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Ampliação das Receitas

Municipais
Receitas Próprias e Transferidas

1
Módulo

Orçamento e Finanças
Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Equipe:
Flávio Martins Alves, (Conteudista, 2021).
Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2021
Fundação Escola Nacional de Administração Pública
Diretoria de Desenvolvimento Profissional
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF
Sumário
Unidade 1 - Quais são as principais receitas próprias municipais?.................... 6
1.1 As receitas próprias municipais................................................................................. 6
1.2 IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano............................................................. 7
1.3 ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis............................................ 9
1.4 ISS - Imposto Sobre Serviços...................................................................................... 9
1.5 Taxas municipais....................................................................................................... 12

Unidade 2 - Quais são as principais receitas transferidas aos municípios?.... 14


2.1 Como receitas de transferências para municípios................................................ 14
2.2 FPM – Fundo de Participação dos Municípios........................................................ 16
2.3 ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.............................. 18
2.4 Importância do acompanhamento dos indicadores que limitam a transferência
dos demais entes da Federação ................................................................................... 19

Referências bibliográficas..................................................................................... 24

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Olá!

Desejamos boas-vindas ao Módulo 1 do curso: Ampliação das receitas municipais.

Neste módulo 1: Receitas Próprias Transferidas, abordaremos os seguintes pontos:

Unidade 1: Quais são as principais receitas próprias municipais?


1.1. Como receitas próprias municipais.
1.2. IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano.
1.3. ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis.
1.4. ISS - Imposto Sobre Serviços.
1.5. Taxas municipais.

Unidade 2: Quais são as principais receitas transferidas aos municípios?


2.1. Receitas de transferências para municípios.
2.2. FPM - Fundo de Participação dos Municípios.
2.3. ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
2.4. Importância do acompanhamento dos indicadores que limitam o download dos
demais entes da Federação.
2.4.1. Principais indicadores para acompanhamento pelo(a) prefeito(a).

Desejamos um excelente estudo!

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Módulo

1 Receitas Próprias e Transferidas

Unidade 1 - Quais são as principais receitas próprias


municipais?

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer quais são as receitas de
competência municipal.

1.1 As receitas próprias municipais


É importante você saber que a Constituição Federal - CF, de 1988, concedeu aos
municípios a competência exclusiva em relação a alguns a impostos. Segundo o
artigo 156 da CF, cabe aos municípios instituir impostos sobre a propriedade predial
e territorial urbana, a transmissão entre vivos, e sobre os serviços de qualquer
natureza.

Ademais, cabe destacar que, além dos impostos supracitados, o município dispõe
ainda de vários tributos como taxas e contribuições de melhorias.

Veja sobre a vedação estipulada à União, aos estados, ao Distrito Federal e


aos municípios a seguir, contidas no Código Tributário Nacional (Lei 5.172 de
1966):

Art. 9º É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios:

I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado,


quanto à majoração, o artigo nos artigos 21, 26 e 65;

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II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base na lei posterior
aos dados iniciais do exercício financeiro a que corresponda;

III - estabelecer regras ao tráfego, no território nacional, de pessoas ou


produtos, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais;

IV - cobrar imposto sobre:

a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;


b) templos de qualquer culto;
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos;
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e
livros.

§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a fim, por lei, às entidades nele


referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba
reter na fonte, e não as dispensas da prática de atos, referidas em lei,
assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros.

§ 2º O disposto na alínea a do inciso IV aplica-se, exclusivamente, aos


serviços próprios das pessoas jurídicas de direito público a que se refere
este artigo, e inerentes aos seus objetivos.

Art. 10. É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em
todo o território nacional, ou que importa uma distinção ou preferência
em favor de determinado Estado ou município.

Art. 11. É vedado aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios


estabelecer diferença tributária entre bens de qualquer natureza, em
razão da sua procedência ou do seu destino.

1.2 IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano


É importante você saber que o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbano é um tributo que incide sobre imóveis construídos, bem como sobre os
terrenos incluídos na zona ou extensão urbana e sua base de cálculo é o valor venal
do imóvel.

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Tal imposto, é muito importante para as finanças municipais, pois é de competência
exclusiva do município, conforme artigo 156 da CF/88 e possibilita ao(à) prefeito(a) a
utilização dos recursos sem quaisquer divisões com os demais entes da Federação.

O CTN - Código Tributário Nacional, detalha as características do IPTU e,


como se extrai do artigo 32, o imposto, competência dos municípios, sobre a
propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade,
o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acesso física,
como definido na lei civil, localizado na zona urbana do município.

Observe que o artigo 32 cita que:

§ 1º para os efeitos deste imposto. Entende-se como zona urbana a


definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de
melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) seguintes, construídos
ou lições pelo Poder Público:

I - Meio-fio ou calçamento. Com Canalização de Águas pluviais;


II - Abastecimento de água;
III - Sistema de esgotos sanitários;
IV - Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para
distribuição domiciliar;
V - Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3
(três) milhas do imóvel considerado.

§ 2º a lei municipal pode considerar urbanas como áreas urbanizáveis,


ou de expansão urbana, constantes de loteamentos pelos órgãos
competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio,
mesmo que necessário para as zonas definidas nos termos do parágrafo
anterior.

Já o artigo 33 cita que:

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Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.

Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o


valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário,
no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento
ou comodidade.

Por fim, o artigo 34 salienta que:

Art. 34. O contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular


do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

1.3 ITBI - Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis


Observe que o ITBI é um imposto de competência municipal que tem como fator
gerador a transmissão inter vivos a qualquer título por ato oneroso. A Constituição
Federal de 1988, no seu artigo 156, asseverou que cabe ao município, definir em lei
própria: a base de cálculo, a alíquota, o sujeito passivo, a solidariedade e os critérios
de isenção, respeitando ainda a imunidade eventual.

Segundo Harada (2016), para fins de cálculo do ITBI deve ser utilizado o valor venal,
sendo este o preço que seria alcançado em uma operação de compra e venda à
vista, em condições normais de mercado imobiliário, admitindo-se a diferença de
até 10% para mais ou para menos.

1.4 ISS - Imposto Sobre Serviços


Verifique que os impostos municipais são indispensáveis para o equilíbrio financeiro
da Prefeitura e, neste segmento dos tributos, o mais promissor é o ISS.

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Gráfico: Arrecadação total do ISS dos municípios brasileiros

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil / Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, 2021.

Como se verifica no gráfico publicado no Anuário Multi Cidades da FNP, a arrecadação


do Imposto Sobre Serviços apresentou uma recuperação importante logo após uma
crise grave enfrentada pelas cidades brasileiras entre 2015 e 2017.

Segundo o artigo 1º da Lei Complementar 116/2003, o Imposto Sobre Serviços de


Qualquer Natureza é de competência dos municípios e do Distrito Federal e tem
como fato gerador prestação de serviços, ainda que esses não se constituam como
atividade preponderante do prestador.

Cabe destacar ainda, que a LC 157/2016, efetuou importantes mudanças no ISS,


das quais realizadas no art. 3º, o qual determinou que o serviço se considera
prestado e o imposto devido, no local do estabelecimento prestador ou na falta do
estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas
nos incisos I a XXV, quando o imposto devido no local.

Tal alteração, contudo, carece ainda de exame final pelo Supremo Tribunal Federal -
STF, uma vez que o ministro Alexandre de Moraes, concedeu liminar na Ação Direta
de Inconstitucionalidade 5.835.

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Com a aludida liminar, os efeitos desse artigo no que tange as arrecadações de ISS
nos planos de saúde e nas atividades financeiras, que seriam repartidas entre todos
os municípios, seguem inalteradas.

Segundo o ministro, estão presentes os requisitos para o concessão de liminar diante


da dificuldade na aplicação da nova legislação em função da afronta ao princípio
constitucional da segurança jurídica.

Quanto ao volume de recursos, segundo a Confederação Nacional dos Municípios -


CNM, 40 municípios brasileiros concentram 65% de todo o ISS nacional e, em 2019,
R$ 10 bilhões extraídos de ser redistribuídos aos demais municípios brasileiros.

A Frente Nacional de Prefeitos - FNP e a Confederação Nacional de Municípios


- CNM, com a colaboração da Associação Brasileira das Secretarias de
Finanças dos Capitais - Abrasf, elaboraram um substitutivo ao Projeto de Lei
Complementar - PLP 461/2017, com o objetivo de aprimorá-lo e de solucionar
as questões que levaram ao deferimento da liminar pelo STF.

O substitutivo define que o ISS devido pelos planos de saúde, serviços


financeiros, tais como cartões de crédito e de débito, factoring, leasing,
agenciamento de franquias e administração de consórcios será apurado e
declarado por intermédio de um sistema eletrônico, com arquivo eletrônico
de padrão unificado. No projeto original, havia a previsão apenas do sistema
e não do arquivo.

O substitutivo também detalha a forma de transmissão desses arquivos, as


responsabilidades e os prazos para os declarantes perante o fisco municipal,
altera a composição e amplia como atribuições do Comitê Gestor das
Obrigações Acessórias - CGOA, e estabelece um sistema de transição de
quatro anos para os serviços de administração de cartão de crédito ou débito e
congêneres e leasing, período no qual a arrecadação sobre tais atividades será
paulatinamente repassada para o município do local do domicílio do tomador
dos serviços.

E ainda, o mais importante, insere um capítulo com definições que caracterizam


os tomadores de serviços de cada uma das atividades abordadas pelo PLP 461.

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente


Nacional de Prefeitos. V16, 2021.

Caso queira se aprofundar na temática, a Lei Complementar nº 157, de 29 de


dezembro de 2016: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp157.htm

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Assista ao vídeo que trata sobre o Imposto Sobre Serviços – ISS: o
imposto mais promissor para as Prefeituras - Dr. Alberto Macedo.

Vídeo - ISS: o imposto mais promissor para as Prefeituras

Fonte: Macedo (2021).

Duração: 8min43.

1.5 Taxas municipais


Observe que as taxas municipais são tributos que incidem sobre um fato gerador
e que são aplicados em contrapartida a esse fato gerador, assim como as taxas
são pagas pela contribuição em razão de um serviço público que lhe é prestado ou
posto à sua disposição.

Segundo Sabbag (2017), o fato gerador da taxa é o exercício regular do poder de


polícia ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível,
prestado ou disponibilizado ao contribuinte.

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Quais são as principais diferenças entre a taxa e a tarifa?

Como taxas, são valores arrecadados pelos entes Federados. Já a tarifa, é


a receita de empresa privada, inclusive, sujeita a tributação. Taxa é uma
modalidade de tributo, enquanto a tarifa, não está sujeita ao arcabouço
tributário que regulamenta os tributos, razão pela qual os dois últimos podem
ser reajustados a qualquer tempo independente de lei, e, ainda, geralmente
fixados contratualmente. A taxa é compulsória, já a tarifa, caracteriza-se pela
voluntariedade do usuário.

Para outras dúvidas, acesse: https://www.cnm.org.br/areastecnicas/


perguntas_e_respostas/financas

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Unidade 2 - Quais são as principais receitas transferidas
aos municípios?

Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer quais são as principais
receitas transferidas pelos entes federal e estadual aos municípios.

2.1 Como receitas de transferências para municípios


Veja que além das receitas próprias municipais como o IPTU, o ISS ou o ITBI, as
receitas que são transferidas pela União e pelo Estado são de extrema importância
para a Gestão Fiscal do Município.

Neste sentido, segundo Bezerra Filho (2013), transferências correntes são recursos
recebidos de outros entes/entidades, referentes a recursos pertencentes ao ente/
entidade recebedora ou ao ente/entidade transferidora, efetivado mediante
condições preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o
objetivo seja a aplicação em despesas correntes: transferências constitucionais e
legais, convênios.

Veja que a Constituição Federal de 1988, define os artigos 158 e 159 quais são
as receitas de transferências correntes.

Art. 158. Pertencem aos municípios:

I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e


proventos de qualquer natureza, incidente na fonte sobre rendimentos
pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações
que instituírem e mantiverem;

II - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União


sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles

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situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se refere o
art. 153, §4º, III;

III - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do


estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em
seus territórios;

IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do


estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação.

Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos municípios,


mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes
critérios:

I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas


operações relativas à circulação de mercadorias e nas prestações de
serviços, realizadas em seus territórios;

II - até um quarto, de acordo com o dispuser lei estadual ou, no caso dos
territórios, lei federal.

Art. 159. A União entregará:

I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de


qualquer natureza e sobre produtos industrializados, 49% (quarenta e
nove por cento), na seguinte forma:

b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação


dos Municípios;

c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao


setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através
de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os
planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido
do Nordeste a metade dos recursos disponíveis à região, na forma que
a lei estabelecer;

d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será


entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;

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e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será
entregue no primeiro decêndio do mês de julho de cada ano;

O(a) prefeito(a) tem nessa classe de receitas (subgrupo das receitas correntes),
boas possibilidades de avaliação para a tomada de decisões futuras. Na sua cidade,
(provavelmente) as duas principais transferências são: o FPM - Fundo de Participação
dos Municípios, e/ou o ICMS - Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços.

2.2 FPM – Fundo de Participação dos Municípios


Veja que o FPM está previsto no artigo 159 da Constituição Federal de 1988, e obriga
a União a repassar 22,5% de sua arrecadação anual para os municípios, sendo que
este repasse é efetuado pelo Banco do Brasil e ocorre nos dias 10, 20 e 30 de cada
mês, sendo antecipado caso tais datas sejam feriados.

Segundo dados da CNM - Confederação Nacional dos Municípios, aproximadamente


60% dos municípios brasileiros têm elevado grau de dependência do FPM - Fundo de
Participação dos Municípios. E, assim, quaisquer mudanças no cenário econômico
nacional podem provocar graves crises na gestão municipal.

Quadro: Participação do FPM na receita corrente por faixa populacional, 2018.

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, 2021.

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Quanto ao efetivo do repasse, as regras que definiram o valor do Fundo foram
acreditados no Decreto-lei 1.881/1981, o qual segmentou os coeficientes de
distribuição dos recursos de acordo com as faixas populacionais.

Quadro: Coeficientes para a distribuição do FPM-Interior

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, 2021.

Os(as) prefeitos(as) podem acompanhar as transferências da União e dos


estados através do site do Banco do Brasil: https://www.bb.com.br/pbb/
pagina-inicial/setor-publico/governo-municipal/gestao/gestao-de-recursos/
transferencias-constitucionais#/

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2.3 ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
Perceba que o ICMS – Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e sobre a Prestação
de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação é um
imposto estadual que costuma ser a principal receita transferida dos Estados aos
municípios de médio e grande porte.

O ICMS está previsto na Constituição Federal de 1988, no artigo 155, onde consta
que compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre (II) operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte
interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior.

No artigo 158, a Carta Magna determina que direitos aos municípios, (IV) -
vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do estado sobre
operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação .

Já no parágrafo único deste artigo, é indicado que as parcelas de receita


pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas
conforme os seguintes critérios:

I - três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas


operações relativas à circulação de produtos e nas prestações de
serviços realizados em seus territórios;

II - até um quarto, de acordo com o dispuser lei estadual ou no


caso dos territórios, lei federal.

Como se verifica, os critérios de distribuição do ICMS privilegiam municípios com


economia preponderantemente industrial, onde o Valor adicionado Fiscal produzido
acaba sendo elevado devido ao volume de circulação que costuma ocorrer nos
processos de fabricação.

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2.4 Importância do acompanhamento dos indicadores que
limitam a transferência dos demais entes da Federação
Ainda existem muitas cidades dependentes das transferências da União e do estado,
sendo extremamente necessário ao(à) gestor(a) reduzir o grau de dependência das
transferências de recursos dos entes.

É fato que tanto o ICMS quanto o FPM são transferências decisivas no equilíbrio fiscal
das cidades e, no que tange ao ICMS, cabe informar ao(à) prefeito(a) que diversos
governos estaduais efetuaram retenções indevidas nos repasses dessa importante
receita transferida durante a última década e colocaram os municípios em situação
de total desamparo.

Tal era o quadro de dificuldades decorrentes das retenções indevidas do ICMS,


que foi elaborado a Proposta de Emenda à Constituição - PEC 10/2019, visando
interromper esta prática provocada pelos estados contra os municípios.

A aludida PEC determinava que em caso de repasses pela parte dos estados, a
União Deveria reter no FPE - Fundo de Participação dos Estados, e depositar os
valores correspondentes aos municípios afetados.

Para saber mais, acesse: https://www12.senado.leg.br/noticias/


materias/2019/10/30/estado-que-nao-repassar-recursos-a-municipios-pode-
ficar-sem-fpe-aprova-ccj

2.4.1 Principais indicadores para acompanhamento pelo(a) prefeito(a)

Verifique que as diversas receitas transferidas pela União e pelo Estado, tem o fator
populacional como o critério principal para a formação do índice que determinará o
volume de transferências que são realizadas mensalmente.

Cabe destacar que, quanto menor para o município, maior é o peso da arrecadação
do FPM no Tesouro Municipal, e que o valor per capita chega a ser até sete vezes
maior em municípios com até 20 mil habitantes, quando comparados com as cidades
com mais de 500 mil moradores.

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Gráfico: Participação do FPM na receita corrente por região, 2018.

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, 2021.

Como se verifica no quadro acima, para boa parte das regiões, especialmente para
aqueles municípios de até 160 mil habitantes, o FPM - Fundo de Participação dos
Municípios, é a transferência que carrega de forma mais ampla o fator populacional
como critério principal para transferência de recursos da União ao município.

Diante desse cenário, prefeito(as) após tomarem posse, devem (como um dos
primeiros atos da gestão), buscar conhecer a realidade financeira e orçamentária
da Prefeitura, sem deixar de lado os dados demográficos.

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Agora, assista ao vídeo sobre o Fundo de Participação dos Municípios – FPM – Dr.
Kleber Castro.

Vídeo - Fundo de Participação dos Municípios – FPM

Fonte: Castro (2021).

Duração: 3min56.

FPM em 2019: Em 3 de janeiro de 2019, a Lei Complementar - LC nº 165, que


altera a LC nº 91/1997, foi sancionada pela Presidência da República com o
objetivo de anular todas as quedas dos coeficientes de participação causadas
pela aplicação das estimativas populacionais para a distribuição do FPM de
2019, estipulada pela Lei nº 5.172/1966, pela Lei Complementar nº 59/1988
e pelo Decreto-lei nº 1.881/1981. A Lei Complementar nº 165/2019, abrange
somente os municípios do FPM-Interior. No total, 132 cidades de 17 estados
que tiveram a população diminuída de 2017 para 2018, pelas vias do IBGE,
ficam com seus coeficientes de participação no FPM congelados até que haja

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novo censo demográfico.

De acordo com um estudo elaborado pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas


da Consultoria Legislativa, 0,39% de todo o FPM-Interior de 2019, será
redistribuído entre prefeituras do interior dos 17 estados afetados, o que
equivale a um volume de R$ 236,1 milhão com base no valor estimado para o
montante do FPM no Orçamento Geral da União (Lei nº 13.808/2019). De fato,
as 132 necessidades suas cotas-partes preservadas, distribuindo-se o ônus ao
longo do ano entre os municípios interioranos dos estados atingidos, pois a
divisão do FPM por estas unidades federativas, está fixada desde 1992.

Esse congelamento, a exemplo de outros que já ocorreram, deve-se ao acúmulo


de municípios cujo número de habitantes está muito próximo dos limites de
cada faixa populacional, como aponta um estudo de Leonardo Monastério,
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - Ipea. Na medida em que uma
pequena alteração na quantidade de moradores pode causar uma mudança
brusca nos valores a receber de FPM, os municípios que se encontram nos
limites entre as faixas populacionais sentem-se premidos a não descerem para
uma outra menor ou a subirem o quanto antes para a seguinte. E, para isso,
utilizam-se de ações judiciais.

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente


Nacional de Prefeitos. V16, 2021.

Verifique ainda, a seguinte informação:

Quanto a forma de distribuição, o FPM é dividido em três categorias, a


primeira delas é o denominado FPM-Interior, o qual é distribuído para todos
os municípios, com exceção das capitais, e de acordo com o critério de taxa
exclusivamente pelo número de habitantes.

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Quadro: Divisões do FPM e seus critérios de distribuição

Fonte: Multi Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil/Publicação da Frente Nacional de Prefeitos.
V16, 2021.

A segunda forma possível é o FPM-Capitais, o qual abrange apenas as capitais


e considera, além da população, o inverso da renda per capita estadual para
seu rateio. O terceiro e último, é o FPM-Reserva, que alcança as cidades do
interior com mais de 142.632 moradores e possui os mesmos critérios do FPM-
Capitais.

Segundo dados da FNP, em 2018, participaram do FPM-Reserva 174 municípios.


O FPM-Interior, é composto por 86,4% de todo o Fundo, enquanto o FPM-
Capitais, conta com 10% e o FPM-Reserva, com 3,6%.

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Referências bibliográficas
• BEZERRA FILHO, João Eudes. Orçamento contratual ao setor público.
2. ed. São Paulo: Atlas, 2013.

• BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em


5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 22 ago. 2021.

• BRASIL. Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. Disponível em: http://


www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp116.htm. Acesso em: 22 ago. 2021.

• BRASIL. Lei Complementar nº 157, de 29 de dezembro de 2016.


Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp157.htm.
Acesso em: 22 ago. 2021.

• BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Institui o Código


Tributário Nacional, Brasília, DF. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 22 ago.2021.

• BRASIL. Projeto de Lei Complementar nº 461, de 2017. Altera a Lei


Complementar do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza,
Brasília, DF. Disponível em: https://www25.senado.leg.br/web/atividade/
materias/-/materia/131643. Acesso em: 30 set. 2021.

• CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. CNM, c2021. Página Finanças.


Disponível em: https://www.cnm.org.br/areastecnicas/perguntas_e_respostas/
financas. Acesso em: 22 ago. 2021.

• FRANÇA, Pedro. Estado que não repassar recursos a municípios pode


ficar sem FPE, aprova CCJ. Agência Senado, 2019. Disponível em: https://
www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/10/30/estado-que-nao-
repassar-recursos-a-municipios-pode-ficar-sem-fpe-aprova-ccj. Acesso
em: 22 ago. 2021.

• HARADA, Kiyoshi. ITBI - doutrina e prática. 2. ed. ver. atual. e ampl. São
Paulo: Atlas, 2016.

• MULTI Cidades - Finanças dos Municípios do Brasil. Publicação da


Frente Nacional de Prefeitos. v. 16. 2021. Vitória, ES: Aequus Consultoria,
2021. Disponível em: http://aequus.com.br/anuarios/multicidades_2020.
pdf. Acesso em: 30 set. 2021.

• SABBAG, Eduardo. Manual de direito tributário. 9. ed. São Paulo:


Saraiva, 2017.

Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 24

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