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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTÁRIO II

DOCENTE: CAROL SALAZAR

ALUNOS: BRUNO ERICK SILVA MARTINS, GUILHERMINO JORDÃO BRAYNER


OLIVEIRA, JOÃO VICTOR FERREIRA LEAL, JACKSON VINÍCIUS
ALBUQUERQUE, MARIA BEATRIZ VASCONCELOS DE BARROS.

ATIVIDADE AVALIATIVA - FICHAS DOS IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA


MUNICIPAL

IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS

O Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis, conhecido como ITBI, é um tributo de


competência municipal que incide sobre a transferência da propriedade de bens imóveis.

Fato Gerador:
O fato gerador do ITBI é a transmissão da propriedade de um bem imóvel. Isso pode
ocorrer de diversas formas, como em casos de compra e venda, doações, permutas, heranças,
cessões de direitos e até mesmo em fusões de empresas quando envolvem imóveis. Esse
tributo é devido no momento da formalização do ato que gera a transferência, que pode ser
representado por um contrato, escritura pública ou outro instrumento legal.

Base de Cálculo:
A base de cálculo do ITBI varia conforme a legislação municipal. Geralmente, é
determinada com base no valor venal do imóvel, que é uma estimativa feita pela prefeitura do
valor pelo qual o imóvel seria negociado no mercado, ou no valor da transação, prevalecendo
o maior desses valores. É importante notar que alguns municípios podem ter regras
específicas para determinar a base de cálculo, como descontos para imóveis de interesse
social.
Alíquota:

As alíquotas do ITBI também são estabelecidas pelas prefeituras, podendo variar


amplamente entre diferentes municípios, geralmente na faixa de 2% a 6% do valor do imóvel.
Em casos de doações, permutas ou outras formas de transferência sem envolver pagamento,
algumas cidades podem adotar alíquotas menores ou isentar o imposto.

Responsabilidade pelo Pagamento:

Embora o comprador seja o responsável usual pelo pagamento do ITBI, as partes


envolvidas em uma transação imobiliária podem negociar quem arcará com esse custo. É
importante que essa negociação esteja bem documentada no contrato, pois a falta de
pagamento do ITBI pode gerar implicações legais, como a impossibilidade de registrar a
transferência de propriedade.

Isenções e Benefícios Fiscais:

Muitos municípios concedem isenções e benefícios fiscais relacionados ao ITBI,


especialmente para casos como a aquisição do primeiro imóvel ou transações envolvendo
programas habitacionais. Além disso, em algumas situações específicas, como heranças,
alguns municípios podem reduzir ou isentar o ITBI, desde que atendidas determinadas
condições estabelecidas pela legislação local.

Registro e Fiscalização:

A fiscalização do ITBI é de responsabilidade da prefeitura, que deve assegurar que


todas as transações imobiliárias sejam devidamente registradas e que o imposto
correspondente seja recolhido. A falta de pagamento do ITBI pode resultar em multas e juros,
além de impedir a regularização da propriedade perante o órgão competente.

Complexidade das Regras:

A complexidade das regras do ITBI pode ser acentuada pela diversidade de legislações
municipais. Cada município pode ter suas próprias normas e procedimentos, o que exige que
compradores, vendedores e seus representantes estejam atentos às particularidades locais para
garantir a conformidade fiscal em suas transações imobiliárias.
Portanto, o ITBI é um tributo de relevância no contexto da transferência de bens
imóveis, com nuances importantes que variam de acordo com a legislação de cada município,
tornando fundamental uma análise minuciosa das regras aplicáveis em cada situação.
Recomenda-se sempre contar com o apoio de profissionais especializados em direito
imobiliário e tributário para assegurar o correto cumprimento das obrigações relacionadas a
esse imposto.

IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE PREDIAL E TERRITORIAL URBANA (IPTU)

I. REGIME GERAL

O Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) é um tributo brasileiro que incide sobre
a propriedade de imóveis localizados em áreas urbanas, sejam eles residenciais, comerciais ou
industriais. Este imposto é uma importante fonte de receita para os municípios, sendo
utilizado para financiar serviços públicos, como a infraestrutura urbana, a educação, a saúde e
a segurança, que são fundamentais para o bem-estar da população local.

II. FATO GERADOR

O imposto predial e territorial urbano (IPTU) tem como base para sua incidência (fato
gerador) a propriedade, o domínio útil ou a posse de um bem imóvel localizado em uma zona
urbana municipal.
Conforme estabelecido no artigo 156, inciso I, da Constituição Federal de 1988, a
competência para criar impostos sobre a propriedade de imóveis urbanos recai sobre os
Municípios e o Distrito Federal. Isso implica que todo indivíduo que seja proprietário,
detentor do domínio útil ou possuidor com intenção de posse deverá cumprir com o
pagamento deste imposto municipal, o qual incide sobre a propriedade de imóveis localizados
em áreas urbanas. O critério para definir o que constitui uma área urbana está disposto no
artigo 32 do Código Tributário Nacional.
A delimitação da zona urbana é estabelecida por meio de legislação municipal.
Conforme o Código Tributário Nacional, no entanto, para que um determinado local seja
considerado como zona urbana, é necessário que contenha, no mínimo, dois dos seguintes
melhoramentos: (i) meio-fio ou calçamento, com sistema de canalização de águas pluviais;
(ii) fornecimento de água potável; (iii) sistema de esgotamento sanitário; (iv) rede de
iluminação pública; (v) existência de escola primária ou posto de saúde a uma distância
máxima de três quilômetros do imóvel em questão.
Dessa forma, uma região será considerada urbana de acordo com a legislação
municipal vigente, desde que apresente melhoramentos urbanos, tais como pavimentação,
fornecimento de água, e iluminação pública, entre outros. Para que um imóvel seja
classificado como urbano, é necessário que este contenha pelo menos dois dos cinco
melhoramentos mencionados no referido artigo, incluindo o seu parágrafo 1º. Além disso, o
imposto predial e territorial urbano (IPTU) também pode incidir sobre imóveis localizados em
áreas de expansão urbana, conforme previsto no parágrafo 2º do artigo 32 do CTN. Portanto,
mesmo que nenhum dos tipos de melhoramentos citados esteja presente nessas áreas de
expansão, o imposto poderá ser exigido do proprietário do imóvel.

III. CARACTERÍSTICAS

Regime Geral do IPTU: O IPTU é um imposto municipal, o que significa que sua
regulamentação e arrecadação são de responsabilidade das prefeituras municipais. Cada
município pode estabelecer suas próprias regras e alíquotas para o IPTU, dentro dos limites
estabelecidos pela Constituição Federal e pelas legislações estaduais. Geralmente, o imposto é
cobrado anualmente, podendo ser parcelado em várias prestações ao longo do ano.

Contribuinte do IPTU: O contribuinte do IPTU é o proprietário do imóvel. Mesmo que o imóvel


esteja alugado ou seja utilizado por terceiros, o proprietário é o responsável pelo pagamento do
imposto. Em casos de condomínios, cada unidade autônoma é considerada um imóvel separado
para fins de cálculo do IPTU, e cada proprietário deve pagar o imposto correspondente à sua
unidade.

Base de Cálculo do IPTU: A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel, ou seja, o valor
de mercado que ele teria em uma transação de compra e venda. Esse valor é determinado pela
prefeitura com base em critérios como a localização, o tamanho do terreno, a área construída e o
padrão do imóvel. Sobre o valor venal, aplica-se a alíquota estabelecida pelo município para
calcular o valor do imposto devido.

IPTU ITR
IMPOSTO SOBRE PROPRIEDADE IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE
PREDIAL E TERRITORIAL URBANA TERRITORIAL RURAL
IPTU: Incide sobre imóveis ITR: Incide sobre imóveis
OBJETO TRIBUTAÇÃO localizados em áreas rurais, ou seja,
urbanas, ou seja, em propriedades localizadas
cidades. em áreas rurais.

IPTU: É regulamentado ITR: É regulamentado


REGULAMENTAÇÃO pelos municípios, de pela União, de acordo com
acordo com a Constituição a Constituição Federal.
Federal e as leis estaduais.

IPTU: Baseia-se no valor ITR: Baseia-se na área do


BASE DE CÁLCULO venal do imóvel. terreno, no tipo de uso da
terra e em sua capacidade
produtiva

IPTU: O proprietário do ITR: O titular da


CONTRIBUINTE imóvel é o contribuinte. propriedade rural é o
contribuinte.

IPTU: Financiar serviços ITR: Contribui para a


públicos urbanos, como regulação do uso da terra e
FINALIDADE infraestrutura e serviços a preservação ambiental
municipais. em áreas rurais.

São dois impostos Ambos desempenham


diferentes que incidem papéis importantes na
sobre tipos distintos de arrecadação de recursos
propriedade (urbana e para os entes
SÍNTESE rural) e são governamentais e na
regulamentados por gestão do território,
esferas governamentais contribuindo para o
diferentes (municipal e desenvolvimento e a
federal, respectivamente). manutenção de áreas
urbanas e rurais.

IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS)

Os princípios constitucionais informadores do Imposto sobre Serviços (ISS) são


fundamentais para a compreensão e a aplicação desse tributo no contexto jurídico e
econômico de um país. O ISS é um imposto municipal previsto na Constituição Federal do
Brasil e incide sobre a prestação de serviços de diversas naturezas. Para guiar a sua instituição
e cobrança de forma justa e equitativa, a Constituição estabelece princípios que devem nortear
a sua aplicação.
Princípio da Igualdade: O princípio da igualdade assegura que todos os contribuintes que se
encontrem em situações equivalentes sejam tratados de forma igualitária perante a lei. No
contexto do ISS, isso significa que empresas que prestam serviços semelhantes devem ser
submetidas às mesmas regras tributárias, sem discriminações injustificadas.
Princípio da Não Cumulatividade: O ISS adota o regime de não cumulatividade, o que
significa que o imposto pago na etapa anterior da cadeia de serviços pode ser abatido do valor
a ser recolhido na etapa seguinte. Isso evita a tributação em cascata e promove a justiça fiscal.
Princípio da Seletividade: Embora esse princípio seja mais comumente associado ao
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), também pode ser aplicado ao ISS em certas
circunstâncias. Ele permite que o imposto seja utilizado como instrumento de política pública
para incentivar ou desestimular determinadas atividades ou setores, com alíquotas
diferenciadas.
Princípio da Anterioridade: O ISS deve ser instituído ou aumentado por meio de lei com
pelo menos 90 dias de antecedência em relação ao exercício financeiro em que passará a ser
cobrado. Esse princípio visa garantir a previsibilidade e a segurança jurídica aos contribuintes.
Princípio da Publicidade: Todos os atos relacionados à cobrança do ISS devem ser públicos e
transparentes, permitindo que os contribuintes tenham acesso às informações necessárias para
cumprir suas obrigações tributárias de forma adequada.
Princípio da autonomia: A Constituição Brasileira de 1988, em seu artigo 156, inciso III,
estabeleceu que cabe aos municípios a competência para instituir e arrecadar o ISS. Isso
significa que cada município brasileiro tem o direito de estabelecer suas próprias regras,
alíquotas e procedimentos para a cobrança do ISS, de acordo com suas necessidades e
peculiaridades econômicas.

PERFIL CONSTITUCIONAL DO ISS

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: (...)


III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei
complementar.
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei
complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.
Art. 155 – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...)
II – operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior.

CRITÉRIO MATERIAL – ISS (FATO GERADOR)

O fato gerador do ISS é a prestação de serviços de qualquer natureza, realizada por empresas
ou profissionais autônomos, no âmbito do município. Este aspecto material indica que o
imposto incide sobre a atividade de serviços em si, independentemente de sua forma, natureza
ou complexidade. Isso é um reflexo da ampla gama de serviços que podem ser tributados,
abrangendo desde serviços técnicos, profissionais e de consultoria até serviços mais
tradicionais, como os de limpeza e transporte.
O aspecto temporal do fato gerador se dá no momento em que o serviço é efetivamente
prestado. Isso significa que o ISS incide no exato instante em que a atividade de serviço é
executada, tornando-se devido na data do seu efetivo fornecimento. Essa característica
temporal é fundamental para determinar a ocorrência do fato gerador e, por consequência, a
obrigação tributária do contribuinte.

CONCEITO CONSTITUCIONAL DE SERVIÇO:

• Obrigação de fazer ( obrigação de dar) • Presença de um terceiro (tomador) • Conteúdo


econômico • Produzir uma utilidade (atividade meio atividade fim) • Ausência de
subordinação • Regime de direito privado

CRITÉRIO ESPACIAL – ISS: DUALIDADE DE CRITÉRIOS

Art. 12 Decreto-lei 406/68: “Considera-se local da prestação do serviço: a) o do


estabelecimento prestador ou, na falta de estabelecimento, o do domicílio do prestador”.
Exceções: construção civil e exploração de rodovias. Versus o Art. 3º LC 116/03: “O serviço
considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta
do estabelecimento, no local do domicílio do prestador (...)”. Exceções: incisos I a XXII.
“As duas Turmas que compõem a Primeira Seção desta Corte, na vigência do art. 12 do
Dec-lei nº 406/68, revogado pela LC nº 116/2003, pacificaram entendimento no sentido de
que a Municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a do local da prestação
dos serviços, onde efetivamente ocorre o fato gerador do imposto”. (REsp 112862/GO, Rel.
Min. Eliana Calmon, DJe 07.12.2009).

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03

“A competência para cobrança do ISS, sob a égide do DL 406/68 era o do local da prestação
do serviço (art. 12), o que foi alterado pela LC 116/2003, quando passou a competência para o
local da sede do prestador do serviço (art. 3º)”. (Primeira Seção, REsp 1.117.121/SP, rito do
art. 543-C do CPC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 29.10.2009).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO ENVOLVENDO MAIS DE UM MUNICÍPIO


LIMITES:
• Nos casos em que a substituição tributária é compulsória, o tomador do serviço deverá estar
localizado no mesmo Município em que o serviço for prestado;
• Nos casos em que a substituição tributária é uma faculdade do legislador ordinário, o
estabelecimento prestador (onde se der a prestação do serviço) e o tomador deverão estar
localizados no mesmo Município.

CRITÉRIO QUANTITATIVO – BASE DE CÁLCULO E APLICAÇÃO DAS ALÍQUOTAS

A base de cálculo do ISS é o valor total do serviço prestado. Ela serve como referência
para o cálculo do valor a ser pago ao município. No entanto, é importante mencionar que o
valor da base de cálculo pode ser reduzido em função de descontos ou deduções previstos na
legislação municipal, desde que respeitados os limites estabelecidos pela Constituição
Federal.
As alíquotas do ISS são determinadas pelo próprio município, observando o limite
máximo estabelecido pela Constituição. Isso proporciona uma certa autonomia aos entes
municipais para decidirem as taxas que consideram adequadas para sua realidade econômica.
Entretanto, a aplicação das alíquotas deve ser uniforme para serviços similares, evitando-se
tratamento discriminatório.
CRITÉRIO QUANTITATIVO – ALÍQUOTAS

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988


Art. 156. § 3º
Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:
I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas

● Em regra, é o preço do serviço. (receita auferida pelo prestador como contrapartida


pela prestação do serviço tributável)
Exceção: Art. 9º do Decreto-Lei nº 406/68. Sendo também o preço do serviço versus o
valor do contrato.

● Importante ressaltar que a base de cálculo do ISS não abrange: Valores referentes a
tributos exigidos por outros entes; Despesas e valores de terceiros; Meros reembolsos
de despesas, correções monetárias e juros; Descontos concedidos.

CONTRIBUINTE DO IMPOSTO ISS

O contribuinte do ISS é o prestador de serviços, ou seja, a pessoa física ou jurídica que


realiza a atividade tributada. Ele é responsável pelo recolhimento do imposto aos cofres
municipais e deve cumprir suas obrigações tributárias de acordo com a legislação local. O
contribuinte deve estar registrado na prefeitura do município onde exerce suas atividades,
obtendo assim o alvará de funcionamento necessário para operar legalmente.

COBRANÇA DO ISS

A cobrança do ISS é uma etapa crucial no ciclo de arrecadação. Geralmente, os


municípios estabelecem datas de vencimento para o pagamento do imposto, e os contribuintes
devem realizar a autolançamento, ou seja, calcular e declarar o valor devido. Em alguns casos,
há a retenção do ISS na fonte, onde o tomador do serviço é responsável por recolher o
imposto e repassá-lo ao município, o que simplifica o processo para o prestador de serviço.

DECISÕES JUDICIAIS RELEVANTES


● STJ JULGA ISS DE ANÁLISES CLÍNICAS (12/01/2015)
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que os laboratórios de análise clínica
devem recolher ISS ao município onde é feita a coleta do material a ser analisado. A decisão,
da 1ª Turma, é a primeira que trata do assunto na Corte e traz um precedente perigoso para o
setor. Grande parte dos laboratórios funciona com unidades de coleta e análise separadas e
costumam recolher o ISS sobre todos os serviços prestados somente no município onde há a
unidade de análise. O julgamento envolve o Laboratório de Análises Clínicas Gilson Cidrim,
que realiza, por exemplo, a coleta de sangue em 25 cidades e faz a análise de todo o material
em Recife (PE).

Contudo, no processo relativo ao laboratório, a maioria dos ministros entendeu que o


ISS é devido no município onde foi realizada a coleta. Segundo o voto do relator, ministro
Arnaldo Esteves Lima, "o ISS recai sobre a prestação de serviços de qualquer natureza
realizada de forma onerosa a terceiros. Se o contribuinte recolhe material do cliente em
unidade situada em determinado município e realiza a análise clínica em outro, o ISS é devido
ao primeiro município, em que é estabelecida a relação jurídico-tributária, e incide sobre a
totalidade do preço do serviço pago, não havendo falar em fracionamento, à míngua da
impossibilidade técnica de se dividir ou decompor o fato imponível.

CASO POTENZA LEASING

No presente caso, o evento que deu origem à ação executiva está relacionado ao
período em que a DL 406/68 estava em vigor. A própria sentença já atestou que a recorrente
tem sua sede na cidade de Osasco/SP, e não houve qualquer discussão sobre a existência de
fraude relacionada a essa localização. Portanto, o Município de Tubarão não possui
competência para exigir o ISS sobre as transações realizadas pela empresa Potenza Leasing
S.A. Arrendamento Mercantil. Em vista disso, é necessário acolher os Embargos do Devedor
e inverter os ônus sucumbenciais.

Da relação com o ICMS, em especial sobre o aspecto da bitributação e as soluções dadas para
eventuais controvérsias.

A bitributação ocorre quando uma pessoa física ou jurídica é cobrada pelo mesmo
tributo por dois entes públicos distintos, como a União, estados e municípios.
Conforme estabelecido na Constituição Federal, essa prática é considerada ilegal. No
entanto, a bitributação pode ocorrer, especialmente quando há discordância entre os diferentes
órgãos federativos responsáveis pela cobrança de tributos.
Por lei, apenas dois casos de bitributação são permitidos:
● Em situações de iminente guerra externa, permitindo que o governo federal institua
impostos extraordinários;
● Em casos de bitributação internacional, quando dois países cobram impostos idênticos
sobre uma mesma fonte de renda, como lucros, dividendos, royalties e outros.

Por que a bitributação ocorre?

Cada ente público tem a responsabilidade de cobrar tributos específicos, e essas


responsabilidades não podem se sobrepor nem ser delegadas. Em outras palavras, cada ente
público possui sua própria competência tributária, que se divide da seguinte maneira:
União:
● Tributação sobre operações de crédito, seguro, câmbio e títulos relacionados;
● Imposto sobre grandes fortunas (conforme previsto em lei complementar);
● Imposto sobre produtos industrializados;
● Tributação de importação e exportação;
● Imposto sobre propriedades rurais;
● Imposto sobre a renda e proventos.
Estados:
● Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias, prestação de serviços
de comunicação e transporte, mesmo quando iniciados no exterior;
● Imposto sobre transmissão de causa mortis e doações de bens e direitos;
● Imposto sobre a propriedade de veículos automotores.
Municípios:
● Imposto sobre a transmissão de bens imóveis "intervivos," seja por ato oneroso, por
natureza ou acessão física, bem como a cessão de direitos para aquisição desses bens,
excluindo direitos de garantia;
● Imposto sobre serviços que não se enquadram no artigo 155, inciso II, da Constituição,
de qualquer natureza;
● Imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana (IPTU).
Apesar dessa separação de competências, é possível que ocorram situações de
cobrança duplicada. Um exemplo ilustrativo é o IPTU, especialmente quando um imóvel se
encontra na fronteira entre dois municípios, gerando incertezas sobre qual deles deve ser
responsável pelo tributo.
O mesmo tipo de situação pode ocorrer quando não está claro se uma determinada área
é considerada rural ou urbana, o que pode resultar na cobrança de IPTU pelo município e de
Imposto Territorial Urbano (ITR) pela União.

Qual o contribuinte afetado pela bitributação e como resolver esse problema?

Em geral, as pessoas jurídicas (PJ) têm uma maior probabilidade de enfrentar situações
de bitributação em comparação com as pessoas físicas (PF). Dois exemplos de tributos que
podem ser cobrados duas vezes para um mesmo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ)
são o ISS (Imposto sobre Serviço) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação).
O ISS é um tributo municipal que incide sobre empresas que prestam serviços. A
bitributação ocorre quando duas prefeituras divergem sobre qual delas deve receber o
imposto. Isso é mais comum quando uma empresa possui sua sede registrada em uma cidade,
mas suas atividades de prestação de serviços ocorrem em outra. Naturalmente, o ISS é
cobrado pela prefeitura onde o CNPJ foi registrado, conforme a Lei Complementar 116/03.
No entanto, o órgão fiscalizador da cidade onde a empresa efetivamente presta os serviços
também pode exigir o pagamento do ISS.
No caso do ICMS, a bitributação acontece quando a empresa precisa pagar o imposto
tanto no estado onde está localizada sua sede como no estado de destino da mercadoria. O
planejamento tributário, também conhecido como elisão fiscal, consiste em um conjunto de
análises, medidas e estratégias destinadas a identificar meios legais de minimizar a carga
tributária de uma empresa. É altamente recomendável que seja elaborado por profissionais
contábeis, pois esse planejamento contribui para uma compreensão mais clara das obrigações
fiscais que a empresa deve cumprir, ao mesmo tempo que ajuda a evitar a bitributação.
REFERÊNCIAS:

AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 23. ed. São Paulo : Saraiva Educação,
2019.

MOTA, Douglas; TOSCHI, Caio. IPTU: entenda como funciona e como é calculado pelos
municípios.Jota Info, 2021. Disponível em:
https://www.jota.info/tributos-e-empresas/tributario/iptu-entenda-como-funciona-e-como-e-ca
lculado-por-municipios-13052021 Acesso em: 16/09/2023.

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