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23 de Dezembro de 2023

2º Grau

Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR - Recurso


Inominado: RI XXXXX-51.2021.8.16.0131 Pato
Branco XXXXX-51.2021.8.16.0131 (Acórdão)

MOST RAR NÚMERO DO PROCESSO

Publicado por T ribunal de Just iça do Paraná há 8 meses

Resumo Int eiro Teor

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jurisprudência.

Ementa
EMENTA: RECURSO INOMINADO. MATÉRIA RESIDUAL.
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MO-
RAIS. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. AGRESSÃO FÍSICA COM-
PROVADA. DANOS MATERIAIS DEVIDOS. DANO MORAL
CONFIGURADO. “QUANTUM” MINORADO. ADEQUAÇÃO ÀS
PECULIARIDADES DO CASO (R$6.000,00). SENTENÇA PAR-
CIALMENTE REFORMADA.
Recurso conhecido e parcialmente provido. (TJPR - 1ª Turma Re-
cursal - XXXXX-51.2021.8.16.0131 - Pato Branco - Rel.: JUÍZA DE
DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS ME-
LISSA DE AZEVEDO OLIVAS - J. 23.04.2023)
Acórdão
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ 1ª TURMA RECURSAL
DOS JUIZADOS ESPECIAIS - PROJUDI Rua Mauá, 920 - 14º Andar -
Alto da Glória - Curitiba/PR - CEP: 80.030-200 - Fone: 3210-
7003/7573 - E-mail: 1TR@tjpr. jus.br Recurso Inominado Cível nº
XXXXX-51.2021.8.16.0131 Juizado Especial Cível de Pato Branco
Recorrente (s): MÁRCIO ADRIANO MORESCO Recorrido (s): MAR-
LOVA ESTELA CALDATTO Relator: Melissa de Azevedo Olivas
EMENTA: RECURSO INOMINADO. MATÉRIA RESIDUAL. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS. VIOLÊNCIA DO-
MÉSTICA. AGRESSÃO FÍSICA COMPROVADA. DANOS MATERIAIS
DEVIDOS. DANO MORAL CONFIGURADO. “QUANTUM” MINO-
RADO. ADEQUAÇÃO ÀS PECULIARIDADES DO CASO (R$6.000,00).
SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA. Recurso conhecido e
parcialmente provido. RELATÓRIO Dispensado o relatório nos
termos do Enunciado nº 92 do FONAJE. VOTO Presentes os pres-
supostos de admissibilidade, tanto os intrínsecos quanto os ex-
trínsecos, o recurso deve ser conhecido. Insurge-se a parte ré
em face da sentença de parcial procedência do pleito inicial.
Afirma, preliminarmente, que a rejeição da preliminar de in-
competência do foro acarreta ofensa ao contraditório e à ampla
defesa. No mérito, defende que a existência do ato ilícito é fato
controverso, motivo pelo qual não há como condená-la ao pa-
gamento de indenização. Em pleito sucessivo, requer a minora-
ção do quantum indenizatório extrapatrimonial, fixado em
R$10.000,00 (dez mil reais) pelo Juízo a quo. No tocante à preli-
minar de incompetência arguida, evidente que a rejeição da ar-
gumentação não ofende o direito ao contraditório e à ampla de-
fesa. Isso porque, o julgador é livre para julgar as questões pos-
tas ao seu exame de acordo com o seu livre convencimento (art.
371 do CPC e art. 93, inciso IX, da Constituição Federal), utili-
zando-se dos fatos, provas, legislação e todos os instrumentos
legais pertinentes ao tema, que entender aplicáveis ao caso
concreto. No caso em comento, formou-se o entendimento pelo
Juízo a quo pela possibilidade de julgamento da lide mediante a
análise da prova documental e oral, independentemente de pe-
rícia, o qual reitero, notadamente porque as imagens anexadas
(mov. 1.16) e as demais provas documentais (movs. 1.5 a 1.15)
são suficientes para a análise do feito. Ademais, a indenização
por danos morais não necessita de produção de prova técnica
para ser comprovada. Assim, rejeito a preliminar arguida. No
tocante ao mérito, correto o entendimento do Juízo a quo
quanto à procedência do pedido. Do conjunto probatório carre-
ados aos autos, evidencia-se que houve agressão física por
parte do réu à falecida autora. Com efeito, os fatos narrados no
boletim de ocorrência (mov. 1.5) e depoimentos prestados na
delegacia (mov. 1.7), mostram-se compatíveis com as lesões des-
critas no laudo médico do IML (mov. 1.6) e os encaminhamentos
médicos a partir de então (movs. 1.8 a 1.15). Cumpre destacar
que o Superior Tribunal de Justiça já pacificou o entendimento
de que: “nos crimes praticados em ambiente doméstico ou fa-
miliar, em que geralmente não há testemunhas, a palavra da ví-
tima possui especial relevância, não podendo ser desconside-
rada, notadamente se está em consonância com os demais ele-
mentos de prova produzidos nos autos” (STJ, HC n. 318.976/RS,
Quinta Turma, Rel. Min. Leopoldo de Arruda Raposo - Desem-
bargador Convocado do TJ/PE, DJe de 18/8/2015). Em que pese
ainda não haver condenação do réu no respectivo processo cri-
minal (autos nº 0002770- 08.2021.8.16.0131), consoante bem deli-
neado em sentença, o art. 935 do Código Civil é claro ao expor
que “A responsabilidade civil é independente da criminal, não
se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou so-
bre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem
decididas no juízo criminal” (grifo nosso). Nesse sentido, pode
haver condenação da parte ré ainda que não tenha sido con-
cluído o processo criminal. Inclusive, o entendimento firmado
pelo Superior Tribunal de Justiça é que: “(...) 1. O STJ, no julga-
mento do Recurso Especial nº 1.643.051/MS, pela sistemática de
recursos repetitivos, firmou entendimento no sentido de que
os danos morais são presumidos (in re ipsa) em casos de vio-
lência contra a mulher em decorrência de relações domésticas
e familiares, além disso, decorrem do próprio delito, indepen-
dentemente de instrução probatória ou produção de prova es-
pecífica quanto aos referidos danos.” ( Acórdão XXXXX,
XXXXX20198070010, Relator: ROBSON BARBOSA DE AZEVEDO, Se-
gunda Turma Criminal, data de julgamento: 29/4/2021, publi-
cado no PJe: 12/5/2021). Assim, tenho que restou evidenciada a
responsabilidade do réu pelo ilícito cometido e os danos causa-
dos à autora, nos termos do artigo 927 do Código Civil, devendo,
portanto, ser mantida a condenação do réu ao pagamento da
indenização pleiteada. No que concerne ao quantum indeniza-
tório, resta consolidado, tanto na doutrina como na jurispru-
dência pátria, o entendimento de que a fixação do valor da in-
denização por dano moral deve ser feita com razoabilidade, le-
vando-se em conta determinados critérios, como a situação
econômica da autora, o porte econômico do réu, o grau de
culpa e o valor do negócio, visando sempre à atenuação da
ofensa, a atribuição do efeito sancionatório e a estimulação de
maior zelo na condução das relações. No caso sub judice, sope-
sadas as peculiaridades da espécie em litígio, aliadas àquelas
próprias que envolveram o evento danoso, entendo que o valor
fixado em R$10.000,00 (dez mil reais) não atenta para os crité-
rios acima. Deste modo, o valor deve ser minorado para
R$6.000,00 (seis mil reais), estando tal montante em consonân-
cia com os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade e
dos parâmetros adotados em casos análogos. Precedente:
RIXXXXX-10.2021.8.16.0182. Este valor deverá ser acrescido de
correção monetária pela média INPC e IGP-DI a partir desta de-
cisão condenatória (Súmula 362/STJ) e juros moratórios de 1%
ao mês, a partir do evento danoso (data da agressão), de acordo
com o Enunciado 01, alínea b, da TRP/PR. Por todo o exposto, o
voto é pelo parcial provimento do recurso, a fim de minorar o
quantum indenizatório nos termos da fundamentação supra,
mantendo a sentença nos seus demais termos. Custas na forma
da Lei estadual nº 18.413/2014. Com o parcial êxito do recurso, a
parte recorrente deverá arcar com o pagamento de honorários
advocatícios fixados em 10% sobre valor da condenação (art. 55
da LJE), observada a justiça gratuita. Visando evitar a oposição
de embargos declaratórios, esclareço às partes que, no âmbito
dos Juizados Especiais, somente o recorrente vencido (seja total
ou parcialmente) suporta verba honorária, conforme prevê a
redação do art. 55 da LJE, não cabendo, portanto, verba sucum-
bencial em desfavor da parte recorrida (vencida ou vencedora).
Vide jurisprudência desta 1ª Turma Recursal ( ED XXXXX-
71.2018.8.16.0182, ED XXXXX- 23.2020.8.16.0014, ED XXXXX-
35.2019.8.16.0182). DISPOSITIVO Ante o exposto, esta 1ª Turma
Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos
votos, em relação ao recurso de MÁRCIO ADRIANO MORESCO,
julgar pelo (a) Com Resolução do Mérito - Provimento em Parte
nos exatos termos do voto. O julgamento foi presidido pelo (a)
Juiz (a) Maria Fernanda Scheidemantel Nogara Ferreira Da
Costa, com voto, e dele participaram os Juízes Melissa De Aze-
vedo Olivas (relator) e Vanessa Bassani. Curitiba, 20 de abril de
2023 . Melissa de Azevedo Olivas Juíza Relatora M

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