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Direito Civil II
Coisas, Posse e Propriedade

Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL II
Coisas, Posse e Propriedade
Prof. Dicler Forestieri

SUMÁRIO
Posse e Propriedade.....................................................................................5
1. Posse.....................................................................................................7
1.1. Teorias sobre a Posse............................................................................7
1.2. Espécies de Posse.................................................................................9
1.3. Aquisição da Posse.............................................................................. 15
1.4. Efeitos da Posse.................................................................................. 17
1.5. Perda da Posse................................................................................... 25
2. Propriedade.......................................................................................... 25
2.1. A Propriedade do Subsolo, do Solo e do Espaço Aéreo.............................. 28
2.2. Características do Direito de Propriedade................................................ 29
2.3. Classificação da Propriedade................................................................. 30
2.4. A Descoberta...................................................................................... 30
2.5. Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel........................................... 32
2.6. Aquisição da Propriedade Móvel............................................................ 40
2.7. Perda da Propriedade Imóvel................................................................ 45
3. Direito de Vizinhança.............................................................................. 47
Questões de Concurso................................................................................ 53
Gabarito................................................................................................... 79
Questões Comentadas................................................................................ 80

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Coisas, Posse e Propriedade
Prof. Dicler Forestieri

Introdução

Querido(a) aluno(a), sou Dicler Forestieri Ferreira, atualmente ministro aulas

presenciais e, a distância, de Direito Civil, Direito Penal e Legislação Tributária Mu-

nicipal em diversos cursos do Brasil.

Ocupei, por mais de nove anos, o cargo de Auditor-fiscal tributário do Muni-

cípio de São Paulo (ISS-SP). Fui aprovado em São Paulo no concurso de 2006 e

entrei em exercício no ano de 2007. Antes desse concurso, também exerci o cargo

de Auditor-fiscal de Tributos do Estado da Paraíba (ICMS-PB, 2006) e fui Oficial

da Marinha do Brasil durante doze anos e meio; além de ter sido aprovado em 6º

lugar para o concurso de Auditor-fiscal de Tributos do Estado do Rio Grande do Sul

(ICMS-RS, 2006). Após algum tempo somente dando aulas, retomei os estudos e

recentemente fui aprovado em 16º lugar no TCE-AM em 2015 (Auditor-substituto

de Conselheiro) e em 2º lugar no TCM-RJ (Tribunal de Contas do Município do Rio

de Janeiro) em 2015/2016 (Conselheiro-substituto), cargo que ocupo atualmente.

Por ter sido aprovado em alguns excelentes concursos, creio ter condições de

mostrar a melhor forma para conseguir tal sucesso. Entretanto, nem só de glórias

é feita a vida de um “concurseiro”, pois também fui reprovado em outros 13 con-

cursos, ou seja, também sei o que não deve ser feito para ser reprovado.

Além de ter escrito dois livros de Direito Penal, sou coautor de dois livros de

questões comentadas de Direito Civil, um da banca Cespe/UnB e outro da Funda-

ção Carlos Chagas.

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Com isso, espero poder ajudá-lo(a) nessa árdua caminhada que é a preparação

para concursos públicos.

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POSSE E PROPRIEDADE

O direito das coisas é o complexo das normas reguladoras das relações jurí-

dicas concernentes aos bens corpóreos suscetíveis de apropriação pelo homem. O

Código Civil divide a matéria em duas partes: posse e direitos reais, dedicando, a

esta última, títulos específicos à propriedade e a cada um de seus desmembramen-

tos, denominados direitos reais sobre coisas alheias.

Dessa forma, estudaremos que a propriedade é um direito mais abrangente que

a posse, pois esta (posse) representa parte dos poderes da primeira (propriedade).

Nesse contexto, o legislador não deu margem para a existência de dúvidas e

apontou um rol taxativo dos direitos reais no art. 1.225 do CC.

Art. 1.225. São direitos reais:


I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese.
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei n. 11.481,
de 2007)
XII – a concessão de direito real de uso; e (Redação dada pela Lei n. 13.465, de 2017)
XIII – a laje. (Redação dada pela Lei n. 13.465, de 2017)

Percebe-se que a posse, por representar apenas parte do direito de proprieda-

de, não está elencada no rol apresentado. Com isso, conclui-se que a posse é um

instituto do Direito das Coisas, mas não é um Direito Real.

Para efeitos de concurso público, o direito real mais importante é a propriedade.

Veremos isso ao longo dessa aula.

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A posse não é um direito real, apesar de ser um instituto jurídico estudado dentro

do direito das coisas!!!

Cabe também diferenciarmos os conceitos de direto real e de direito pessoal.

• Direito real: é o poder jurídico, direito e imediato, do titular sobre a coisa,

com exclusividade e contra todos (oponibilidade erga omnes).

• Direito pessoal: consiste em uma relação jurídica pela qual o sujeito ativo pode

exigir do sujeito passivo uma determinada prestação (efeito inter partes).

A tabela a seguir permite uma melhor visualização:

Direitos Reais Direitos Pessoais


Têm por objeto a res (coisa). Podem ser exercidos contra a própria pessoa.
Prevalece o ter. Prevalece o fazer.
Recaem sobre coisas determinadas. Podem não recair sobre coisa certa.
São de enumeração legal taxativa. Ultrapassam a enumeração da lei.
Se exercitam contra todos Pressupõem um sujeito passivo discriminado
(efeitos erga omnes). (efeitos inter partes).

Pensando em detalhar o caminho a ser percorrido na aula de hoje, temos, a se-

guir, uma tabela em que consta a divisão feita pela doutrina sobre os direitos reais.

Entretanto, apenas a posse e a propriedade serão estudadas na aula de hoje.

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Divisão dos Direitos Reais

Direitos reais
sobre coisa • propriedade.
própria

• enfiteuse;
• superfície;
• servidão predial;
De gozo ou fruição
• usufruto;
• uso;
• habitação.

Direitos reais • penhor;


sobre coisa • hipoteca;
De garantia
alheia • anticrese;
• alienação fiduciária em garantia.

• compromisso ou promessa irretratável de


De aquisição
compra e venda.

• concessão de uso especial para fins de moradia;


De interesse social
• concessão de direito real de uso.

Sobre o Direito de Laje, que foi recentemente inserido no rol dos Direitos Reais,

há quem diga que se trata de um Direito Real sobre Coisa Própria por derivar da

propriedade. Outra parte da doutrina entende que se trata de um Direito Real de

Gozo ou Fruição, tendo origem na Superfície.

1. Posse

1.1. Teorias sobre a Posse

Duas teorias relevantes conceituam o que vem a ser a posse: a teoria subjetiva

e a teoria objetiva.

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Teoria Subjetiva

Tendo Savigny como principal responsável, define a posse como um poder fí-

sico sobre a coisa, com a intenção de tê-la para si. Dessa forma, podemos apontar

dois elementos caracterizadores: o corpus e o animus. O corpus seria o contato

físico com a coisa, isto é, a detenção, ao passo que o animus seria a intenção de

possuí-la como dono.

De acordo com a teoria subjetiva, o locatário e o usufrutuário não seriam pos-

suidores, pois eles detêm a coisa em nome alheio, sem a intenção de permanecer

definitivamente com ela (animus domini).

Teoria Objetiva

Tendo Ihering como principal responsável, sustenta que a existência da posse

dependeria exclusivamente do corpus, dispensando-se a presença do animus.

De acordo com a teoria objetiva, o locatário e o usufrutuário seriam possuido-

res, pois eles detêm a coisa e possuem contato físico com ela.

Qual foi a teoria adotada pelo Código Civil de 2002?

A resposta se dá no art. 1.196 do CC:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

A boa doutrina diz que o dispositivo em questão se refere à teoria objetiva.

A posse é uma situação de fato que, por aparentar ser uma situação de Direito,

recebe proteção da lei. Ou seja, pode-se dizer que a posse é o efetivo exercício de

alguns dos poderes da propriedade (gozar, reaver, usar e dispor da coisa) por aque-

le que não é o proprietário (é apenas possuidor).

Nem sempre a aparência de dono revela a existência da posse. É o que ocorre com

a detenção, também chamada de flâmula de posse ou posse natural. O detentor é

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aquele que se acha em relação de dependência para com outro e conserva a posse em

nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas, bem como aquele que

pratica os atos por mera permissão ou tolerância. Vide o art. 1.198 do CC:

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependên-


cia para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.
Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo,
em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário.

Como exemplos de detentores, temos o vigia e o caseiro, com relação à casa

que tomam conta; o motorista, com relação ao carro que dirige etc.

Conceito de Posse

• Teoria subjetiva (Savigny): corpus (poder de disponibilidade sobre a

coisa) e animus domini (intenção de ter a coisa).

• Teoria objetiva (Ihering): corpus (simples poder de disponibilidade sobre

a coisa).

O Código Civil adotou a teoria objetiva, portanto, para haver posse, não precisa

haver intenção de ter a coisa. É possível a posse sem a propriedade (intenção de

ter a coisa).

Ex.: um inquilino de um apartamento é possuidor (tem disponibilidade sobre a coi-

sa), mas não é proprietário (não é o dono da coisa).

1.2. Espécies de Posse

Existem várias formas de se classificar a posse. Entre elas, as principais são:

• posse direta e indireta;

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• posse justa e injusta;

• posse de boa-fé e de má-fé;

• posse ad usucapionem e ad interdicta;

• posse nova e velha; e

• posse pro diviso e pro indiviso.

Vamos tratar de cada uma separadamente.

Posse Direta X Posse Indireta

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

Quando duas pessoas têm a posse sobre a mesma coisa, mas em graus dife-

rentes, ficando um dos possuidores privados do uso imediato da coisa, a posse se

divide em direta e indireta.

Possuidor direto ou imediato é o que detém materialmente a coisa (ex.:

locatário de um bem).

Possuidor indireto ou mediato é o proprietário que concede o direito de

usar a outro (ex.: locador).

O dispositivo legal em análise, além da divisão da posse em direta e indireta,

trata de dois importantes conceitos:

• a posse direta não anula a indireta: dessa forma, se algumas pesso-

as invadem um imóvel alugado, o locador (possuidor indireto) pode mover

ações possessórias contra os invasores, mesmo que o possuidor direto seja

o inquilino (locatário); e

• o possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto:

dessa forma, se o locador invade o imóvel locado durante a vigência do contrato

de locação, o locatário expulso pode ajuizar uma ação de reintegração de posse.

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Posse Justa X Posse Injusta

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

O artigo em análise trata a posse justa como aquela que não apresenta vícios,

dessa forma, a contrario sensu, a posse injusta é aquela que apresenta vícios.

São três os vícios que podem tornar a posse injusta:

• Violência: ocorre quando a posse é adquirida mediante esforço físico ou gra-

ve ameaça. Tem certa semelhança com o crime de roubo.

Ex.: um movimento popular invade, violentamente, removendo obstáculos, uma

fazenda que estava cumprindo perfeitamente a sua função social.

• Clandestinidade: ocorre quando a posse é adquirida às ocultas do proprie-

tário ou do possuidor. Tem certa semelhança com o crime de furto.

Ex.: um movimento popular invade, à noite e sem violência, uma propriedade rural

que está sendo utilizada pelo proprietário, cumprindo a sua função social.

• Precariedade: ocorre quando o possuidor direto, vencido o prazo de duração

da relação jurídica, se recusa a restituir a coisa ao possuidor indireto; ou seja,

decorre de um abuso de confiança por parte de quem recebe a coisa a título

provisório. Tem certa semelhança com o crime de apropriação indébita.

Ex.: o locatário de um bem móvel que não devolve o veículo ao final do contrato

de locação.

Os vícios citados podem convalescer (desaparecer com o decurso

de tempo)?

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Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.

De acordo com o artigo anterior, os vícios da violência e da clandestinidade podem

convalescer. Entretanto, o mesmo não se pode dizer sobre o vício da precariedade.

Qual é o período de tempo para convalescer os vícios da violência e da

clandestinidade?

Art. 558. do NCPC. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse


as normas da Seção II deste Capítulo quando a ação for proposta dentro de ano e dia
da turbação ou do esbulho afirmado na petição inicial.
Parágrafo único. Passado o prazo referido no caput, será comum o procedimento, não
perdendo, contudo, o caráter possessório.

Segundo o art. 558 do Novo Código de Processo Civil, as ações possessórias

para reaver o bem que foi tomado de forma violenta ou clandestina deve ser pro-

posta no prazo de ano e dia. Após esse período, a posse injusta pela violência ou

clandestinidade passa a ser justa.

Dessa forma, a explicação anterior acaba “quebrando” a regra prevista no art.

1.203 do CC.

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter
com que foi adquirida.

Conclui-se que a continuação do caráter de aquisição da posse, salientado no

artigo em questão, atinge somente a posse precária, que é insuscetível de convali-

dação, sendo, portanto, insanável.

Posse de Boa-Fé X Posse de Má-Fé

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que im-
pede a aquisição da coisa.
Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo
prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção.

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Terá boa-fé o possuidor que estiver convicto de que a coisa realmente lhe per-

tence, sem saber que está prejudicando o direito de outra pessoa, por ignorar a

existência de vício que lhe impede a aquisição da coisa.

Ou seja, tal classificação da posse é um estado de consciência. Se o possuidor

ignora a existência do vício na aquisição da posse, então temos a posse de boa-

-fé. Por outro lado, se o vício é de seu conhecimento, então a posse é de má-fé.

Não se deve confundir a posse de boa-fé com a posse justa. Para verificar se a pos-

se é de boa-fé, temos um critério psicológico (subjetivo). Por outro lado, para veri-

ficar se a posse é justa, estamos diante de um critério objetivo, bastando o exame

da existência ou não dos vícios.

Posse de boa-fé/Posse de má-fé → critério subjetivo.

Posse justa/Posse injusta → critério objetivo.

Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que
as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente.

Sendo a boa-fé um estado de consciência, a partir do momento que surge a

presunção de que o possuidor não ignora a existência de vícios, surgirá a má-fé.

Posse ad interdicta X Posse ad usucapionem

A posse ad interdicta é aquela que pode ser defendida pelos interditos ou

ações possessórias quando houver moléstia. Entretanto, o seu prolongamento não

é capaz de conduzir à usucapião, pois o possuidor não possui a intenção de ter a

coisa em definitivo (animus domini). Como exemplo de posse ad interdicta, temos

o locatário de um apartamento.

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A posse ad usucapionem é a exercida com a intenção de ter a coisa em defi-

nitivo (animus domini), devendo também ser mansa, pacífica, ininterrupta, justa e

durante o lapso de tempo necessário à aquisição da propriedade. É o tipo de posse

que possibilita a aquisição da propriedade por meio da usucapião.

Posse Nova X Posse Velha

A classificação da posse em nova ou velha é baseada no tempo de posse. A pos-

se nova é a que conta menos de ano e dia, ao passo que a posse velha é a que

conta mais de ano e dia.

A influência dessa classificação gera efeitos na esfera processual, interferindo

nos ritos processuais.

Posse pro diviso X Posse pro indiviso

Este assunto está relacionado com a composse, ou seja, quando há uma posse

em comum e do mesmo grau entre duas ou mais pessoas. É o que ocorre com os

cônjuges no regime da comunhão universal de bens.

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer
sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

A posse pro indiviso é a composse de direito e de fato, na qual cada compossui-

dor tem o direito de exercer a posse sobre o todo, não podendo um excluir a posse do

outro. Caso ocorra tal exclusão, o compossuidor turbado ou esbulhado poderá mover

ação possessória contra o outro compossuidor para reapoderar-se da coisa.

Ex.: quando um casal mora em uma casa, um não pode limitar o outro a transitar

em determinadas partes da casa, pois os dois exercem uma posse pro indiviso.

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A posse pro diviso é a composse de direito, mas não de fato, na qual cada

compossuidor não tem o direito de possuir a parte da área reservada ao outro.

Nesse tipo de composse, um dos compossuidores pode impedir o acesso do outro

à sua área. Na prática, existe uma divisão fática, mas no título de propriedade não

há tal divisão.

Ex.: quando dois irmãos possuem uma fazenda e um planta beterrabas na sua

metade e o outro planta batatas na segunda metade.

1.3. Aquisição da Posse

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,
em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

O momento de aquisição da posse ocorre quando a pessoa puder exercer, em

nome próprio, alguns dos poderes inerentes à propriedade (Gozar, Reaver, Usar e

Dispor – GRUD).

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

As pessoas que podem adquirir a posse são:

• a própria pessoa que pretende ter a posse;

• o representante legal – quando o titular for incapaz e necessitar de

um representante;

• o procurador – quando houver uma procuração nomeando um represen-

tante convencional;

• o terceiro sem mandato – quando alguém, sem procuração, adquire a posse para

outrem, tal aquisição fica na dependência de ratificação da pessoa interessada.

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Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os


mesmos caracteres.

Havendo a transmissão causa mortis da posse, os herdeiros ou legatários to-

mam o lugar do de cujus, continuando a posse com os mesmos caracteres (vícios

ou qualidades).

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao


sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

A acessão da posse é a soma do tempo de posse do atual possuidor com o de

seus antecessores. Podem ser de duas espécies, como veremos a seguir.

Acessão por Sucessão

Ocorre na sucessão a título universal, ou seja, quando o sucessor substitui o

titular primitivo na totalidade dos bens ou numa quota ideal deles. Como exemplo

temos o herdeiro que recebe 50% dos bens do de cujus.

Nesse caso, o sucessor irá continuar a posse que já havia sido iniciada.

Acessão por União

Ocorre na sucessão a título singular, ou seja, quando o sucessor adquire di-

reitos ou coisas determinadas, como o comprador, o donatário e o legatário. Nesse

caso, existe a possibilidade de o sucessor continuar a somar a sua posse à posse

do antecessor se lhe convier. Caso a faculdade de opção seja exercida, a posse per-

manecerá com os mesmos caracteres da posse original.

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Na sucessão a título universal, bem como na sucessão a título singular, as pos-

ses (anterior e posterior) podem ser utilizadas para conduzir a aquisição da pro-

priedade por usucapião.

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.

Atos de mera permissão ou tolerância, tal como o caseiro que mora na fa-

zenda, não caracterizam uma posse, mas apenas uma mera detenção.

Igualmente acontece com os atos violentos e clandestinos, que são capazes

de gerar posse apenas depois que cessar a violência ou a clandestinidade.

Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis
que nele estiverem.

A regra desse artigo está fundamentada na presunção juris tantum (relativa) de

que os bens móveis, como acessórios, pertencem ao respectivo imóvel. Ou seja,

presume-se que o sofá localizado na sala de uma casa é do possuidor da casa.

1.4. Efeitos da Posse

Os principais efeitos da posse são:

• direito ao uso dos interditos;

• defesa direta;

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• percepção dos frutos;

• indenizações por benfeitorias;

• direito de retenção por benfeitorias; e

• responsabilidade pelas deteriorações.

Vamos tratar de cada um deles separadamente.

A Faculdade de Usar os Interditos

Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.

Os interditos são as ações possessórias. Tais ações são cabíveis quando a posse

for justa, pouco importando se a posse é de boa-fé ou de má-fé, direta ou indireta.

São três os tipos de interditos possessórios.

• Ação de reintegração de posse: é a ação apropriada para o caso concre-

to em que o possuidor tenha sido desapossado, em decorrência de esbulho

(perda da posse), pouco importando se total ou parcial, e para que seja re-

conduzido à posse, seja restituído o possuidor na posse. É o interdito especí-

fico para que o possuidor retome uma posse que lhe tenha sido tomada por

qualquer ato violento ou derivado de precariedade ou clandestinidade.

• Ação de manutenção da posse: é a ação destinada para a proteção do pos-

suidor na posse contra atos de turbação de outrem, cujo objetivo é garantir

principalmente a posse de imóveis e a quase-posse das servidões e só terá

utilização se o possuidor for molestado na sua posse, isto é, se o possuidor,

sem perder a sua posse, vem a ser perturbado nela. Tem o objetivo de fazer

cessar o ato do turbador, que molesta o exercício da posse, contudo sem de-

saparecer a própria posse.

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• Interdito proibitório: é uma ação de natureza preventiva, desdobrada da

ação de manutenção de posse. É apropriada para que o possuidor, em vias de

comprovada ameaça, proponha e receba a devida segurança, que nada mais

é do que uma ordem judicial proibitória (daí o seu nome), para impedir que

se concretize tal ameaça, acompanhada de pena ou castigo para a hipótese

de falta de cumprimento dessa ordem.

Segue o gráfico esquemático abaixo:

Interdito proibitório Manutenção da posse Reintegração da posse


(proteção preventiva) (após a turbação) (após a perda)

Existem ainda outros tipos de ações possessórias, mas o assunto será estudado

com mais detalhes no Direito Processual Civil.

• Imissão na posse: utilizada quando o proprietário, por meio da transcrição

de seu título, adquire o domínio da coisa que o alienante, ou terceiros, persis-

tem em não lhe entregar.

• Nunciação de obra nova: utilizada para impedir que nova obra em prédio

vizinho prejudique o confinante.

• Embargos de terceiro senhor e possuidor: utilizada com a finalidade de

defender os bens possuídos, não sendo parte no feito, sofre turbação ou esbu-

lho na posse de seus bens, por efeito de penhora, depósito, arresto, sequestro,

venda judicial, arrecadação, partilha ou outro ato de apreensão judicial.

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Defesa Direta da Posse

Art. 1.210
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua pró-
pria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir
além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

Por meio do referido dispositivo, o legislador admite dois meios hábeis para a
proteção possessória:
• legítima defesa da posse – é a reação imediata (logo) e moderada (não
pode ir além da violência necessária à manutenção ou restituição da posse) à
turbação (moléstia) da posse; e
• desforço imediato – é a reação imediata (logo) e moderada (não pode ir
além da violência necessária à manutenção ou restituição da posse) ao es-
bulho (perda) da posse.

Na legítima defesa, a violência é empregada para impedir a perda da posse,


ao passo que, no desforço imediato, a violência é empregada para recuperar a
posse perdida.

Sobre o elemento temporal da reação ao esbulho ou à turbação, se ela for tar-


dia, ficará caracterizado o crime previsto no art. 345 do Código Penal: Exercício
Arbitrário das Próprias Razões.

Art. 1.210, § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de pro-


priedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Ainda no art. 1.210 do CC, o fato de outra pessoa estar questionando a pro-
priedade ou outro direito sobre a coisa turbada ou esbulhada não impede que o

possuidor intente ação de manutenção da posse ou ação de reintegração da posse.

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Percepção dos Frutos


Conforme já estudamos anteriormente, frutos são produções normais e periódi-
cas da coisa, podendo ser, quanto à origem, naturais, industriais ou civis. Por outro
lado, quando classificados de acordo com o seu estado, dividem-se em pendentes,
percebidos ou colhidos, estantes, percipiendos e consumidos.

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebi-
dos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser res-
tituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também
restituídos os frutos colhidos com antecipação.

O possuidor de boa-fé, nos termos do art. 1.214 do CC, tem direito aos frutos
percebidos ou colhidos de forma tempestiva. Ou seja, o possuidor de boa-fé não
é obrigado a devolver os frutos que colher durante a posse. Entretanto, os frutos
pendentes, que ainda não foram separados do bem principal, devem ser devolvidos
ou ter o valor compensado com as despesas de produção e custeio.
Como exemplo, se o possuidor de boa-fé plantar e colher, então terá direito
ao que for colhido (fruto percebido), porém, a plantação que ainda não foi colhida
(fruto pendente), como regra, terá de ser devolvida, caso ocorra o fim da posse.
Os frutos que, fraudulentamente, forem colhidos de forma antecipada, também
devem ser restituídos, sob pena de locupletação da coisa alheia.
Conclui-se que a lei ampara o interesse do possuidor de boa-fé, por ser mais
próximo do interesse social, pois explorando a coisa, o possuidor de boa-fé dá uma
destinação econômico-social para o bem.

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que
são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

Se os frutos forem naturais (resultantes de força orgânica da natureza) ou in-


dustriais (decorrentes do engenho humano), serão tidos como colhidos e percebi-

dos no momento da separação de sua fonte.

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Como exemplo, temos as frutas separadas do pé, o tecido que sai do tear etc.

Em se tratando de frutos civis (ex.: juros, aluguéis etc.), independente do dia

do pagamento, reputam-se percebidos dia a dia.

Momento em que são considerados percebidos


Frutos naturais e industriais Separação do bem principal.
Frutos civis Dia a dia.

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

O artigo em questão pune o dolo e a malícia do possuidor de má-fé ao exigir que

ele responda por todos os danos que causou com os frutos colhidos e percebidos.

Indenização por Benfeitorias e Direito de Retenção

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessá-
rias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-
rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias.

O possuidor de boa-fé tem o direito de ser indenizado pelos melhoramentos que

introduziu no bem. Entretanto, deve-se atentar para qual o tipo de melhoramento

que foi introduzido.

O possuidor de má-fé também tem alguns direitos pelos melhoramentos intro-

duzidos, de acordo com a espécie.

O quadro a seguir indica quando poderá haver a indenização.

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Tem direito à indenização quanto às benfeitorias necessárias,


úteis e voluptuárias, mas só pode exercer o direito de retenção
Possuidor de boa-fé
nas duas primeiras. Nas benfeitorias voluptuárias, caso a indeniza-
ção seja negada, o possuidor pode levá-las consigo.

Tem direito à indenização quanto às benfeitorias necessárias.


Possuidor de má-fé Entretanto, ele não pode exercer o direito de retenção, tampouco
o direito de levantar.

Enquanto não for paga a indenização ao possuidor de boa-fé pelas benfeitorias

necessárias e úteis, será cabível o direito de retenção (meio de defesa pelo o qual o

credor continua a deter o bem até que ocorra a indenização). Tal direito de retenção

não se aplica ao possuidor de má-fé.

Quanto às benfeitorias voluptuárias, o possuidor de boa-fé poderá levantá-las,

ou seja, levá-las consigo. Entretanto, tal direito não assiste ao possuidor de má-fé.

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimen-


to se ao tempo da evicção ainda existirem.

Caso o possuidor esteja obrigado a ressarcir alguma coisa, poderá haver a com-

pensação entre o valor utilizado com as benfeitorias e o valor a ser pago a título de

ressarcimento.

Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-


-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé
indenizará pelo valor atual.

Sobre o valor a ser indenizado em decorrência da realização de benfeitorias, o

legislador faculta que o reivindicante escolha entre o valor atual e o valor de custo,

em se tratando de um possuidor de má-fé; porém, se o possuidor for de boa-fé, a

indenização deverá ser feita pelo valor atual.

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Responsabilidade pelas Deteriorações

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa a
que não der causa.

O dispositivo regula a responsabilidade civil do possuidor de boa-fé pela perda

ou deterioração do bem a que não der causa, pois a responsabilidade existirá so-

mente para as hipóteses em que ocorrer dolo ou culpa de sua parte.

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse
do reivindicante.

Sobre o possuidor de má-fé, a única exceção à responsabilidade civil de

indenizar encontra-se na possibilidade de o possuidor de má-fé provar que o

resultado danoso ocorreria do mesmo modo se o bem estivesse em poder do

postulante (“reivindicante”).

Sobre os efeitos da posse, resumidamente, temos o seguinte:

Direitos Possuidor de Boa-Fé Possuidor de Má-Fé


Faculdade de invocar inter- Todos possuem o direito de invocar os interditos, basta que a posse
ditos (ações possessórias) seja justa em relação ao adversário.
Defesa direta da posse Turbação (moléstia)  legítima defesa.
Esbulho (perda)  desforço imediato.
São admitidos desde que feitos de forma imediata.
Percepção dos frutos Tem direito aos frutos percebi- Responde pelos frutos percebidos
dos (colhidos). (colhidos).
Indenização por benfeito- Tem direito à indenização das Tem direito à indenização das
rias e direito de retenção benfeitorias úteis e necessárias benfeitorias necessárias apenas,
e direito de retenção do imóvel mas não tem direito de retenção
pela indenização do valor gasto. do imóvel pelo pleito de indeni-
Tem direito a levantar as benfei- zação.
torias voluptuárias.
Responsabilidade pela dete- CF ou FM  não responde. CF ou FM  responde.
rioração ou perda da coisa Culpa  responde. Culpa  responde.

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1.5. Perda da Posse

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o
poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

O possuidor perde a posse quando não há mais, contra sua vontade, poder fático

de ingerência socioeconômica sobre determinado bem. Tais poderes são o GRUD.

Entretanto, o possuidor esbulhado só vem a perder a posse de um bem quando não

busca a reintegração dentro do período de ano e dia, que passa a funcionar como

uma espécie de condição suspensiva.

Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho,
quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é
violentamente repelido.

O dispositivo legal quer dizer que a simples ausência não importa na perda da pos-

se, podendo o possuidor, embora ausente, continuar a posse solo animo, ainda que a

coisa possuída por ele tenha sido ocupada por um terceiro, durante a sua ausência.

2. Propriedade

Propriedade é o direito que a pessoa física ou jurídica tem de usar (faculdade

de servir-se da coisa e utilizá-la da maneira que convier), gozar (retirar os frutos e

utilizar os produtos), dispor (alienar ou consumir) de um bem ou reavê-lo (reivin-

dicar) de quem injustamente o possua ou detenha.

Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direi-
to de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

GOZAR (jus fruendi)


Poderes da propriedade REAVER (rei vindicato)
(GRUD) USAR (jus utendi)
DISPOR (jus disponendi)

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Art. 1.228, § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas
finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade
com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio eco-
lógico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.

Aqui está consagrado o princípio da função econômico-social da proprie-

dade, preconizado no art. 5º, XXIII, da Constituição Federal, que visa coibir abusos

e que haja prejuízo ao bem-estar social.

A função econômico-social da propriedade é um conceito que foi construído ao

longo de muitas décadas. De forma simplificada, dizer que a propriedade atende a

uma função social é dizer que a ela é dada uma forma de conceito do habitante de

determinado local, dentro do contexto da sociedade em que se insere.

Terrenos ou edificações ociosos em área urbana não atendem à sua função

social. A partir do momento, no entanto, em que é dada finalidade àquele imó-

vel, seja ele usado para moradia ou para fins comerciais, diz-se que ele atende

a uma função social.

A função social, portanto, é conceito intrínseco à própria propriedade privada.

Não basta a titularidade, o proprietário deve estar sensibilizado para com o dever

social imposto pela própria Constituição.

Art. 1.228, § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodi-
dade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

O proprietário não pode praticar dolosamente, no exercício normal do direito de

propriedade, atos com a intenção de causar dano a outrem e não de satisfazer uma

necessidade sua ou interesse seu.

Dessa forma, não se pode construir uma chaminé falsa para única e exclusivamente

bloquear o sol da piscina do vizinho, pois tal conduta representa um ato emulativo. Os

atos emulativos são considerados atos ilícitos e, por isso, são vedados.

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Art. 1.228, § 3o O proprietário pode ser privado da coisa, nos casos de desapropria-
ção, por necessidade ou utilidade pública ou interesse social, bem como no de requisi-
ção, em caso de perigo público iminente.

A desapropriação é uma modalidade especial de perda da propriedade imobili-

ária pela qual o Poder Público, compulsoriamente, despoja alguém de uma proprie-

dade e a adquire para si, mediante indenização prévia e em dinheiro ou títulos da

dívida pública, fundada em um interesse público. O assunto é estudado de forma

mais aprofundada no âmbito do Direito Administrativo.

A requisição é um ato pelo qual o Estado, em proveito de um interesse público,

constitui alguém, de modo unilateral e autoexecutório, na obrigação de prestar-lhe

serviço ou ceder-lhe transitoriamente o uso de uma coisa, obrigando-se a indenizar

os prejuízos que tal medida efetivamente acarretar ao obrigado.

Art. 1.228
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado con-
sistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos,
de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto
ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e
econômico relevante.
§ 5o No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao
proprietário; pago o preço, valerá a sentença como título para o registro do imóvel em
nome dos possuidores.

Os §§ 4º e 5º tratam da desapropriação judicial fundada na posse “pro

labore” que também ocorrerá mediante uma justa indenização.

Com base no princípio da função econômico-social da propriedade, dá-se es-

pecial proteção à posse trabalho, isto é, à posse ininterrupta e de boa-fé por mais

de 5 anos de uma extensa área que traduza um trabalho criador de um número

considerável de pessoas.

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2.1. A Propriedade do Subsolo, do Solo e do Espaço Aéreo

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo corresponden-


tes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se
a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que
não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

A propriedade de um terreno abrange a do subsolo correspondente, bem como

a do espaço aéreo acima do solo. Entretanto, o proprietário não pode se opor à uti-

lização do seu subsolo e do seu espaço aéreo quando por terceiros, caso não tenha

um interesse legítimo.

Como exemplo, o proprietário de um terreno não pode impedir que passe um

avião por cima de seu terreno a 2.000 metros de altura; ou então, ou impedir que

se perfure 300 metros abaixo de seu terreno para instalação de metrô.

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros
bens referidos por leis especiais.
Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais
de emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação
industrial, obedecido o disposto em lei especial.

Apesar do proprietário do solo também ser proprietário do subsolo e do espaço

aéreo correspondentes, ele não será proprietário das minas. Jazidas e energia hi-

dráulica que, pelo art. 176 da CF, pertencem ao patrimônio da União, para efeito de

sua exploração ou aproveitamento.

Art. 176 da CF – As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os poten-


ciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de
exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a
propriedade do produto da lavra.
[...].
§ 2º É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma
e no valor que dispuser a lei.

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Entretanto, a participação nos resultados da lavra e o direito de explorar os re-

cursos minerais que puderem ser utilizados imediatamente na construção civil são

garantidos ao dono do solo.

A seguir, temos uma tabela que resume o assunto. Ressalto que já vi várias

questões das bancas FCC e CESPE/UnB que tratam destes conceitos. Como as de-

mais tendem a segui-las, recomendo o estudo sólido deste ponto.

Propriedade do Solo
Subsolo e espaço aéreo correspondentes Abrange, porém o proprietário não pode se opor a ati-
vidades de terceiros que não tenha interesse legítimo.
Jazidas, minas e demais recursos mine- Não abrange, mas é assegurado ao proprietário parti-
rais, os potenciais de energia hidráu- cipação nos resultados da lavra.
lica, os monumentos arqueológicos e
outros bens referidos por leis especiais
Recursos minerais de emprego ime- Podem ser explorados pelo proprietário, desde que
diato na construção civil não sejam submetidos à transformação industrial.

2.2. Características do Direito de Propriedade

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

O direito de propriedade apresenta três características essenciais: é absoluto,

exclusivo e irrevogável ou perpétuo.

• Absoluto: é o mais completo dos direitos reais; o seu titular pode utilizar o

bem como quiser, sujeitando-se apenas às limitações legais impostas (inte-

resse público) ou coexistência do direito de propriedade de outros titulares.

• Exclusivo: a mesma coisa não pode pertencer com exclusividade (portanto,

ressalvado o condomínio) e simultaneamente a duas ou mais pessoas.

• Irrevogável ou perpétuo: a duração da propriedade é ilimitada, não cessa

pelo não uso e é transmissível com a morte.

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2.3. Classificação da Propriedade

A propriedade classifica-se em:

• plena (ou alodial) – quando o proprietário tem o direito de uso, gozo e dis-

posição plena enfeixados em suas mãos, sem que terceiros tenham qual-

quer direito sobre àquele bem. Todos os elementos estão reunidos nas

mãos do seu titular;

• limitada (ou restrita) – quando o proprietário tem sobre propriedade al-

gum ônus (ex.: hipoteca, servidão, usufruto etc.), ou quando for resolúvel

(se extinguirá com um acontecimento futuro).

Na verdade, o direito de propriedade é composto de duas partes destacáveis:

• nua-propriedade – corresponde à titularidade, ao fato de ser proprietário e

ter o bem em seu nome. Costuma-se dizer que a nua-propriedade é aquela

despida dos atributos do uso e da fruição, tendo direito à essência, à

substância da coisa. A pessoa recebe o nome de nu-proprietário, senhorio

direto ou proprietário direto;

• domínio útil – corresponde ao direito de usar, gozar e dispor da coisa.

Dependendo do direito que tem, recebe nome diferente: enfiteuta, usufrutuá-

rio etc. Dessa forma, uma pessoa pode ser o titular, o proprietário, ter o bem

registrado em seu nome e outra pessoa pode ter direitos de usar, gozar e até

dispor daquele bem, em virtude de um contrato. Ex.: usufruto.

2.4. A Descoberta

A descoberta é o achado de coisa perdida por seu dono, sendo descobridor

aquele que encontra a coisa.

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Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legí-
timo possuidor.
Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o en-
contrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.

A descoberta não é uma forma de aquisição da propriedade, pois a coisa achada

possui dono e, por isso, deve ser devolvida a este ou a uma autoridade competente.

A descoberta não é uma forma de aquisição da propriedade!!!

Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá
direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização
pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono
não preferir abandoná-la.
Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o es-
forço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as
possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.

O descobridor que vier a restituir o objeto achado terá direito a receber uma re-

compensa a título de prêmio pela sua honestidade. Tal recompensa é denominada

achádego e não pode ser inferior a 5% do valor do objeto.

Art. 1.235. O descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou possui-


dor legítimo, quando tiver procedido com dolo.

Também está consagrada a responsabilidade civil do descobridor por dano cau-

sado dolosamente.

Art. 1.236. A autoridade competente dará conhecimento da descoberta através da impren-


sa e outros meios de informação, somente expedindo editais se o seu valor os comportar.
Art. 1.237. Decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela imprensa, ou do edital,
não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa, será esta vendida em
hasta pública e, deduzidas do preço as despesas, mais a recompensa do descobridor, per-
tencerá o remanescente ao Município em cuja circunscrição se deparou o objeto perdido.
Parágrafo único. Sendo de diminuto valor, poderá o Município abandonar a coisa em
favor de quem a achou.

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Por fim, os arts. 1.236 e 1.237 do CC tratam dos procedimentos que devem

ser observados pela autoridade competente por ocasião da restituição de um

objeto achado.

Cabe ressaltar que a não devolução de um objeto achado tipifica o crime previs-

to no art. 170, II, do CP:

Art. 170 (...)


Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Parágrafo único – Na mesma pena incorre:
Apropriação de coisa achada
II – quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando
de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente,
dentro no prazo de quinze dias.

2.5. Formas de Aquisição da Propriedade Imóvel

A seguir temos um gráfico esquemático sobre as formas de aquisição da pro-

priedade imóvel:

Modo Originário de Aquisição da Propriedade Imóvel

Ocorre quando não há transmissão de uma pessoa para outra; o indivíduo

faz seu o bem sem que este lhe tenha sido transmitido por alguém.

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Por acessão (art. 1.248 do CC)

Fica pertencendo ao proprietário tudo quando se une ou se incorpora ao seu

bem. Há um aumento do valor ou do volume do objeto, devido a forças externas.


Art. 1.248. A acessão pode dar-se:
I – por formação de ilhas;
II – por aluvião;
III – por avulsão;
IV – por abandono de álveo;
V – por plantações ou construções.

São espécies de acessão:

• Ilhas formadas por força natural (art. 1.249 do CC) – trata-se do acú-

mulo paulatino de areia, cascalho e materiais levados pela correnteza, ou de

rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo

ou do leito. Interessam ao direito civil somente as ilhas formadas em rios não

navegáveis ou particulares, por pertencerem ao domínio particular.

Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem


aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I – as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos ter-
renos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até
a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II – as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acrés-
cimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III – as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a
pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.

• Aluvião (art. 1.250 do CC) – acréscimo paulatino de terras às margens do

rio, mediante lentos e imperceptíveis depósitos naturais ou desvios das águas.

Esses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos marginais, observando-

-se a regra de que o acessório segue o principal.

Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por de-


pósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio

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das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários dife-
rentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.

No artigo em questão a doutrina consagra duas espécies de aluvião:

− aluvião própria: quando o acréscimo se formar pelos depósitos ou aterros

naturais nos terrenos marginais dos rios; e

− aluvião imprópria: quando o acréscimo de formar em virtude do afasta-

mento das águas que descobrem parte das margens (álveo) do rio.

• Avulsão (art. 1.251 do CC) – repentino deslocamento de uma porção de

terra “avulsa” por força natural violenta, desprendendo de um prédio e jun-

tando-se a outro.

Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um
prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar
o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se
juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.

• Álveo abandonado ou abandono de álveo (art. 1.252 do CC) – álveo é o

leito do rio. Secando ou desviando (fenômeno natural), tem-se o abandono

de álveo; dá-se a mesma solução da formação de ilhas.

Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas
margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem
novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.

• Acessões artificiais ou físicas ou industriais (arts. 1.253 a 1.259 do CC)

– derivam de um comportamento ativo do homem, como plantações, cons-

truções etc. Possui caráter oneroso e se submete à regra de que tudo aquilo

que se incorpora ao bem em razão de uma ação qualquer, cai sob o domínio

de seu proprietário.

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Art. 1.253. Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita


pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário.
Art. 1.254. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes,
plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-
-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Art. 1.255. Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em pro-
veito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé,
terá direito a indenização.
Parágrafo único. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do
terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo,
mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo.
Art. 1.256. Se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes,
plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões.
Parágrafo único. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção,
ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua.
Art. 1.257. O disposto no artigo antecedente aplica-se ao caso de não pertencerem as
sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio.
Parágrafo único. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar
do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do planta-
dor ou construtor.
Art. 1.258. Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em
proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a pro-
priedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e
responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desva-
lorização da área remanescente.
Parágrafo único. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o cons-
trutor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à
vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte
e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
Art. 1.259. Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima
parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos
que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da
desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele cons-
truiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.

Por Usucapião (arts. 1.238 a 1.244 do CC)

É o modo de aquisição da propriedade, independente da vontade do titular ante-

rior. Ocorre quando alguém detém a posse de uma coisa com ânimo de dono (posse

ad usucapionem), por um tempo determinado, sem interrupção e sem oposição.

Como a usucapião acarreta a aquisição da propriedade em decorrência da posse

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prolongada por um período de tempo, ela também é chamada de prescrição aqui-

sitiva. São suas espécies:

• Extraordinária (art. 1.238 do CC)

Art. 1.238 do CC – Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, pos-
suir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de
título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o pos-
suidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras
ou serviços de caráter produtivo.

Para que se tenha a usucapião extraordinária, são necessários os seguintes requisitos:

− posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

− decurso do prazo de 15 anos, que poderá ser reduzido para 10 anos se

o possuidor estabelecer no imóvel sua moradia habitual ou nele realizar

obras e serviços de caráter produtivo, aumentando a utilidade do bem; e

− dispensa-se o justo título e a boa-fé.

• Ordinária (art. 1.242 do CC)

Art. 1.242 do CC – Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e


incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos.
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver
sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartó-
rio, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a
sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico.

Para que se tenha a usucapião ordinária, são necessários os seguintes requisitos:

− posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

− decurso do prazo de 10 anos, que poderá ser reduzido para 5 anos se o

possuidor tiver adquirido o imóvel onerosamente e cujo registro foi cance-

lado, desde que seja estabelecida a moradia no imóvel ou tenha sido reali-

zado investimentos de interesse social e econômico; e

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− exige-se um justo título e boa-fé.

Por justo título, deve ser entendido um título idôneo, mesmo que apresente

vício de forma, capaz de operar a transferência da propriedade, tal como uma es-

critura pública, uma cessão de direito, um formal de partilha etc.

Constitucional Urbana ou pro moradia (art. 1.240 do CC)

Art. 1.240 do CC - Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição,
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher,
ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo pos-
suidor mais de uma vez.

Tendo em vista que o solo urbano não pode ficar sem um adequado aproveitamen-

to, reconhece-se a quem o utilizar, homem ou mulher, casado ou solteiro, a possibilida-

de de adquirir o domínio se não for proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

Para que se tenha a usucapião constitucional urbana, são necessários os

seguintes requisitos:

• posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

• decurso do prazo de 5 anos;

• dimensão da área de até 250 m2.

Cabe ressaltar que a Lei n. 13.105/2015 inseriu o art. 216-A na Lei de Registros

Públicos, de modo a permitir a aquisição da propriedade por meio de usuca-

pião especial de forma extrajudicial.

Art. 216-A. Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de reconhecimento


extrajudicial de usucapião, que será processado diretamente perante o cartório do re-

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gistro de imóveis da comarca em que estiver situado o imóvel usucapiendo, a requeri-


mento do interessado, representado por advogado, instruído com: (...)

Constitucional Rural ou pro labore (art. 1.239 do CC)

Art. 1.239 do CC – Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, pos-
sua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona
rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou
de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade.

Se o possuidor tornar uma área de terra em zona rural produtiva com o seu tra-

balho e/ou de sua família, não sendo proprietário de outro imóvel urbano ou rural

poderá adquirir a sua propriedade.

Para que se tenha a usucapião constitucional rural, são necessários os

seguintes requisitos:

• posse pacífica, ininterrupta, exercida com animus domini;

• decurso do prazo de 5 anos;

• dimensão da área de até 50 há.

Familiar

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição,
posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e
cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-com-
panheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, ad-
quirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural. (Incluído pela Lei n. 12.424, de 2011)
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei n. 12.424, de 2011)

Temos aqui uma nova modalidade de usucapião de bem imóvel (usucapião fa-

miliar), inserida no Código Civil em 2011, cujo prazo é o menor de todos (2 anos).

Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usu-

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capião, a propriedade imóvel.


Parágrafo único. A declaração obtida na forma deste artigo constituirá título hábil para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

A sentença judicial que consagra a usucapião não tem valor constitutivo, mas

sim, efeitos declaratórios, pois a aquisição efetiva da propriedade só ocorre atra-

vés do registro da sentença no respectivo Cartório de Imóveis.

Modo Derivado de Aquisição da Propriedade Imóvel

Ocorre quando há transmissibilidade do domínio.

• Pelo registro do título (arts. 1.227 e 1.245 a 1.247 do CC) – “SÓ É DONO

QUEM REGISTRA” !!!

O registro imobiliário é o poder legal de agentes do ofício público para efetuar todas

as operações relativas a bens imóveis e a direitos a eles condizentes, promovendo atos

de escrituração, assegurando aos requerentes a aquisição e o exercício do direito de

propriedade e a instituição de ônus reais de fruição, garantia ou aquisição.

Com isso, o assentamento do registro dá proteção especial à propriedade imobi-

liária, por fornecer meios probatórios fidedignos da situação do imóvel, sob o ponto

de vista da respectiva titularidade e dos ônus reais que o gravam, e por revestir-se

de publicidade, que lhe é inerente, tornando os dados registrados conhecidos.

Ou seja, é por meio do registro que a propriedade é constituída e se torna opo-

nível erga omnes.

Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre
vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos refe-
ridos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título trans-
lativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido
como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invali-

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dade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido


como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial
do registro, e este o prenotar no protocolo.
Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar
que se retifique ou anule.
Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, inde-
pendentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente.

• Pela sucessão hereditária: é a forma de transmissão derivada da proprie-


dade que se dá por ato causa mortis em que o herdeiro (legítimo ou testa-
mentário) ocupa o lugar do de cujus em todos os seus direitos e obrigações.

Art. 1.784 do CC – Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdei-
ros legítimos e testamentários.

2.6. Aquisição da Propriedade Móvel

Completando as formas de aquisição da propriedade, temos aquelas que se


referem aos bens móveis:

Modo Originário
Ocupação (art. 1.263 do CC)

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É o assenhoramento de coisa móvel (inclui semoventes) sem dono, por não ter
sido ainda apropriada (res nullius) ou por ter sido abandonada (res derelictae),
desde que essa apropriação não seja proibida pela lei.
Art. 1.263. Quem se assenhorear de coisa sem dono para logo lhe adquire a proprieda-
de, não sendo essa ocupação defesa por lei.

A descoberta de coisa perdida não acarreta na aquisição da propriedade, de-

vendo, aquele que achou, devolver a res para a autoridade competente, conforme

o art. 1.233, § único do Código Civil

Usucapião

Não só os bens imóveis podem ser adquiridos pela usucapião, pois tal instituto

também é aplicável aos bens móveis e às servidões.

São duas as espécies de usucapião de bem móvel:

• Extraordinária (art. 1.261 do CC)

Art. 1.261. Se a posse da coisa móvel se prolongar por cinco anos, produzirá usuca-
pião, independentemente de título ou boa-fé.

Para que se tenha a usucapião extraordinária, são necessários os seguintes requisitos:

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− não é necessário um justo título e boa-fé.

• Ordinária (art. 1.260 do CC)

Art. 1.260. Aquele que possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente
durante três anos, com justo título e boa-fé, adquirir-lhe-á a propriedade.

Para que se tenha a usucapião ordinária, são necessários os seguintes requisitos:

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− decurso do prazo de 3 anos; e

− exige-se um justo título e boa-fé.

Achado de tesouro

Esta situação, comumente descrita em filmes, está prevista nos arts. 1.264

a 1.266 do CC. São quatro os requisitos do tesouro: ser antigo; estar escondido

(oculto, enterrado); o dono ser desconhecido; e o descobridor ter encontrado ca-

sualmente (sem querer). O tesouro se divide ao meio com o dono do terreno. Se o

descobridor estava propositadamente procurando o tesouro em terreno alheio sem

autorização, não terá direito a nada.

Art. 1.264. O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja me-
mória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro
casualmente.
Art. 1.265. O tesouro pertencerá por inteiro ao proprietário do prédio, se for achado por
ele, ou em pesquisa que ordenou, ou por terceiro não autorizado.
Art. 1.266. Achando-se em terreno aforado, o tesouro será dividido por igual entre o desco-
bridor e o enfiteuta, ou será deste por inteiro quando ele mesmo seja o descobridor.

Modo Derivado

• Especificação (arts. 1.269 a 1.271 do CC): é a transformação da coisa mó-

vel em espécie nova, em virtude do trabalho ou da indústria do especificador,

desde que não seja possível reduzi-la à sua forma primitiva.

Ex.: lapidação de pedra preciosa.

Art. 1.269. Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie
nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.
Art. 1.270. Se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir à forma precedente,
será do especificador de boa-fé a espécie nova.
§ 1o Sendo praticável a redução, ou quando impraticável, se a espécie nova se obteve
de má-fé, pertencerá ao dono da matéria-prima.
§ 2o Em qualquer caso, inclusive o da pintura em relação à tela, da escultura, escritura

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e outro qualquer trabalho gráfico em relação à matéria-prima, a espécie nova será do


especificador, se o seu valor exceder consideravelmente o da matéria-prima.
Art. 1.271. Aos prejudicados, nas hipóteses dos arts. 1.269 e 1.270, se ressarcirá o
dano que sofrerem, menos ao especificador de má-fé, no caso do § 1o do artigo antece-
dente, quando irredutível a especificação.

• Confusão, comistão e adjunção (arts. 1.272 a 1.274 do CC): ocorrem

quando coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclam de tal forma que

é impossível separá-las. Nesses casos, um dos donos irá adquirir a proprieda-

de de toda a mistura mediante uma indenização ao outro proprietário.

− Confusão – mistura entre coisas líquidas.

Ex.: misturar suco de laranja com vodca.

− Comistão – mistura de coisas sólidas ou secas.

Ex.: areia, cal e cimento, formando uma só massa.

− Adjunção – justaposição de uma coisa sobre outra.

Ex.: tinta em relação à parede.

Art. 1.272. As coisas pertencentes a diversos donos, confundidas, misturadas ou adjun-


tadas sem o consentimento deles, continuam a pertencer-lhes, sendo possível separá-
-las sem deterioração.
§ 1o Não sendo possível a separação das coisas, ou exigindo dispêndio excessivo, sub-
siste indiviso o todo, cabendo a cada um dos donos quinhão proporcional ao valor da
coisa com que entrou para a mistura ou agregado.
§ 2o Se uma das coisas puder considerar-se principal, o dono sê-lo-á do todo, indeni-
zando os outros.
Art. 1.273. Se a confusão, comissão ou adjunção se operou de má-fé, à outra parte caberá
escolher entre adquirir a propriedade do todo, pagando o que não for seu, abatida a indeni-
zação que lhe for devida, ou renunciar ao que lhe pertencer, caso em que será indenizado.
Art. 1.274. Se da união de matérias de natureza diversa se formar espécie nova, à con-
fusão, comissão ou adjunção aplicam-se as normas dos arts. 1.272 e 1.273.

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• Tradição: é o ato de entrega da coisa ao adquirente com o intuito de trans-

ferir-lhe a propriedade. Enquanto no bem imóvel a propriedade se transfere

com o registro do título, no bem móvel, via de regra, o ato de transferência

do domínio se dá com a tradição (art. 1.267 do CC).


Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir
pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coisa,
que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da coi-
sa, por ocasião do negócio jurídico.

A tradição pode ocorrer das seguintes formas:


− tradição real, efetiva ou material: é aquela que se dá pela entrega efe-
tiva ou material da coisa;
− tradição simbólica: ocorre quando há um ato representativo da transfe-
rência da coisa. É o que ocorre na traditio longa manu, em que a coisa
a ser entregue é colocada à disposição da outra parte (ex.: entrega das
chaves de um apartamento);
− tradição ficta: é aquela que se dá por presunção, como ocorre na tradi-
tio brevi manu, em que o possuidor possuía em nome alheio e agora
passa a constituir em nome próprio (ex.: comprar o imóvel que você
mora de aluguel); e no constituto possessório, em que o possuidor
possuía em nome próprio e passa a possuir em nome alheio (ex.:
vender o seu imóvel e continuar morando nele de aluguel).

traditio longa manu (tradição simbólica)  entrega das chaves de um apartamento;


traditio brevi manu (tradição ficta)  comprar o imóvel que você mora de aluguel; e
constituto possessório (tradição ficta)  vender o seu imóvel e continuar mo-

rando nele de aluguel.

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• Sucessão hereditária: nos termos do art. 1.784 do CC, o direito sucessório

também pode gerar a aquisição derivada da propriedade móvel.


Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legí-
timos e testamentários.

2.7. Perda da Propriedade Imóvel

O art. 1.275 do Código Civil relaciona cinco situações de forma exemplificativa,

que ocasionam a perda da propriedade.

Art. 1.275. Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade:
I – por alienação;
II – pela renúncia;
III – por abandono;
IV – por perecimento da coisa;
V – por desapropriação.
Parágrafo único. Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel
serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro
de Imóveis.

São elas:

• Alienação: forma de extinção subjetiva do domínio, em que o titular desse

direito, por sua própria vontade, transmite a outrem, de forma onerosa (ex.:

contrato de compra e venda) ou gratuita (ex.: doação) bem móvel (por meio

da tradição) ou imóvel (por meio do registro do título no cartório de imóveis).

• Renúncia: ato unilateral pelo qual o titular declara, expressamente, sua in-

tenção de “abrir mão” de seu direito sobre a coisa em favor de um terceiro,

que não precisará manifestar sua concordância (ex.: dois irmãos são os úni-

cos herdeiros de um pai que faleceu, sendo que um deles tem uma situação

econômica bem superior ao outro; dessa forma, se o “irmão rico” abrir mão

de sua parte na herança, ele estará renunciando).

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• Abandono: ato unilateral em que o titular do domínio se desfaz, voluntaria-

mente, do seu bem móvel ou imóvel, isso porque, já não deseja mais conti-

nuar sendo dono.

• Perecimento da coisa: não é possível existir um direito real (sobre a coisa)

sem haver objeto. Dessa forma, se o objeto perece (deixa de existir), então

o direito deixa de existir junto com o objeto.

• Desapropriação: consubstanciada no princípio da supremacia do interesse

público, representa a perda compulsória da propriedade em decorrência de

ato unilateral do Estado em decorrência de necessidade pública, utilidade e/

ou interesse social.

Ressalta-se que essas cinco situações que acarretam a perda da propriedade

não representam uma lista taxativa.

Abandono de Imóvel

Art. 1.276. O imóvel urbano que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais
o conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou
à do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1o O imóvel situado na zona rural, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser
arrecadado, como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde
quer que ele se localize.
§ 2o Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando,
cessados os atos de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais.

O abandono do imóvel é um ato unilateral pela qual o titular da propriedade de

um imóvel dele se desfaz voluntariamente, sendo necessária a derrilição (inten-

ção de abandonar o imóvel). Uma simples negligência ou descuido em relação ao

bem não é capaz de caracterizar o abandono.

A sequência a ser observada é a seguinte:

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INTENÇÃO DE ABANDONAR

DECLARAÇÃO DE BEM VAGO

DECURSO DE 3 ANOS

TRANSFERÊNCIA PARA O DOMÍNIO DO MUNICÍPIO/DF/UNIÃO

Se você tem intimidade com o Direito Tributário, poderá perceber que se o imóvel

estiver situado em zona rural, passará para o domínio da União. Entretanto, se o imóvel

estiver situado em zona urbana, passará para o domínio do Município. Tal fato tem rela-

ção com os impostos ITR (competência da União) e IPTU (competência municipal).

3. Direito de Vizinhança

Neste tópico veremos regras que limitam o direito de propriedade a fim de evi-

tar conflitos entre proprietários de prédios contíguos, respeitando, assim, o conví-

vio social. Constituem obrigações propter rem (que acompanham a coisa).

Tais regras versam sobre:

• o uso anormal da propriedade;

• as árvores limítrofes;

• a passagem forçada;

• a passagem de cabos e tubulações;

• as águas;

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• os limites entre prédios e o direito de tapagem;

• o direito de construir.

Sobre o uso anormal da propriedade, os arts. 1.277 a 1.281 do CC determinam que:


Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as
interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, pro-
vocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização,
a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e
os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando as in-
terferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o
possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá
o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.
Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho
a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste
caução pelo dano iminente.
Art. 1.281. O proprietário ou o possuidor de um prédio, em que alguém tenha direito
de fazer obras, pode, no caso de dano iminente, exigir do autor delas as necessárias
garantias contra o prejuízo eventual.

Sobre as árvores limítrofes, devemos observar os arts. 1.282 a 1.284 do CC:

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em
comum aos donos dos prédios confinantes.
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, po-
derão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade particular.

A passagem forçada ocorre nos casos de terrenos encravados, ou seja, ter-

renos que não possuem acesso à via pública. Nesse caso, o assunto é tratado pelo

art. 1.285 do CC.

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
§ 1o Sofrerá o constrangimento o vizinho cujo imóvel mais natural e facilmente se
prestar à passagem.

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§ 2o Se ocorrer alienação parcial do prédio, de modo que uma das partes perca o acesso
à via pública, nascente ou porto, o proprietário da outra deve tolerar a passagem.
§ 3o Aplica-se o disposto no parágrafo antecedente ainda quando, antes da alienação,
existia passagem através de imóvel vizinho, não estando o proprietário deste constran-
gido, depois, a dar uma outra.

Um vizinho permitir a passagem de cabos e tubulações para o imóvel do

outro está regulado pelos arts. 1.286 e 1.287 do CC.

Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvaloriza-


ção da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de
seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilida-
de pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível
ou excessivamente onerosa.
Parágrafo único. O proprietário prejudicado pode exigir que a instalação seja feita de
modo menos gravoso ao prédio onerado, bem como, depois, seja removida, à sua custa,
para outro local do imóvel.
Art. 1.287. Se as instalações oferecerem grave risco, será facultado ao proprietário do
prédio onerado exigir a realização de obras de segurança.

Sobre as águas, vejamos os arts. 1.288 a 1.296 do CC:

Art. 1.288. O dono ou o possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as águas que
correm naturalmente do superior, não podendo realizar obras que embaracem o seu
fluxo; porém a condição natural e anterior do prédio inferior não pode ser agravada por
obras feitas pelo dono ou possuidor do prédio superior.
Art. 1.289. Quando as águas, artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas,
correrem dele para o inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou se lhe
indenize o prejuízo que sofrer.
Parágrafo único. Da indenização será deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.290. O proprietário de nascente, ou do solo onde caem águas pluviais, satisfei-
tas as necessidades de seu consumo, não pode impedir, ou desviar o curso natural das
águas remanescentes pelos prédios inferiores.
Art. 1.291. O possuidor do imóvel superior não poderá poluir as águas indispensáveis às
primeiras necessidades da vida dos possuidores dos imóveis inferiores; as demais, que
poluir, deverá recuperar, ressarcindo os danos que estes sofrerem, se não for possível a
recuperação ou o desvio do curso artificial das águas.
Art. 1.292. O proprietário tem direito de construir barragens, açudes, ou outras obras para
represamento de água em seu prédio; se as águas represadas invadirem prédio alheio, será
o seu proprietário indenizado pelo dano sofrido, deduzido o valor do benefício obtido.
Art. 1.293. É permitido a quem quer que seja, mediante prévia indenização aos proprie-
tários prejudicados, construir canais, através de prédios alheios, para receber as águas

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a que tenha direito, indispensáveis às primeiras necessidades da vida, e, desde que não
cause prejuízo considerável à agricultura e à indústria, bem como para o escoamento de
águas supérfluas ou acumuladas, ou a drenagem de terrenos.
§ 1o Ao proprietário prejudicado, em tal caso, também assiste direito a ressarcimento
pelos danos que de futuro lhe advenham da infiltração ou irrupção das águas, bem como
da deterioração das obras destinadas a canalizá-las.
§ 2o O proprietário prejudicado poderá exigir que seja subterrânea a canalização que
atravessa áreas edificadas, pátios, hortas, jardins ou quintais.
§ 3o O aqueduto será construído de maneira que cause o menor prejuízo aos proprie-
tários dos imóveis vizinhos, e a expensas do seu dono, a quem incumbem também as
despesas de conservação.
Art. 1.294. Aplica-se ao direito de aqueduto o disposto nos arts. 1.286 e 1.287.
Art. 1.295. O aqueduto não impedirá que os proprietários cerquem os imóveis e cons-
truam sobre ele, sem prejuízo para a sua segurança e conservação; os proprietários dos
imóveis poderão usar das águas do aqueduto para as primeiras necessidades da vida.
Art. 1.296. Havendo no aqueduto águas supérfluas, outros poderão canalizá-las, para
os fins previstos no art. 1.293, mediante pagamento de indenização aos proprietários
prejudicados e ao dono do aqueduto, de importância equivalente às despesas que então
seriam necessárias para a condução das águas até o ponto de derivação.
Parágrafo único. Têm preferência os proprietários dos imóveis atravessados pelo aqueduto.

A respeito dos limites entre prédios e do direito de tapagem, os arts. 1.297

e 1.298 do CC regulam o assunto.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo
o seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com ele
à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar marcos
destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
§ 1o Os intervalos, muros, cercas e os tapumes divisórios, tais como sebes vivas, cercas
de arame ou de madeira, valas ou banquetas, presumem-se, até prova em contrário,
pertencer a ambos os proprietários confinantes, sendo estes obrigados, de conformida-
de com os costumes da localidade, a concorrer, em partes iguais, para as despesas de
sua construção e conservação.
§ 2o As sebes vivas, as árvores, ou plantas quaisquer, que servem de marco divisório, só
podem ser cortadas, ou arrancadas, de comum acordo entre proprietários.
§ 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de animais de peque-
no porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou a necessidade deles,
pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as despesas.
Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de con-
formidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se

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dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se
adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

Por fim, os arts. 1.299 a 1.313 traçam regras para que os vizinhos exerçam de

forma adequada o direito de construir.


Art. 1.299. O proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprou-
ver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos.
Art. 1.300. O proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas,
diretamente, sobre o prédio vizinho.
Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de me-
tro e meio do terreno vizinho.
§ 1o As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendicula-
res, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros.
§ 2o As disposições deste artigo não abrangem as aberturas para luz ou ventilação, não
maiores de dez centímetros de largura sobre vinte de comprimento e construídas a mais
de dois metros de altura de cada piso.
Art. 1.302. O proprietário pode, no lapso de ano e dia após a conclusão da obra, exigir que
se desfaça janela, sacada, terraço ou goteira sobre o seu prédio; escoado o prazo, não po-
derá, por sua vez, edificar sem atender ao disposto no artigo antecedente, nem impedir, ou
dificultar, o escoamento das águas da goteira, com prejuízo para o prédio vizinho.
Parágrafo único. Em se tratando de vãos, ou aberturas para luz, seja qual for a quanti-
dade, altura e disposição, o vizinho poderá, a todo tempo, levantar a sua edificação, ou
contramuro, ainda que lhes vede a claridade.
Art. 1.303. Na zona rural, não será permitido levantar edificações a menos de três me-
tros do terreno vizinho.
Art. 1.304. Nas cidades, vilas e povoados cuja edificação estiver adstrita a alinhamen-
to, o dono de um terreno pode nele edificar, madeirando na parede divisória do prédio
contíguo, se ela suportar a nova construção; mas terá de embolsar ao vizinho metade
do valor da parede e do chão correspondentes.
Art. 1.305. O confinante, que primeiro construir, pode assentar a parede divisória até meia
espessura no terreno contíguo, sem perder por isso o direito a haver meio valor dela se o
vizinho a travejar, caso em que o primeiro fixará a largura e a profundidade do alicerce.
Parágrafo único. Se a parede divisória pertencer a um dos vizinhos, e não tiver capaci-
dade para ser travejada pelo outro, não poderá este fazer-lhe alicerce ao pé sem prestar
caução àquele, pelo risco a que expõe a construção anterior.
Art. 1.306. O condômino da parede-meia pode utilizá-la até ao meio da espessura, não
pondo em risco a segurança ou a separação dos dois prédios, e avisando previamente o
outro condômino das obras que ali tenciona fazer; não pode sem consentimento do ou-
tro, fazer, na parede-meia, armários, ou obras semelhantes, correspondendo a outras,
da mesma natureza, já feitas do lado oposto.
Art. 1.307. Qualquer dos confinantes pode altear a parede divisória, se necessário recons-

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truindo-a, para suportar o alteamento; arcará com todas as despesas, inclusive de conser-
vação, ou com metade, se o vizinho adquirir meação também na parte aumentada.
Art. 1.308. Não é lícito encostar à parede divisória chaminés, fogões, fornos ou quais-
quer aparelhos ou depósitos suscetíveis de produzir infiltrações ou interferências preju-
diciais ao vizinho.
Parágrafo único. A disposição anterior não abrange as chaminés ordinárias e os fogões
de cozinha.
Art. 1.309. São proibidas construções capazes de poluir, ou inutilizar, para uso ordinário,
a água do poço, ou nascente alheia, a elas preexistentes.
Art. 1.310. Não é permitido fazer escavações ou quaisquer obras que tirem ao poço ou
à nascente de outrem a água indispensável às suas necessidades normais.
Art. 1.311. Não é permitida a execução de qualquer obra ou serviço suscetível de pro-
vocar desmoronamento ou deslocação de terra, ou que comprometa a segurança do
prédio vizinho, senão após haverem sido feitas as obras acautelatórias.
Parágrafo único. O proprietário do prédio vizinho tem direito a ressarcimento pelos pre-
juízos que sofrer, não obstante haverem sido realizadas as obras acautelatórias.
Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado a
demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.
Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho en-
tre no prédio, mediante prévio aviso, para:
I – dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, recons-
trução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II – apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.
§ 1o O disposto neste artigo aplica-se aos casos de limpeza ou reparação de esgotos,
goteiras, aparelhos higiênicos, poços e nascentes e ao aparo de cerca viva.
§ 2o Na hipótese do inciso II, uma vez entregues as coisas buscadas pelo vizinho, poderá
ser impedida a sua entrada no imóvel.
§ 3o Se do exercício do direito assegurado neste artigo provier dano, terá o prejudicado
direito a ressarcimento.

Essas regras inerentes ao direito de vizinhança são de fácil compreensão, não ha-

vendo a necessidade de maiores explicações. Além disso, você verá no tópico das

questões de provas anteriores que o assunto costuma ser cobrado em sua literalidade.

Terminamos a base teórica por aqui!!!!!

Espero que tenha gostado e vamos às questões.

Dicler.

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QUESTÕES DE CONCURSO

1. (FGV/ISS-RECIFE-PE/AUDITOR FISCAL/2014) As opções a seguir apresentam di-

reitos que ostentam a natureza jurídica de Direito Real, à exceção de uma. Assinale-a.

a) A concessão de uso especial para fins de moradia.

b) Usufruto.

c) Penhora.

d) Direito do promitente comprador do imóvel.

e) Habitação.

2. (FCC/TJ-AL/JUIZ SUBSTITUTO/2015) A posse direta de pessoa que tem a coisa

em seu poder, temporariamente, em virtude de algum direito

a) pessoal ou real anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possui-

dor direto defender a sua posse contra o indireto, não podendo, porém, defender

sua posse contra o que teve posse direta.

b) real não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor dire-

to defender a sua posse contra o indireto, mas esse mesmo direito não terá, se a

posse direta advier de direito pessoal.

c) pessoal ou real não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o pos-

suidor direto defender a sua posse contra o indireto.

d) pessoal não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor

direto defender a sua posse contra o indireto, mas esse mesmo direito não terá se

a posse direta advier de direito real.

e) pessoal ou real anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possui-

dor direto defender a sua posse contra o indireto, bem como defender a sua posse

contra o que teve posse direta.

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3. (FGV/ISS-NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Maurício, residente e domi-

ciliado na cidade de São Paulo, é proprietário de uma casa situada no Bairro de

Camboinhas, Niterói, Estado do Rio de Janeiro, onde costuma passar os feriados

prolongados e as férias. Ao lado do imóvel de Maurício, há um terreno que, por es-

tar aparentemente abandonado, ele ocupou, cercou e mantém como área de lazer.

Com relação ao referido terreno, é correto afirmar que Maurício é:

a) mero detentor;

b) possuidor pleno;

c) possuidor indireto, já que o utiliza apenas eventualmente;

d) possuidor direto, já que o utiliza apenas eventualmente;

e) possuidor direto, mas não pode utilizar-se das ações possessórias.

4. (FCC/TJ-AP/JUIZ/2014) Sobre a posse e os direitos do possuidor, é correto afirmar:

I – O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter- se ou restituir-se por sua

própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço,

não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

II – Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que

são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

III – Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-

rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de

levantar as voluptuárias.

IV – As benfeitorias não se compensam com os danos e não dão direito ao ressar-

cimento mesmo quando não mais existirem ao tempo da evicção.

V – Considera-se possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência

para com outro conserva a posse em nome deste e em cumprimento de suas

ordens ou instruções.

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Está correto o que consta APENAS em

a) III, IV e V.

b) I, II e III.

c) I, IV e V.

d) II, III e IV.

e) II, III e V.

5. (FCC/CMSP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2014) Considere as afirmações abaixo

referentes à posse.

I – A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em

virtude de direito pessoal, anula a indireta, de quem aquela foi havida, por isso

podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o possuidor indireto.

II – Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer so-

bre ela atos possessórios, desde que não excluam os dos outros compossuidores.

III – É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

IV – É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede

a aquisição da coisa.

V – Considera-se como possuidor somente aquele que tem de fato o exercício

pleno de todos os poderes inerentes à propriedade.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) II, IV e V.

b) I, II e III.

c) II, III e IV.

d) III, IV e V.

e) I, II, e V.

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6. (CESPE/TJ-CE/AJAJ/2014) No que se refere à posse, assinale a opção correta.

a) Configura-se constituto-possessório quando o proprietário da coisa aliena esse

direito e permanece na posse direta da coisa, de modo que aquele que possuía em

seu próprio nome, passa a possuir em nome de outrem.

b) A posse do imóvel não faz presumir a das coisas móveis que nele estiverem.

c) A posse violenta ou clandestina é injusta, e a obtida a título precário pode ser

considerada justa.

d) O possuidor indireto é aquele que, achando-se em relação de dependência para

com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou de

instruções suas.

e) Dada a existência de relação de subordinação, o possuidor direto de um bem

não pode defender a sua posse contra o possuidor indireto desse mesmo bem.

7. (FCC/SEFAZ-PI/AUDITOR FISCAL/2015) Em relação à posse, considere:

I – Pode o possuidor direto defender sua posse contra o indireto.

II – A reintegração na posse é obstada pela alegação de propriedade.

III – Se mais de uma pessoa se disser possuidora, será mantida provisoriamente

na posse, em regra, aquela que tiver a coisa.

IV – O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração a que não

der causa.

Está correto o que se afirma em

a) III e IV, apenas.

b) I, III e IV, apenas.

c) I, II, III e IV.

d) II e III, apenas.

e) I, II e IV, apenas.

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8. (FCC/MPE-PB/AUDITOR DE CONTAS PÚBLICAS/2015) O possuidor

a) de má-fé nunca responde pela perda ou deterioração da coisa.

b) de boa-fé não tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos.

c) de má-fé não responde por todos os frutos colhidos e percebidos, desde o mo-

mento em que se constituiu de má-fé.

d) não pode intentar ação de esbulho, ou de indenização, contra o terceiro que

recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

e) de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.

9. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Julgue os próximos itens, acerca dos

direitos de posse e de propriedade.

O possuidor de má-fé terá direito de ressarcimento pelas benfeitorias necessárias,

havendo, quanto a elas, o direito de retenção, sendo vedado, por outro lado, o le-

vantamento das benfeitorias voluptuárias.

10. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) O compossuidor de coisa indivisa tem

legitimidade para ajuizar ação possessória contra atos de terceiros e contra atos dos

demais compossuidores, podendo, ainda, defender a posse do todo individualmente.

11. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No momento em que é possível o

exercício, em nome próprio, de quaisquer dos poderes do proprietário, dá-se a

aquisição da posse.

12. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) O proprietário pode opor-se a to-

das as atividades que sejam realizadas por terceiros no espaço aéreo e no subsolo

de sua propriedade.

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13. (FCC/TCE-CE/PROCURADOR DE CONTAS/2015) Em relação à posse tem-se que

a) pode ela ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou por seu represen-

tante, ou ainda por terceiro sem mandato, nesse caso dependendo de ratificação.

b) o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, mas o su-

cessor singular não pode unir sua posse à do antecessor, dada a natureza de sua

condição jurídica.

c) induzem posse os atos de permissão ou tolerância, mas não autorizam sua

aquisição os atos violentos ou clandestinos.

d) a posse do imóvel não tem qualquer vinculação com a posse das coisas móveis

que nele estiverem, a qual depende de prova autônoma de aquisição.

e) e) obsta à manutenção ou à reintegração na posse a alegação de propriedade

feita pelo réu.

14. (FCC/PREF. DE SÃO LUIZ-MA/PROCURADOR/2016) Ao observar uma pessoa

dirigindo um automóvel na rua, não se sabe, pela mera observação, se o condutor

possui a qualidade de possuidor ou detentor. Isto acontece em razão da posse se

distinguir da detenção em razão

a) da boa-fé do agente.

b) dos critérios estabelecidos em lei.

c) da posse indireta.

d) dos interditos possessórios.

e) do título de legitimação da posse.

15. (CESPE/TJ-DFT/JUIZ/2016) A respeito da posse e do direito das coisas, assi-

nale a opção correta.

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a) A posse ad interdicta dá ensejo à prescrição aquisitiva originária pela usucapião.

b) A propriedade, conforme disposição legal, incide exclusivamente sobre bens corpóreos.

c) A resolução da propriedade determinada por causa originária, prevista no título,

produzirá efeitos ex nunc e inter partes.

d) A sentença que reconhece a usucapião tem natureza constitutiva.

e) A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em

que a aquisição depende de ratificação.

16. (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Sobre a posse injusta, é INCORRE-

TO afirmar que

a) ocorre quando o possuidor se apodera da coisa imbuído de má-fé.

b) é passível de convalescimento (interversão) em posse justa por ato consensual.

c) pode ser apta a gerar usucapião (posse ad usucapionem).

d) ocorre somente quando a posse é violenta, clandestina ou precária.

e) permite ao possuidor injusto o direito à retenção em razão de benfeitorias úteis,

desde que de boa-fé.

17. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Se João tiver ingressado no terre-

no de Pedro há seis meses, pacificamente, sem ocultar a invasão, e lá construído

um barraco, não se terá caracterizado, nessa situação hipotética, o esbulho, visto

que não ocorreu violência, clandestinidade ou precariedade, elementos caracteri-

zadores da posse injusta.

18. (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) Roberto, junta-

mente com sua família, ocupou, cercou e construiu uma casa, um curral e um pe-

queno lago artificial em uma terra pública situada em área rural. O poder público,

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ao tomar ciência da ocupação, ajuizou ação de reintegração de posse. Em defesa,

Roberto alegou que a posse se dera de boa-fé e que ele já havia feito um pedido

administrativo requerendo a regularização da propriedade. O réu ainda alegou que,

caso o pedido do poder público fosse procedente, ele deveria ser indenizado pelas

benfeitorias erigidas, com direito de retenção.

A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Com exceção do lago artificial, Roberto fará jus a indenização pelas demais ben-

feitorias erigidas no imóvel.

b) Roberto terá direito à indenização pela casa, mas lhe será descontado o valor

correspondente ao tempo de permanência no imóvel.

c) O direito de retenção pelas benfeitorias necessárias não poderá ser deferido.

d) A posse não pode ser considerada de má-fé, o que torna indenizáveis as benfei-

torias úteis e necessárias feitas por Roberto.

e) A indenização pelo curral depende de prova de utilidade pelo poder público após

a retomada do imóvel.

19. (FGV/SEFAZ-MT/AUDITOR FISCAL/2014) Acerca das disposições expressas no

Código Civil de 2002 sobre os direitos reais, analise as afirmativas a seguir.

I – São formas de aquisição da propriedade imóvel: a usucapião, a transmissão

hereditária, a acessão e o registro.

II – O possuidor de boa-fé não tem direito aos frutos percebidos enquanto durar

a posse.

III – São considerados direitos reais: a superfície, a habitação, o uso, o penhor e

a benfeitoria necessária.

Assinale:

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a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente a afirmativa III estiver correta.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

20. (FCC/TJ-AL/JUIZ SUBSTITUTO/2015) A propriedade do solo

a) abrange a do subsolo apenas para explorar os recursos minerais de emprego

imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial.

b) abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundi-

dade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que

sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha

ele interesse legítimo em impedi-las.

c) não abrange a do subsolo, por isso o proprietário não pode opor-se a ativi-

dades que sejam realizadas por terceiros no subsolo, ainda que tenha interesse

em impedi-las.

d) não abrange a do espaço aéreo, mas abrange a do subsolo.

e) não abrange a do espaço aéreo e o subsolo correspondentes, em qualquer altu-

ra ou profundidade, mesmo que úteis ao seu exercício, podendo, entretanto, obter

autorização administrativa para sua utilização, desde que não prejudique terceiros

ou o interesse público.

21. (FCC/SEFAZ-PI/AUDITOR FISCAL/2015) Em relação à propriedade, é correto afirmar:

a) A propriedade imóvel é transferida com a escrituração de compromisso de

compra e venda.

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b) A propriedade imóvel é transferida com a subscrição de compromisso de

compra e venda.

c) Em regra, os frutos, ainda quando separados, pertencem ao proprietário

da coisa.

d) A tradição transfere a propriedade ainda que tenha por título negócio

jurídico nulo.

e) O proprietário tem o direito, contra o dono de propriedade vizinha, de fazer

cessar as interferências prejudiciais ao sossego, ainda que sejam justificadas pelo

interesse público.

22. (FCC/CMSP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2014) Em relação à propriedade,

considere as afirmações abaixo.

I – São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade ou

utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

II – A propriedade presume-se de modo absoluto plena e exclusiva.

III – A propriedade do solo abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais.

Está correto o que se afirma em

a) II e III, apenas.

b) I, II e III.

c) I e III, apenas.

d) I e II, apenas.

e) I, apenas.

23. (FCC/PREF. DE RECIFE-PE/PROCURADOR/2014) Não podendo arcar com a ma-

nutenção de imóvel urbano, Leandro o abandona com a intenção de não mais o

conservar como seu. Logo depois, notando o abandono, Abílio invade o imóvel e o

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possui por mais de 15 anos, sem interrupção nem oposição, embora sem satisfazer

os ônus fiscais perante o Município do Recife. O imóvel deverá ser

a) arrecadado como bem vago, passando, cinco anos depois, à propriedade do

Município do Recife.

b) declarado usucapido em favor de Abílio, em ação de usucapião.

c) arrecadado como bem vago, passando, três anos depois, à propriedade do

Município do Recife.

d) retomado por Leandro, por meio de ação de imissão na posse.

e) retomado por Leandro, por meio de ação reivindicatória.

24. (CESPE/TJ-DFT/AJAJ/2015) Se um indivíduo possui como seu, por doze anos, sem

interrupção e sem oposição de terceiros, imóvel em que estabeleceu a sua moradia

habitual, então, nesse caso, está configurada a usucapião extraordinária do imóvel e a

aquisição da propriedade independe de demonstração de justo título e de boa-fé.

25. (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Rita, por 11 anos, sem interrupção nem

oposição de quem quer que seja, possui, como seu, imóvel no qual estabeleceu

a sua moradia habitual.

Considerando que Rita não possui qualquer título referente à titularidade proprie-

tária do imóvel, assinale a afirmativa correta.

a) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir a

propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao

juiz declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de

Registro de Imóveis.

b) Independentemente de comprovada boa-fé, Rita poderá adquirir a proprie-

dade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao juiz

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declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de

Registro de Imóveis.

c) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não ter atingido ainda o tempo mínimo da prescrição aquisitiva,

qual seja, quinze anos.

d) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir o

direito de superfície do bem imóvel por ter atingido o tempo mínimo para a titula-

ridade, qual seja, cinco anos.

e) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não haver realizado nele obras ou serviços de caráter produtivo.

26. (FCC/TRF 3ª REGIÃO/AJAJ/2014) Considere as seguintes hipóteses:

I – Mariana, por onze anos, sem interrupção e nem oposição, possui, como sua,

uma casa de 300 metros quadrados, tendo estabelecido no referido imóvel

sua moradia habitual, realizando obras de conservação e ampliação da casa.

II – Gleison não é proprietário de imóvel urbano ou rural, mas possui, como sua,

uma casa de 150 metros quadrados por sete anos ininterruptos e sem opo-

sição utilizando-a como sua moradia.

III – Benício, proprietário de um terreno rural de 10 hectares, possui, como sua,

uma casa de 70 metros quadrados, por oito anos ininterruptamente e sem

oposição, utilizando-a como sua moradia.

De acordo com o Código Civil brasileiro, em razão da posse, poderá adquirir a pro-

priedade dos imóveis acima mencionados

a) Mariana, apenas.

b) Mariana e Gleison, apenas.

c) Gleison, apenas.

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d) Mariana, Gleison e Benício.

e) Gleison e Benício, apenas.

27. (FGV/ISS-NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Após vinte e três anos exer-

cendo posse mansa e pacífica, com animus domini, de área de trinta e três mil metros

quadrados, Irani ajuizou ação de usucapião do imóvel. Considerando que foi proferida

sentença julgando procedente o pedido, a qual transitou em julgado, vindo a ser devi-

damente registrada junto ao registro de imóveis, é correto afirmar que Irani:

a) continuará sendo mero possuidor por mais três anos, tornando-se proprietário

ao término do referido prazo;

b) tornou-se proprietário quando do registro da referida sentença;

c) tornou-se proprietário quando da prolatação da sentença;

d) tornou-se proprietário quando do trânsito em julgado da sentença;

e) já era proprietário do imóvel, antes mesmo de proferida a sentença de usucapião.

28. (FCC/TCE-CE/AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO/2015) Um agricultor, en-

contrando abandonado um imóvel rural pertencente ao Estado, onde funcionara um

campo de experiências e pesquisas agropecuárias, nele passou a cultivar com sua fa-

mília. Passados 20 anos, o Estado ajuizou ação reivindicatória, para reaver a posse do

imóvel, com base em título de domínio. O agricultor, em contestação, alegou ter se

tornado proprietário da área por usucapião, em virtude do lapso de tempo decorrido e

do abandono do imóvel pelo Estado. A ação reivindicatória deverá ser julgada

a) improcedente, porque o abandono da área implica desafetação tácita e o imóvel

se transformou em bem dominical, que o Estado possui, como objeto de direito

real, nas mesmas condições que os particulares.

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b) improcedente, porque o abandono da área implica a perda de sua função social.

c) procedente, porque aquela área não era passível de aquisição por usucapião.

d) procedente, exceto se por algum modo o Estado haja interrompido a prescrição

aquisitiva, antes de sua consumação.

e) improcedente, porque a área, desde que abandonada, passou à categoria de

terra devoluta, passível de aquisição a qualquer título como bem particular.

29. (FCC/PREF. DE CAMPINAS-SP/PROCURADOR/2016) Caio estabeleceu-se, com

animus domini, em praça pública abandonada pelo Município. Decorridos mais de

20 anos, sem oposição das pessoas que frequentavam o local, requereu fosse de-

clarada usucapida a área. Tal praça constitui bem

a) de uso comum do povo, suscetível de usucapião, em caso de abandono pelo

poder público.

b) de uso especial, insuscetível de usucapião, assim como os de uso comum do

povo e os dominicais.

c) dominical, suscetível de usucapião, ainda que conserve tal qualificação.

d) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, diferentemente dos bens de

uso especial e dos dominicais.

e) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, assim como os de uso espe-

cial e os dominicais.

30. (FCC/MPE-PA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Péricles permaneceu 8 anos

sendo cuidado por Juliano, que residia no mesmo imóvel e era remunerado

para tal fim. Com o falecimento de Péricles, seus herdeiros, em agradecimento,

permitiram, por contrato escrito, que Juliano permanecesse por mais 5 anos

no imóvel. Durante este prazo, Juliano utilizou o bem para sua moradia, em

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caráter ininterrupto e sem oposição. Transcorrido o prazo, recusou-se a deixar


o imóvel, alegando usucapião. Trata- se de imóvel urbano menor que 250 m² e
Juliano não possui bens imóveis. Juliano está
a) incorreto, pois a natureza de sua posse, de 13 anos, não leva à usucapião.
b) correto, pois não possui outros bens e permaneceu 5 anos ininterruptos em
imóvel menor que 250 m², sem oposição, utilizando-o para sua moradia.
c) correto, pois teve posse do imóvel por mais de 10 anos, estabelecendo sua mo-
radia habitual e nele realizando serviços de caráter produtivo.
d) incorreto, pois jamais teve posse.
e) incorreto, pois a natureza de sua posse, de 5 anos, não leva à usucapião.

31. (FCC/MPE-PE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) O proprietário ou o possuidor de um


prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sos-
sego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha,
a) e esse direito prevalece, mesmo quando as interferências forem de interesse
público, exceto se houver previa e justa indenização pelo Poder Público, porque
configurada parcial desapropriação indireta.
b) entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justifica-
das por interesse público, cabendo ao vizinho reclamar indenização apenas do Po-
der Público que autorizou as obras ou instalações que produzem as interferências.
c) entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justifica-
das por interesse público, independentemente de qualquer indenização.
d) entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justifi-
cadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador
delas, pagará ao vizinho indenização cabal.
e) e esse direito prevalece mesmo quando as interferências forem de interesse
público, porque o direito de propriedade é garantido na Constituição Federal.

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32. (FCC/PGE-RN/PROCURADOR/2014) João é vizinho de uma indústria poluen-

te, tendo ajuizado ação de natureza cominatória, para fazer cessar a emissão de

gazes, julgada improcedente, porque a indústria se localiza em local permitido e

não haveria como diminuir os incômodos. A sentença transitou em julgado, mas

passados alguns anos, surgiram equipamentos capazes de eliminar drasticamente

a poluição. Nesse caso, João

a) não poderá exigir a redução das emissões poluentes, mas se alienar seu imóvel,

o novo proprietário poderá formular essa pretensão, inclusive judicialmente.

b) não poderá exigir a redução das emissões poluentes, porque prevalece a coisa

julgada a favor da proprietária da indústria.

c) poderá, inclusive judicialmente, exigir a redução ou eliminação das emissões poluentes.

d) só poderá exigir a redução das emissões poluentes se ressarcir a proprietária da

indústria dos gastos com aquisição dos equipamentos.

e) poderá exigir a redução das emissões poluentes, mediante representação a au-

toridades ambientais, mas não poderá exigi-la judicialmente.

33. (FCC/PREF. DE RECIFE-PE/PROCURADOR/2014) Para levar água potável a seu

imóvel, Silvio necessariamente tem que passar tubulação subterrânea pelo imóvel

de seu vizinho, Mateus, o qual

a) é obrigado a permitir a passagem da tubulação e não poderá postular indeniza-

ção, pois a obra visa à instalação de serviço de utilidade pública.

b) é obrigado a permitir a passagem da tubulação apenas se as obras não causa-

rem danos a seu imóvel.

c) poderá se opor à passagem da tubulação, com base no direito de propriedade.

d) é obrigado a permitir a passagem da tubulação, mediante recebimento de indeniza-

ção que abranja os danos diretos ao imóvel e a desvalorização da área remanescente.

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e) é obrigado a permitir a passagem da tubulação que levará água potável ao

imóvel de Sílvio, mediante ao recebimento de indenização que abranja os danos

diretos do imóvel.

34. (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Em relação ao direito de vizinhança, assinale

a afirmativa correta.

a) Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono da árvore, já

que são classificados como bens de natureza acessória.

b) O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a

demolição ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste

caução pelo dano iminente.

c) O dono do prédio que não tiver acesso à via pública pode constranger o vizinho

a lhe dar passagem, independentemente do pagamento de indenização.

d) Todo aquele que violar as proibições referentes ao direito de vizinhança é

obrigado a demolir as construções feitas, sendo dispensada a indenização por

perdas e danos.

e) É defeso abrir janelas, ou fazer terraço ou varanda, a menos de dois metros

do terreno vizinho.

35. (FGV/ISS-RECIFE-PE/AUDITOR FISCAL/2014) Rita comprou um apartamento em

um bairro tranquilo. Alguns meses depois de se instalar, Rita foi surpreendida com a

inauguração de uma casa noturna no imóvel em frente ao seu. Não bastasse, o primei-

ro andar do estabelecimento foi transformado em bar que, por conta do movimento,

passou a utilizar a calçada para colocar suas mesas. Com o sucesso do empreendimen-

to, os burburinhos na madrugada começaram e, com o passar do tempo, Rita já não

conseguia dormir em virtude do barulho. Inconformada, ajuíza uma ação em face do

estabelecimento para que sejam tomadas as providências necessárias.

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Sobre a hipótese sugerida, assinale a opção correta.

a) Rita deve vender seu imóvel e se mudar para outro lugar, uma vez que a música

alta é característica das casas noturnas.

b) Deve ser aplicada multa ao estabelecimento apenas por causar o transtorno a

Rita, independente de comprovação do excesso de ruído.

c) Ainda que Rita comprove o sofrimento e os prejuízos que esse fato vem lhe cau-

sando, além do excesso de ruído, não lhe serão devidos danos morais.

d) Se for comprovado que o barulho excede os limites impostos pela legislação, o

juiz imporá multa ao estabelecimento com o fim de evitar reincidência.

e) O livre exercício da atividade empresarial não gera direito à indenização.

36. (FGV/ISS-RECIFE-PE/AUDITOR FISCAL/2014) Luiz e Gerson nasceram no bair-

ro X e são amigos de longa data. Ao constituírem família, decidiram continuar

morando no mesmo bairro, tornando-se vizinhos. Tudo corria bem até que alguns

problemas começaram a ocorrer entre os vizinhos.

A respeito do direito de vizinhança, assinale a opção correta.

a) Se houver uma árvore no terreno de Gerson e suas raízes e ramos começarem

a invadir o terreno de Luiz, este poderá cortá-la até o ponto divisório, devendo res-

tituir ao vizinho os frutos que caírem em seu terreno.

b) Se o prédio de Gerson não tiver acesso à rua, poderá ele, mediante pagamento

de indenização, forçar o vizinho a constituir uma servidão de passagem.

c) Se não for mais possível determinar onde começa o terreno de Luiz e onde acaba o

terreno de Gerson, um pode exigir do outro que proceda, com ele, à demarcação entre

os dois terrenos e os limites serão determinados de acordo com a posse justa.

d) Gerson está obrigado a aceitar que Luiz, independente de aviso prévio, entre

em seu terreno para buscar suas coisas, bem como quando for necessário realizar

limpeza do muro divisório.

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e) Se Gerson resolver criar porcos e galinhas em seu terreno, tal fato não gera o
direito de Luiz exigir a construção de tapumes especiais para impedir a passagem
dos animais.

37. (FUNDEP/TCE-MG/AUDITOR CONSELHEIRO SUBSTITUTO/2018) A propriedade


dos automóveis só se adquire com a(o):
a) inscrição no DETRAN.
b) pagamento do preço.
c) tradição.
d) quitação.
e) registro.

38. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Francisco comprou, em janeiro de


2014, um lote de 240 m2 de Antônio, que se apresentou como proprietário do imóvel.
Francisco construiu uma casa de alvenaria, instalando-se no local com sua família. De-
pois de três anos de posse mansa e pacífica, Danilo, o verdadeiro proprietário, ajuizou
ação para reaver a posse do imóvel. Só então, Francisco descobriu que fora vítima de
uma fraude, pois Antônio havia falsificado os documentos para induzi-lo a erro.
Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.
a) Francisco não poderá adquirir o terreno mediante pagamento de indenização a
Danilo, ainda que a construção exceda consideravelmente o valor do terreno.
b) Não tendo observado a fraude no momento da contratação, Francisco não po-
derá pleitear indenização em face de Antônio.
c) Danilo perderá o terreno em favor de Francisco, cabendo-lhe apenas o direito
à indenização.
d) Francisco adquiriu, em 2017, a propriedade do imóvel pela usucapião especial
urbana, ficando, nesse caso, dispensado de pagar indenização a Danilo.

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e) Francisco, que agira de boa-fé, perderá em favor de Danilo os direitos sobre as

construções realizadas no terreno, devendo, no entanto, ser indenizado.

39. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Roberto abandonou o lar e sua compa-

nheira, Francisca, no Recife – PE e foi para São Paulo – SP, deixando um imóvel urbano

de 120 m2, adquirido onerosamente na constância da união estável, mas registrado no

cartório de imóveis apenas no nome de Roberto. Francisca não tinha outra propriedade

imóvel e residiu no local ininterruptamente e sem oposição. Após três anos, Roberto

voltou ao Recife – PE com o propósito de retirar Francisca do imóvel.

Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Francisca não terá direito ao imóvel, uma vez que o bem estava registrado ape-

nas no nome de Roberto.

b) Francisca terá direito à metade do imóvel caso comprove que contribuiu finan-

ceiramente para a sua aquisição na constância da união estável.

c) Roberto, por ter abandonado o lar, não terá direito ao imóvel, porque Francisca

usucapiu o bem.

d) Roberto terá direito ao imóvel, porque, para Francisca usucapir o bem, ela teria

de atender ao requisito temporal mínimo de cinco anos.

e) A residência do casal deverá ser partilhada na proporção de 50% para cada

companheiro, tendo em vista que, em se tratando de união estável, aplica-se o

regime de comunhão parcial de bens.

40. (FCC/DPE-SC/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Considere as assertivas abaixo a

respeito dos requisitos para a usucapião familiar, inserida no Código Civil pela Lei

n° 12.424/2011.

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I – boa-fé e justo título.

II – posse ininterrupta e sem oposição pelo prazo de dois anos.

III – posse direta e com exclusividade sobre imóvel urbano de até 250 m2 (duzen-

tos e cinquenta metros quadrados).

IV – usucapiente não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

V – o usucapiente seja proprietário de parte do imóvel juntamente com ex-côn-

juge ou ex-companheiro que abandonou o lar.

Está correto o que se afirma APENAS em:

a) II, IV e V.

b) II, III e IV.

c) II, III, IV e V.

d) I, II, IV e V.

e) I, II, III e IV.

41. (IESES/TJ-RO/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/2017) É

certo afirmar:

I – A posse somente pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou

por seu representante.

II – Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou

não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

III – O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à

mulher, ou a ambos, devendo ser considerado o seu estado civil.

IV – A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes,

em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário

opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou

profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

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Analisando as proposições, pode-se afirmar:

a) Somente as proposições I e II estão corretas.

b) Somente as proposições II e IV estão corretas.

c) Somente as proposições III e IV estão corretas.

d) Somente as proposições I e III estão corretas.

42. (FMP CONCURSOS/PGE-AC/PROCURADOR DO ESTADO/2017) Considere as se-

guintes afirmativas sobre o tema da posse no âmbito do Código Civil. Assinale a

alternativa INCORRETA.

a) A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em

virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,

podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

b) O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o ter-

ceiro, que recebeu a coisa esbulhada mesmo sem saber que o era.

c) Ao sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao su-

cessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

d) Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência

para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens

ou instruções suas.

e) Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando,

tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é vio-

lentamente repelido.

43. (CESPE/MPE-RR/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2017) Pedro reside com a sua famí-

lia, por mais de quinze anos, sem interrupção nem oposição, em um imóvel, de

trezentos metros quadrados, de propriedade de João. Mesmo sem comprovar boa-

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-fé quanto à posse, Pedro ajuizou ação por meio da qual pleiteia que seja julgado

procedente seu pedido de propriedade do imóvel.

Nessa situação hipotética, observa-se um caso de usucapião

a) pró-família.

b) habitacional.

c) extraordinária.

d) pró-labore.

44. (FCC/TJ-SC/JUIZ SUBSTITUTO/2017) A posse de um imóvel

a) transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres,

sendo que o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, e, ao

sucessor singular, é facultado unir sua posse à do antecessor para os efeitos legais.

b) não se transmite de pleno direito aos herdeiros ou legatários do possuidor, mas

eles podem, assim como a qualquer sucessor a título singular é facultado, unir sua

posse à do antecessor, para efeitos legais.

c) transmite-se de pleno direito aos sucessores a título universal e a título singular, não

se permitindo a este recusar a união de sua posse à do antecessor, para efeitos legais.

d) não se transmite aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracte-

res, tendo, cada novo possuidor, de provar seus requisitos para os efeitos legais.

e) só pode ser adquirida pela própria pessoa que a pretende, mas não por repre-

sentante ou terceiro sem mandato, sendo vedada a ratificação posterior.

45. (IBADE/PC-AC/DELEGADO DE POLÍCIA/2017) Sobre o instituto da usucapião

especial urbana, é correto afirmar que:

a) pode ser reconhecida extrajudicialmente, sendo a aquisição do respectivo imó-

vel registrada pelo oficial do registro de imóveis competente.

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b) trata-se de modo de aquisição secundária da propriedade de bem imóvel.


c) necessita do consentimento do cônjuge para ser requerida, mesmo nos casos
de separação de fato.
d) o prazo de cinco anos de posse ininterrupta pode começar a ser contado em
período anterior à entrada em vigor da Constituição Federal de 1988.
e) exige justo título para ser reconhecida.

46. (CONSULPLAN/TJ-MG/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTROS/2017)


De acordo com o Código Civil, são direitos reais, EXCETO:
a) O uso.
b) A concessão de uso especial para fins de moradia.
c) O penhor.
d) A posse.

47. (CONSULPLAN/TJ-MG/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGIS-


TROS/2017) João Silva é detentor, como fâmulo da posse de seu primo José Silva,
de um imóvel rural (sítio de 5 hectares) há mais 20 anos, e quando foi notificado
pelo proprietário que lhe pedia para devolver o imóvel, ingressou com uma ação
de usucapião, alegando posse vintenária, ininterrupta e pacífica, portanto, segundo
ele, com requisitos para fins da prescrição aquisitiva. Em relação a esse caso hipo-
tético, é correto afirmar:
a) Tendo ficado na posse pacífica e sem interrupção do imóvel por mais de 20
anos, é perfeitamente possível pedir a declaração de domínio via usucapião, quer
por ação direita quer por via de exceção.
b) Pelo princípio da função social da propriedade, ao ficar na posse do imóvel de
forma pacífica e sem interrupção por mais de 20 anos, é viável arguir com êxito em
ação direta ou em defesa a exceção de usucapião.

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c) Como fâmulo da posse, tem mera detenção, de forma que não pode arguir usu-
capião, independentemente do lapso temporal da posse.
d) Desde que não tenha João Silva nenhum outro imóvel em seu nome, tem ele o
direito de usucapir o imóvel em questão em face da posse pacífica e sem interrupção.

48. (CONSULPLAN/TJ-MG/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGIS-


TROS/2017) Nos termos do Código Civil, a posse pode ser adquirida
a) somente pela própria pessoa, já que se trata de direito pessoal próprio e fático.
b) somente pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante.
c) pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante e, ainda, por
terceiro sem mandato, e sem maior formalidade, porque trata-se de questão
eminentemente fática.
d) pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante e por terceiro sem
mandato, dependendo de ratificação.

49. (CONSULPLAN/TJ-MG/TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGIS-


TROS/2017) Acerca da posse, nos termos do Código Civil, é correto afirmar:
a) O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda que
acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse
do reivindicante.
b) Ao possuidor de má-fé não serão ressarcidas as benfeitorias necessárias; mas lhe
assiste o direito de retenção pela importância destas, e pode levantar as voluptuárias.
c) As benfeitorias não se compensam com os danos, e só obrigam ao ressarcimen-
to se ao tempo da evicção ainda existirem.
d) O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem
o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé in-
denizará pelo valor da data da turbação ou esbulho.

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50. (VUNESP/PREFEITURA DE ANDRADINA-SP/PROCURADOR/2017) Alice é

possuidora de boa-fé de uma fazenda. Acerca dos frutos e benfeitorias, é cor-

reto afirmar que Alice

a) tem direito aos frutos percebidos, porém responde pela perda ou deterioração

da coisa, ainda que não tenha dado causa.

b) responde pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, salvo se

provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse do reivindicante.

c) responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por

culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu a posse.

d) poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e

úteis, somente.

e) será ressarcida apenas pelas benfeitorias necessárias.

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GABARITO

1. c 26. b

2. c 27. e

3. b 28. c

4. b 29. e

5. c 30. e

6. a 31. d

7. b 32. c

8. e 33. d

9. E 34. b

10. C 35. d

11. C 36. c

12. E 37. c

13. a 38. e

14. b 39. c

15. e 40. c

16. a 41. b

17. E 42. b

18. c 43. c

19. a 44. a

20. b 45. a

21. c 46. d

22. e 47. c

23. b 48. d

24. C 49. a

25. b 50. d

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (FGV/ISS-RECIFE-PE/AUDITOR FISCAL/2014) As opções a seguir apresentam di-

reitos que ostentam a natureza jurídica de Direito Real, à exceção de uma. Assinale-a.

a) A concessão de uso especial para fins de moradia.

b) Usufruto.

c) Penhora.

d) Direito do promitente comprador do imóvel.

e) Habitação.

Letra c.

Estudamos que o art. 1.225 do CC, que apresenta uma listagem taxativa dos

direitos reais:

Art. 1.225. São direitos reais:


I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese;
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia;
XII - a concessão de direito real de uso.

Dessa forma, não se pode confundir o penhor com a penhora. Penhor e penhora são

institutos jurídicos totalmente diferentes, mas por serem palavras muito parecidas,

ocasionam certa confusão no dia a dia das pessoas.

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Penhor é uma garantia dada pelo devedor, espontânea ou por imposição legal, de

obrigação assumida. O devedor entrega uma coisa móvel sua ou de outra pessoa

(desde que autorizada por esta) como forma de garantir que a obrigação por ele

assumida seja cumprida. Caso o devedor descumpra a obrigação, a coisa dada em

garantia permanece com o credor para o cumprimento da dívida.

Ex.: o cheque caução emitido em um hospital como forma de garantia de atendi-

mento é uma espécie de penhor, ou seja, caso o paciente não efetue o pagamento

pelo tratamento, o cheque caução garante o pagamento.

A penhora por sua vez, é um ato judicial, emitido por um juiz e promovido por um

oficial de justiça sempre durante o processo de execução. Na penhora se apreen-

dem ou se tomam os bens do devedor, para que nele se cumpra o pagamento da

dívida ou a obrigação executada.

Ex.: Maria deve a João o valor de R$ 500,00 representados por meio de uma nota

promissória. Maria não paga João no prazo por eles acordado e João move uma

Ação de Execução contra Maria. Maria possui duas alternativas antes que o oficial

de justiça nomeie qualquer um de seus bens: pagar os R$ 500,00 ou penhorar os

bens indicados pelo credor no valor correspondente à dívida.

2. (FCC/TJ-AL/JUIZ SUBSTITUTO/2015) A posse direta de pessoa que tem a coisa

em seu poder, temporariamente, em virtude de algum direito

a) pessoal ou real anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possui-

dor direto defender a sua posse contra o indireto, não podendo, porém, defender

sua posse contra o que teve posse direta.

b) real não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor dire-

to defender a sua posse contra o indireto, mas esse mesmo direito não terá, se a

posse direta advier de direito pessoal.

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c) pessoal ou real não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o pos-

suidor direto defender a sua posse contra o indireto.

d) pessoal não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor

direto defender a sua posse contra o indireto, mas esse mesmo direito não terá se

a posse direta advier de direito real.

e) pessoal ou real anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possui-

dor direto defender a sua posse contra o indireto, bem como defender a sua posse

contra o que teve posse direta.

Letra c.

Questão simples. Com base na literalidade do art. 1.197 do CC:

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi
havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

O dispositivo legal em análise, além da divisão da posse em direta e indireta, trata

de dois importantes conceitos:

1) a posse direta não anula a indireta: dessa forma, se algumas pessoas inva-

dem um imóvel alugado, o locador (possuidor indireto) pode mover ações possessó-

rias contra os invasores, mesmo que o possuidor direto seja o inquilino (locatário); e

2) o possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto:

dessa forma, se o locador invade o imóvel locado durante a vigência do contrato de

locação, o locatário expulso pode ajuizar uma ação de reintegração de posse.

3. (FGV/ISS-NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Maurício, residente e domi-

ciliado na cidade de São Paulo, é proprietário de uma casa situada no Bairro de

Camboinhas, Niterói, Estado do Rio de Janeiro, onde costuma passar os feriados

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prolongados e as férias. Ao lado do imóvel de Maurício, há um terreno que, por es-

tar aparentemente abandonado, ele ocupou, cercou e mantém como área de lazer.

Com relação ao referido terreno, é correto afirmar que Maurício é:

a) mero detentor;

b) possuidor pleno;

c) possuidor indireto, já que o utiliza apenas eventualmente;

d) possuidor direto, já que o utiliza apenas eventualmente;

e) possuidor direto, mas não pode utilizar-se das ações possessórias.

Letra b.

Tendo em vista que Maurício ocupou, cercou e mantém o terreno como área de la-

zer, ele passou a se comportar como se dono do terreno fosse.

Dessa forma, temos uma posse plena na modalidade ad usucapionem.

4. (FCC/TJ-AP/JUIZ/2014) Sobre a posse e os direitos do possuidor, é correto afirmar:

I – O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter- se ou restituir-se por sua

própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço,

não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

II – Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que

são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

III – Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-

rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de

levantar as voluptuárias.

IV – As benfeitorias não se compensam com os danos e não dão direito ao ressar-

cimento mesmo quando não mais existirem ao tempo da evicção.

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V – Considera-se possuidor aquele que, achando-se em relação de dependência

para com outro conserva a posse em nome deste e em cumprimento de suas

ordens ou instruções.

Está correto o que consta APENAS em

a) III, IV e V.

b) I, II e III.

c) I, IV e V.

d) II, III e IV.

e) II, III e V.

Letra b.

Análise das afirmativas:

I. Certo. Conforme o art. 1.210, § 1º, do CC:

Art. 1.210, § 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se


por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.

II. Certo. Conforme o art. 1.215 do CC:

Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que
são separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia.

III. Certo. Conforme o art. 1.220 do CC:

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-


rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar
as voluptuárias.

IV. Errado. Em desacordo com o art. 1.221 do CC:

Art. 1.221. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimen-


to se ao tempo da evicção ainda existirem.

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Caso o possuidor esteja obrigado a ressarcir alguma coisa, poderá haver a com-
pensação entre o valor utilizado com as benfeitorias e o valor a ser pago a título de
ressarcimento.
V. Errado. A afirmativa descreve o conceito de detenção previsto no art. 1.198 do
CC, e não de posse.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependên-


cia para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.

5. (FCC/CMSP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2014) Considere as afirmações abaixo


referentes à posse.
I – A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em
virtude de direito pessoal, anula a indireta, de quem aquela foi havida, por isso
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o possuidor indireto.
II – Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer so-
bre ela atos possessórios, desde que não excluam os dos outros compossuidores.
III – É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
IV – É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede
a aquisição da coisa.
V – Considera-se como possuidor somente aquele que tem de fato o exercício
pleno de todos os poderes inerentes à propriedade.
Está correto o que se afirma APENAS em
a) II, IV e V.
b) I, II e III.
c) II, III e IV.
d) III, IV e V.

e) I, II, e V.

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Coisas, Posse e Propriedade
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Letra c.

Análise das afirmativas:

I. Errado. Em desacordo com o art. 1.197 do CC:

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

II. Certo. Conforme o art. 1.199 do CC:

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer
sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

III. Certo. Conforme o art. 1.200 do CC:

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

IV. Certo. Conforme o art. 1.201 do CC:

Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede
a aquisição da coisa.

V. Errado. Em desacordo com o art. 1.196 do CC:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

6. (CESPE/TJ-CE/AJAJ/2014) No que se refere à posse, assinale a opção correta.

a) Configura-se constituto-possessório quando o proprietário da coisa aliena esse

direito e permanece na posse direta da coisa, de modo que aquele que possuía em

seu próprio nome, passa a possuir em nome de outrem.

b) A posse do imóvel não faz presumir a das coisas móveis que nele estiverem.

c) A posse violenta ou clandestina é injusta, e a obtida a título precário pode ser

considerada justa.

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d) O possuidor indireto é aquele que, achando-se em relação de dependência

para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens

ou de instruções suas.

e) Dada a existência de relação de subordinação, o possuidor direto de um bem

não pode defender a sua posse contra o possuidor indireto desse mesmo bem.

Letra a.

Análise das alternativas:

a) Correto. No constituto possessório, o possuidor possuía em nome próprio e

passa a possuir em nome alheio (ex.: vender o seu imóvel e continuar morando

nele de aluguel). Vide art. 1267 do CC:

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
Parágrafo único. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir
pelo constituto possessório; quando cede ao adquirente o direito à restituição da coi-
sa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse da
coisa, por ocasião do negócio jurídico.

b) Errado. Em desacordo com o art. 1.209 do CC:

Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que
nele estiverem.

c) Errado. Em desacordo com o art. 1.200 do CC:

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

d) Errado. A afirmativa descreve o conceito de detenção previsto no art. 1.198 do

CC, e não de posse indireta.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependên-


cia para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou
instruções suas.

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e) Errado. Em desacordo com o art. 1.197 do CC:

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

7. (FCC/SEFAZ-PI/AUDITOR FISCAL/2015) Em relação à posse, considere:

I – Pode o possuidor direto defender sua posse contra o indireto.

II – A reintegração na posse é obstada pela alegação de propriedade.

III – Se mais de uma pessoa se disser possuidora, será mantida provisoriamente

na posse, em regra, aquela que tiver a coisa.

IV – O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração a que não

der causa.

Está correto o que se afirma em

a) III e IV, apenas.

b) I, III e IV, apenas.

c) I, II, III e IV.

d) II e III, apenas.

e) I, II e IV, apenas.

Letra b.

Análise das afirmativas:

I. Certo. Em conformidade com o art. 1.197 do CC:

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente,
em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida,
podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.

II. Errado. Em desacordo com o art. 557 do Novo CPC e com o art. 1.210, § 2º, do CC.

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Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face
de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação
de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.210, § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

Entende-se que o fato de outra pessoa estar questionando a propriedade ou outro

direito sobre a coisa turbada ou esbulhada não impede que o possuidor intente

ação de manutenção da posse ou ação de reintegração da posse.

III. Certo. Vide art. 1.211 do CC:

Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á provisoria-
mente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das outras
por modo vicioso.

IV. Certo. Vide art. 1.217 do CC:

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.

8. (FCC/MPE-PB/AUDITOR DE CONTAS PÚBLICAS/2015) O possuidor

a) de má-fé nunca responde pela perda ou deterioração da coisa.

b) de boa-fé não tem direito, enquanto durar a boa-fé, aos frutos percebidos.

c) de má-fé não responde por todos os frutos colhidos e percebidos, desde o mo-

mento em que se constituiu de má-fé.

d) não pode intentar ação de esbulho, ou de indenização, contra o terceiro que

recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

e) de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a que não der causa.

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Letra e.

Análise das alternativas:

e) Certo. Vide art. 1.217 do CC:

Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a
que não der causa.

a) Errado. Em desacordo com o art. 1.218 do CC:

Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse
do reivindicante.

b) Errado. Em desacordo com o art. 1.214 do CC:

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

c) Errado. Em desacordo com o art. 1.216 do CC:

Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos,
bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio.

d) Errado. Em desacordo com o art. 1.212 do CC:

Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o


terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era.

9. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Julgue os próximos itens, acerca dos

direitos de posse e de propriedade.

O possuidor de má-fé terá direito de ressarcimento pelas benfeitorias necessárias,

havendo, quanto a elas, o direito de retenção, sendo vedado, por outro lado, o le-

vantamento das benfeitorias voluptuárias.

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Errado.

Em desacordo com o art. 1.220 do CC:

Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessá-


rias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levan-
tar as voluptuárias.

10. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) O compossuidor de coisa indivisa tem

legitimidade para ajuizar ação possessória contra atos de terceiros e contra atos dos

demais compossuidores, podendo, ainda, defender a posse do todo individualmente.

Certo.

Vejamos o art. 1.199 do CC:

Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer
sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.

A posse pro indiviso é a composse de direito e de fato, na qual cada compossui-

dor tem o direito de exercer a posse sobre o todo, não podendo um excluir a posse

do outro. Caso ocorra tal exclusão, o compossuidor turbado ou esbulhado poderá

mover ação possessória contra o outro compossuidor para reapoderar-se da coisa.

Ex.: quando um casal mora em uma casa, um não pode limitar o outro a transitar

em determinadas partes da casa, pois os dois exercem uma posse pro indiviso.

11. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) No momento em que é possível o

exercício, em nome próprio, de quaisquer dos poderes do proprietário, dá-se a

aquisição da posse.

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Certo.

Vide art. 1.204 do CC:

Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício,
em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade.

12. (CESPE/CD/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) O proprietário pode opor-se a to-

das as atividades que sejam realizadas por terceiros no espaço aéreo e no subsolo

de sua propriedade.

Errado.

Em desacordo com o art. 1.229 do CC:

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes,


em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se
a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade
tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

13. (FCC/TCE-CE/PROCURADOR DE CONTAS/2015) Em relação à posse tem-se que

a) pode ela ser adquirida pela própria pessoa que a pretende ou por seu represen-

tante, ou ainda por terceiro sem mandato, nesse caso dependendo de ratificação.

b) o sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor, mas o su-

cessor singular não pode unir sua posse à do antecessor, dada a natureza de sua

condição jurídica.

c) induzem posse os atos de permissão ou tolerância, mas não autorizam sua

aquisição os atos violentos ou clandestinos.

d) a posse do imóvel não tem qualquer vinculação com a posse das coisas móveis

que nele estiverem, a qual depende de prova autônoma de aquisição.

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e) obsta à manutenção ou à reintegração na posse a alegação de propriedade

feita pelo réu.

Letra a.

Análise das alternativas:

a) Certo. Vide art. 1.205 do CC:

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

b) Errado. Em desacordo com o art. 1.207 do CC:

Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao su-
cessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.

c) Errado. Em desacordo com o art. 1.208 do CC:

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.

d) Errado. Em desacordo com o art. 1.209 do CC:

Art. 1.209. A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que
nele estiverem.

e) Errado. Em desacordo com o art. 557 do Novo CPC e com o art. 1.210, § 2º, do CC.

Art. 557. Na pendência de ação possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu,
propor ação de reconhecimento do domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face
de terceira pessoa.
Parágrafo único. Não obsta à manutenção ou à reintegração de posse a alegação
de propriedade ou de outro direito sobre a coisa.
Art. 1.210, § 2o Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de
propriedade, ou de outro direito sobre a coisa.

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14. (FCC/PREF. DE SÃO LUIZ-MA/PROCURADOR/2016) Ao observar uma pessoa


dirigindo um automóvel na rua, não se sabe, pela mera observação, se o condutor
possui a qualidade de possuidor ou detentor. Isto acontece em razão da posse se
distinguir da detenção em razão
a) da boa-fé do agente.
b) dos critérios estabelecidos em lei.
c) da posse indireta.
d) dos interditos possessórios.
e) do título de legitimação da posse.

Letra b.
A posse está definida no art. 1.196 do CC:

Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.

Ao passo que a detenção está definida pelo art. 1.198 do CC:

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência


para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou ins-
truções suas.

Sendo assim, os dois critérios estão definidos em lei.

15. (CESPE/TJ-DFT/JUIZ/2016) A respeito da posse e do direito das coisas, assi-


nale a opção correta.
a) A posse ad interdicta dá ensejo à prescrição aquisitiva originária pela usucapião.
b) A propriedade, conforme disposição legal, incide exclusivamente sobre bens corpóreos.
c) A resolução da propriedade determinada por causa originária, prevista no título,
produzirá efeitos ex nunc e inter partes.

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d) A sentença que reconhece a usucapião tem natureza constitutiva.

e) A posse pode ser adquirida por terceiro, sem mandato do pretendente, caso em

que a aquisição depende de ratificação.

Letra e.

Análise das alternativas:

e) Certo. Vide art. 1.205 do CC:

Art. 1.205. A posse pode ser adquirida:


I – pela própria pessoa que a pretende ou por seu representante;
II – por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação.

a) Errado. Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade, indepen-

dente da vontade do titular anterior. Ocorre quando alguém detém a posse de uma

coisa com ânimo de dono (posse ad usucapionem), por um tempo determinado,

sem interrupção e sem oposição. Como a usucapião acarreta a aquisição da pro-

priedade em decorrência da posse prolongada por um período de tempo, ela tam-

bém é chamada de prescrição aquisitiva.

b) Errado. O objeto da propriedade pode ser coisa corpórea (ex.: propriedade de

um apartamento) ou incorpórea (ex.: propriedade intelectual).

c) Errado. Em desacordo com o Enunciado n. 509 das Jornadas de Direito Civil:

Enunciado n. 509 das Jornadas de Direito Civil: A resolução da propriedade, quando


determinada por causa originária, prevista no título, opera ex tunc e erga omnes; se
decorrente de causa superveniente, atua ex nunc e inter partes.

d) Errado. Conforme comentado durante a aula, a sentença proferida na ação de

usucapião tem natureza meramente declaratória. Para agregarmos informação ao

seu estudo, veja a jurisprudência a seguir:

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APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. DISSOLUÇÃO. PARTILHA.


IMÓVEL USUCAPIDO. REQUISITOS PARA USUCAPIÃO ANTERIOR À UNIÃO. IMPOSSIBI-
LIDADE. SENTENÇA UNICAMENTE DECLARATÓRIA. EFEITOS EX TUNC. EXCLUSÃO DA
PARTILHA DO BEM USUCAPIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO.
Se à época que o companheiro adquiriu os requisitos legais para usucapir, ou seja, quan-
do foi considerado proprietário do imóvel objeto da lide, não convivia em união estável
com a companheira, não há partilha do bem usucapido, pois a sentença proferida na
Ação de Usucapião é de natureza declaratória, produzindo efeitos ex tunc.
(TJPB – ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00010938320148150011, 3ª Câmara Espe-
cializada Cível, Relator DESA. MARIA DAS GRAÇAS MORAIS GUEDES, j. em 29-03-2016).

Por meio do art. 1.238 do CC, percebe-se que a propriedade é adquirida quando se
cumpre os requisitos que ensejam a usucapião.

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé;
podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para
o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

16. (FCC/DPE-MA/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Sobre a posse injusta, é INCORRETO


afirmar que
a) ocorre quando o possuidor se apodera da coisa imbuído de má-fé.
b) é passível de convalescimento (interversão) em posse justa por ato consensual.
c) pode ser apta a gerar usucapião (posse ad usucapionem).
d) ocorre somente quando a posse é violenta, clandestina ou precária.
e) permite ao possuidor injusto o direito à retenção em razão de benfeitorias úteis,
desde que de boa-fé.

Letra a.
Análise das alternativas:
a) Errado. A assertiva descreve a posse de má-fé.

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Se o possuidor ignora a existência do vício na aquisição da posse, então temos a posse

de boa-fé. Por outro lado, se o vício é de seu conhecimento, então a posse é de má-fé.

b) Certo. Vide art. 1.208 do CC:

Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como
não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de ces-
sar a violência ou a clandestinidade.

De acordo com esse artigo, os vícios da violência e da clandestinidade podem con-

valescer. Entretanto, o mesmo não se pode dizer sobre o vício da precariedade.

c) Certo. Não há necessidade de posse justa ou boa-fé para ocorrer usucapião.

d) Certo. Vide art. 1.200 do CC:

Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.

e) Certo. O direito de retenção está relacionado à posse de boa-fé.

Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessá-
rias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las,
quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo
valor das benfeitorias necessárias e úteis.

Mas a pergunta que não quer calar é: pode haver posse injusta e de boa-fé?

Em geral a posse injusta é de má-fé e a posse justa é de boa-fé; porém, admite-se

posse injusta de boa-fé (ex.: comprar coisa roubada). Nesse caso, a posse é injusta

porque nasceu da violência, mas o comprador não sabia que era roubada. Admite-se

também a posse justa de má-fé (ex.: o tutor comprar bem do órfão; o juiz comprar

o bem que ele mandou penhorar, mesmo pagando o preço correto, é vedado pelo

art. 497 do CC). Nesse caso, a posse é justa porque foi pago o preço correto, mas é

de má-fé porque tem vício, viola a ética, a moral e a própria lei, afinal tanto para o

tutor quanto para o Juiz não basta ser honesto, também tem que parecer honesto.

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17. (CESPE/DPE-PE/DEFENSOR PÚBLICO/2015) Se João tiver ingressado no terre-

no de Pedro há seis meses, pacificamente, sem ocultar a invasão, e lá construído

um barraco, não se terá caracterizado, nessa situação hipotética, o esbulho, visto

que não ocorreu violência, clandestinidade ou precariedade, elementos caracteri-

zadores da posse injusta.

Errado.

Veja a jurisprudência a seguir:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO POSSESSÓRIA. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. SENTENÇA DE IM-


PROCEDÊNCIA. ESBULHO CARACTERIZADO. POSSE PRECÁRIA E DE MÁ-FÉ DO RÉU.
DIREITO DO AUTOR DE REAVER A POSSE. INEXISTÊNCIA DE BENFEITORIAS NECES-
SÁRIAS. AUSENTE O DIREITO DE RETENÇÃO E O DEVER DE INDENIZAR. FIXAÇÃO DE
MULTA COMINATÓRIA PARA O CASO DE DESCUMPRIMENTO DA DECISÃO JUDICIAL.
O juiz, sendo o destinatário das provas, tem o poder-dever de determinar as provas
necessárias à instrução do processo e apreciá-las conforme seu livre convencimento
motivado, indeferindo as desnecessárias e protelatórias, nos termos do artigo 130 do
Código de Processo Civil. Portanto, é possível ao órgão jurisdicional entender pela des-
necessidade do depoimento pessoal do autor sem que isto caracterize cerceamento de
defesa. Agrado retido conhecido e desprovido. Aquele que, pacificamente, ingressa
em terreno alheio, sem procurar ocultar a invasão, também pratica esbulho,
tendo em vista que a tomada da posse deu-se sem a permissão ou autorização
do antigo possuidor, tornando-a injusta. A perda da posse pelo primitivo possui-
dor que não se encontrava presente no momento do esbulho não é, pois, definitiva, e
somente ocorrerá se permanecer inerte durante todo o tempo de prescrição da ação
possessória, o que não ocorreu no caso em tela. Quem sofre o esbulho e é desapossa-
do tem o direito de reaver a sua posse, que era melhor do que a do esbulhador. E se o
desapossado é repelido e não consegue retomar a posse, pode recorrer às ações pos-
sessórias. Artigos 1.200, 1.210, 1.212 e 1.224 do Código Civil. In casu, restou incontro-
versa a prática de esbulho por parte do réu, diante da sua posse precária e de má-fé,
eis que tinha consciência da invalidade do contrato de compra e venda e da ilicitude do
seu ato. Assim, o pedido autoral deve ser julgado procedente para reintegrá-lo na posse
do imóvel objeto da lide, devendo o réu desocupar o imóvel no prazo de quinze dias da
publicação deste acórdão, sob pena de multa diária de R$500,00 (quinhentos reais),
na forma do artigo 461, § 5º do CPC. Tendo sido caracterizada a má-fé do réu desde
o momento que contratou com terceiro, não há que se falar em direito de retenção,
nem tampouco de indenização pela acessão feita no terreno, já que a mesma não era

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necessária. Artigo 1.219 e 1.220 do Código Civil. AGRAVO RETIDO CONHECIDO E DES-
PROVIDO. APELAÇÃO CONHECIDA E PROVIDA para; i) decretar a reintegração de posse
do autor no imóvel objeto da lide, concedendo ao réu o prazo de quinze dias a partir da
publicação deste acórdão para a desocupação do imóvel, sob pena de multa diária de
R$500,00 (quinhentos reais); ii) declarar a perda das benfeitorias e acessão em favor
do autor; e inverter os ônus sucumbenciais.
(TJ-RJ - APL: 00132831720128190212 RJ 0013283-17.2012.8.19.0212, Relator: DES.
CEZAR AUGUSTO RODRIGUES COSTA, Data de Julgamento: 04/11/2014, OITAVA CA-
MARA CIVEL, Data de Publicação: 07/11/2014 13:08).

18. (CESPE/TRF 5ª REGIÃO/JUIZ FEDERAL SUBSTITUTO/2015) Roberto, junta-

mente com sua família, ocupou, cercou e construiu uma casa, um curral e um pe-

queno lago artificial em uma terra pública situada em área rural. O poder público,

ao tomar ciência da ocupação, ajuizou ação de reintegração de posse. Em defesa,

Roberto alegou que a posse se dera de boa-fé e que ele já havia feito um pedido

administrativo requerendo a regularização da propriedade. O réu ainda alegou que,

caso o pedido do poder público fosse procedente, ele deveria ser indenizado pelas

benfeitorias erigidas, com direito de retenção.

A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Com exceção do lago artificial, Roberto fará jus a indenização pelas demais ben-

feitorias erigidas no imóvel.

b) Roberto terá direito à indenização pela casa, mas lhe será descontado o valor

correspondente ao tempo de permanência no imóvel.

c) O direito de retenção pelas benfeitorias necessárias não poderá ser deferido.

d) A posse não pode ser considerada de má-fé, o que torna indenizáveis as benfei-

torias úteis e necessárias feitas por Roberto.

e) A indenização pelo curral depende de prova de utilidade pelo poder público após

a retomada do imóvel.

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Letra c.

Aqui temos mais uma questão da banca CESPE com base na jurisprudência:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 679.480 - SP (2015/0061423-9) RELATOR : MI-


NISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA AGRAVANTE : COMPANHIA PAULISTA DE TRENS
METROPOLITANOS - CPTM ADVOGADO : FABIANA PAULOVICH DE ALENCAR E OUTRO
(S) AGRAVADO : ANTONIO TERTULIANO DOS REIS ADVOGADO : AMARILIS RAMONA
BIANCHI ALVES AGRAVADO : JOSÉ LOURENÇO DA SILVA ADVOGADO : SEM REPRESEN-
TAÇÃO NOS AUTOS AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. OCUPAÇÃO
DE BEM PÚBLICO. DESCONHECIMENTO DO VÍCIO. POSSE. IMPOSSIBILIDADE. MERA
DETENÇÃO. NATUREZA PRECÁRIA. ART. 1.219 DO CC. INDENIZAÇÃO POR ACESSÕES
HAVIDAS. IMPOSSIBILIDADE.
1. A ocupação de bem público não gera direitos possessórios, e sim mera de-
tenção de natureza precária.
2. Ainda que a parte desconheça o vício que inquine seu direito, gozando de boa-fé, não
é cabível o pagamento de indenização pelas acessões, nos termos do art. 1.219
do CC.
3. Agravo conhecido para se conhecer do recurso especial e dar-lhe parcial provimento.
(STJ - AREsp: 679480 SP 2015/0061423-9, Relator: Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORO-
NHA, Data de Publicação: DJ 01/06/2015).

19. (FGV/SEFAZ-MT/AUDITOR FISCAL/2014) Acerca das disposições expressas no

Código Civil de 2002 sobre os direitos reais, analise as afirmativas a seguir.

I – São formas de aquisição da propriedade imóvel: a usucapião, a transmissão

hereditária, a acessão e o registro.

II – O possuidor de boa-fé não tem direito aos frutos percebidos enquanto durar

a posse.

III – São considerados direitos reais: a superfície, a habitação, o uso, o penhor e

a benfeitoria necessária.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente a afirmativa III estiver correta.

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d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Letra a.

Análise das afirmativas:

I. Certo. Vide esquema gráfico da seção 2.5.

II. Errado. Em desacordo com o art. 1.214 do CC:

Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos.

III. Errado. A benfeitoria necessária não é considerada um direito real, mas sim

uma espécie de bem acessório.

20. (FCC/TJ-AL/JUIZ SUBSTITUTO/2015) A propriedade do solo

a) abrange a do subsolo apenas para explorar os recursos minerais de emprego

imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial.

b) abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e profundi-

dade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que

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sejam realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha
ele interesse legítimo em impedi-las.

c) não abrange a do subsolo, por isso o proprietário não pode opor-se a atividades que

sejam realizadas por terceiros no subsolo, ainda que tenha interesse em impedi-las.

d) não abrange a do espaço aéreo, mas abrange a do subsolo.

e) não abrange a do espaço aéreo e o subsolo correspondentes, em qualquer altu-

ra ou profundidade, mesmo que úteis ao seu exercício, podendo, entretanto, obter

autorização administrativa para sua utilização, desde que não prejudique terceiros

ou o interesse público.

Letra b.

Questão literal. Com base no o art. 1.229 do CC:

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspon-


dentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o pro-
prietário opor-se a atividades que sejam realizadas, por terceiros, a uma altura
ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em impedi-las.

21. (FCC/SEFAZ-PI/AUDITOR FISCAL/2015) Em relação à propriedade, é correto afirmar:

a) A propriedade imóvel é transferida com a escrituração de compromisso de com-

pra e venda.

b) A propriedade imóvel é transferida com a subscrição de compromisso de

compra e venda.

c) Em regra, os frutos, ainda quando separados, pertencem ao proprietário

da coisa.

d) A tradição transfere a propriedade ainda que tenha por título negócio jurídico nulo.

e) O proprietário tem o direito, contra o dono de propriedade vizinha, de fazer

cessar as interferências prejudiciais ao sossego, ainda que sejam justificadas

pelo interesse público.

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Letra c.

Análise das alternativas:

c) Certo. Vide art. 1.232 do CC:

Art. 1.232. Os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quando separados, ao
seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem.

a) Errado. Segundo o art. 1.245 do CC, a propriedade imóvel é transferida com o

registro do título no Cartório de Imóveis.

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título trans-
lativo no Registro de Imóveis.

b) Errado. Vide alternativa anterior.

d) Errado. Em desacordo com o art. 1.268, § 2º, do CC.

Art. 1.268, § 2o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um ne-
gócio jurídico nulo.

Tendo em vista que o negócio jurídico nulo padece de invalidade total, não tem

como a tradição produzir efeitos se tiver uma nulidade absoluta como origem. Res-

salta-se que a invalidade decorrente da nulidade absoluta produz efeitos ex tunc,

ou seja, invalida todo o negócio desde a sua celebração.

e) Errado. Em desacordo com os arts. 1.277 e 1.278 do CC:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer ces-


sar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o
habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização,
a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e
os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando
as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprie-
tário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.

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22. (FCC/CMSP/PROCURADOR LEGISLATIVO/2014) Em relação à propriedade,

considere as afirmações abaixo.

I – São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade ou

utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

II – A propriedade presume-se de modo absoluto plena e exclusiva.

III – A propriedade do solo abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais.

Está correto o que se afirma em

a) II e III, apenas.

b) I, II e III.

c) I e III, apenas.

d) I e II, apenas.

e) I, apenas

Letra e.

Análise das afirmativas:

I. Certo. Os atos emulativos são proibidos por meio do art. 1.228, § 2º, do CC:

Art. 1.228, § 2o São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodida-
de, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem.

II. Errado. Realmente, presume-se que a propriedade seja plena e exclusiva, mas

de forma relativa, pois é admitida prova em contrário.

Art. 1.231. A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.

III. Errado. Em desacordo com o art. 1.230 do CC:

Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros
bens referidos por leis especiais.

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23. (FCC/PREF. DE RECIFE-PE/PROCURADOR/2014) Não podendo arcar com a ma-

nutenção de imóvel urbano, Leandro o abandona com a intenção de não mais o

conservar como seu. Logo depois, notando o abandono, Abílio invade o imóvel e o

possui por mais de 15 anos, sem interrupção nem oposição, embora sem satisfazer

os ônus fiscais perante o Município do Recife. O imóvel deverá ser

a) arrecadado como bem vago, passando, cinco anos depois, à propriedade do

Município do Recife.

b) declarado usucapido em favor de Abílio, em ação de usucapião.

c) arrecadado como bem vago, passando, três anos depois, à propriedade do

Município do Recife.

d) retomado por Leandro, por meio de ação de imissão na posse.

e) retomado por Leandro, por meio de ação reivindicatória.

Letra b.

Tendo em vista que Abílio possuiu o imóvel por mais de 15 anos, sem interrupção

nem oposição, consumou-se a modalidade de usucapião extraordinário prevista no

art. 1.238 do CC.

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; po-
dendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.

24. (CESPE/TJ-DFT/AJAJ/2015) Se um indivíduo possui como seu, por doze anos, sem

interrupção e sem oposição de terceiros, imóvel em que estabeleceu a sua moradia

habitual, então, nesse caso, está configurada a usucapião extraordinária do imóvel e a

aquisição da propriedade independe de demonstração de justo título e de boa-fé.

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Certo.

A situação descrita, por ter transcorrido mais de 10 anos, representa uma hipótese

de usucapião extraordinária (independente de título e boa-fé) com prazo reduzido

(moradia habitual), nos termos do art. 1.238, parágrafo único, do CC.

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; po-
dendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo.

25. (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Rita, por 11 anos, sem interrupção nem opo-

sição de quem quer que seja, possui, como seu, imóvel no qual estabeleceu a sua

moradia habitual.

Considerando que Rita não possui qualquer título referente à titularidade proprie-

tária do imóvel, assinale a afirmativa correta.

a) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir a

propriedade do bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao

juiz declaração por sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de

Registro de Imóveis.

b) Independentemente de comprovada boa-fé, Rita poderá adquirir a propriedade do

bem imóvel por meio de ação de usucapião, na qual requeira ao juiz declaração por

sentença, que servirá como título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.

c) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não ter atingido ainda o tempo mínimo da prescrição aquisitiva,

qual seja, quinze anos.

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d) Estando Rita de comprovada boa-fé, e somente nesse caso, poderá adquirir

o direito de superfície do bem imóvel por ter atingido o tempo mínimo para a

titularidade, qual seja, cinco anos.

e) Independentemente de agir com boa-fé, Rita não poderá adquirir a propriedade

do bem imóvel por não haver realizado nele obras ou serviços de caráter produtivo.

Letra b.

A situação descrita, por ter transcorrido mais de 10 anos, representa uma hipótese

de usucapião extraordinária (independente de título e boa-fé) com prazo reduzido

(moradia habitual), nos termos do art. 1.238, parágrafo único, do CC.

Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como
seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; po-
dendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o
registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo.

26. (FCC/TRF 3ª REGIÃO/AJAJ/2014) Considere as seguintes hipóteses:

I – Mariana, por onze anos, sem interrupção e nem oposição, possui, como sua,

uma casa de 300 metros quadrados, tendo estabelecido no referido imóvel

sua moradia habitual, realizando obras de conservação e ampliação da casa.

II – Gleison não é proprietário de imóvel urbano ou rural, mas possui, como sua,

uma casa de 150 metros quadrados por sete anos ininterruptos e sem opo-

sição utilizando-a como sua moradia.

III – III. Benício, proprietário de um terreno rural de 10 hectares, possui, como

sua, uma casa de 70 metros quadrados, por oito anos ininterruptamente e

sem oposição, utilizando-a como sua moradia.

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De acordo com o Código Civil brasileiro, em razão da posse, poderá adquirir a pro-
priedade dos imóveis acima mencionados
a) Mariana, apenas.
b) Mariana e Gleison, apenas.
c) Gleison, apenas.
d) Mariana, Gleison e Benício.
e) Gleison e Benício, apenas.

Letra b.
Nesse tipo de questão, devem ser feitas as seguintes análises, na ordem abaixo:
• verificar o tamanho do imóvel (até 250m2 ou até 50ha) para tentar enquadrar
a hipótese de usucapião constitucional;
• se o tamanho do imóvel cumprir o requisito do item anterior, devemos
observar se o prazo de cinco anos foi cumprido para consumação da usu-
capião constitucional;
• para ocorrer usucapião constitucional rural, o possuidor não pode ter outro imóvel;
• se a questão não mencionar a metragem do imóvel ou se for superior ao
limite do item 1, esqueça a usucapião constitucional e verifique a existên-
cia ou não de junto título e boa-fé para enquadrar a usucapião em ordi-
nária ou extraordinária;
• por fim, verifica-se o tempo de posse para verificar a consumação da usuca-
pião ordinária ou extraordinária.
Análise das afirmativas:
I. Como a metragem é de 300 m2, descarta-se a usucapião constitucional. Não é
citado que Mariana possui justo título e boa-fé, sendo assim, entende-se pela usu-
capião extraordinária. Analisando o período de tempo de 11 anos, entende-se que

se consumou a usucapião extraordinária com prazo reduzido pela moradia habitual.

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II. Como a metragem é de 150 m2, verifica-se, a depender do tempo de posse, a possi-

bilidade de usucapião constitucional. Sendo o período de posse prolongado por 7 anos,

entende-se que se consumou a usucapião constitucional urbana, pois bastavam 5 anos.

III. Benício não irá adquirir a propriedade do terreno rural em decorrência da usu-

capião constitucional rural por já ter outro imóvel (casa de 70m2).

Resumo sobre as espécies de usucapião

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA – Art. 1.238, caput, CC.

Tempo: 15 anos. Não é necessário haver boa-fé e nem justo título. Os principais

requisitos a se provar é a posse mansa, pacífica e ininterrupta.

USUCAPIÃO EXT. REDUZIDA – Art. 1.238, § único, CC.

Tempo: 10 anos. Por ser subespécie da extraordinária, também não há necessida-

de de haver justo título nem boa-fé. Entretanto, para o autor conseguir a redução

de cinco anos, é necessário que tenha feito no imóvel obras ou serviços de caráter

produtivo, aumentando a utilidade daquele.

USUCAPIÃO ORDINÁRIA – Art. 1.242, caput, CC.

Tempo: 10 anos. Deve estar de boa-fé, ou seja, ignora qualquer obstáculo impedi-

tivo. O possuidor deve ter, ainda, justo título.

USUCAPIÃO ORD. REDUZIDA – Art. 1.242, parágrafo único, CC.

Tempo: 5 anos. Bem adquirido onerosamente e teve registro cancelado, mas havia bo-

a-fé do possuidor. Para valer-se dessa espécie, o possuidor deve comprovar que man-

tém no imóvel sua morada ou realizou investimentos de interesse social ou econômico.

USUCAPIÃO ESPECIAL RURAL OU pró-labore, constitucional – Art. 1.239, CC.

Tempo: 5 anos. Imóvel até 50 ha. O possuidor deve comprovar que fez da proprie-

dade um bem produtivo, estabelecendo ali sua morada. O usucapiente não pode

ser proprietário ou possuidor direto de outro imóvel, seja urbano ou rural.

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USUCAPIÃO ESPECIAL URBANA OU pró-misero, pró-moradia, pró-habitatione,

habitacional – Art. 1.240, CC.

Tempo: 5 anos. Não é necessário justo título nem boa-fé. O imóvel deve ser de até

250m2. Aqui também o possuidor não pode ser proprietário ou possuidor direto de

outro imóvel, seja urbano ou rural.

USUCAPIÃO COLETIVA – Art. 1.228, § 4.º, CC; e art. 10, Lei n. 10.257/2001,

Estatuto da Cidade.

Tempo: 5 anos. Caberá esta espécie quando se tratar de áreas urbanas com mais

de 250m2, ocupadas por população de baixa renda, não se sabendo precisar a de-

limitação de cada um. Referido prazo deve ser sem interrupção e nem oposição.

Neste caso, o rito é sumário, sendo obrigatória a intervenção do MP.

USUCAPIÃO FAMILIAR OU conjugal – Art. 1.240-A, CC.

Tempo: 2 anos, a contar do abandono do imóvel pelo cônjuge. O imóvel que per-

tencia ao casal ou a um deles deve ser de até 250m2. Importante mencionar que o

consorte possuidor do imóvel não pode, para efeitos dessa usucapião, ser possui-

dor de outro imóvel, seja na zona urbana ou rural.

27. (FGV/ISS-NITERÓI-RJ/FISCAL DE TRIBUTOS/2015) Após vinte e três anos exer-

cendo posse mansa e pacífica, com animus domini, de área de trinta e três mil metros

quadrados, Irani ajuizou ação de usucapião do imóvel. Considerando que foi proferida

sentença julgando procedente o pedido, a qual transitou em julgado, vindo a ser devi-

damente registrada junto ao registro de imóveis, é correto afirmar que Irani:

a) continuará sendo mero possuidor por mais três anos, tornando-se proprietário

ao término do referido prazo;

b) tornou-se proprietário quando do registro da referida sentença;

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c) tornou-se proprietário quando da prolatação da sentença;

d) tornou-se proprietário quando do trânsito em julgado da sentença;

e) já era proprietário do imóvel, antes mesmo de proferida a sentença de usucapião.

Letra e.

Conforme comentado durante a aula, a sentença proferida na ação de usuca-

pião tem natureza meramente declaratória. Para agregarmos informação ao

seu estudo, veja a jurisprudência a seguir:

APELAÇÃO CÍVEL. RECONHECIMENTO DE UNIÃO ESTÁVEL. DISSOLUÇÃO. PARTILHA.


IMÓVEL USUCAPIDO. REQUISITOS PARA USUCAPIÃO ANTERIOR À UNIÃO. IMPOSSIBI-
LIDADE. SENTENÇA UNICAMENTE DECLARATÓRIA. EFEITOS EX TUNC. EXCLUSÃO DA
PARTILHA DO BEM USUCAPIDO. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. DESPROVIMENTO.
Se à época que o companheiro adquiriu os requisitos legais para usucapir, ou seja, quan-
do foi considerado proprietário do imóvel objeto da lide, não convivia em união estável
com a companheira, não há partilha do bem usucapido, pois a sentença proferida na
Ação de Usucapião é de natureza declaratória, produzindo efeitos ex tunc.
(TJPB - ACÓRDÃO/DECISÃO do Processo Nº 00010938320148150011, 3ª Câmara Especia-
lizada Cível, Relator DESA. MARIA DAS GRAÇAS MORAIS GUEDES, j. em 29-03-2016).

Como Irani cumpria os requisitos para usucapir a área citada, podemos afirmar

que ele se tronou proprietário antes mesmo de ser proferida a sentença, já que ela

possui efeitos meramente declaratórios e não constitutivos.

28. (FCC/TCE-CE/AUDITOR SUBSTITUTO DE CONSELHEIRO/2015) Um agricultor, en-

contrando abandonado um imóvel rural pertencente ao Estado, onde funcionara um

campo de experiências e pesquisas agropecuárias, nele passou a cultivar com sua fa-

mília. Passados 20 anos, o Estado ajuizou ação reivindicatória, para reaver a posse do

imóvel, com base em título de domínio. O agricultor, em contestação, alegou ter se

tornado proprietário da área por usucapião, em virtude do lapso de tempo decorrido e

do abandono do imóvel pelo Estado. A ação reivindicatória deverá ser julgada

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a) improcedente, porque o abandono da área implica desafetação tácita e o imóvel

se transformou em bem dominical, que o Estado possui, como objeto de direito

real, nas mesmas condições que os particulares.

b) improcedente, porque o abandono da área implica a perda de sua função social.

c) procedente, porque aquela área não era passível de aquisição por usucapião.

d) procedente, exceto se por algum modo o Estado haja interrompido a prescrição

aquisitiva, antes de sua consumação.

e) improcedente, porque a área, desde que abandonada, passou à categoria de

terra devoluta, passível de aquisição a qualquer título como bem particular.

Letra c.

Como o imóvel rural é pertencente ao Estado, trata-se de um bem público. Sendo

assim, devemos observar o art. 102 do CC:

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

29. (FCC/PREF. DE CAMPINAS-SP/PROCURADOR/2016) Caio estabeleceu-se, com

animus domini, em praça pública abandonada pelo Município. Decorridos mais de

20 anos, sem oposição das pessoas que frequentavam o local, requereu fosse de-

clarada usucapida a área. Tal praça constitui bem

a) de uso comum do povo, suscetível de usucapião, em caso de abandono

pelo poder público.

b) de uso especial, insuscetível de usucapião, assim como os de uso comum do

povo e os dominicais.

c) dominical, suscetível de usucapião, ainda que conserve tal qualificação.

d) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, diferentemente dos bens de

uso especial e dos dominicais.

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e) de uso comum do povo, insuscetível de usucapião, assim como os de uso

especial e os dominicais.

Letra e.

A praça pública, por força do art. 99, I, do CC, é um bem público de uso comum do povo:

Art. 99. São bens públicos:


I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

Sendo assim, devemos observar o art. 102 do CC:

Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

30. (FCC/MPE-PA/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) Péricles permaneceu 8 anos sendo

cuidado por Juliano, que residia no mesmo imóvel e era remunerado para tal fim. Com

o falecimento de Péricles, seus herdeiros, em agradecimento, permitiram, por contrato

escrito, que Juliano permanecesse por mais 5 anos no imóvel. Durante este prazo, Ju-

liano utilizou o bem para sua moradia, em caráter ininterrupto e sem oposição. Trans-

corrido o prazo, recusou-se a deixar o imóvel, alegando usucapião. Trata- se de imóvel

urbano menor que 250 m² e Juliano não possui bens imóveis. Juliano está

a) incorreto, pois a natureza de sua posse, de 13 anos, não leva à usucapião.

b) correto, pois não possui outros bens e permaneceu 5 anos ininterruptos em

imóvel menor que 250 m², sem oposição, utilizando-o para sua moradia.

c) correto, pois teve posse do imóvel por mais de 10 anos, estabelecendo sua mo-

radia habitual e nele realizando serviços de caráter produtivo.

d) incorreto, pois jamais teve posse.

e) incorreto, pois a natureza de sua posse, de 5 anos, não leva à usucapião.

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Letra e.

Durante o período de 8 anos em que cuidava de Péricles, Juliano não tinha a posse

do bem. No máximo, poderia se caracterizar a detenção, pois achava-se em relação

de dependência para com outro, e conservava a posse em nome deste e em cum-

primento de ordens ou instruções suas.

Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependên-


cia para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens
ou instruções suas.

Nos 5 anos após a morte de Péricles, a posse exercida por Juliano era do tipo ad

interdicta, pois se baseava em um contrato escrito, o que não conduz à aquisição

da propriedade por usucapião.

31. (FCC/MPE-PE/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2014) O proprietário ou o possuidor de um

prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao sos-

sego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha,

a) e esse direito prevalece, mesmo quando as interferências forem de interesse

público, exceto se houver previa e justa indenização pelo Poder Público, porque

configurada parcial desapropriação indireta.

b) entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justifica-

das por interesse público, cabendo ao vizinho reclamar indenização apenas do Po-

der Público que autorizou as obras ou instalações que produzem as interferências.

c) entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justifica-

das por interesse público, independentemente de qualquer indenização.

d) entretanto esse direito não prevalece quando as interferências forem justifi-

cadas por interesse público, caso em que o proprietário ou o possuidor, causador

delas, pagará ao vizinho indenização cabal.

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e) e esse direito prevalece mesmo quando as interferências forem de interesse

público, porque o direito de propriedade é garantido na Constituição Federal.

Letra d.

A questão tem como base os arts. 1.277 e 1.278 do CC:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer ces-


sar as interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o
habitam, provocadas pela utilização de propriedade vizinha.
Parágrafo único. Proíbem-se as interferências considerando-se a natureza da utilização,
a localização do prédio, atendidas as normas que distribuem as edificações em zonas, e
os limites ordinários de tolerância dos moradores da vizinhança.
Art. 1.278. O direito a que se refere o artigo antecedente não prevalece quando
as interferências forem justificadas por interesse público, caso em que o proprie-
tário ou o possuidor, causador delas, pagará ao vizinho indenização cabal.

32. (FCC/PGE-RN/PROCURADOR/2014) João é vizinho de uma indústria poluen-

te, tendo ajuizado ação de natureza cominatória, para fazer cessar a emissão de

gazes, julgada improcedente, porque a indústria se localiza em local permitido e

não haveria como diminuir os incômodos. A sentença transitou em julgado, mas

passados alguns anos, surgiram equipamentos capazes de eliminar drasticamente

a poluição. Nesse caso, João

a) não poderá exigir a redução das emissões poluentes, mas se alienar seu imóvel,

o novo proprietário poderá formular essa pretensão, inclusive judicialmente.

b) não poderá exigir a redução das emissões poluentes, porque prevalece a coisa

julgada a favor da proprietária da indústria.

c) poderá, inclusive judicialmente, exigir a redução ou eliminação das emis-

sões poluentes.

d) só poderá exigir a redução das emissões poluentes se ressarcir a proprietária da

indústria dos gastos com aquisição dos equipamentos.

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e) poderá exigir a redução das emissões poluentes, mediante representação a au-

toridades ambientais, mas não poderá exigi-la judicialmente.

Letra c.

Questão com base no art. 1.279 do CC:

Art. 1.279. Ainda que por decisão judicial devam ser toleradas as interferências, poderá
o vizinho exigir a sua redução, ou eliminação, quando estas se tornarem possíveis.

33. (FCC/PREF. DE RECIFE-PE/PROCURADOR/2014) Para levar água potável a seu

imóvel, Silvio necessariamente tem que passar tubulação subterrânea pelo imóvel

de seu vizinho, Mateus, o qual

a) é obrigado a permitir a passagem da tubulação e não poderá postular indeniza-

ção, pois a obra visa à instalação de serviço de utilidade pública.

b) é obrigado a permitir a passagem da tubulação apenas se as obras não causa-

rem danos a seu imóvel.

c) poderá se opor à passagem da tubulação, com base no direito de propriedade.

d) é obrigado a permitir a passagem da tubulação, mediante recebimento de indeniza-

ção que abranja os danos diretos ao imóvel e a desvalorização da área remanescente.

e) é obrigado a permitir a passagem da tubulação que levará água potável ao imóvel de

Sílvio, mediante ao recebimento de indenização que abranja os danos diretos do imóvel.

Letra d.

Questão com base no art. 1.286 do CC:

Art. 1.286. Mediante recebimento de indenização que atenda, também, à desvaloriza-


ção da área remanescente, o proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de
seu imóvel, de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de utilida-
de pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro modo for impossível
ou excessivamente onerosa.

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34. (FGV/DPE-MT/ADVOGADO/2015) Em relação ao direito de vizinhança, assinale

a afirmativa correta.

a) Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono da árvore, já

que são classificados como bens de natureza acessória.

b) O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho a

demolição ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste

caução pelo dano iminente.

c) O dono do prédio que não tiver acesso à via pública pode constranger o vizinho

a lhe dar passagem, independentemente do pagamento de indenização.

d) Todo aquele que violar as proibições referentes ao direito de vizinhança é obrigado

a demolir as construções feitas, sendo dispensada a indenização por perdas e danos.

e) É defeso abrir janelas, ou fazer terraço ou varanda, a menos de dois metros do

terreno vizinho.

Letra b.

Análise das alternativas:

b) Certo. Vide art. 1.280 do CC:

Art. 1.280. O proprietário ou o possuidor tem direito a exigir do dono do prédio vizinho
a demolição, ou a reparação deste, quando ameace ruína, bem como que lhe preste
caução pelo dano iminente.

a) Errado. Em desacordo com o art. 1.284 do CC:

Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade particular.

c) Errado. Em desacordo com o art. 1.285 do CC:

Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso à via pública, nascente ou porto,
pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar
passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

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d) Errado. Em desacordo com o art. 1.312 do CC:

Art. 1.312. Todo aquele que violar as proibições estabelecidas nesta Seção é obrigado a
demolir as construções feitas, respondendo por perdas e danos.

e) Errado. Em desacordo com o art. 1.301 do CC:

Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de me-
tro e meio do terreno vizinho.

35. (FGV/ISS-RECIFE-PE/AUDITOR FISCAL/2014) Rita comprou um apartamento em

um bairro tranquilo. Alguns meses depois de se instalar, Rita foi surpreendida com a

inauguração de uma casa noturna no imóvel em frente ao seu. Não bastasse, o primei-

ro andar do estabelecimento foi transformado em bar que, por conta do movimento,

passou a utilizar a calçada para colocar suas mesas. Com o sucesso do empreendimen-

to, os burburinhos na madrugada começaram e, com o passar do tempo, Rita já não

conseguia dormir em virtude do barulho. Inconformada, ajuíza uma ação em face do

estabelecimento para que sejam tomadas as providências necessárias.

Sobre a hipótese sugerida, assinale a opção correta.

a) Rita deve vender seu imóvel e se mudar para outro lugar, uma vez que a música

alta é característica das casas noturnas.

b) Deve ser aplicada multa ao estabelecimento apenas por causar o transtorno a

Rita, independente de comprovação do excesso de ruído.

c) Ainda que Rita comprove o sofrimento e os prejuízos que esse fato vem lhe cau-

sando, além do excesso de ruído, não lhe serão devidos danos morais.

d) Se for comprovado que o barulho excede os limites impostos pela legislação, o

juiz imporá multa ao estabelecimento com o fim de evitar reincidência.

e) O livre exercício da atividade empresarial não gera direito à indenização.

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Letra d.
Esta questão pode ser resolvida pelo simples bom senso diante da situação.
A base legal é o art. 1.277 do CC:

Art. 1.277. O proprietário ou o possuidor de um prédio tem o direito de fazer cessar as


interferências prejudiciais à segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, pro-
vocadas pela utilização de propriedade vizinha.

Como houve desrespeito à norma citada, os fatos causadores dos incômodos e


desconfortos autorizam o ingresso de dois tipos de ações judiciais, que, conforme
o caso poderá ser a ação indenizatória por perdas e danos, quando o prejuízo já
ocorreu, ou, no caso de situação presente ou continuativa de prejuízo à segurança,
sossego e saúde do vizinho ofendido, a ação de obrigação de fazer ou não fazer
com cominação de multa diária, para se evitar a reincidência, e o pedido indeniza-
tório, que poderá ser cumulativo, bem como o pedido da cessação da perturbação.

36. (FGV/ISS-RECIFE-PE/AUDITOR FISCAL/2014) Luiz e Gerson nasceram no bair-


ro X e são amigos de longa data. Ao constituírem família, decidiram continuar
morando no mesmo bairro, tornando-se vizinhos. Tudo corria bem até que alguns
problemas começaram a ocorrer entre os vizinhos.
A respeito do direito de vizinhança, assinale a opção correta.
a) Se houver uma árvore no terreno de Gerson e suas raízes e ramos começarem
a invadir o terreno de Luiz, este poderá cortá-la até o ponto divisório, devendo res-
tituir ao vizinho os frutos que caírem em seu terreno.
b) Se o prédio de Gerson não tiver acesso à rua, poderá ele, mediante pagamento
de indenização, forçar o vizinho a constituir uma servidão de passagem.
c) Se não for mais possível determinar onde começa o terreno de Luiz e onde acaba o
terreno de Gerson, um pode exigir do outro que proceda, com ele, à demarcação entre

os dois terrenos e os limites serão determinados de acordo com a posse justa.

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d) Gerson está obrigado a aceitar que Luiz, independente de aviso prévio, entre

em seu terreno para buscar suas coisas, bem como quando for necessário realizar

limpeza do muro divisório.

e) Se Gerson resolver criar porcos e galinhas em seu terreno, tal fato não

gera o direito de Luiz exigir a construção de tapumes especiais para impedir

a passagem dos animais.

Letra c.

Análise das alternativas:

c) Certo. Conforme os arts. 1.297 e 1.298 do CC.

Art. 1.297. O proprietário tem direito a cercar, murar, valar ou tapar de qualquer modo o
seu prédio, urbano ou rural, e pode constranger o seu confinante a proceder com
ele à demarcação entre os dois prédios, a aviventar rumos apagados e a renovar mar-
cos destruídos ou arruinados, repartindo-se proporcionalmente entre os interessados as
respectivas despesas.
Art. 1.298. Sendo confusos, os limites, em falta de outro meio, se determinarão de con-
formidade com a posse justa; e, não se achando ela provada, o terreno contestado se
dividirá por partes iguais entre os prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se
adjudicará a um deles, mediante indenização ao outro.

a) Errado. A assertiva está em conformidade com o art. 1.283 do CC, mas em

desacordo com o art. 1.284 do CC.

Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, po-
derão ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido.
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo
onde caíram, se este for de propriedade particular.

b) Errado. Em desacordo com o art. 1.285 do CC.

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pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar pas-
sagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.

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Não se pode confundir os conceitos de servidão de passagem (direito real sobre

coisa alheia) e de passagem forçada (direito de vizinhança).

A passagem forçada é direito de vizinhança que não exige registro, enquanto que

a servidão é um direito real sobre coisa alheia e tem sua constituição com o re-

gistro no Cartório de Registro de Imóveis. Enquanto a passagem forçada decorre

da lei e é uma limitação ao direito de propriedade, a servidão limita o domínio e

constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e

subsequente registro no Cartório de Registro de Imóveis.

Veja a jurisprudência a seguir:

APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE DE SERVIDÃO DE PASSAGEM


- EXISTÊNCIA DE OUTRO CAMINHO - NÃO DESNATURALIZAÇÃO DA POSSIBILIDADE
DE PROTEÇÃO POSSESSÓRIA NA ESTRADA SOB LITÍGIO - SERVIDÃO DE PASSAGEM E
PASSAGEM FORÇADA - DISTINÇÃO - NÃO CARACTERIZAÇÃO DE MERA TOLERÂNCIA -
PROVAS CONTUNDENTES DO EXERCÍCIO DA POSSE E DO ESBULHO - DIREITO DE PAS-
SAGEM RECONHECIDO - RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO - SENTENÇA MANTIDA.
1 - A passagem forçada não se confunde com a servidão de passagem. Aquela,
tem seu fundamento na necessidade, na indispensabilidade de passagem por
determinado local em razão do encravamento de prédio. Esta, por sua vez, não
pressupõe encravamento, não se apresenta como necessidade real e absoluta,
nem é indispensável ao uso do prédio.
2 - Mas, não há de se afastar a servidão de passagem quando existe outra via de acesso
às propriedades dos autores, se o caminho fechado pelo réu é o que melhor atende aos
interesses daquele, por ser mais curto e por propiciar acesso mais rápido, mais econô-
mico e menos penoso.
3 - Não há que se falar em mera tolerância na utilização de uma estrada, por 70 anos,
por várias pessoas, veículos e animais, pois, durante todos estes anos, não se pode con-
ceber o uso meramente eventual da estrada ou, simplesmente, o uso consentido pelos
seus então titulares. Está-se, sim, diante de passagem contínua, permanente, eviden-
ciando atos de posse que se prolongam há vários anos, e, portanto, têm respaldo no
direito. 4 - Caracterizado o exercício da posse, há mais de 70 anos, sobre a estrada que
corta a propriedad0e do prédio servien0te, e restando cristaliname0nte configurado, por
meio de fotos, prova testemunhal e inspeção judicial, o esbulho por este praticado, é de
ser julgada procedente a pretensão de reintegração de posse da servidão de passagem.
5 - Recurso conhecido e desprovido.
(TJ-ES - AC: 20040012427 ES 20040012427, Relator: ÁLVARO MANOEL ROSINDO
BOURGUIGNON, Data de Julgamento: 03/10/2006, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 07/02/2007).

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d) Errado. Em desacordo com o art. 1.313 do CC.

Art. 1.313. O proprietário ou ocupante do imóvel é obrigado a tolerar que o vizinho en-
tre no prédio, mediante prévio aviso, para:
I – dele temporariamente usar, quando indispensável à reparação, construção, recons-
trução ou limpeza de sua casa ou do muro divisório;
II – apoderar-se de coisas suas, inclusive animais que aí se encontrem casualmente.

e) Errado. Em desacordo com o art. 1.297, § 3º, do CC.

Art. 1.297, § 3o A construção de tapumes especiais para impedir a passagem de


animais de pequeno porte, ou para outro fim, pode ser exigida de quem provocou
a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado a concorrer para as
despesas.

Creio que, com as questões, você tenha percebido que a parte referente ao Di-

reito de Vizinhança se apega muito ao bom senso e à literalidade da lei.

Por hoje é só. Continue firma na luta, no final tudo valerá a pena.

Bons estudos!!!

Prof. Dicler

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