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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE
MINISTÉRIO DO PLANO E FINANÇAS
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DOCUMENTOS DA REFORMA
* JUSTIÇA TRIBUTÁRIA *
JULHO DE 2003
CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO
REGULAMENTO DO CONTENCIOSO
DAS
CONTRIBUIÇÕES E IMPOSTOS
Não é esse o espírito que dimana da nossa Constituição Política que no seu
artigo 70.º estabelece, imperativa e não facultativamente, que em matéria de impostos a
lei determinará as reclamações e recursos admitidos em favor do contribuinte,
evidentemente para salvaguarda da sua legítima defesa.
Outros casos há que a administração tem procurado sanar pela restituição pura e
simples das importâncias arrecadas, processo que tem de limitar-se, pois não oferece ao
Estado as garantias dos tribunais nem tem a acautelá-lo o recurso obrigatório por parte
da Fazenda, em determinados casos.
Art. 1.º § 3.º O julgamento dos processos de simulação de valor compete aos
tribunais de contencioso das contribuições e impostos. O pedido de nulidade dos actos e
contratos será acumulado com a multa estabelecida no § 1.º do artigo 107.º
Art. 2.º Os processos referidos no corpo do artigo 1.º serão julgados em primeira
instância pelo secretário ou delegado de fazenda da área fiscal respectiva, salvo o que
vai disposto no Art.º 15.º do presente diploma.
Art. 3.º Das Decisões finais proferidas em primeira instância cabe recurso, em
segunda instância, para o Tribunal Administrativo; e das decisões finais deste Tribunal
cabe recurso, em última instância, para o Conselho Ultramarino.
II – RECLAMAÇÕES DO CONTENCIOSO
Procedeu à substituição do § 1.º do artigo 4.º do Reg. do Cont. das Cont. e Impostos.
2.º Este princípio não abrange, porém os actos de natureza fiscal cuja prática
deva por lei ser observada dentro dos meses do calendário, em relação aos quais não
haverá qualquer prorrogação;
A assinatura não pode ser substituída por rubrica – Ac. do S. T. ª D. G. n.º 235
de 6-1-1934.
O advogado necessita ter procuração nos autos.
Art. 5.º Na reclamação indicará o interessado até três testemunhas por cada facto, não
podendo contudo o seu número exceder cinco, se entender que deve fazer por esse meio
a prova dos factos alegados e o regulamento do imposto respectivo se não opuser a esse
meio de prova, e requererá qualquer outra diligência que lhe seja permitida por lei e
destinada a comprovar a sua reclamação.
Art. 6.º Todos os documentos devem ser juntos com a reclamação. Salvo se
se provar que a junção não foi possível nessa altura ou se se verificar que os
documentos se destinavam a fazer prova de factos ou ocorrências posteriores à
apresentação da reclamação. Nestes casos a junção pode ter lugar até ao momento em
que o processo for concluso para sentença.
Art. 7.º Produzida a prova e ouvidas por escrito as entidades oficiais que
sobre a matéria possam ou devam prestar informações, o secretário ou delegado de
fazenda lavrará a sentença.
Art. 8.º Quando a liquidação das contribuições e impostos não tiver sido feita
nos prazos fixados nos respectivos regulamentos por motivos imputáveis aos
contribuintes, ou quando, tendo-se feito nesses prazos venha a ser considerada pelos
mesmos motivos manifestamente inexacta, levantar-se-á o competente auto de
transgressão, que fará fé prova em contrário.
Art. 9.º O auto da transgressão a que se refere o artigo anterior será levantado
perante duas testemunhas, nele se fará menção expressa do objecto da transgressão e
artigo da lei infringido e será assinado pelas ditas testemunhas, pelo transgressor,
quando o auto seja levantado na sua presença, se souber e quiser ou puder escrever, e
pela entidade ou funcionário que fizer a diligência.
Esclarece que nos termos do artigo 9.º do D. L: 783, de 18-4-942, relacionando-se com
os artigos 116.º e 169.º do Código do Processo Penal, os autos de transgressão só podem
ser levantados por quem a lei dê essa competência devendo mencionar-se os factos que
os autuantes hajam observado no exercício das suas funções. As testemunhas servem
para depor sobre as transgressões quando for necessário.
Esclarece também como proceder no caso das transgressões da lei do selo serem
verificadas por magistrados, autoridades, funcionários ou empregados públicos, no
exercício das suas funções, como também no caso de denúncias ou participações.
Art. 10.º O auto somente poderá ser levantado pelo Director dos Serviços de
Fazenda, directores de fazenda distritais, secretários e delegados de fazenda e pelos
funcionários a quem os regulamentos expressamente confiram tal atribuição.
- LEVANTAMENTO DE AUTOS
O levantamento do auto por pessoa incompetente torna nulo tudo o que tiver
sido processado, incluindo o próprio auto. – (Ac. do S. T. no recurso n.º 8233, no D. G.
n.º 69, de 24-3-1944).
- INFORMAÇÕES OFICIAIS
Quando fundamentadas fazem fé e constituem prova jurídica, até outra prova bastante
em contrário. – (Ac. do S. T. ª 28-11-34 – D. G. 44 – 2.ª Série de 22-2-35).
Art. 11.º Levantado o auto nos termos dos artigos 8.º, 9.º e 10.º, será este
remetido ou entregue no prazo de três dias ao secretário ou delegado de fazenda, se não
for ele o autuante.
§ 1.º O Secretário ou delegado de fazenda fará notificar o transgressor
para, no prazo que lhe for designado, considerada a distância a que reside, contestar a
transgressão, sob pena de condenação imediata.
a) A lei e o formulário aprovado não mandam fazer menção dos quantitativos das
multas nos autos de transgressões fiscais, mas sim do objecto da transgressão e dos
preceitos infringido e do que estatuía a multa, sendo portanto, desnecessária essa
menção;
b) Sendo as transgressões fiscais de natureza penal, nos termos do artigo 3.º do Código
Penal, é evidente que há que recorrer aos seus preceitos que possam esclarecer os
casos obscuros ao regulamento aprovado por diploma legislativo n.º 783, referido.
Assim, é de considerar o disposto no artigo 553.º do Código do Processo Penal,
motivo por que a liquidação da multa deverá ser feita pelo mínimo aplicável, se o
transgressor não for reincidente, no caso de em qualquer altura do processo antes do
julgamento, solicitar guias para pagamento da multa é, porém, denotar que a
circunstância da liquidação da multa pelo mínimo aplicável (quando não seja fixa,
como, por exemplo, nas multas previstas no regulamento da contribuição comercial
e industrial), não invalida a remessa dos autos às Direcções de Fazenda Distritais,
para efeitos de fiscalização, sempre que estas o entendam convenientes, a fim de
conhecerem a actuação dos secretários ou delegados de Fazenda e proporem as
providências que se lhe afigurem necessárias, em face de que for devidamente
averiguado tendo em vista o disposto na circular desta Direcção n.º 11/I. S.
134/3.ª/33, de 31 de Maio de 1943, em que se recomenda a máxima isenção em
assuntos tão melindrosos como o é relativo e multas;
c) Está, de facto, prejudicado, pelo artigo 11.º do regulamento aprovado pelo citado
diploma legislativo n.º 783, o artigo 234.º do regulamento do imposto do selo.
Os contribuintes não podem ser lesados pelas demoras havidas na resolução dos seus
recursos quando lhe não tenham dado causa. –
(Ac. do T. S. do Cont. das Cont. e Imp. de 15-1-1930, no recurso extraordinário n.º29
68).
Considerando o que dispõe o § o 1.º do artigo 25.º do Decreto n.º 16733, de 13 de Abril
de 1929, que serviu de base ao Diploma do contencioso das contribuições e impostos da
Província e tendo em vista o disposto ao artigo 25.º do Decreto n.º 31 948, de 1 de Abril
de 1942, S. Ex.ª o Governador-Geral, por seu despacho de 12 do mês corrente, dignou-
se esclarecer o seguinte:
2.º Sempre que nas leis e regulamentos fiscais, a multa seja variável entre
limites, deverá o seu quantitativo ser fixado pelo secretário de Fazenda, em regra
pelo limite mínimo, sem prejuízo de poder ser modificado pelo julgador ou por
decisão dos tribunais competentes.
Por contravenção idêntica deve entender-se a violação do mesmo preceito de lei e não a
violação de qualquer preceito da mesma lei ou regulamento.
Quando não haja reclamação sendo autuante o Secretário de Fazenda, é este que
profere a sentença condenatória. –circ. 22762/2256/3.ª de 27-11-61).
Art. 12.º Com a contestação, na qual será deduzida toda a defesa, serão
juntos os documentos e naquela poderá o transgressor indicar até testemunhas para
serem ouvidas sobre os factos alegados. Aos documentos que não tenha sido possível
obter até à apresentação da contestação, é aplicável o que, quanto a eles, está
preceituado no artigo 6.º
Todos os documentos para provar as alegações devem ser juntos com a reclamação, e as
afirmações em atestados e declarações só têm valor jurídico se forem feitas pelos seus
signatários em depoimentos legais visto que a lei não faculta ás partes substituir estes
por atestados e declarações, sendo por isso tais documentos meramente graciosos. –
(Ac. do antigo T. S. Cont. de (8-6-1932. D. G. n.º 175, de 29-7-1932).
A fim de evitar critérios diferentes quanto á forma de proceder nos casos em que, nos
termos do diploma legislativo n.º 783, de 18 de Abril de 1942, não haja contestação por
parte dos transgressores, esclarece-se:
- SENTENÇAS
Os julgadores não devem ter receio de proferir as suas decisões quando elas são justas.
O Estado só é lesado porque é tão iníqua a decisão que isenta do pagamento devido
como a que obriga ao pagamento indevido. – (Ac. do antigo T. S. Cont. Imp. de 28-5-
1930, D. G. n.º 1182, de 8-8-1930).
Art. 16.º Se o auto tiver sido levantado pelo Director dos Serviços ou pelo
director de fazenda distrital, instruído o processo, subirá ao Tribunal Administrativo
para julgamento.
Art. 20.º Os recursos subirão nos próprios autos. Nos casos em que a
interposição de recurso não obste ao seguimento do processo, a Fazenda Nacional
indicará as peças de que deve ficar certidão narrativa, para se cumprir a decisão.
A certidão será passada em papel selado e paga mediante preparo, de que se
lavrará termo nos autos.
Art. 22.º Nos casos em que o recurso é obrigatório por parte da Fazenda
nacional, o processo subirá à instância superior independentemente de qualquer
formalidade de interposição de recurso e apenas mediante um simples despacho do
secretário, delegado de fazenda ou do presidente do Tribunal Administrativo mandando
subir.
CUSTAS E SELOS
Art. 24.º As custas serão contadas nos termos da parte cível da Tabela dos
Emolumentos e Salários Judiciais, em vigor, e constituem receita do Estado.
Art. 26.º Pelos selos e custas que não forem pagos dentro de dez dias,
depois de o interessado para isso ser notificado, será este executado nos termos do
regulamento das execuções fiscais, servindo de base à execução uma certidão de onde
conste qual a sua importância.
a) Reclamações ordinárias;
b) Reclamações extraordinárias;
c) Transgressões.
IV - RECLAMAÇÕES EXTRAORDINÁRIAS
Art. 27.º For a dos prazos estabelecidos para as reclamações e recursos
ordinários, poderão os contribuintes e a Fazenda Nacional reclamar extraordinariamente
V - DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 33.º Além da Fazenda Nacional, são pessoas legítimas para interpor as
reclamações e recursos de que trata este diploma os contribuintes ou seus representantes
e os indivíduos solidária ou subsidiariamente responsáveis pelo pagamento do imposto.
§ único. Os recursos por parte da Fazenda Nacional só podem ser
interpostos pelos secretários e delegados de fazenda, quando se recorra da primeira
instância para o Tribunal Administrativo e pelo Procurador da República que a
representa junto deste Tribunal quando o recurso seja para o Conselho do Ultramar.
Art. 35.º Nos processos de contencioso de que trata este diploma só serão
consideradas nulidades insupríveis;
Uma coisa é o domicílio e outra a residência, que pode ser mais do que
uma (artigos 43.º e 45.º do C. C.), e o decreto n.º 21942 manda atender à
residência para efeitos tributários. – (Ac. do S. T. Adm. no recurso n.º 8045,
no D. G. n.º 83, de 9-4-1943).
Art. 2.º Quando imposto ainda não estiver pago e o título for de
importância igual à do respectivo conhecimento, compete ao secretário ou delegado de
fazenda proceder ex oflício à anulação apondo no conhecimento a nota «anulado na sua
totalidade pelo título n.º…… do ano de …..», que datará e assinará juntamente com o
recebedor ou delegado de recebedor.
§ único. Os conhecimentos anulados nos termos deste artigo, juntos aos
títulos respectivos, documentarão a relação m/27 anexa no regulamento de 3 de Outubro
de 1901 que os secretários e delegados de fazenda organizarão, para os efeitos do
crédito a fazer ao exactor responsável, nos livros modelos 19 e 48 do mesmo
regulamento. Logo que recebido seja o serviço de contabilidade mensal na Direcção
Provincial de Fazenda, o respectivo director, verificando que a referida relação, está em
ordem e dela consta a indicação das sentenças, acórdãos ou deliberações que tiverem
determinado as anulações, apor-lhe-á o seu visto, ordenado que a mesma seja registada
no livro m/28 do regulamento citado.