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Superior Tribunal de

Justiça
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 754.623 - SP (2015/0186586-2)

RELATOR : MINISTRO RAUL ARAÚJO


AGRAVANTE : EDMILSON SARLO
ADVOGADO : REINALDO RINALDI
AGRAVADO : ALESSANDRO TORRECILLAS
ADVOGADO : AMANCIO CALIMAN JUNIOR

DECISÃO
Trata-se de agravo em recurso especial interposto com fundamento no art. 105,
III, "a" e "c" da Constituição Federal, em face de acórdão do eg. Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo, assim ementado:

"RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO


MORAL. AGRESSÕES VERBAIS PROFERIDAS PELO RÉU EM VIRTUDE
DE PEQUENO ACIDENTE DE TRÂNSITO. CONJUNTO PROBATÓRIO
SUFICIENTE À FORMAÇÃO DA CONVICÇÃO JUDICIAL. ROBUSTA
PROVA TESTEMUNHAL. CARACTERIZAÇÃO DO "ANIMUS" DE
OFENSA. DANO MORAL CARACTERIZADO. EXISTÊNCIA DE PROVA
DOS FATOS CONSTITUTIVOS DE SEU DIREITO. ARTIGO 333 DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. CABIA AO RÉU FAZER PROVA
EXTINTIVA, MODIFICATIVA OU IMPEDITIVA DO DIREITO DO
AUTOR. REDUÇÃO DO DANO MORAL. NECESSIDADE. VALOR DA
CONDENAÇÃO DESPROPORCIONAL AO INCIDENTE. JUROS DE
MORA CONSOANTE DISPOSTO NO ART. 406 DO CÓDIGO CIVIL.
RECURSO PROVIDO EM PARTE." (e-STJ, fl. 209)

Os embargos de declaração opostos foram parcialmente acolhidos, sem efeito


modificativo, nos seguintes termos, verbis :
"Com efeito, verifica-se que o acórdão embargado foi omisso quanto a dois
pontos indicados pelo embargante.
Dessa forma, o r. acórdão deve ser integrado, consignando-se, no
parágrafo anterior ao dispositivo decisório, que: “Outrossim, reconhece-se
adequada a indenização fixada a título de honorários advocatícios, posto
que este proporciona justa remuneração ao patrono legal do réu”.
Além disso, assiste razão ao embargante com relação ao percentual dos
juros, que deverá ser de 6% (seis por cento) ao ano até 11.02.2003, data
em que o percentual máximo foi alterado por força da vigência do novo
Código Civil.
Saliente-se que tal alteração não tem condão de caracterizar reformatio in
pejus, uma vez que a matéria juros de mora é de ordem pública, podendo
ser adequada a qualquer tempo.
(...)
Finalmente, trata-se de meros erros materiais, não há alteração na decisão
embargada, portanto, o acolhimentos destes embargos não tem efeitos
modificativos." (e-STJ, fls. 225/226)
Documento: 50855456 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 31/08/2015 Página 1 de 2
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Nas razões do recurso especial, o agravante alega, além de dissídio
jurisprudencial, violação aos arts. 644 e 953, parágrafo único do Código Civil. Sustenta, em
síntese, que o valor arbitrado a título de dano moral foi exorbitante e desproporcional ao dano
sofrido, tendo em vista que "o recorrido não sofreu, além do dissabor experimentado, quaisquer
outras consequências derivadas de tal episódio." (e-STJ, fl. 231)

É o relatório. Passo a decidir.

O Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de que somente é


admissível o exame do valor fixado a título de danos morais em hipóteses excepcionais, quando
for verificada a exorbitância ou a irrisoriedade da importância arbitrada, em flagrante ofensa aos
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Nesse sentido: AgRg no REsp 971.113/SP,
Quarta Turma, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJe de 8/3/2010; AgRg no REsp
675.950/SC, Terceira Turma, Rel. Min. SIDNEI BENETI, DJe de 3/11/2008; AgRg no Ag
1.065.600/MG, Terceira Turma, Rel. Min. MASSAMI UYEDA, DJe de 20/10/2008.

A respeito do tema, salientou o eminente Ministro ALDIR PASSARINHO


JUNIOR: "A intromissão do Superior Tribunal de Justiça na revisão do dano moral somente
deve ocorrer em casos em que a razoabilidade for abandonada, denotando um valor
indenizatório abusivo, a ponto de implicar enriquecimento indevido, ou irrisório, a ponto de
tornar inócua a compensação pela ofensa efetivamente causada " (REsp 879.460/AC, Quarta
Turma, DJe de 26/4/2010).

Com efeito, somente é possível a revisão do montante da indenização nas


hipóteses em que o quantum fixado for exorbitante ou irrisório, o que, no entanto, não ocorreu
no caso em exame. Isso, porque o valor da indenização por danos morais, arbitrado em R$
40.000,00 (quarenta mil reais), não é exorbitante nem desproporcional a conduta praticada pelo
ora recorrente.

Ante o exposto, nego provimento ao agravo.

Publique-se.
Brasília (DF), 10 de agosto de 2015.

MINISTRO RAUL ARAÚJO


Relator

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