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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Registro: 2021.0000387346

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Cível nº


1020562-86.2019.8.26.0506, da Comarca de Ribeirão Preto, em que é apelante
TRANSERP EMPRESA DE TRÂNSITO E TRANSPORTE URBANO DE
RIBEIRÃO PRETO S/A, é apelado JONATHAN BATISTA JORGE.

ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 8ª Câmara de Direito


Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram
provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra
este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores PERCIVAL


NOGUEIRA (Presidente sem voto), ANTONIO CELSO FARIA E JOSÉ MARIA
CÂMARA JUNIOR.

São Paulo, 21 de maio de 2021.

BANDEIRA LINS
Relator(a)
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Voto nº 15357
Apelação Cível nº 1020562-86.2019.8.26.0506 - Ribeirão Preto
Apelantes: Transerp Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão
Preto S/A e outro
Apelado: Jonathan Batista Jorge

RETORNO DOS AUTOS - PODER DE POLÍCIA -


APLICAÇÃO DE MULTAS POR SOCIEDADE DE
ECONOMIA MISTA - READEQUAÇÃO AO TEMA
532 STF, NOS TERMOS DO ART. 1.040, INC. II,
CPC ACÓRDÃO READEQUADO.

Ementa readequada:

APELAÇÃO - AÇÃO DECLARATÓRIA C/C


ANULATÓRIA DE AUTO DE INFRAÇÃO COM
PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
TRANSERP PODER DE POLÍCIA - APLICAÇÃO
DE MULTAS POR SOCIEDADE DE ECONOMIA
MISTA - Entendimento do STF no julgamento do
Tema de Repercussão Geral nº 532 que deve prevalecer
- Possibilidade de aplicação de multas de trânsito por
sociedade de economia mista prestadora exclusiva de
serviço público em regime não concorrencial, a
exemplo da ré - Higidez dos autos de infração de
trânsito não questionados na presente ação Sentença
de procedência reformada - Inversão do ônus de
sucumbência - Recurso da Transerp provido, com
remessa dos autos à Presidência da Seção de Direito
Público para a realização do exame de admissibilidade
do recurso interposto.

Pelo V. Acórdão de fls. 322/330, esta Colenda Câmara negou provimento


ao recurso da Transerp Empresa de Trânsito e Transporte Urbano de Ribeirão
Preto S/A, contra a r. sentença de fls. 180/184, que, ratificando a liminar, julgou
procedente a ação ordinária ajuizada por Jonathan Batista Jorge, declarando a
nulidade dos autos de infração de trânsito nº F26784100 e F268860263, mediante o
Apelação Cível nº 1020562-86.2019.8.26.0506 -Voto nº 15357 2
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cancelamento de todas as penalidades decorrentes, inclusive as respectivas multas e


pontuações lançadas no prontuário do autor.

Dessa decisão foi interposto Recurso Extraordinário pela ré (fls. 333/347).

Despacho da E. Presidência da Seção de Direito Público (fls. 419)


ordenando retorno dos autos à Turma Julgadora, para eventual adequação da
fundamentação e/ou manutenção da decisão, nos termos do art. 1.040, II, CPC,
considerando o julgamento do mérito do RE nº 633.782/MG, Tema nº 532.

É o relatório.

O V. Acórdão comporta readequação.

O Tema nº 532 do Supremo Tribunal Federal tratou da possibilidade, ou


não, de delegação do exercício do poder de polícia às pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública indireta para aplicação de multa de
trânsito. No seu julgamento, foi fixada a seguinte tese: "É constitucional a
delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito
privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social
majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação
própria do Estado e em regime não concorrencial."

Dessa forma, ante a interpretação dada pelo Supremo Tribunal Federal à


matéria, o v. acórdão de fls. 322/330, deve ser readequado ao entendimento exarado,
que possui caráter vinculante. Assim, tendo em vista que a TRANSERP EMPRESA
DE TRANSPORTE URBANO DE RIBEIRÃO PRETO S/A, ora apelante, foi criada
sob a forma de uma sociedade de economia mista autorizada pela Lei Municipal nº
3.734/80, com capital social pertencente majoritariamente à municipalidade, e exerce
de forma não concorrencial os serviços de transporte de passageiros no Município de
Ribeirão Preto, nos termos da decisão do Supremo Tribunal Federal, está autorizada
a receber, por delegação, o poder de exercício da atividade de polícia.

Apelação Cível nº 1020562-86.2019.8.26.0506 -Voto nº 15357 3


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Conclui-se, portanto, que o presente caso se submete às questões


circunscritas às normas de observância obrigatória, pelo disposto nos art. 927, inciso
III, e 1.040, inciso III, do CPC, de modo que o reconhecimento da legitimidade da
atuação da TRANSERP na verificação de infrações e na aplicação das respectivas
sanções é a medida que se impõe.

Por outro lado, a higidez dos autos de infração nºs F26784100 e


F268860263, lavrado por agentes da Transerp, não foi questionada na presente ação,
não tendo o requerente se insurgido contra os aspectos formais inerentes à lavratura
dos autos de infração, tampouco nega o seu cometimento, pelo que se presume a
legalidade e veracidade dos atos administrativos.

Consequentemente, em juízo de retratação, de rigor a readequação do V.


Acórdão impugnado, nos termos da fundamentação acima, adequando-o à tese
firmada pelo STF (Tema nº 532), para dar provimento ao apelo da ré, julgando-se
improcedente o pedido e reconhecendo igualmente a validade dos autos de infração
nºs F26784100 e F268860263, bem como as consequências dele decorrentes.

Dada a alteração do resultado da demanda, constatada a sucumbência do


autor, deve este suportar a integralidade dos ônus sucumbenciais, com a fixação de
honorários advocatícios em R$ 600,00, nos moldes arbitrados pelo Juízo da origem.

Ante o exposto, voto pelo provimento do recurso da TRANSERP,


cumprindo determinar a subsequente restituição dos autos à Egrégia Presidência da
Seção de Direito Público.

BANDEIRA LINS
Relator

Apelação Cível nº 1020562-86.2019.8.26.0506 -Voto nº 15357 4

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