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996/2008-1
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução de fls. 556/562, v. 3, a qual transcrevo, com fulcro no
art. 1º, § 3º, inciso I, da Lei 8.443/92:
1. IDENTIFICAÇÃO
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2. ALEGAÇÕES DA REPRESENTANTE
2.1 As razões da representante para impugnar o contrato podem ser assim sintetizadas:
2.1.1 “várias empresas possuem tecnologia e ‘know how’ para a execução dos referidos
contratos” (fl. 2);
2.1.2 “existem diversas empresas que prestam o mesmo serviço, o que comprova a inexistência
de singularidade e notoriedade” (fl. 2);
2.1.4 “[A própria representante] foi contratada por meio de processo licitatório para prestar
serviços de transmissão de taxas e informações financeiras Nacionais e Internacionais (...) pelo
Banco do Estado de Santa Catarina” (fl. 3);
2.1.5 A CMA também presta informações em tempo real, colhidas junto a diversas agências e
“a diversidade de fontes noticiosas gera maior credibilidade no conteúdo produzido do que uma fonte
única” (fl. 4);
2.1.6 “Os órgãos da Administração Pública não precisam dos produtos específicos de
propriedade da empresa detentora da exclusividade, mas sim do conteúdo desses produtos, os quais
podem ser prestados por outras agências de notícias também detentoras desse mesmo conteúdo” (fl.
6);
2.1.7 “(...) é obrigatório concluir que, para a contratação dos serviços de notícias e
informações em tempo real existe sim a necessidade de licitação, uma vez que a competição é
totalmente viável a partir do momento que é pública e notória a existência de mais de uma empresa
que presta o aludido serviço, bem como não há subsunção dos fatos aos dispositivos permissivos da
Lei Federal 8.666/93, que justificam a dispensa ou a inexigibilidade de licitação” (fl. 10).
3. PEDIDO DA REPRESENTANTE
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3.1 Pede a representante que a contratação seja examinada para que, uma vez comprovada a
irregularidade, seja suspenso o contrato (fl. 11).
4. ENCAMINHAMENTOS ANTERIORES
4.1.1.4. justificativas sobre quais necessidades da STN somente podem ser atendidas por serviços
prestados exclusivamente pela Agência Estado ou que de outro modo fundamentem a contratação por
inexigibilidade de licitação;
4.1.1.5. explicações sobre a diferença entre os preços previstos no contrato nº 7/2007 e os preços
do contrato firmado entre a CMA e o Besc (fls. 76/88);
5.1.1.1 a contratação do serviço noticioso Broadcast, produto exclusivo da Agência Estado, foi
realizada com justificativas das áreas demandantes (fl. 127);
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5.1.1.2 foram solicitadas justificativas técnicas pormenorizadas às áreas sobre a necessidade dos
serviços, que amparassem a contratação sem licitação, mas também posicionamento sobre a
necessidade de contratação dos serviços da CMA (fl. 128);
5.1.1.3 uma dessas áreas, a STN/Codip, justificou que os serviços são fundamentais para as
mesas de operações, afirmando que o serviço Broadcast é considerado benchmark pelo mercado
financeiro; concluiu ressaltando que a CMA não pode ser considerada substituta da Broadcast, pois
os serviços são complementares (fl. 128); e
Análise
5.1.3. A necessidade dos serviços a ser atendida foi justificada pela STN. Entretanto, não foram
apresentados argumentos suficientes sobre a inviabilidade de competição, trazendo a lume a
comparação dos serviços ou demonstrando satisfatoriamente que a licitação será prejudicial.
5.1.4. Nos memorandos das Coordenações, observa-se unidades que nem sequer conhecem a
CMA, outras refutaram os serviços e uma informou que tais produtos são complementares.
5.1.5. Inicialmente, a PGFN não aprovou a contratação por não estar demonstrada a
exclusividade dos serviços (fl. 212). Em parecer posterior, a PGFN reconheceu a inexigibilidade do
procedimento licitatório, informando que tomou como base declarações de servidora, que possuem fé
pública (fl. 249).
5.1.6. Deve-se atentar que o objeto contratado é para uso em atividade finalística do órgão,
considerada área sensível. Isso não significa que a Administração Pública possa contratar ao acaso,
sem justificativas plausíveis. Porém, no caso concreto, não se trata de contrato de mero serviço
noticioso, e sim de informações que precisam ser exatas e fidedignas para serem usadas em
estratégias do controle e monitoramento da dívida pública.
5.2.1.1 a Agência Estado (AE) apresentou declaração de exclusividade emitida pela Associação
Comercial de São Paulo (fl. 129);
Análise
5.2.4. Não obstante, a própria CMA não discorda que o material produzido pela Agência Estado
advém de fonte primária, salientando que o produto dela é equivalente ou superior, pois possui
diversas fontes de apuração de notícias (fl. 4).
5.2.5. Destarte, não há métodos objetivos capazes de possibilitar a seleção de uma alternativa
entre as existentes no mercado, pois a natureza do objeto não é comum.
5.3.1.1 não tomou conhecimento do contrato entre a CMA e o Besc no momento da contratação
da Agência Estado. Além disso, destacou não ser possível comparar a necessidade das entidades
estatais devido às peculiaridades de cada uma;
5.3.1.2 complementou que é mais apropriado comparar os preços contratados com a Agência
Estado com outros contratos da mesma espécie, citando os contratos do Banco Central e do BNDES
com a AE, demonstrando que o valor mensal por ponto de serviço contratado pela STN foi inferior.
Análise
5.3.2. Na prática, torna-se tarefa complexa cotejar valores contratuais totais, sem atentar para
cada item. A tarefa se torna ainda mais onerosa para efeito de julgamento sobre a equivalência dos
produtos ofertados pelo mercado. O contrato deve ser realizado com condições econômicas similares
à atividade privada exercida e, no caso em tela, o valor é relativamente razoável.
5.4.1. a STN justificou a diferença pela inclusão no valor anual do contrato de margem
financeira para despesas operacionais, como gastos com assistência técnica, instalação,
desinstalação e transferência de pontos, afirmando que tal procedimento tem respaldo legal no art.
65, §1º, da Lei de Licitações (fl. 123).
Análise
5.4.2. No Projeto Básico, não foi especificado nenhum tipo de serviço adicional que justificasse
a margem financeira, nem foi discriminado o valor para cada serviço extra (fls. 145/146).
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5.4.3. Ademais, na descrição dos serviços fornecidos pela Agência Estado, foi incluído o item
“manutenção de rede” para cada ponto contratado, totalizando R$2.973,01 por mês (fl. 176).
5.4.4. Além disso, o citado dispositivo legal não respalda margens infundadas: a autorização
para acréscimos de 25% é para cada item contratado, devidamente especificado no contrato.
5.4.5 Diante disso, julgamos necessário determinar à STN a correção da cláusula quinta do
contrato, evidenciando no processo da contratação a real necessidade de outros serviços além da
garantia prevista e discriminando no contrato os serviços que poderão ser solicitados, caso demonstre
a necessidade de tais serviços.
6.1.1.1 serviços prestados pela empresa: traz um histórico da AE e afirma que possui material
jornalístico de fonte primária, sem intermediários ou terceirização, sendo a cobertura realizada por
quadro próprio. Explica, também, que o termo “tempo real” se caracteriza pela precisão máxima e a
divulgação no menor tempo possível. Argumenta que conta com 26 produtos e que eventual
contratação em separado pode gerar dispêndio adicional; informa que contratou mediante
inexigibilidade de licitação com diversos órgãos públicos;
6.1.1.2 serviço prestado pela CMA e empresas similares: não concorda com a comparação da
Agência Estado com a Agência Leia, pois esta atua somente em âmbito nacional; a CMA é uma mera
repetidora de informações e não se responsabiliza pelos seus conteúdos; ilustra que não seria possível
licitar para escolha de jornais de grande circulação; complementa citando que empresas como a
Reuters, a Bloomberg e a própria CMA foram contratadas com base no art. 25 da Lei nº 8.666/93;
6.1.1.3 direito: fala sobre legislação, jurisprudência e doutrina a respeito do tema, concluindo
que se os órgãos quisessem, poderiam contratar a CMA sem licitação.
Análise
6.1.2 Ao mesmo tempo em que a Agência Estado afirma que seus serviços não são comparáveis
ao da CMA, ela afirma que a representante poderia ser contratada por inexigibilidade.
6.1.3 Não obstante, constatamos que o Banco Central tem contratos vigentes com a Bloomberg
e com a Agência Estado sob o mesmo fundamento legal. No Portal da Transparência, constam dezoito
contratos da Agência Estado em 2008 (ANTT, CVM, AGU, Serpro, IBGE, entre outros).
6.1.4 Além disso, a CMA representou contra os contratos firmados pela Agência Estado com a
STN e com o Ministério da Agricultura (MAPA), sendo que consta no Diário Oficial da União, seção
3, de 16.2.2007, extrato de inexigibilidade de licitação nº 14/2006 do MAPA contratando a CMA para
prestação de serviços de solução tecnológica com banco de dados e software sobre cotação diária de
preços, gráficos e informáticos do mercado agrícola interno e externo. A CMA já foi contratada sob o
mesmo fundamento legal pela Eletrobrás, BNDES, Basa, BB, MEC e SPOA/SE/MF em 2007 e 2008.
pluralidade de sujeitos em condições de executar uma certa atividade. “Existem inúmeras situações
em que a competição é inviável não obstante existirem inúmeros particulares habilitados a executar a
atividade objeto da contratação. Isso se passa inclusive nos casos em que realizar a licitação
acarretaria solução objetivamente incompatível com a realização dos fins buscados pelo Estado.”
(JUSTEN FILHO, Marçal, ‘Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos’, 11.ª
Edição, São Paulo: Dialética, 2005, p. 288).
7. CONCLUSÃO
7.1 Diante dos fatos apurados e tendo em vista que não foi comprovada a efetiva viabilidade
competitiva, conclui-se pela improcedência da Representação objeto destes autos, razão pela qual
propor-se-á o arquivamento dos autos, dando ciência aos interessados.
7.2 Ademais, faz-se necessário alteração do contrato pela incongruência dos valores mensais
com o valor anual estimado, conforme item 5.4 desta Instrução.
8. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
8.3. comunicar à STN, à Agência Estado Ltda. e à Representante a decisão que vier a ser
adotada nestes autos;
8.4. arquivar os presentes autos, nos termos do art. 169, inc. IV, do Regimento Interno do TCU.
3.2.1. não lance mão de termo aditivo para prorrogar a vigência do contrato com a Agência
Estado Ltda. que tem como objeto a contratação de serviço de notícias e de informações políticas,
econômicas e financeiras em tempo real;
3.2.2. realize, com base no art. 3º da Lei 8.666/93 e do art. 37, inciso XXI, da Constituição
Federal, certame licitatório, preferencialmente na modalidade pregão, para as futuras contratações de
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serviços de notícias em tempo real, de modo que, quando expirar o atual contrato, não haja interrupção
na prestação desse tipo de serviço;
3.2.3. altere a cláusula quinta do contrato nº 7/2007, corrigindo o valor anual a ser pago ou
discriminando no contrato os serviços porventura necessários, com as devidas justificativas nos autos
da contratação, inclusive no projeto básico;
3.3. enviar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do Relatório e Voto que
a fundamentarem, à STN, à Agência Estado e à representante;
3.4. juntar cópia da deliberação que vier a ser proferida, bem como do Relatório e Voto que a
fundamentarem, ao TC 018.643/2008-6 para subsidiar a instrução desse processo;
6. Acerca da matéria, entende que Interessado e parte são aqueles que, de alguma forma,
possam ser afetados pelas deliberações que vierem a ser proferidas, o que não é o caso da
Representante, a quem basta ser informada do desfecho, para fins de resposta à sociedade.
É o Relatório.
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VOTO
4. Argumenta que, diante da existência de diversas empresas aptas a prestar tais serviços,
comprova-se, no caso vertente, a ausência de singularidade do objeto e de notória especialização da
Agência Estado na produção do objeto contratado. A falta desses requisitos caracterizaria a viabilidade
da competição e, conseqüentemente, seria necessária a abertura de processo licitatório para a
contratação dos serviços em comento.
6. A STN demonstra nos autos ser essencial a obtenção rápida de informações políticas,
econômicas e financeiras, precisas e fidedignas para o desempenho de suas atribuições, entre as quais a
análise e o controle da Dívida Pública.
10. Apega-se, in casu, a contratação em tela à singularidade dos serviços prestados para
comprovar a inviabilidade da competição imposta pela legislação, dada a existência de outras agências
de notícias com as mesmas particularidades da Agência Estado, o que descaracteriza, em princípio, a
notória especialização, além de não estarem esses serviços abrangidos no art. 13 da Lei 8.666/93.
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11. Nesse sentido, citando várias deliberações deste Tribunal, o Dr. Lucas Rocha Furtado,
in Curso de Licitações e Contratos a Administrativos, p. 104 e 105, Ed. Forum, 2007, destaca, em
relação à inexigibilidade de licitação, que as hipóteses indicadas nos incisos I a III do art. 25 da Lei de
Licitações não são exaustivas. Conclui, in verbis: Assim, sempre que houver inviabilidade de
competição, e isso seja devidamente demonstrado e comprovado, estará autorizada a contratação
direta, em face de sua inexigibilidade (art. 25, caput). Nesse sentido, o TCU proferiu a Decisão nº
63/1998 – Plenário: (...) a inexigibilidade de licitação prevista no art. 25 da Lei nº 8.666/93 é
aplicável também à prestação de serviços, sempre que comprovada a inviabilidade da competição.
12. Algumas empresas hábeis a executar serviços dessa natureza foram contratadas por
diversos órgãos da Administração Pública Federal, por inexigibilidade de licitação, entre as quais a
Bloomberg pelo Banco Central, como referido no Relatório precedente (itens 6.1.3 e 6.1.4).
12.1. Pesquisa realizada em meu Gabinete (fls. 580/585, v. 3) mostra que, em 2008, a Agência
Estado foi contratada, por inexigibilidade de licitação, pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM,
pela Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração do Ministério da Fazenda –
SPOA/MF e pela Coordenação Geral de Recursos Logísticos do Ministério da Fazenda.
12.2. Revela tal pesquisa que a CMA, por sua vez, também foi contratada, em 2008, sob o
mesmo fundamento legal, para prestação de serviços de informações voltadas para o mercado agrícola
pela Coordenação de Logística e Serviços Gerais (não especificado o órgão a que se vincula) e pela
Coordenação Geral de Recursos Logísticos do Ministério da Fazenda.
13. Nesse caso, verifico que os serviços da CMA descritos nos autos não são substitutos dos
serviços prestados pela Agência Estado no Contrato 7/2007 celebrado com a STN, ora em exame,
porém, complementares (item 5.1.1.3 do Relatório precedente), de acordo com as razões abaixo
expendidas.
13.1. A própria CMA em sua Representação (fls. 2/3, v. principal) deixa claro que somente
compila e repassa as informações geradas por outras agências de notícias, inclusive pela Agência Leia
que atua em âmbito nacional, sem, contudo, produzir material próprio, o que, conseqüentemente, lhe
exime de qualquer responsabilidade sobre o teor desses conteúdos.
13.1.1. Tais serviços são conhecidos com clipping eletrônico e já foram objeto de deliberação
desta Corte de Contas no Acórdão 556/2003 – Segunda Câmara (TC 008.245/2002) que concluiu pela
viabilidade da competição e conseqüentemente pela obrigatoriedade de abertura de procedimento
licitatório para a contratação de serviços dessa natureza.
13.2. Diferentemente, a Agência Estado exibe material jornalístico de fonte primária, uma vez
que possui equipe própria de jornalistas, atuando no Brasil e no exterior, que captam a notícia in loco,
responsabilizando-se pelos conteúdos fornecidos e transmitindo-os em tempo real com exclusividade
para seus assinantes.
14. Compulsando os autos, verifico que a Agência Estado em suas contra-razões (fls.
487/505, v. 2) compara os seus serviços a de um jornal como Folha de São Paulo, O Globo, Correio
Braziliense, entre outros, e destaca ser diversa, na divulgação da notícia, somente a mídia usada (meio
eletrônico) e a transmissão em tempo real.
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15. Pondera que, na mídia impressa, apesar do produto ser o mesmo – jornal – o seu
conteúdo é único, tendo em vista as diferentes linhas editorias, sendo impossível estabelecer
parâmetros de comparação objetivos entre esses periódicos visando a avaliação e o julgamento das
propostas de licitantes, o que torna tais publicações singulares e, conseqüentemente, inviável a
competição.
16. Entende que o mesmo ocorre com as agências de notícias que oferecem serviços
idênticos aos seus – material jornalístico de fonte primária e transmissão em tempo real -, a exemplo
da Bloomberg e da Reuters, as quais são freqüentemente contratadas pela Administração Pública, por
inexigibilidade de licitação, em vista da singularidade de seus conteúdos (item 12).
17. No tocante às matérias produzidas pela mídia, sublinho que as opiniões, tanto de
jornalistas como de profissionais de vários setores da sociedade, e a abordagem dos assuntos em cada
meio de comunicação são, por definição, individualizadas. Considero, portanto, que os editoriais, as
colunas, as análises conjunturais, dentre outros, por serem de natureza intelectual e especializada, não
são passíveis de avaliação objetiva, o que é suficiente para inviabilizar o certame previsto na Lei
8.666/93.
18. Tanto é assim que a aquisição de livros, revistas e periódicos, nacionais estrangeiros,
pela Administração Federal foi disciplinada na Instrução Normativa do Ministério da Administração
Federal e Reforma do Estado/MARE - 2/1998, nos seguintes termos:
1. Somente serão adquiridos ou assinados revistas e livros de natureza estritamente técnica ou aqueles
considerados necessários ao serviço.
[...]
4. Na aquisição de periódicos nacionais ou estrangeiros a contratação direta é admitida desde que realizada
diretamente com a editora tendo por limite o preço de assinatura. (grifei)
19. Assim, tem-se demonstrada a singularidade dos serviços prestados pela Agência Estado,
os quais constituem ferramentas necessárias e essenciais à STN a fim de que possa desincumbir-se de
suas atribuições, mormente no que se refere à administração da Dívida Pública, em vista de a
contratada dispor de material jornalístico de fonte primária de sua inteira responsabilidade, com
informações prestadas em tempo real por veículo de grande credibilidade no mercado.
20. Concluo, portanto, que a contratação da Agência Estado pela Secretaria do Tesouro
Nacional, por inexigibilidade de licitação, atende ao disposto no art. 25, inciso II, da Lei de Licitações.
21. Por fim, acolho, no essencial, a proposta pela Unidade Técnica de determinação
endereçada à STN, com os ajustes que entendo necessários, pelos motivos que exponho a seguir.
22. Ao examinar o Contrato 7/2007 (fls. 319/331, v. 1), a Unidade Técnica detectou, na sua
Cláusula Quinta, discrepância de R$ 87.002,48 entre o valor anual do contrato (R$ 683.000) e o
produto da multiplicação do pagamento mensal (R$ 49.666,46) por doze (R$ 595.997,52).
23. Em sua manifestação nos autos, a STN argumentou que incluíra no valor anual margem
financeira para despesas operacionais como gastos com assistência técnica, instalação, desinstalação e
transferência de pontos, com fundamento no art. 65 da Lei, § 1º, da Lei 8.666/93.
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24. Ocorre que na proposta de preços da Agência Estado, Anexo II do Contrato (fls. 331, v.
1) consta o item “manutenção de rede”, incluído no valor de R$ 49.666,46 correspondente ao
pagamento mensal estabelecido no contrato. Verifica-se, contudo que no Projeto Básico e na Cláusula
Segunda do Contrato (fls. 145/146, v. principal e 319/320, v.1) não há especificação desses serviços ou
de outros adicionais que pudessem justificar a inclusão de margem financeira.
25. O art. 65, § 1º, da Lei de Licitações prevê que o contratado obriga-se a aceitar, nas
mesmas condições contratuais, acréscimos ou supressões de até 25 % do valor inicialmente contratado
que se fizerem nos serviços. Esclareço, porém, que tal norma não se aplica à adição de serviços não
constantes do projeto básico e do contrato, mas tão somente aos acréscimos ou às supressões referentes
à quantidade dos serviços inicialmente contratados feitas por termo aditivo.
26. Embora essa questão não tenha sido abordada no ofício que franqueou a manifestação
da Agência Estado sobre esta Representação (fls. 120, v. principal), entendo despiciendo seu
chamamento aos autos, nesta fase processual. A correção do equívoco alvitrado pela Unidade Técnica,
a meu ver, não altera a essência do Contrato 7/2007, considerando que os valores pagos mensalmente à
Agência são os efetivamente por ela propostos e, ainda que, caso necessário, poderão ser efetuados os
acréscimos aos serviços contratados previstos em Lei.
Em face do exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora
submeto ao Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 8 de julho de 2009.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
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Fui presente:
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