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DIREITO CIVIL
Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias
Sumário
Contratos em Geral – Parte IV. . ..................................................................................................... 3
1. Aula de Hoje. . ................................................................................................................................. 3
2. Resumo.......................................................................................................................................... 3
3. Classificação quanto ao Risco da Prestação......................................................................... 4
4. Classificação quanto à Negociação das Partes.................................................................... 6
4.1. Definição..................................................................................................................................... 6
4.2. Utilidade..................................................................................................................................... 7
5. Classificação quanto ao Momento do Cumprimento. . ......................................................... 8
5.1. Categorias................................................................................................................................... 8
5.2. Utilidades................................................................................................................................... 9
6. Classificação quanto à Designação da Lei.................................................................... 15
7. Classificação quanto à Disciplina Legal. . ...............................................................................16
8. Classificação quanto à Independência do Contrato........................................................... 17
8.1. Contratos Autônomos............................................................................................................ 18
8.2. Contratos Conexos. . ................................................................................................................19
9. Extinção dos Contratos............................................................................................................ 29
9.1. Formas de Extinção................................................................................................................ 29
9.2. Resolução por Inadimplemento: Definição. . ..................................................................... 30
9.3. Resilição Unilateral. . ...............................................................................................................31
9.4. Resilição Bilateral ou Distrato............................................................................................ 33
9.5. Cláusula Resolutiva e a Resolução por Inadimplemento.............................................. 34
Questões de Concurso.................................................................................................................. 37
Gabarito............................................................................................................................................48
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Contratos em Geral – Parte IV
Carlos Elias
2. Resumo
Amigo(a), quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os exercícios.
É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu aprofundar o conte-
údo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com as questões. De
nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familiaridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Quanto ao risco da prestação, o contrato oneroso (apenas o oneroso) pode ser classifi-
cado como comutativo (proveito econômico buscado pelas partes é pré-estimado) ou
aleatório (proveito econômico depende da sorte);
• Quanto à negociação das partes, o contrato pode ser paritário (ambas as partes têm
poder de negociar as cláusulas do contrato) ou de adesão (uma das partes só tem poder
de aderir ou não às cláusulas contratuais redigidas pela outra parte);
• Quanto ao momento do cumprimento, o contrato pode ser de execução instantânea (pa-
gamento no ato da celebração), de execução diferida (pagamento em um único momen-
to futuro) ou de trato sucessivo (pagamento em várias parcelas futuras);
• Em contratos de execução diferida ou continuada, a teoria da imprevisão autoriza a re-
solução ou a revisão do contrato que sofreu superveniente perturbação no seu equilíbrio
econômico nos termos dos arts. 317 e 478 do CC;
• Quanto à independência, os contratos podem ser autônomos (um contrato não influi no
outro) ou conexos (um contrato influi no outro);
• Os contratos conexos podem ser:
− Subcontrato;
− Acessório;
− Normativo;
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Contratos em Geral – Parte IV
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− Coligado;
− Relacional ou de execução cativa de longa duração;
− Preliminar ou pré-contrato;
• Resolução é a extinção do contrato por justo motivo, como o inadimplemento;
• Resilição é a extinção do contrato por vontade das partes. Pode ser unilateral (vontade
só de uma parte – art. 473, CC) ou bilateral (vontade de ambas as partes).
Contrato quanto ao
risco da prestação
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Contratos em Geral – Parte IV
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• Emptio rei speratae (compra de coisa esperada): a parte assume o risco somente quan-
to à quantidade da coisa, mas não quanto à sua existência, de sorte que só não será
devido o pagamento do preço se a coisa não vier a existir (art. 459, CC);
• Compra de coisa sujeita a risco: a parte assume o risco quanto à subsistência da coisa
submetida a risco (arts. 460 e 461, CC), a exemplo da compra de um cavalo doente.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de
não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o
que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do
avençado venha a existir.
Art. 459. Se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de vi-
rem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua
parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada.
Parágrafo único. Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá
o preço recebido.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assu-
mido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não
existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Art. 461. A alienação aleatória a que se refere o artigo antecedente poderá ser anulada como dolosa
pelo prejudicado, se provar que o outro contratante não ignorava a consumação do risco, a que no
contrato se considerava exposta a coisa.
É evidente que o credor tem dever de boa-fé e de prudência, de modo que, se houver culpa
ou dolo dele na consumação do risco, não haverá dever de pagamento do valor pactuado.
Além do mais, se o devedor já sabia da consumação do risco no momento da celebração
do contrato aleatório, ele estará a enganar a outra parte, o que ensejará a anulabilidade do ne-
gócio jurídico por dolo (arts. 145 e 461, CC).
A compra de ações de sociedades anônimas na Bolsa de Valores não é necessariamente
um contrato aleatório, pois o preço da ação corresponde ao seu valor de mercado: o proveito
econômico buscado pelo investidor é predefinido, ou seja, não depende da álea. A oscilação
posterior do preço da ação é irrelevante para esse efeito. Todavia, é possível que a compra de
ações seja feita como um contrato aleatório, como sucede no caso de compra de opções. Nes-
se caso, o investidor estabelece que fixa um preço que pagará pela ação, mas só a receberá no
futuro, quando, a depender da sorte do consumidor, o valor da ação poderá ser maior ou menor.
O proveito econômico buscado pelo investidor aí depende da álea.
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Contratos em Geral – Parte IV
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4.2. Utilidade
Nos contratos de adesão, como uma das partes não possui poder de influência na redação
do contrato, a legislação e a jurisprudência deferem-lhe alguns direitos destinados a equilibrar
a força negocial entre as partes e evitar abusos de direito (verdadeiros abusos de poder) pela
parte mais forte. O aderente é vulnerável nesse tipo de contrato. Isso justifica a edição de leis
de ordem pública, como o Código de Defesa do Consumidor e a Lei do Inquilinato, para pro-
teger a parte mais vulnerável. Além do mais, mesmo sem haver uma lei específica, é possível
valer-se da vedação ao abuso de direito previsto no Código Civil (art. 187) para tornar nula
cláusulas que imponham deveres exagerados à parte aderente. Há outras regras previstas no
Código Civil para proteção do aderente.
Vamos ver alguns exemplos.
Em primeiro lugar, se o texto de alguma cláusula contratual for ambíguo ou contraditório,
deve prevalecer a interpretação mais favorável ao aderente diante da presunção absoluta de
que este teria tido essa compreensão do contrato e diante da necessidade de punir a parte que
tinha o poder de redigir o conteúdo das cláusulas (art. 423, CC). Trata-se de uma variação do in
dubio pro misero (na dúvida, a favor do mais fraco).
Em segundo lugar, é nula cláusula de contrato de adesão que imponha ao aderente uma
renúncia a direito inerente ao contrato, como a renúncia ao direito de pleitear indenização no
caso de inadimplemento (art. 424, CC).
Em terceiro lugar, em contratos de adesão, ainda que não envolva consumidor, a cláusula
de eleição de foro pode ser considerada nula, por abuso de direito (art. 187 do CC), se a parte
aderente for financeiramente mais frágil (hipossuficiência) e se o foro escolhido para deman-
das judiciais for em local diverso do domicílio dessa parte. O acesso à Justiça pela parte ade-
rente é prejudicado por essa estipulação abusiva. Veja este julgado:
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Outras cláusulas de contrato de adesão podem ser consideradas abusivas no caso concre-
to com fundamento no art. 187 do CC, sem necessidade de invocação do CDC.
Pagamento é no ato da
Execução instantânea
celebração do contrato
Classificação quanto
Pagamento ocorre em momento
ao momento do Execução diferida
FUTURO, em uma única parcela
cumprimento
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Contratos em Geral – Parte IV
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5.2. Utilidades
Fato superveniente,
extraordinário e
Contratos de execução imprevisível
Resolução ou revisão do contrato por
diferida ou continuada
onerosidade excessiva
Desproporcional proveito
econômico para a outra
Juiz NÃO pode aplicar de ofício parte (flexibilizado)
Teoria da imprevisão
Contratos aleatórios
apenas para fatos não
Teoria da
vinculados ao risco
imprevisão
Aplicação aos contratos assumido
unilaterais e gratuitos
Possibilidade de
Contrato de empreitada
suspensão da obra
1
A vida é assim. Mesmo num casamento, as partes prometem amar a outra se rebus sic standibus: se o marido passar a
espancar a esposa, ela poderá vir a pedir divórcio alegando que a sua promessa de permanecer junto até a morte pressu-
punha que o comportamento respeitoso que o marido tinha antes do casamento não iria mudar. Também na física e na
química, as pesquisas levam em conta a preservação das circunstâncias que envolvem os experimentos, do que dá prova
a famosa categoria CNTP (condições normais de temperatura e pressão). Em outros ramos do saber, como na economia,
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Contratos em Geral – Parte IV
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implicitamente está supondo que o valor dessas parcelas não aumentará significativamente
em razão de alguma crise macroeconômica que venha a acometer um país. O Direito é atento
para isso e, por isso, prevê meios autorizadores da revisão ou da resolução do contrato em
situações excepcionais de mudanças fáticas relevantes, a exemplo da teoria da imprevisão
para as relações contratuais em geral e da teoria do rompimento das bases objetivas para as
relações envolvendo consumidor. Trata-se de uma exceção ao velho princípio do pacta sunt
servanda, por flexibilizar uma obrigação assumida pela parte.
Definição
O gabarito é “errado”, pois é preciso atender todos os requisitos do art. 473 do CC, um dos quais
é a imprevisibilidade do evento superveniente, e não a previsibilidade, como sugere a questão.
Errado.
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Contratos em Geral – Parte IV
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Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da
prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de
modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as con-
dições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosi-
dade excessiva.
Por uma interpretação literal dos arts. 317, 478, 479 e 480 do CC, a revisão do contrato tem
de ser pedida por qualquer uma das partes, seja pelo autor, seja pelo réu. Para Farias e Rosen-
vald (2015, p. 566), se é o réu que pretende a revisão contratual no lugar da resolução, haveria
aí uma espécie de pedido de contraposto. Entendemos, porém, que que se trata de uma defesa
parcial: o autor pede a resolução do contrato, mas o réu pede menos, ou seja, apenas a revisão
do contrato. Não consideramos que há um pedido contraposto, pois não se está a pretender a
condenação do autor da ação.
Seja como for, o juiz não pode, de ofício, revisar o contrato, desprezando a vontade de am-
bas as partes. No mínimo, ele, tem de ouvir as partes, como o autor, e obter o consentimento de
qualquer deles para conservar o negócio. Não enxergamos obstáculos a que o juiz, de ofício,
intime as partes para manifestarem-se acerca de conveniência de uma revisão equitativa do
contrato no lugar de sua revisão, de maneira que, com o consentimento de qualquer das partes,
o juiz poderá seguir esse caminho compatível com o princípio da conservação do negócio jurí-
dico. É nesse sentido que se deve ler o enunciado n. 367/JDC: “em observância ao princípio da
conservação do contrato, nas ações que tenham por objeto a resolução do pacto por excessiva
onerosidade, pode o juiz modificá-lo equitativamente, desde que ouvida a parte autora, respei-
tada a sua vontade o observado o contraditório”.
A presença dos requisitos legais, como a imprevisibilidade, deve levar em conta as parti-
cularidades dos contratantes e do contexto da época, como destaca o enunciado n. 438/JDC:
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Contratos em Geral – Parte IV
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Enunciado n. 439/JDC
É possível a revisão ou a resolução por excessiva onerosidade em contratos aleatórios,
desde que o evento superveniente, extraordinário e imprevisível não se relacione com a
álea assumida no contrato.
Enunciado n. 35/JDC
Não haverá revisão ou resolução dos contratos de derivativos por imprevisibilidade e one-
rosidade excessiva.
Ainda que o contrato envolva obrigação apenas para uma das partes (contratos unila-
terais), como se dá no mútuo feneratício – em que o mutuário tem de restituir o dinheiro com
juros remuneratórios –, é aplicável a teoria da imprevisão por força do art. 480 do CC.
Não há obstáculo a que se aplique a teoria da imprevisão para os contratos gratuitos, seja
por falta de restrição legal, seja por inexistir justo motivo para impor ao generoso um regime
jurídico mais severo do estabelecido a uma parte de um contrato oneroso.
Extraordinariedade
O fato causador do desequilíbrio contratual tem de ser extraordinário, ou seja, tem de estar
alheio ao campo de risco assumido pelas partes, como ensina o enunciado n. 366/JDC: “O fato
extraordinário e imprevisível causador da onerosidade excessiva é aquele que não está cober-
to objetivamente pelos riscos próprios da contratação”.
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Imprevisibilidade
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Contratos em Geral – Parte IV
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Os casos acima não se estendem para relações envolvendo consumidor, pois aí não se
aplicaria a teoria da imprevisão, e sim a teoria do rompimento das bases objetivas, para a qual
é irrelevante a imprevisibilidade do evento.
Extrema Vantagem
O art. 478 do CC exige, como requisito, que haja extrema vantagem da outra parte com
a onerosidade excessiva. A doutrina flexibiliza esse requisito, admitindo que a sua demonstração
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Contratos em Geral – Parte IV
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não seja plena, como dá conta o enunciado n. 356/JDC: “A extrema vantagem de que trata o
art. 478 deve ser interpretada como elemento acidental da alteração das circunstâncias, que
comporta a incidência da resolução ou da revisão do negócio por onerosidade excessiva, inde-
pendentemente de sua demonstração plena”.
Em princípio, o mero fato de a outra parte não está sofrendo prejuízos efetivos com o dese-
quilíbrio contratual superveniente já seria uma extrema vantagem. Se, por exemplo, em razão
de uma inusitada crise monetária, o valor da prestação a ser paga por uma parte catapulta-se
para patamares elevadíssimos, pode-se afirmar que o credor está tendo uma extrema vanta-
gem por estar sendo prestigiado com a obtenção da correção monetária integral da prestação.
Por força do art. 6º, V, do CDC, em relação de consumo, não se aplica a teoria da imprevi-
são, e sim a teoria do rompimento das bases objetivas do negócio, segundo a qual, havendo
fato superveniente que torne a prestação manifestamente onerosa, o consumidor poderá pedir
a resolução ou a revisão do contrato. Trata-se de proteção dada ao consumidor apenas, e não
ao fornecedor, que só terá a teoria da imprevisão a favor de si.
Para a teoria do rompimento das bases objetivas, não se exigem que o evento seja extra-
ordinário nem imprevisível. Não se exige tampouco a extrema vantagem para a outra parte.
Bastam dois requisitos: fato superveniente e prestação manifestamente onerosa para o con-
sumidor. O CDC, diante da vulnerabilidade do consumidor, contém uma presunção absoluta de
que qualquer evento futuro já seria extraordinário e imprevisível para consumidor, razão por
que lhe dispensou de comprovar esses requisitos.
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Contratos em Geral – Parte IV
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Os contratos podem ser nominados, quando possuem designação (nomen iuris) atri-
buída em lei, ou inonimados, quando não o possuem. Essa classificação não se gaba de
grande utilidade prática a não ser a de servir como uma mera indicação didática das várias
espécies contratuais.
Não se pode confundir essa classificação, que leva em conta a existência de nome legal
do contrato, com a de tipicidade do contrato, que considera a presença de uma disciplina legal
para a dinâmica do contrato.
Possui
Típicos Tendem a ser NOMINADOS
regulamentação legal
Contratos
quanto à Não possui
Atípicos Tendem a ser INOMINADOS
disciplina legal regulamentação legal
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Contratos em Geral – Parte IV
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esses contratos observem as regras gerais do Código. Com base nesse dispositivo, os contra-
tos mistos teriam de observar as regras gerais do Código e, por analogia, as regras específicas
dos contratos típicos que os compõem. De fato, a doutrina majoritária entende pela aplica-
ção, por analogia, das regras dos contratos típicos aproveitados pelo contrato misto (Coelho,
2010, p. 74).
Um exemplo de contrato misto é o mútuo consensual, que aproveita o contrato típico de
mútuo e acrescenta-lhe a obrigação de o mutuante entregar a coisa fungível por força do con-
trato (o que não ocorre no mútuo típico previsto no CC, o qual é contrato real e, portanto, nasce
com a entrega da coisa, e não com um mero acordo de vontades).
Para Fábio Ulhoa Coelho (2010, pp. 72-74), o contrato de locação em Shopping Center é um
contrato misto, pois aproveita elementos do contrato típico de locação, mas acresce particula-
ridades fruto da vontade das partes, como a sujeição ao tenant mix3, a necessidade de partici-
pação em associação. Concordamos com isso, pois, apesar de o art. 54 da Lei n. 8.245/1991
prever esse contrato e estabelecer que deve prevalecer o pactuado pelas partes, a lei não dá
uma regulamentação mínima do contrato e deixa o seu conteúdo ao sabor das partes. O con-
trato de locação em Shopping Center é nominado (pois o referido dispositivo o batiza), mas não
é típico, por falta de regulamentação legal mínima.
Por fim, cabe fazer uma distinção. Geralmente, os contratos típicos são também nomi-
nados, e os contratos atípicos são inonimados. Há, porém, exceções. O contrato de locação
de garagem, por exemplo, é nominado – porque batizado pelo art. 1º, parágrafo único, da Lei
8.245/91 –, mas não é típico, por não possuir tratamento normativo mínimo na legislação
(Tartuce, 2007, p. 44). Há, porém, juristas que mesclam as classificações, enxergando apenas
duas categorias: os contratos típicos ou nominados, de um lado, e os contratos atípicos ou
inominados, de outro lado.
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Os contratos autônomos são aqueles que não dependem um do outro, razão por que ví-
cios de um não podem influir nos demais. Se os contratos autônomos forem formalizados no
mesmo instrumento, tem-se uma mera “união de contratos”, o que não afasta a autonomia dos
contratos. De fato, em um mesmo instrumento, pode haver vários contratos (ex.: em um mes-
mo papel, podem ser redigidos vários contratos). Isso, por si só, não afasta a autonomia dos
contratos, mas indica apenas uma “união de contratos”, ou seja, uma opção dos contratantes
em “economizar papel”.
Exemplo: João celebra com Maria dois contratos: um de locação de um imóvel e um de venda
de um carro. Não há vínculo entre os contratos, ainda que eles tenham sido escritos no mesmo
papel (formalizados no mesmo instrumento). Se o contrato de locação for anulado, isso não
influenciará o contrato de venda.
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Contratos em Geral – Parte IV
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Contratos
conexos
Guardam entre Existência, validade e eficácia de um contrato pode influir nos dos demais
si relação de
dependência
Contrato acessório A validade depende do contrato principal
Contrato
Fixa regras de futuros e
normativo ou
eventuais contratos derivados
“guarda-chuva”
Contratos conexos são aqueles que guardam, entre si, interligação de dependência, de sor-
te que a existência, a validade e a eficácia de um contrato podem influir nos demais (“efeito
dominó”). Não necessariamente haverá “efeito dominó”, mas isso dependerá da lei, do pacto
ou do juízo de razoabilidade no caso concreto.
Há vários tipos de conexões contratuais, o que é sistematizado nas várias espécies contra-
tos conexos que trataremos mais abaixo, a saber: os contratos conexos, os subcontratos, os
contratos normativos, os coligados, os relacionais e os preliminares.
Contrato acessório é aquele cuja validade depende da do principal. Ex.: fiança é contrato
acessório a um contrato principal (de mútuo ou de locação, por exemplo).
Como os contratos são conexos, a sorte de um pode influenciar no outro. Conforme a se-
gunda parte do art. 184 do CC, se o contrato principal for nulo, também a fiança o será. Todavia,
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se a fiança for nula, isso não gerará nulidade do contrato principal, mas, a depender do caso
concreto, o credor do contrato principal poderá exigir uma nova garantia ou até mesmo reque-
rer o vencimento antecipado da dívida.
8.2.2. Subcontrato
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Contratos em Geral – Parte IV
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002. (CESPE/JUIZ/TRF-5ª/2013) Considere que Pedro tenha celebrado com Arnaldo dois
contratos coligados: um principal, cujo objeto é um lote com uma casa edificada para moradia,
e outro secundário, cujo objeto são dois lotes contíguos àquele, para instalação de futura área
de lazer. Nessa situação, de acordo com a jurisprudência do STJ, a falta de pagamento integral
do preço relativo ao segundo contrato pode levar à resolução do primeiro, em razão da depen-
dência entre os negócios jurídicos, cujos efeitos estão interligados.
O gabarito é “errado”, porque, apesar de se poder falar em contratos coligados no caso acima,
não necessariamente haverá o efeito dominó. O STJ, nesse caso, não o aceitou (STJ, REsp
337.040/AM, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 01/07/2002). Vamos retornar a
esse caso mais à frente.
Errado.
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Contratos em Geral – Parte IV
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demais, repercussão essa que batizamos de “efeito dominó”. É preciso, no entanto, analisar
cada caso concreto para se definir quais influências recíprocas deve haver entre os contratos
coligados. Todas as cláusulas dos contratos conexos devem ser interpretadas conjuntamente
e em compatibilidade com a finalidade negocial no caso concreto, conforme defendido na VIII
Jornada de Direito Civil. Essa análise depende da lei, do contrato ou da razoabilidade.
A existência de vários contratos coligados gera o que a doutrina designa de rede contratu-
al, expressão que é mais utilizada quando os contratos coligados envolvem diferentes sujeitos.
A título de exemplo, se uma operadora telefônica concede um desconto na aquisição de
um aparelho telefônico pelo fato de o cliente ter contratado determinado serviço de telefonia
móvel, deixando de lado a eventual caracterização de prática abusiva de venda casada (o STJ
chegou a manter a TIM ao pagamento de R$ 400.000,00 a título de dano moral coletivo por essa
prática7), o fato é que haverá aí dois contratos coligados: o de compra e venda de um aparelho
telefônico e o de prestação de serviço de telefonia móvel. Nessa hipótese, caso a operadora
telefônica não cumpra seu dever de prestar o serviço de telefonia móvel (por exemplo, o sinal
não funciona), seria razoável assegurar ao cliente reivindicasse não apenas a resolução o con-
trato de prestação de serviço, mas também, se quiser, o de aquisição do aparelho telefônico.
Também é comum haver contratos coligados quando em alguns contratos comerciais. Por
exemplo, uma multinacional de revenda de cerveja (ex.: a Ambev) poderia celebrar com um
pequeno estabelecimento vários contratos coligados, como, por exemplo, o de compra e venda
de cerveja, o de marketing exclusivo da marca da cerveja, o de comodato de cadeiras e mesas
etc. Eventual resolução de um contrato (por exemplo, a multinacional não fornece as cervejas,
descumprindo o contrato de compra e venda) pode acarretar a resolução dos demais.
É comum chegar casos em que há coligação contratual, como, por exemplo, na hipótese
de aquisição de imóveis sob financiamento bancário e com a intermediação de um corretor.
Nesses casos, podem-se enxergar, no mínimo, três contratos coligados:
• o de compra e venda do imóvel, celebrado entre o proprietário do imóvel e o adquirente;
• o de corretagem, firmado entre o proprietário do imóvel e o corretor; e
• o de mútuo oneroso, entabulado entre o adquirente e a instituição financeira.
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Esse entendimento do STJ somente é admitido quando há vínculo negocial entre a instituição
financeira e o vendedor8. Se não houver vínculo negocial entre a instituição financeira e o ven-
dedor, não há o “efeito dominó”9.
É comum haver contratos coligados em contratos com postos de gasolina. Suponha este
caso. A Petrobrás e o Posto do Sol Ltda podem celebrar vários contratos coligados: contrato
de compra e venda de combustível, contrato de locação de imóvel, contrato de arrendamento
de bombas e contrato de exclusividade.
Apesar de haver coligação contratual, não necessariamente haverá o “efeito dominó”, ou
seja, a inexistência, a invalidade ou a ineficácia de um não necessariamente influenciará os de-
mais. O STJ analisou um caso assim. Um indivíduo adquiriu dois terrenos contíguos para, em
um deles, edificar uma casa e, no outro, construir uma área de lazer que serviria ao terreno da
casa. Esses dois contratos de compra e venda são coligados, pois o adquirente certamente só
comprou um terreno em razão do outro. O STJ, porém, não aceitou a aplicar o “efeito dominó”
numa hipótese de ter havido a resolução do contrato de compra de terreno por inadimplência.
O juízo de razoabilidade no caso concreto não convenceu o STJ em autorizar essa repercussão
da resolução de um contrato diante do fato de que a resolução recaiu apenas sobre o contrato
secundário (o da área do lazer) e de que o preço do contrato principal já havia sido totalmente
pago (STJ, REsp 337.040/AM, 4ª Turma, Rel. Ministro Ruy Rosado de Aguiar, DJ 01/07/2002).
Diversos outros casos de contratos coligados já foram enfrentados pela jurisprudência10:
os que foram aqui citados bastam para o nosso estudo.
O norte-americano Ian Macneil é um dos pais da teoria dos contratos relacionais, e, no Bra-
sil, destaca-se a obra de Ronaldo Porto Macedo Junior (2007).
8
Nesse sentido: STJ, REsp 1379839/SP, 3ª Turma, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Min. Paulo de Tarso Sanse-
verino, DJe 15/12/2014; STJ, AgRg no AREsp 688.771/RJ, 3ª Turma, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, DJe 03/02/2016.
9
Nesse sentido: STJ, REsp 1342145/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 17/12/2014.
10
A título ilustrativo, reportamos a estes outros casos de contratos coligados julgados pelo STJ, envolvendo contrato de
locação (AgRg no REsp 1206723/MG, 5ª Turma, Rel. Ministro Jorge Mussi, DJe 11/10/2012), contrato de financiamento
habitacional (EREsp 681.881/SP, Corte Especial, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, DJe 07/11/2011), contrato de cessão de
crédito a Banco por parte de empresa que fora contratada para fabricar e instalar uma cozinha planejada (REsp 1127403/
SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Rel. p/ Acórdão Ministro Marco Buzzi, DJe 15/08/2014), contrato de tra-
balho e de cessão de imagem entre jogador de futebol e clube desportivo (AgRg no CC 69.689/RJ, 2ª Seção, Rel. Ministro
Luis Felipe Salomão, DJe 02/10/2009; CC 34.504/SP, 2ª Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro Ruy
Rosado de Aguiar, DJ 16/06/2003), contrato de financiamento para a aquisição de produtos envolvendo o “Posto Ipiranga”
(REsp 985.531/SP, 3ª Turma, Rel. Ministro Vasco dela Giustina – Desembargador Convocado –, DJe 28/10/2009), contrato
de arrendamento de gado (STJ, REsp 419.362/MS, 4ª Turma, Rel. Ministro Cesar Asfor Rocha, DJ 22/03/2004).
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Contratos relacionais são aqueles que, diante da interconexão entre si, criam uma relação11
duradoura entre as partes, que passam a depender12 dessa relação. Trata-se de contratos su-
cessivos que criam uma relação duradoura entre as partes e que as tornam dependentes do
prosseguimento da interação contratual. Opõe-se aos contratos descontínuos, que, por não se
sucederem de modo ininterrupto, não geram dependência das partes.
São exemplos de contratos relacionais aqueles que decorrentes de renovações (recon-
duções) sucessivas de contratos de plano de saúde, de seguro, de previdência privada, de
cartão de crédito, de conta-corrente, de franquia, de fornecimento de produtos a uma empresa
revendedora etc.
É possível também considerar-se como relacional um único contrato, se, diante da sua du-
ração e da sua dinâmica, as partes acabem tornando-se dependentes da continuidade deles.
É o caso do contrato de abertura de conta-corrente, que, embora possa ser único, arrasta-se
no tempo e torna o correntista “cativo” dessa relação de longa duração. Havendo, porém, um
único contrato, não se pode falar em conexão, pois a conexão pressupõe elo entre dois ou mais
contratos. Quando, porém, surgir um novo contrato em sucessão do anterior, como os contra-
tos com reajustes de preços, poder-se-á reconhecer a conexão entre esses dois contratos, por
se tratarem de contratos relacionais.
A principal relevância prática de identificar os contratos relacionais é que, diante da co-
nexão existente entre eles, devem ser censurados comportamentos abruptos ou abusivos de
qualquer uma das partes. Isso decorre da boa-fé objetiva, que impõe para as partes dever de
evitar comportamentos contraditórios e de respeitar deveres anexos.
Nessa linha, identificando a presença de contrato relacional e apoiando-se na boa-fé ob-
jetiva e no art. 39, IX, do CDC, o STJ veda que o banco, sem uma motivação razoável, encerre
unilateralmente um contrato de conta-corrente de longo tempo, ainda que promova prévia no-
tificação, sob pena de causar dano moral ao correntista (STJ, REsp 1277762/SP, 3ª Turma, Rel.
Ministro Sidnei Beneti, DJe 13/08/2013).
O STJ, igualmente, entende que, em contrato seguro de vida individual, é abusiva a recusa
da seguradora a renovar o contrato ou de condicionar a renovação a um reajuste excessivo
(não suave nem gradual) do preço na hipótese em que o contrato já tenha sido renovado
interrupta e sucessiva por longo período de tempo (cerca de 25 a 30 anos13). Não importa
se há cláusula contratual nesse sentido, pois ela seria nula. O motivo é que essa postura da
seguradora ofende a boa-fé objetiva existente na legítima expectativa do consumidor de que
a tradição negocial entre as partes não seria abruptamente modificada. Esse entendimento
só é válido para seguro de vida individual, e não para o seguro de vida em grupo14. Neste
11
Daí dizer-se “relacional”.
12
Daí dizer-se “cativo de longa duração”.
13
Se o prazo for menor, como o prazo de 10 anos, o STJ admite a recusa da seguradora em renovar o contrato mediante
notificação prévia, pois ainda não haveria legítima expectativa do consumidor.
14
Não enxergamos justo motivo para o tratamento desigual dado pelo STJ entre o seguro de vida individual e o seguro de
vida em grupo.
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Definição
Contrato
Partes contratantes = promitentes Promitente
preliminar
comprador se torna
Promessa de compra Pode ser registrada titular de um direito
e venda de IMÓVEL no cartório de imóveis real de aquisição
Pode reivindicar
o bem de 3º que
eventualmente o
tenha adquirido
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Contratos em Geral – Parte IV
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Entendemos que, por analogia, essas regras de promessa de compra e venda de imóvel
devem estender-se também para a promessa de permuta, pois se devem estender para a per-
muta as regras de compra e venda na forma do art. 533, CC.
Outro exemplo é a promessa de locação comercial. Em um caso em que o locador ainda
precisa conseguir uma licença do Estado para o uso da área pública marginal ao imóvel, ele
poderá celebrar uma promessa de locação com a empresa interessada em locar o bem, deter-
minando que, logo após a obtenção da licença, os promitentes haverão de firmar o contrato
definitivo de locação.
Requisitos
O contrato preliminar tem de ter todos os requisitos essenciais do contrato definitivo, sal-
vo a forma (art. 462, CC). Se o contrato preliminar não contiver esses requisitos, o direito dos
promitentes a um contrato definitivo se torna indeterminável e, portanto, é nulo por indeter-
minabilidade do objeto do contrato (art. 104, II, CC). A forma, porém, não precisa observar
a do contrato definitivo, pois uma das relevâncias práticas do contrato preliminar é também
viabilizar a celebração de negócios quando as partes não possuem condições de adotarem a
forma do contrato definitivo. Assim, por exemplo, se alguém pretende adquirir um imóvel caro
no domingo, isso não é viável em razão de os cartórios de notas provavelmente estarem fe-
chados, de modo que não há como celebrar uma escritura pública de compra e venda (a forma
pública é obrigatória para esse contrato definitivo). As partes poderão, nesse caso, celebrar
uma promessa de compra e venda por instrumento particular (ex.: em um papel A4 escrito a
mão) para, posteriormente, quando o cartório estiver aberto, lavrar a escritura pública com o
contrato definitivo.
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Adjudicação Compulsória
Celebrado a promessa de compra e venda, qualquer das partes pode exigir da outra a ce-
lebração do contrato definitivo após notificar a outra concedendo-lhe um prazo, desde que já
tenha advindo o termo ou implementada a condição do contrato. Por exemplo, na promessa
de compra e venda a preço parcelado, o promitente comprador pode exigir a escritura pública
após pagar o preço integralmente (condição).
Se a outra parte se recusar a celebrar o contrato definitivo, o interessado poderá escolher
uma destas opções: (1) resolver o contrato, pleiteando indenização por perdas e danos, ou
(2) requerer judicialmente sentença que substituirá esse contrato definitivo por meio da ação
de adjudicação compulsória (arts. 463 ao 465, CC)17. Essa sentença, por exemplo, substitui
o contrato definitivo de compra e venda no caso de ter sido descumprida uma promessa de
compra e venda e, portanto, pode ser registrada no Cartório de Imóveis. Aliás, outros contratos
preliminares devem ser levados a registro público para obter eficácia erga omnes, se o contrato
definitivo for sujeito a algum registro público (art. 463, parágrafo único, CC).
Se, porém, houver cláusula autorizando o direito de arrependimento, não é cabível a ação
de adjudicação compulsória nem indenização por perdas e danos, desde que a parte exerça o
direito de arrependimento (art. 463, CC).
Promessa de Doação
17
Trata-se de ação por meio da qual o interessado pede para o juiz dar-lhe o objeto (adjudicar), independentemente da von-
tade da outra parte (compulsoriamente).
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Contratos em Geral – Parte IV
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Nem todos os contratos admitem uma versão preliminar. A doação pura, por exemplo, em
regra, não admite um contrato preliminar, pois, como é da sua natureza a liberalidade, é ab-
solutamente contraditório que a parte exija uma adjudicação compulsória substituindo uma
doação. A compulsoriedade é incompatível com um elemento essencial da doação, a esponta-
neidade. Entendemos que a promessa de doação pura existe, é válida, mas será ineficaz: não
produz efeitos contra a parte doadora, que não pode ser constrangida a doar. Trata-se de uma
obrigação inexigível, razão por que, por exemplo, se se tratar de uma promessa de doação de
imóvel, ela sequer pode ser registrada na matrícula do imóvel18. Ademais, eventual ação de
adjudicação compulsória deveria ser extinta por impossibilidade jurídica do pedido (STJ, REsp
730.626/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Jorge Scartezzini, DJ 04/12/2006). Ressalvamos, porém,
que há corrente contrária a sustentar que a promessa de doação sequer ultrapassa o plano
da existência: ela inexistiria no mundo jurídico. Preferimos, porém, entender que ela apenas é
ineficaz quanto à sua exigibilidade: o doador cumpre a promessa se quiser.
Todavia, se a doação for uma condição de um negócio jurídico bilateral, ela não é uma
pura liberalidade e, por isso, comporta um contrato preliminar. É o caso das promessas de
doação feitas como condição de acordo em partilha de divórcio. Assim, por exemplo, se o ex-
-marido promete doar um imóvel valioso para o filho do casal ou para a ex-esposa como uma
forma de chegar a um acordo na partilha de bens do divórcio e ele, posteriormente, se recusa
a formalizar o contrato definitivo de doação (e aí seria preciso escritura pública por envolver
imóvel de valor superior a 30 salários mínimos, conforme art. 108, CC), o filho do casal, como
terceiro beneficiário (é uma estipulação em favor de terceiro), ou, se for o caso, a ex-esposa
poderá valer-se da ação de adjudicação compulsória (STJ, REsp 742.048/RS, 3ª Turma, Rel.
Ministro Sidnei Beneti, DJe 24/04/2009; EREsp 125.859/RJ, 2ª Seção, Rel. Ministro Ruy Rosa-
do de Aguiar, DJ 24/03/2003).
Igualmente, se se tratar de uma doação com encargo, é cabível a exigibilidade da promessa
de doação até o valor do encargo, pois aí não há pura liberalidade (art. 540, CC).
18
Em São Paulo, o Conselho Superior da Magistratura nega o acesso da promessa de compra e venda à matrícula do imóvel
por entender que se trata de direito obrigacional, e não real, sem previsão no rol taxativo do art. 167, § 1º, da Lei n. 6.015/73
(CSMSP, Apelação n. 994.09.231.635-5/50000, DJ 17/01/2011, Disponível em: http://www.kollemata.com.br/). Considera-
mos, porém, que esse motivo não é o adequado, pois, se o contrato principal é registrável (como a permuta), o contrato preli-
minar também o será, ainda que não haja previsão expressa no art. 167, § 1º, da Lei n. 6.015/73 do contrato preliminar. Afinal
de contas, o contrato preliminar dá um direito real de aquisição ao objeto do contrato definitivo e deve ser registrado no órgão
competente por força do art. 463, parágrafo único, CC. Não se trata de averbação, e sim de registro. Todavia, no caso da mera
promessa de doação, ela não é registrável, porque é ineficaz (é inexigível). Fatos jurídicos inexigíveis não podem manchar
a matrícula; isso seria uma espécie de exigibilidade, o que é censurável. Entendemos, porém, pelo cabimento do registro da
promessa de doação onerosa ou da doação como condição de negócio jurídico bilateral, pois aí o negócio precoce é exigível.
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Formas de
1) Causas preexistentes
extinção dos Invalidade (nulidade ou anulabilidade)
à formação do contrato
contratos
Inadimplemento absoluto
Rescisão Evicção
Por vontade
Resilição das partes
Perecimento
superveniente do objeto
Pode ser bilateral
Morte (contratos (“distrato”) ou Alteração do suporte
personalíssimos) unilateral fático do contrato
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único, e 475 do CC; (2) as cláusulas resolutivas21, assim entendidos a ocorrência do termo
ou da condição resolutivos expressamente pactuados ou o descumprimento de um encargo
pactuado; (3) a onerosidade excessiva na forma do art. 478 do CC ou o rompimento das bases
objetivas nos termos do art. 6º, V, do CDC; (4) evicção; (5) vício redibitório; (6) perecimento
superveniente do objeto22; (7) alteração do suporte fático do contrato23. Esses fenômenos ope-
ram-se no plano da eficácia do negócio jurídico. O termo “resolução” é sinônimo de “denúncia
cheia”, expressão utilizada especialmente no âmbito dos contratos de locação de imóvel ur-
bano para autorizar o desfazimento do contrato por um dos justos motivos previstos na Lei de
Locação (Lei n. 8.245/91).
Resilição24 é a extinção do contrato por vontade das partes e pode ser unilateral (vontade
de apenas uma das partes) ou bilateral (vontade de ambas as partes). A resilição bilateral
também é batizada de distrato. Já a resilição unilateral é sinônima de revogação (arts. 682, I,
e 856, CC)25, renúncia (art. 682, I, CC), exoneração (art. 835, CC), denúncia, “denúncia vazia”26.
Apesar de haver doutrinadores a enquadrar o direito de arrependimento como uma causa
anterior, consideramo-lo uma espécie de resilição unilateral, pois decorre da vontade de ape-
nas uma das partes. O direito de arrependimento é, na verdade, um direito de resilir unilateral-
mente o contrato. É uma causa superveniente, portanto.
O inadimplemento pode ser absoluto, quando a prestação se torna inútil, ou relativo, quan-
do a prestação tardia ainda é útil. O credor tem direito de escolher se o inadimplemento é
absoluto ou relativo, salvo lei ou abuso de direito. E, ao optar pela inutilidade da prestação ina-
dimplida, ele poderá pleitear a resolução do contrato por culpa do devedor (arts. 395, parágrafo
21
Há quem situe as cláusulas resolutivas como “causas preexistentes”, embora reconheça o inadimplemento absoluto como
causa posterior. Parece-nos contraditória essa posição, pois o inadimplemento absoluto é uma condição resolutiva tácita
que surge com o contrato (art. 475, CC). Ademais, a cláusula resolutiva só extingue o contrato se, após o contrato, sobrevier
o fato resolutivo, razão por que preferimos enquadrá-la como causa superveniente.
22
Exemplos de emprego da expressão “resolução” para perda de objeto: arts. 235, 238, 248 e 567 do CC.
23
Ex.: segurador pode resolver contrato diante do superveniente agravamento do risco (art. 769, § 1º, CC).
24
O texto legal, por vezes, equivoca-se ao valer-se do termo “resolução” para casos de resilição unilateral (v.g. arts. 599, 720, CC)
25
De modo atécnico, a legislação vale-se do termo “revogação” para os casos de resolução de uma doação pelo descumpri-
mento de encargo ou por ingratidão (art. 555, CC).
26
Em locação predial urbana, é mais usual o emprego da expressão “denúncia vazia” para designar o desfazimento do con-
trato pela vontade imotivada de apenas uma das partes. Trata-se de uma resilição unilateral.
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único, e 475, CC). Em todo contrato bilateral, a resolução do contrato por inadimplemento é
uma condição resolutiva tácita ou, se estiver assim pactuado expressamente, como condição
resolutiva expressa.
Notificação Judicial
Extinção do contrato por
interesse de uma das partes Notificação Extrajudicial
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Conforme o art. 473 do CC, a resilição unilateral é permitida sempre que houver autorização
expressa ou implícita da lei. Não há necessidade de lei expressa. Daí decorre que, em razão
do princípio da autonomia da vontade, a parte que ainda está com uma obrigação pendente
de cumprimento pode resilir o contrato, salvo lei ou abuso de direito. Trata-se de uma forma
honrada de sair do contrato: no lugar de incorrer em inadimplência, a parte antecipa-se a resilir
o contrato e a suportar todas as punições daí decorrentes (como as multas compensatórias e
os deveres de indenizar). De qualquer forma, a lei e a vedação ao abuso de direito impedirão a
resilição unilateral em vários casos, como nestes casos:
• A parte não pode resilir unilateralmente o contrato enquanto a outra não tiver fruído
de um prazo razoável de duração do contrato na hipótese de ter feito investimentos
consideráveis (art. 473, parágrafo único, CC). Ex.: dono de um terreno não pode resilir
um contrato de locação de um terreno por prazo indeterminado, se o inquilino tivesse
construído um posto de gasolina (valor considerável) e ainda não tivesse explorado eco-
nomicamente o bem por um prazo razoável para obter retorno financeiro;
• a parte que já tiver cumprido todas as suas obrigações não pode resilir unilateralmente,
pois sua participação contratual já se esgotou;
• o promitente vendedor de um imóvel não pode resilir o ajuste, pois isso lhe permitiria
astutamente aproveitar-se de eventual valorização superveniente do imóvel, além de ser
incompatível com o direito do promitente comprador à adjudicação compulsória (STJ,
REsp 212.937/SP, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 15/12/2008);
• o incorporador não pode desistir da incorporação imobiliária após o prazo de carência e
de ter alienado qualquer das unidades autônomas futuras a terceiros, salvo se ele read-
quirir todas as unidades (art. 34, Lei n. 4.591/64);
• o fiador não pode resilir unilateralmente a fiança por prazo determinado (art. 835, CC);
• o mandante não pode resilir o mandato outorgado com cláusula “em causa própria” ou
como condição de negócio jurídico bilateral (art. 684 e 685, CC).
• o locador não pode resilir unilateralmente o contrato de locação de imóvel residencial
firmado por prazo inferior a 30 meses ou por meio verbal antes do transcurso do prazo
de 5 anos de contrato (art. 47, CC).
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Se não houver
Dever de observar a mesma forma exigida, pode
Resilição FORMA do contrato desfeito ser feito de forma
Contrato destinado
bilateral LIVRE
à desfazer o anterior
ou distrato As cláusulas podem ser
livremente pactuadas
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Segundo o texto do art. 474 do CC, as cláusulas resolutivas tácitas se operam com a inter-
pelação judicial. Não pode ser extrajudicial. Interpelação judicial é qualquer notificação feita
sob o comando de um juiz, a exemplo da interpelação judicial como procedimento de jurisdi-
ção voluntária (art. 726, CPC) ou da citação (art. 240, CPC).
Apesar disso, há necessidade de o fato resolutivo ser atestado por agente com fé pública
ou pela lei, à semelhança do que sucede com a condição resolutiva expressa27. Por isso, ine-
xistindo certificação do fato por lei ou por outro agente com fé público, é necessário haver de-
cisão judicial nesse sentido A sentença judicial terá natureza declaratória e eficácia retroativa
à data da interpelação judicial.
27
Não há motivos para o regime jurídico da cláusula resolutiva expressa ser mais rigoroso do da cláusula resolutiva tácita.
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Contratos em Geral – Parte IV
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QUESTÕES DE CONCURSO
006. (CESPE/ANALISTA/TJ-PA/2020/ADAPTADA) José e Rafael realizaram um negócio ju-
rídico em que ficou estipulado que: José entregaria determinado bem móvel para Rafael, que
ficaria autorizado a vender o bem, pagando a José, em contrapartida, o valor de quinhentos
reais; e Rafael poderia optar por devolver o bem, no prazo de vinte dias, para José.
De acordo com o Código Civil, nessa situação hipotética foi firmado um contrato classi-
ficado como
a) atípico.
b) solene.
c) unilateral.
d) consensual.
e) comutativo.
Quanto ao risco da prestação, o contrato oneroso (apenas o oneroso) pode ser classificado
como comutativo (proveito econômico buscado pelas partes é pré-estimado) ou aleatório (pro-
veito econômico depende da sorte). No caso da questão, há um contrato oneroso comutativo,
pois o proveito econômico buscado (R$ 500,00) é pré-estimado. O gabarito, pois, é letra “E”.
Letra e.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua
execução, os princípios de probidade e boa-fé
Errado.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Errado.
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Contratos em Geral – Parte IV
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Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Errado.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Errado.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Certo.
Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Art. 424. Nos contratos de adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a renúncia antecipada do
aderente a direito resultante da natureza do negócio.
Errado.
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Art. 423. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á
adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Errado.
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Certo.
Art. 460. Se for aleatório o contrato, por se referir a coisas existentes, mas expostas a risco, assu-
mido pelo adquirente, terá igualmente direito o alienante a todo o preço, posto que a coisa já não
existisse, em parte, ou de todo, no dia do contrato.
Certo.
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Trata-se de um exemplo de contrato aleatóro na modalidade emptio spei, tudo nos termos do
art. 458 do CC:
Art. 458. Se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não
virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe
foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado
venha a existir.
Letra e.
Art. 463. Concluído o contrato preliminar, com observância do disposto no artigo antecedente, e
desde que dele não conste cláusula de arrependimento, qualquer das partes terá o direito de exigir
a celebração do definitivo, assinando prazo à outra para que o efetive.
Parágrafo único. O contrato preliminar deverá ser levado ao registro competente.
Errado.
É o art. 463 do CC, que dispensa o contrato preliminar de observar a forma exigida para o contrato
definitivo:
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.
Certo.
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Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.
Certo.
Art. 462. O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve conter todos os requisitos essenciais
ao contrato a ser celebrado.
Errado.
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Certo.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
Certo.
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas
neste Código.
Errado.
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Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste
Código.
Errado.
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se
tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sen-
tença que a decretar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar equitativamente as con-
dições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.
Errado.
Art. 480. Se no contrato as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá ela pleitear
que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de executá-la, a fim de evitar a onerosidade
excessiva.
Errado.
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Contratos em Geral – Parte IV
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resolveram por fim à relação contratual. Nessa situação hipotética, considerando o que dispõe
a doutrina majoritária sobre a matéria, caracterizou-se a
a) resolução bilateral do contrato.
b) revogação do contrato.
c) anulação do contrato.
d) inexistência contratual.
e) resilição bilateral do contrato.
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Letra e.
Resilição é o desfazimento do contrato por pura vontade das partes: se for só de uma par-
te, tem-se uma resilição unilateral (art. 473, CC); se for de ambas, trata-se de resilição bilate-
ral, também chamada de distrato (art. 472, CC). O gabarito é “C”, portanto. Veja os referidos
dispositivos:
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido
prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Letra c.
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Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido
prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Letra d.
Só quando a lei, ainda que implicitamente, autorize. Veja o art. 473 do CC:
Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera
mediante denúncia notificada à outra parte.
Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos
consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido
prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.
Errado.
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Contratos em Geral – Parte IV
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como, por exemplo, entre outros, a resilição, a resolução, a rescisão, a morte do contratante,
caso fortuito ou força maior, julgue o item seguinte, a respeito da extinção dos contratos.
A nulidade, a anulabilidade e a redibição são causas anteriores ou contemporâneas à forma-
ção do contrato e que podem acarretar a sua extinção anormal.
Questão trata da resolução, que é o desfazimento do contrato por inadimplência de uma parte.
Errado.
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir
exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Certo.
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Errado.
7. Embora não haja regra legal que estabeleça prazo para o seu exercício, o direito à reso-
lução do contrato não é absolutamente ilimitado no tempo, na medida em que o contrato,
enquanto fonte de obrigações que vincula as partes, é instrumento de caráter transitório,
pois nasce com a finalidade de se extinguir, preferencialmente com o adimplemento das
prestações que encerra.”
(STJ, REsp 1728372/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
19/03/2019, DJe 22/03/2019)
Errado.
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sentença de procedência, cabia-lhe apenas executar o título judicial para resolver a crise
de inadimplemento. Ao deixar transcorrer o prazo prescricional da pretensão executória
voltada ao adimplemento do contrato e, depois, propor esta ação resolutória, o recorrido
demonstra um comportamento contraditório, justificado, na hipótese, pela nítida tenta-
tiva de se esquivar dos efeitos de sua inércia e, assim, se beneficiar da própria torpeza, o
que configura o exercício abusivo de sua posição jurídica em relação ao recorrente.
(STJ, REsp 1728372/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
19/03/2019, DJe 22/03/2019)
Certo.
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Contratos em Geral – Parte IV
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GABARITO
6. e 17. E 28. c
7. E 18. C 29. C
8. E 19. C 30. d
9. E 20. E 31. E
10. E 21. C 32. C
11. C 22. C 33. E
12. E 23. E 34. C
13. E 24. E 35. E
14. C 25. E 36. E
15. C 26. E 37. C
16. e 27. e
Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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