Você está na página 1de 12

Assuntos tratados

Sujeito (continuação)
 Atributos da personalidade: capacidade
 Teoria da incapacidade
 Direitos da Personalidade
Objeto do Direito Subjetivo: Bem
 Conceito
 Classificação:
a) Bens classificados em si mesmo

1º HORÁRIO

Atributos da personalidade (continuação)

Capacidade. A capacidade se divide em duas espécies:


a) Capacidade de direito/aquisição/gozo: é a aptidão para se adquirirem direitos e contrair
deveres. A capacidade de direito todas as pessoas a possui.

Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.

b) Capacidade de fato/de exercício/de ação: é a aptidão para praticar, pessoalmente, por


si só, os atos da vida civil. A capacidade de fato nem todas as pessoas a apresentam. A
falta de capacidade de fato é possível ser suprida pela representação ou pela
assistência.

Obs.: não se pode confundir capacidade de direito ou de fato com a legitimação. A


legitimação consiste em requisitos especiais que a lei exige de determinadas pessoas em
determinadas situações.
Ex. 1: Pai pode vender bens para os seus filhos? Em regra não, porque lhe falta legitimação
(art. 496, CC). Poderá ocorrer a venda se houver autorização dos demais filhos e do seu
cônjuge, a depender do regime de bens.

Ex. 2: Tutor pode adquirir bens do tutelado? Não pode por lhe faltar legitimação. Essa falta
de legitimação não poderá ser suprida.

1
Teorias das incapacidades. Trabalha-se com os incapazes de fato. Não existe o incapaz
de direito.
Premissas:
1. A capacidade é a regra. A incapacidade é a exceção. (O legislador tem por
inclinação colocar na Lei a exceção)
2. Incapacidade. Conceito: incapacidade é a restrição legal à prática pessoal dos atos
da vida civil. Não existe incapacidade contratual, negocial.
3. A teoria das incapacidades existe para a proteção dos incapazes.

O estudo da teoria das incapacidades comporta grau. Existe tanto o grau total quanto o grau
parcial da incapacidade.

No grau total, têm-se pessoas com uma total inaptidão para praticar atos da vida civil. Essas
pessoas que apresentam uma total inaptidão para a prática de atos da vida civil são
denominadas absolutamente incapazes (art. 3º)

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da


vida civil:
I - os menores de dezesseis anos; (CRITÉRIO OBJETIVO = IDADE →
MENOR IMPÚBERE)
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos; (EXIGE A INTERDIÇÃO PARA
SER CONSIDERADA ABSOLUTAMENTE INCAPAZ; SITUAÇÃO DE
VELHICE/SENECTUDE, POR SI SÓ, NÃO INSERE A PESSOA NESSE
ROL DA INCAPACIDADE ABSOLUTA; O NOSSO ORDENAMENTO
JURÍDICO NÃO ADOTA A TEORIA DOS LÚCIDOS INTERVALOS, OU
SEJA, PESSOAS QUE APRESENTAM INTERVALOS DE LUCIDEZ → POR
SEGURANÇA JURÍDICA, AFASTA-SE ESSA TEORIA E O ATO SEMPRE
SERÁ DECLARADO NULO)
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade. (NA SOCIEDADE, EXISTEM TRÊS TIPOS DE PESSOAS
APENAS: ABSOLUTAMENTE INCAPAZ, RELATIVAMENTE OU
PLENAMENTE CAPAZ. O INC. III TRATA DE UM PLENAMENTE CAPAZ
EM PRINCÍPIO. ACONTECEU ALGO QUE SUPRIMIU O
DISCERNIMENTO DA PESSOA NO MOMENTO QUE REALIZOU O
NEGÓCIO E A LEI, PARA PROTEGÊ-LA, A COLOCA COMO
ABSOLUTAMENTE INCAPAZ, TORNANDO O SEU ATO NULO.
HIPÓTESES: EMBRIAGUEZ, PERDA DE MEMÓRIA, ESTADO DE COMA,
HIPNOSE → CAUSAS EM QUE A PESSOA NÃO PODE EXPRIMIR A SUA
VONTADE EM FUNÇÃO DE UMA CAUSA TRANSITÓRIA QUE
ACARRETOU A SUPRESSÃO TOTAL DE SEU DISCERNIMENTO)

Em se tratando de absolutamente incapaz, para praticar ato da vida civil deverá ser
devidamente representado, sob pena de seus atos serem considerados nulos.

2
No grau parcial, o que existe são pessoas com uma inaptidão relativa para a prática da vida
civil. Essas pessoas são denominadas “relativamente incapazes” e na prática de ato da vida
civil devem ser devidamente assistidas. Caso pratique ato sem que esteja devidamente
assistido, esse ato será anulável.

Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os


exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; (MENORES
PÚBERES. PARA UMA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA, O DE 16 ANOS
É CONSIDERADO RELATIVAMENTE CAPAZ. Existem determinados atos
que poderão ser praticados, sem que sejam considerados inválidos mesmo
que não esteja assistido: ser testemunha – art. 228, I do CC; fazer
testamento – art. 1.860, parágrafo único do CC; votar)
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; (doutrina
apresenta como exemplo pessoas que apresentam alguma síndrome →
síndrome de down, QI baixo etc. A doutrina mais avisada fala que precisa
de interdição sim.)
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação
especial.

Caso pratique o ato sem que esteja devidamente assistido, o menor que mentir acerca da
sua idade dolosamente, enganando terceiro de boa-fé, não poderá pleitear a anulabilidade
do ato. Este ato será considerado perfeitamente válido e exigível (art. 180). O art. 180
estabelece a regra do tu quoque: não se pode fazer aos outros, aquilo que não gostaria que
fizessem com você.

Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-
se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou
quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se,
declarou-se maior.

O ébrio habitual é o alcoólatra e o viciado em tóxico, o toxicômano. Claro que essas


pessoas não têm a expressão de vontade livre, sua vontade é norteada para aquela
substância a qual é viciada.

Pessoas que, por deficiência, têm o discernimento reduzido. Ex.: esquizofrênico (a sentença
de interdição vai informar o que a doença faz com a pessoa).

O inc. II do art. 4º exige a INTERDIÇÃO

3
Pródigo é aquele que gasta ou destrói desordenadamente o seu patrimônio. O inc. IV exige
a interdição. O pródigo só precisará de assistente para os atos que importem disposição
patrimonial. Em atos de mera administração, o pródigo não vai precisar de assistente (art.
1.782).
Art. 1.782. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador,
emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser
demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera
administração.

O pródigo para casar precisa de assistente? A regra é que não precisa de assistente. Se
planejar fazer pacto antenupcial, adentra-se no aspecto patrimonial, logo, precisará de
assistente e o pacto será assinado pelo pródigo e pelo assistente.

Observações
Índio. O Código Civil é feito para os iguais e o índio não é igual. Logo, ele será tratado por
uma lei especial (Lei 6.001/1973) e não pelo estatuto que nos rege.
Surdo-mudo. Deve-se analisar o que a surdo-mudez faz com a pessoa. Sendo assim,
poderá o surdo-mudo ser absolutamente incapaz, relativa ou plenamente capaz.
Ausente. Pessoa plenamente capaz.

Formas de obtenção de capacidade


Obtém-se a capacidade quando a causa que gera a incapacidade deixa de existir. Tem uma
causa que gera a incapacidade que é a imaturidade. Nesse caso, a pessoa obterá a
capacidade por meio de duas formas:
1. Normal: quando a pessoa completar 18 anos (art. 5º, caput)

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a


pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.

2. Especiais:
a) Emancipação voluntária ou negocial: o procedimento está na lei de registro público nos
arts. 89 e ss. Os pais podem, por meio de instrumento público, emancipar o menor que
tenha no mínimo 16 anos. A emancipação é uma faculdade.
Não cabe revogação da emancipação, seja ela qual for. O art. 90 da L. 6.015 admite a
emancipação feita por instrumento particular. No entanto, este artigo foi tido por

4
derrogado no que tange a esta hipótese. Logo, não se admite a emancipação voluntária
por meio de instrumento particular.

Art. 5º. (...)


Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante
instrumento público, independentemente de homologação judicial, (...)

b) Emancipação judicial: a emancipação se dá pelo juiz e a pessoa precisa ter, no mínimo,


16 anos. Trata-se de uma situação sui generis: a pessoa não tem nem pai nem mãe e,
desta forma, entende que não precisa do tutor e requer ao juiz a sua emancipação. O
tutor não pode pedir a emancipação por ser a tutoria um munus público. O tutor será
simplesmente ouvido pelo juiz e este não fica vinculado ao que o tutor falar.

Art. 5º. (...)


Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I – (...), ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis
anos completos;

Lei 6.015
Art. 89. No cartório do 1° Ofício ou da 1ª subdivisão judiciária de cada
comarca serão registrados, em livro especial, as sentenças de
emancipação, bem como os atos dos pais que a concederem, em relação
aos menores nela domiciliados.

Art. 90. O registro será feito mediante trasladação da sentença oferecida em


certidão ou do instrumento, limitando-se, se for de escritura pública, as
referências da data, livro, folha e ofício em que for lavrada sem
dependência, em qualquer dos casos, da presença de testemunhas, mas
com a assinatura do apresentante. Dele sempre constarão:
1º) data do registro e da emancipação;
2º) nome, prenome, idade, filiação, profissão, naturalidade e residência do
emancipado; data e cartório em que foi registrado o seu nascimento;
3º) nome, profissão, naturalidade e residência dos pais ou do tutor.

Art. 91. Quando o juiz conceder emancipação, deverá comunicá-la, de


ofício, ao oficial de registro, se não constar dos autos haver sido efetuado
este dentro de 8 (oito) dias.
Parágrafo único. Antes do registro, a emancipação, em qualquer caso, não
produzirá efeito.

c) Emancipação legal: hipóteses em que a lei, automaticamente, emancipa o menor.

Art. 5º. (...)


Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
II - pelo casamento; (IDADE MÍNIMA PARA SE CASAR É 16 ANOS. É
POSSÍVEL O CASAMENTO ANTES DOS 16 ANOS,
EXCEPCIONALMENTE)

5
III - pelo exercício de emprego público efetivo; (EXIGE O CONCURSO E O
EFETIVO EXERCÍCIO)
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;

V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de


emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos
completos tenha economia própria.

O fim do casamento por morte, separação ou divórcio, não faz com que o cônjuge
sobrevivente ou ex-cônjuge volte à situação de incapaz uma vez que a emancipação não se
revoga. Se o casamento chega ao fim por nulidade ou anulabilidade, aplica-se a regra da
putatividade (art. 1.561 do CC), produzindo efeito com relação ao cônjuge de boa-fé.

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por


ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos,
produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.
§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os
seus efeitos civis só a ele e aos filhos aproveitarão.
§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os
seus efeitos civis só aos filhos aproveitarão.

A SENTENÇA E O INSTRUMENTO PÚBLICO DE EMANCIPAÇÃO SERÃO LEVADOS AO


REGISTRO PÚBLICO (ART. 9º, II)

Art. 9o Serão registrados em registro público:


II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;

2º HORÁRIO
Problema. Um sujeito padece de um problema psicológico e não foi interditado, celebra um
negócio jurídico. Posteriormente, uma sentença de interdição é decretada. No entanto, o seu
efeito é ex nunc, não atingindo o ato praticado anterior à sentença de interdição a priori.

O curador poderá promover uma ação para obter a nulidade daquele ato e obterá êxito
provando a notoriedade daquele problema psicológico.

O ato será mantido se o terceiro estiver de boa-fé, visando proteger o terceiro de boa-fé.
Mas se a doença for notória, o ato será anulado.

6
Dos direitos da personalidade
1. Conceito
Direitos da personalidade são aqueles direitos que possuímos sobre os nossos atributos
fundamentais. Ex.: honra, imagem, privacidade, integridade física, nome, intimidade etc.

O legislador trouxe no CC/2002 um capítulo para trabalhar os direitos da personalidade (art.


11 ao 21). Os direitos da personalidade insurgem do art. 1º, III da CR/1988 que traz o
princípio da dignidade da pessoa humana e no art. 5º, V e X da CR/1988.

CR/1988, Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união


indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;

2. Características
Os direitos da personalidade são:
a) absolutos: o titular poderá opor o seu direito da personalidade contra toda e qualquer
pessoa (erga omnes) ao contrário dos direitos obrigacionais que são relativos (o titular
de um crédito só pode cobrar aquele crédito do seu devedor);
b) vitalícios: os direitos da personalidade não se transmitem com a herança;
c) extrapatrimoniais: não se circunscrevem a esfera patrimonial;
d) indisponíveis: o direito da personalidade, em regra, não poderá ser disposto pelo seu
titular. Esta regra comporta exceção (art. 11) e, em razão disso, muitos doutrinadores
falam que os direitos da personalidade são relativamente disponíveis.

Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da


personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu
exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da


personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
previstas em lei.

7
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a
medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente
em linha reta, ou colateral até o quarto grau.

O art. 12 traz a cláusula geral de tutela à personalidade humana. O NCC é eivado de


cláusulas gerais que são uma maneira intencionalmente vaga e imprecisa de legislar. Com
isso, o NCC permanecerá sempre novo, não envelhecendo nunca. O juiz vai poder optar
pelo melhor direito e aplicar no caso concreto, sendo limitado pelos valores, princípios e
garantias presentes na CR/1988.

A cláusula geral de tutela à personalidade humana permite ao titular do direito da


personalidade lesado se valer de uma tutela repressiva. Se não houve a lesão e há uma
ameaça, poderá o seu titular pleitear uma tutela preventiva.

Nos arts. 13 a 21 do Código Civil, o legislador elegeu determinados direitos da


personalidade, considerados por ele como os mais importantes, quais sejam:
a) arts. 13/15: integridade física;
b) arts. 16/19: nome;
c) art. 20: honra;
d) art. 21: privacidade.

Embora não tenha o NCC, especificamente, tratado de todos os direitos da


personalidade (os direitos da personalidade são ilimitados), o titular dos direitos da
personalidade que tenha outros direitos lesados ou sujeitos à ameaça terá a proteção da
cláusula geral e, ainda assim, essa proteção é garantida pelo princípio da dignidade da
pessoa humana.

1.1 Art. 13 a 15, NCC

Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de
transplante, na forma estabelecida em lei especial.

Transexual. Por uma interpretação literal do art. 13, o transexual não poderia realizar a
cirurgia de mudança de sexo. O En. 06 do CJF acena num sentido oposto:

8
En. 06 do CJF. A expressão “exigência médica” contida no art. 13 refere-se
tanto ao bem-estar físico quanto ao bem estar psíquico do disponente.

A pessoa será acompanhada por uma equipe multidisciplinar durante dois anos para
certificar que aquela pessoa sofre de transexualismo.

En. 276 do CJF. O art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do


próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de
transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos
pelo Conselho Federal de Medicina, e a conseqüente alteração do prenome
e do sexo no Registro Civil.

A doação de órgãos é uma exceção ao art. 13. Trata-se de transplante por ato inter vivos
(art. 13, parágrafo único). A L.9.434/1997 apresenta o que poderá ser doado por ato inter
vivos: órgãos dúplices e tecidos renováveis.

A doação causae mortis está prevista no art. 14 e deve atender objetivo altruístico ou
científico e a disposição será sempre gratuita.

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita


do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a
qualquer tempo.

O art. 199, §4º, da CR/1988 fala que é nula a comercialização de órgãos e por isso, o ato de
disposição destes.

CR, Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.


§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a
remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.

1.2 Art. 20: honra

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça


ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão
da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da
indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os
descendentes.

9
1.3 Art. 21: privacidade

Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a


requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.

OBJETO DO DIREITO SUBJETIVO: BEM


1. Conceito
Bem jurídico é tudo aquilo que tenha existência fora do ser humano, materializado ou não,
economicamente apreciável ou não, sobre o qual incide o poder de seu titular.

2. Classificação dos bens


2.1. Bens considerados em si mesmos
a) Bens imóveis ou bem de raiz. Os bens imóveis poderão ser:
 Por sua natureza: art. 79, 1ª parte
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural (...)

 Por acessão física/industrial/artificial: art. 79, in fine


Art. 79. São bens imóveis (...) lhe incorporar (...) artificialmente.

 Por determinação legal: art. 80

Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:


I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta. (HERANÇA, NÃO IMPORTANDO O SEU
CONTEÚDO)

Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:


I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade,
forem removidas para outro local; (CASINHAS DE MADEIRA)
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem. (UM TIJOLO, UM AZULEJO, UMA TELHA PODE SER
TIDO COMO BEM IMÓVEL QUANDO INCORPORADO AO BEM)

b) Bens móveis.
 Por sua natureza: art. 82

Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio


(SEMOVENTE), ou de remoção por força alheia, sem alteração da
substância ou da destinação econômico-social.

 Por determinação legal: art. 83

10
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. (ex.:
DIREITO AUTORAL)

Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem


empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa
qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.

Algumas distinções importantes: bens móveis x imóveis


 Forma de alienação. Bens imóveis: por meio de escritura pública isso se o bem valer
mais de 30 salários mínimo (art. 108 do CC). Os bens móveis têm a forma de alienação
livre.

Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à


validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País.

 Aquisição. Bem imóvel: por meio de registro. Bem móvel: simples tradição (entrega
efetiva da coisa).
 Vênia conjugal (outorga uxória/marital). Bem imóvel: necessária (art. 1.647). bem móvel:
não precisa.
 Direito real de garantia. Bem imóvel: hipoteca, em regra. Bem móvel: em regra, penhor.
 Prazos para usucapir. Bem imóvel > bem móvel.

c) Bens fungíveis: art. 85. Bens móveis que podem ser substituídos um pelo outro.

Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da
mesma espécie, qualidade e quantidade.

d) Bens infungíveis: é aquele bem que não poderá ser substituído. Todo bem imóvel é
infungível. O móvel pode ser fungível ou infungível.

Algumas distinções: fungíveis x infungíveis


 Contrato de empréstimo. Bem infungível: comodato. Bem fungível: mútuo.

11
e) Inconsumíveis: é inconsumível o bem cujo uso não importará a destruição da coisa e
não está destinado à alienação.
f) Consumíveis:
 consumível de fato: art. 86, 1ª parte (cosmético, alimento: uso importa destruição
imediata);
 consumível de direito: art. 86, 2ª parte (livro dentro da livraria para ser vendido,
eletrodoméstico dentro das Casas Bahia: destinado à alienação).

Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição
imediata da própria substância, sendo também considerados tais os
destinados à alienação.

Algumas distinções: bens consumíveis x inconsumíveis


 Direito real de gozo, usufruto, só poderá existir em se tratando de bens
inconsumíveis. O objeto de usufruto, excepcionalmente, poderá ser um bem
consumível. Neste caso, estar-se-á diante de um quase-usufruto ou usufruto
impróprio (art. 1.392, §1º).

Art. 1.392. Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos


acessórios da coisa e seus acrescidos.
§ 1o Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis,
terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver
e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não
sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição.

12

Você também pode gostar