameaçar
a vítima quando do crime de roubo, configurada, também, a respectiva
majorante.
Ademais, a não apreensão ou a ausência de perícia da arma de fogo
utilizada quando do crime não impede o reconhecimento da majorante, estando
demonstrado, como no caso, seu emprego para o cometimento do roubo.
Esse o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. ROUBO MAJORADO.
DOSIMETRIA. DESNECESSIDADE DE PERÍCIA E
APREENSÃO DA ARMA DE FOGO. MAJORANTE MANTIDA.
INCIDÊNCIA CUMULATIVA DAS CAUSAS DE AUMENTO
PREVISTAS NO ART. 157, § 2º, II E § 2º-A, I, DO
CP. MOTIVAÇÃO IDÔNEA DECLINADA. ILEGALIDADE NÃO
EVIDENCIADA. WRIT NÃO CONHECIDO.  (...) 3. A Terceira
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Seção deste Superior Tribunal de Justiça, por ocasião do


julgamento dos Embargos de Divergência n. 961.863/RS, firmou o
entendimento de que é despicienda a apreensão e a perícia da
arma de fogo, para a incidência da majorante do § 2º, I, do art.
157 do CP, quando existirem, nos autos, outros elementos de
prova que evidenciem a sua utilização no roubo, como na
hipótese, em que há farta comprovação testemunhal atestando o
seu emprego. (...) (HC 560.960/SP, Rel. Ministro RIBEIRO
DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 09/06/2020, DJe
15/06/2020)

E, também, do Supremo Tribunal Federal:

Habeas corpus. Penal e Processual Penal. Impetração dirigida


contra decisão monocrática do relator de habeas corpus no
Superior Tribunal de Justiça. Decisão não submetida ao crivo do
colegiado. Ausência de interposição de agravo interno. Não
exaurimento da instância antecedente. Não conhecimento do writ.
Precedentes. Possibilidade de análise da questão, de ofício, nos
casos de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia.
Roubos qualificados pelo emprego de arma e pelo concurso de
agentes, em concurso formal (CP, art. 157, § 2º, I e II, por duas
vezes, c/c o art. 70). Ausência de apreensão da arma de fogo e de
sua submissão a perícia. Irrelevância. Emprego de arma
demonstrado por outro meio de prova. Causa de aumento de
pena mantida. Precedentes. Ilegalidade inexistente. (...) 5. Habeas
corpus do qual não se conhece. Concessão, de ofício, do writ para
fixar o regime inicial semiaberto. (HC 125769, Relator(a):  Min.
DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 24/03/2015,
PROCESSO ELETRÔNICO DJe-078 DIVULG 27-04-2015
PUBLIC 28-04-2015). Grifei.

Adulteração de sinal identificador de veículo automotor.


Quanto a esse delito, igualmente, demonstradas a materialidade e a
autoria do réu no crime, eis que foi um dos autores do roubo do veículo, sendo
preso, no dia seguinte, trafegando com o carro roubado e com as placas
adulteradas para tentar evitar a constatação da origem criminosa do bem, pelo
que induvidosa sua participação na adulteração realizada.
Descabida, portanto, a tese de atipicidade do crime, pois plenamente
ciente da origem criminosa do veículo que conduzia, de cujo roubo e
adulteração participou.
De consignar, são válidos os depoimentos de policiais, assim como de
quaisquer outras testemunhas, sobremodo, não havendo, como no caso,
qualquer indício de suspeição, conforme reiterado nos julgados deste Tribunal e
do Superior Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO CRIMINAL. ROUBO MAJORADO. CONDENAÇÃO.


IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. (...) PALAVRA DOS POLICIAIS.
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O depoimento prestado pelos agentes da segurança merece


especial relevância quando não verificada qualquer razão
plausível a justificar um possível falso testemunho. Não haveria
sentido o Estado credenciar policiais para realizar a segurança
pública e, ao depois, em juízo, se lhes retirar a credibilidade de
seus depoimentos por terem desempenhado regularmente suas
funções. (...) Apelo improvido. (Apelação Criminal, Nº
70083667626, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Maria de Lourdes G. Braccini de Gonzalez, Julgado
em: 10-06-2020). Grifei.

APELAÇÃO CRIME. TRÁFICO DE DROGAS. ROUBO


MAJORADO. RESISTÊNCIA. CORRUPÇÃO DE MENOR.
IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. MATERIALIDADE. AUTORIA.
CARACTERIZAÇÃO. PALAVRA DOS POLICIAIS. PROVA
VÁLIDA. INIDONEIDADE NÃO DEMONSTRADA. Comprovada
a materialidade e a autoria do réu nos delitos de tráfico de
drogas, roubo majorado, resistência e corrupção de menor,
inviável a absolvição pretendida. Para afastar-se a presumida
idoneidade dos policiais (ou ao menos suscitar dúvida), é preciso
que se constatem importantes divergências em seus relatos, ou que
esteja demonstrada alguma desavença com o réu, séria o bastante
para torná-los suspeitos, pois seria incoerente presumir que
referidos agentes, cuja função é justamente manter a ordem e o
bem-estar social, teriam algum interesse em prejudicar inocentes.
(...) APELO DESPROVIDO. UNÂNIME.(Apelação Criminal, Nº
70083531426, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Luiz Mello Guimarães, Julgado em: 21-05-2020).
Grifei.

PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO


PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. TRÁFICO DE DROGAS.
ABSOLVIÇÃO. REEXAME DE FATOS. VIA INADEQUADA.
AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. WRIT NÃO
CONHECIDO.
1. Esta Corte e o Supremo Tribunal Federal pacificaram
orientação no sentido de que não cabe habeas corpus substitutivo
do recurso legalmente previsto para a hipótese, impondo-se o não
conhecimento da impetração, salvo quando constatada a
existência de flagrante ilegalidade no ato judicial impugnado a
justificar a concessão da ordem, de ofício. 2. No caso, verifica-se
que há testemunhos seguros, somado ao conjunto probatório
trazido como fundamento no acórdão impugnado (auto de
apreensão e laudo de entorpecente), de que o paciente tinha em
depósito para fins de traficância 1.071,83g de cocaína,
acondicionados em 1.550 sacolés, em desacordo com a lei ou
norma regulamentar. 3. A pretensão de absolvição por
insuficiência de provas não pode ser apreciada por este Corte
Superior de Justiça, na via estreita do habeas corpus, por
demandar o exame aprofundado do conjunto fático-probatório dos
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autos (Precedente). 4. Segundo entendimento reiterado do


Superior Tribunal de Justiça, os depoimentos dos policiais
responsáveis pela prisão em flagrante são meio idôneo e suficiente
para a formação do édito condenatório, quando em harmonia com
as demais provas dos autos, e colhidos sob o crivo do
contraditório e da ampla defesa, como ocorreu na hipótese. 5.
Habeas corpus não conhecido. (HC 492.467/RJ, Rel. Ministro
RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 21/05/2019,
DJe 27/05/2019). Grifei.

Portanto, comprovados os crimes e a autoria do acusado, nos termos da


prova produzida em juízo, sob o contraditório e a ampla defesa, imperativa a
manutenção do juízo condenatório.
Quanto às penas, a defesa postulou a redução da pena-base, o
afastamento da agravante da reincidência e a isenção ou redução da pena de
multa.
Nesse passo, ao aplicar as penas, foram essas, assim, fundamentadas na
sentença recorrida:
“(...)
Passo à dosimetria da pena:
A culpabilidade do acusado está evidenciada no feito, agindo com
a consciência da ilicitude do ato praticado, já que nada há a
indicar que pudesse não saber que os atos cometidos eram ilícitos,
sendo-lhe exigível comportamento diverso, em conformidade com
a lei. Registra antecedentes (processos 001/21400085231,
001/21500629721). Na personalidade e conduta social nada há a
considerar. A motivação do delito não esclarecida nos autos,
levando a crer a obtenção de lucro fácil. As circunstâncias são as
comuns aos tipos penais, entretanto, quanto ao roubo (1º fato)
agravadas pelo concurso de agentes, fator que valoro nesta fase
dosimétrica, elevando a pena base, impondo-se maior
punitividade, pois representa elemento de maior coação à vítima a
assegurar a concretização do crime. As consequências excedem,
nesses moldes, a tipicidade, ultrapassando a barreira
eminentemente econômica, abalando sobremaneira a ordem
pública. Diante dessas diretrizes, fixo a pena-base para o delito de
roubo majorado em cinco (05) anos de reclusão e três (03 anos e
seis (06) meses de reclusão para o delito de adulteração de sinal
de veículo automotor.
Reconhecida a agravante de pena prevista no artigo 61, inciso I,
do Código Penal, elevando as penas provisórias na fração de 1/6,
patamar amplamente admitido pela jurisprudência pátria e, assim,
restam as penas provisórias fixadas em cinco (05) anos e dez (10)
meses de reclusão para o delito de roubo majorado e quatro (04)
anos e um (01) mês de reclusão para o delito de adulteração de
sinal de veículo automotor.
Nos termos do art. 157, §2º-A, inciso I, do Código Penal, majoro,
referido apenamento, em 2/3 (dois terços), fração fixada na lei, o

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que culmina na pena para o delito de roubo majorado (fato 01) de


nove (09) anos, oito (08) meses e vinte (20) dias de reclusão.
Diante do regramento previsto no artigo 69, caput, do Código
Penal, somadas as penas imputadas ao acusado, resta a pena
privativa de liberdade definitiva em treze (13) anos, nove (09)
meses e vinte (20) dias de reclusão.
A pena deverá ser cumprida em regime inicial fechado, pela
reincidência, com base no artigo 33, §2º, a e §3º, do Código
Penal, em local a ser definido na Vara de Execução Criminal,
nada se alterando pelo tempo de prisão provisória, pois ainda em
patamar superior a oito anos, bem como em face da reincidência.
As penas de multa, cumulativamente prevista aos delitos, vão
fixadas em 10 (dez) dias-multa, para cada um deles, resultando em
vinte (20) dias-multa, com valor unitário de um trigésimo (1/30)
do salário mínimo nacional vigente à época do ocorrido, que
deverá ser corrigido quando da data do efetivo pagamento, a
contar da data da prática do delito, por aplicação do artigo 49,
caput, e § 1º e 72, ambos do Código Penal.
Inviável a isenção do pagamento da pena de multa, uma vez que
integrante do tipo penal, diante do princípio da legalidade,
tipicidade e devido processo legal, não havendo previsão
legislativa para a concessão de tal benesse ao réu.
O réu não faz jus ao sursis, nem à substituição prevista no artigo
44 do Código Penal, dada a natureza do crime, pois delito
praticado com violência e grave ameaça à pessoa, não sendo, pois
recomendável a substituição.
Mantenho a prisão preventiva do acusado, diante das suas
condições pessoais (reincidente), havendo necessidade de
acautelar a ordem pública, bem como reforçado pela presente
condenação e regime de cumprimento da pena (fechado
inicialmente), para fins de aplicação da lei penal. (...)”

Analisado, conjuntamente, para os dois delitos, o exame dos vetores


judiciais do art. 59 do Código Penal, o juízo monocrático fixou a pena-base,
para o delito de roubo, em 05 (cinco) anos de reclusão, ou seja, 01 (um) ano
acima do mínimo legal, e para o delito de adulteração de sinal identificador de
veículo automotor, em 03 (três) anos e 06 (seis) meses de reclusão, 06 (seis)
meses acima do mínimo legal, pois considerou negativos os antecedentes do
agente e as circunstâncias do crime, sendo essa última, apenas, para o delito de
roubo majorado.
Maus antecedentes corretamente considerados, tendo em conta se
verificar da certidão de antecedentes que ostenta o réu três condenações por
delitos anteriores, uma por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e
receptação, outra por porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e, a
terceira, por roubo majorado, já transitadas em julgado, respectivamente,
processos nºs 001/2.14.0008525-8, 001/2.14.0069678-8 e 001/2.14.0081885-9,
além de uma quarta, também por crime de roubo majorado (processo nº
001/2.15.0062972-1), observada para fins da agravante da reincidência.

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Portanto, sendo péssimos os antecedentes, esses, por si só, já


justificariam aumento até maior nas penas-bases.
Nada a reparar, também, na consideração, como circunstância judicial
negativa do crime de roubo, do concurso de agentes, eis que não aplicada a
causa de aumento respectivo (art. 157, § 2º, inc. II, do CP).
Na segunda etapa, pela agravante da reincidência em crime de roubo
majorado, foram as penas elevadas na fração padrão de 1/6, embora, sendo a
reincidência em delito grave e, ainda, no caso do roubo, também, específica
justificaria aumento maior.
Além disso, o reconhecimento da agravante da reincidência decorre de
observância de expressa previsão legal, art. 61, I, do Código Penal, cuja
constitucionalidade foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, inclusive,
com repercussão geral:
AGRAVANTE – REINCIDÊNCIA – CONSTITUCIONALIDADE –
Surge harmônico com a Constituição Federal o inciso I do artigo
61 do Código Penal, no que prevê, como agravante, a
reincidência. (RE 453000, Relator Min. MARCO AURÉLIO,
Tribunal Pleno, julgado em 04/04/2013, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - DJe-194, PUBLIC 03-
10-2013).

Logo, inexistente inconstitucionalidade ou bis in idem na sua


incidência, que expressa a maior reprovabilidade da conduta daquele
que reitera prática criminosa:
Habeas corpus. Roubo. Condenação. 2. Pedido de afastamento da
reincidência, ao argumento de inconstitucionalidade. Bis in idem.
3. Reconhecida a constitucionalidade da reincidência como
agravante da pena (RE 453.000/RS). 4. O aumento pela
reincidência está de acordo com o princípio da individualização
da pena. Maior reprovabilidade ao agente que reitera na prática
delitiva. 5. Ordem denegada. (HC 93815, Relator Min. Gilmar
Mendes, Tribunal Pleno, julgado em 04/04/2013, publicado em
06-05-2013).

Após, devidamente reconhecida a majorante prevista no art. 157, § 2º-A,


inciso I, do CP, a pena do crime de roubo foi aumentada na fração legal de 2/3
(dois terços), resultando definitiva em 09 (nove) anos, 08 (oito) meses e 20
(vinte) dias de reclusão e a do delito de adulteração de sinal identificador de
veículo automotor em 04 (quatro) anos e 01 (um) mês de reclusão, na ausência
de outras causas modificadoras. 
Por fim, em face do concurso material de crimes, totalizaram as penas 13
(treze) anos, 09 (nove) meses e 20 (vinte) dias de reclusão, a ser cumpridas em
regime inicial fechado, além de 20 (vinte) dias-multa, ou seja, 10 dias-multa
para cada delito, mínimo legal, e na razão mínima.
Logo, não se cogita redução das penas.
Ademais, ausente base legal para a isenção da pena de multa,
expressamente cominada nos tipos penais imputados.

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Por fim, inalterados os fundamentos que determinaram a prisão


preventiva, reforçados pela manutenção do juízo condenatório, inviável a
concessão da liberdade provisória.
Ante o exposto, voto por negar provimento ao apelo.

Conjuntura posta, não há a mínima prova, sequer superficial, a amparar o


pleito revisional do requerente, a negativa de autoria do roubo e da adulteração de sinal
identificador vertida no curso do processamento do feito fundamentadamente rechaçada no
decreto condenatório e acórdão confirmatório com base nos relatos e reconhecimento
levados a efeito pela vítima, em Pretório, aliados à apreensão do veículo automotor subtraído
na posse do requerente, preso em flagrante pelos policiais militares, oportunamente ouvidos
em Pretório.
Acresço, porquanto pertinente, com relação ao aventado art. 226 do Código
de Processo Penal, suas diretrizes não encerram exigência absoluta, tratando-se de mera
recomendação, cautela a ser observada, inocorrente ilegalidade caso procedidos aos atos
recognitivos de forma diversa, na esteira de sólido entendimento desta Corte de Justiça.
Nesse sentido, a jurisprudência desta E. Corte:

APELAÇÃO CRIME. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO


MAJORADO PELO CONCURSO DE PESSOAS E PELO EMPREGO DE
ARMA DE FOGO. MATERIALIDADE E AUTORIA DEMONSTRADAS.
CONDENAÇÃO MANTIDA. Os elementos de convicção constantes dos autos
demonstram a materialidade e a autoria do crime de roubo duplamente
majorado descrito na denúncia. Reconhecimento pessoal do réu na etapa
inquisitorial chancelado em pretório. Inobservância às recomendações do
artigo 226 do CPP que não se presta para acarretar nulidade do ato e
imprestabilidade da prova. Manutenção do decreto condenatório.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO. IMPOSSIBILIDADE. Demonstrado o
emprego de grave ameaça contra a vítima como forma de reduzir sua
capacidade de resistência e com isso lograr êxito na tomada patrimonial
desejada, não há falar em desclassificação para o delito de furto.
MAJORANTE. CONCURSO DE PESSOAS. EMPREGO DE ARMA DE
FOGO. MANUTENÇÃO. Praticado o roubo em comunhão de esforços e
conjugação de vontades entre o réu e terceiro, com o emprego de arma de
fogo, inafastável a incidência das causas exasperantes previstas no artigo
157, §2º, inciso II, e §2º-A, inciso I, do Estatuto Repressivo. DOSIMETRIA
INALTERADA. CUSTAS. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. Assistido o
denunciado pela Defensoria Pública, cabível a suspensão da exigibilidade
das custas processuais nos termos do §3º do artigo 98 do novo Código de
Processo Civil, no ponto revogada a Lei nº 1.060/1950. PRISÃO
PREVENTIVA. MANUTENÇÃO. DOMICILIAR HUMANITÁRIA.
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RECOMENDAÇÃO Nº 62/CNJ. CONCESSÃO. NÃO CONHECIMENTO.


AUSÊNCIA DE NOTÍCIA DE DEDUÇÃO DE PLEITO NO JUÍZO
EXECUTÓRIO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. APELO DEFENSIVO
PARCIALMENTE CONHECIDO E NESTA PARCIALMENTE PROVIDO.
(Apelação Criminal, Nº 70084599224, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de
Justiça do RS, Relator: Naele Ochoa Piazzeta, Julgado em: 16-12-2020)

APELAÇÃO-CRIME. ROUBO DUPLAMENTE MAJORADO (2x).


EMPREGO DE ARMA DE FOGO. CONCURSO DE AGENTES.
CONCURSO FORMAL. 1. ÉDITO CONDENATÓRIO. MANUTENÇÃO.
Prova amplamente incriminatória. Relatos coerentes e convincentes das
vítimas, em ambas as fases de ausculta, descrevendo, com detalhes, como
foram abordadas quando estavam no interior do veículo de um dos
ofendidos, estacionado em via pública, tendo um outro automóvel se
aproximado, de onde desembarcaram no mínimo dois indivíduos, armados, e
anunciaram o assalto, apontando-lhes as armas de fogo e exigindo a entrega
do carro, bem como arrebatando os seus pertences pessoais, empreendendo
fuga na sequência. Acusado que foi reconhecido pelo lesado proprietário do
automóvel subtraído, como sendo um dos autores da rapina, por fotografia
na fase policial, repetido o aponte incriminatório em juízo, modo pessoal,
com absoluta certeza. A inobservância das regras insertas no art. 226 do
CPP não afasta a credibilidade dos atos, quando firmes os reconhecedores
na convicção de que a pessoa apresentada protagonizou o ato delitivo.
Formalidades que figuram como mera recomendação. Palavra da vítima que
assume especial relevo probatório, porque não se acredita que imputasse a
outrem, crime tão grave, tão somente ao fim de prejudicá-lo indemonstrada
qualquer razão para falsa inculpação. Recognição que veio corroborada
pela perícia papiloscópica realizada no automóvel subtraído, recuperado
poucos dias após o roubo, que atestou que as impressões digitais
encontradas na janela do veículo pertenciam ao acusado. Denunciado que
negou a prática delitiva, justificando a presença de sua impressão digital no
automóvel roubado com a alegação de que, à época do fato, trabalhava com
lavagem de veículos, podendo assim ter tido acesso à res, tese que, além de
inverossímil e não comprovada, ônus que incumbia à defesa, nos termos do
art. 156 do CPP, restou derruída pelo robusto acervo probatório construído
pela acusação. Prova segura à condenação, que vai mantida. 2.
MAJORANTES. Emprego de Arma de Fogo. À luz do entendimento firmado
pelo E. STF e pelo E. STJ, é prescindível a apreensão da arma utilizada na
prática subtrativa e sua submissão à perícia para fins de configuração da
majorante do art. 157, § 2º-A, I do CP, se demonstrado o emprego do
artefato por outros elementos de prova, cabendo à defesa, conforme art. 156
do CPP, demonstrar que o artefato é desprovido de potencial lesivo, porque
o poder vulnerante integra a própria natureza do objeto. No caso, não
impressiona não tenha sido apreendida a arma, porquanto os agentes
lograram escapar da cena do crime. Emprego de arma de fogo comprovado
pelo relato das vítimas, uníssono quanto ao uso de armas de fogo, pelos
agentes, na sua abordagem. Majorante confirmada. Concurso de pessoas.
Concurso de pessoas demonstrado pela prova oral coligida aos autos,
evidenciando a ação conjunta do réu e de no mínimo um outro comparsa não
identificado, em clara divisão de tarefas, igualmente relevantes ao êxito da
empreitada criminosa. Coautoria configurada. Conjugação de vontades
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destinadas a um fim comum. Majorantes mantidas. 3. RECONHECIMENTO


DE CRIME ÚNICO. IMPOSSIBILIDADE. CONCURSO FORMAL
CARACTERIZADO. Por meio de uma única ação, o denunciado e o(s)
comparsa(s) atingiram dois patrimônios distintos, dividindo-se na tarefa de
abordagem das vítimas, cada um surrupiando os objetos pessoais do
ofendido que subjugou, ainda arrebatando o automóvel que ambos os
lesados tripulavam. Contexto fático que se amolda perfeitamente à regra do
concurso formal próprio de crimes (art. 70, caput, primeira parte do CP),
não se havendo cogitar de crime único. Precedentes do E. STJ e do E. STF.
Concurso formal mantido. 4. PENA. DOSIMETRIA. Penas de partida
fixadas, modestamente (pela envergadura das moduladoras tisnadas) em 4
anos e 6 meses, negativadas as vetoriais circunstâncias e antecedentes.
Circunstâncias do crime efetivamente mais gravosas, nesta 1ª fase valorada
uma das majorantes – emprego de arma de fogo -, o que perfeitamente aceito
pela doutrina e jurisprudência. Precedente do E. STJ. Histórico criminal do
acusado - que anota quatro condenações definitivas caracterizadoras da
reincidência, uma delas sopesada na primeira etapa do cálculo da pena, as
demais reservadas para a 2ª fase, como agravante, o que perfeitamente
possível, não implicando “bis in idem”, porque valoradas singularmente em
cada etapa – que evidencia os maus antecedentes. Precedentes dos Egrégios
STF e STJ. Basilares mantida. REINCIDÊNCIA. QUANTUM DE
AUMENTO. MANUTENÇÃO. Na 2ª fase, pela agravante da reincidência, a
sentenciante aumentou as penas em 1 ano. A lei penal não fixou critérios
objetivos para o aumento da pena, na 2ª fase da dosimetria, em razão da
incidência de agravantes, deixando-o ao prudente arbítrio do julgador.
Incremento de 1 ano mantido, porque adequado e proporcional, não só ao
quantitativo punitivo basilar definido, mas também à multirreincidênica,
valoradas nesta fase 3 condenações caracterizadoras da recidiva. Penas
provisórias fixadas em 5 anos e 6 meses de reclusão. Na etapa derradeira,
pela majorante do concurso de agentes, as penas foram elevadas em 1/3,
resultando em 7 anos e 4 meses. Por fim, pelo concurso formal de crimes,
uma das sanções foi aumentada em 1/6, o que se mostra adequado, porque 2
as vítimas patrimoniais, a pena resultando definitivada em 8 anos, 6 meses e
20 dias de reclusão. APELO IMPROVIDO.(Apelação Criminal, Nº
70083834770, Oitava Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Fabianne Breton Baisch, Julgado em: 16-12-2020)

Outrossim, as questões atreladas à tipicidade do roubo e suas majorantes


foram devidamente apreciadas em sede de apelação criminal, de modo que os fundamentos
indicados na presente inicial não se enquadram nas estritas possibilidades de cabimento da
demanda.

Demais disso, registro, inclusive no que diz respeito à dosimetria da pena, a


revisão criminal tem cabimento restrito, somente se admitindo o exame quando, após a
sentença, forem descobertas novas provas de elementos que autorizem a revisão da pena, o

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que não é a hipótese dos autos (AgRg no AREsp 1704043/TO, Rel. Ministro NEFI
CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 22/09/2020, DJe 29/09/2020).
Dessa forma, não configuradas quaisquer das hipóteses insculpidas no artigo
621 do Código de Processo Penal, resta evidente o intento defensivo em rediscutir questões
já devidamente apreciadas, inclusive, em sede de apelação criminal. Assim, considerando
que a revisão criminal não se presta a tal objetivo, inviável o conhecimento da pretensão
revisional.

Nesse sentido, colaciono precedentes:


REVISÃO CRIMINAL. ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE A Revisão
Criminal é hipótese de alteração da coisa julgada; portanto,
invariavelmente, deve ser encarada como exceção, e não como uma terceira
instância de julgamento que confere ao condenado nova chance de
absolvição ou de redução da pena. Havendo análise das questões suscitadas
na decisão objeto da revisão, e inexistindo prova nova substancial, acerca do
fato que constitui seu objeto, impõe-se a pronta rejeição. REVISÃO
CRIMINAL NÃO CONHECIDA.  DECISÃO MONOCRÁTICA. (Revisão
Criminal, Nº 70083831511, Primeiro Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Luiz Mello Guimarães, Julgado em: 17-12-2020)

REVISÃO CRIMINAL. DUPLO HOMICÍDIO QUALIFICADO, UM


TENTADO E OUTRO CONSUMADO. PLEITO GENÉRICO DE REEXAME
DAS PROVAS. PEDIDO DE REDUÇÃO DE PENA ASSOCIADO AO
AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS, ALÉM DE PLEITO DE
AFASTAMENTO DO CARÁTER HEDIONDO DOS DELITOS.
REDISCUSSÃO FÁTICO-PROBATÓRIA. A revisão criminal configura-se
instrumento de garantia fundamental do indivíduo, estando destinada à
retificação de decisões injustas, cuja coisa julgada possa estar eivada de
vícios graves, aptos a caracterizar erro judiciário. Caso concreto em que o
revisionando pretende rediscutir os contornos fáticos-probatórios que
ensejaram sua condenação por incurso no delito de ameaça. Argumentos já
sobejamente enfrentados, tanto em primeira instância, quanto por ocasião do
julgamento do recurso de apelação em órgão colegiado; reigstra-se ainda já
ter sido interposta revisão criminal sob os mesmos fundamentos ora
exarados, a qual restou parcialmente conhecida e, na parte conhecida,
julgada improcedente por este Grupo Criminal. De tal sorte que a hipótese
dos autos em nada se amolda aos requisitos insculpidos no art. 621 do
Código de Processo Penal, sendo inviável, pois, o conhecimento da presente
ação autônoma de impugnação. REVISÃO CRIMINAL NÃO CONHECIDA.
(Revisão Criminal, Nº 70085550242, Primeiro Grupo de Câmaras Criminais,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Andréia Nebenzahl de Oliveira, Julgado
em: 05-04-2022)

REVISÃO CRIMINAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PRETENSÃO DE


REEXAME DE QUESTÕES JÁ DECIDIDAS NO PROCESSO DE
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CONHECIMENTO. NÃO CONHECIMENTO. A revisão criminal é ação


autônoma de natureza desconstitutiva, cujas hipóteses de admissibilidade
estão limitadas ao previsto no artigo 621 do Código de Processo Penal.
Impossibilidade de reexame de matéria já enfrentada no curso do processo
de conhecimento, a transformar esta via excepcional em segunda apelação.
Precedentes. Pretensão de mero reexame de questões já examinadas por
ocasião da sentença condenatória e, posteriormente, em recurso de
apelação, com consequente revaloração do já valorado no julgamento pelo
juízo de conhecimento, afigura-se inadmissível a revisional formulada. Logo,
sob qualquer enfoque que se examine a controvérsia, o não conhecimento da
ação revisional é imperativo. REVISÃO CRIMINAL NÃO CONHECIDA.
(Revisão Criminal, Nº 70085539179, Terceiro Grupo de Câmaras Criminais,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Miguel Achutti Blattes, Julgado
em: 03-03-2022)

REVISÃO CRIMINAL. ROUBO IMPRÓPRIO. DOSIMETRIA DA PENA.


NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. O art.
621 do CPP estabeleceu hipóteses restritas em que o ajuizamento da revisão
criminal está autorizado, razão pela qual não se pode admitir o
processamento de ações que não preencham os requisitos legais, sob pena de
total descaracterização do instituto. Hipótese em que o requerente limitou-se
a postular a revisão do apenamento, sustentando a possibilidade de redução
da pena provisória para aquém do mínimo legal, em face da incidência de
atenuantes (confissão espontânea e menoridade) reconhecidas na sentença,
sem apontar qualquer erro técnico ou imprecisão no processo dosimétrico.
Tese defensiva que foi arguida, pela Defensoria Pública, nas razões de
apelação, sendo expressamente examinada e rejeitada, à unanimidade, pelo
Colegiado. Reprodução de tese já arguida e definitivamente decidida, que
não justifica a interposição da revisional, levando ao seu não conhecimento.
REVISÃO CRIMINAL NÃO CONHECIDA. Unânime.(Revisão Criminal, Nº
70083259077, Quarto Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Fabianne Breton Baisch, Julgado em: 28-08-2020)

Pelo exposto, em decisão monocrática, NÃO CONHEÇO da revisão


criminal.
Tratando-se de ação originária deste Tribunal de Justiça, determino o
pagamento das custas processuais pelo requerente, já que patrocinado por Defesa
Constituída.

Intimem-se.
Proceda-se à cobrança na forma do Ato nº 11/2022-P.

Após, arquive-se.
Diligências legais.

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Porto Alegre, 26 de abril de 2023.

DRA. CARLA FERNANDA DE CESERO HAASS,


Relatora.

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