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Resumo – Civil I (1º estágio)

CAPACIDADE JURÍDICA (art. 3º-5º)

A capacidade é a medida jurídica da personalidade. Para ser titular de


direitos, basta que a pessoa exista, porém, para ser plenamente capaz, é
preciso o preenchimento de alguns requisitos. Entretanto, de modo geral,
toda pessoa é dotada de capacidade

A capacidade civil plena é formada pela capacidade de direito 1 (ou de gozo)


e a capacidade de fato (ou de exercício), pois nem toda pessoa possui
aptidão para exercer pessoalmente os seus direitos. A capacidade de fato,
porém é condicionada à capacidade de direito → não se pode exercer um
direito sem antes adquiri-lo

Capacidade ≠ legitimidade

A legitimação é uma capacidade específica. Sílvio Venosa esclarece que


constitui em “averiguar se uma pessoa, perante determinada situação
jurídica, tem ou não capacidade para estabelece-la. A legitimação é uma
forma específica de capacidade para determinados atos da vida civil”

A falta de legitimação encontra-se ligada a impedimentos circunstanciais, o


que não se confunde com as hipóteses legais genéricas de incapacidade.
Dois irmãos, por exemplo, mesmo que maiores e capazes, não podem
casar entre si

Assim, tem-se que:

1) Capacidade de direito = capacidade genérica


2) Capacidade de fato = capacidade em sentido estrito (medida do
exercício da personalidade)
3) Capacidade específica = legitimidade (ausência de impedimentos
jurídicos para a prática de determinados atos)

Incapacidade

A incapacidade jurídica é a falta de aptidão para praticar pessoalmente atos


da vida civil. Encontra-se nessa situação a pessoa a quem falte a
capacidade de exercício ou de fato, estando impossibilitada de manifestar
real e juridicamente sua vontade

A incapacidade jurídica não é excludente de responsabilização


patrimonial → art. 928: “o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não
dispuserem de meios suficientes”

Absolutamente incapazes
1
Segundo Orlando Gomes, “a capacidade de direito confunde-se, hoje, com a
personalidade, porque toda pessoa é capaz de direitos”
Resumo – Civil I (1º estágio)

- Considera-se que faltam a estes total discernimento (consciência +


vontade)

- CC/16: os menores de 16 anos, os loucos de todo gênero, os surdos-


mudos e os ausentes

- CC/02, originalmente: os menores de 16 anos, os que, por enfermidade ou


deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática
desses atos e os que mesmo por causa transitória, não puderem exprimir
sua vontade

- O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei. 13.146/2015) retirou a pessoa


com deficiência da categoria de incapaz → art. 2º e 84 da referida lei.
Comentário, Pablo Stolze:

Em verdade, o que o Estatuto pretendeu foi, homenageando o


princípio da dignidade da pessoa humana, fazer com que a pessoa
com deficiência deixasse de ser “rotulada” como incapaz, para ser
considerada — em uma perspectiva constitucional isonômica —
dotada de plena capacidade legal, ainda que haja a necessidade de
adoção de institutos assistenciais específicos, como a tomada de
decisão apoiada2 e, extraordinariamente, a curatela, para a prática
de atos na vida civil

Incapacidade relativa

Entre a absoluta incapacidade e a plena capacidade civil, figuram pessoas


situadas em zona intermediária, por não gozarem de total capacidade de
discernimento e autodeterminação: os relativamente incapazes. Estes são
incapazes relativamente apenas a certos atos, ou à maneira de os exercer

- CC/16: maiores de 16 anos e menores de 21 anos, pródigos e silvícolas

- CC/02, originalmente: maiores de 16 anos e menores de 18 anos; ébrios


habituais, viciados em tóxicos e aqueles que, por deficiência mental,
possuem discernimento reduzido; os excepcionais, sem desenvolvimento
mental completo; e os pródigos

- CC/02, atualmente → ver Stolze para comentários sobre cada categoria

Sobre a capacidade jurídica dos indígenas 3 → é regulada pelo Estatuto


do Índio, que considera o indígena, em princípio, absolutamente incapaz,
reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação.
Considera-se válido apenas os atos praticados se o índio demonstrar
discernimentos e se houver inexistência de prejuízo em virtude do ato
praticado. Comentário, Stolze:

2
Cap. III da Parte Especial do Código Civil
3
Art. 4º, Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação
especial
Resumo – Civil I (1º estágio)

Portanto, havendo o Código Civil vigente remetido a matéria para a


legislação especial, parece-nos que o índio passou a figurar, em
regra, entre as pessoas privadas de discernimento para os atos da
vida civil (absolutamente incapazes), o que não reflete
adequadamente a sua atual situação na sociedade brasileira.

A constante inserção social do índio na sociedade brasileira, com a


consequente absorção de valores e hábitos da civilização ocidental,
justifica a sua exclusão, no Código Civil de 2002, do rol de agentes
relativamente capazes.

Assim, acreditamos que a melhor disciplina sobre a matéria é


considerar o índio, se inserido na sociedade, como plenamente
capaz. Por isso, não é razoável firmar-se a premissa da sua absoluta
incapacidade, como quer a legislação especial. Apenas em hipóteses
excepcionais, devidamente comprovadas e verificadas judicialmente,
deve ser reconhecida a sua completa falta de discernimento, para
efeito de obter a invalidade dos atos por si praticados.

Medidas de suprimento da incapacidade

Representação → para os absolutamente incapazes

- Representantes legais: pais, tutores (ambos os anteriores para os


menores de 16 anos) ou curadores (para os enfermos ou deficientes
mentais, privados de discernimento, além das pessoas impedidas de
manifestar a sua vontade, mesmo que por causa transitória)

- O representante pratica o ato no interesse do incapaz. Tal interesse é


sempre o norte na condução do representante legal, porém, não é qualquer
obrigação assumida pelos representantes, em nome dos incapazes, que
pode ser considerada válida → hipótese de nulidade de negócio jurídico
firmado contra os interesses do representado (art. 119)

- Se o absolutamente incapaz praticar o ato sozinho, sem a representação


legal, a hipótese é de nulidade

- Representação legal ≠ representação voluntária ou convencional

Assistência → para os relativamente incapazes

- O relativamente incapaz pratica o ato jurídico juntamente com o seu


assistente (pais, tutor, curador), sob pena de anulabilidade

Cessação da incapacidade

Cessação das causas que a determinaram

Maioridade

Emancipação
Resumo – Civil I (1º estágio)

- Trata-se da antecipação da capacidade plena, em virtude da autorização


dos representantes legais (emancipação voluntária) do menor ou do juiz
(emancipação judicial), ou pela superveniência de fato a que a lei atribui
força para tanto (emancipação legal)

- A emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser


responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que
emanciparam. Esse é o entendimento mais razoável, segundo Stolze, para
que a vítima não fique sem qualquer ressarcimento

- A emancipação judicial, por mencionar tutor, pressupõe a falta de ambos


os pais, motivo pelo qual a emancipação somente se dará pela via judicial,
ao contrário da modalidade anterior — emancipação voluntária — que se
realiza extrajudicialmente

- Emancipação legal → ver Stolze para comentários sobre cada hipótese

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