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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

AVAS
Nº 70085752251 (Nº CNJ: 0002325-35.2023.8.21.7000)
2023/CRIME

RECURSO ESPECIAL. FURTO. DOSIMETRIA DA


PENA-BASE. PROPORCIONALIDADE.
REINCIDÊNCIA. FRAÇÃO SUPERIOR A 1/6.
MULTIRREINCIDÊNCIA. SÚMULA 83 DO STJ.
RECURSO NÃO ADMITIDO.

RECURSO ESPECIAL SEGUNDA VICE-PRESIDÊNCIA

Nº 70085752251 COMARCA DE LAGOA VERMELHA


(Nº CNJ: 0002325-35.2023.8.21.7000)

JOSOE MATIAS DE OLIVEIRA RECORRENTE

MINISTERIO PUBLICO RECORRIDO

1. JOSOE MATIAS DE OLIVEIRA interpõe recurso especial, forte no


artigo 105, inciso III, alínea a, da Constituição da República, contra acórdão da Oitava
Câmara Criminal deste Tribunal de Justiça, que julgou apelação crime, assim ementado (fl.
213):

RECURSO ESPECIAL. APELAÇÃO CRIME. CRIMES CONTRA O


PATRIMÔNIO. FURTO SIMPLES. AFASTAMENTO DO PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA. CUMPRIMENTO DE DECISÃO DO STJ. ANÁLISE
DAS TESES REMANESCENTES DA APELAÇÃO DEFENSIVA.
Cumprimento à decisão do Superior Tribunal de Justiça proferida no
Recurso Especial nº 2000961/RS, que afastou o reconhecimento da bagatela,
porque avaliada a res furtivae em valor superior a 10% do salário-mínimo
vigente à época dos fatos, determinando a análise das teses remanescentes do
apelo defensivo.
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. CONDENAÇÃO
MANTIDA.
Comprovadas suficientemente no curso da instrução processual a autoria e
materialidade do delito de furto imputado ao apelante. Palavra da vítima que
se sobrepõe à negativa de autoria pelo acusado. Alegação de insuficiência
probatória não acolhida. Manutenção do decreto condenatório.
DROGADIÇÃO. ATIPICIDADE DA CONDUTA. AUSÊNCIA DE DOLO.
Demonstrado que o acusado ingeriu substância entorpecente de forma
voluntária e não teve anulada sua capacidade de discernimento, não subsiste
a tese de atipicidade da conduta por ausência de dolo.

TRT/RB 1
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QUALIFICADORA DO ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO.


AFASTAMENTO. NÃO CONHECIMENTO DA INSURGÊNCIA NO
PONTO.
DOSIMETRIA. SANÇÃO CORPORAL ARREFECIDA. PECUNIÁRIA
CUMULATIVA INALTERADA. PRIVILEGIADORA DO FURTO E
SUBSTITUIÇÃO DA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVAS
DE DIREITOS. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
RECURSO ESPECIAL CUMPRIDO.
APELO DEFENSIVO PARCIALMENTE PROVIDO.

Alega que o acórdão recorrido negou vigência aos artigos 59, 61, inciso I, e
68 do Código Penal, visto que (I) “não se justifica o aumento da reprimenda acima do
ordinário” (fl. 231-verso) e (II) “houve um incremento em demasia no apenamento por
conta” da agravante de reincidência, “sem que houvesse uma justificativa adequada ou
fundamentação idônea” (fl. 232-verso).

Apresentadas as contrarrazões, vêm os autos conclusos a esta Segunda Vice-


Presidência para realização do juízo de admissibilidade.

É o relatório.

2. Dosimetria da pena-base. Proporcionalidade.

O recurso especial, prima facie, não se presta à revisão da fixação da pena.


Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, “salvo em hipóteses excepcionais,
quando flagrante a ofensa a lei federal, o recurso especial não é via adequada para o
reexame dos parâmetros adotados na graduação da pena-base, visto que a análise das
circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal envolve, na maioria das vezes,
particularidades subjetivas, decorrentes do livre convencimento motivado” (AgRg no
AREsp 666.758/CE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em
15/12/2015, DJe 04/02/2016).

A propósito da fixação da pena-base acima do mínimo legal, Superior


Tribunal de Justiça considera que “a ponderação das circunstâncias judiciais não constitui
mera operação aritmética, em que se atribuem pesos absolutos a cada uma delas, mas sim
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exercício de discricionariedade vinculada, devendo o Direito pautar-se pelo princípio da


proporcionalidade e, também, pelo elementar senso de justiça” (HC 534.288/SP, Rel.
Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 10/12/2019, DJe
19/12/2019).

Nesse sentido são os seguintes precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO


DE ENTORPECENTES E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
DOSIMETRIA. PENAS-BASE. VALORAÇÃO NEGATIVA DA
QUANTIDADE E NATUREZA DAS DROGAS APREENDIDAS E DA
LIDERANÇA EXERCIDA PELO PACIENTE NO GRUPO CRIMINOSO.
CRITÉRIOS IDÔNEOS PARA AS EXASPERAÇÕES. QUANTUM
PROPORCIONAL. AUSÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A
DESCONSTITUIR A DECISÃO AGRAVADA. AGRAVO REGIMENTAL
DESPROVIDO. [...]
IV - Em relação ao quantum de aumento de pena na primeira fase da
dosimetria, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que os
parâmetros para a exasperação da reprimenda devem observar o
critério da discricionariedade juridicamente vinculada, a qual, por sua
vez, está submetida os princípios da proporcionalidade, da
razoabilidade, da suficiência da reprovação e da prevenção ao crime.
V - Não se admite a adoção de critério meramente matemático, atrelado
apenas ao número de circunstâncias judiciais desfavoráveis.
Deve-se, na verdade, analisar os elementos que indiquem eventual
gravidade concreta do delito, além das condições pessoais de cada
agente, de forma que uma circunstância judicial desfavorável poderá
receber mais desvalor que outra, exatamente em obediência aos
princípios da individualização da pena e da própria proporcionalidade.
VI - A análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal
não atribui pesos absolutos para cada uma delas a ponto de ensejar uma
operação aritmética dentro das penas máximas e mínimas cominadas ao
delito. Assim, é possível até mesmo que o magistrado fixe a pena- base
no máximo legal, ainda que tenha valorado tão somente uma
circunstância judicial, desde que haja fundamentação idônea e bastante
para tanto (AgRg no REsp 1.433.071/AM, Sexta Turma, Relª. Minª. Maria
Thereza de Assis Moura, DJe de 6/5/2015).
VII - Verifica-se que as instâncias de origem exasperaram as penas-base
tendo em vista natureza, quantidade e variedade de drogas, nos termos do
art. 42, da Lei de Drogas, para ao delito de tráfico, e a especial posição de
liderança e coordenação do paciente na associação para o tráfico de drogas.
VIII - E, tendo em vista as particularidades do caso, ante a exasperação das
penas- base na fração de 1/5, para o tráfico de drogas e 2/3 para o delito de
associação para o tráfico, a qual foi baseada na gravidade concreta das
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condutas, não se verifica desproporcionalidade na pena aplicada, a justificar


a atuação de ofício desta Corte.
IX - A toda evidência, o decisum agravado, ao confirmar o aresto
impugnado, rechaçou as pretensões da defesa por meio de judiciosos
argumentos, os quais encontram amparo na jurisprudência deste Sodalício.
Agravo regimental desprovido. (AgRg no HC 658.586/SP, Rel. Ministro
JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJDFT),
QUINTA TURMA, julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021; grifou-se)

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL. TRÁFICO


DE DROGAS. DOSIMETRIA. PENA-BASE. AUSÊNCIA DE
VINCULAÇÃO A CRITÉRIOS PURAMENTE MATEMÁTICOS.
AUMENTO PROPORCIONAL, CONSIDERADAS AS PENAS MÍNIMAS
E MÁXIMAS COMINADAS PELO LEGISLADOR AO DELITO E A
EXPRESSIVA QUANTIDADE DE ENTORPECENTES APREENDIDA.
ART. 42 DA LEI N. 11.343/2006. AGRAVO DESPROVIDO.
1. O quantum de aumento na pena-base, a ser implementado em
decorrência do reconhecimento de circunstâncias judiciais
desfavoráveis, fica adstrito ao prudente arbítrio do Juiz, não vinculado
ao objetivado critério matemático.
2. O julgador, quando considerar desfavoráveis as circunstâncias
judiciais, deve declinar, motivadamente, as suas razões, pois a
inobservância dessa regra ofende o preceito contido no art. 93, inciso IX,
da Constituição da República.
3. Vale referir que o art. 42 da Lei n. 11.343/2006 determina, no cálculo da
pena, "a consideração, preponderantemente, da natureza e quantidade da
droga" (STJ, HC 493.263/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK,
QUINTA TURMA, julgado em 07/05/2019, DJe 20/05/2019).
4. In casu, o Magistrado optou por elevar a pena-base na fração de 1/3 (um
terço) diante da exacerbada quantidade de droga apreendida (31,04kg de
maconha). Dessa forma, considerando-se o intervalo da pena abstrata
cominada ao crime de tráfico de drogas - 5 (cinco) a 15 (quinze) anos -, não
se mostra desproporcional ou desarrazoada a fixação da pena-base em 1/3
(um terço) acima do mínimo legal.
5. Agravo desprovido. (AgRg no HC 635.329/SP, Rel. Ministra LAURITA
VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 09/03/2021, DJe 19/03/2021; grifou-se)

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE


HOMICÍDIO. DOSIMETRIA DA PENA. SUPOSTA INIDONEIDADE NA
FUNDAMENTAÇÃO LANÇADA NA NEGATIVAÇÃO DA
CULPABILIDADE. MPROCEDÊNCIA. FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA.
PRECEDENTES DESTA CORTE. DESPROPORCIONALIDADE.
IMPROCEDÊNCIA. DOSIMETRIA (PENA-BASE) QUE NÃO SEGUE
CRITÉRIO MATEMÁTICO. DISCRICIONARIEDADE VINCULADA.
PRECEDENTES DESTA CORTE.
1. A extensão das lesões causadas na vítima e a brutalidade do crime,
extraída do fato de que as agressões prosseguiram com a vítima já caída,
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consubstanciam fundamentação idônea para a valoração negativa da


culpabilidade no crime de tentativa de homicídio.
2. A legislação penal não estabeleceu nenhum critério matemático (fração)
para a fixação da pena na primeira fase da dosimetria. Nessa linha, a
jurisprudência desta Corte tem admitido desde a aplicação de frações de
aumento para cada vetorial negativa: 1/8, a incidir sobre o intervalo de
apenamento previsto no preceito secundário do tipo penal incriminador (HC
n. 463.936/SP, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta Turma, DJe 14/9/2018); ou
1/6 (HC n. 475.360/SP, Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe
3/12/2018); como também a fixação da pena-base sem a adoção de nenhum
critério matemático.
3. Não há falar em um critério matemático impositivo estabelecido pela
jurisprudência desta Corte, mas, sim, em um controle de legalidade do
critério eleito pela instância ordinária, de modo a averiguar se a pena-
base foi estabelecida mediante o uso de fundamentação idônea e
concreta (discricionariedade vinculada).
4. No caso, considerando que a instância ordinária utilizou de
fundamentação idônea para aumentar a pena e aplicou um critério, dentro da
discricionariedade vinculada que lhe é assegurada pela lei, não há falar em
ilegalidade na fixação da pena-base.
5. Agravo regimental improvido. (AgRg no HC 603.620/MS, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 06/10/2020,
DJe 09/10/2020; grifou-se)

Conforme decidido pela Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça no


AgRg no REsp 1.433.071/AM, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, em 06 de
maio de 2015, “a confecção da dosimetria da pena não é uma operação matemática, e nada
impede que o magistrado fixe a pena-base no máximo legal, ainda que tenha valorado tão
somente uma circunstância judicial, desde que haja fundamentação idônea e bastante para
tanto”.

A esse propósito o seguinte julgado:

AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. CRIME DE


RESPONSABILIDADE. DESVIO DE VERBA PÚBLICA. DOSIMETRIA.
PENA-BASE FIXADA ACIMA DO MÍNIMO. MAUS ANTECEDENTES.
CONDENAÇÕES ALCANÇADAS PELO PERÍODO DEPURADOR.
POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. CONSEQUÊNCIAS DO DELITO.
FUNDAMENTAÇÃO CONCRETA. QUANTUM DE AUMENTO QUE SE
MOSTRA PROPORCIONAL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO
ILEGAL. AGRAVO IMPROVIDO.

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1. Quanto ao pleito de revisão da dosimetria da pena, deve-se ressaltar que


cabe às Cortes Superiores apenas o controle da legalidade e da
constitucionalidade dos critérios aplicados pelas instâncias ordinárias,
visando evitar eventuais arbitrariedades, por inobservância dos parâmetros
legais ou do entendimento jurisprudencial firmado. Diante disso, salvo
excepcional flagrante ilegalidade, o reexame da presença de circunstâncias
judiciais e da existência dos elementos concretos utilizados para a
individualização da pena evidenciam-se inadequados à estreita via do habeas
corpus, pois exigiriam revolvimento de matéria fático-probatória.
2. Consoante orientação sedimentada nesta Corte Superior, condenações
passadas em julgado, atingidas pelo período depurador previsto em lei,
embora não sirvam para atestar a reincidência do réu, podem ser
consideradas como maus antecedentes para exasperar a pena-base.
3. No caso dos autos, considerando as penas mínima e máxima
abstratamente cominadas ao delito (2 a 12 anos de reclusão), tem-se que a
pena-base (majorada em 2 anos e 6 meses acima do mínimo legal) foi fixada
de acordo com o princípio da legalidade e pautada por critérios de
proporcionalidade e razoabilidade, não justificando a atuação de ofício desta
Corte Superior.
4. Quanto ao argumento de desproporcionalidade, como é cediço, a
análise das circunstâncias judiciais do art. 59 do Código Penal não
atribui pesos absolutos para cada uma delas a ponto de ensejar uma
operação aritmética dentro das penas máximas e mínimas cominadas ao
delito. Assim, é possível até mesmo que o magistrado fixe a pena-base no
máximo legal, ainda que tenha valorado tão somente uma circunstância
judicial, desde que haja fundamentação idônea e bastante para tanto
(AgRg no REsp 143071/AM, Relatora Ministra MARIA THEREZA DE
ASSIS MOURA, Sexta Turma, DJe 6/5/2015).
5. Agravo improvido. (AgRg no HC 687.715/CE, Rel. Ministro
REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em
16/11/2021, DJe 19/11/2021; grifou-se)

Ademais, conforme recentes decisões de ambas as Turmas da Terceira Seção


do Superior Tribunal de Justiça, “na primeira fase da dosimetria da pena, não há direito do
subjetivo do réu à adoção de alguma fração específica de exasperação para cada
circunstância judicial desfavorável, seja ela de 1/6 sobre a pena-base, 1/8 do intervalo entre
as penas mínima e máxima ou mesmo outro valor. Tais frações são parâmetros aceitos pela
jurisprudência do STJ, mas não se revestem de caráter obrigatório, exigindo-se apenas que
seja proporcional o critério utilizado pelas instâncias ordinárias” (AgRg no REsp
1951442/PE, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
23/11/2021, DJe 29/11/2021).

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Nessa senda, citam-se os seguintes precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL E


PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. EXASPERAÇÃO
DA PENA-BASE. CULPABILIDADE E CONSEQUÊNCIAS DO CRIME.
FUNDAMENTAÇÃO BASEADA EM ELEMENTOS CONCRETOS QUE
TRANSBORDAM O TIPO PENAL. AUSÊNCIA DE
DESPROPORCIONALIDADE NA DOSIMETRIA DA PENA.
1. O fato de o crime haver sido cometido diante do filho da vítima
caracteriza circunstância que transborda o tipo penal, justificando o aumento
da pena-base. Tal circunstância não configura bis in idem relativo à
qualificadora do meio cruel, haja vista que não há nos autos prova de que o
fundamento da qualificadora seja o mesmo da circunstância judicial.
2. Não há ilegalidade em se considerar o fato de o crime ter sido cometido na
frente do filho da vítima como fundamento para a exasperação da
culpabilidade e, por outro lado, considerar que as 52 facadas desferidas
contra a vítima constituem a qualificadora do meio cruel.
3. A jurisprudência desta Corte entende que "embora a morte da vítima seja
consequência ínsita ao tipo penal de homicídio, não ensejando, por si só, a
elevação da reprimenda, no caso, o ofendido era arrimo de família,
particularidade que ficou bem delimitada nos títulos judiciais da origem,
estando, assim, autorizada a elevação da pena" (PExt no HC 511.798/SP,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA,
julgado em 28/04/2020, DJe 05/05/2020) .
4. O julgador não está vinculado a rígidos critérios matemáticos para a
exasperação da pena-base, pois isso está no âmbito da sua
discricionariedade, embora ao fazê-lo deva fundamentar com elementos
concretos da conduta do acusado.
5. O réu não tem direito subjetivo à utilização das frações de 1/6 sobre a
pena-base, 1/8 do intervalo entre as penas mínima e máxima ou mesmo
outro valor. Tais parâmetros não são obrigatórios, porque o que se exige
das instâncias ordinárias é a fundamentação adequada e a
proporcionalidade na exasperação da pena. Precedente.
6. Agravo regimental improvido.(AgRg no HC 707.862/AC, Rel. Ministro
OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª
REGIÃO), SEXTA TURMA, julgado em 22/02/2022, DJe 25/02/2022;
grifou-se)

PENAL. PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ESPECIAL. 1) DESPROPORCIONALIDADE DA PENA-BASE.
INEXISTÊNCIA DE CRITÉRIO MATEMÁTICO OU IMPOSIÇÃO DE
FRAÇÃO ESPECÍFICA. 2) REFORMATIO IN PEJUS. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO.
IMPOSSIBILIDADE. 3) AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. "A legislação penal não estabeleceu nenhum critério matemático
(fração) para a fixação da pena na primeira fase da dosimetria. Nessa
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linha, a jurisprudência desta Corte tem admitido desde a aplicação de


frações de aumento para cada vetorial negativa: 1/8, a incidir sobre o
intervalo de apenamento previsto no preceito secundário do tipo penal
incriminador (HC n. 463.936/SP, Ministro Ribeiro Dantas, Quinta
Turma, DJe 14/9/2018); ou 1/6 (HC n. 475.360/SP, Ministro Felix
Fischer, Quinta Turma, DJe 3/12/2018);como também a fixação da
pena-base sem a adoção de nenhum critério matemático. [...] Não há
falar em um critério matemático impositivo estabelecido pela
jurisprudência desta Corte, mas, sim, em um controle de legalidade do
critério eleito pela instância ordinária, de modo a averiguar se a pena-
base foi estabelecida mediante o uso de fundamentação idônea e
concreta (discricionariedade vinculada)" (AgRg no HC n. 603.620/MS,
relator Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, DJe
9/10/2020).
2. A ausência de prequestionamento impede a análise do tema nesta Corte -
reformatio in pejus - sendo aplicável a Súmula n. 211 desta Corte,
lembrando que mesmo as matérias consideradas de ordem pública exigem o
prequestionamento como requisito necessário para a abertura da via especial.
3. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1921673/RS, Rel.
Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
08/02/2022, DJe 14/02/2022; grifou-se)

No caso, pois, Órgão Julgador diminuiu, fundamentadamente, a pena-base


do Recorrente, conforme se lê do seguinte excerto do voto condutor (fls. 218/221):

Resta o exame da dosimetria.


O apenamento de partida foi fixado em 03 anos de reclusão,
conferindo-se nota negativa aos antecedentes, personalidade e culpabilidade.
Tocante à culpabilidade, considerando a ausência de fundamentação
idônea para o tisne (“sendo a culpabilidade ora examinada o grau de
reprovabilidade da conduta, que não se confunde com a culpabilidade como
elemento do crime, ou, ainda, como circunstância autorizadora da
imposição da pena, encontra-se, para o réu, em nível máximo, pesando em
seu desfavor”), revela-se inviável a manutenção do aponte desfavorável, que
deverá ser extirpado.
Avançando, por antecedentes deve-se levar em conta a vida pregressa
do inculpado mediante certificação por servidor judiciário com base em
informações carcerárias, o que permitirá ao magistrado apurar se já teve
envolvimento em outros delitos, se é criminoso habitual ou se sua vida
anterior é isenta de ocorrências antijurídicas, sendo o ilícito, nesta hipótese,
apenas incidente esporádico, pois adverte Nelson Hungria 1 que "ao juiz
compete extrair-lhe a conta corrente, para ver se há saldo credor ou
devedor".
1
HUNGRIA, Nelson H. Comentários ao Código Penal: Decreto-lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. vol. V,
5.ed. Rio de Janeiro: Forense, 1979, p. 470-471.
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Quando o magistrado afasta a pena-base do mínimo legal em virtude


da anotação negativa dos registros referentes a ações penais anteriores, está
realizando a correta distinção da situação daquele acusado com a de outro
que nunca foi processado criminalmente. Por simples que pareça, esta
operação acaba por consagrar o princípio da isonomia, cujo propósito
consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na
exata medida de suas desigualdades2. [...]
Destarte, o criminoso que apresenta vários registros criminais ao
longo de sua vida não se encontra em situação de igualdade com aquele que
teve seu primeiro contato com atividades ilícitas. Caberá ao julgador sopesar
essas informações relativas à vida pregressa do réu e conferir a devida
aplicação ao postulado da proporcionalidade, cuja expressão deverá ocorrer
nesta primeira etapa de fixação da pena: havendo registros aptos a configurar
maus antecedentes, o acusado terá sua reprimenda afastada do mínimo legal.
Inexistindo apontamentos a valorar, a vetorial não terá interferência
no quantum de pena.
Lado outro, a personalidade vem a ser "um todo complexo, porção
herdada ou porção adquirida, com o jogo de todas as forças que
determinam ou influenciam o comportamento humano." 3 Na sua análise,
deve-se verificar sua boa ou má índole, sua maior ou menor sensibilidade
ético-social, a presença ou não de eventuais desvios de caráter, tudo no
sentido de identificar se a prática criminosa constituiu episódio acidental na
vida do agente.
Por mais que à primeira vista se figure simples, determinar o que
é personalidade reveste-se de pontos gris em que o julgador pode vir a
se enredar. Mais do que manifestações de caráter ou de temperamento, "há
que se compreender dinamicamente a totalidade dos traços emocionais e
comportamentais que caracterizam o indivíduo em sua vida cotidiana, sob
condições normais."4 E assim o é porque, como diria Myra Y López 5, "a
pessoa é una, inteira, e indivisa e como tal deve ser estudada e
compreendida pela ciência, sendo inviável estabelecer-se, então, pela fluidez
e diversidade, um padrão ‘a priori’, de personalidade."
Feitos os registros, cumpre destacar que, até outubro de 2022, vinha
compreendendo pela possibilidade de utilização de expedientes
administrativos e ações penais em andamento para o aponte desfavorável das
vetoriais relativas à personalidade e, em determinados casos, como a
condenação provisória por fato diverso anterior, aos antecedentes. 
2
 PIAZZETA, Naele O. A mente criminosa. O Direito Penal e a neurobiologia da violência. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 2018. p. 116-117. 
3
 BRUNO, Aníbal. Comentários ao Código Penal, vol. II, Rio de Janeiro: Forense, p. 95-96, in PIAZZETA,
Naele Ochoa. A mente criminosa: o direito penal e a neurobiologia da violência. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2018, p. 122. 
4
KAPLAN, Harold L; SADOCK, Benjamim J; GREBB, Jack A. Compêndio de Psiquiatria: Porto Alegre: Artes
Médicas, 1997, p. 686, in PIAZZETA, Naele Ochoa. A mente criminosa: o direito penal e a neurobiologia da
violência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018, p. 122.
5
MYRA Y LOPES, Emílio. Manual de Psicologia Jurídica. São Paulo: Mestre Jou, 1967, p. 27, in PIAZZETA,
Naele Ochoa. A mente criminosa: o direito penal e a neurobiologia da violência. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2018, p. 122. 
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Reputava que, exatamente para conferir máxima expressão aos


postulados da proporcionalidade, da isonomia e da individualização da pena,
possível seria a valoração de registros ainda não definitivos da certidão
cartorária, sendo que, tocante ao Enunciado nº 444 das Súmulas do STJ6 e à
Tese firmada pela mencionada Corte quando do julgamento do Recurso
Especial nº 1.794.854/DF, Relatora a Ministra Laurita Vaz, dando origem ao
Tema Repetitivo nº 1.077/STJ7, embora refletissem o rumo tomado pela
iterativa jurisprudência do Órgão ad quem, não possuíam força vinculante e
efeito proibitivo de que se prolatasse decisões em sentido contrário.
Todavia, referido posicionamento vinha sofrendo constantes reformas
perante o Superior Tribunal de Justiça, a exemplo do julgamento, dentre
tantos outros, dos Recursos Especiais nº 1.963.496/RS, 1.809.244/RS,
2.008.107/RS e 1.995.778/RS, de modo que, visando a observar
a efetividade do processo e em atenção à jurisprudência dominante da Corte
Cidadã, ressalvado o entendimento pessoal desta Relatora, curvo-me àquela
a fim de não mais sopesar ações penais em curso para a consideração dos
antecedentes ou da personalidade do denunciado.
Mantenho, no entanto, específico no que tange ao Tema Repetitivo nº
1.077/STJ, minha posição quanto à viabilidade do uso de condenações
transitadas em julgado por fatos posteriores8 ao então analisado a fim de
avaliar personalidade voltada à prática delitiva, sobretudo considerando que
a mencionada Corte Superior registra recentes precedentes
manifestando entendimento contrário à Súmula e ao Tema Repetitivo
supracitados, refletindo a possibilidade de relativização da matéria, in verbis:
[...]
Trazendo tais considerações à hipótese, na medida em que o acusado
registra condenações definitivas apenas por fatos anteriores, mantenho tão
somente a vetorial dos antecedentes, afastando o tisne à personalidade.
Confirmado, agora, apenas o vetor antecedentes, reduzo a basilar para
01 ano e 06 meses de reclusão, exasperação que se justifica ante a expressiva
certidão cartorária do réu, que ostenta ao menos onze condenações
transitadas em julgado aptas à caracterização de antecedentes (ações penais
nº 057/2.11.0002855-6, 057/2.12.0002719-5, 057/2.13.0001468-0,
057/2.13.0001448-6, 057/2.14.0000180-7, 057/2.14.0000183-1,
057/2.14.0000635-3, 057/2.14.0000770-8, 057/2.14.0002171-9,
057/2.14.0002799-7 e 057/2.16.0001715-4 – certidão atualizada acostada à
contracapa). [grifos no original]

6
STJ Súmula nº 444: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-
base” (TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/04/2010, DJe 13/05/2010).
7
“Condenações criminais transitadas em julgado, não consideradas para caracterizar a reincidência, somente
podem ser valoradas, na primeira fase da dosimetria, a título de antecedentes criminais, não se admitindo sua
utilização para desabonar a personalidade ou a conduta social do agente”. 
8
As condenações transitadas em julgado por fatos anteriores devendo ser utilizadas ou para tisne dos
antecedentes na pena-base ou para a caracterização da agravante da reincidência.  
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Incide, portanto, a Súmula 83 do Superior Tribunal de Justiça, segundo a


qual "não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do tribunal
se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida", também aplicável ao recurso interposto
pela alínea a do artigo 105, inciso III, da Constituição da República, conforme se lê do
seguinte julgado:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ROUBO.


DOSIMETRIA DA PENA. ATENUANTE. FIXAÇÃO DA PENA EM
PATAMAR ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
SÚMULA N. 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ? STJ.
INEXISTÊNCIA DE ARGUMENTAÇÃO PARA SUPERAÇÃO DA
JURISPRUDÊNCIA. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1. Nos termos do enunciado n. 231 desta Corte, é inviável a aplicação de
circunstâncias atenuantes para fins de redução da pena a patamar aquém do
mínimo legal.
2. Dessa forma, o acórdão recorrido está em consonância com a
jurisprudência desta Corte, de modo a atrair a incidência do Verbete n.
83 da Súmula do STJ, que também se aplica aos recursos especiais
interpostos pela alínea "a" do permissivo constitucional.
3. Ressalta-se que inexiste argumentação capaz de demonstrar a necessidade
de superação da jurisprudência consolidada desta Corte Superior.
4. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1895014/MS, Rel.
Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em
01/12/2020, DJe 03/12/2020; grifou-se)

3. Reincidência. Fração de aumento.

Superior Tribunal de Justiça já assentou, “o quantum de aumento pelo


reconhecimento da agravante da reincidência não está estipulado no Código Penal, devendo
ser observado os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade, da necessidade e da
suficiência à reprovação e à prevenção do crime, informadores do processo de aplicação da
pena” (HC 387.249/SP, Rel. Ministro Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 22/08/2017,
DJe 30/08/2017).

Ainda, "o Código Penal olvidou-se de estabelecer limites mínimo e máximo


de aumento ou redução de pena a serem aplicados em razão das agravantes e das
atenuantes genéricas. Assim, a jurisprudência reconhece que compete ao julgador, dentro
do seu livre convencimento e de acordo com as peculiaridades do caso, escolher a fração de
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aumento ou redução de pena, em observância aos princípios da razoabilidade e da


proporcionalidade. Todavia, a aplicação de fração superior a 1/6 exige motivação concreta
e idônea" (AgRg no AREsp 1261051/MS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA
TURMA, julgado em 24/05/2018, DJe 30/05/2018; grifou-se)

Nesse diapasão, os seguintes precedentes:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PENAL.


HOMICÍDIO QUALIFICADO E DESTRUIÇÃO DE CADÁVER.
SEGUNDA FASE DA DOSIMETRIA. AGRAVANTE DA
REINCIDÊNCIA. AUMENTO EM 1/6 (UM SEXTO).
PROPORCIONALIDADE. RÉU MULTIRREINCIDENTE. SÚMULA N.
7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA.
1. A dosimetria da pena está inserida no âmbito de discricionariedade
regrada do julgador, estando atrelada às particularidades fáticas do caso
concreto e subjetivas dos agentes, elementos que somente podem ser revistos
por esta Corte em situações excepcionais, quando malferida alguma regra de
direito.
2. Para a fixação da pena provisória, o Código Penal não estabelece limites
mínimo e máximo de aumento ou de redução de pena em razão da incidência
das agravantes e das atenuantes genéricas. Diante disso, a doutrina e a
jurisprudência pátrias anunciam que cabe ao magistrado sentenciante, nos
termos do princípio do livre convencimento motivado, aplicar a fração
adequada ao caso concreto, em obediência aos postulados da razoabilidade e
da proporcionalidade. Precedentes.
3. No caso, a fração de 1/6 (um sexto) para a reincidência está proporcional e
amplamente fundamentada na decisão ora agravada, tendo em vista que o
réu ostenta quatro condenações definitivas e nenhuma delas foi utilizada
para recrudescer a sanção básica.
4. Ao contrário do sustentado pelo agravante, no caso, não houve
necessidade de incursão no acervo probatório dos autos, para se concluir
pela violação aos arts. 59, 61 e 68 do Código Penal, uma vez que a situação
fática já estava delineada no acórdão recorrido. Não há que se falar, portanto,
na incidência da Súmula n. 7/STJ.
5. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1732297/MG, Rel.
Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado
em 26/06/2018, DJe 02/08/2018; grifou-se)

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. OFENSA


AOS ARTS. 619 E 620 DO CPP. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. MERO
INCONFORMISMO DA PARTE. ART. 184, § 2º, DO CP. VIOLAÇÃO DE
DIREITOS AUTORAIS. FALSIDADE DOS BENS APREENDIDOS.
PERÍCIA FEITA POR AMOSTRAGEM. POSSIBILIDADE.

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AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA. APLICAÇÃO DE FRAÇÃO


SUPERIOR A 1/6. RÉUS MULTIRREINCIDENTES ESPECÍFICOS.
FUNDAMENTO IDÔNEO. PENA INFERIOR A 4 ANOS. FIXAÇÃO DE
REGIME FECHADO. RÉUS MULTIRREINCIDENTES E
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. POSSIBILIDADE.
SÚMULA 269/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Os embargos de declaração destinam-se a suprir omissão, contradição ou
obscuridade de provimentos jurisdicionais. Não se prestam, portanto, para a
revisão dos julgados no caso de mero inconformismo da parte.
2. A Terceira Seção deste Superior Tribunal, em 12/08/2015, ao julgar, sob o
rito do art. 543-C do Código de Processo Civil/1973, o Recurso Especial n.
1.485.832/MG, de relatoria do Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ,
firmou o entendimento de que não se afasta a tipicidade do crime de violação
de direitos autorais quando a falsidade dos bens apreendidos é atestada por
perícia feita por amostragem, sem promover a descrição minuciosa de todas
as mídias e identificação dos sujeitos passivos da violação, sendo possível,
ainda, o exame técnico com base nas características externas do material
apreendido.
3. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça reconhece que compete
ao julgador, dentro do seu livre convencimento e de acordo com as
peculiaridades do caso, escolher a fração de aumento ou redução de pena,
em observância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Todavia, a aplicação de fração superior a 1/6 exige motivação concreta e
idônea, o que se vislumbra no caso, tendo em vista que os réus são
multirreincidentes específicos.
4. O regime fechado para cumprimento inicial da pena foi devidamente
fundamentado, consoante dispõe o art. 33, e parágrafos, do Código Penal,
não havendo, portanto, qualquer desproporcionalidade na imposição do meio
inicialmente mais gravoso para o desconto da reprimenda, pois, nada
obstante ser a pena inferior a 4 (quatro) anos de reclusão, os maus
antecedentes dos acusados implicaram majoração da pena-base, tendo, ainda,
sido reconhecida a reincidência. Não aplicação da Súmula n. 269 deste
Superior Tribunal de Justiça.
5. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1524459/SP, Rel.
Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 24/05/2018,
DJe 30/05/2018; grifou-se)

In casu, Órgão Julgador manteve o aumento da pena em 01 ano, pela


reincidência, conforme se extrai do seguinte excerto do voto condutor do acórdão objurgado
(fl. 221-verso):

Na segunda fase, presente a agravante da reincidência, a sanção foi


aumentada em 01 ano, o que deve ser mantido. Embora a magistrada de piso
tenha feito referência a processo que não consta na certidão de antecedentes

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do agente, tanto configura mero erro material, não podendo se ignorar a


condição de múltipla reincidência do condenado, que possui sete
condenações anteriores que podem ser utilizadas para fins de recidiva (feitos
nº 057/2.09.0002386-0, 057/2.10.0000056-0, 057/2.10.0001361-1,
057/2.10.0002804-0, 057/2.10.0002879-1, 057/2.12.0000948-0 e
057/2.14.0002754-7).

Incide, outra vez, a Súmula 83 do Superior Tribunal de Justiça.

Ante o exposto, NÃO ADMITO o recurso especial.

Intimem-se.

DES. ANTONIO VINICIUS AMARO DA SILVEIRA,


2º VICE-PRESIDENTE.

TRT/RB 14

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