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SUMÁRIO
SUMÁRIO .......................................................................................................................................................... 3
DIREITO TRIBUTÁRIO ................................................................................................................................... 5
QUAL DEVE SER O FOCO? ....................................................................................................................................5
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................5
1.1. Atividade financeira do Estado..................................................................................................................5
1.2. Finalidade dos tributos ................................................................................................................................5
2. TRIBUTOS................................................................................................................................................................6
2.1. Elementos do conceito de tributo:............................................................................................................7
3. TRIBUTOS EM ESPÉCIE ......................................................................................................................................9
3.1. Impostos ........................................................................................................................................................ 12
3.1.1. Definição (art. 16, CTN) .................................................................................................................... 12
3.1.2. Competência para instituir impostos ............................................................................................ 13
3.1.3. Classificação dos impostos.............................................................................................................. 14
3.2. Taxas .............................................................................................................................................................. 16
3.2.1. Definição: ............................................................................................................................................... 16
3.2.2. Competência ........................................................................................................................................ 16
3.2.3 Taxa de Polícia...................................................................................................................................... 17
3.2.4 Taxa de Serviço Público .................................................................................................................... 19
3.2.5 Base de cálculo .................................................................................................................................... 21
3.2.6. Taxa x Preço Público ......................................................................................................................... 24
3.2.7. Taxa de iluminação pública ............................................................................................................. 26
3.2.8. Mais jurisprudência sobre as taxas ............................................................................................... 26
3.3. Contribuição de Melhoria ......................................................................................................................... 27
3.3.1. Definição ................................................................................................................................................ 27
3.3.2. Elementos ............................................................................................................................................. 28
3.3.3 Base de Cálculo ................................................................................................................................... 28
3.3.4. Sujeito passivo ..................................................................................................................................... 29
3.3.5. Contribuição de melhoria e desapropriação .............................................................................. 30
3.4. Empréstimos compulsórios ..................................................................................................................... 31
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
3.4.1. Definição: ............................................................................................................................................... 31
3.4.2. Instituição e competência ................................................................................................................. 32
3.4.3. Pressupostos fáticos a autorizar a instituição ........................................................................... 33
3.4.4. Empréstimos compulsórios e o princípio da anterioridade ................................................... 34
3.4.5 Fato gerador .......................................................................................................................................... 34
3.4.6 Devolução dos valores pagos.......................................................................................................... 34
3.5. Contribuições ............................................................................................................................................... 35
3.5.1. Definição ................................................................................................................................................ 35
3.5.2. Espécies de contribuições e competência ................................................................................... 36
3.5.2.1 Contribuições Sociais ................................................................................................................. 38
3.5.2.2.CIDES............................................................................................................................................... 44
3.5.2.3 Contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas –
Contribuições corporativas:..................................................................................................................... 45
3.5.3. Contribuições especiais e desoneração das exportações ...................................................... 49
3.5.4. Contribuições especiais e extrafiscalidade ................................................................................. 50
4. TESES COM REPERCUSSÃO GERAL – STF (PARA PGE PGM) ......................................................... 51
5. TEMAS REPETITIVOS – STJ (PARA PGE PGM) ....................................................................................... 52
TAREFAS PARA O ESTUDO ATIVO ................................................................................................................ 55
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
DIREITO TRIBUTÁRIO
TEMA DO DIA
2. Taxa de polícia
1. INTRODUÇÃO
O Estado existe para a consecução do bem comum. Para atingir tal mister, precisa obter
recursos financeiros, o que faz, basicamente, de duas formas. Para obter receitas originárias, o Estado
se despe das tradicionais vantagens que o regime jurídico de direito público lhe proporciona e, de
maneira semelhante a um particular, obtém receitas patrimoniais ou empresariais. Como exemplo,
cite-se um contrato de aluguel em que o locatário é um particular e o locador é o Estado. O particular
somente se obriga a pagar o aluguel porque manifesta sua vontade ao assinar o contrato, não
havendo manifestação de qualquer parcela do poder de império estatal.
Na obtenção de receitas derivadas, o Estado, agindo como tal, utiliza-se das suas prerrogativas
de direito público, edita uma lei obrigando o particular que pratique determinados atos ou se ponha
em certas situações a entregar valores aos cofres públicos, independentemente de sua vontade.
Como exemplo, aquele que auferiu rendimento será devedor do imposto sobre a renda e proventos
de qualquer natureza (imposto de renda) independentemente de qualquer manifestação volitiva.
Assim, conclui-se que os tributos são RECEITAS DERIVADAS do Estado.
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Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Existem tributos cuja finalidade principal é fiscal, ou seja, arrecadar, carrear recursos para os
cofres públicos (ex.: ISS, ICMS, IR etc.). Há tributos, contudo, que têm por finalidade precípua intervir
numa situação social ou econômica. É a finalidade extrafiscal (como nos exemplos citados, no IOF,
no IE, no ITR, etc). Ao lado dessas duas finalidades (fiscal e extrafiscal), a doutrina cita uma terceira,
em que, na realidade, objetiva-se também a arrecadação.
A diferença reside no fato de a lei tributária nomear sujeito ativo diverso da pessoa que a
expediu, atribuindo-lhe a disponibilidade dos recursos arrecadados para o implemento de seus
objetivos. Como exemplo, podem ser citadas as contribuições previdenciárias, que, antes da criação
da Secretaria da Receita Previdenciária (hoje parte da Receita Federal do Brasil), eram cobradas pelo
INSS (autarquia federal), que passava a ter, também, a disponibilidade dos recursos auferidos. Tem-
se aí a finalidade parafiscal da tributação.
No concurso da PGM São José do Rio Preto - SP (VUNESP - 2019), o tema foi cobrado
da seguinte forma:
A) fiscalidade.
B) extrafiscalidade.
C) parafiscalidade.
D) seletividade.
E) essencialidade.
2. TRIBUTOS
OBSERVAÇÃO:
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Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Com relação a cada elemento específico, é relevante tecer algumas considerações. O caráter
pecuniário, por exemplo, afasta qualquer obrigação de fazer, razão pela qual o tributo será sempre
uma obrigação de dar. Isto o diferencia, por exemplo, das obrigações acessórias, que podem ser de
realizar determinados atos, como emitir nota fiscal ou realizar a escrituração contábil. Isto também
diferencia a obrigação tributária de outras de natureza cível-administrativa, ou mesmo serviços
públicos relevantes, como a de ser mesário, servir ao júri, o serviço militar obrigatório, ou mesmo o
instituto da requisição administrativa.
Já quanto à compulsoriedade, sua razão lógico-jurídica é que o tributo decorre da lei, e não de
qualquer espécie de ato entre particulares. O particular está submetido a uma relação de sujeição,
sobre a qual não possui qualquer ingerência. Por este motivo, inclusive, são necessárias limitações
no texto e na interpretação jurídica sobre a atividade arrecadatória do Estado: para evitar o abuso
desta posição de poder que ele exerce, como uma forma de assegurar os direitos fundamentais dos
sujeitos da relação tributária.
Quanto à obrigatoriedade de instituição do tributo mediante lei, está prevista não somente no
Código Tributário Nacional, mas também na Constituição da República, em seu art. 150, I. Trata-se
da legalidade, aplicável aos tributos e também às multas, mas não às obrigações acessórias e nem
a determinados tributos específicos que veremos ao tratarmos dos princípios do direito tributário.
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Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Já a cobrança mediante atividade administrativa plenamente vinculada significa que não cabe
ao agente público realizar qualquer juízo de oportunidade na cobrança. O CTN exige que a forma, o
conteúdo, efeitos da cobrança, estejam todos de acordo com a legislação. E isto possui uma razão
lógico-jurídico específica, demonstrada a seguir.
A Constituição da República prevê uma hipótese genérica de incidência, permitindo que cada
ente federativo crie o seu próprio tributo (de maneira facultativa). Uma vez criado e exigível, a cada
momento em que o particular se amoldar à hipótese de incidência autorizada na Constituição e
estabelecida na lei do ente federativo, ocorre o fato imponível. Uma vez que a hipótese prevista no
mundo jurídico se amolda ao mundo fático, atrelando-se ao fato imponível, ocorre o fato gerador do
tributo. Logo, o fato gerador significa a soma da hipótese de incidência (no dever-ser) com o fato
imponível (no ser). De maneira automática, surge o dever de cobrar, de maneira compulsória, a dívida
tributária. Portanto, o ente federativo possui a opção de prever ou não o tributo (sempre em lei). Mas
uma vez previsto e ocorrido o fato gerador, é obrigatória a sua cobrança.
Outro aspecto relevante dos tributos é a sua natureza não sancionatória. Diante do relevante
poder do Estado sobre os particulares, ele poderia se aproveitar deste como mecanismo de coerção,
para que as pessoas seguissem as normas estabelecidas. Mas a hipótese de incidência da norma
tributária não pode conter a descrição de uma conduta ilícita – este não é o propósito do direito
tributário – ou haveria um desvio de finalidade da norma. Nada impede que condutas ilícitas sejam
tributadas, por corresponderem à hipótese de incidência, em razão da isonomia (é o caso da pecunia
non olet, que será estudada no princípio da isonomia).
Destaque-se, ademais, que o tributo não pode possuir natureza sancionatória, mas o crédito
tributário sim. Isto pode ocorrer por duas razões distintas. Primeiramente, porque o descumprimento
de uma obrigação acessória, por si só, acarreta a conversão em crédito tributário (obrigação de
pagar), caso haja a respectiva previsão em lei. O segundo motivo é que, nos tributos em geral, após
a hipótese de incidência se amoldar ao mundo fático (fato imponível), surgindo o fato gerador, passa
a haver automaticamente uma obrigação tributária. Esta, por sua vez, apurada em valores exatos,
constitui o crédito tributário, que deverá ser pago pelo sujeito passivo. Caso não haja o regular
pagamento, o crédito tributário poderá ser acrescido de multa.
OBSERVAÇÃO
O STF possui entendimento consolidado no sentido de que as contribuições para o FGTS não são
tributos.
Luciano Amaro define tributo como “a prestação pecuniária não sancionatória de ato ilícito,
instituída em lei e devida ao Estado ou a entidades não estatais de fins de interesse público”.
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3. TRIBUTOS EM ESPÉCIE
O CTN, no seu artigo 5º, dispõe que os tributos são impostos, taxas e contribuição de melhoria,
claramente adotando a teoria da tripartição das espécies tributárias. Ao se deparar com o tema, o
STF tem adotado a teoria da pentapartição, e acrescenta os empréstimos compulsórios e as
contribuições especiais. O entendimento doutrinário também é uníssono no sentido de que são
cinco as espécies tributárias.
● Teoria bipartite: de Alfredo Augusto Becker. Utiliza como critério a base de cálculo.
Para ele existem duas espécies: os impostos e as taxas. É uma teoria clássica, que já se
encontra superada. Contudo, um possível resíduo é o fato de a própria Constituição da
República proibir que as taxas possuam as mesmas bases de cálculo dos impostos,
matéria inclusive objeto de Súmula Vinculante do STF: Súmula Vinculante 29 – É
constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base
de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade
entre uma base e outra.
● Teoria tripartite: foi adotada na década de 1960 no Brasil, razão pela qual é utilizada
tanto no Código Tributário Nacional quanto na Lei n. 4.320/64. Segundo esta teoria, há
os impostos (não vinculados); as taxas; e as contribuições de melhoria (vinculados).
Entretanto, ela foi superada tanto pela Constituição da República (1988) quando pelo
entendimento do STF, apresentado acima.
● Teoria quadripartite: é utilizada por Ricardo Lobo Torres e Luciano Amaro. Para esta,
há os impostos, taxas, empréstimos compulsórios e as contribuições. Estas, por sua
vez, são subdivididas em contribuições de melhoria e contribuições especiais.
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Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
● Teoria quindipartite: é a predominante no Brasil hoje, e adotada pelo Supremo Tribunal
Federal. Divide-se em impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos
compulsórios e contribuições especiais.
Para quem adota a teoria quindipartite (é o caso do STF), o art. 4º, II, do CTN, não foi
recepcionado pela CRFB/88. Isto porque o dispositivo prevê ser irrelevante para caracterizar o tributo
a destinação legal do produto da sua arrecadação: “Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo
é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I - a
denominação e demais características formais adotadas pela lei; II - a destinação legal do produto
da sua arrecadação”. Mas a teoria quindipartite adota o critério da destinação da arrecadação: para
ela, as contribuições especiais pressupõem a destinação da arrecadação como fator relevante para
a classificação das espécies tributárias.
Como então podemos classificar cada espécie de tributo? Devemos fazer 3 perguntas: ele é
vinculado? É destinado? É restituível?
O tributo é vinculado quando a sua ocorrência decorre de alguma ação estatal específica. Já o
“destinado”, também chamado de “arrecadação vinculada”, é arrecadado para um gasto específico,
não podendo ser utilizado para outros fins. Já o restituível é aquele que o Estado, após determinado
tempo, devolverá ao contribuinte.
Assim sendo, passaremos a um sistema de 3 etapas, a partir do qual será possível classificar
as 5 espécies tributárias.
1 Vinculados
Não
Vinculados
2 Destinados
Não
Destinados
Destinados
Não
Destinados
3 Restituíveis
Não
Restituíveis
Restituíveis
Não
Restituíveis
Restituíveis
Não
Restituíveis
Restituíveis
Não
Restituíveis
Com relação aos tributos destinados (também chamados de arrecadação vinculada), contudo,
deve-se destacar que isto não é absoluto. Há a exceção da Desvinculação das Receitas
Orçamentárias, cujo histórico será explicado a seguir.
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Historicamente, a União adotou modelo centralizador no âmbito tributário, de enfraquecimento
da autonomia dos estados. A alternância entre os três períodos autocráticos e alguns momentos
oligopolistas garantiu a concentração dos recursos tributários na União e o fortalecimento do poder
central. Contudo, com o movimento de regionalização da década de 1980, ampliou-se a receita dos
estados e municípios, em detrimento da União – as regras constitucionais de partilha do IPI e IR são
evidentes exemplos. Houve aumento da repartição das receitas dos impostos, mas não das
contribuições sociais (em regra).
Diante da queda de receitas em face do crescimento dos estados e municípios, o poder central
majorou as contribuições sociais exóticas (PIS/COFINS, CSLL, salário-educação) criadas na década
anterior. Em seguida, desvinculou parte da sua receita, para ladear a obrigação constitucional de
repartição com os outros entes federativos. Assim sendo, parte das contribuições tiveram seus
recursos “desviados” para o pagamento de despesas gerais. Na prática, houve uma aproximação
lógica entre as contribuições sociais e os impostos.
Com o passar dos anos o instituto foi sofrendo diversas alterações no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias. Além disso, utilizado para desvincular outras receitas. Passou-se a um
propósito mais amplo, de permitir que o poder executivo possuísse gastos discricionários para
atender ao seu programa de governo, além de evitar a ocorrência de fundos com verbas inutilizáveis,
mas não restituíveis, que causavam um ônus excessivo ao Estado. Neste sentido, é o texto atual do
ADCT, com texto de 2016:
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Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
vierem a ser criados até a referida data, seus adicionais e respectivos
acréscimos legais, e outras receitas correntes.
Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que trata o caput:
I - recursos destinados ao financiamento das ações e serviços públicos de
saúde e à manutenção e desenvolvimento do ensino de que tratam,
respectivamente, os incisos II e III do § 2º do art. 198 e o art. 212 da
Constituição Federal; II - receitas que pertencem aos Municípios decorrentes
de transferências previstas na Constituição Federal; III - receitas de
contribuições previdenciárias e de assistência à saúde dos servidores; IV -
demais transferências obrigatórias e voluntárias entre entes da Federação
com destinação especificada em lei; V - fundos instituídos pelo Poder
Judiciário, pelos Tribunais de Contas, pelo Ministério Público, pelas
Defensorias Públicas e pelas Procuradorias-Gerais dos Estados e do Distrito
Federal.
Art. 76-B. São desvinculados de órgão, fundo ou despesa, até 31 de
dezembro de 2023, 30% (trinta por cento) das receitas dos Municípios
relativas a impostos, taxas e multas, já instituídos ou que vierem a ser criados
até a referida data, seus adicionais e respectivos acréscimos legais, e outras
receitas correntes.
Parágrafo único. Excetuam-se da desvinculação de que trata o caput:
I - recursos destinados ao financiamento das ações e serviços públicos de
saúde e à manutenção e desenvolvimento do ensino de que tratam,
respectivamente, os incisos II e III do § 2º do art. 198 e o art. 212 da
Constituição Federal; II - receitas de contribuições previdenciárias e de
assistência à saúde dos servidores; III - transferências obrigatórias e
voluntárias entre entes da Federação com destinação especificada em lei; IV
- fundos instituídos pelo Tribunal de Contas do Município.
3.1. Impostos
É tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica (é não-vinculado). Ou seja, são, por definição, tributos não vinculados
que incidem sobre manifestações de riqueza do sujeito passivo (devedor), sustentando-se na ideia
de solidariedade social. Isto decorre da própria literalidade do art. 16 do CTN.
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É tributo UNILATERAL, desvinculado de qualquer atividade estatal. É assim chamado por ser
um tributo sem causa ou contraprestação. Assim, conforme decidiu o STJ: o contribuinte NÃO pode
obrigar o Município a realizar certa obra ou serviço sob a alegação de que teria pago o IPTU.
Além de serem tributos não vinculados, são tributos de arrecadação não vinculada (não
destinados). Assim, a receita dos impostos visa custear as despesas públicas gerais ou universais
(uti universi), como educação, segurança pública etc
A receita NÃO se atrela a órgão, fundo ou despesa: NÃO se pode majorar um imposto e
vincular tal aumento a uma dada finalidade, sob pena de inconstitucionalidade (o conjunto de
receitas deverá compor massa distinta e única a cobrir o conjunto de despesas), à luz do art. 167, IV,
da CRFB.
Não se pode majorar um imposto e vincular tal aumento a uma finalidade específica, sob pena
de inconstitucionalidade.
Acerca da não afetação da receita dos impostos, o STF entende que é inconstitucional a
majoração do ICMS destinada ao aumento de capital da Caixa Econômica Estadual, para
financiamento de programas habitacionais. Além disso, julgou em ADI que é aplicável tanto aos
tributos arrecadados por competência do próprio estado (ICMS, IPVA, ITCMD), como também
àqueles frutos de repasse das receitas tributárias (via Fundo de Participação dos Estados).
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Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
próprios dos discriminados na CF, no exercício da competência tributária residual.
Logo, conclui-se que a lista de situações materiais que ensejam a incidência de impostos da
União não é taxativa.
Além disso, o art. 146, III, a, da CF/88 exige que LEI COMPLEMENTAR de caráter nacional
defina os respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes no tocante a impostos.
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Fiscais Possuem intuito nitidamente arrecadatório. Ex: IR, ITBI, ITCMD, ISS.
Extrafiscais Finalidade reguladora de mercado ou da economia. Ex: II, IE, IPI, IOF.
No concurso da PGM JUNDIAÍ (VUNESP - 2019), o tema foi cobrado da seguinte forma:
OBSERVAÇÃO
De acordo com o art. 145, § 1.º, da CF, sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal
e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração
tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os
direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômica
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São as principais maneiras para alcançar a igualdade material tributária: nos tributos pessoais
diretos, mediante a técnica da progressividade (clássico é o exemplo do Imposto de Renda e Pessoas
Físicas - IRPF). Nos reais indiretos, por sua vez, com a seletividade, onerando os bens supérfluos de
maneira mais acentuada que os essenciais do contribuinte. Sua incidência específica na tributação
do consumo decorre de uma tentativa estatal de compensação da regressividade fiscal, que lhe é
inerente.
Há contraposição lógica entre a seletividade e a neutralidade fiscal, pois esta pressupõe que o
Estado se abstenha de influenciar as decisões econômicas. Já na seletividade o propósito é
justamente o oposto: que o Estado induza a forma de produzir e consumir das pessoas.
3.2. Taxas
3.2.1. Definição:
É tributo vinculado à ação estatal, uma contraprestação direta, e NÃO está relacionado à
condição econômica do contribuinte. Por isso é chamada de exação bilateral, contraprestacional ou
sinalagmática.
Luciano Amaro: O fato gerador da taxa NÃO é um fato do contribuinte, mas um FATO DO
ESTADO, qual seja, prestação de serviço público ou exercício do Poder de Polícia.
Art. 77, CTN. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições,
têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a
utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
3.2.2. Competência
No plano competencial tributário (competência comum), a taxa pode ser exigida por U, E, M e
DF, NÃO se admitindo em face de atividade privada. É chamada de “competência comum” pela
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doutrina. O ente competente para instituir e cobrar a taxa é aquele que presta o respectivo serviço
ou que exerce o respectivo poder de polícia. Isto também está estabelecido no art. 80 do CTN.
Será exigida em razão de atos de polícia realizados pela Administração Pública, cuja
fundamentação é o princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado. Para que
seja possível a cobrança de taxas, o exercício do poder de polícia precisa ser regular, ou seja,
desempenhado em consonância com a lei, com obediência ao princípio do devido processo legal e
sem abuso ou desvio de poder (CTN, art. 78, parágrafo único). Em seu art. 78, o CTN conceitua poder
de polícia:
Suponha que tenha sido editado decreto do Chefe do Executivo majorando, acima da
defasagem inflacionária, a partir da respectiva edição, o valor cobrado pelo órgão de
trânsito do Estado para custear: i) expedição de Carteira Nacional de Habilitação-CNH e
ii) registro de alienação fiduciária e outros gravames incidentes sobre veículo, por
solicitação de instituições financeiras. Referido decreto foi contestado, sob o argumento
de desobediência do princípio da reserva legal, da anterioridade e pela não observância
do prazo de 90 dias para cobrança dos novos valores (noventena), sustentando-se que
ambas as atividades somente podem ser remuneradas mediante instituição de taxas. A
análise jurídica da questão posta deve considerar que
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A) tanto taxas como preços públicos necessitam de lei para instituição ou majoração,
porém apenas a taxa sujeita-se ao princípio da anterioridade, sendo a majoração do preço
público sujeita apenas à observância da noventena, o que denota inviabilidade jurídica
total da edição de decreto, para o item i, e a inadequação da vigência imediata, para o item
ii.
B) atividades prestadas como expressão do exercício de poder de polícia ensejam a
cobrança de taxa, que somente pode ser instituída ou majorada por lei com vigência
para o exercício subsequente e observada a noventena, podendo-se concluir pela
evidente inadequação da via eleita para a majoração indicada no item i.
C) quaisquer atividades estatais cujo custo possa ser individualizado são passíveis de
cobrança mediante preço público, cabendo a cobrança de taxa somente para custeio de
serviços não passíveis de fruição individual, o que denota a ausência de qualquer
inadequação na via eleita.
D) atividades que representem serviço público fruível pelo usuário, independentemente
de compulsoriedade, demandam a cobrança mediante taxa, porém apenas a instituição da
taxa depende de edição de lei formal, podendo a majoração se dar mediante decreto, o
que indica a ausência de desconformidade da via eleita para ambas as situações descritas.
E) descabe cobrança de taxas de pessoas jurídicas, as quais são sempre sujeitas ao
pagamento de preço público, cujo regime afasta a necessidade de lei e a incidência dos
princípios citados, sendo este o discrímen que afasta a inadequação da via eleita para a
majoração indicada no item ii.
OBSERVAÇÃO
Polícia administrativa não se confunde com polícia judiciária. A primeira incide sobre bens,
direitos e atividades no âmbito da função administrativa, já a segunda atua sobre pessoas e
prepara a atuação da função jurisdicional penal.
O STF entendia que o exercício regular do poder de polícia era o policiamento efetivo, concreto
ou real. Porém, posteriormente alterou o seu entendimento, de modo que o simples fato de existir
um órgão estruturado e em funcionamento viabiliza a cobrança da taxa (presunção do exercício).
Quanto aos casos em que o procedimento fiscalizatório é cíclico, devendo ser renovado em
dada periodicidade, o STF tem entendido que deve haver a repetição concreta da atividade
fiscalizadora, como condição à exigência da taxa renovável. No entanto, o STF vem admitindo a
constitucionalidade da taxa de renovação anual de licença para localização, instalação e
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funcionamento de estabelecimentos comerciais e similares, desde que haja órgão administrativo que
exerça o poder de polícia.
https://youtu.be/3W7hqsDcbrU
No que se refere às taxas cobradas pela utilização, efetiva ou potencial, de serviço público
específico e divisível prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição, é correto afirmar
que tais serviços consideram-se
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A) efetivamente utilizados pelo contribuinte quando por ele usufruídos a qualquer título.
B) potencialmente utilizados pelo contribuinte, quando, sendo de utilização compulsória,
por ele usufruídos a qualquer título.
C) específicos, quando suscetíveis de utilização, separadamente, por parte de cada um dos
seus usuários.
D) divisíveis, quando possam ser destacados em unidades autônomas de intervenção, de
utilidade, ou de necessidades específicas.
E) indivisíveis quando, sendo de utilização compulsória, sejam postos à disposição do
contribuinte mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento.
Súmula 670 STF - O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa.
NÃO pode ser a. Segurança pública – Inclusive segurança para eventos de grande
cobrado por taxas porte privados;
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(serviços uti b. Limpeza pública – Note que se for “coleta domiciliar de lixo”, pode
universi): ser cobrada por taxa municipal, por serem suscetíveis de utilização, de
modo separado, por cada usuário;
c. Iluminação pública – S. 670 STF;
d. Asfaltamento – No contexto de obras públicas, deve ser cobrada
contribuição de melhoria; e
e. Taxas de incêndio e sinistro (Informativo n. 871 do STF);
PODEM ser cobrados a) Taxas de lixo (Súmula Vinculante n. 19), inclusive se cobradas como
por taxas: IPTU e segundo a metragem do imóvel, à luz do Tema n. 146 de
Repercussão Geral do STF;
b) Taxas de jazigo;
c) Taxa de fiscalização estadual de atividades que comercializem
materiais inflamáveis (competência comum) – ADI n. 3.770.
A base de cálculo da taxa adstringe-se ao custo da atividade estatal respectiva. NÃO pode
haver integral identidade entre a base de cálculo das taxas com a dos impostos. No entanto, é
possível a coincidência de alguns dos elementos:
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STF - Súmula Vinculante nº 29 - É constitucional a adoção, no cálculo do
valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de
determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma
base e outra.
Art. 145, § 2º, CF: As taxas não poderão ter base de cálculo própria de
impostos.
Art. 77, § único, CTN: A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função
do capital das empresas.
https://youtu.be/NzYao6L1hzo
Segundo o STF (ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 20/6/2017), as taxas municipais de
fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o número de empregados ou ramo
de atividade exercida pelo contribuinte, por consistirem em qualidades externas e estranhas ao
exercício do poder de polícia, sem pertinência quanto ao aspecto material da hipótese de incidência.
A taxa é tributo contraprestacional (vinculado), usado na remuneração de atividade específica, seja
serviço ou exercício do poder de polícia e, por isso, não pode fixar a base de cálculo usando como
critério sinais presuntivos de riqueza do contribuinte. O valor das taxas deve estar relacionado com
o custo do serviço que as motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida.
Por seu turno, a taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como base de cálculo a área de
fiscalização, na medida em que traduz o custo da atividade estatal de fiscalização.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Para o STJ, a taxa de licença de publicidade não pode ter como base de cálculo o espaço
ocupado pelo anúncio, pois o trabalho de fiscalização independe daquele.
Para o STF, na taxa da CVM, a amplitude do patrimônio líquido da empresa identifica uma
maior necessidade de fiscalização. Logo, é possível que a base de cálculo esteja atrelada ao
patrimônio líquido. Isto se reflete, por exemplo, no enunciado n. 665 da Súmula do STF: É
constitucional a taxa de fiscalização dos mercados de títulos e valores mobiliários instituída pela Lei
n. 7.940/89.
OBSERVAÇÕES:
1) - Deve haver equivalência razoável entre o valor pago e o custo da atividade estatal.
2) - Segundo o STF (RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 06/10/2016), não viola a
legalidade tributária a lei que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal
fixar o valor de taxa em proporção razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que
não pode ser atualizado por ato do próprio conselho de fiscalização em percentual superior
aos índices de correção monetária legalmente previstos.
3) - Taxa de coleta de lixo: Há certas taxas instituídas com base na dimensão da área
construída do imóvel beneficiado. Para o STF, a sistemática é válida, pois o cálculo com base
na metragem do imóvel NÃO implica por si só identidade com a base de cálculo do imposto.
Havendo taxa de fiscalização calculada pela extensão da obra, tal situação é perfeitamente
possível.
4) - STF: As custas e emolumentos, por serem taxa, só podem ser fixadas por lei, em
face do princípio da reserva legal, para instituir ou aumentar tributo. As custas processuais
e os emolumentos aos serviços notariais e registrais assumem feição de taxas de serviço,
podendo ser exigidas com base no valor da causa ou da condenação, desde que
submetida a um limite. (Súmula 667, STF: “Viola a garantia constitucional de acesso à
jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa”)
5) - As taxas NÃO cumprem funções extrafiscais.
6) - É constitucional a cobrança de taxa de fiscalização ambiental sobre o mesmo fato
gerador pela União e pelos Estados, pois ambos têm competência para exercer a fiscalização
desta atividade, por se tratar de competência comum.
7) - É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A
prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros,
sendo consideradas atividades de segurança pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da
CF/88. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por
meio de impostos (e não por taxa). Desse modo, não é possível que, a pretexto de prevenir
sinistro relativo a incêndio, o Município venha a se substituir ao Estado, com a criação de
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
tributo sob o rótulo de taxa. Tese fixada pelo STF: “A segurança pública, presentes a
prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua, pela unidade
da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de
impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim.” STF. Plenário. RE
643247/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).
8) STF: A taxa, enquanto contraprestação a uma atividade do Poder Público, não pode
superar a relação de razoável equivalência que deve existir entre o custo real da atuação
estatal referida ao contribuinte e o valor que o Estado pode exigir de cada contribuinte,
considerados, para esse efeito, os elementos pertinentes às alíquotas e à base de cálculo
fixadas em lei. (ADI-MC-QO 2551/MG).
9) É válida a cobrança das custas judiciais e emolumentos tendo por parâmetro o
valor da causa ou do bem ou negócio objeto dos atos judiciais e extrajudiciais, desde que
definidos limites mínimo e máximo e mantida uma razoável e proporcional correlação
com o custo da atividade. Na linha da jurisprudência desta Corte, essa forma de cálculo é
plenamente admitida, visto que os parâmetros fixados não constituem a base de cálculo da
taxa respectiva, mas apenas um critério para a sua incidência, haja vista ser impossível aferir,
em cada caso, o efetivo custo do serviço. (ADI 2846/TO, relator Min. Ricardo Lewandowski,
julgamento virtual finalizado em 13.9.2022 (terça-feira), às 23:59. INFORMATIVO 1067)
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
exploração de patrimônio estatal).
Sujeita-se aos princípios tributários. Não se sujeita aos princípios
tributários.
OBSERVAÇÃO
STF e STJ - contraprestação cobrada por concessionárias de serviço público de água e esgoto =
natureza jurídica de tarifa ou preço público.
Outro questionamento relevante é o seguinte: quando se deve optar pela taxa ou tarifa? Isto
será definido de acordo com a espécie de serviço público prestado:
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
São cobrados por tarifa. É o caso do serviço postal, energia elétrica, água e esgoto.
NÃO é possível instituir taxa de iluminação pública, por não se tratar de serviço específico e
divisível:
STF: A COSIP é contribuição de caráter sui generis, em que podem ser eleitos contribuintes os
consumidores de energia elétrica, a base de cálculo pode ser definida conforme o consumo e, ainda,
podem ser impostas alíquotas progressivas que consideram a quantidade de consumo e as
características dos diversos tipos de consumidor.
NÃO é aplicada à COSIP a anterioridade do art. 195, §4º CF, mas obedece à anual e
nonagesimal.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
● Súmula Vinculante n. 12: A cobrança de taxa de matrícula nas universidades públicas viola
o art. 206, IV, da CRFB.
● ADI 6211: É inconstitucional a lei estadual que cria a Taxa de Controle, Acompanhamento e
Fiscalização das Atividades de Exploração e Aproveitamento de Recursos Hídricos (TFRH).
Não há razoável e necessária equivalência entre o valor da TFRH e o custo da atividade
estatal no exercício do poder de polícia. Além disso, no caso específico, houve efeito
confiscatório.
● STF: É inconstitucional a taxa de combate a incêndio, mesmo que, por convênio com os
estados, os municípios auxiliem os bombeiros nos alvarás, e nos próprios combates aos
incêndios. Isto decorre da indelegabilidade de competência: somente são delegáveis os atos
materiais.
● ADI n. 6.737: é constitucional a taxa de registro de contratados do DETRAN.
● STF: É constitucional a instituição, por meio de lei estadual, de taxas de controle,
monitoramento e fiscalização de atividades de pesquisa, lavra, exploração e
aproveitamento de recursos minerários (TFRM). Os estados-membros possuem
competência administrativa fiscalizatória sobre recursos hídricos e minerais, desde que
informado pelo princípio da subsidiariedade, emanado de uma concepção própria do
federalismo cooperativo brasileiro, de modo que é possível desempenharem, quando
traduzível em serviço público ou poder de polícia, atividade administrativa remunerada
mediante taxa (CF/1988, art. 145, II). (ADI 4785/MG, relator Min. Edson Fachin. ADI 4786/PA,
relator Min. Nunes Marques. ADI 4787/AP, relator Min. Luiz Fux. INFORMATIVO 1062)
● STF: A base de cálculo das taxas minerárias deve guardar razoável proporcionalidade
entre a quantidade de minério extraído e o dispêndio de recursos públicos com a
fiscalização dos contribuintes, observados os princípios da proibição do confisco e da
precaução ambiental. (ADI 4785/MG, relator Min. Edson Fachin. ADI 4786/PA, relator Min.
Nunes Marques. ADI 4787/AP, relator Min. Luiz Fux. INFORMATIVO 1062)
3.3.1. Definição
É o poder impositivo de exigir o tributo dos proprietários de bens imóveis valorizados com a
realização de obras públicas. É tributo vinculado, de competência comum (U, E, DF, M). O fato
gerador da contribuição de melhoria não é a realização da obra, mas sim sua consequência, a
valorização imobiliária.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
OBSERVAÇÃO:
3.3.2. Elementos
OBSERVAÇÃO:
O fato gerador da contribuição de melhoria é instantâneo, com pagamento único, devendo ser
realizado após o término da obra.
STF: a realização de pavimentação na rua, suscetível de valorizar o imóvel, pode justificar a cobrança
de contribuição de melhoria, o que não acontece com o mero recapeamento da via pública já
asfaltada.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
• Limite global (total): É o teto de cobrança, NÃO se podendo admitir arrecadação acima do custo
da obra;
• Limite individual: É ilícita a cobrança sobre cada um em montante superior à mais-valia imobiliária
percebida por cada beneficiário.
ATENÇÃO: Além do limite individual e total, o art. 12 do DL 195/67 prevê que a parcela anual paga
pelo contribuinte NÃO pode exceder 3% do maior valor fiscal de seu imóvel, atualizado à época da
cobrança.
• a lei instituidora da contribuição de melhoria deve determinar a parcela do custo da obra a ser
financiada pelo tributo (CTN, 82, I, “c”);
• a contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra
(…) pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de
valorização (CTN, art. 82, § 1.º).
É importante ressaltar que, para o STJ, é vedada a cobrança antes da conclusão da obra, pela
inviabilidade de aferição da valorização imobiliária neste momento. Além disso, a Administração
Pública possui o ônus de provar a valorização imobiliária, que não pode ser presumida.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
No caso de enfiteuse, o enfiteuta responde pelo tributo. Sendo o imóvel locado, é lícito ao
locador exigir aumento de 10% de aluguel no ano da contribuição de melhoria efetivamente paga.
Entretanto, a lei enquadra como nula (mas do ponto de vista da escala ponteana é ineficaz perante
a fazenda pública) a cláusula do contrato de locação que atribua ao locatário o pagamento.
Por fim, a lei prevê que os bens indivisos serão considerados como pertencentes a um só
proprietário, ressalvado o direito de regresso (na prática isto é uma solidariedade passiva).
A) 15 dias.
B) 30 dias.
C) 60 dias.
D) 120 dias.
E) 180 dias.
3.3.6 Procedimento
A) Memorial descritivo;
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
B) Orçamento;
C) Limitação de financiamento;
D) Zona beneficiada;
E) Fator de absorção do benefício;
F) 30 dias para impugnação pelos interessados;
G) Regulamentação do processo administrativo, sem prejuízo do processo judicial.
3.4.1. Definição:
Além de restituíveis, são destinados (art. 148, parágrafo único, da CRFB), à calamidade, guerra
ou investimento urgente e de relevante interesse nacional. Uma peculiaridade é o fato de que podem
ser vinculados e não vinculados, pois o legislador pode descrever na hipótese de incidência da
exação tanto uma conduta estatal quanto um comportamento do contribuinte.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Para o STF, os empréstimos compulsórios possuem natureza jurídica tributária desde a EC n.
1/69, havendo portanto overruling sobre o enunciado n. 418 do STF, que dispunha em sentido
diverso à luz da Constituição da República de 1946.
Devem ser instituídos por lei complementar e a competência é exclusiva da União, ainda que
haja catástrofe em apenas 01 Município ou Estado, NÃO se exigindo que o cataclismo tenha
proporções gigantescas a justificar a competência da União.
Art. 15, CTN. Somente a União, nos seguintes casos excepcionais, pode
instituir empréstimos compulsórios:
I - guerra externa, ou sua iminência;
II - calamidade pública que exija auxílio federal impossível de atender com
os recursos orçamentários disponíveis;
III - conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo.
Parágrafo único. A lei fixará obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as
condições de seu resgate, observando, no que for aplicável, o disposto nesta
Lei.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
No concurso da PGM CAMPO GRANDE (CESPE - 2019), o tema foi cobrado da seguinte
forma:
Acerca do disposto pelo Sistema Tributário Nacional, julgue o item seguinte, considerando
o entendimento doutrinário e jurisprudencial.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
OBSERVAÇÃO:
O legislador é livre para escolher o fato gerador dos empréstimos compulsórios. Entretanto,
parte da doutrina/literatura (Sacha Calmon) estabelece uma limitação, decorrente de uma
interpretação sistemática da Constituição: não podem ser fatos geradores os fatos ou situações que
se amoldam à competência tributária dos Estados e Municípios, exceto em caso de guerra (por
aplicação analógica do art. 154, II, da CRFB).
Além disso, o art. 15, parágrafo único, do CTN, estabelece que a lei (Lei Complementar,
portanto) que o instituir fixará o prazo e as condições de resgate. Isto significa que a criação de uma
lei sem prazo para resgate seria inconstitucional, pois descaracterizaria o próprio empréstimo
compulsório, ferindo assim o art. 148 da CRFB.
Sob pena de se incidir em efeito confiscatório, a devolução deve ser integral e atualizada. Isto
significa que, se adotados índices oficiais que impliquem expurgo, caberá ao poder judiciário intervir.
Neste sentido, em seu informativo jurisprudencial n. 656, o STJ decidiu que, no empréstimo
compulsório sobre a energia elétrica, são devidos juros remuneratórios sobre a diferença de correção
monetária, não paga nem convertida em ações, no percentual de 6% ao ano, aplicando assim o art.
2º do DL n. 1.512/76.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Ademais, no Tema n. 963 de Recursos Repetitivos e no informativo n. 655, o STJ decidiu que
não é cabível ação regressiva proposta pela Eletrobrás contra a União em razão do empréstimo
compulsório sobre o consumo de energia elétrica ao particular contribuinte da exação. Isto porque,
à luz das Leis n. 4.156/62 e 3.890-A/61, neste empréstimo compulsório tanto a Eletrobrás quanto a
União foram beneficiadas, e a lei não definiu as cotas da responsabilidade da dívida.
3.5. Contribuições
3.5.1. Definição
São tributos cujo produto de suas arrecadações deve ser para financiar atividades de interesse
público, beneficiando certo grupo, e direta ou indiretamente o contribuinte (possuem vinculação de
receita). A contribuição NÃO se confunde com imposto, pois enquanto este apoia-se no poder de
império, aqueles adstringem-se à SOLIDARIEDADE, na busca de uma dada finalidade. Logo, elas
são destinadas (vinculadas quanto à destinação), de tal maneira que estão afetadas à realização de
finalidades estatais específicas. Ressalva-se, por outro lado, a desvinculação do orçamento da União
(DOU), explicada nas linhas acima.
Além de destinadas, são não vinculadas, pois têm como hipóteses de incidência
comportamentos desvinculados de qualquer atuação estatal. Também são não restituíveis, pois
ingressam no tesouro a título definitivo.
NOTE
Embora seja competência exclusiva da União instituir as contribuições, Estados e
Municípios podem instituir contribuição de seus servidores para custeio, em benefício destes, do
regime previdenciário, ante previsão Constitucional expressa.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Mas isto não se confunde com a instituição de contribuição para o custeio dos serviços de
saúde. Neste sentido, o STF julgou inconstitucional lei do estado de Minas Gerais que estabelecia
uma contribuição pelos servidores para o financiamento da saúde. Apesar de a seguridade social
abranger assistência, saúde e previdência, estas três não se confundem. Somente é possível
contribuição criada pelos estados para a previdência dos servidores, e não para a saúde pública.
O terceiro requisito é a referibilidade: o liame que deve existir entre a finalidade da contribuição
e os contribuintes. Ao contrário dos impostos, em razão do caráter destinado das contribuições, elas
somente beneficiam parte da sociedade (exceto as genéricas para a seguridade social). Mas esta
referibilidade não pode ser confundida com a necessidade de vantagens econômicas para o
contribuinte, bastando que ele pertença ao grupo identificável em função da finalidade constitucional
específica, conforme o entendimento do STF.
Por essa razão, não obstante a referibildade, para o STJ, a cobrança de CIDE RURAL/INCRA
das sociedades empresárias urbanas é devida, por exemplo. No mesmo sentido o Tema n. 495 de
Repercussão Geral do STF: "É constitucional a contribuição de intervenção no domínio econômico
destinada ao INCRA devida pelas empresas urbanas e rurais, inclusive após o advento da EC 33/01".
Basta uma relação indireta, nas contribuições interventivas e sociais, entre a atuação estatal e os
sujeitos passivos. E isto possui relação com o enunciado n. 516 da súmula do STJ: “A CIDE-INCRA
não foi extinta, não podendo ser compensada com a contribuição do INSS”.
Uma exceção, entretanto, à referibilidade, é a contribuição para a seguridade social, que, como
mencionado, é referente a toda a sociedade, de maneira indireta. Mas como o art. 195 da CRFB
determina o custeio da seguridade por toda a sociedade, no caso específico das suas contribuições
sociais, não haverá juízo de referibilidade a condicionar a posição de contribuinte.
Dispõe o art. 149 da CF ser competência EXCLUSIVA da União a instituição das contribuições
ali delineadas:
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Art. 149 - Compete EXCLUSIVAMENTE À UNIÃO instituir contribuições
sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das
categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação
nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e
sem prejuízo do previsto no Art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a
que alude o dispositivo.
De acordo com o Supremo Tribunal Federal, os valores recolhidos pelas empresas para as
instituições do chamado Sistema S têm natureza jurídica de
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
C) taxa, por ter destinação específica, podendo ser instituídas pela União, Estados e
Distrito Federal, respeitadas as normas gerais veiculadas em lei complementar nacional.
D) imposto parafiscal, podendo ser instituídas pela União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
E) contribuição de melhoria, podendo ser instituídas apenas pela União.
• Contribuições sociais;
• Contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE);
• Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas.
OBSERVAÇÃO
● Contribuições de seguridade social. Ex: PIS, COFINS, CSLL. Objetivam custear a seguridade
social em geral, para a realização do princípio da solidariedade. Neste âmbito são
enquadradas as contribuições do empregador; receitas de concursos e prognósticos;
contribuição do importador e equiparado; e a contribuição dos segurados especiais.
1 – Contribuições do empregador
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
O STF entende que o ICMS não compõe a base de cálculo do PIS/COFINS, pois a
parte recebida pela sociedade empresária que ela gastará com o ICMS é um mero
ingresso pertencente a terceiro (ao Estado). Portanto, não se enquadra no conceito de
receita tributável. Entretanto, realizou modiulação de efeitos até 15 de março de 2017
(Tema n. 69 de Repercussão Geral do STF).
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Súmula 508 do STJ – A isenção da COFINS concedida pelo art. 6º, II, da LC n. 70/91,
às sociedades civis de prestação de serviços profissionais, foi revogada pelo art. 56
da Lei n. 9.430/96.
Estabelecidas no art. 26, §1º, da Lei n. 8.212/91, incidem sobre a reda líquida dos
jogos de azar autorizados pela legislação, deduzidos os impostos e despesas com a
administração. O sujeito ativo é a União, e o sujeito passivo é a autoridade que organiza
o sorteio.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
3 – Contribuição do importador/equiparado
Conforme o art. 195, § 8º, da CRFB, incorre sobre o rural e o pescador artesanal,
em regime de economia familiar, sem empregados permanentes. Busca reduzir a
informalidade e ampliar a rede de proteção previdenciária. Neste sentido, a
regulamentação está estabelecida no art. 25 da Lei n. 8.212/91. Quando o rural não
comercializa, não contribui, mas permanece vinculado ao RGPS, havendo assim proteção
especial. Destaque-se que esta contribuição é destinada para toda a seguridade, e não
somente para a previdência. Por isso está incluída junto às demais contribuições sociais,
e não com as previdenciárias.
● Outras contribuições sociais (residuais e instituídas por Lei Complementar). São instituídas
pela União, devem respeitar o princípio da não cumulatividade, não podem ter seu fato
gerador ou sua base de cálculo coincidente com outras contribuições;
● Contribuições sociais gerais - salário educação + sistema S + Contribuição do FGTS (LC 110).
São de competência da União e destinadas ao conteúdo da Ordem Social, abrangendo a
educação, cultura e meio ambiente (arts. 205, 215 e 225 de CRFB); São regidas pelo mesmo
regime jurídico das demais contribuições, sujeitam-se de forma integral ao regime
constitucional tributário, são instituída por lei ordinária e obedecem ao princípio da
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
anterioridade comum, custeiam a atuação do Estado em outros campos sociais, e só podem
incidir sobre uma única base econômica por contribuinte.
Súmula 732, STF - É constitucional a cobrança da contribuição do salário-educação, seja sob
a Carta de 1969, seja sob a Constituição Federal de 1988, e no regime da Lei 9.424/1996.
Conforme o art. 167, XI, da CRFB, é vedado o seu uso para qualquer fim distinto do
regime previdenciário.
Elas podem ocorrer no regime geral de previdência social (RGPS) e também nos
regimes próprios de previdência social (RPPS). Com relação ao regime geral, possuem
previsão no art. 195, I, “a”, da CRFB, e incidem sobre qualquer rendimento, mesmo que não
haja vínculo empregatício. Neste sentido, inclusive, há a Súmula n. 458 do STJ, no seguinte
sentido: a contribuição previdenciária incide sobre a comissão paga ao corretor de seguros,
independentemente da existência do contrato de trabalho.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
doença Tema n. 985 de Repercussão
Geral
Acerca do SAT em especial, há enunciado sumulado do STJ (Súmula n. 351): a alíquota do SAT
é aferida pelo grau de risco desenvolvido em cada empresa, individualizada pelo seu CNPJ, ou pelo
grau de risco da atividade preponderante quando houver apenas um registro.
O sujeito ativo é a União, e o INSS atualmente não possui nem competência nem capacidade
tributária ativa.
Em se tratando de Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), deve seguir os arts. 40 e 149,
§1º da CRFB, com redação pelas Emendas Constitucionais n. 41/03 e 103/2019. Cada ente público
institui a sua própria contribuição, sendo que há regulamentação geral tanto na própria Constituição
quanto na Lei n. 9.717/98.
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
O STF entende que a exigência de inovação quanto a base de cálculo e fato gerador,
só existe dentro da mesma espécie tributária, ou seja, um novo imposto deve possuir
base de cálculo e fato gerador diferentes daqueles que servem para incidências de
impostos já existentes. Já uma nova contribuição só pode ser criada se o seu fato
gerador e sua base de cálculo forem diferentes daqueles definidos para as
contribuições já criadas.
3.5.2.2.CIDES
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Dica
A CIDE-Combustível é a única com fato gerador previsto na Constituição Federal, no Art. 177
§ 4º.
Segundo o art. 149, § 2º, I, II e III, CF, aplicam-se às CIDEs e às contribuições sociais as
seguintes regras:
São criadas pela União com o objetivo parafiscal de obter recursos destinados a financiar
atividades de interesses de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais
ou econômicas.
- Em sede de repercussão geral, o STF (RE 704292/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 19/10/2016)
entendeu que é inconstitucional, por ofensa ao princípio da legalidade tributária, lei que
delega aos conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas a competência de fixar
ou majorar, sem parâmetro legal, o valor das contribuições de interesse das categorias
profissionais e econômicas, usualmente cobradas sob o título de anuidades, vedada,
ademais, a atualização desse valor pelos conselhos em percentual superior aos índices
legalmente previstos. Logo, foi julgado inconstitucional o art. 2º da Lei n. 11.000/04. A
correção após a decisão do STF ocorreu mediante a promulgação da Lei n. 12.514/11.
ATENÇÃO:
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
As anuidades da OAB, também, são consideradas tributos. Vejamos:
O STF entendeu que a OAB NÃO é autarquia, mas entidade sui generis, serviço público
independente de categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas existentes no direito
brasileiro. Visto que realiza a defesa da democracia, pois suas atividades não se restringem à
defesa de interesses corporativos. Ainda assim, o STF possui entendimento de que a anuidade
da OAB é considerada, também, tributo da espécie contribuições de interesse das categorias
profissionais.
46
DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
Porém, recentemente, firmou tese:
OBSERVAÇÃO:
ATENÇÃO:
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Tributo. Conceito. Natureza jurídica. Espécies.
sentido da preservação da vontade de nãose associar e de não financiar
associação de que não se participa. Em unho de 2018, na ADI 5794, o
Tribunal Pleno do STF considerou constitucional a revogação da
contribuição sindical.
STF: É inconstitucional, por violar o art. 22, I, da CF/1988, norma distrital que obriga os
sindicatos a divulgarem na internet a prestação de contas das verbas recebidas a título de
contribuição confederativa, sindical e de outros recursos recebidos do Distrito Federal. (ADI
5349/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em 19.8.2022 (sexta-feira), às
23:59. INFORMATIVO 1064)
STF: Não se admite que ente federativo diverso imponha espécie de obrigação tributária
acessória a entes destinatários de exação. As contribuições recebidas pelos sindicatos têm
natureza tributária. Assim, mesmo em se tratando de verba pública — enquanto receita tributária
com destinação específica —, não é qualquer ente público que pode estabelecer obrigações
ligadas a esse mesmo tributo, mas somente aquele que tem competência normativa: a União
(CF/1988, art. 149). (ADI 5349/DF, relatora Min. Rosa Weber, julgamento virtual finalizado em
19.8.2022 (sexta-feira), às 23:59. INFORMATIVO 1064)
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d) Contribuição de Iluminação Pública – COSIP
Segundo entendimento do STF, o tributo não se confunde com um imposto, porque sua receita
se destina a finalidade específica, nem com uma taxa, por não exigir a contraprestação
individualizada de um serviço ao contribuinte.
Como reação legislativa, foi criada uma nova contribuição: a COSIP, mediante a Emenda
Constitucional n. 39, que instituiu o art. 149-A na CRFB. A sua natureza jurídica, para o STF, é de
contribuição sui generis. Portanto, também é uma espécie de tributo, e está sujeita às limitações à
imposição tributária.
O STF decidiu em sede de Repercussão Geral em 2020 que é constitucional a aplicação dos
recursos arrecadados por meio de COSIP na expansão e aprimoramento da rede.
Não incidem as contribuições sobre a receita e o faturamento nas exportações. Logo, não
incide, o PIS e a Cofins nas exportações. Além disso, há o direito de creditamento do resíduo
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tributário remanescente na cadeia de produção dos bens exportados, conforme a Lei n. 13.043/14,
arts. 21 a 29. Trata-se de uma aplicação da máxima de que “não se exporta tributos”, tanto para
assegurar a isonomia do produto no mercado interno futuro (ao ser tributado igualmente aos
demais), quanto para estimular o desenvolvimento econômico do país exportador.
Além dos dois casos acima narrados, há um terceiro referente à Zona Franca de Manaus. O STJ
decidiu em 2020 que as receitas decorrentes das operações de vendas de mercadorias destinadas à
Zona Franca de Manaus devem ser excluídas da base de cálculo da contribuição previdenciária sobre
a receita bruta (CPRB). Isto porque o envio à Zona Franca de Manaus é equiparado à exportação. Isto
é aplicável tanto ao PIS e à Cofins quanto à CPRB.
Em outro caso (ADI n. 4.735) o STF publicou em seu informativo n. 966 o seguinte: a imunidade
das contribuições sobre as receitas de exportações (art. 149, § 2º, I, da CRFB) abrange também as
receitas decorrentes de operações indiretas de exportações. Isto significa que é mantida a imunidade
em caso de exportação com participação de sociedade exportadora intermediária – é o caso, por
exemplo, das trading companies, ou ECEs.
No Tema n. 744 de Repercussão Geral o STF decidiu que é constitucional o art. 8º, § 9º, da Lei
n. 10.865/04, que estabelece alíquotas maiores de PIS e COFINS para as importadoras de autopeças
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não fabricantes de máquinas e veículos. Portanto, o diferencial de alíquota não decorre
exclusivamente do fato gerador específico, mas de uma condição do contribuinte (de fabricar ou não
a máquina no Brasil em sua atividade empresarial). Segundo o STF, é possível a extrafiscalidade,
bem como o seu uso para a proteção do mercado interno.
Foi realizada ainda por determinada lei uma diferenciação entre sociedades privadas e
sociedades de economia mista e empresas públicas, mesmo que exploradoras de atividade
econômica, para fins de submissão ao regime tributário do PIS. O STF julgou constitucional, e
determinou que isto não ofende o art. 173, § 1º, II, da CRFB, pois prevalecem na hipótese os
princípios da igualdade tributária e da seletividade no financiamento da seguridade social.
Referências Bibliográficas:
● TEMA 1048/2021:
É constitucional a inclusão do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços - ICMS na
base de cálculo da Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta - CPRB.
● TEMA 1085/2020:
A inconstitucionalidade de majoração excessiva de taxa tributária fixada em ato infralegal a
partir de delegação legislativa defeituosa não conduz à invalidade do tributo nem impede que o
Poder Executivo atualize os valores previamente fixados em lei de acordo com percentual não
superior aos índices oficiais de correção monetária.
● TEMA 696/2020:
É constitucional a aplicação dos recursos arrecadados por meio de contribuição para o custeio
da iluminação pública na expansão e aprimoramento da rede.
● TEMA 546/2020:
Surge constitucional previsão normativa local voltada a coibir fraude considerado o serviço
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público de transporte coletivo e inconstitucional condicionar a liberação de veículo apreendido
ao pagamento de multas, preços públicos e demais encargos decorrentes de infração.
● TEMA 691/2017:
Incide contribuição previdenciária sobre os rendimentos pagos aos exercentes de mandato
eletivo, decorrentes da prestação de serviços à União, a estados e ao Distrito Federal ou a
municípios, após o advento da Lei nº 10.887/2004, desde que não vinculados a regime próprio
de previdência.
● TEMA 721/2014:
São inconstitucionais a instituição e a cobrança de taxas por emissão ou remessa de carnês/guias
de recolhimento de tributos.
● TEMA 432/2014 :
A imunidade tributária prevista no art. 195, § 7º, da Constituição Federal abrange a contribuição
para o PIS.
● TEMA 682/2013:
Inexiste, na Constituição Federal de 1988, reserva de iniciativa para leis de natureza tributária,
inclusive para as que concedem renúncia fiscal.
● TEMA 518/2012:
Nos termos da Súmula 732 do STF, é constitucional a cobrança da contribuição do salário-
educação.
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ATENÇÃO!! Em juízo de retratação, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) alterou
a tese fixada no Tema 994 dos recursos repetitivos, que passou a vigorar conforme a redação
disposta acima. Isso se deu, em razão do STF, em sede de repercussão geral, tese vinculante em
sentido contrário, para permitir essa incorporação. Desde então, esse entendimento também
passou a ser adotado pelas turmas de direito público do STJ. Vejamos:
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● TEMA REPETITIVO 738:
Sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de
afastamento por motivo de doença não incide a contribuição previdenciária, por não se enquadrar
na hipótese de incidência da exação, que exige verba de natureza remuneratória.
(REsp 1230957 RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
26/02/2014, DJe 18/03/2014)
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(REsp 1162307 RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/11/2010, DJe
03/12/2010)
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- Prestação pecuniária
- Prestação compulsória
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5. Conceitue
1) Impostos
2) Taxas
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3) Contribuições de
melhoria
4) Empréstimos
Compulsórios
5) Contribuições
especiais
06. Quais são as exceções ao princípio da não afetação dos impostos previstas na CF/88?
08. Diferencie:
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- Qual seu fato gerador?
13. Diferencie:
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