Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Teoria da Propriedade
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Sumário
Teoria da Propriedade....................................................................................................................................................4
1. Propriedade.. ....................................................................................................................................................................4
1.1. Introdução.. ....................................................................................................................................................................4
1.2. Fundamento e Legitimidade da Propriedade (Função Social)........................................................5
1.3. Conceito de Propriedade (Análise Estrutural e Funcional).............................................................7
1.4. A Propriedade e a Teoria dos Atos Emulativos (Abuso de Direito).......................................... 10
1.5. Atributos da Propriedade................................................................................................................................. 10
1.6. Multipropriedade (Time Sharing) – Lei n. 13.777/2018...................................................................12
1.7. Objeto da Propriedade: Bens Corpóreos e Incorpóreos (Propriedade Intelectual)........20
1.8. Extensão das Faculdades do Proprietário (Limites ao Direito De Propriedade)...............21
1.9. Limitações às Faculdades Jurídicas do Proprietário. ........................................................................23
1.10. Os Acessórios da Propriedade.................................................................................................................... 24
1.11. Expropriação Privada ou Desapropriação Judicial (Artigo 1.228, Parágrafos 4º e
5º, do CC).............................................................................................................................................................................25
1.12. Da Descoberta.. .....................................................................................................................................................25
2. Condomínio...................................................................................................................................................................27
2.1. Introdução ao Condomínio e Noções Preliminares. ............................................................................27
2.2. Fontes ou Origem do Condomínio................................................................................................................ 28
2.3. Conteúdo do Condomínio e da Comunhão de Interesses...............................................................30
2.4. Exercício do Condomínio: Deveres e Obrigações................................................................................33
2.5. Extinção do Condomínio Voluntário...........................................................................................................35
2.6. Administração do Condomínio. . .....................................................................................................................37
2.7. Do Condomínio Necessário.. ............................................................................................................................38
2.8. Condomínio Edilício.. ............................................................................................................................................39
3. Propriedade Superficiária. . ..................................................................................................................................48
3.1. Conceito e Natureza Jurídica. . .........................................................................................................................48
3.2. Objeto do Direito de Superfície no Código Civil e a Superfície por Cisão.............................49
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 2 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 3 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
TEORIA DA PROPRIEDADE
1. Propriedade
1.1. Introdução
A propriedade constitui o direito real de maior relevância e densidade social, em especial
em razão de sua necessária funcionalização. O Código Civil tipificou taxativamente os direitos
reais, entre eles o direito real de propriedade, numerus clausus (tipicidade fechada).
Os artigos 1.228 a 1.232 do CC retratam regras gerais e disposições preliminares sobre
o conteúdo do direito real de propriedade (poderes do proprietário), limites positivos e
negativos, extensão, atributos e características da propriedade. Nos artigos 1.238 a 1.259
estão positivados alguns modos de aquisição da propriedade imobiliária. Entre os arts.
1.260 a 1.274 são elencados os modos de aquisição da propriedade mobiliária. Finalmen-
te, nos arts. 1.275 e 1.276, a Lei Civil relaciona as causas que podem acarretar a perda da
propriedade imobiliária e mobiliária.
A propriedade, ao longo da história, sofreu forte influência das ideias e dos princípios
norteadores dos principais movimentos sociais e econômicos, em especial a partir do
século XIX.
O Código Civil de 1916 disciplinou a propriedade sob uma perspectiva meramente es-
trutural (o que ela é?), como direito subjetivo de caráter tão somente patrimonial. Baseado
no paradigma liberal da propriedade, que a concebe como direito subjetivo que confere
apenas poderes ao proprietário (usar, gozar, fruir, dispor e reivindicar a propriedade).
A partir da Constituição de 1988, o direito cede lugar a um novo modelo de proprieda-
de, de caráter mais social que, embora garanta os mesmos poderes ao proprietário, impõe
a este deveres positivos e negativos, a fim de concretizar a necessária função social des-
se direito, como condição de sua legitimação.
Essa evolução e transição do direito de propriedade, de mero poder para um poder-
-dever do titular do direito subjetivo de propriedade, é justificado pelo princípio da função
social da propriedade, que lhe confere, reiterando, densidade social e serve como fator de
sua legitimação. A propriedade deixa de ser analisada apenas sob uma ótica estrutural
(seus elementos integrantes – o que ela é?) para ser vista também, e, necessariamente,
sob uma perspectiva funcional (função social – qual é a finalidade desse direito?).
A ideia liberal de propriedade é ultrapassada e deve ser abandonada. A função social
revigora, conforma, condiciona e legitima a propriedade. A função social, em resumo, é o
fundamento valorativo do direito subjetivo de propriedade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 4 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
EXEMPLO
No art. 182, § 2º, estabelece a CF/1988 que a propriedade urbana cumpre sua função social
quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade, expressas no plano dire-
tor. E no parágrafo 4º do mesmo artigo já estão estabelecidas sanções1 para o proprietário de
bem urbano que não confere a ele uma destinação social: parcelamento ou edificação com-
pulsórios; IPTU progressivo no tempo e desapropriação com pagamento mediante títulos da
Tais sanções estão previstas e disciplinadas nos arts. 5 a 8 do Estatuto da Cidade”
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 5 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate
de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indeniza-
ção e os juros legais.
Por outro lado, no art. 186 da CF/1988, se a propriedade for rural, a função social é cumprida
quando atende, de forma simultânea, ao aproveitamento racional e adequado do solo, a utilização
adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente, a observância das
disposições que regulam as relações de trabalho e a exploração que favoreça o bem-estar dos pro-
prietários e trabalhadores. O imóvel rural que não cumpre a função social, nos termos do art. 184
da CF/1988, poderá ser desapropriado para fins de reforma agrária. Tal desapropriação por inte-
resse social é de competência da União Federal e a indenização será em títulos da dívida agrária.
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas
e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial,
a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas.
Na aplicação do princípio da função social da propriedade imobiliária rural, deve ser observada a
cláusula aberta do § 1º do art. 1.228 do CC, que, em consonância com o disposto no art. 5º, XXIII,
da CF/1988, permite melhor objetivar a funcionalização mediante critérios de valoração centrados
na primazia do trabalho.
Verificando-se que a sanção pecuniária mostrou-se ineficaz, a garantia fundamental da função so-
cial da propriedade (arts. 5º, XXIII, da CF/1988 e 1.228, § 1º, do CC) e a vedação ao abuso do direito
(arts. 187 e 1.228, § 2º, do CC) justificam a exclusão do condômino antissocial, desde que a ulterior
assembleia prevista na parte final do parágrafo único do art. 1.337 do CC delibere a propositura de
ação judicial com esse fim, asseguradas todas as garantias inerentes ao devido processo legal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 6 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 7 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O proprietário, titular deste direito subjetivo de natureza real, pode usar a propriedade, me-
diante a submissão direta e imediata da coisa ao seu poder. Para exercer o poder de fato sobre
a coisa, o domínio, efetivamente, o proprietário não necessita de intermediário. O acesso à
coisa é direto e imediato. Decorre da relação de senhorio que se estabelece entre o proprietário
e a coisa.
Em tempos atuais, em que a função social passa a integrar o próprio conteúdo da proprie-
dade, para lhe conferir legitimidade e substância, o direito de uso encontra inúmeras limita-
ções. Os interesses da coletividade devem prevalecer sobre o interesse individual do proprietá-
rio. Assim, o CC estabelece restrições à propriedade privada, por meio de imposição de limites
à extensão do direito (artigos 1.229 e 1.230), bem como a CF e normas de direito público, como
as limitações administrativas, que decorrem do poder de polícia do Estado.
O direito de usar consiste, em resumo, na faculdade jurídica de colocar a coisa a serviço do
titular da propriedade ou na mera disponibilidade de uso a qualquer momento, de acordo com
os interesses e a necessidade deste. No entanto, ao servir-se da coisa, deve fazê-lo de acordo
com a finalidade social e econômica. O uso pode ser imediato, direto e efetivo, ou mediato,
indireto e potencial.
Por fim, embora a propriedade não seja extinta pelo não uso, a omissão prolongada no
exercício deste direito subjetivo, somado à posse de terceiro com função social sobre a coisa,
poderá implicar em graves sanções civis, inclusive no sacrifício da propriedade em favor do
possuidor (exemplo: usucapião).
A fruição permite, nos termos do art. 1.232 do CC, a exploração econômica da coisa, me-
diante a retirada e percepção não só dos frutos (renováveis), como dos produtos (não renová-
vel – minério). São acessórios da coisa principal. Tais benefícios econômicos agregam valor
ao direito de propriedade e se distinguem do mero uso.
É possível que essa faculdade jurídica do domínio seja transferida pelo proprietário a ter-
ceiros, como ocorre no usufruto, direito real sobre coisa alheia por meio do qual o usufrutuá-
rio, dentre outros direitos. Nesse caso, poderá perceber os frutos e explorar economicamen-
te a coisa.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 8 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A faculdade jurídica de dispor da coisa permite a disposição jurídica, como são os casos
da alienação e doação, por exemplo e, também, a disposição material, que consiste na possi-
bilidade de destruir a propriedade e, no limite, abandoná-la. O poder de dispor envolve a própria
substância do bem.
É interessante observar que nem sempre há uma correlação necessária entre fruição e
disposição, pois o proprietário pode não ter consigo todos os poderes ou faculdades jurídicas
inerentes à propriedade (art. 1.228, caput, do CC).
EXEMPLO
Em determinadas relações jurídicas, decorrente do atributo da elasticidade, o proprietário
poderá transferir parcelas de poderes para outrem, como no usufruto. Nesse caso, o usufrutu-
ário terá os poderes de uso e fruição e o nu proprietário mantém o poder de disposição, sem
qualquer prejuízo ao direito subjetivo de propriedade.
Somente o proprietário tem o poder de exercer esta faculdade jurídica, desde que a dis-
posição seja total. Ao transferir essa faculdade jurídica para terceiro, estará efetivamente por
realizar ato de disposição e, portanto, ficará privado de todo o direito de propriedade. Por outro
lado, se a disposição for parcial, como no caso de gravar a coisa ou instituir ônus sobre o bem,
realizará ato de disposição jurídica, sem perder a propriedade. A titularidade será mantida, mas
não poderá dispor da coisa enquanto incidir o ônus.
De acordo com o disposto no art. 1.228, caput, do CC, o proprietário tem a faculdade ju-
rídica, inerente ao seu direito subjetivo, de reaver a coisa ou reivindicá-la de quem quer que
a injustamente detenha ou possua. É o elemento externo da propriedade, por meio do qual
o proprietário poderá recuperar os poderes dominiais que estiverem submetidos a qualquer
possuidor injusto.
Em caso de violação do dever geral de abstenção imposto pela ordem jurídica a todos os
membros da coletividade em relação ao direito de propriedade, este poderá manejar pedido rei-
vindicatório para a pronta recuperação da coisa. Tal direito será exercido por meio de ação peti-
tória, fundada no direito de propriedade. No entanto, o direito de retomada somente poderá ser
exercido de quem a detenha ou possua injustamente, e não de qualquer possuidor ou detentor.
Trata-se de um efeito da sequela, característica típica dos direitos reais. Tal direito é con-
cretizado por meio de ações judiciais, em especial a ação reivindicatória.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 9 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
É possuidor injusto ou mero detentor em relação ao proprietário, aquele que não é proprie-
tário e quem não mantém relação jurídica com o proprietário.
Na realidade, o objetivo fundamental dessa faculdade jurídica é a defesa e a tutela das
demais faculdades (uso, gozo e disposição). O proprietário somente poderá exercer poderes
de fato ou jurídicos sobre a coisa, se esta estiver à sua disposição. Para manter a coisa sob
seu controle direto ou indireto, mediato ou imediato, o proprietário poderá reivindicar a coisa
de quem quer que a possua ou detenha injustamente. Portanto, por meio dessa faculdade jurí-
dica, garantir-se-á o domínio sobre a coisa, e a efetiva ou potencial concretização dos direitos
de uso, gozo e disposição.
A propriedade possui características, algumas das quais podem ser consideradas verda-
deiros atributos. Tradicionalmente, são considerados atributos da propriedade: a exclusivida-
de, a perpetuidade e a elasticidade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 10 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
EXEMPLO
A desapropriação judicial prevista nos parágrafos 4º e 5º do art. 1.228 do CC, a usucapião, a
acessão invertida disciplinada no art. 1.255, parágrafo único, dentre outros, são exemplos de
sanções civis ao proprietário antissocial. O não exercício prolongado das faculdades inerentes
à propriedade, agregado à função social conferida ao bem por um terceiro, poderá levar à pri-
vação da propriedade.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 11 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O Enunciado 316 da IV JDC faz referência a esse dispositivo: “Eventual ação judicial de
abandono de imóvel, caso procedente, impede o sucesso da demanda petitória”. Tal pre-
sunção absoluta de abandono pelo inadimplemento de obrigação tributária, embora ques-
tionável, evidencia a flexibilização do atributo da perpetuidade: se, além do descumprimen-
to destes deveres, o sujeito não exerce atos possessórios em relação à propriedade.
Elasticidade
A elasticidade constitui um dos principais atributos da propriedade. Tal característica
está relacionada ao domínio, que corresponde aos poderes ou às faculdades do proprietá-
rio (uso, gozo e disposição).
De acordo com o disposto no art. 1.231 do CC, a propriedade presume-se plena, até pro-
va em contrário. A plenitude da propriedade implica na concentração de todos os poderes
ou faculdades do domínio nas mãos do proprietário.
Por outro lado, é possível a cisão dos poderes dominiais em favor de outras pessoas.
Nesse caso, o domínio pode suportar contrações sem que haja qualquer repercussão na
titularidade formal, ou seja, no próprio direito subjetivo do proprietário. Nessa situação, a
propriedade deixará de ser plena e passará a ser limitada. O domínio do proprietário é limi-
tado porque houve a cisão ou fragmentação de parcelas destes poderes ou faculdades (do
domínio mesmo – uso, gozo e disposição) em favor de outras pessoas. Na imposição de
ônus real sobre a coisa, como usufruto, na propriedade resolúvel ou na imposição de cláu-
sula de inalienabilidade, haverá fragmentação de parcelas do domínio em favor de outras
pessoas, como é o caso do usufrutuário e do possuidor na propriedade resolúvel.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 12 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A fração de tempo é indivisível (artigo 1.358-E), o que não se confunde com a indivisibilida-
de do imóvel em regime de multipropriedade.
O parágrafo 1º do artigo 1.358-E dispõe que o período correspondente a cada fração de
tempo será de, no mínimo, 7 dias, seguidos ou intercalados. O período poderá ser fixo e deter-
minado, no mesmo período de cada ano ou flutuante, caso em que a determinação do período
será realizada de forma periódica, mediante procedimento objetivo que respeite, em relação
a todos os multiproprietários, o princípio da isonomia, devendo ser previamente divulgado.
Ademais, o inciso III, do artigo 1.358-E, admite que haja a combinação de período misto, com
a junção dos sistemas fixo e flutuante.
Em face da necessária isonomia entre os multiproprietários, o parágrafo 2º do artigo 1.358-
E exige que todos tenham direito a uma mesma quantidade mínima de dias seguidos durante
o ano, podendo haver a aquisição de frações maiores que a mínima, com o correspondente
direito ao uso por períodos também maiores.
• Constituição da Multipropriedade:
O condomínio em multipropriedade pode ser constituído por ato entre vivos (contrato) ou
testamento (artigo 1.358-F), público ou particular.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 13 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Além da matrícula do imóvel, haverá uma matrícula para cada fração de tempo, na qual se
registrarão e averbarão os atos referentes à respectiva fração de tempo.
Em qualquer caso, como se trata de direito sobre imóvel em condomínio, deverá ser registrado
no competente cartório de registro de imóveis. No ato de constituição, deve constar e estar espe-
cificado a duração dos períodos, fixos e/ou flutuantes, correspondentes a cada fração de tempo.
A multipropriedade pode ser constituída por ato entre vivos ou testamento, nos termos do art.
1.358-F do CC.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 14 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Em caso de instituição da multipropriedade para posterior venda das frações de tempo a terceiros,
o atendimento a eventual limite de frações de tempo por titular estabelecido no instrumento de ins-
tituição será obrigatório somente após a venda das frações.
• Direitos e Obrigações do Multiproprietário:
Art. 1.358-I, I – usar e gozar, durante o período correspondente à sua fração de tempo, do imóvel e
de suas instalações, equipamentos e mobiliário;
II – ceder a fração de tempo em locação ou comodato (inerente à sua condição de condômino ou
titular de direito sobre fração de tempo);
III – alienar a fração de tempo, por ato entre vivos ou por causa de morte, a título oneroso ou gra-
tuito, ou onerá-la, devendo a alienação e a qualificação do sucessor, ou a oneração, ser informadas
ao administrador (da mesma forma que o condomínio tradicional, plena liberdade de disposição e
imposição de ônus);
IV – participar e votar, pessoalmente ou por intermédio de representante ou procurador, desde que
esteja quite com as obrigações condominiais, em: a) assembleia geral do condomínio em multipro-
priedade, e o voto do multiproprietário corresponderá à quota de sua fração de tempo no imóvel; b)
assembleia geral do condomínio edilício, quando for o caso, e o voto do multiproprietário corres-
ponderá à quota de sua fração de tempo em relação à quota de poder político atribuído à unidade
autônoma na respectiva convenção de condomínio edilício.
Por outro lado, são obrigações do multiproprietário, além daquelas previstas no instrumen-
to de instituição e na convenção de condomínio em multipropriedade:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 15 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
VI – usar o imóvel, bem como suas instalações, equipamentos e mobiliário, conforme seu destino
e natureza;
VII – usar o imóvel exclusivamente durante o período correspondente à sua fração de tempo (essên-
cia deste novo instituto);
VIII – desocupar o imóvel, impreterivelmente, até o dia e hora fixados no instrumento de instituição
ou na convenção de condomínio em multipropriedade, sob pena de multa diária, conforme conven-
cionado no instrumento pertinente e
IX – permitir a realização de obras ou reparos urgentes.
A responsabilidade pelas despesas referentes a reparos no imóvel, bem como suas insta-
lações, equipamentos e mobiliário, será:
Para esses efeitos, nos termos do artigo 1.358-K, são equiparados aos multiproprietários
os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos a cada fração de tempo.
• Transferência da Multipropriedade:
O titular da faculdade de uso e gozo por determinado período de tempo, denominado con-
dômino, poderá transferir a terceiros sua fração, independentemente do consentimento dos
demais condôminos/multiproprietários (artigo 1.358-L). Não se trata, portanto, de direito per-
sonalíssimo.
Ao contrário do condomínio tradicional, em que o direito de preferência em relação a tercei-
ros é um dos mecanismos para a extinção do condomínio (porque a aquisição de cota de outro
condômino na disputa com terceiros leva à concentração dos direitos a poucos ou uma só
pessoa – artigo 504 do CC). O condomínio em multipropriedade, que impõe a indivisibilidade
do imóvel, como consequência lógica desta, não admite direito de preferência na alienação de
fração de tempo. A ressalva será se houver sido estabelecida a preferência no instrumento de
instituição ou na convenção do condomínio em multipropriedade, em favor dos demais multi-
proprietários ou do instituidor do condomínio em multipropriedade.
No condomínio tradicional, a preferência decorre de imposição legal, com a possibilidade
de recuperar a coisa, com depósito do preço. No condomínio em multipropriedade, a prefe-
rência depende de pacto de preferência, cuja violação resultará em perdas e danos (artigo
518 do CC).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 16 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 17 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
poderá se relacionar com a totalidade ou apenas uma parte das unidades autônomas, o que
deverá ser previsto no instrumento de instituição ou por deliberação da maioria absoluta dos
condôminos.
www.grancursosonline.com.br 18 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A interferência estatal, com previsão das matérias que deverão integrar o regime interno
do condomínio edilício em multipropriedade, é excessivamente danosa às relações privadas
relacionadas a esse instituto.
O regimento interno poderá ser instituído por escritura pública ou por instrumento particular.
De acordo com a previsão do artigo 1.358-R, o condomínio edilício em que tenha sido
instituído o regime de multipropriedade em parte ou na totalidade de suas unidades autô-
nomas terá necessariamente um administrador profissional. O prazo de duração do contra-
to de administração será livremente convencionado. O administrador do condomínio será
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 19 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
www.grancursosonline.com.br 20 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
No regime do Código Civil, está a propriedade circunscrita aos bens corpóreos, ou seja, às coi-
sas. O art. 5º, XXII, da CF/1988, porém, ao proteger o direito de propriedade, abrange também
os créditos e toda posição jurídica de valor patrimonial. É por isso que a moderna doutrina não
mais fala em propriedade, mas em propriedades, tal a complexidade e diversidade de situações
jurídicas a disciplinar, que não comportam solução única e monolítica.” (Código Civil Comentado,
p. 1.144)
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 21 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
e 1.230 do CC. Tais restrições verticais estão relacionadas ao subsolo e ao espaço aéreo cor-
respondentes ao solo. O dispositivo, baseado nos critérios da utilidade social e do interesse,
estabelece limites superior e inferior ao exercício das faculdades do direito subjetivo de pro-
priedade, em especial à faculdade de uso.
De acordo com o art. 1.229:
EXEMPLO
A altitude pela qual o avião faz sobrevoo não tem qualquer utilidade para o proprietário do solo.
Em consequência, ele não terá interesse em impedir que a empresa aérea voe no espaço aéreo
correspondente ao seu solo.
(...) a propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os potenciais
de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis especiais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 22 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Na realidade, o art. 1.230 do CC acaba por repetir ou reproduzir as disposições dos arts. 20
e 176 da CF.
O proprietário somente poderá explorar as riquezas do subsolo, como jazidas e recursos
minerais, na qualidade de concessionário e, nesse caso, poderá obter direito ao resultado ou
produto da lavra. Se não houver riquezas no subsolo, aplica-se a regra geral do interesse e da
utilidade, estabelecida pelo art. 1.229 do CC, como limite vertical, para baixo e para cima, dos
poderes inerentes ao direito subjetivo de propriedade.
O parágrafo único do art. 1.230 ressalva que o proprietário do solo privado tem o direito de
explorar os recursos minerais de emprego imediato na construção civil, desde que não subme-
tidos à transformação industrial e obedecido o disposto em lei especial. Sobre esse dispositi-
vo, é interessante o exemplo de Loureiro:
(...) seria o caso, por exemplo, de pedras, areia ou argila existentes em um terreno, ou mesmo em
seu subsolo, que podem ser imediatamente empregados pelo proprietário na construção civil, inde-
pendentemente de qualquer processo industrial para seu aproveitamento. (Código Civil comentado,
p. 1.156)
EXEMPLO
São exemplos as limitações impostas pelo Estado, de forma unilateral, por meio de regulamen-
tos administrativos, os direitos de vizinhança, as regras estabelecidas pelo Estatuto da Cidade
(Lei n. 10.257/2001), dentre outros.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 23 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O proprietário pode determinar, por um ato unilateral ou mediante contrato, que o bem por ele trans-
mitido a outrem obrigue este a satisfazer determinados encargos, ou que, durante certo prazo, não
se transmita à outra pessoa, ou, ainda, que permaneça inalienável por certo tempo, bem como seja
conservado para transmissão à outra pessoa, realizada certa condição ou verificado o termo a que
esteja subordinado. (Direito das Coisas, p. 150-151)
Da mesma forma, quando constitui direito real sobre a coisa, como é o usufruto, também
haverá limitação da propriedade por ato de vontade. Nessa situação, o proprietário fica privado
das faculdades de uso e gozo do bem.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 24 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
EXEMPLO
O exemplo emblemático é o disposto no artigo 1.284 do CC, segundo o qual os frutos caídos
de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se este for de proprieda-
de particular.
Em resumo, os sujeitos de direito, por força da autonomia privada, podem afastar a regra
da gravitação jurídica prevista no art. 1.232 do CC, assim como a própria lei pode fazê-lo.
1.12. Da Descoberta
O instituto da descoberta foi realocado no CC de 2002 e passou a ser disciplinado em seção
autônoma nas disposições preliminares ao direito real de propriedade. A descoberta está rela-
cionada a coisas ou bens perdidos. O descobridor é justamente aquele que acha coisa alheia
perdida e a Lei Civil impõe a ele o dever de restituição ao legítimo possuidor ou proprietário.
Diferente da legislação pretérita não mais é considerada como modo de aquisição da proprie-
dade mobiliária, embora, excepcionalmente, possa ter esse efeito, conforme dispõe o art. 1.237,
parágrafo único, do CC. Nesse caso, se a coisa perdida descoberta for de diminuto valor e, não sen-
do localizado o proprietário, poderá o Município abandoná-la em favor do descobridor (inventor).
O fato que determina a incidência das regras que disciplinam a descoberta é o achado de
coisa alheia perdida. Segundo dispõe o art. 1.233 do CC, o sujeito que achar coisa alheia perdi-
da tem o dever jurídico de restituí-la ao dono ou ao legítimo possuidor.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 25 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Obs.: Não se deve conundir a descoberta de coisa perdida com a descoberta de coisa aban-
donada. A res derelictae (abandonada) e a res nullius (coisa sem dono) podem ser
ocupadas (art. 1.263), e, ainda, adquiridas por usucapião. Frisa-se que o abandono é
modo de aquisição e perda da propriedade (art. 1.275, III, do CC). No abandono, há o
despojamento voluntário de um bem.
No caso da descoberta, disciplinada no art. 1.233 do CC, a coisa alheia apenas está perdi-
da, razão pela qual o descobridor ou o inventor tem o dever de restituí-la ao legítimo dono. O
descumprimento desse dever implicará em sanção civil (responsabilidade civil) e criminal (art.
169, II, do CP, que trata do crime de apropriação de coisa achada).
Se alguém acha coisa alheia perdida, a depender da situação, terá dois caminhos para pro-
videnciar e efetivar a restituição ao dono:
(a) Se conhecer o dono da coisa perdida (que foi achada), o descobridor simplesmente o
procura e efetiva a devolução ou restituição;
(b) Se não conhecer o dono, caberá ao descobridor empreender diligências mínimas para
tentar encontrá-lo e, caso não obtenha êxito, entregará a coisa achada à autoridade competen-
te (art. 1.233, parágrafo único, do CC).
Se não houver acordo entre as partes interessadas, caberá ao juiz, com base nos referidos
critérios legais, definir e fixar o valor da recompensa em favor do descobridor.
No entanto, poderá o dono da coisa substituir o dever de recompensa e de indenização
pelo seu simples abandono. Se o dono resolver abandonar a coisa, incide a regra prevista no
art. 1.275, III, do CC: “o dono perderá a propriedade da coisa abandonada e, neste caso, poderá
o descobridor adquirir a sua propriedade por usucapião ou pela ocupação (art. 1.263 do CC)”.
Neste caso, o ato de achar a coisa implicará em modo de aquisição da propriedade, desde que,
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 26 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
De acordo com o art. 1.235 do CC, o descobridor responde apenas pelos prejuízos causa-
dos ao proprietário ou legítimo possuidor, quando tiver procedido com dolo (intenção delibera-
da, consciente e voluntária de deteriorar ou permitir o perecimento da coisa achada).
De acordo com o parágrafo único do artigo 1.233, se o dono ou legítimo possuidor da coisa
perdida não for encontrado, o descobridor (aquele que acha a coisa perdida) deverá entregá-la
à autoridade competente.
O Código Civil impõe à autoridade competente o dever de realizar atos para tentar localizar
o dono ou o legítimo possuidor, quando este não for conhecido. O Código impõe à autoridade
competente o dever de dar conhecimento do achado ou da descoberta por meio da imprensa
e de outros meios de comunicação/informação (art. 1.236 do CC), com a expedição de editais,
se o valor comportar.
Se a coisa não for reclamada e, decorridos sessenta dias da divulgação da notícia pela im-
prensa (art. 1.237 do CC), não se apresentando quem comprove a propriedade sobre a coisa,
será vendida em hasta pública. Além disso, após a dedução das despesas e a recompensa do
descobridor, o remanescente será incorporado ao patrimônio do Município em cuja circuns-
crição se deparou o objeto perdido. O parágrafo 3º do artigo 746 do CPC determina que se
observe a lei, no caso, o Código Civil, para o complemento do procedimento previsto no artigo
746 do CPC.
De acordo com o parágrafo único do art. 1.237 do CC, se a coisa for de diminuto valor, po-
derá o Município abandonar a coisa em favor do descobridor, fato que levará à aquisição da
propriedade da coisa alheia perdida para este último.
2. Condomínio
2.1. Introdução ao Condomínio e Noções Preliminares
O condomínio implica no exercício do direito dominial por mais de um dono, simultaneamen-
te, cabendo a cada um deles igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 27 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O poder jurídico é atribuído a cada condômino sobre a integralidade do bem. Cada condô-
mino tem uma cota ou fração ideal da coisa e não uma parcela material desta, razão pela qual
todos os condôminos ostentam direitos subjetivos sobre a totalidade do bem.
Tendo em vista a origem, o condomínio pode ser convencional (nasce do contrato), inci-
dente (ex.: sucessão, direitos de vizinhança) ou legal.
Os arts. 1.314 a 1.326 do CC disciplinam o condomínio voluntário. Os arts. 1.327 a 1.330
regulam o condomínio necessário. E, finalmente, os arts. 1.331 a 1.358 normatizam o condo-
mínio edilício ou em edificações.
Em relação ao condomínio voluntário, a norma matriz ou norma princípio é o art. 1.314 do
CC, o qual estabelece que os direitos dos condôminos são qualitativamente iguais, embora na
quantidade possam ser diferentes. Os condôminos podem exercer todos os direitos inerentes
à propriedade que sejam compatíveis com a indivisão.
A definição de Caio Mário sobre condomínio é precisa:
Dá-se condomínio, quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma
delas igual direito, idealmente, sobre o todo e cada uma de suas partes (Instituições de Direito Civil:
direitos reais, vol. IV, p. 175).
Portanto, é possível extrair duas ideias iniciais. Primeiro, sob a perspectiva da coisa ou do
objeto, o condomínio implica indivisão. A coisa é indivisa, sob o aspecto material. Segundo,
sob a perspectiva dos sujeitos ou cotitulares, há comunhão de interesses.
Em razão das características do condomínio, cada condômino pode usar livremente a coi-
sa, exercendo os direitos de forma compatível com o estado de indivisão e cada condômino
pode alienar a sua parte ou gravá-la, respeitando o direito preferencial dos demais para a sua
aquisição, tanto por tanto. Ademais, cada condômino pode reivindicar de terceiro a coisa co-
mum, independentemente da anuência dos demais, pois, neste caso, não se individualiza a
parte de cada um para fins de reivindicação. É a possibilidade de defender a posse contra ou-
trem (art. 1.314 do CC).
Além disso, cada condômino, na proporção de sua parte ideal, tem o dever de concorrer
para as despesas comuns de conservação ou divisão da coisa e, ainda, a suportar os ônus a
que estiver sujeita.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 28 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
(...) do acordo de vontades dos consortes, nascendo de um negócio jurídico pelo qual duas ou mais
pessoas adquirem ou colocam um bem em comum para dele usar e gozar (Curso de direito civil
brasileiro: Direito das coisas, vol. 4, p. 236).
O condomínio voluntário também pode se originar de ato causa mortis. Isso ocorrerá quan-
do o testador, em ato de última vontade, contemplar vários herdeiros com o mesmo bem, sem
discriminar, de forma objetiva, qual é a parcela material de cada um deles sobre a coisa.
O segundo é o condomínio legal ou necessário, que é imposto pela lei. É também denomi-
nado “condomínio forçado”.
EXEMPLO
É aquele que vincula a situação jurídica, como os muros divisórios (muro, parede, cerca, vala
etc.), conforme o art. 1.327 do CC.
Todos os muros divisórios partem de uma presunção relativa de condomínio, razão pela
qual toda e qualquer despesa será dividida. Se um dos condôminos quiser realizar gasto suntu-
oso, é necessária autorização judicial, pois o que se divide são as despesas ordinárias. O direi-
to de extremar é aquele que o condômino possui de provar que o muro foi feito dentro da sua
propriedade, e não no limite, razão pela qual não há condomínio (arts. 1.327 a 1.330 do CC).
No caso do condomínio necessário, é inevitável a constituição do estado de indivisão sobre
determinado bem. A comunhão forçada pode ocorrer em paredes, muros e valas, pastagens,
formação de ilhas, comistão, confusão, adjunção e em relação ao tesouro achado casualmen-
te (art. 1.264 do CC).
O terceiro é o condomínio incidente ou eventual, que resulta de causas e motivos comple-
tamente estranhos à vontade dos sujeitos. Como diz Orlando Gomes, tal condomínio “resulta
das circunstâncias” (Direitos reais, p. 240).
EXEMPLO
Tal condomínio fortuito é aleatório, como na sucessão hereditária. Por ocasião da abertura da
sucessão hereditária, vários herdeiros recebem uma fração ideal do patrimônio do morto, até
a partilha. O estado de indivisão é provisório.
Aliás, a instituição de condomínio, neste caso, tem previsão legal. O art. 1.791 do CC dispõe
que a herança defere-se aos herdeiros como um todo unitário e indivisível. Por esta razão, de
acordo com o parágrafo único do referido artigo, até a partilha, o direito dos coerdeiros,
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 29 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível e se submeterá pelas regras relati-
vas ao condomínio. Se vários forem os herdeiros, será estabelecido um condomínio entre eles
sobre os bens da herança.
Na comunhão voluntária, o condomínio pode ser extinto a qualquer tempo. Trata-se de
comunhão transitória. Basta que um dos condôminos deseje extinguir o condomínio, a qual-
quer tempo (art. 1.320 do CC). No condomínio legal ou necessário, o estado de indivisão e a
comunhão de interesses é perene. Deverá subsistir enquanto existir a causa que justifique o
condomínio, como ocorre no condomínio necessário de direito de vizinhança sobre muros e
paredes (art. 1.327 do CC).
Além dessa classificação quanto à origem, quanto à forma, o condomínio poderá ser:
• pro indiviso: não é possível especificar e determinar materialmente qual é a fração de
cada um dos condôminos – a divisão quantitativa se dá por fração ideal;
• pro diviso: neste caso, é possível determinar e individualizar, materialmente, no plano
corpóreo e de fato, qual o direito de cada condômino. Neste caso, não se divide por fra-
ção ideal, mas por fração real).
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 30 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
sem o consenso dos demais. Tal dispositivo evidencia que os interesses da coletividade, no
âmbito interno, preponderam sobre o interesse econômico de um condômino individualmente
considerado. As deliberações da maioria na administração deste condomínio deverão ser obe-
decidas por todos os condôminos.
Terceiro, de acordo com o artigo 1.314, o condômino pode reivindicar a coisa de terceiro, in-
dependentemente da quantidade da sua fração ideal, quinhão ou cota. Em caso de violação do
direito de propriedade de qualquer condômino, qualquer destes terá legitimidade para reaver a
coisa das mãos de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Trata-se de um desdo-
bramento de uma das faculdades inerentes ao direito subjetivo de propriedade, especificado
no art. 1.228, caput, do CC. Tal direito se estende à totalidade da coisa. Ainda que o condômino
tenha apenas uma fração ideal, na defesa da propriedade em relação a terceiros, tem legitimi-
dade para reivindicar o todo.
No entanto, não é possível o manejo da ação reivindicatória de um titular contra o outro, na
relação interna. Isso porque o direito de todos, na qualidade, é igual. A reivindicação somente
poderá ser direcionada contra terceiros.
A reivindicação ajuizada por um dos condôminos aproveita aos outros, ainda que não in-
tegrem a lide. Não há litisconsórcio necessário e sim facultativo, pois a decisão proferida na
ação de reivindicação proposta por um dos condôminos aproveita a todos. Ademais, o litis-
consórcio em tal situação é unitário, pois a sentença será a mesma para todos, vale dizer, o
julgamento será uniforme para todos os condôminos.
A quarta característica do conteúdo da compropriedade que se extrai do artigo 1.314 é
a possibilidade de defender a posse, por meio dos interditos possessórios, dispostos no art.
1.210 do CC, contra terceiros. Tal direito de defesa e proteção do todo, por meio dos interditos
possessórios, independe de sua cota ou fração. Cada um dos condôminos tem o direito de
proteger o todo, independentemente de sua fração. Esse direito pode se dar por meio de tutela
possessória (ações possessórias ou desforço incontinenti – art. 1.210, § 1º, do CC). Cada um
dos condôminos pode se defender no plano possessório ou reivindicatório contra terceiros,
mas, entre um condômino contra o outro, só é cabível tutela possessória (art. 1.314 do CC).
Assim, se um determinado condômino expulsa outro da coisa, o condômino expulso poderá
ingressar com ação de reintegração de posse para retornar à coisa. Da mesma forma, se ter-
ceiro esbulha a coisa em condomínio, qualquer condômino poderá, isoladamente, defender a
coisa no todo.
Por fim, o quinto e último aspecto a ser considerado a partir do art. 1.314 do CC, é a pos-
sibilidade de o condomínio alienar a respectiva parte ideal ou gravá-la. Trata-se do direito de
alienação ou oneração ou ius disponendi. A oneração consiste em dar o bem em garantia e
alienar, devendo ser considerado em sentido amplo, como venda ou doação.
Nos termos do art. 1.314, caput, do CC, cada condômino tem o direito de alienar ou onerar
a sua cota-parte ou fração ideal. Em ambos os casos, há de ser observado o direito de prefe-
rência dos demais condôminos, ao teor do disposto no art. 504 do CC.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 31 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 32 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O art. 1.420, § 2º, do CC, é um desdobramento do disposto no artigo 1.314 do mesmo di-
ploma. Segundo a norma, a coisa comum a dois ou mais proprietários não pode ser dada em
garantia real, na sua totalidade, sem o consentimento de todos os condôminos. No entanto,
cada um poderá, de forma individualizada, dar em garantia real, independentemente do con-
sentimento dos demais, a parte a que tiver direito sobre a coisa.
www.grancursosonline.com.br 33 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 34 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Em resumo, o condômino deve respeitar a finalidade do bem, não podendo mudar a sua
destinação. Esse dever de não alterar a destinação do bem não impede a prática de atos con-
servatórios. Também não se pode dar posse a terceiro sem o consentimento dos demais con-
dôminos, mas se deve participar do rateio das despesas comuns. A responsabilidade dos con-
dôminos é proporcional ao seu quinhão, não solidária (art. 1.315 do CC). Há presunção de
igualdade das frações ideais dos condôminos, sendo relativa esta presunção.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 35 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
aconselhem. Isso reforça o caráter transitório do condomínio, justamente por ser fonte de con-
flitos. O parágrafo 3º do art. 1.320 do CC apresenta um conceito jurídico indeterminado, que o
juiz deverá analisar no caso concreto para decidir se é possível e viável a extinção do condomí-
nio antes do final do prazo convencionado, e desde que graves razões aconselhem a divisão.
Nessa situação, qualquer condômino poderá requerer a extinção e a divisão do condomínio,
antes do prazo. Dessa forma, neste prazo de indivisão, somente é permitido o requerimento da
divisão quando houver justa causa.
O art. 1.321 do CC prevê que esta ação de divisão submete-se às regras da partilha de
herança: “aplicam-se à divisão do condomínio, no que couber, as regras de partilha de herança
(arts. 2.013 a 2.022)”.
Os arts. 2.013, 2.015 (partilha amigável), 2.016 (partilha judicial se um dos condôminos
for incapaz e não houver acordo), 2.017 (divisão por equidade), 2.019 (prestação de contas
do administrador) e 2.022 (sonegação), todos do Código Civil, são artigos compatíveis com a
divisão do condomínio.
Por outro lado, se a coisa ou o objeto do condomínio for indivisível, em razão da sua pró-
pria natureza, qualquer condômino pode exigir a alienação judicial para repartição do preço, na
forma dos arts. 725 e 730 do CPC.
O condômino somente pode requerer a alienação judicial quando não for hipótese de di-
visão, ou seja, quando o bem for indivisível por natureza. Desde que pague o mesmo preço, o
condômino tem preferência sobre o terceiro. Se mais de um condômino desejar adquirir o bem,
prevalece o direito do que possui maiores benfeitorias. Se não houver benfeitorias, o direito é
do que possui a maior cota.
A extinção de condomínio sobre coisa indivisível é disciplinada pelo art. 1.322 do CC:
Quando a coisa for indivisível, e os consortes não quiserem adjudicá-la a um só, indenizando os
outros, será vendida e repartido o apurado, preferindo-se, na venda, em condições iguais de oferta, o
condômino ao estranho, e entre os condôminos aquele que tiver na coisa benfeitorias mais valiosas,
e, não as havendo, o de quinhão maior.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 36 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 37 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A partilha dos frutos decorrentes da coisa em condomínio, como regra, deve ser na propor-
ção dos respectivos quinhões. No entanto, nada impede que os condôminos, de acordo com
seus interesses internos e, desde que haja cláusula expressa, decidam pela partilha de forma
diferenciada. Não se pode esquecer que o art. 1.319 do CC obriga o condômino que tenha re-
cebido os frutos a prestar contas aos demais.
No entanto, a distribuição dos frutos, de forma desproporcional, somente será excepciona-
da pela deliberação da unanimidade e não da maioria. Trata-se de exceção ao disposto no art.
1.323 do CC.
Qualquer que seja o valor da meação, enquanto aquele que pretender a divisão não o pagar ou depo-
sitar, nenhum uso poderá fazer na parede, muro, vala, cerca ou qualquer outra obra divisória.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 38 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Além destas hipóteses do art. 1.327 do CC, também haverá condomínio forçado nos casos
de pastagens, formação de ilhas, comistão, confusão, adjunção e achado de tesouro (Direitos
Reais, p. 247).
O condomínio edilício passa por três diferentes fases para a sua formação e constituição.
Mal comparando, o ato de criação é a proclamação da república, a convenção de condomínio
é a constituição, e o regimento interno são as normas infraconstitucionais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 39 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
a) Ato de criação ou de instituição (art. 1.332 do CC): o ato de criação pode ser inter vivos
ou causa mortis. Se o ato é inter vivos, é necessária escritura pública, ao passo que se for cau-
sa mortis, admite-se o testamento particular. O ato de instituição precisa conter determinadas
matérias obrigatórias e aquele deixar de estabelecer alguma delas é nulo. As matérias obriga-
tórias só podem ser modificadas pelos condôminos, por unanimidade. Se houver divergência
imotivada por um dos condôminos, pode haver abuso de direito e eventual suprimento judicial.
São matérias obrigatórias do ato de instituição:
• Descrição das unidades autônomas e das áreas comuns. Exemplos: garagens e cober-
turas;
• Indicação das frações ideais. Cada unidade autônoma pode ter fração ideal distinta das
demais;
• Finalidade condominial.
c) Regimento interno: Como o regimento interno tem caráter complementar, toda e qualquer
cláusula dele constante pode ser alterada por maioria simples das frações ideais. As questões
de uso das áreas comuns são reguladas no regimento interno, por exemplo.
A taxa condominial é obrigação propter rem, que adere à coisa. O atual condômino é quem
deve pagar a taxa condominial. A importância da taxa condominial é tanta que ela excepcio-
na a impenhorabilidade do bem de família, seja ele legal ou convencional (função social da
propriedade).
O inadimplemento de taxa condominial não pode ensejar cobrança abusiva, nem suspen-
são dos serviços essenciais. Se o serviço não for essencial, ele pode ser cortado em função do
inadimplemento de taxa condominial. O Código Civil limitou os juros das taxas condominiais a
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 40 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
1% ao mês, e a multa a 2% ao mês. Essa limitação é válida mesmo para os condomínios insti-
tuídos antes do advento do CC, e às dívidas vencidas antes do CC, conforme já decidiu o STJ,
conforme REsp 722.904/RS.
A taxa condominial deve ser proporcional à fração de cada condômino.
Como critérios da convenção de condomínio, o STJ vem firmando o entendimento de que a
convenção de condomínio deve observar os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade.
Esses critérios são a preservação da segurança, sossego e saúde (art. 1.277 do CC). Isso deve
ser observado tanto para a criação de animais quanto para a realização de cultos religiosos
em apartamentos.
A convenção de condomínio pode prever a indenizabilidade por danos causados a bens
particulares que estejam em área comum. No silêncio da convenção, roubo e furto em área
comum não geram responsabilidade para o condomínio.
Caso o solo pertença a uma pessoa e o condomínio a outra, pelo princípio da gravitação, o
dono do solo adquiriria o condomínio. No entanto, não se aplica a gravitação jurídica ao con-
domínio edilício para que eventual garantia real sobre o terreno (hipoteca ou alienação fiduci-
ária) não recaia sobre os condôminos. Ou seja: não se permite a execução dos condôminos
por dívida contraída pelo proprietário do solo. Nesse sentido, é a Súmula 308 do STJ que versa
sobre isso. A relação no condomínio (condomínio e condôminos) não é de consumo, mas me-
ramente civil.
Cada condômino tem o direito de usar, fruir e livremente dispor de suas unidades, como
cada proprietário da unidade autônoma. O seu titular pode exercer, em relação a ela, todos os
poderes inerentes ao domínio, como usar, gozar, dispor e reavê-la de quem injustamente a pos-
sua ou detenha. Pode assim vendê-la, alugá-la, emprestá-la, sem necessidade da anuência dos
demais condôminos e sem a obrigação de lhes dar preferência.
O condômino pode usar das partes comuns, conforme a sua destinação, contando que não
exclua a utilização dos demais compossuidores.
O direito de votar e de participar das deliberações nas assembleias é assegurado por lei,
desde que o condômino esteja quite com o pagamento da cota condominial. O proprietário
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 41 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
pode fazer-se representar nas assembleias por procurador com poderes específicos para de-
las participar e votar nas deliberações.
O condômino tem direito de reaver a propriedade condominial, ou seja,de utilizar o direito
de reivindicação, mas esse direito só pode ser exercido contra terceiros. Os deveres são obe-
decer à convenção e ao regimento interno, além de também estarem estabelecidos no artigo
1.336 do referido diploma legal.
Os condôminos têm muitas obrigações, como contribuir para as despesas condominiais
na proporção de sua fração ideal (critério ideal para fazer o pagamento), assim como não
realizar obras que comprometam a segurança do edifício. Tendo que observar regras de boa
vizinhança, para evitar desinteligências, para tanto, não pode utilizar sua unidade e áreas co-
muns de modo prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos condôminos ou dos bons
costumes. O condômino não pode alterar a forma externa e a cor da fachada, bem como al-
terar as esquadrias do edifício. É vedado ao condômino dar destinação à sua propriedade de
forma diversa dos demais ou dar posse, uso ou gozo a terceiros, sem autorização dos demais
condôminos.
As dívidas antigas de condomínio são de responsabilidade do atual dono. É obrigação real,
nos termos do art. 1.345 da Lei Civil, que se vincula à coisa e não à pessoa do devedor.
O descumprimento dos deveres implica em sanções variadas previstas na lei e na conven-
ção, o que será analisado a seguir.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 42 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A alternativa contraria a jurisprudência firmada pela Corte Cidadã. Segundo o STJ, a lei confe-
re meios coercitivos, legítimos e idôneos à satisfação do crédito (como por exemplo: multas,
retirada do poder de voto nas assembleias), descabendo ao condomínio valer-se de sanções
outras que não as pecuniárias expressa e taxativamente previstas no Código Civil para o es-
pecífico caso de inadimplemento das despesas condominiais. Em outros termos, não existe
margem discricionária para a imposição de outras sanções que não sejam as pecuniárias es-
tipuladas na Lei.
Errado.
2.8.5. Administração
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 43 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O artigo 1.348, § 2º, do CC estabelece que o sindico pode transferir a outrem, total ou par-
cialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas mediante aprovação da
assembleia, salvo disposição em contrário da convenção.
Por outro lado, o procedimento para a destituição do sindico encontra-se previsto no art.
1.349 do CC, que prevê que a assembleia, especialmente convocada para tal fim, poderá, pelo
voto da maioria absoluta de seus membros, destituir o sindico que praticar irregularidades, não
prestar contas ou não administrar convenientemente o condomínio.
Assim, é preciso que uma assembleia especialmente convocada para o fim de destituição
seja convocada, sendo que a maioria absoluta (metade mais um) dos membros nela presentes
devem transferir os poderes do sindico a outra pessoa, seja ou não condômino.
Pela letra da lei, é necessário que a destituição do sindico seja motivada, ou seja, esteja
baseada na prática de irregularidades, na não prestação de contas ou na administração incon-
veniente do condomínio.
2.8.6. Extinção
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 44 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A segunda questão diz respeito ao terraço ou cobertura, que, em regra, são área comum
(há rateio de despesas), salvo quando houver disposição em sentido contrário no ato de cons-
tituição do condomínio. Se o condomínio foi criado com o terraço ou cobertura pertencendo à
área comum, a modificação da sua natureza só pode ser feita com a aprovação da unanimida-
de dos condôminos. Se houver recusa injustificada, pode haver abuso de direito, e o consenti-
mento pode ser suprido judicialmente.
A terceira e última questão polêmica se refere à situação jurídica da garagem. O direito bra-
sileiro reconhece três regimes diferentes para as garagens. O regime para a garagem deve ser
definido no ato de instituição do condomínio. O art. 1.338 do CC permite o aluguel de garagem,
sendo que o condômino tem preferência em relação ao estranho, desde que pague o mesmo
preço. A convenção de condomínio pode proibir o aluguel de garagem.
• Garagem como área comum: é a convenção do condomínio que definirá a sua utilização.
Não há usucapião de área comum em condomínio edilício, por expressa proibição legal
(Lei n. 4.591/1964). Pelo princípio da boa-fé objetiva, o STJ tem permitido o uso exclu-
sivo de área comum por um condômino pela utilização prolongada, nessas circunstân-
cias, por longo período de tempo. Nesse sentido são o REsp 356.821, o REsp 214.680 e
o Enunciado 247 do CJF.
• Garagem como acessório da unidade autônoma: a unidade já é adquirida com a gara-
gem. É o regime da maioria dos condomínios atualmente. Como a garagem é acessória,
ela não pode ser alienada sem o principal, que é a unidade autônoma;
• Garagem como unidade autônoma: a garagem pode ser alienada ou penhorada autono-
mamente.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 45 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 46 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 47 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
3. Propriedade Superficiária
3.1. Conceito e Natureza Jurídica
A propriedade superficiária é um direito real sobre imóveis, temporário e autônomo. Por
meio desse direito real, o proprietário do solo concede a um terceiro (denominado de “superfi-
ciário”) o direito de construir ou plantar em seu terreno.
A partir da concessão, surgirá nova propriedade, autônoma e independente em relação à
propriedade do sujeito concedente (dono do solo), a propriedade superficiária. A superfície e
o solo passam a se distinguir como propriedades simultâneas e paralelas, sem que uma neu-
tralize a outra, logo após a constituição desse direito. Em razão dessa distinção, a propriedade
superficiária poderá ser objeto de relações jurídicas próprias, sem vinculação com a proprie-
dade do solo.
De acordo com o artigo 1.369 do Código Civil,” o proprietário pode conceder a outrem o
direito de construir ou de plantar em seu terreno”. O parágrafo único do mesmo artigo não au-
toriza obra no subsolo e no espaço aéreo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.
O superficiário tem propriedade resolúvel das acessões, construções e plantações reali-
zadas no imóvel, durante o período de vigência deste direito real, ao passo que o concedente
mantém a propriedade e a titularidade sobre o solo. Após a resolução da propriedade pela
extinção do direito real de superfície, o proprietário do solo, adquire, pelo instituto da acessão
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 48 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 49 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A propriedade superficiária pode ser autonomamente objeto de direitos reais de gozo e de garantia,
cujo prazo não exceda a duração da concessão da superfície, não se lhe aplicando o artigo 1.474.
Aliás, por força da Lei n. 11.481/2007, foi acrescentado o inciso X ao artigo 1.473 do Có-
digo Civil, para estabelecer que o direito real de superfície (propriedade superficiária) pode ser
objeto de hipoteca.
www.grancursosonline.com.br 50 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
De acordo com a norma, não haveria espaço para a autonomia privada. O concedente e o
superficiário não poderiam dispor de maneira diversa. No entanto, a doutrina2 vem consideran-
do que a norma da Lei Civil tem natureza dispositiva e não cogente, razão pela qual podem dis-
tribuir estas responsabilidades de acordo com as suas conveniências. Nesse sentido o Enun-
ciado 94 da I JDC: “as partes têm plena liberdade para deliberar, no contrato respectivo, sobre
o rateio dos encargos e tributos que incidirão sobre a área objeto da concessão do direito de
superfície”. Em razão do Enunciado 94 da I Jornada e do disposto no artigo 1.371 do CC, no
Enunciado 321 da IV JDC, foram ressalvadas as obrigações fiscais incidentes sobre o imóvel.
De acordo com a regra estabelecida pelo artigo 1.371, a responsabilidade por todos os en-
cargos e tributos incidentes sobre a construção, a plantação e o solo são do superficiário. Tal
sistemática não é coerente com a autonomia da propriedade fiduciária em relação à proprie-
dade do solo. Em relação ao solo, os encargos e tributos incidentes sobre o imóvel deveriam
ficar a cargo do concedente e não do superficiário.
De forma diversa, no Estatuto da Cidade, o superficiário responderá integralmente apenas
pelos encargos e tributos que incidirem sobre a propriedade superficiária. Em relação à área
ocupada, arcará proporcionalmente à sua parcela de ocupação efetiva. Portanto, tal disposi-
ção está em harmonia com a concepção autônoma da propriedade superficiária. Além disso,
o Estatuto da Cidade (artigo 21, § 3º), de forma expressa, permite que as partes envolvidas
disponham sentido contrário (“salvo disposição em contrário do contrato respectivo”).
Trata-se de obrigação propter rem que incidirá sobre o imóvel. Em relação ao fisco a coisa
garantira o cumprimento da obrigação. O não cumprimento desta obrigação pelo superficiário
pode ensejar a resolução do contrato de concessão, relação jurídica que fundamenta o referido
direito real sobre coisa alheia.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 51 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
propriedade superficiária a terceiros ou aos herdeiros. Segundo a referida norma, não poderá
ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência. Tal
norma é cogente, e o objetivo é evitar qualquer semelhança com o instituto da enfiteuse que
previa o pagamento do laudêmio em caso de transmissão do domínio útil para terceiros. A
previsão de pagamento de uma comissão em favor do concedente não teria qualquer eficácia.
O superficiário que não foi previamente notificado pelo proprietário para exercer o direito de prefe-
rência previsto no artigo 1372 do CCB, possui o direito no prazo de seis meses, contados do registro
de alienação, para depositando o preço da alienação, adjudicar para si o bem.
O prazo de seis meses tem início da data do registro ou da data em que o titular do direito
real tomou conhecimento da alienação (em função do princípio da boa-fé objetiva que deve
orientar as relações jurídicas em geral e as privadas em particular).
Em razão da natureza cogente da norma, não se admite a renúncia antecipada ao direito
de preferência.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 52 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Além dessa hipótese natural e inerente ao direito de superfície, o artigo 1.374 do Código
Civil prevê a possibilidade de resolução da concessão se o superficiário der ao terreno destina-
ção diversa para que foi constituída. Trata-se de típico caso de desvio de finalidade por parte
do superficiário. A superfície foi constituída para a construção de uma indústria e o superficiá-
rio constrói um estacionamento.
Por absoluta incompatibilidade com a manutenção deste direito real, também será extinto
o direito de superfície em caso de:
• acordo entre o proprietário do solo e o proprietário da superfície (resilição bilateral – ar-
tigo 472 do CC);
• renúncia do superficiário, devidamente registrada; a desapropriação, conforme previsão
no artigo 1376 do CC);
• falecimento do superficiário que não tenha herdeiros;
• não uso prolongado pelo superficiário que, pelo princípio da função social, pode, no caso
concreto, ser sancionado com a perda do referido direito real, entre outros.
Tais hipóteses são causas anormais de extinção da propriedade superficiária e não pos-
suem nenhuma relação com aquelas previstas no artigo 1.374 do Código Civil. No entanto,
embora não previstas, são situações incompatíveis com a manutenção e existência da proprie-
dade superficiária.
Por fim, caso o proprietário do solo não cumpra alguma obrigação contratual, poderá o
superficiário, da mesma forma, optar pela resolução da concessão e extinção do direito de
superfície. De qualquer forma, o inadimplemento capaz de resolver o contrato de concessão
deve ser substancial, sob pena de ofensa ao princípio da boa-fé objetiva.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 53 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A extinção do direito de superfície não constitui hipótese de incidência do ITBI, pois inde-
pende de qualquer ato de transmissão ou do registro no cartório de imóveis.
(...) o proprietário de uma construção-base poderá ceder a superfície superior ou inferior de sua
construção a fim de que o titular da laje mantenha unidade distinta daquela originalmente constru-
ída sobre o solo.
A lei traz a novidade da “construção-base” sobre a qual será instituído o direito de laje. Com
o direito de laje compreende o espaço aéreo e o subsolo (§ 1º do artigo 1.510-A), o proprietário
da construção-base pode ceder a superfície superior e a inferior dessa construção. O titular do
direito real de laje será titular de direito real autônomo em relação à construção-base.
O isolamento funcional e o acesso independente não são pressupostos ou requisitos le-
gais do direito de laje.
A extensão e a autonomia do direito de laje estão especificadas de forma clara e objetiva
no parágrafo 1º do artigo 1.510-A:
O direito real de laje contempla o espaço aéreo ou o subsolo de terrenos públicos ou privados, toma-
dos em projeção vertical, como unidade imobiliária autônoma, não contemplando as demais áreas
edificadas ou não pertencentes ao proprietário da construção-base”. Não está compreendido no
direito de laje as áreas edificadas que não pertencem ao proprietário da construção-base.
O direito de laje pode ser constituído sobre construção-base em terreno privado ou público.
Os parágrafos 2º a 4º do artigo 1.510-A são meros desdobramentos da autonomia deste
direito real:
• o titular do direito de laje responde por encargos e tributos incidentes sobre a sua unidade;
• os titulares do direito de laje, que é unidade imobiliária autônoma em matrícula própria, po-
derão exercer as faculdades jurídicas decorrentes deste direito – uso, gozo e disposição
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 54 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
• por fim, a instituição do direito real de laje não implica a atribuição de fração ideal de
terreno ao titular da laje ou a participação proporcional em áreas já edificadas).
O parágrafo 6º do artigo 1.510-A admite a laje sobre a laje ou o direito de laje em segundo
grau. De acordo com a norma em referência:
(...) o titular da laje poderá ceder a superfície de sua construção para a instituição de um sucessivo
direito real de laje, desde que haja autorização expressa dos titulares da construção-base e das de-
mais lajes, respeitadas as posturas edilícias e urbanísticas vigentes.
No entanto, há duas condições para a instituição do direito de laje sobre a laje ou a laje em
segundo grau:
O artigo 1.510-B do CC estabelece o óbvio. O titular do direito de laje não pode realizar
obras novas ou sem observar normas de segurança, capaz de prejudicar a linha arquitetônica
ou o arranjo estético do edifício.
O artigo 1.510-C impõe a observância das regras do condomínio edilício, no que for compa-
tível com a laje, no que se refere às despesas necessárias à conservação e fruição das partes
que sirvam a todo o edifício e ao pagamento de serviços de interesse comum. Nesse caso,
tais despesas serão partilhadas entre o proprietário da construção-base e o titular da laje, na
proporção que venha a ser estipulada em contrato. O parágrafo 1º do artigo 1.510-C menciona
quais são as partes comuns que servem a todo edifício, cujas despesas são partilhadas, o que
reduz a possibilidade de interpretação quanto a esea questão.
O artigo 1.510-D trata simplesmente do direito de preferência. O direito de preferência é
recíproco em relação ao proprietário da construção-base e da laje. De acordo com a norma,
em caso de alienação de qualquer das unidades sobrepostas, terão direito de preferência, em
igualdade de condições com terceiros, os titulares da construção-base e da laje, nessa ordem,
que serão cientificados por escrito para que se manifestem no prazo de trinta dias, salvo se
o contrato dispuser de modo diverso. O titular da construção-base ou da laje a quem não se
der conhecimento da alienação poderá, mediante depósito do respectivo preço, haver para si a
parte alienada a terceiros, se o requerer no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contado
da data de alienação. Se houver mais de uma laje, terá preferência, sucessivamente, o titular
das lajes ascendentes e o titular das lajes descendentes, assegurada a prioridade para a laje
mais próxima à unidade sobreposta a ser alienada.
De acordo com o artigo 1.510-E, a ruína da construção-base, por óbvio, implicará na extin-
ção do direito de laje. Embora autônomo e independente em termos jurídicos, a laje, fisicamente,
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 55 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
tem relação de dependência com a construção-base, que poderá levar à sua extinção. Há duas
exceções. Ainda que haja ruína da construção-base, o direito de laje se for sobre o subsolo, ou
se a construção-base não for reconstruída no prazo de cinco anos.
Os Municípios e o Distrito Federal poderão dispor sobre posturas edilícias e urbanísticas
associadas ao direito real de laje.
Embora a laje não se confunda com o condomínio, porque ao titular da laje não pode ser
atribuída fração ideal de terreno ou participação proporcional em áreas já edificadas, a própria
Lei Civil permite a aplicação de normas do condomínio edilício para questões como responsa-
bilidade por despesas para a conservação das partes que servem à laje e também ao proprie-
tário da construção-base e, ainda, prevê o direito de preferência legal em favor destes, no caso
de alienação de qualquer das propriedades sobrepostas. Tais pontos de contato não tornam o
direito real de laje, no entanto, uma espécie de condomínio.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 56 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
RESUMO
Os direitos reais foram taxativamente previstos em lei, como numerus clausus (tipicidade
fechada). A propriedade é o principal deles, enumerada no inciso I do art. 1225 do CC. A pro-
priedade, é ainda, elencada pela CF como direito fundamental, principalmente quando relacio-
nada com direito de moradia.
O direito subjetivo de propriedade, que é de natureza individual, somente é legítimo e ga-
rantido pelo Estado se for funcionalizado, pois tal direito real está condicionado à existência
concreta e material de uma função social. É um direito/função ou poder/dever. A função social
legitima a propriedade.
Artigos que ressaltam a necessidade de atendimento da função social da propriedade:
• artigo 182,§ 4º da CF (sanções para o proprietário de bem urbano que não confere a ele
uma destinação social);
• artigo 184 da CF (desapropriação do imóvel rural que não cumpre a função social).
Essa adequação do direito subjetivo de propriedade com valores coletivos e interesses difusos
impõe ao titular do direito o cumprimento de deveres sociais, positivos e negativos, como forma de
garantir essa função social. Embora alguns desses deveres possam aparentar restrições ao direito
de propriedade, na realidade, trata-se de conformação entre o direito subjetivo de propriedade e a
finalidade ou função social desse direito que fundamenta o próprio conteúdo da propriedade.
O CC/02, não define propriedade: em seu art. 1228, apenas se limita a enunciar os poderes
inerentes ao direito subjetivo de propriedade. De acordo com esse dispositivo, o proprietário
tem a faculdade de usar, gozar, dispor da coisa e reivindicá-la do poder de quem quer que a
injustamente possua ou detenha. Todavia, essa análise meramente estrutural não é suficiente
para a nova concepção do direito subjetivo de propriedade. Agregada a tais poderes deve haver
a observância da função social da propriedade.
Segundo o disposto no parágrafo 2º do art. 1.228 do CC: “São defesos os atos que não
trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de
prejudicar outrem”.
Apesar da referida norma, é de se destacar que o abuso de direito de propriedade, por força
do disposto no artigo 187, para sua caracterização, dispensa qualquer elemento subjetivo. É
possível o abuso no exercício das faculdades jurídicas inerentes ao direito subjetivo de pro-
priedade de forma objetiva, ou seja, ainda que não haja intenção de prejudicar outrem. Vide
enunciado 49 das JDC “A regra do CC 1228, § 2º, interpreta-se restritivamente, em harmonia
com o princípio da função social da propriedade e com o disposto no CC 187”.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 57 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 58 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O CC, nos arts. 1.229 e 1.230, impõe limites ao direito subjetivo de propriedade, na sua con-
cepção vertical. No artigo 1.229, há uma conjugação entre a utilidade e o interesse. O art. 1.230
do CC acaba por repetir ou reproduzir as disposições dos arts. 20 e 176 da CF.
O direito subjetivo de propriedade, também suporta limitações, que podem decorrer da lei,
de atos administrativos amparados em lei ou até limitações voluntárias ou decorrentes de ne-
gócio jurídico entre atores privados, como é exemplo a cláusula de inalienabilidade.
As limitações legais decorrem de uma imposição do ordenamento jurídico ou de atos ad-
ministrativos fundados em norma legal, e são fundamentadas no interesse coletivo ou público.
EXEMPLO
As limitações impostas pelo Estado, de forma unilateral, por meio de regulamentos administra-
tivos, os direitos de vizinhança, as regras estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, entre outros.
Por outro lado, as restrições voluntárias ao direito de propriedade decorrem de ato de von-
tade, princípio da autonomia privada, por meio do qual os sujeitos de direito têm o poder de
regular os próprios interesses.
EXEMPLO
Os exemplos mais emblemáticos são as cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade,
incomunicabilidade e, ainda, a instituição do bem de família (art. 1.711 do CC).
Os Acessórios da Propriedade
Da Descoberta
O fato que determina a incidência das regras que disciplinam a descoberta é o achado de
coisa alheia perdida. Segundo dispõe o art. 1.233 do CC, o sujeito que achar coisa alheia perdida
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 59 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Condomínio
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 60 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Por outro lado, durante a vigência do condomínio voluntário, são impostas regras que limi-
tam e restringem os poderes dos condôminos em suas relações internadas, tudo para prevenir
conflitos e harmonizar interesses.
EXEMPLO
Como exemplo de restrições temos: os poderes, em especial relacionados ao uso, que são res-
tringidos com o fim de ternarem-se compatíveis com a destinação eleita pela maioria; assim
como a proibição da transferência do uso e posse a terceiro sem autorização dos demais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 61 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Condomínio Comum
Condomínio Legal
Condomínio Necessário ou Forçado: é imposto pela
lei (ex.: paredes, muros e valas, pastagens, formação
de ilhas, comistão, confusão, adjunção e em relação
Condomínio Voluntário ou
ao tesouro achado casualmente).
Convencional: decorre de um
Condomínio fortuito, aleatório ou incidental é aquele
negócio jurídico (contrato ou
que surge em razão de causas alheias à vontade dos
de testamento).
condôminos (ex: por ocasião da abertura da sucessão
hereditária, vários herdeiros recebem uma fração
ideal do patrimônio do morto, até a partilha. O estado
de indivisão é provisório).
Na comunhão voluntária, o condomínio pode ser extinto a qualquer tempo. Trata-se de co-
munhão transitória. Basta que um dos condôminos deseje extinguir o condomínio, a qualquer
tempo (art. 1.320 do CC).
No condomínio legal ou necessário, o estado de indivisão e a comunhão de interesses é
perene. Deverá subsistir enquanto existir a causa que justifique o condomínio.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 62 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O administrador representará o condomínio em juízo e fora dele, razão pela qual deve pres-
tar contas, é eleito pela maioria das frações ideais. Havendo empate, cabe ao juiz decidir.
Já o condomínio necessário ou forçado é o que a lei estabelece ou impõe como forma de
conciliar determinados interesses, em especial no âmbito das propriedades vizinhas (há uma
sintonia entre o condomínio necessário e as regras sobre direitos de vizinhança). A matéria
está disciplinada nos arts. 1.327 a 1.330 do CC. Este, pelas suas características, não pode se
sujeitar às regras e disposições do condomínio voluntário, pois os bens sujeitos a condomínio
forçado não são suscetíveis de divisão.
Condomínio edilício: combinação de dois outros direitos reais, que são a propriedade individu-
al sobre unidades autônomas e a copropriedade sobre as partes comuns. O condomínio edilício
não tem personalidade jurídica, razão pela qual não é pessoa. Trata-se, portanto, de ente des-
personalizado, que não pode sofrer dano moral, mas apenas os condôminos. Embora não tenha
personalidade, o condomínio possui capacidade e pode ser sujeito de direitos, vale dizer, pode ser
contratante, contribuinte, empregador, e o CPC prevê a possibilidade que seja parte no processo.
O condomínio edilício passa por três diferentes fases para a sua formação, constituição.
• Ato de criação ou de instituição (art. 1.332 do CC): o ato de criação pode ser inter vivos
ou causa mortis. Se o ato é inter vivos, é necessária escritura pública, ao passo que se
for causa mortis, admite-se o testamento particular. O ato de instituição precisa conter
determinadas matérias obrigatórias.
• Convenção de condomínio (art. 1.334 do CC): é a verdadeira constituição interna do con-
domínio. Possui natureza estatutária, vinculando não apenas os condôminos subscrito-
res, mas também terceiros, como aquele que adquire posteriormente uma unidade au-
tônoma. O registro da convenção em cartório é condição de eficácia perante terceiros.
• Regimento interno: Como o regimento interno tem caráter complementar, toda e qual-
quer cláusula dele constante pode ser alterada por maioria simples das frações ideais.
Propriedade Superficiária
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 63 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
www.grancursosonline.com.br 64 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 65 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
QUESTÕES DE CONCURSO
001. (IBFC/TJ-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/FUNÇÃO JUDICIÁRIA/2017/ADAPTADA) Sobre
os direitos reais, conceito jurídico delimitado pelo Código Civil, julgue o item subsequente:
O Direito real de propriedade abrange o solo. Este, por sua vez, compreende o espaço aéreo
e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, podendo o pro-
prietário opor-se a atividades que sejam realizadas espaços, sendo sua realização, portanto,
precedida de autorização expressa daquele.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 66 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 67 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
d) o solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e
eletricidade, bem como as demais partes comuns, inclusive o acesso à via pública, são utiliza-
dos em comum pelos condôminos, podendo porém ser alienados separadamente ou divididos.
e) o condômino inadimplente ficará sujeito aos juros moratórios convencionados ou, não sen-
do previstos, os de 1% ao mês e multa de 10% sobre o débito.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 68 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
c) que seja estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferên-
cia realizada para outrem.
d) a concessão da superfície a título oneroso.
e) em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, que o superficiário ou o proprie-
tário tenha direito de preferência, em igualdade de condições.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 69 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 70 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
imóvel durante a vigência contratual. Assinado o contrato, César adquiriu sementes, importou
outras geneticamente modificadas e iniciou o plantio de diversos artigos hortigranjeiros. Com
o intuito de conferir maior efetividade ao cultivo, César instalou tubulações no subsolo.
Julgue a assertiva a seguir com base na situação hipotética acima e considerando os funda-
mentos do direito civil brasileiro:
César não poderia ter instalado tubulações abaixo do solo, pois o direito de superfície não
abrange obras no subsolo.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 71 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
GABARITO
1. E
2. a
3. C
4. E
5. a
6. a
7. c
8. a
9. e
10. E
11. E
12. c
13. b
14. E
15. e
16. C
17. C
18. C
19. E
20. c
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 72 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
GABARITO COMENTADO
001. (IBFC/TJ-PE/ANALISTA JUDICIÁRIO/FUNÇÃO JUDICIÁRIA/2017/ADAPTADA) Sobre
os direitos reais, conceito jurídico delimitado pelo Código Civil, julgue o item subsequente:
O Direito real de propriedade abrange o solo. Este, por sua vez, compreende o espaço aéreo
e subsolo correspondentes, em altura e profundidade úteis ao seu exercício, podendo o pro-
prietário opor-se a atividades que sejam realizadas espaços, sendo sua realização, portanto,
precedida de autorização expressa daquele.
Os direitos reais estão elencados no artigo 1.225 do CC, no qual não consta a posse.
Letra a.
www.grancursosonline.com.br 73 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A coisa perdida se relaciona com o instituto da descoberta. E está prevista no artigo 1.233.
Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.
Parágrafo único. “Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entre-
gará a coisa achada à autoridade competente.
Errado.
a) Certa. Segundo o Código Civil, artigo 1.228: “o proprietário tem a faculdade de usar, gozar
e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua
ou detenha”.
b) Errada. Segundo o artigo 1.228, § 2º: “são defesos os atos que não trazem ao proprietário
qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem”.
c) Errada. Segundo o artigo 1.229:
d) Errada. Segundo o artigo 1.232: “os frutos e mais produtos da coisa pertencem, ainda quan-
do separados, ao seu proprietário, salvo se, por preceito jurídico especial, couberem a outrem”.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 74 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas
e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial,
a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas.
Letra a.
a) Certa. Conforme o Código Civil, artigo 1.315, parágrafo único: “presumem-se iguais as par-
tes ideais dos condôminos”.
b) Errada. Conforme o artigo 1.316: “pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas
e dívidas, renunciando à parte ideal”.
c) Errada. Conforme o artigo 1.314:
Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos
compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva
parte ideal, ou gravá-la.
Quando a dívida houver sido contraída por todos os condôminos, sem se discriminar a parte de cada
um na obrigação, nem se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou proporcional-
mente ao seu quinhão na coisa comum.
e) Errada. Conforme o artigo 1.314, parágrafo único: “nenhum dos condôminos pode alterar a desti-
nação da coisa comum, nem dar posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros”.
Letra a.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 75 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela exercer todos os direitos
compatíveis com a indivisão, reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva
parte ideal, ou gravá-la.
Parágrafo único. Nenhum dos condôminos pode alterar a destinação da coisa comum, nem dar
posse, uso ou gozo dela a estranhos, sem o consenso dos outros.
b) Errada. Conforme o artigo 1.315: “o condômino é obrigado, na proporção de sua parte, a concorrer
para as despesas de conservação ou divisão da coisa, e a suportar os ônus a que estiver sujeita”.
c) Certa. Conforme o artigo 1.320, CC: “a todo tempo será lícito ao condômino exigir a divisão
da coisa comum, respondendo o quinhão de cada um pela sua parte nas despesas da divisão”.
d) Errada. Conforme o artigo 1.318: “as dívidas contraídas por um dos condôminos em proveito da
comunhão, e durante ela, obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais”.
e) Errada. Conforme o artigo 1320, § 1º: “podem os condôminos acordar que fique indivisa a
coisa comum por prazo não maior de cinco anos, suscetível de prorrogação ulterior”.
Letra c.
www.grancursosonline.com.br 76 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo,
dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as
unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registra-
da no Cartório de Registro de Imóveis.
O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricida-
de, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro
público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente,
ou divididos.
O condômino que não pagar a sua contribuição ficará sujeito aos juros moratórios convencionados
ou, não sendo previstos, os de um por cento ao mês e multa de até dois por cento sobre o débito.
Letra a.
www.grancursosonline.com.br 77 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
a) Errada. De acordo com o artigo 1.340: “as despesas relativas a partes comuns de uso exclu-
sivo de um condômino, ou de alguns deles, incumbem a quem delas se serve”.
b) Errada. De acordo com o artigo 1.341: “a realização de obras no condomínio depende: I - se
voluptuárias, de voto de dois terços dos condôminos”.
c) Errada. De acordo com o artigo 1.343: “a construção de outro pavimento, ou, no solo comum,
de outro edifício, destinado a conter novas unidades imobiliárias, depende da aprovação da
unanimidade dos condôminos”.
d) Errada. De acordo com o artigo 1.341. § 1º: “as obras ou reparações necessárias podem
ser realizadas, independentemente de autorização, pelo síndico, ou, em caso de omissão ou
impedimento deste, por qualquer condômino”.
e) Certa. De acordo com o artigo 1.345: “o adquirente de unidade responde pelos débitos do
alienante, em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios”. Trata-se de obriga-
ção propter rem.
Letra e.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 78 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Conforme o artigo 1.233: “quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono
ou legítimo possuidor”.
Errado.
O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento
pela transferência.
d) Errada. A assertiva está incorreta, assim como a letra A, conforme o artigo 1.370: “a conces-
são da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento
será feito de uma só vez, ou parceladamente”.
e) Errada. Conforme o artigo 1.373: “em caso de alienação do imóvel ou do direito de super-
fície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições”.
Letra c.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 79 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
a) Errada. De acordo com o artigo 1.370: “a concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se
onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente”.
b) Certa. De acordo com o artigo 1.372: “o direito de superfície pode transferir-se a terceiros e,
por morte do superficiário, aos seus herdeiros”.
c) Errada. De acordo com o artigo 1.372, parágrafo único: “não poderá ser estipulado pelo con-
cedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência”.
d) Errada. De acordo com o artigo 1.373: “em caso de alienação do imóvel ou do direito de su-
perfície, o superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições”.
e) Errada. De acordo com o artigo 1.377: “o direito de superfície, constituído por pessoa jurídica
de direito público interno, rege-se por este Código, no que não for diversamente disciplinado
em lei especial”.
Letra b.
O direito de superfície pode ser hipotecado, de acordo com o artigo 1.473, X, do CC.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 80 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo
determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.
b) Errada. De acordo com o artigo 1370, CC: “a concessão da superfície será gratuita ou onerosa;
se onerosa, estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente”.
c) Errada. De acordo com o artigo 1372, CC, parágrafo único:
O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do superficiário, aos seus herdeiros.
Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento
pela transferência.
d) Errada. De acordo com o artigo 1371, CC: “o superficiário responderá pelos encargos e tribu-
tos que incidirem sobre o imóvel”.
e) Certa. De acordo com o artigo 1369. Parágrafo único, CC: “o direito de superfície não autori-
za obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”.
Letra e.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 81 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
O direito de superfície é regulado tanto pelo CC quanto pelo Estatuto da Cidade. Como a ques-
tão se refere a imóvel rural, devem ser aplicadas as regras do CC.
Certo.
O direito de superfície é regulado tanto pelo CC quanto pelo Estatuto da Cidade. Como a ques-
tão se refere a imóvel rural, devem ser aplicadas as regras do CC. Mais especificamente do seu
artigo 1.369, pelo qual a concessão da superfície far-se-á por tempo determinado.
Outro seria o entendimento, se se tratasse de imóvel urbano, pelo que poder-se-ia aplicar o
artigo 21, do Estatuto da Cidade, o qual prevê que:
O proprietário urbano poderá conceder a outrem o direito de superfície do seu terreno, por tempo de-
terminado ou indeterminado, mediante escritura pública registrada no cartório de registro de imóveis.
Certo.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 82 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Conforme o CC, artigo 1.371: “o superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidi-
rem sobre o imóvel”.
Certo.
Conforme o CC, o artigo 1.369, parágrafo único: “o direito de superfície não autoriza obra no
subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão”.
Errado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 83 de 85
DIREITO CIVIL
Teoria da Propriedade
Daniel Carnacchioni
Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura
e profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em
impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os
potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis
especiais. Parágrafo único. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de
emprego imediato na construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obe-
decido o disposto em lei especial.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um
imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz
que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de
Imóveis. Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor
houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter
produtivo.
Letra c.
Daniel Carnacchioni
Juiz do TJDFT (titular da 2ª Vara da Fazenda Pública e atualmente juiz assistente da Presidência do TJ-
DFT). Pós-graduado, mestre em Direito e doutorando em Direito Civil. Autor de obras jurídicas, em especial,
do Manual de Direito Civil pela editora JusPodivm. Professor da Fundação Escola Superior do MPDFT.
Palestrante sobre temas do Direito Civil.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
www.grancursosonline.com.br 84 de 85
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para REGINA SANCHES RODRIGUES - 30327648821, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.