Você está na página 1de 16

Cecília Myrelle Couto

Advocacia

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª


UNIDADE JURISDICIONAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA FAZENDA
PÚBLICA DA COMARCA DE UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS

Processo nº 5037126-92.2020.8.13.0702

EMINENTE MAGISTRADO

DEISE CRISTINA JÚLIO GUERRA, por sua advogada que vos subscreve, vem,
perante Vossa Excelência, nos termos do art. 41 da Lei nº 9.099/95, interpor

RECURSO INOMINADO

em face da respeitável Sentença Definitiva que julgou improcedente a presente


Ação Ordinária, ajuizada em face do ESTADO DE MINAS GERAIS.

DA TEMPESTIVIDADE

A sentença ora recorrida foi proferida em 15/03/2021, com intimação das partes
para ciência em 15/03/2021.

Dispõe o art. 42, caput, da Lei nº 9.099/95, que versa sobre o recurso inominado,
que:

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

 Art. 42. O recurso será interposto no prazo de dez dias,


contados da ciência da sentença, por petição escrita, da qual
constarão as razões e o pedido do recorrente.

Em complemento à matéria afeta ao prazo recursal, é importante ressaltar a


redação do art. 12-A, também da Lei nº 9.099/95, que assim dispõe:

Art. 12-A. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei


ou pelo juiz, para a prática de qualquer ato processual,
inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão
somente os dias úteis.                  

Ainda, aplicar-se-á supletivamente o dispositivo no art. 224 e seus parágrafos da


Lei nº 13.105/15, a seguir transcritos:

Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão


contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do
vencimento.

§ 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão


protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem
com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou
iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade
da comunicação eletrônica.

§ 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil


seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da
Justiça eletrônico.

§ 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que


seguir ao da publicação.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

In verbis, o termo final para protocolo do presente recurso inominado é


29/03/2021. Sendo assim, o presente recurso é tempestivo, devendo-se ser
conhecido pelo juízo a quo.

DO PREPARO
Embora a Recorrente tenha em seu pedido inicial Justiça Gratuita, o mesmo não foi
apreciado por este Juízo. Em razão disso, deixa de recolher custas recursais. Caso
Vossa Excelência manifeste pelo indeferimento da Justiça Gratuita, requer
intimação para recolhimento do preparo recursal.

Termos em que
pede deferimento.

Bom Despacho/MG, 23 de Março de 2.021.

Cecília Myrelle Couto


OAB-MG 203.997

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

RAZÕES DO RECURSO INOMINADO

EGRÉGIA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS DO ESTADO DE


MINAS GERAIS

Recorrente: DEISE CRISTINA JÚLIO GUERRA

Recorrido: ESTADO DE MINAS GERAIS

Origem: 2ª Unidade Jurisdicional do Juizado Especial Cível da Fazenda Pública


da Comarca de Uberlândia – Minas Gerais

EGRÉGIA TURMA RECURSAL


INCLITOS JULGADORES

RESUMO DA DEMANDA

A Recorrente, ex-servidora do ente público estadual de Minas Gerais, professora,


ajuizou Ação em face do Estado de Minas Gerais, por meio da qual pleiteou
pagamento do FGTS com aplicação de multa no percentual de 40% por demissão
sem justa causa, dentre outros direitos negados pelo Recorrido.

Fundou a Recorrente, na exordial, seus pedidos com base na decisão do STF na


ADI 4876 e no Tema com Repercussão Geral nº 1.020/20 do STJ e demais
legislações e jurisprudências correlatas e aplicáveis à matéria, que assim
reconheceu o direito:

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

Tese Firmada: Os servidores efetivados pelo Estado de


Minas Gerais submetidos ao regime estatutário, por
meio de dispositivo da LCE n. 100/2007, declarado
posteriormente inconstitucional pelo STF na ADI
4.876/DF, têm direito aos depósitos no FGTS referentes
ao período irregular de serviço prestado.

Inclusive, utilizando-se do permissivo do art. 311, inc. II, do CPC, requereu-se a


tutela provisória de evidência, baseando-se na jurisprudência consolidada do
tribunal em casos repetitivos, e tendo-se em vista que as alegações de fato podem
ser comprovadas exclusivamente por documentos.

Meritíssimo Juiz de Direito de 1º grau proferiu Sentença que julgou improcedente


a presente Ação Ordinária.

Com efeito, em que pese o inquestionável saber do Eminente Julgador, não


primou a decisão atacada pela justa aplicação da Lei e jurisprudências aos fatos,
sendo sua reforma ou anulação medida imperativa de justiça, conforme exposto
adiante.

DA DECISÃO RECORRIDA

MM. Juiz, a quo, prolatou sentença nos seguintes termos:

“..... Portanto, indaga-se: qual o primeiro evento prescritivo ocorrido na


espécie?

Detalho.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

Se considerarmos 30 (trinta) anos a partir de 26-3-2014, temos a data fatal


de 26-3-2044.

Por outro lado, se levarmos em conta 5 (cinco) anos a contar de 13-11-


2014, tem-se como termo final a data de 13-11-2019, motivo pelo qual, nos
estritos termos do precedente vinculante acima destacado, este é o primeiro
marco prescritivo, o que enseja, por via de consequência, a incidência do
prazo quinquenal.

A propósito, consigno jurisprudência do TJMG:

[…] Prevalece nessa 19ª Câmara Cível o entendimento de que em


relação à prescrição do FGTS, conforme fixado pelo STF no ARE-
709212/DF, para lesões cujo termo inicial da prescrição ocorra após
13/11/2014, aplica-se, desde logo, o prazo de 5 (cinco) anos. Por outro
lado, para os casos em que o prazo prescricional já esteja em curso, aplica-
se o que ocorrer primeiro: 30 (trinta) anos, contados do termo inicial, ou 5
(cinco) anos, a partir da referida decisão. [...] (TJMG - Ap Cível/Rem
Necessária 1.0000.20.044553-4/001, Relator(a): Des.(a) Bitencourt
Marcondes, 19ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 18/06/2020,
publicação da súmula em 25/06/2020).

Ademais, assinalo que a modulação dos efeitos da decisão que declarou a


inconstitucionalidade da Lei Complementar n° 100/2007 não interfere no
termo inicial do prazo prescricional, uma vez que:

“O efeito prospectivo de parte da decisão proferida no julgamento da


referida Ação Direta de Inconstitucionalidade – definindo que a sua
eficácia só começaria a surtir efeitos a partir de doze meses, contados da
data da publicação da ata daquele julgamento – não retirou o caráter
End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG
End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

retroativo do julgado (ex tunc), tendo apenas postergado a incidência desse


efeito em razão da necessidade de continuidade do serviço público e do
grande volume de servidores envolvidos” (REsp nº 1.806.086-MG, Rel.
Min. Gurgel de Faria, publicado em 07/08/2020).

E, tendo em vista que a presente ação foi ajuizada em 15-12-2020, outra


solução não há senão declarar prescrita a pretensão deduzida na petição
inicial no que concerne ao saldo de FGTS.

Da mesma forma, os demais pedidos formulados pela autora não merecem


acolhida.

Isso porque, conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal, o


período laborado pelo servidor efetivado pela LC nº 100/2007 não gera
qualquer outro direito, à exceção do saldo de salário e FGTS.

Nesse sentido:

EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO.


AGRAVO INTERNO EM RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM
AGRAVO. SERVIDOR PÚBLICO. CONTRATAÇÃO IRREGULAR.
LEI COMPLEMENTAR ESTADUAL Nº 100/2007. DECLARAÇÃO
DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. ADI 4.876/MG. DIREITO AO DEPÓSITO DO FGTS.
PRECEDENTES. 1. A contratação irregular de servidores públicos
temporários não gera quaisquer efeitos jurídicos válidos, com exceção do
direito à percepção dos salários referentes ao período trabalhado e ao
levantamento dos depósitos efetuados no Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço FGTS (Tema 916). 2. Nos termos do art. 85, § 11, do CPC/2015,
fica majorado em 25% o valor da verba honorária fixada anteriormente,
End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG
End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

observados os limites legais do art. 85, §§ 2º e 3º, do CPC/2015. 3. Agravo


interno a que se nega provimento. (ARE 1117033 AgR, Relator(a): Min.
ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 28/06/2019).

No mesmo sentido, cito ementa de acórdão proferido pelo TJMG:

Ementa. Reexame necessário e apelação - férias-prêmio - servidor


contratado - designações precárias - solução de continuidade - interrupção
dos contratos - prescrição - ocorrência - período posterior à efetivação da
LC 100, de 2007 - ausência de direito - aplicação da tese firmada no RE
705.140-RG - inexigibilidade de outras verbas, mesmo a título
indenizatório - segurança jurídica - sentença reformada - recurso
voluntário prejudicado. (...) 4. O Supremo Tribunal Federal entende
que o período laborado decorrente da efetivação pela LC 100, de
2007 não gera quaisquer direitos ao servidor, além de saldo de
salário e FGTS, razão pela qual se afasta o pleito de férias-prêmio
do servidor efetivado. 5. Aplicação da tese firmada no RE 705.140-RG.
Coesão da jurisprudência e segurança jurídica. (TJMG - Ap Cível/Rem
Necessária 1.0024.14.307109-0/001, Relator(a): Des.(a) Marcelo
Rodrigues, 2ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 03/03/2020, publicação
da súmula em 11/03/2020 – original sem grifos).

Dessa forma, a improcedência dos pedidos iniciais é medida impositiva.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fundamento no art. 487, I e II, do CPC, julgo


improcedentes os pedidos articulados na petição inicial.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, a teor


do art. 55 da Lei 9.099/1995.

Data maxima venia, respeitável decisão não poderá prevalecer, pelas seguintes
razões a seguir delineadas.

RAZÕES PARA REFORMA DA DECISÃO

I -DO PRAZO PARA PROPOSITURA DA AÇÃO

Inicialmente cumpre destacar que a r. decisão confunde o prazo de direito


prescricional para ajuizamento da ação com o prazo prescricional ao qual
retroagira o direito ao crédito requerido:

“..... Portanto, indaga-se: qual o primeiro evento prescritivo ocorrido na


espécie?

Detalho.

Se considerarmos 30 (trinta) anos a partir de 26-3-2014, temos a data fatal


de 26-3-2044.... (n.n.)”

Ocorre que a prescrição trintenária ou quinquenal não é para propositura da ação


e sim ao período no qual retroagirá os créditos lesionados da Recorrente sobre os
depósitos não efetuados.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

Assim, como em regra a prestação devida em relação ao FGTS é sucessiva,


discutir-se-á, se o direito irá retroagir a 5 ou 30 anos dos créditos mensais
lesionados.

Ocorre que na ação ajuizada, não se tratou de prestações sucessivas não


cumpridas.

Com efeito, no julgamento da ADI 4876, publicado em 01.04.2019, fora


reconhecido a inconstitucionalidade de trechos da Lei Complementar 100/2007,
que determinou a efetivação de funcionários designados.

Diante da modulação, os efeitos da decisão proferida na ADI 4876 deu-se em


31.12.2015.

Referida modulação decorreu do fato de que os alunos do Estado de Minas Gerais,


teriam prejuízo ao serem privado da noite do dia de professores.

“..Dessa forma, acolho parcialmente os embargos de declaração opostos pelo


Estado de Minas Gerais, para, em relação aos servidores da educação básica e
superior do Estado, estender o prazo de modulação dos efeitos até o final de
dezembro de 2015...”

Oportuno demonstrar que o vínculo da autora com o Estado encerrou-se em


01.01.2016, conforme documento acostado na inicial.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

Logo, até esta data, 29.12.2015, a Recorrente não tinha interesse de agir, visto que
para ela os efeitos da decisão só começaram a contar em 31.12.2015, nos termos da
modulação proferida na ADI 4876,

Assim, em 01.01.2016, data do encerramento do vínculo com o Estado de Minas


Gerais, começou a contar o prazo prescricional para propositura da ação, e não a
contar da data da publicação do julgamento do ARE 709.212, (13-11-2014), que
julgou a prescrição dos depósitos do FGTS, se quinquenal ou trintenária.

Quando da decisão do ARE, 13.11.2014, não havia lesão ao direito da Recorrente,


logo não há o que se falar em contagem do prazo prescricional para ajuizamento
da ação a contar desta data, conforme entendeu o juízo “ a quo” por falta de
interesse de agir,

Com efeito o prazo prescricional para propositura da ação é de 5 anos, nos termos
do Decreto 20910 de 1932 é de anos, a contar da lesão do direito, que começou a
fluir a contar dos efeitos da decisão da ADI 4876, qual seja 31.12.2015.

Destarte, r. decisão deve ser reformada.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

DO DIREITO AO FGTS

Inquestionável o direito da Recorrente ao percebimento do FGTS, no entanto in


casu, não estamos diante de um direito que foi sonegado mês a mês, e sim de um
direito que nasceu em 31.12.2015.

A partir desta data, o Estado tornou-se inadimplente com a Recorrente, pois


deveria ter calculado o valor devido a título de FGTS e recolhido na conta
vinculada da Recorrente, e a contar desta inadimplência, nasceu para Recorrente o
direito de se socorrer ao judiciário para adimplemento da obrigação.

Este direito, não foi violado mês a mês, pois até então o estado não estava
obrigado ao pagamento e a autora de boa-fé, até então estava sob o Regime
Estatutário, não fazendo jus ao recolhimento do FGTS, não tinha conhecimento da
lesão ao seu direito, pois este não existia.

A lesão só ocorreu, quando deve seu vínculo com o Recorrido encerrado face a
decisão na ADI 4186, face o efeito prospectivo constante na extensão da
modulação na ADI 4876, nos seguintes termos:

“Dessa forma, acolho parcialmente os embargos de declaração opostos pelo


Estado de Minas Gerais, para, em relação aos servidores da educação básica e
superior do Estado, estender o prazo de modulação dos efeitos até o final de
dezembro de 2015” (EMB.DECL. NA AÇÃO DIRETA DE
INCONSTITUCIONALIDADE 4.876 DISTRITO FEDERAl (25.05.2015 – Relator
Ministro Dias Toffolli).

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

A prospecção da modulação esta prevista no artigo 27 da Lei 9868 de 1999:

Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato


normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou
de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal
Federal, por maioria de dois terços de seus membros,
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só
tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro
momento que venha a ser fixado.

E sobre este tema, assim tem se posicionado o a Corte Suprema:

"A modulação temporal das decisões em controle judicial de


constitucionalidade decorre diretamente da Carta de 1988 ao
consubstanciar instrumento voltado à acomodação otimizada
entre o princípio da nulidade das leis inconstitucionais e outros
valores constitucionais relevantes, notadamente a segurança
jurídica e a proteção da confiança legítima, além de encontrar
lastro também no plano infraconstitucional (Lei nº 9.868/99, art.
27)." (ADI 4.425-QO, rel. min. Luiz Fux, julgamento em 25-3-
2015, Plenário, DJE de 4-8-2015.)

"A atribuição de efeitos prospectivos à declaração de inconstitucionalidade, dado o


seu caráter excepcional, somente tem cabimento quando o tribunal manifesta-se
expressamente sobre o tema, observando-se a exigência de quorum qualificado
previsto em lei." (AI 457.766-AgR, rel. min. Ricardo Lewandowski, julgamento em
3-4-2007, DJ de 11-5-2007.)

Importante ressaltar que a decisão proferida na ADI 4876, nos termos do artigo 28
da Lei supra exposta tem efeito vinculante:

Art. 28. Dentro do prazo de dez dias após o trânsito em


julgado da decisão, o Supremo Tribunal Federal fará publicar
em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da
União a parte dispositiva do acórdão.
Parágrafo único. A declaração de constitucionalidade ou de
inconstitucionalidade, inclusive a interpretação conforme a
Constituição e a declaração parcial de inconstitucionalidade
sem redução de texto, têm eficácia contra todos e efeito

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à


Administração Pública federal, estadual e municipal.

Também não há o que alegar que quando da decisão nasceu o direito ao


recolhimento, visto que foi dado efeito prospectivo para 31.12.15; o Estado estava
impossibilitado de recolher o FGTS da autora pois esta, face a decisão, ainda
estava no regime jurídico dos servidores estatutário, incompatível com
recolhimento do FGTS.

Seu direito ao pagamento do FGTS nasceu em 31.12.15, data na qual nasceu o


direito de ao menos, ter um direito social garantido, visto que até então era uma
servidora efetiva, com todos os direitos desta categoria, e com a declaração da
inconstitucionalidade da Lei que a efetivou, Lei Complementar 100/2007, ficou à
margem de qualquer proteção legal, em idade avançada, e não podendo concorrer
de igual para recolocação no mercado de trabalho.

Diante disto, a Suprema corte sempre reconheceu que para estas pessoas que
estavam de boa-fé, ao menos do direito social ao Fundo de Garantia é devido, para
que não ficassem mais marginalizados do que já estavam, não eram servidores
efetivos ao menos Celetistas, são trabalhadores que ficaram no limbo, sem
qualquer amparo legal.

Reitere-se, que no presente caso, não ocorreu uma lesão mês a mês, pois até então
não existia o direito da Recorrente nem a obrigação do Recorrido, logo a prescrição
não havia como ser contada a partir do mês no qual deveria ser efetuado o
depósito pois naquele mês não houve lesão.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

A lesão ocorreu quando nasceu o direito da autora, 31.12.15, quando dos efeitos da
decisão da ADI 4186.

DA SENTENÇA EXTRA PETITA

O juiz deve decidir a a lide nos limites em que foi proposta, sendo defeso conhecer
de questões, não suscitadas, a cujo respeito a lei exige a iniciativa das partes.

Não obstante a sentença acolher alegada prejudicial de mérito, não há esta tese
de defesa do Recorrido.

Logo a sentença foi extra petita pois a providência jurisdicional deferida foi


diversa da defesa arguida pelo réu.

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, nos termos do artigo 331 do NCPC, sendo facultado ao juiz ,
não ocorrendo retratação, requer esse Egrégio Tribunal que seja o presente recurso
de apelação conhecido com efeito suspensivo em consonância com o artigo 1.012,
inciso III e devolutivo nos termos do artigo 1.003, §1º ambos do NCPC e, quando
do seu julgamento , lhe seja dado integral provimento , no sentido de reformar a
sentença para que seja dada acolhida as preliminares de justiça gratuita e nulidade
de sentença, e caso superado a total procedência da ação sendo reconhecido o
direito da Recorrente ao fornecimento dos medicamentos mesmo que através de
terapias alternativas que comprovem se eficaz.

Termos em que,
Pede Deferimento.

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184
Cecília Myrelle Couto
Advocacia

Cecília Myrelle Couto


OAB/MG 203.997

End. 1: Rua São Paulo, 177 – Centro – Bom Despacho – MG


End. 2: Rua João Domingues de Oliveira, 40 – Centro – Ribeirão Pires – SP
Tel: (37) 999256286
Tel: (11) 977441184

Você também pode gostar