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Sucessões – Parte I
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
Sumário
Carlos Elias
Apresentação. . .................................................................................................................................. 4
Sucessões – Parte I......................................................................................................................... 7
1. Definição de Sucessão causa mortis....................................................................................... 7
2. Abertura da Sucessão, Delação e Adição............................................................................... 8
3. Princípio da Saisine e o Princípio da Indivisibilidade da Herança..................................... 8
3.1. Regra Geral e Nomenclaturas (Espólio, Herança, Monte-Mor e Acervo). . .................... 8
3.2. Situação do Legado e dos Frutos........................................................................................ 10
3.3. Questão Especial.....................................................................................................................12
4. Aceitação e Renúncia da Herança...........................................................................................12
4.1. Noções Gerais...........................................................................................................................12
4.2. Forma de Aceitação................................................................................................................13
5. Cessão de Direito Hereditário (Renúncia Translativa). . ......................................................16
5.1. Noções Gerais...........................................................................................................................16
5.2. Cessão de Meação: Escritura Pública?............................................................................... 17
6. Benefício de Inventário............................................................................................................ 18
7. Vocação Hereditária.................................................................................................................. 18
7.1. Nomenclaturas: Incapacidade Sucessória, Incapacidade Testamentária Passiva,
Legitimação ou Vocação Hereditária?....................................................................................... 18
7.2. Regra Geral. . ..............................................................................................................................19
7.3. Exceção......................................................................................................................................19
8. Exclusão da Sucessão.............................................................................................................. 20
8.1. Definição................................................................................................................................... 20
8.2. Indignidade (para Sucessão Legítima ou Testamentária)..............................................21
8.3. Deserdação (só para Sucessão Legítima)......................................................................... 23
8.4. Classificação quanto à Fonte (Sucessão Legítima, Testamentária ou Irregular).... 24
8.5. Vedação à Sucessão Contratual (ao Pacto de Corvina). . ................................................ 25
9. Meação, Herança e Legado.. .................................................................................................... 26
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DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
Carlos Elias
9.1. Distinção................................................................................................................................... 26
9.2. Cálculo do Acervo Hereditário (Monte-Mor).................................................................... 27
10. Classificação quanto aos Efeitos (Sucessão a Título Singular e a Título
Universal): Herdeiro vs Legatário. . ............................................................................................. 28
11. Espécies de Herdeiro............................................................................................................... 29
12. Legítima...................................................................................................................................... 29
12.1. Definição.. ................................................................................................................................ 29
12.2. Exceções à Intangibilidade da Legítima. . ......................................................................... 30
13. Colação....................................................................................................................................... 32
14. Sucessão Legítima................................................................................................................... 33
14.1. Direito Real de Habitação ao Viúvo................................................................................... 33
14.2. Sucessão Causa Mortis na União Estável....................................................................... 34
14.3. Formas de Recebimento na Sucessão Legítima.. ........................................................... 34
Questões de Concurso..................................................................................................................42
Gabarito............................................................................................................................................ 63
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
Apresentação
Olá, queridos amigos e queridas amigas!!
Escute, desde logo: o ideal é você ler a teoria deste PDF e os comentários dos exercícios
que estão ao final. Separei tudo de forma milimetricamente calculada para você estar prepara-
do para enfrentar as provas.
Mais uma recomendação: faça você mesmo o seu resumo ou seu próprio mapa mental.
Não basta você ler o PDF; é fundamental você escrever o que você está aprendendo, pois isso
é que faz você fixar a matéria. Escrever o que você estuda te ajudará também a treinar para
as provas discursivas. Você é que precisa sistematizar o conhecimento. Não recomendo que
você busque resumos ou mapas mentais feitos por outras pessoas, a não ser que, posterior-
mente, você elabore o seu próprio resumo ou mapa mental. Eu, pessoalmente, prefiro fazer um
resumo a fazer um mapa mental. Eu fixo mais assim. Fique, porém, à vontade para adotar a
metodologia de sua preferência.
Vamos em frente!
Resumo
Amigos e amigas, quem tem pressa deve ler, ao menos, este resumo e, depois, ir para os
exercícios. É fundamental você ver os exercícios e ler os comentários, pois, além de eu apro-
fundar o conteúdo e tratar de algumas questões adicionais, você adquirirá familiaridade com
as questões. De nada adianta um jogador de futebol ter lido muitos livros se não tiver familia-
ridade com a bola.
Seja como for, o ideal é você ler o restante da teoria, e não só o resumo, para, depois, ir
às questões.
O resumo desta aula é este:
• Meação é a parte devida ao cônjuge sobre os bens comuns, os quais decorrem do regi-
me de bens do casamento. É regido de direito de família;
• Herança (em sentido amplo) é o quinhão devido ao herdeiro por força de uma sucessão
causa mortis. É regido por direito sucessório;
• Ao se deparar com um problema, é fundamental, antes de tudo, separar a meação do
viúvo para, só depois, discutir a partilha dos bens do falecido na sucessão causa mortis;
• Por ficção jurídica, a herança se transmite no momento da morte (Princípio da Saisine)
– art. 1.784 do CC;
• Até a partilha, a herança (em sentido amplo = todos os ativos e passivos do falecido)
considera-se uma bem indivisível – art. 1.791 do CC;
• Sucessão legítima ou ab intestato é a que decorre da lei e aplica-se aos bens em relação
aos quais inexista testamento (válido e eficaz), conforme art. 1.788 do CC. O CC trata do
tema nos arts. 1.829 e ss, além das normas gerais dos arts. 1.784 a 1.828;
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Sucessões – Parte I
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
SUCESSÕES – PARTE I
1. Definição de Sucessão causa mortis
Direito das sucessões “é o complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transfe-
rência do patrimônio de alguém, que deixa de existir” (Clóvis Bevilaqua).
“Direito das sucessões, ou hereditário, é o complexo dos princípios, segundo os quais se re-
aliza a transmissão do patrimônio de alguém, que deixa de existir. Essa transmissão constitui a
sucessão; o patrimônio transmitido é a herança; quem recebe a herança é herdeiro ou legatário”
(Maria Helena Diniz).
Com a morte de uma pessoa, as suas relações jurídicas continuam com todos os seus ele-
mentos inalterados (título, preço, objeto, etc.), salvo um: o sujeito, que passa a ser o sucessor.
A disciplina das sucessões causa mortis está nos arts. 1.784 e ss do CC.
O fenômeno de alguém substituir (suceder) outrem em uma situação ou relação jurídicas
pode dar-se:
• Por ato inter vivos: é o caso das hipóteses de transmissão das obrigações (cessão de
crédito, assunção de dívida, cessão de contrato - arts. 286 e ss, CC), a sub-rogação pes-
soal (art. 346, CC) e transmissão de direitos reais e cessões de direitos;
• Por ato causa mortis: é o objeto do Direito das Sucessões.
Convém lembrar que uma “coisa” pode suceder outra por meio do fenômeno que conhe-
cemos como sub-rogação real. Nesse caso, as características jurídicas que pesavam sobre a
coisa sucedida passam para a nova. É o caso, por exemplo, de o juiz autorizar a troca de uma
casa gravada com cláusula de inalienabilidade por outra nos termos do parágrafo único do art.
1.911 do CC: a cláusula restritiva da propriedade passará a gravar a nova casa, fenômeno que
conhecemos como sub-rogação real.
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
Ocorre no mesmo
Delação ou devolução Consiste na oferta da
momento da abertura
hereditária herança ao sucessor
da sucessão
Adição ocorre no
momento da
aceitação da herança
Momento em que o
herdeiro
Adição ou aquisição Ocorre no mesmo
efetivamente adquire 2 correntes
da herança momento da abertura
a titularidade da
herança da sucessão, embora
fique sujeita a espécie
de condição
resolutiva (renúncia
ou aceitação)
Princípio da
saisine Cada herdeiro é
Herança = todo o Por essa razão,
titular de uma fração
patrimônio do de cujus aplicam-se as regras
ideal dessa
= universalidade de do CONDOMÍNIO
universalidade de
direito = bem indivisível TRADICIONAL
direito
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
1
O princípio da saisine foi importado do direito francês. Como destaca o membro da Academia Brasileira de Letras Jurídicas
Dulcydides de Toldedo Piza, a palavra saisine. - que tem origem no verbo francês “saisir” e que é uma palavra de origem
germânica - significa tomar a posse ou empossar e remonta ao século XII, à época do direito feudal francês. Nesse direito
medieval, o verbete exprimia a ficção jurídica de que, com a morte, imediatamente os herdeiros se empossavam (no sen-
tido de tornarem-se donos e possuidores) dos bens do falecido, tudo conforme esta máxima recorrente no direito francês
medieval: “le mort saisit le vif, son hoir le plus proche et habile à lui suceder”, que, conforme traduz o retrocitado professor, “o
morto investe na posse de seus bens o seu herdeiro mais próximo” (Piza, 1985, p. 47). Esse brocardo é “encontrada no art.
318 da “Coutume de Paris”, segundo testemunho de Ambroise Colin e Henri Capitant (cf. Cours Élémentaire de Droit Civil
Français, tome troisième, dixième Édition, p. 525/526 - Libraire Dalloz - 1950 - Paris) (...)” (Piza, 1985, p. 48). No direito inglês,
grafa-se como “seisin” ou “seizin” (Piza, p. 49). É igualmente aceitável utilizar o verbete “saisina” (Piza, 1985, p. 52).
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
A propriedade é
transmitida ao
legatário no
momento da morte,
mas isso NÃO
Legado de coisa certa EQUIVALE ao
sem condição princípio da saisine
suspensiva
Princípio da NÃO se aplica ao A posse permanece
saisine legado com o espólio, mas
legatário terá direito
aos frutos produzidos
pela coisa
Só adquire a
Legado de coisa certa proporiedade com o
com condição implemento da
suspensiva condição, e não com a
morte do testador
Adquire a
propriedade com a
morte do testador,
Legado de coisa certa
mas só poderá
sob termo suspensivo
exercer seu direito
com o implemento do
termo
Não se aplica o princípio da saisine para o legado (coisa individualizada deixada pelo de
cujus). Não há essa ficção jurídica para a coisa legada. Com a abertura da sucessão (morte do
de cujus), o legatário recebe apenas o direito de pedir aos herdeiros legítimos ou testamentá-
rios a coisa legada com os seus frutos (se for coisa certa). De fato, em regra geral, a posse e
a propriedade do legado só serão transferidas aos legatários após ser verificada a solvência
do espólio (Antonini, 2012, p. 2274) e após cessado qualquer litígio ou condição ou termo sus-
pensivos (art. 1.924 do CC).
Daí decorre consequências práticas, como lembra Orosimbo Nonato (1957-C, p. 15) citan-
do Clóvis Beviláqua. Como a ficção jurídica da transmissão imediata da herança (princípio da
saisine) só se aplica aos herdeiros legítimos ou testamentários, estes automaticamente assu-
mem a propriedade e a posse dos bens do falecido sem necessidade de pedir ao juiz a imissão
na posse, de modo que: (1) podem valer-se de interditos possessórios contra terceiros; (2)
sucedem processualmente o falecido nas ações possessórias então em curso; e (3) garantem,
no caso de sua morte, a transmissão imediata aos seus herdeiros de todos os direitos adquiri-
dos por força da aludida presunção legal.
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Sucessões – Parte I
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Apesar de, por força do princípio da saisine, a propriedade e a posse da herança se trans-
mitir aos herdeiros no momento da morte, o art. 1.804 do CC deixa essa transmissão sob uma
espécie de condição resolutiva: a não aceitação da herança3.
Se o herdeiro não aceitar a herança, presume-se que a transmissão não ocorreu (art. 1.804,
parágrafo, do CC).
3
Pontes de Miranda recorda que, como forma de explicar a ficção do princípio da saisine, “os intérpretes (e.g., E. AÇOLLAS,
Manuel de Droit Civil, II, 192 s.) levantaram a questão da suspensividade ou resolutividade da aceitação: isto é, ou o herdeiro
recebe com a condição suspensividade de aceitar, ou com a condição resolutiva de renunciar” (Miranda, 1984-LVI, p. 9).
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
Se, porém, ele aceitar, a transmissão, que ocorreu com a abertura da sucessão, se torna
definitiva, ou seja, se consolida (art. 1.804, caput, do CC).
O motivo é que ninguém deve ser forçado a participar de uma sucessão causa mortis, ainda
mais considerando que essa participação pode trazer ônus para o sucedido, como o de gastos
com advogados e os incômodos em geral causados pela busca do seu direito. Além disso,
pode haver algum motivo moral por meio do qual um herdeiro queira repudiar a herança.
Ajuizamento da
ação de inventário
Forma de
aceitação
Formulação de
Dá-se com a pedido de
prática de atos habilitação no
próprios da Exemplos inventário
qualidade de
Tácita herdeiro
A aceitação expressa é aquela que se dá por escrito: não pode ser verbal. A lei não faz es-
pecífica o tipo de forma escrita: pode ser uma declaração em instrumento particular, em escri-
tura pública ou em uma petição subscrita pelo advogado com poderes de mandato específico
para renunciar direitos.
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Sucessões – Parte I
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
hereditário aos meus irmãos sem qualquer encargo, termo ou condição”. Se meus irmãos não
aceitarem a herança nem o quinhão que eu lhes cedi, os meus sobrinhos não poderão reivindi-
car o quinhão que eu cedi aos meus irmãos, dado o caráter personalíssimo da minha manifes-
tação de vontade. Por isso, no exemplo em pauta, eu aceitei a herança e cedi o meu quinhão
a outrem: houve, pois, o efeito prático de uma renúncia translativa, e não de uma renúncia
abdicativa.
Ainda no exemplo acima, suponha que eu tenha manifestado esta vontade: “cedo gratui-
tamente meu quinhão hereditário aos demais herdeiros” ou – o que seria o mesmo – “cedo
minha herança ao monte-mor”. Por força do § 2º do art. 1.805 do CC, aí se terá o mesmo efeito
de uma renúncia abdicativa: meu quinhão irá para os herdeiros na forma das regras sucessão
legítima. O mais técnico, porém, seria que eu ter manifestado uma renúncia da herança, e não
uma cessão gratuita: o § 2º do art. 1.805 do CC tolerou essa atecnia.
Questões Especiais
Renúncia Prescinde de
abdicativa outorga conjugal
Necessidade de
outorga conjugal
para renúncia Atrai a
Cessão de direito
necessidade de
Renúncia e hereditário
Questões vênia conjugal
aceitação da
especiais
herança
Poderes do advogado para É possível se a procuração com
apresentar renúncia de poderes especiais for feita por
herança nos autos escritura pública (STJ)
O direito à sucessão aberta (= direito à herança) é um bem imóvel por determinação legal
(art. 80, II, CC). Daí se indaga: a renúncia abdicativa à herança e a cessão do direito heredi-
tário (renúncia translativa) depende ou não da vênia conjugal com fulcro no inciso I do art.
1.647 do CC?
Entendemos que, no caso de renúncia abdicativa, não se deve aplicar o inciso I do art.
1.647 do CC, porque o consorte está apenas se recusando a confirmar a transmissão hereditá-
ria ocorrida presumidamente com a morte do de cujus. Ele não está transferindo o seu direito
hereditário a ninguém.
Já no caso de cessão de direito hereditário (cessão de direito hereditário), há transmissão
de um bem imóvel por determinação legal a atrair a necessidade de vênia conjugal.
O tema, porém, é controverso.
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Sucessões – Parte I
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A renúncia (abdicativa) é solene: tem de ser feita por escritura pública ou por termo judicial
(art. 1.806, CC).
Termo judicial é a própria parte assinar em juízo o termo de renúncia à herança.
Daí se indaga: o advogado, munido de procuração com poderes específicos, poderia repre-
sentar o herdeiro nesse ato de renúncia por termo judicial
STJ admite que sim, desde que a procuração dada ao advogado tenha a assumido a mes-
ma forma exigida pelo art. 1.806 do CC em razão do princípio do paralelismo das formas, tam-
bém chamado de princípio da atração das formas, aplicada ao mandato (art. 657, CC). Logo, se
a procuração dada pelo advogado foi por instrumento particular (o que é a praxe), a renúncia
à herança apresentada pelo advogado não será válida nem deverá ser acolhida, pois a forma
adotada pela procuração não foi escritura pública nem - o que não é comum para procuração
ad juditia5 - por termo judicial.
Direito hereditário
pode ser alienado
Cessão de direito
Sempre será feito por
hereditário =
escritura pública
renúncia translativa
Se for onerosa, será
fato gerador do ITBI
É considerada
transmissão de bem
imóvel
Atrai a necessidade
de vênia conjugal
O direito hereditário pode ser alienado, o que se perfaz por meio da cessão de direito here-
ditário, conforme art.1.793 do CC.
A forma do negócio tem de ser por escritura pública por força do art. 1.793 do CC.
Como o direito à sucessão aberta (= direito à herança = direito hereditário) é um bem imóvel
por determinação legal (art. 80, II, CC), tem-se que a cessão de direito hereditário caracteriza uma
5
É viável ser dado procuração por termo judicial: trata-se da chamada procuração apud acta. Todavia, ela é comum em audi-
ências, quando a parte declara, com o devido registro na ata, que nomeia seu o advogado para representá-la nos autos.
Vemos, porém, como não operacional, para efeito de renúncia à herança, a procuração apud acta, pois não há audiência.
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Sucessões – Parte I
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transmissão de bem imóvel, do que decorre que, se essa cessão for onerosa, teremos um fato
gerador do ITBI.
A cessão de direito hereditário (renúncia translativa) depende ou não da vênia conjugal
com fulcro no inciso I do art. 1.647 do CC?
Entendemos que sim, pois há transmissão de um bem imóvel por determinação legal a
atrair a necessidade de vênia conjugal.
Instrumento particular ou
Regra
escritura pública
Cessão de
meação
Cessão envolver de imóveis
de valor superior a 30
Exceção
Controvérsia salários mínimos (escritura
doutrinária pública)
Há casos em que, no processo de inventário, o viúvo quer transferir sua meação a um dos
herdeiros. Nesse caso, indaga-se: a cessão da meação deverá ser feita por termos nos autos,
por escritura pública ou por instrumento particular?
A meação é a metade dos bens comuns pertencente ao cônjuge supérstite em razão do
regime de bens do casamento. Não é herança e, portanto, ao tratarmos de uma cessão de
meação, não estamos a falar aqui de cessão de direito hereditário art. 1.793 do CC (que exige
escritura pública) nem de uma renúncia de herança, que, à luz do art. 1.806 do CC, pode ser
feita por termo nos autos ou por escritura pública.
Daí se segue que a cessão de meação não pode ser feita por termo nos autos (como se dá
com as renúncias à herança).
Discute-se, porém, se é necessário escritura pública para a cessão da meação não sob a
ótica do art. 1.793 do CC (que é inaplicável), e sim sob a perspectiva do art. 108 do CC.
O STJ entende que a cessão da meação, em regra, pode ser feita tanto por instrumento par-
ticular quanto por escritura pública, salvo quando envolver imóvel de valor superior a 30 salá-
rios mínimos, pois, nessa hipótese, a escritura pública seria obrigatória em razão da incidência
do art. 108 do CC (que exige escritura pública para negócios jurídicos envolvendo direitos reais
sobre imóveis de valor superior a 30 salários mínimos) (STJ, REsp 1196992/MS, 3ª Turma, Rel.
Ministra Nancy Andrighi, DJe 22/08/2013).
Ousamos, porém, pensar diferente. Temos por irrelevante se há ou não bem imóvel envol-
vido na meação, pois esta é um bem coletivo na modalidade de universalidade de direito (art.
91 do CC) e, assim, ela deve ser considerada um bem (coletivo) móvel por se enquadrar em um
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DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
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direito pessoal de caráter patrimonial nos termos do art. 83, III, do CC. É diferente do que se dá
com a herança, que, apesar de também ser uma universalidade de direito, é considerada um
bem imóvel por previsão legal expressa nesse sentido (art. 80, II, do CC).
6. Benefício de Inventário
O Herdeiro não responde além das forças da herança. Em outras palavras, se o pai morre
e só deixa dívidas, os filhos não terão de pagar essas dívidas, pois a dívida não passa aos fi-
lhos além da força da herança. Trata-se do chamado benefício de inventário, segundo o qual
os herdeiros respondem “intra vires hereditatis” (dentro da força da herança), tudo conforme o
art. 1.792 do CC.
7. Vocação Hereditária
7.1. Nomenclaturas: Incapacidade Sucessória, Incapacidade Testamentária
Passiva, Legitimação ou Vocação Hereditária?
Nascidos ou concebidos
têm legitimidade para a
sucessão legítima ou
testamentária
Pessoa jurídica
tem legitimidade
Princípio da só em sucessão
COEXISTÊNCIA testamentária
Só se concebido
nos 2 anos
Concepturo seguintes à
Vocação abertura da
hereditária sucessão
Nos arts. 1.798 ao 1.803 do CC, indicam-se as pessoas e os entes que podem ter direito a
participar de uma sucessão legítima ou testamentária. Trata-se, pois, do que o próprio Código
Civil chama de “vocação hereditária”.
Na doutrina, há certa discrepância de nomenclatura, com emprego de expressões como
capacidade sucessória, legitimação sucessória, indisponibilidade relativa etc. (Simão, 2020, p.
1479; Gomes, 2012, pp. 29-38 e 97-100; Maluf e Maluf, 2013, pp. 124-125).
Carlos Maximiliano (1952-B, pp. 542-543), à época do CC/1916, por exemplo, referia-se
à incapacidade testamentária passiva ao tratar das hipóteses atualmente tratadas nos arts.
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1.798 ao 1.803 do CC. O CC/1916 adotava essa nomenclatura ao tratar do assunto sob o ca-
pítulo “Da Capacidade para Adquirir por Testamento” e ao valer-se de expressão como “são
absolutamente incapazes de adquirir por testamento” (arts. 1.717 ao 1.720, CC/1916).
Preferimos, porém, valer-nos de outras nomenclaturas, seja porque o CC/2002 (ao contrá-
rio do CC/1916) não empregou a expressão capacidade sucessória para essas situações, seja
em virtude de as referidas expressões não nos parecerem técnicas.
De fato, capacidade nos faz reportar à capacidade de fato, que é aptidão para exercer, por
si só, atos da vida civil. Não é disso que tratam os arts. 1.798 ao 1.803 do CC, os quais apenas
se limitam a indicar quem tem direito de participar da sucessão causa mortis.
Legitimação nos reporta à exigência de determinados requisitos para a prática de certos
atos jurídicos. Também não é disso que se cuida nos arts. 1.798. ao 1.803 do CC.
Entendemos que os arts. 1.798 ao 1.803 do CC tratam apenas de uma escolha legislativa
em atribuir direitos ou não a determinadas pessoas, e não de lhe subtrair a aptidão para exer-
cer, por si só, seus direitos (capacidade de fato), nem de impor-lhe exigências específicas para
a prática de determinados atos (legitimação).
Preferimos, pois, seguir a opção taxonômica do Código Civil para valer-nos da expressão
“vocação hereditária” ao tratar dos referidos dispositivos, expressão essa mais condizente
com a finalidade desses preceitos: a de atribuir direitos.
7.3. Exceção
7.3.1. Concepturo ou Nondum Conceptus
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De outro lado, por causa da necessidade de proteger a família, o concubino não goza de
vocação hereditária na sucessão testamentária, salvo se o testador, sem culpa própria, já es-
tiver separado de fato há mais de cinco anos (art. 1.801, III, CC). Nada impede, porém, que a
deixa testamentária se reverta em proveito do filho do concubino, desde que o testador seja o
pai (art. 1.803, CC).
8. Exclusão da Sucessão
8.1. Definição
Hipóteses (rol
taxativo) Crimes contra a honra
Exceção Reabilitação
Hipóteses de
exclusão Evitar enriquecumento
Eficácia sem causa
retroativa com
flexibilização Proteger 3ºs de boa-fé
Deserdação
(arts. 1.961 Legitimidade Sucessores
ao 1.964, CC)
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Exclusão da sucessão diz respeito a hipóteses de herdeiros que, apesar de estarem dentro
da ordem de vocação hereditária, serão impedidos de participar da sucessão causa mortis por
causa de algum motivo legal. Há duas hipóteses de exclusão da sucessão: a indignidade e a
deserdação.
A exclusão do herdeiro por indignidade não é automática! Depende de sentença a ser pro-
latada em ação de exclusão por indignidade a ser proposta no prazo decadencial de 4 anos da
morte do autor da herança (art. 1.815, CC). Nessa ação, terá de ser provada a ocorrência do
fato indigno.
A legitimidade processual para a propor essa ação é dos sucessores (herdeiros ou legatá-
rios), admitido, porém, apenas na hipótese de indignidade por homicídio doloso ou sua tentati-
va, que o Ministério Público também proponha a ação em razão do interesse de ordem pública
envolvido na vida (art. 1.815, CC).
8.2.3. Reabilitação
A indignidade é, em primeira análise, uma ofensa ao autor da herança, de maneira que a lei
estabelece uma presunção de que este preferiria excluir o indigno da herança.
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O CC, porém, admite uma única forma de afastar essa presunção: vontade expressada pelo
autor da herança em testamento ou ato autêntico (art. 1.818, CC). Este último, nos termos do
art. 411 do CPC, abrange instrumentos com firma reconhecida (o que, por analogia, alcança
também as escrituras públicas), com assinatura eletrônica admitida em lei ou que não seja
impugnado judicialmente pela outra parte.
Essa vontade é designada de “reabilitação” do herdeiro indigno.
Exceções
Em nome da segurança jurídica, da tutela dos terceiros de boa-fé (de que decorre o concei-
to de “propriedade aparente”) e do princípio da proteção simplificada do agraciado6, o efeito
retroativo da sentença de exclusão por indignidade sofre flexibilizações.
Em primeiro lugar, deixam-se incólumes os atos de mera administração praticados pelo
indigno sobre os bens da herança, tudo para se proteger terceiros. Se, porém, o indigno tiver
causado algum prejuízo, ele terá de indenizar (art. 1.817, caput, do CC).
Em segundo lugar, protegem-se os terceiros que, de boa-fé, tiverem adquirido onerosa-
mente bens do espólio. O art. 1.817, caput, do CC só protege as aquisições onerosas, pois, por
um critério de justiça - expressado no princípio da proteção simplificada do agraciado -, não
é razoável prestigiar alguém que recebeu “de graça” um bem do espólio em detrimento dos
demais herdeiros. Trata-se da aplicação do princípio da substituição de fundamento do ato de
vontade, pois o fundamento da propriedade do terceiro deixará de ser o contrato oneroso em si
e passará a ser a boa-fé objetiva, que respalda o conceito de “propriedade aparente”7.
6
Artigo nosso sobre o assunto: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-pa-
ra-discussao/td254/view.
7
Artigo nosso sobre o assunto: https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-pa-
ra-discussao/td270.
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8.3.2. Hipóteses
As hipóteses autorizadoras da deserdação estão listadas nos arts. 1.962 e 1.963 do CC.
Esses atos, além de abranger os de indignidade do art. 1.814 do CC, alcançam também hipó-
teses adicionais que, por opção legislativa, não foram consideradas como dignas de se aliar
à presunção legal implícita nas hipóteses de indignidade. Para esses atos adicionais, é preci-
so que o autor da herança expresse seu desejo de excluir o herdeiro necessário por meio de
testamento.
Convém transcrever os retrocitados artigos:
Art. 1.962. Além das causas mencionadas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos descendentes
por seus ascendentes:
I – ofensa física;
II – injúria grave;
III – relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto;
IV – desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade.
Art. 1.963. Além das causas enumeradas no art. 1.814, autorizam a deserdação dos ascendentes
pelos descendentes:
I – ofensa física;
II – injúria grave;
III – relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou com-
panheiro da filha ou o da neta;
IV – desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
A exclusão dos herdeiros necessários por deserdação não é automática! Depende de sen-
tença a ser proferida em ação de exclusão por deserdação a ser proposta pelo interessado.
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Não bastará o testamento com especificação da conduta digna de deserdação. É preciso que
o interessado comprove a ocorrência desse fato em juízo (art. 1.965, caput, do CC).
O prazo decadencial para a propositura da ação de deserdação é de 4 anos, contados da
abertura do testamento (que é o momento em que os demais herdeiros tomaram, ainda que
potencialmente, ciência do fato).
Como o testamento é, por natureza revogável, o autor da herança pode desistir de deserdar
um herdeiro necessário, revogando o testamento em que previu a deserdação.
Deriva de disposição de
Classificação quanto à ultima vontade
Sucessão testamentária
fonte formalizada por
testamento
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• a transmissão dos direitos autorais para o domínio público no caso de o autor falecido
não ter deixado herdeiros (art. 45, I, da Lei n. 9.610/1998): o direito autoral, pois, não se
reverterá ao Poder Público por meio de herança jacente e vacante na forma das regras
de sucessão legítima previstas nos arts. 1.819 ao 1.823 do CC;
• o direito de acrescer em favor dos demais coautores na hipótese de um deles falecer
sem deixar herdeiros (art. 42, parágrafo único, da Lei n. 9.610/1998);
• o art. 18, § 2º, do Decreto-Lei n. 3.438/1941 proíbe que sucessão em favor de cônjuge
estrangeiro em terreno de marinha;
• o art. 1º, § 2º, da Lei n. 6.858/1998 estabelece que, na hipótese de inexistir dependente
ou sucessores, as verbas trabalhistas, de FGTS e de PIS-PASEP deverão ser revertidas
respectivamente em favor do Fundo de Previdência e Assistência Social, do Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço ou do Fundo de Participação PIS-PASEP.
• o art. 2º, parágrafo único, da Lei n. 6.858/1998 fixa que, se não houver dependente ou su-
cessor, deverão ser revertidas ao Fundo de Previdência e Assistência Social os valores
devidos a título de restituição de Imposto de Renda (ou de outros tributos) bem como os
valores de até 500 OTNs em aplicações financeiras ou em contas bancárias (desde que
inexista outros bens a inventariar).
É vedada no
Proibição do pacto de corvina (art. 426, CC)
Brasil
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que, entre outros motivos, o pacto de corvina contraria a ordem pública e os bons costumes
pelo fato de “tal convenção, escreve Larombière, aludindo à opinião dos doutores, é verdadei-
ramente bárbara, encerra voto homicida votum alicuius mortis” (Nonato, 1957, p. 29).
A primeira é bem controversa. O STJ não a acolhe. Maria Helena Diniz não a admite, por
considerá-la infratora do art. 426 e 1.655 do CC9.
Essa primeira situação é aquela que envolve um pacto antenupcial em que os nubentes
dispõem acerca da própria sucessão causa mortis no futuro, desde que não excedam à me-
tade dos bens. O fundamento legal seria os arts. 546 (que admite doação em contemplação
de casamento futuro em prol da eventual prole do casal) e 1.668, IV (que exclui da comunhão
as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com cláusula de incomunica-
bilidade). O STJ não admite essa estipulação acerca da sucessão futura dos cônjuges, consi-
derando nula a cláusula do pacto antenupcial que exclui o cônjuge sobrevivente da sucessão
causa mortis do outro (STJ, REsp 954.567/PE, 3ª Turma, Rel. Ministro Massami Uyeda, DJe
18/05/2011).
A segunda apoia-se no art. 2.018 do CC10, que permite ao ascendente, por ato entre vivos,
promover a partilha dos seus bens entre os seus descendentes, mas respeitando a legítima
dos herdeiros necessários. Essa sucessão antecipada é a única exceção ao art. 426 do CC.
Para Maria Helena Diniz, essa hipótese “embora apresente inconvenientes, porquanto apenas
pode abranger bens presentes” (Diniz, 2013, p. 31).
É vedada no
Proibição do pacto de corvina (art. 426, CC)
Brasil
os filhos para evitar discórdias familiares), o direito germânico acolhia os pactos sucessórios como perfeitamente válidos,
“o que se explica pelos característicos dos seus institutos da família e da propriedade” (Nonato, 1957-A, pp. 24-25).
9
Veja os preceitos:
“Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.”
“Art. 1.655. É nula a convenção ou cláusula dela que contravenha disposição absoluta de lei.”
10
“Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a
legítima dos herdeiros necessários.”
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Recebe-se
Sucessão a título proporcionalmente Quem recebe a título
universal um patrimônio ou universal = herdeiro
uma fração dele
Na sucessão causa mortis, chama-se de legatário que recebe a título singular e de “legado”
a coisa individualizada que ele recebe. Só é possível haver legatário na sucessão testamentá-
ria, pois o testador pode individualizar algum bem.
Denomina-se de herdeiro quem recebe a título universal e de herança (em sentido estrito)
o patrimônio ou a fração do patrimônio recebido.
O verbete “herança” é utilizado pelo legislador em dois sentidos: ora em sentido amplo, ora
em sentido amplo. Cabe ao leitor intuir, em cada dispositivo, a qual sentido o legislador se re-
mete. Em suma, podemos classificar a herança em sentido amplo (lato sensu) em: (1) legado e
(2) herança em sentido estrito ou herança stricto sensu. A herança em sentido amplo se refere
a toda massa patrimonial deixada pelo falecido e, nesse ponto, é sinônima de acervo hereditá-
rio, monte-mor e outras expressões similares.
Pode haver herdeiro na sucessão testamentária quando o testador deixa um patrimônio ou
uma fração deste, caso em que se falará em herdeiro testamentário. Na sucessão legítima, só
há herdeiro (que será chamado de herdeiro legítimo), pois a lei só prevê a repartição do patri-
mônio do de cujus como um todo.
Daí decorre que podemos classificar a sucessão causa mortis quanto aos efeitos des-
ta maneira:
• Sucessão a título singular: é aquela em que há um sucessor a título singular (ou seja,
um legatário);
• Sucessão a título universal: é aquela em que há alguém que sucede a título universal, ou
seja, há um herdeiro.
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12. Legítima
12.1. Definição
Legítima Indignidade
Deserdação
Cláusula restritiva de
Princípio da
Deserdação propriedade sobre
intangibilida
Exceções bona mente legítima com justa
de da
causa
legítima
Colação
Proteção da
Doação
legítima em
inoficiosa
vida
Redução
testamentária
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O herdeiro necessário pode perder o direito à legítima no caso de indignidade, que está nos
arts. 1.814 e ss do CC. Tratamos desse assunto em outro momento.
12.2.2. Deserdação
O testador pode dispor livremente da legítima, se, em testamento, assim ele determinar me-
diante declaração expressa de que o herdeiro necessário incorre em alguma das causas de de-
serdação previstas nos arts. 1.962 e 1.963 do CC. Tratamos desse assunto em outro momento.
O testador pode gravar a legítima com uma cláusula restritiva da propriedade (inaliena-
bilidade, incomunicabilidade e impenhorabilidade), desde que explicite uma justa causa no
testamento (art. 1.911 do CC). Trata-se do que a doutrina designa de deserdação bona mente.
Tratamos desse assunto em outro momento.
11
No Brasil, a porção disponível é fixa: sempre corresponde à metade dos bens do testador que possui herdeiros necessários.
Em outras legislações, todavia, “a porção disponível é variável; o Código Civil português, p. ex., no art. 2.158, prescreve que a
legítima dos filhos é de metade da herança, se existir um só filho, e de dois terços, se existirem dois ou mais, e, no art. 2.161,
dispõe que, se apenas existem ascendentes que não sejam pai e mãe, consistirá a legítima deles na terça parte dos bens da
herança” (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro, volume 6: direito das sucessões. São Paulo: Saraiva, 2010.
Pp. 13).
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Doação a descendentes ou a cônjuge é antecipação da legítima e, por isso, tem de ser co-
lacionada para efeito de igualar o quinhão devido a cada herdeiro necessário.
A exceção corre à conta destas hipóteses:
• estipulação diversa do doador, dispensando a colação12 (arts. 544 e 2.005 do CC);
• doação remuneratória por serviços ao ascendente (art. 2.011 do CC);
• descendente-donatário não era herdeiro necessário ao tempo da liberalidade (art. 2.005,
parágrafo único, do CC).
Por fim, alerta-se que não há adiantamento de legítima se doação for de descendente a
ascendente, por falta de previsão legal.
Doações inoficiosas
Redução Testamentária
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A segunda é para efeito de colação dos bens recebidos por doação em vida (antecipações
de legítimas, nos termos do art. 544 do CPC). Nesse ponto, há controvérsia doutrinária acerca
do momento que o cálculo da legítima levará em conta, especialmente ante a aparente contra-
dição do art. 2.004, caput, do CC (que indica o momento da liberalidade) em relação ao art. 639,
parágrafo único, do CPC (que fixa o momento da abertura da sucessão). O enunciado n. 119/
JDC adota uma solução intermediária.
Enunciado n. 119/JDC: “Os arts. 2.003 e 2.004 do Código Civiil e o art. 639 do do CPC/2015
devem ser interpretados de modo a garantir a igualdade das legítimas e a coerência do orde-
namento. O bem doado em adiantamento de legítima será colacionado de acordo com seu
valor atual na data da abertura da sucessão se ainda integrar o patrimônio do donatário. Se o
donatário já não mais possuir o bem doado, este será colacionado pelo valor do tempo de sua
alienação [= tempo da doação], atualizado monetariamente”.
13. Colação
Disciplinado nos arts. 2.002 ao 2.012 do CC, a colação é instituto destinado a viabilizar
que os herdeiros necessários igualem os seus quinhões sobre a legítima, computando, para
esse efeito, as liberalidades feitas pelo de cujus. Reportamo-nos ao que já escrevemos sobre o
assunto ao tratar de legítima.
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Somente no
Formas de caso de pré-
recebimento na morto, indigno
sucessão Por direito de ou deserdado
legítima representação
Descendentes
em linha reta
Hipóteses
Sobrinhos em
Por estirpe concorrência
com os tios
Por direito de
Caso do pós-morto
transmissão
A sucessão legítima ou ab intestato é aquela que decorre de lei. É quando não há testamen-
to. Ela é especificamente disciplinada nos arts. 1.829 ao 1.856 do CC.
Em suma, nessa situação, deve-se recordar do direito real de habitação assegurado ao vi-
úvo (art. 1.831, CC), da ordem de vocação hereditária (art. 1.829 ao 1.844, CC) e do direito de
representação (arts. 1.851 ao 1.856, CC).
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mais de um imóvel residencial pertencente ao de cujus, e não como bem particular do cônjuge
supérstite. O viúvo, pois, terá direito real de habitação sobre o imóvel de moradia do casal (STJ,
REsp 1249227/SC, 4ª Turma, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, DJe 25/03/2014).
14.2.2. Direito Real de Habitação para União Estável (Art. 1.831, CC)
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parente representado for pré-morto, indigno ou deserdado. Não se pode aplicar o direito de
representação no caso de renúncia (arts. 1.810 e 1.811, CC). Só há duas hipóteses em que o
direito de representação é admitido:
• Linha reta descendente: os descendentes mais próximos representam o parente pré-
-morto, indigno ou deserdado na sucessão causa mortis e repartem, entre si, o quinhão
hereditário que seria devido ao parente representado (art. 1.852, CC).
• Sobrinhos em concorrência com tios: sobrinhos podem representar o pai pré-morto, in-
digno ou deserdado na sucessão causa mortis com os tios e, assim, podem repartir,
entre si, o quinhão que seria devido ao seu pai (art. 1.852, CC).
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Divisão pro
Viúvo e ascendente de primeiro grau
rata
2º classe:
viúvo x 50% viúvo
ascendent
e Metade para
Viúvo e ascendente ascendentes paternos
Ordem de 50%
de maior grau Metade para ascendentes
vocação
hereditária maternos
Ascendente de grau mais
próximo exclui demais
3º classe:
Tudo ao viúvo
viúvo
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Regras Gerais
Supondo-se que não haja viúvo ou que o viúvo não se enquadre nos regimes de bens do
inciso I do art. 1.829 do CC, mas apenas descendentes, tem-se que a herança será dividida
igualmente entre estes.
Todavia, os descendentes de grau mais próximo excluem os mais distantes (art. 1.833,
CC). Assim, se alguém morre e deixa filhos e netos, a herança irá apenas para os filhos, pois
são os descendentes mais próximos.
Entre os descendentes de mesmo grau, a divisão será igualitária (art. 1.834, CC).
Convém lembrar que, se algum dos herdeiros for pré-morto, indigno ou deserdado, os seus
descendentes têm direito de representação (art. 1.852, CC).
O inciso I do art. 1.829 do CC (que trata do caso de alguém morrer e deixar filhos e espo-
sa para dividirem a herança) sempre gerou muita divergência doutrinária e jurisprudencial.
Segundo o entendimento mais atual da jurisprudência, pode-se resumir o assunto da seguin-
te maneira.
Salvo no regime da separação legal (= regime da separação obrigatória) - em que o viúvo
jamais concorrerá com os descendentes -, o cônjuge supérstite sempre concorrerá com os
descendentes do de cujus sobre a porção da herança composta por bens particulares do de
cujus. Em nenhuma hipótese ele concorre sobre a porção formada pelos bens comuns.
O motivo é o que o pai do CC/2002, Miguel Reale, chamava de “força da meação”. Se o côn-
juge sobrevivente já é dono de metade dos bens comuns por força do regime de bens (“força
da meação”), não é justo permitir a sua concorrência com os descendentes sobre a outra me-
tade. Ele poderá concorrer sobre os bens particulares, pois nenhuma meação tem sobre eles
pelo regime de bens.
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DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
Carlos Elias
Esse raciocínio vale para qualquer regime de bens, salvo para o da separação legal, no qual,
por opção do legislador, o consorte sobrevivente não pode competir com os descendentes do
de cujus em hipótese alguma.
Alerte-se que mesmo no regime da comunhão universal é válido esse entendimento, pois
também aí há bens particulares, como os bens instrumentos de trabalho (art. 1.668, CC).
Nesse sentido, confira-se o enunciado n. 48 do 1º Encontro Estadual de Juízes da Família
e Sucessões do Estado de São Paulo (48. O cônjuge concorre com os descendentes nos bens
particulares (art. 1.829, I, do Código Civil), especialmente nos que resultam do regime de comu-
nhão universal nas hipóteses do art. 1.668 do Código Civil, nos da comunhão parcial de bens, da
separação total de bens e do regime de participação final nos aquestos).
O STJ caminha nesse sentido ao já ter aplicado esse entendimento nos regimes da co-
munhão parcial, da separação convencional e da separação legal (STJ, REsp 1368123/SP, 2ª
Seção, Rel. Ministro Sidnei Beneti, DJe 08/06/2015; REsp 1430763/SP, 3ª Turma, Rel. Ministra
Nancy Andrighi, Rel. p/ Acórdão Ministro João Otávio de Noronha, DJe 02/12/2014).
Na concorrência com descendentes comuns, o viúvo tem direito a, no mínimo, a ficar com
¼ do acervo hereditário (art. 1.832, CC).
Se, porém, a concorrência for com descendentes unilaterais do de cujus, não há esse direi-
to de quinhão mínimo em favor do viúvo.
No caso de filiação híbrida (filhos comuns e filhos unilaterais), também não se aplica o di-
reito ao quinhão mínimo, sob pena de os filhos, ao final, ficarem com quinhão diferentes, o que
representaria um inconstitucional tratamento diferenciado entre filhos (STJ, REsp 1617650/RS,
3ª Turma, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, DJe 01/07/2019). No mesmo sentido, é o
enunciado n. 527/JDC (“Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não será
reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida”).
Assim, se um viúvo concorrer com um filho comum e com seis filhos unilaterais do de
cujus, o viúvo ficará com apenas 1/8 do acervo hereditário, pois não terá direito ao quinhão
mínimo do art. 1.832 do CC.
Noções Gerais
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
• se o de cujus, quando estava separado de fato, havia constituído união estável, o cônju-
ge separado não poderá ser herdeiro, pois a união estável afasta os efeitos do art. 1.830
do CC. Em igual sentido, está o enunciado n. 32 do 1º Encontro Estadual de Juízes da
Família e Sucessões do Estado de São Paulo (“32. O direito sucessório do cônjuge sobre-
vivente, separado de fato até dois anos, previsto no art. 1.830 do Código Civil, cessa se,
antes desse prazo de dois anos, o de cujus havia constituído união estável”) 15.
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esse lapso temporal, o fato é que o art. 1.830 do CC não foi revogado, nem mesmo de forma
implícita.
Há, porém, quem entenda diversamente, como Maria Berenice Dias (2020, p. 129) e Débora
Fernandes Pessoa Madeira (2015).
Se não houver descendente nem ascendente, a herança defere-se ao viúvo (art. 1.838, CC).
Não havendo irmãos, a herança defere-se aos sobrinhos (art. 1.843, CC).
Nesse ponto, guardando coerência com o que tratamos na 4º classe, o legislador trata
os sobrinhos “com discriminação”, conforme eles sejam ou não filhos de irmãos bilaterais ou
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Sucessões – Parte I
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unilaterais do de cujus. Assim, o quinhão de sobrinhos que sejam filhos de irmãos unilaterais é
metade do quinhão de sobrinhos filhos de irmãos bilaterais (art. 1.843, §§ 1º e 2º, CC).
Não havendo sobrinhos, irmãos nem nenhum herdeiro necessário, a herança defere-se aos
tios (art. 1.843, CC). O legislador propositalmente colocou os sobrinhos em uma classe ante-
rior aos tios, apesar de todos serem parentes de terceiro grau. O motivo se escora na função
social: em princípio, a herança será mais útil aos sobrinhos, que presumidamente são mais
novos do que os tios e, por isso, dependem mais de recursos para “começar” a vida.
Não havendo nenhum outro parente, a herança defere-se aos primos e aos sobrinhos-ne-
tos, os quais são parentes de quarto grau e representam os últimos parentes sucessíveis. A
repartição da herança será feita pro rata entre todos eles (arts. 1.592, e 1.829, IV, CC).
Na hipótese de alguém falecer sem deixar herdeiro sucessível, o acervo hereditário deverá
ser revertido ao Município, ao Distrito Federal ou, em se tratando de Território Federal, à União
mediante os procedimentos de herança jacente e vacante disciplinados nos arts. 1.819 ao
1.823 do CC.
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Sucessões – Parte I
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (MPE-GO/PROMOTOR/MPE-GO/2019/ADAPTADA) O Supremo Tribunal Federal julgou
inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo
ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido para os cônjuges. Tal entendimento,
por contemplar inconstitucionalidade, que tem efeito ex tunc, é aplicável aos inventários judi-
ciais mesmo com o trânsito em julgado da sentença de partilha.
De fato, o STF declarou inconstitucional o art. 1.790 do CC (que previa um regime sucessório
“menos” generoso ao companheiro) e determinou a aplicação, em favor do companheiro, do
art. 1.829 do CC (que prevê um regime sucessório mais “generoso” ao cônjuge) Todavia, ao
contrário do dito na questão, o STF não deu eficácia retroativa (ex tunc) ao seu julgado! O STF
apenas admitiu a aplicação do seu entendimento para inventários e partilhas ainda não fina-
lizados (com sentença transitada em julgado ou com escrituras públicas já lavradas). Veja o
item 3 da seguinte ementa do julgado do STF:
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Sucessões – Parte I
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Errado.
Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testa-
mentários.
Letra e.
O erro da questão é o de afirmar que a sucessão legítima não subsiste se o testamento cadu-
car ou for declarado nulo. É o contrário, conforme art. 1.788 do CC:
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mes-
mo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão
legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Errado.
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
A parte final viola o benefício de inventário, assim entendido o fato de que o herdeiro não res-
ponde além dos limites da força da herança (= herdeiro só responde intra vires hereditatis, ou
seja, dentro da força da herança). Veja o art. 1.792 do CC:
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe,
porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens
herdados.
Errado.
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe,
porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens
herdados.
Certo.
Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita,
há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente
conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais
coerdeiros.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo
judicial.
Certo.
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Sucessões – Parte I
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O único erro da questão é a de afirmar que se poderia usar instrumento particular. Como a re-
núncia à herança só pode ser feita por escritura pública ou termo nos autos (art. 1.806, CC), o
mandato destinado a viabilizar a prática desse ato pelo procurador depende da mesma forma,
tudo em razão do princípio do paralelismo das formas, também chamado de princípio da atra-
ção das formas (art. 657, CC). Veja os referidos dispositivos:
Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não
se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo
judicial.
Errado.
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Sucessões – Parte I
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Ao contrário do dito na questão, o mandato também tem de ser por escritura pública, conforme
entendimento do STJ:
Errado.
O prazo é de 30 dias do conhecimento do fato, e não de 180 dias, conforme art. 1.813, §
1º, do CC:
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles,
com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1º A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2º Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será de-
volvido aos demais herdeiros.
Errado.
Legatário sucede a título singular (recebe uma coisa individualizada), ao passo que herdeiro
sucede a título universal (recebe um patrimônio ou uma fração dele).
Errado.
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
O nascituro também se legitima a suceder, como regra geral, seja na sucessão legítima, seja na
testamentária, consoante art. 1.798 do CC:
Ao contrário do dito na questão, tanto concepturo (os que ainda não foram concebidos) quanto
pessoas jurídicas podem ser contemplados na sucessão testamentária, conforme incisos I e
III do art. 1.799 do CC:
Se não há herdeiros necessários (ascendentes, descendente ou cônjuge - art. 1.845 do CC), se-
rão chamados a suceder os colaterais até o 4º grau, conforme arts. 1.838 e 1.839 do CC. Não
é até o terceiro grau, ao contrário do dito na questão. Veja os preceitos retrocitados:
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
Art. 1.838. Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge
sobrevivente.
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão
chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
Errado.
Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem,
como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens
que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o
direito de representação.
Art. 1.840. Na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de
representação concedido aos filhos de irmãos.
Art. 1.851. Dá-se o direito de representação, quando a lei chama certos parentes do falecido a suce-
der em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse.
Art. 1.852. O direito de representação dá-se na linha reta descendente, mas nunca na ascendente.
Art. 1.853. Na linha transversal, somente se dá o direito de representação em favor dos filhos de
irmãos do falecido, quando com irmãos deste concorrerem.
Art. 1.854. Os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo
fosse.
Art. 1.855. O quinhão do representado partir-se-á por igual entre os representantes.
Certo.
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
ele pode dispor de 100% do seu patrimônio se inexistir herdeiro necessário. Veja os artigos
sobre indignidade (arts. 1.814 ao 1.818, CC) e deserdação (arts. 1.961 ao 1.965, CC):
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Sucessões – Parte I
Carlos Elias
III – relações ilícitas com a mulher ou companheira do filho ou a do neto, ou com o marido ou com-
panheiro da filha ou o da neta;
IV – desamparo do filho ou neto com deficiência mental ou grave enfermidade.
Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em tes-
tamento.
Art. 1.965. Ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, incumbe provar a vera-
cidade da causa alegada pelo testador.
Parágrafo único. O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de quatro anos, a
contar da data da abertura do testamento.
Certo.
Não há direito de representação no caso de renúncia, até porque seria absolutamente contradi-
tório, por exemplo, permitir que alguém receba a herança representando alguém que a rejeitou
(art. 1.810 do CC). O direito de representação só se dá no caso de premoriência (herdeiro já era
morto antes do autor da herança), indignidade ou deserdação. Veja o referido artigo:
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único
legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os
filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
Certo.
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Sucessões – Parte I
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Antes de tudo, temos de resolver um problema de Direito de Família: a Maria (viúva) tem ou
não direito a alguma meação (metade dos bens comuns, assim entendidos os que se comu-
nicaram em razão do regime de bens)? A resposta é não, pois todos os bens de João foram
adquiridos antes do casamento e, portanto, à luz do regime da comunhão parcial de bens, são
bens particulares. Logo, o espólio será composto de todos os bens em nome do João.
Feito isso, passamos a resolver o problema de Direito Sucessório.
Nesse ponto, a primeira lembrança é a de que a viúva tem direito real de habitação sobre o
imóvel de moradia da família, desde que seja o único dessa natureza a inventariar (art. 1.831,
CC). Todavia, não há essa discussão na questão.
A segunda lembrança é a de que, quando há descendentes e viúvo(a), eles devem repartir os
bens particulares do de cujus, salvo se o viúvo era casado no regime da separação legal de
bens. É o entendimento do STJ. Se, porém, houver vários descendentes, é preciso lembrar que
o viúvo tem direito a, no mínimo, ¼ dos bens, desde que ele seja ascendentes de todos os filhos
do de cujus (art. 1.832 do CC).
No caso em pauta, Maria não é mãe de todo mundo; logo, ela não tem direito à quota mínima de ¼.
Portanto, o patrimônio do João será repartido entre Maria e os quatros filhos, o que resultará
em 1/5 (= 20%) dos bens para cada um deles.
Letra c.
018. (FCC/JUIZ/TJ-AL/2019/ADAPTADA) André, solteiro, não teve filhos e morreu sem dei-
xar ascendentes vivos. Por testamento, deixou todos os seus bens para o seu melhor amigo,
Antônio, com quem não tinha nenhum grau de parentesco. Sentindo-se injustamente preteri-
dos, os três únicos irmãos de André ajuizaram ação visando à declaração da nulidade total
do testamento, argumentando que, devido ao parentesco, não poderiam ter sido excluídos da
sucessão. O pedido deduzido nessa ação é
a) procedente, pois os irmãos de André são herdeiros necessários, devendo ser declarada a
nulidade total do testamento.
b) procedente em parte, pois os irmãos de André são herdeiros necessários, devendo ser de-
clarada a nulidade parcial do testamento, apenas quanto a três quartos dos bens.
c) procedente em parte, pois os irmãos de André são herdeiros necessários, devendo ser de-
clarada a nulidade parcial do testamento, apenas quanto a metade dos bens.
d) improcedente, pois os irmãos de André não são herdeiros necessários.
e) improcedente, pois os irmãos de André, embora sejam herdeiros necessários, podem ser
excluídos da sucessão mediante testamento.
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Sucessões – Parte I
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Há dois grupos de herdeiros: (1) os necessários, que têm direito à legítima (50% do patrimônio
do de cujus), e (2) os facultativos ou colaterais, que não tem direito à legítima. O testador, se
tiver herdeiros necessários, não pode dispor da legítima (art. 1.789, CC). Se não tiver herdei-
ros necessários, ele pode dispor livremente dos bens. Os herdeiros necessários são. cônjuge,
ascendente e descendente (art. 1.845, CC). Irmãos não o são. Logo, o gabarito é letra “D”, pois
André podia dispor de 100% dos seus bens para quem lhe aprouvesse já que só tinha irmãos
como parentes. Veja os referidos dispositivos:
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Letra d.
Surdo-mudo pode fazer testamento, inclusive o testamento cerrado, desde que o redija de pró-
prio punho (art. 1.873 do CC). Afinal de contas, ele tem discernimento e pode manifestar sua
vontade por escrito. No mais, a questão estaria certa à luz dos arts. 1.860 e 1.867 do CC:
Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno dis-
cernimento.
Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Art. 1.867. Ao cego só se permite o testamento público, que lhe será lido, em voz alta, duas vezes,
uma pelo tabelião ou por seu substituto legal, e a outra por uma das testemunhas, designada pelo
testador, fazendo-se de tudo circunstanciada menção no testamento.
Art. 1.873. Pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o assine de
sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas, escreva, na face externa
do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede.
Errado.
É o art. 1.863 do CC, que veda o testamento conjuntivo, também chamado de testamento con-
junto ou de mão comum, que é o testamento feito por duas ou mais pessoas no mesmo ato
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Sucessões – Parte I
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(no “mesmo papel”. Não podem duas pessoas fazerem o testamento em um mesmo ato! Não
importa se o testamento conjuntivo é simultâneo (ambos os testadores favorecem simultane-
amente um terceiro), recíproco (um testador beneficia o outro, e vice-versa) ou correspectivo
(um testador beneficia o outro na mesma proporção em foi beneficiado). Nada impede, porém,
que cada pessoa faça um testamento diferente, em atos diferentes (em “papéis diferentes”),
beneficiando quem quer que seja. O motivo da proibição do testamento conjuntivo é que per-
mitir que duas pessoas, no mesmo instrumento, façam um testamento viola a natureza perso-
nalíssima do testamento, cuja eficácia é vinculada a questões personalíssimas, como a pos-
sibilidade de revogar. Zeno Veloso16 lembra que vários países também vedam o testamento
conjuntivo (como França, Portugal, Espanha, Japão, Argentina e Chile), mas que a Alemanha
admite o testamento conjuntivo se for feito por cônjuges. Veja o referido artigo:
É o contrário, pois o que importa é se, no momento da lavratura do testamento, o testador era
capaz ou não. Fatos posteriores relativamente à capacidade são irrelevantes (art. 1.861, CC).
De um lado, se o testador era capaz ao tempo do testamento, isso é o que importa. Se, poste-
riormente, ele perde a capacidade, isso é irrelevante, até porque, se no lugar de perder a capa-
cidade, ele tivesse morrido, o testamento seria executado.
De outro lado, se o testador era incapaz, o testamento é nulo (art. 1.860, CC). Caso o testador
incapaz convalesça e se torne capaz, cumpre-lhe fazer outro testamento, já que aquele que ele
fez no seu período de falta de lucidez é nulo e irremediável.
É o art. 1.861 do CC:
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o testamento, nem o testamento
do incapaz se valida com a superveniência da capacidade.
Errado.
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Sucessões – Parte I
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CAPÍTULO XI
Da Redução das Disposições Testamentárias
Art. 1.966. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, quando o testador só em parte dis-
puser da quota hereditária disponível.
Art. 1.967. As disposições que excederem a parte disponível reduzir-se-ão aos limites dela, de con-
formidade com o disposto nos parágrafos seguintes.
§ 1º Em se verificando excederem as disposições testamentárias a porção disponível, serão pro-
porcionalmente reduzidas as quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde baste, e, não
bastando, também os legados, na proporção do seu valor.
§ 2º Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos herdeiros e le-
gatários, a redução far-se-á nos outros quinhões ou legados, observando-se a seu respeito a ordem
estabelecida no parágrafo antecedente.
Art. 1.968. Quando consistir em prédio divisível o legado sujeito a redução, far-se-á esta dividindo-o
proporcionalmente.
§ 1º Se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de um quarto do valor do
prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado, ficando com o direito de pedir aos
herdeiros o valor que couber na parte disponível; se o excesso não for de mais de um quarto, aos
herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio.
§ 2º Se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro necessário, poderá inteirar sua legítima no mesmo
imóvel, de preferência aos outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lhe absorverem
o valor.
Certo.
Art. 1.911. A cláusula de inalienabilidade, imposta aos bens por ato de liberalidade, implica impe-
nhorabilidade e incomunicabilidade.
Parágrafo único. No caso de desapropriação de bens clausulados, ou de sua alienação, por conve-
niência econômica do donatário ou do herdeiro, mediante autorização judicial, o produto da venda
converter-se-á em outros bens, sobre os quais incidirão as restrições apostas aos primeiros.
Certo.
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DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
Carlos Elias
O gabarito é “C”, pois só há direito de acrescer nas conjunções reais e mista. Explicamos.
Quando há mais de um sucessor testamentário, há três tipos de conjunções utilizadas na re-
dação de testamentos:
• conjunção verbal ou verbis tantum: é quando se individualiza o quinhão de cada suces-
sor em uma mesma disposição testamentária, ou seja, em um mesmo período, em um
mesmo parágrafo. Em outras palavras, é “verbalizado” o quinhão de cada um no texto
da cláusula testamentária. A “voz” é o elemento de conjunção (de ligação) entre os su-
cessores. Imagine que, em um parágrafo do testamento, escrevo: “deixo 70% dos meus
bens a João e os outros 20% dos meus bens para Artur”.
• conjunção real ou re tantum: é quando um mesmo bem é endereçado a dois sucessores
em cláusulas diferentes. Em outras palavras, a coisa (a res) foi o elemento de conjunção
(de ligação) entre os sucessores. Imagine que, em um testamento, no primeiro pará-
grafo, escrevo: “deixo o apartamento n. X para Artur”. No segundo parágrafo, escrevo:
“deixo o apartamento n. X para Manoel”.
• conjunção mista ou re et verbis: é quando, em um mesmo parágrafo, um bem é endereça-
do a dois sucessores sem a individualização do quinhão de cada um. Suponha que, em
um parágrafo do testamento, escrevo: “deixo o apartamento n. Y para Afonso e Thiago”.
Qual é a utilidade prática desses tipos de cláusulas?
A utilidade é distinguir quando há ou não direito de acrescer. Não há direito de acrescer na con-
junção verbal, pois o testador especificou a quota de cada sucessor. Já, no caso de conjunção
real ou de conjunção mista, há direito de acrescer por se presumir que o testador quisesse
esse direito de acrescer.
É o que se extrai dos arts. 1.941 e 1.942 do CC:
Art. 1.941. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição testamentária, forem conjuntamente
chamados à herança em quinhões não determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser
aceitá-la, a sua parte acrescerá à dos coerdeiros, salvo o direito do substituto.
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DIREITO CIVIL
Sucessões – Parte I
Carlos Elias
Art. 1.942. O direito de acrescer competirá aos colegatários, quando nomeados conjuntamente a
respeito de uma só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do legado não puder ser dividido
sem risco de desvalorização.
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Sucessões – Parte I
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Se testador fixa a cota ou o objeto, há uma conjunção verbal (verbis tantum) a afastar o direito
de acrescer. Nesse sentido, veja estes julgados do STJ:
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Sucessões – Parte I
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deiro testamentário pleiteado com quota fixa falecer antes da abertura da sucessão, sem
previsão de substituto, aquela parcela deve retornar ao monte e ser objeto de partilha
com todos os herdeiros legítimos. 4. No caso, o valor da quota-parte remanescente deve
ser redistribuído consoante a ordem legal de preferência estabelecida na sucessão here-
ditária entre os colaterais (art. 1.829 do CC/2002), não havendo impedimento legal para
que herdeiros testamentários participem também como legítimos na mesma sucessão
hereditária (art. 1.808, § 2º, do CC/2002).
5. Na hipótese, os sobrinhos da falecida herdam por estirpe, a título de representação,
concorrendo no percentual destinado ao herdeiro pré-morto ao lado dos colaterais, na
espécie, o único irmão sobrevivente da autora, que herda por direito próprio. 6. Recurso
especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.
(STJ, REsp 1674162/MG, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 16/10/2018, DJe 26/10/2018)
Errado.
Se o filho do concubino for do testador, a deixa testamentária é válida (art. 1.803 do CC). Se o
Código Civil previsse o contrário, ele seria inconstitucional, pois estaria estabelecendo discri-
minação entre os filhos (entre o filho do casamento e o filho de um relacionamento extraconju-
gal), o que contraria o art. 227, § 6º, da CF. Veja os dispositivos:
18
Caso de conjunção verbal ou verbis tantum.
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Sucessões – Parte I
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Art. 1.803. É lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador.
Art. 227, CF. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e
ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comuni-
tária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão.
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e
qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Errado.
Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte
deles, para depois de sua morte.
§ 1º A legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no testamento.
§ 2º São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador
somente a elas se tenha limitado.
Errado.
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito
do devedor, salvo, quanto a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se
estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
Certo.
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Sucessões – Parte I
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d) ato de disposição de última vontade de quem estiver em viagem, em alto mar, a bordo de na-
vio nacional, de guerra ou mercante, feito perante o comandante e registrado no diário de bordo.
e) ato de disposição de última vontade de militares e demais membros das Forças Armadas
em campanha, assim como em praça sitiada, ou que estejam com comunicações interrompi-
das, sem acesso a tabelião ou substituto legal.
O gabarito é a letra “c”, conforme definição doutrinária. Testamento vital, também chamado
de testamento em vida ou de living will, é o nome doutrinário para o documento por meio do
qual a pessoa indica a quais tratamentos gostaria de se submeter ou a quais tratamentos não
gostaria de se submeter no caso de doença que o deixe em estado incurável ou terminal. Pelo
testamento vital, a pessoa pode estabelece, por exemplo, que não quer “viver dependente de
aparelho” em estado vegetativo e, com isso, autoriza que os médicos desliguem os aparelhos
e o deixem morrer. O nome “testamento vital” decorre do fato de que é a vida da pessoa que
está sendo objeto do testamento. Há controvérsias doutrinárias acerca da validade do testa-
mento vital.
Realce-se que o item “a” define o codicilo (art. 1.881, CC); o item “b” trata do testamento parti-
cular (art. 1.876, CC); o item “d” versa sobre testamento marítimo (art. 1.888, CC); e o item “e”
alude ao testamento militar (art. 1.893, CC). Veja os referidos artigos:
Art. 1.876. O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecâ-
nico.
§ 1º Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e assinado por
quem o escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever.
§ 2º Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em branco, devendo
ser assinado pelo testador, depois de o ter lido na presença de pelo menos três testemunhas, que o
subscreverão.
Art. 1.881. Toda pessoa capaz de testar poderá, mediante escrito particular seu, datado e assinado,
fazer disposições especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e deter-
minadas pessoas, ou, indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis,
roupas ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal.
Art. 1.888. Quem estiver em viagem, a bordo de navio nacional, de guerra ou mercante, pode testar
perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma que corresponda ao testa-
mento público ou ao cerrado.
Parágrafo único. O registro do testamento será feito no diário de bordo.
Art. 1.893. O testamento dos militares e demais pessoas a serviço das Forças Armadas em cam-
panha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça sitiada, ou que esteja de comunicações
interrompidas, poderá fazer-se, não havendo tabelião ou seu substituto legal, ante duas, ou três tes-
temunhas, se o testador não puder, ou não souber assinar, caso em que assinará por ele uma delas.
§ 1º Se o testador pertencer a corpo ou seção de corpo destacado, o testamento será escrito pelo
respectivo comandante, ainda que de graduação ou posto inferior.
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§ 2º Se o testador estiver em tratamento em hospital, o testamento será escrito pelo respectivo
oficial de saúde, ou pelo diretor do estabelecimento.
§ 3º Se o testador for o oficial mais graduado, o testamento será escrito por aquele que o substituir.
Letra c.
É o contrário, conforme parágrafo único do art. 1.994 do CC. Veja os artigos que tratam da
sonegação:
Art. 1.992. O herdeiro que sonegar bens da herança, não os descrevendo no inventário quando este-
jam em seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que os omitir na colação, a que os
deva levar, ou que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia.
Art. 1.993. Além da pena cominada no artigo antecedente, se o sonegador for o próprio inventa-
riante, remover-se-á, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos bens, quando
indicados.
Art. 1.994. A pena de sonegados só se pode requerer e impor em ação movida pelos herdeiros ou
pelos credores da herança.
Parágrafo único. A sentença que se proferir na ação de sonegados, movida por qualquer dos herdei-
ros ou credores, aproveita aos demais interessados.
Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder,
pagará ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos.
Art. 1.996. Só se pode arguir de sonegação o inventariante depois de encerrada a descrição dos
bens, com a declaração, por ele feita, de não existirem outros por inventariar e partir, assim como
arguir o herdeiro, depois de declarar-se no inventário que não os possui.
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Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder, pagará
ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos.
Art. 1.995. Se não se restituírem os bens sonegados, por já não os ter o sonegador em seu poder,
pagará ele a importância dos valores que ocultou, mais as perdas e danos.
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GABARITO
1. E 12. E 23. C
2. e 13. E 24. c
3. E 14. C 25. E
4. E 15. C 26. E
5. C 16. C 27. E
6. C 17. c 28. E
7. E 18. d 29. C
8. E 19. E 30. c
9. E 20. C 31. E
10. E 21. E 32. C
11. E 22. C
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Carlos Elias
Consultor Legislativo do Senado Federal em Direito Civil, Processo Civil e Direito Agrário (único aprovado no
concurso de 2012). Advogado. Professor em cursos de graduação, de pós-graduação e de preparação para
concursos públicos em Brasília, Goiânia e São Paulo. Ex-membro da Advocacia-Geral da União (Advogado
da União). Ex-Assessor de Ministro do STJ. Ex-técnico judiciário do STJ. Doutorando e Mestre em Direito
pela Universidade de Brasília (UnB). Bacharel em Direito na UnB (1º lugar em Direito no vestibular da UnB
de 2002). Pós-graduado em Direito Notarial e de Registro. Pós-Graduado em Direito Público. Membro do
Conselho Editorial da Revista de Direito Civil Contemporâneo.
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