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Coletânea da Jurisprudência

ACÓRDÃO DO TRIBUNAL GERAL (Sexta Secção)

27 de setembro de 2012 *

«Concorrência — Acordos, decisões e práticas concertadas — Mercado neerlandês do betume


rodoviário — Decisão que declara uma infração ao artigo 81.o CE — Imputabilidade do
comportamento ilícito — Direitos de defesa — Efeitos de um acórdão de anulação em relação
a terceiros»

No processo T-361/06,

Ballast Nedam NV, com sede em Nieuwegein (Países Baixos), representada inicialmente por A.
Bosman e J. van de Hel e, em seguida, por Bosman e E. Oude Elferink, advogados,

recorrente,

contra

Comissão Europeia, representada por A. Bouquet, A. Nijenhuis e F. Ronkes Agerbeek, na qualidade de


agentes, assistidos inicialmente por F. Wijckmans, F. Tuytschaever e L. Gyselen e, em seguida, por F.
Wijckmans e F. Tuytschaever, advogados,

recorrida,

que tem por objeto, a título principal, um pedido de anulação da Decisão C (2006) 4090 final da
Comissão, de 13 de setembro de 2006, relativa a um procedimento nos termos do artigo 81.o [CE]
[Processo COMP/F/38.456 — Betume (Países Baixos)], na parte relativa à recorrente e, a título
subsidiário, por um lado, um pedido de anulação parcial da referida decisão na parte em que esta fixa
a duração da infração no que lhe diz respeito e, por outro lado, um pedido de redução do montante da
coima que lhe foi aplicada,

O TRIBUNAL GERAL (Sexta Secção),

composto por: M. Jaeger, presidente, N. Wahl e S. Soldevila Fragoso (relator), juízes,

secretário: J. Plingers, administrador,

vistos os autos e após a audiência de 30 de junho de 2011,

profere o presente

* Língua do processo: neerlandês.

PT
ECLI:EU:T:2012:491 1
ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

Acórdão

Factos na origem do litígio

1 A recorrente, Ballast Nedam NV, dirige o grupo Ballast Nedam, que opera no setor da construção nos
Países Baixos. Em 1995, o grupo adquiriu as sociedades de construção rodoviária Eemsmond
Wegenbouw BV e Bruil Infrastructuur BV, tornando-se assim um ator importante do setor da
construção rodoviária nos Países Baixos, centralizando as suas atividades na Ballast Nedam Grond en
Wegen BV (a seguir «BNGW»), filial detida a 100% pela Ballast Nedam Infra BV (a seguir «BN
Infra»), ela própria detida a 100% pela recorrente. A partir de 1 de outubro de 2000, as atividades de
construção rodoviária do grupo foram exercidas diretamente pela BN Infra. Desde 14 de fevereiro de
2003, a Ballast Nedam Nederland BV é a sociedade intermediária entre a recorrente e a BN Infra.

2 Por carta de 20 de junho de 2002, a British Petroleum informou a Comissão das Comunidades
Europeias da existência de um possível cartel no mercado do betume rodoviário nos Países Baixos e
apresentou um pedido com vista a obter imunidade em matéria de coimas, nos termos da
comunicação da Comissão relativa à imunidade em matéria de coimas, e à redução do seu montante
nos processos relativos a cartéis (JO 2002 C 45, p. 3).

3 Em 1 e 2 de outubro de 2002, a Comissão procedeu a inspeções inopinadas nas instalações de


determinadas sociedades. A Comissão enviou pedidos de informações a várias sociedades, entre as
quais a BN Infra, em 4 de julho de 2003, pedido esse a que esta respondeu em 12 de setembro de
2003. Em 10 de fevereiro de 2004, a Comissão enviou um pedido de informações à recorrente, ao qual
esta respondeu em 9 de março de 2004.

4 Em 18 de outubro de 2004, a Comissão desencadeou o processo administrativo e aprovou uma


comunicação de acusações, que foi enviada no dia seguinte a várias sociedades, entre as quais a
recorrente e a BN Infra, à qual a recorrente respondeu em 20 de maio de 2005.

5 Em 13 de setembro de 2006, a Comissão adotou a decisão C (2006) 4090 final, relativa a um


procedimento nos termos do artigo 81.o [CE] [Processo COMP/F/38.456 — Betume (Países Baixos)] (a
seguir «decisão impugnada»), de que foi publicado um resumo no Jornal Oficial da União Europeia de
28 de julho de 2007 (JO L 196, p. 40) e que foi notificada à recorrente em 25 de setembro de 2006.

6 Na decisão impugnada, a Comissão referiu que as sociedades destinatárias da decisão tinham


participado numa infração única e continuada ao artigo 81.o, n.o 1, CE, que consistiu na fixação
conjunta e regular, durante os períodos em causa e para a venda e a compra de betume rodoviário
nos Países Baixos, do preço bruto, de um desconto uniforme sobre o preço bruto para os construtores
rodoviários que participaram no cartel e de um desconto máximo reduzido sobre o preço bruto para os
outros construtores rodoviários.

7 A recorrente foi considerada culpada desta infração relativamente ao período compreendido entre
21 de junho de 1996 e 15 de abril de 2002, tal como a sua filial BN Infra. Com efeito, a Comissão
presumiu que, durante aquele período, a recorrente tinha exercido uma influência determinante sobre
as suas filiais BN Infra e BNGW. Foi aplicada solidariamente à recorrente e à BN Infra uma coima de
4,65 milhões de euros.

Tramitação processual e pedidos das partes

8 Por petição apresentada na Secretaria do Tribunal Geral em 5 de dezembro de 2006, a recorrente


interpôs o presente recurso.

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BALLAST NEDAM / COMISSÃO

9 Com base no relatório do juiz-relator, o Tribunal Geral (Sexta Secção) decidiu dar início à fase oral e,
no âmbito das medidas de organização do processo previstas no artigo 64.o do seu Regulamento de
Processo, colocou questões escritas às partes. As partes responderam a estas questões no prazo fixado.

10 As partes foram ouvidas nas suas alegações e nas suas respostas às questões orais colocadas pelo
Tribunal Geral na audiência de 30 de junho de 2011.

11 Uma vez que um dos membros da Sexta Secção ficou impedido, o presidente do Tribunal Geral
designou-se a si próprio, em aplicação do artigo 32.o, n.o 3, do Regulamento de Processo do Tribunal
Geral, para completar a Secção.

12 Por despacho de 18 de novembro de 2011, o Tribunal Geral (Sexta Secção), na sua nova composição,
reabriu a fase oral do processo e as partes foram informadas de que seriam ouvidas por ocasião de
nova audiência.

13 Por cartas, respetivamente, de 25 e de 28 de novembro de 2011, a Comissão e a recorrente informaram


o Tribunal Geral de que renunciavam a ser novamente ouvidas.

14 Consequentemente, o presidente do Tribunal decidiu encerrar a fase oral do processo.

15 A recorrente conclui pedindo que o Tribunal se digne:

— a título principal, anular a decisão impugnada na parte que se lhe aplica;

— a título subsidiário, anular parcialmente a decisão impugnada na parte que lhe diz respeito e que
fixa a duração da infração, e reduzir o montante da coima que lhe foi aplicada;

— condenar a Comissão nas despesas.

16 A Comissão conclui pedindo que o Tribunal se digne:

— julgar o recurso improcedente;

— condenar a recorrente nas despesas.

Questão de direito

17 Em apoio dos seus pedidos, a recorrente apresenta dois fundamentos, o primeiro, relativo a erros
manifestos de apreciação e de direito na imputação à recorrente da responsabilidade pela infração
cometida pela BN Infra e pela BNGW e, o segundo, relativo a uma violação do artigo 27.o, n.o 1, do
Regulamento (CE) n.o 1/2003 do Conselho, de 16 de dezembro de 2002, relativo à execução das regras
de concorrência estabelecidas nos artigos 81.° [CE] e 82.° [CE] (JO 2003, L 1, p. 1) e dos direitos de
defesa, uma vez que a Comissão não referiu na comunicação de acusações que considerava a
recorrente responsável.

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

Quanto ao primeiro fundamento, relativo aos erros de direito e aos erros manifestos de apreciação na
imputação à recorrente da responsabilidade pela infração cometida pela BN Infra e pela BNGW

Quanto ao erro de direito relativo à tomada em consideração apenas do vínculo de capital na presunção
do exercício de uma influência determinante pela sociedade-mãe na política comercial das suas filiais

¾ Argumentos das partes

18 A recorrente considera que a Comissão violou o artigo 81.o CE ao imputar-lhe a responsabilidade pela
infração cometida pela BN Infra e pela BNGW com base apenas no facto de a recorrente ser detentora
de 100% do capital destas sociedades. O juiz da União considerou claramente que a detenção da
totalidade do capital de uma filial não permite, por si só, demonstrar a existência de um controlo por
parte da sociedade-mãe sobre a sua filial (acórdão do Tribunal de Justiça, de 16 de novembro de 2000,
Stora Kopparbergs Bergslags/Comissão, C-286/98 P, Colet., p. I-9925, n.o 28, e acórdão do Tribunal
Geral de 15 de setembro de 2005, DaimlerChrysler/Comissão, T-325/01, Colet., p. II-3319, n.os 218
e 219).

19 No caso em apreço, a recorrente não participou nos acordos colusórios, de forma direta ou indireta,
nunca se apresentou como interlocutor da BN Infra ou da BNGW durante o procedimento
administrativo e alegou expressamente, na sua resposta à comunicação de acusações, que a BN Infra
dispunha de verdadeira autonomia. Assim, a BN Infra e a BNGW definiram a sua política comercial
sem a intervenção da recorrente e sem terem de lhe prestar contas, uma vez que o seu papel estava, à
data da infração, limitado a aspetos de natureza essencialmente financeira. Por conseguinte, cabia à
Comissão demonstrar que a recorrente tinha exercido uma influência determinante no
comportamento comercial da BN Infra e da BNGW no mercado em causa e que existia uma ligação
entre essa influência e o comportamento ilícito. Onús da comissão de provar a influência determinante

20 A recorrente considera que a Comissão não podia, em contrapartida, basear-se em elementos muito
gerais, tais como a consolidação dos resultados financeiros, as decisões em matéria de fusões, a
utilização dos lucros das filiais, a política de investimentos, de compras e de vendas ou a nomeação
dos seus diretores, para demonstrar que a recorrente tinha exercido uma influência determinante no
comportamento comercial da BN Infra e da BNGW. Com efeito, tais critérios correspondem aos
deveres que incumbem a qualquer sociedade-mãe por força do código civil neerlandês, e reconhecer a
pertinência de tais elementos onera as sociedades-mãe com uma presunção inilidível de
responsabilidade com base na culpa. De acordo com a jurisprudência, o critério adequado é o da
possibilidade de uma sociedade-mãe determinar o comportamento comercial da sua filial, ou seja, a
política de distribuição e de preços praticada por esta (acórdão do Tribunal de Justiça de
25 de outubro de 1983, AEG-Telefunken/Comissão, 107/82, Recueil, p. 3151).

21 Assim, de acordo com a recorrente, os critérios adotados pela Comissão, relativos à imputação a uma
sociedade-mãe da responsabilidade pela infração cometida por uma filial violam o princípio da presunção
de inocência reconhecido pelo artigo 6.o da Convenção Europeia para a Proteção dos Direitos do Homem
e das Liberdades Fundamentais, assinada em Roma, em 4 de novembro de 1950 (a seguir «CEDH»).

22 A Comissão rejeita todos os argumentos da recorrente.

¾ Apreciação do Tribunal

23 Na decisão impugnada, a Comissão considerou que a participação nos acordos colusórios se efetuou, entre
21 de junho de 1996 e 30 de setembro de 2000, através de um empregado da BNGW e, posteriormente,
entre 1 de outubro de 2000 e 15 de abril de 2002, através do diretor da BN Infra. A Comissão optou por
considerar a recorrente responsável pela infração relativamente a todo o período em que esta ocorreu, dado

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
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que a recorrente detinha a totalidade do capital da BN Infra e da BNGW, presumindo-se por isso que
exercia efetivamente uma influência determinante sobre estas (considerandos 293 a 297 da decisão
impugnada).

24 Importa recordar, a título preliminar que o direito da concorrência da União visa as atividades das
empresas (acórdão do Tribunal de Justiça de 7 de janeiro de 2004, Aalborg Portland e o./Comissão,
C-204/00 P, C-205/00 P, C-211/00 P, C-213/00 P, C-217/00 P e C-219/00 P, Colet., p. I-123, n.o 59) e
que o conceito de empresa, na aceção do artigo 81.o CE, inclui entidades económicas constituídas, cada
uma, por uma organização unitária de elementos pessoais, materiais e incorpóreos que prossegue, de
forma duradoura, um objetivo económico determinado, organização esta que pode concorrer para a
prática de uma das infrações previstas nesta disposição (v. acórdão do Tribunal Geral de 20 de março
de 2002, HFB e o./Comissão, T-9/99, Colet., p. II-1487, n.o 54, e jurisprudência referida). O conceito de
empresa, visto nesse contexto, deve ser entendido como designando uma unidade económica, mesmo
que, do ponto de vista jurídico, essa unidade económica seja constituída por várias pessoas singulares
ou coletivas (acórdão do Tribunal de Justiça de 14 de dezembro de 2006, Confederación Española de
Empresarios de Estaciones de Servicio, C-217/05, Colet., p. I-11987, n.o 40).

25 O comportamento anticoncorrencial de uma empresa pode ser imputado a outra quando aquela não
determine de forma autónoma o seu comportamento no mercado, mas aplique, no essencial, as
instruções que lhe são dadas por esta última, em particular tendo em conta os laços económicos e
jurídicos que as unem (acórdãos do Tribunal de Justiça de 16 de novembro de 2000, Metsä-Serla
e o./Comissão, C-294/98 P, Colet., p. I-10065, n.o 27; de 28 de junho de 2005, Dansk Rørindustri
e o./Comissão, C-189/02 P, C-202/02 P, C-205/02 P a C-208/02 P e C-213/02 P, Colet., p. I-5425,
n.o 117, e de 10 de setembro de 2009, Akzo Nobel e o./Comissão, C-97/08 P, Colet., p. I-8237, n.o 58).
Assim, o comportamento de uma filial pode ser imputado à sociedade-mãe quando a filial não
determine de forma autónoma o seu comportamento no mercado, mas aplique, no essencial, as
instruções que lhe são fornecidas pela sociedade-mãe, formando as duas empresas uma unidade
económica (acórdão do Tribunal de Justiça de 14 de julho de 1972, Imperial Chemical
Industries/Comissão, 48/69, Colet., p. 619, n.os 133 e 134).

26 Não é, portanto, uma relação de instigação entre a sociedade-mãe e a sua filial relativamente à infração,
nem, por maioria de razão, uma implicação da primeira na referida infração, mas sim o facto de
constituírem uma única empresa, na aceção acima referida, que permite à Comissão dirigir a decisão
de impor coimas à sociedade-mãe de um grupo de sociedades. De facto, importa recordar que o
direito da concorrência da União reconhece que sociedades diferentes pertencentes a um mesmo
grupo constituem uma entidade económica e, portanto, uma empresa na aceção dos artigos 81.° CE
e 82.° CE, se as sociedades em causa não determinarem de forma autónoma o seu comportamento no
mercado (acórdão do Tribunal Geral de 30 de setembro de 2003, Michelin/Comissão, T-203/01, Colet.,
p. II-4071, n.o 290).

27 No caso especial de uma sociedade-mãe deter 100% do capital da sua filial que cometeu uma infração,
por um lado, essa sociedade-mãe pode exercer uma influência determinante no comportamento dessa
filial e, por outro, existe uma presunção ilidível de que a referida sociedade-mãe exerce efetivamente tal
influência (v. acórdão Akzo Nobel e o./Comissão, referido no n.o 25, supra, n.o 60, e jurisprudência
referida).
Inversão onús da prova
28 Nestas condições, basta que a Comissão prove que a totalidade do capital de uma filial é detida pela
respetiva sociedade-mãe para se presumir que esta exerce uma influência determinante na política
comercial dessa filial. A Comissão pode, em seguida, considerar que a sociedade-mãe é solidariamente
responsável pelo pagamento da coima aplicada à sua filial, a menos que essa sociedade-mãe, à qual
incumbe ilidir a referida presunção, apresente elementos de prova suficientes, suscetíveis de
demonstrar que a sua filial se comporta de forma autónoma no mercado (acórdãos Stora Kopparbergs
Bergslags/Comissão, referido no n.o 18, supra, n.o 29, e Akzo Nobel e o./Comissão, referido no n.o 25
supra, n.o 61).

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

29 Embora seja verdade que o Tribunal de Justiça evocou, nos n.os 28 e 29 do acórdão Stora Kopparbergs
Bergslags/Comissão, referido no n.o 18, supra, para além da detenção de 100% do capital da filial,
outras circunstâncias, tais como a não contestação da influência exercida pela sociedade-mãe na
política comercial da sua filial e a representação comum das duas sociedades durante o procedimento
administrativo, não é menos verdade que tais circunstâncias foram referidas pelo Tribunal de Justiça
apenas com o objetivo de expor todos os elementos nos quais o Tribunal Geral tinha baseado o seu
raciocínio nesse processo, e não para subordinar a aplicação da presunção acima referida à produção
de indícios suplementares relativos ao exercício efetivo de uma influência pela sociedade-mãe sobre a
sua filial (acórdãos do Tribunal de Justiça Akzo Nobel e o./Comissão, n.o 25, supra, n.o 62, e de
20 de janeiro de 2011, General Química e o./Comissão, C-90/09 P, Colet., p. I-1, n.o 41).

30 A recorrente considera que a abordagem adotada pela Comissão é contrária à presunção de inocência
consagrada no artigo 6.o da CEDH. Por força do disposto no artigo 2.o do Regulamento n.o 1/2003, que
concretiza a presunção de inocência reconhecida no artigo 6.o, n.o 2, da CEDH, o ónus da prova de
uma violação do artigo 81.o, n.o 1, CE incumbe à autoridade que alega tal violação. Como salientou a
advogada-geral J. Kokott nas suas conclusões no processo que deu origem ao acórdão Akzo Nobel
e o./Comissão, referido no n.o 25, supra (Colet., p. I-8241), o recurso a tal presunção do exercício
efetivo de uma influência determinante por uma sociedade-mãe sobre uma filial detida a 100% não
conduz a uma inversão do ónus da prova, o que seria problemático tendo em conta aquelas
disposições, mas estabelece o nível da prova que deve ser atingido para determinar se a
responsabilidade por uma infração recai sobre a sociedade-mãe ou sobre a filial. Na medida em que o
facto de a sociedade-mãe deter a totalidade do capital da sua filial permite presumir que tal influência é
exercida, considera-se que esta presunção satisfaz as exigências quanto ao ónus da prova se a
sociedade-mãe não a ilidir mediante a apresentação de provas concludentes em sentido contrário (v.,
nesse sentido, acórdão Aalborg Portland e o./Comissão, referido no n.o 24, supra, n.o 79). Assim,
previamente à questão da repartição do ónus da prova, todas as partes têm a obrigação de expor as
suas teses (conclusões da advogada-geral J. Kokott apresentadas nos processos que deram origem aos
acórdãos do Tribunal de Justiça de 21 de setembro de 2006, Nederlandse Federatieve Vereniging voor
de Groothandel op Elektrotechnisch Gebied/Comissão, C-105/04 P, Colet., p. I-8725, n.o 73, e Akzo
Nobel e o./Comissão, já referidas, n.o 74).

31 A recorrente considera, por outro lado, que a interpretação que a Comissão faz da presunção do
exercício efetivo de uma influência determinante por uma sociedade-mãe sobre a sua filial detida
a 100% torna impossível ilidir essa presunção.

32 Decorre, no entanto, da jurisprudência do Tribunal de Justiça que, para ilidir a presunção de que uma
sociedade-mãe que detém 100% do capital social da sua filial exerce efetivamente uma influência
determinante sobre esta, cabe à referida sociedade-mãe submeter à apreciação da Comissão e,
posteriormente, se for caso disso, à do juiz da União, todos os elementos que considere suscetíveis de
demonstrar que não constituem uma única entidade económica, relativos aos vínculos organizacionais,
económicos e jurídicos que unem essa filial à sociedade-mãe, que podem variar de caso para caso e
que, como tal, não podem ser objeto de uma enumeração exaustiva (acórdãos Akzo Nobel
e o./Comissão, referido no n.o 25, supra, n.o 65, e General Química e o./Comissão, referido no n.o 29,
supra, n.os 51 e 52). Contrariamente ao que sustenta a recorrente, trata-se, por conseguinte, de uma
presunção ilidível, que lhe cabia ilidir.

33 No que respeita ao argumento da recorrente de que as obrigações a que uma sociedade-mãe está
sujeita nos termos do direito neerlandês tornam impossível qualquer ilisão daquela presunção, há que
recordar que uma sociedade não pode invocar a regulamentação nacional para escapar às regras do
direito da União, dado que os conceitos jurídicos utilizados pelo direito da União devem, em
princípio, ser interpretados e aplicados uniformemente em toda a União (acórdão do Tribunal de
Justiça de 1 de fevereiro de 1972, Hagen, 49/71, Colet., p. 7, n.o 6). Em todo o caso, à luz de todos os
princípios recordados acima quanto à existência de tal presunção e dos critérios que permitem ilidi-la,

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
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os elementos relativos às obrigações impostas pelo direito neerlandês às sociedades-mãe relativamente


às respetivas filiais parecem reforçar a presunção aplicada pela Comissão relativamente à recorrente no
que respeita ao controlo por esta exercido sobre a BN Infra e a BNGW.

34 Por último, a recorrente sustenta que a Comissão atribuiu demasiada importância a elementos muito
formais e gerais para demonstrar que a recorrente tinha exercido uma influência determinante sobre a
BN Infra e sobre a BNGW. Além do capital

35 Antes de mais, há que recordar, a este respeito, que os indícios suplementares do exercício efetivo, por
parte da recorrente, de uma influência determinante no comportamento das suas filiais, apresentados
pela Comissão, constituem elementos de prova adicionais que, para além da presunção relativa à
detenção, pela recorrente, da totalidade do capital das suas filiais, vieram confirmar não a participação
material efetiva da recorrente na infração em causa, mas a sua influência determinante no
comportamento das suas filiais e a utilização efetiva desse poder (acórdão do Tribunal de Justiça de
2 de outubro de 2003, ARBED/Comissão, C-176/99 P, Colet., p. I-10687, n.o 20; v. igualmente acórdão
Akzo Nobel e o./Comissão, referido no n.o 25, supra, n.o 62).

36 Por outro lado, como já foi recordado no n.o 32, supra, o juiz da União considera que, na sua
apreciação da existência de uma única entidade económica entre a sociedade-mãe e a sua filial, deve
ter em conta todos os elementos que lhe são submetidos pelas partes, relativos aos vínculos
organizacionais, económicos e jurídicos entre as duas sociedades, cujo caráter e importância podem
variar de acordo com as características próprias de cada caso concreto (acórdãos Akzo Nobel
e o./Comissão, referido no n.o 25 supra, n.o 65). Ainda que determinados factos, tais como a
consolidação das contas ao nível do grupo, sejam desprovidos de pertinência (acórdão General
Química e o./Comissão, referido no n.o 29, supra, n.o 108), outros elementos, tais como os vínculos
pessoais estreitos entre a sociedade-mãe e a sua filial ou a capacidade da sociedade-mãe para
reorganizar as tarefas atribuídas às suas diferentes filiais, que, por si sós, não permitem demonstrar a
existência de uma única entidade económica, podem constituir, no seu conjunto, um leque de indícios
concordantes suficientes.

37 Resulta das considerações que antecedem que a Comissão não cometeu um erro de direito ao
considerar que a recorrente, sociedade-mãe a 100% da BN Infra e da BNGW, tendo exercido uma
influência determinante sobre estas, era responsável pela infração que elas cometeram.

Quanto aos erros manifestos de apreciação relativos à imputação à recorrente da responsabilidade pela
infração cometida pela BN Infra e pela BNGW

¾ Argumentos das partes

38 A recorrente considera que a Comissão cometeu erros manifestos de apreciação no que respeita às
circunstâncias particulares nas quais se baseou na decisão impugnada para lhe imputar a
responsabilidade pela infração cometida pela BN Infra e pela BNGW.

39 A título prévio, sublinha que a presunção do exercício efetivo de uma influência determinante não
dizia respeito à BNGW durante o procedimento administrativo e que, em relação a esta, a Comissão se
limitou, na decisão impugnada, a referir a reorganização interna das atividades de construção
rodoviária em 2000. Por conseguinte, considera que os demais elementos apresentados pela Comissão
na fase do processo jurisdicional são inadmissíveis.

40 Assim, de acordo com a recorrente, a Comissão tomou em consideração, erradamente, a composição


do seu conselho de administração, que se limitava a duas pessoas, embora este elemento apenas
permitisse demonstrar que a recorrente não podia controlar o comportamento da BN Infra e da
BNGW no mercado, tendo em conta as diversas atividades do grupo. De igual modo, a Comissão

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
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interpretou de forma errada as funções do «concern council», que reúne o seu conselho de
administração e os diretores-gerais dos grandes departamentos do grupo e que apenas trata de
assuntos estratégicos que dizem respeito a todo o grupo. De resto, a presença de representantes da
BN Infra e da BNGW neste órgão constitui uma indicação do posicionamento independente destas no
grupo, na medida em que lhes é possível, desse modo, aí defender a sua autonomia. Além disso, a
Comissão cometeu um erro de facto ao considerar que o empregado da BN Infra que participou nas
reuniões do cartel a partir de outubro de 2000 fazia parte do «concern council» durante o período da
infração, uma vez que este apenas integrou aquele órgão em fevereiro de 2004, quando foi nomeado
diretor geral da BN Infra. De igual modo, o facto de a recorrente estar sediada no mesmo endereço
que a BN Infra não é pertinente, uma vez que as duas sociedades estavam instaladas em edifícios
diferentes. Por último, a reorganização das atividades de construção rodoviária do grupo, em outubro
de 2000, não fornece qualquer indicação quanto à falta de autonomia comercial da BN Infra, uma vez
que qualquer sociedade-mãe pode reorganizar o seu grupo.

41 Além disso, a recorrente recorda, como salientou na sua resposta à comunicação de acusações, que é
apenas uma holding financeira e que a BN Infra e a BNGW são individualmente responsáveis pelos
aspetos comerciais, financeiros e jurídicos da respetiva atividade, bem como pela respetiva política de
pessoal. Estas sociedades estão obrigadas a apresentar à recorrente um plano de empresa, no qual são
expostas apenas as grandes linhas da sua estratégia, bem como previsões financeiras. Além disso,
algumas das suas decisões são sujeitas à autorização da recorrente, mas em matérias completamente
estranhas à política comercial. O direito das sociedades neerlandês impõe igualmente a qualquer
sociedade-mãe que mantenha determinadas relações com as suas filiais, nomeadamente no que respeita
à nomeação dos diretores pela assembleia geral dos acionistas, à tomada de decisão relativa à utilização
dos lucros, à elaboração das contas consolidadas a partir de relatórios financeiros das filiais ou ainda às
decisões de alteração da estrutura do grupo.

42 Assim, a BN Infra era, desde outubro de 2000, totalmente livre de determinar o seu comportamento
comercial, nomeadamente em matéria de compra de matérias-primas, ficando apenas as propostas
relativas a empreitadas de um determinado valor ou que apresentassem um perfil de risco específico
submetidas a um comité dos contratos no qual a recorrente participa. Acresce que a BN Infra estava
obrigada a pedir autorização ao conselho de administração da recorrente apenas em caso de
celebração de acordos de cooperação que saíssem do âmbito da sua atividade normal.

43 De igual modo, até outubro de 2000, a BNGW decidiu livremente a celebração de contratos de
empreitadas de construção rodoviária, com exceção das empreitadas cujo valor ultrapassava um
determinado limite, que eram submetidas ao comité dos contratos, mas que representaram apenas
uma pequena parte do seu volume de negócios. Além disso, a BNGW estava obrigada a transmitir ao
conselho de administração da recorrente, a cada trimestre, apenas os seus resultados financeiros,
nunca tendo referido qualquer projeto em concreto. Por último, a direção da BNGW exerceu funções
noutras sociedades do grupo, nomeadamente na BN Infra, apenas durante um período muito limitado,
em 2000, e o facto de o empregado da BNGW que participou nas reuniões do cartel se ter tornado
diretor comercial da BN Infra a partir de outubro de 2000 não teve influência no grau de autonomia
de que a BNGW beneficiava até àquela data.

44 A Comissão considera que a recorrente não conseguiu ilidir a presunção do exercício efetivo de uma
influência determinante da sua parte no comportamento comercial da BN Infra e da BNGW e que, de
qualquer modo, vários elementos referidos na decisão impugnada demonstram, a título subsidiário, que
a recorrente exerceu efetivamente uma influência determinante na política da BN Infra e da BNGW.

45 Por outro lado, na réplica, a Comissão considerou que a recorrente tinha apresentado determinados
elementos destinados a ilidir a presunção do exercício efetivo de uma influência determinante da sua
parte no comportamento comercial da BN Infra e da BNGW, pela primeira vez, na petição inicial, o
que era contrário à jurisprudência do Tribunal Geral (acórdão de 27 de setembro de 2006, Akzo
Nobel/Comissão, T-330/01, Colet., p. II-3389, n.o 89). Contudo, em resposta a uma questão colocada

8 ECLI:EU:T:2012:491
ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

pelo Tribunal Geral, relativa ao acórdão do Tribunal de Justiça de 1 de julho de 2010, Knauf
Gips/Comissão (C-407/08 P, Colet., p. I-6371, n.os 89 a 92), a Comissão declarou que já não se opunha
à admissibilidade dos argumentos da recorrente com vista a ilidir a referida presunção.

46 Por último, a Comissão considerou que, caso o Tribunal Geral considere admissíveis os argumentos
destinados a ilidir aquela presunção que foram apresentados pela primeira vez pela recorrente perante
este órgão jurisdicional, deve dar oportunidade à Comissão de responder a esses argumentos durante o
processo jurisdicional. Contraditório do processo judicial

¾ Apreciação do Tribunal

47 A análise das acusações que visam demonstrar que a Comissão cometeu erros manifestos de
apreciação ao imputar à recorrente a responsabilidade pela infração cometida pela BN Infra e pela
BNGW deve procurar apurar se a recorrente apresentou elementos que permitam ilidir a presunção
de que estas três sociedades constituíam uma única entidade económica.

48 A título prévio, importa recordar que, de acordo com a jurisprudência, no que respeita à aplicação dos
artigos 81.° CE e 82.° CE, nenhuma disposição do direito da União obriga o destinatário da
comunicação de acusações a contestar todos seus elementos de facto ou de direito durante o
procedimento administrativo, sob pena de já não poder fazê-lo ulteriormente, na fase do processo
jurisdicional, uma vez que tal limitação é contrária aos princípios fundamentais da legalidade e do
respeito pelos direitos de defesa (acórdão Knauf Gips/Comissão, referido no n.o 45, supra, n.os 89
a 92).

49 Quanto à questão de saber se a Comissão podia igualmente apresentar indícios complementares


relativos à existência de uma única entidade económica entre a recorrente e a BNGW na fase
contenciosa, importa recordar que, no âmbito de um recurso de anulação interposto nos termos do
artigo 230.o CE, ainda que a Comissão não possa apresentar, em apoio da decisão impugnada, novos
elementos de prova da acusação que não tenham sido tidos em conta nessa decisão, tem, no entanto,
o direito de responder aos argumentos da recorrente quando esta procure demonstrar, com base
noutros documentos por ela apresentados no Tribunal Geral, que a tese da Comissão está errada
quanto aos factos (acórdão do Tribunal Geral de 8 de julho de 2004, JFE Engineering e o./Comissão,
T-67/00, T-68/00, T-71/00 e T-78/00, Colet., p. II-2501, n.os 175 e 176). Acresce que o Tribunal de
Justiça já reconheceu que o autor de uma decisão impugnada podia prestar esclarecimentos durante o
processo contencioso a fim de completar uma fundamentação já em si mesma suficiente, uma vez que
aqueles podem ser úteis à fiscalização interna dos fundamentos da decisão, exercida pelo juiz da União,
na medida em que permitem à instituição explicar as razões que estão na base da sua decisão (acórdão
da Tribunal de Justiça de 16 de novembro de 2000, Finnboard/Comissão, C-298/98 P, Colet.,
p. I-10157, n.o 46).

50 Importa por isso concluir que, no caso em apreço, a Comissão tinha o direito de responder aos
argumentos apresentados pela recorrente na fase do processo jurisdicional com vista a ilidir a
presunção do exercício efetivo de uma influência determinante da sua parte no comportamento
comercial da BNGW.

51 A título principal, importa recordar que, nos termos dos considerandos 293 a 297 da decisão
impugnada, a Comissão expôs, antes de mais, que podia aplicar a presunção do exercício efetivo, pela
recorrente, de uma influência determinante sobre a BNGW relativamente ao período compreendido
entre 21 de junho de 1996 e 30 de setembro de 2000 e, posteriormente, sobre a BN Infra
relativamente ao período compreendido entre 1 de outubro de 2000 e 15 de abril de 2002. Em
seguida, considerou que vários elementos relativos à estrutura do grupo vinham reforçar esta
presunção. Assim, o conselho de administração da recorrente é composto apenas por duas pessoas, que
formam, com os diretores-gerais dos grandes departamentos, o «concern council», do qual fazia parte

ECLI:EU:T:2012:491 9
ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

o empregado da BN Infra que participou diretamente no cartel desde 2000. Acresce que a Comissão
salientou que a recorrente e a BN Infra estavam sediadas no mesmo endereço. Por último, realçou as
competências institucionais de organização do grupo de que a recorrente dispunha, que esta exerceu,
nomeadamente em 2000, ao reorganizar a atividade de construção rodoviária.

52 Em primeiro lugar, ainda que a recorrente considere que a Comissão se devia ter baseado em
elementos que permitissem apreciar o seu papel no comportamento anticoncorrencial em questão
para considerar que a recorrente podia ser responsável pela infração cometida pelas suas filiais,
importa recordar que, de acordo com a jurisprudência, o controlo exercido pela sociedade-mãe sobre
as suas filiais não tem de ter necessariamente relação com o comportamento ilícito (v. n.o 26, supra, e
acórdãos Akzo Nobel e o./Comissão, referido no n.o 25, supra, n.o 59, e General Química
e o./Comissão, referido no n.o 29, supra, n.os 38, 102 e 103). Por conseguinte, não é necessário analisar
se a recorrente exerceu efetivamente uma influência sobre o comportamento ilícito da BN Infra e da
BNGW.

53 Em segundo lugar, os elementos apresentados pela recorrente para demonstrar que não exerceu uma
influência determinante no comportamento comercial da BN Infra e da BNGW não permitem ilidir a
presunção do exercício de tal influência. Com efeito, o argumento de que o seu conselho de
administração era composto por apenas duas pessoas, o que tornava mais difícil o acompanhamento
das várias atividades do grupo, não é suficiente, por si só, para ilidir esta presunção, uma vez que não
permite demonstrar que a recorrente tinha renunciado ao exercício do seu poder de controlo sobre a
BN Infra e sobre a BNGW. De igual modo, as afirmações da recorrente de que a presença dos
diretores da BN Infra e da BNGW no «concern council» constituía uma indicação do posicionamento
independente destas na organização do grupo não é suficiente para provar que lhes concedeu total
autonomia para definirem o seu comportamento no mercado, até porque a existência do «concern
council» indica, em si mesma, que a recorrente participava estreitamente na determinação dos
objetivos estratégicos das suas filiais. Por outro lado, o facto de a BN Infra e a BNGW terem levado a
cabo uma política comercial relativamente autónoma, abaixo de um determinado limiar, não permite,
por si só, infirmar a conclusão de que, enquanto única acionista, a recorrente exercia efetivamente
uma influência determinante no comportamento comercial da BN Infra e da BNGW. Com efeito, este
argumento não é determinante para ilidir a presunção de que a recorrente exercia efetivamente uma
influência determinante acima desse limiar. Por último, o facto de a direção da BNGW ter
desempenhado funções noutras sociedades do grupo, nomeadamente na BN Infra, apenas durante um
período muito limitado não é suficiente para demonstrar a autonomia da BNGW em relação à
recorrente. De facto, este argumento não acrescenta elementos que permitam ilidir a presunção
relativamente ao período durante o qual a direção da BNGW desempenhou essas funções.

54 Em terceiro lugar, a recorrente sustenta que era apenas uma holding financeira que não interferia nas
atividades operacionais da BN Infra e da BNGW. O conceito de holding abrange várias situações, mas,
de um modo geral, uma holding pode ser definida como uma sociedade que detém participações numa
ou em várias sociedades, a fim de as controlar (acórdão do Tribunal Geral de 8 de outubro de 2008,
Schunk e Schunk Kohlenstoff-Technik/Comissão, T-69/04, Colet., p. II-2567, n.o 60). Ainda que a
presunção do exercício efetivo de uma influência determinante possa, em princípio, ser questionada
quando uma sociedade-mãe se comporte como uma pura holding financeira, resulta dos autos que, no
caso em apreço, a recorrente não se comportava como tal. Assim, a assembleia geral dos acionistas da
recorrente estava encarregada de nomear os diretores das filiais e de aprovar algumas decisões
estratégicas importantes destas, nomeadamente sobre a utilização dos lucros, as ações judiciais, os
créditos bancários, os investimentos ou ainda a cooperação com outras empresas. De igual modo, a
existência do «concern council» indica que a recorrente participava estreitamente na definição dos
objetivos estratégicos das suas filiais e da estrutura do grupo, como de resto ficou demonstrado na
restruturação das atividades de construção rodoviária, em 2000. Por último, as filiais estavam
obrigadas a apresentar, a cada trimestre, várias informações à recorrente, tais como os planos de

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

empresa, as propostas de empreitadas de valor superior a um determinado montante e os seus


relatórios financeiros. Todos estes elementos demonstram que o papel da recorrente ultrapassava o de
uma mera holding financeira.

55 De qualquer modo, resulta de todos estes elementos, em especial da existência de vínculos económicos
e organizacionais significativos entre a recorrente e as suas filiais, que a Comissão concluiu
corretamente pela falta de autonomia destas últimas e, portanto, pela existência de uma única entidade
económica.

56 O facto de a recorrente e a BN Infra estarem sediadas no mesmo endereço, ainda que se trate de
edifícios diferentes, e de se apresentarem sob a mesma denominação perante terceiros pode
igualmente constituir um indício que, corroborado por outros, permite declarar a existência de uma
única entidade económica. Por último, o facto de o empregado da BN Infra que participou
diretamente nas reuniões do cartel a partir de outubro de 2000 ter integrado o «concern council» em
2004, ou seja, após o fim do período da infração, constitui um indício suplementar da existência de
vínculos hierárquicos e de relações estreitas entre a BN Infra e a recorrente. A este respeito, importa
de resto realçar que, contrariamente ao que afirma a recorrente, a Comissão não fez qualquer
referência, na decisão impugnada, ao facto de este empregado fazer parte do «concern council»
durante o período da infração.

57 Resulta das considerações que antecedem que os elementos apresentados pela recorrente, na fase
administrativa e no processo judicial, não permitem ilidir a presunção de que, pelo facto de deter
100% do capital da BN Infra e da BNGW, aquela exerceu efetivamente uma influência determinante
sobre estas. Por conseguinte, há que confirmar a conclusão, constante da decisão impugnada, de que a
recorrente constituía, com a BN Infra e a BNGW, uma empresa, na aceção do artigo 81.o CE, sem que
seja necessário verificar se exerceu uma influência no comportamento ilícito da BN Infra e da BNGW.

Quanto ao segundo fundamento, relativo à violação do artigo 27.o, n.o 1, do Regulamento n.o 1/2003 e
dos direitos de defesa

Argumentos das partes

58 A recorrente afirma que a Comissão violou o artigo 27.o, n.o 1, do Regulamento n.o 1/2003 e os seus
direitos da defesa ao não referir na comunicação de acusações que presumia que a recorrente era
responsável, com base no facto de esta ter exercido efetivamente uma influência determinante sobre a
BNGW, durante o período de 21 de junho de 1996 a 1 de outubro de 2000. Considera, por isso, que o
montante da coima devia ser reduzido proporcionalmente à duração da infração e, assim, ser fixado em
1 213 650 euros.

59 Com efeito, na comunicação de acusações, a Comissão não referiu que considerava que a BNGW era
uma filial da BN Infra, nem que considerava que a recorrente tinha exercido uma influência
determinante sobre a BNGW. Contudo, o artigo 27.o, n.o 1, do Regulamento n.o 1/2003 e o juiz da
União exigem que seja dada ao destinatário da comunicação de acusações a possibilidade de dar a
conhecer o seu ponto de vista sobre a realidade e a pertinência dos factos e das circunstâncias
alegados, bem como sobre os documentos considerados pela Comissão em apoio da sua alegação de
existência de uma infração ao tratado (acórdão Aalborg Portland e o./Comissão, referido no n.o 24,
supra, n.o 66).

60 A recorrente considera que a mera referência à BNGW, por duas vezes, na comunicação de acusações
(n.o 342 e nota de pé de página n.o 518) não é suficiente. Com efeito, a Comissão, por um lado,
designou erradamente a BNGW como antecessora legal da BN Infra e, por outro lado, em nenhum
momento se referiu à BNGW como uma entidade jurídica independente que participou no cartel e
em cuja política comercial a recorrente exerceu uma influência determinante. De igual modo, a mera

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

alusão da Comissão às regras gerais relativas à imputação às sociedades-mãe das infrações cometidas
pelas suas filiais não pode substituir-se à identificação das filiais em questão. Por último, a recorrente
considera que o facto de ter feito referência à BNGW, de forma geral, na sua resposta à comunicação
de acusações não basta para considerar que a Comissão satisfez as exigências fixadas na jurisprudência
quanto ao conteúdo da comunicação de acusações (acórdãos do Tribunal de Justiça ARBED/Comissão,
referido no n.o 35, supra, n.o 23, e de 14 de julho de 2005, ThyssenKrupp/Comissão, C-65/02 P
e C-73/02 P, Colet., p. I-6773, n.o 85).

61 Por outro lado, na audiência, a recorrente sustentou que, em todo o caso, se, no processo T-362/06, o
Tribunal Geral decidir anular a decisão impugnada na parte que diz respeito à imputação à BN Infra
do comportamento da BNGW, não pode ser obrigada a pagar a coima, uma vez que a
responsabilidade de uma sociedade-mãe não pode ser superior à responsabilidade da sua filial.

62 A Comissão refuta todos os argumentos da recorrente. Na audiência, em resposta aos argumentos da


recorrente relativos às consequências a retirar da eventual anulação parcial da decisão impugnada no
processo T-362/06, a Comissão considerou que a coima aplicada à recorrente devia em todo o caso
manter-se, uma vez que a Comissão dispõe de uma margem de apreciação relativamente à questão de
saber quais são as entidades de uma empresa que considera responsáveis por uma infração.

Apreciação do Tribunal

¾ Quanto à violação dos direitos de defesa

63 O artigo 27.o, n.o 1, do Regulamento n.o 1/2003 tem a seguinte redação:

«Antes de tomar as decisões previstas nos artigos 7.°, 8.° e 23.° e no n.o 2 do artigo 24.o, a Comissão dá
às empresas ou associações de empresas sujeitas ao processo [por ela] instruído oportunidade de se
pronunciarem sobre as acusações por ela formuladas. A Comissão deve basear as suas decisões apenas
em acusações sobre as quais as partes tenham tido oportunidade de apresentar as suas observações. Os
autores das denúncias são estreitamente associados ao processo.»

64 De acordo com a jurisprudência, o respeito pelos direitos de defesa exige que a empresa interessada
tenha tido a possibilidade, durante o processo administrativo, de dar a conhecer utilmente o seu
ponto de vista sobre a realidade e a pertinência dos factos e circunstâncias alegados e sobre os
documentos considerados pela Comissão em apoio da sua alegação de existência de uma infração ao
Tratado (acórdãos do Tribunal de Justiça de 7 de junho de 1983, Musique Diffusion française
e o./Comissão, 100/80 a 103/80, Recueil, p. 1825, n.o 10, e de 6 de abril de 1995, BPB Industries e
British Gypsum/Comissão, C-310/93 P, Colet., p. I-865, n.o 67). De igual modo, de acordo com
jurisprudência constante, tendo em conta a sua importância, a comunicação de acusações deve
precisar, inequivocamente, a pessoa coletiva à qual poderão ser aplicadas coimas e deve ser dirigida a
esta última (acórdãos do Tribunal de Justiça de 16 de março de 2000, Compagnie maritime belge
transports e o./Comissão, C-395/96 P e C-396/96 P, Colet., p. I-1365, n.os 143 e 146, e
ARBED/Comissão, referido no n.o 35, supra, n.o 21; acórdão Akzo Nobel/Comissão, referido no n.o 45,
supra, n.o 87). Importa igualmente que a comunicação de acusações indique em que qualidade uma
empresa é acusada dos factos alegados (acórdão do Tribunal de Justiça de 3 de setembro de 2009,
Papierfabrik August Koehler e o./Comissão, C-322/07 P, C-327/07 P e C-338/07 P, Colet., p. I-7191,
n.o 39).

65 No entanto, há que recordar que, de acordo com a jurisprudência, a decisão não tem necessariamente
de ser uma cópia exata da comunicação de acusações (acórdão do Tribunal de Justiça de 29 de outubro
de 1980, van Landewyck e o./Comissão, 209/78 a 215/78 e 218/78, Recueil, p. 3125, n.o 68).
Por conseguinte, só se deverá julgar provada uma violação dos direitos de defesa se a decisão final
imputar às empresas em causa infrações diferentes das referidas na comunicação de acusações ou

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

tomar em consideração factos diferentes (acórdão do Tribunal de Justiça de 15 de julho de 1970, ACF
Chemiefarma/Comissão, 41/69, Colet., p. 661, n.os 26 e 94, e acórdão do Tribunal Geral de
23 de fevereiro de 1994, CB e Europay/Comissão, T-39/92 e T-40/92, Colet., p. II-49, n.os 49 a 52). Não
é esse o caso quando as alegadas diferenças entre a comunicação de acusações e a decisão final não
sejam relativas a outros comportamentos que não aqueles sobre os quais as empresas em causa já se
tenham pronunciado e que são, portanto, estranhos a qualquer acusação nova (acórdão do Tribunal
Geral de 30 de setembro de 2003, Atlantic Container Line e o./Comissão, T-191/98, T-212/98 a
T-214/98, Colet., p. II-3275, n.o 191).

66 A este respeito, há que salientar que, para alegarem que houve violação dos direitos de defesa
relativamente às acusações constantes da decisão impugnada, as empresas em causa não podem
limitar-se a invocar a mera existência de diferenças entre a comunicação de acusações e a decisão
impugnada sem exporem, de forma precisa e concreta, de que modo cada uma dessas diferenças
constitui, no caso concreto, uma acusação nova sobre a qual não tiveram a oportunidade de ser
ouvidas (acórdão Atlantic Container Line e o./Comissão, referido no n.o 65, supra, n.o 192). Com
efeito, de acordo com a jurisprudência, uma violação dos direitos de defesa deve ser analisada em
função das circunstâncias específicas de cada caso concreto, uma vez que depende essencialmente das
acusações tomadas em consideração pela Comissão para demonstrar a infração imputada às empresas
em causa (acórdão do Tribunal Geral de 29 de junho de 1995, ICI/Comissão, T-36/91, Colet.,
p. II-1847, n.o 70).

67 A recorrente considera que, no caso em apreço, a Comissão não cumpriu as suas obrigações ao não
referir na comunicação de acusações que presumia que a recorrente era responsável, com base no
facto de esta ter exercido uma influência determinante sobre a BNGW, durante o período
compreendido entre 21 de junho de 1996 e 1 de outubro de 2000.

68 Na comunicação de acusações, a Comissão recordou, antes de mais, que cada grupo de sociedades em
causa constituía uma única empresa e que a sociedade-mãe do grupo podia exercer uma influência
determinante no comportamento das suas filiais (n.o 324). Em seguida, referiu que a recorrente tinha
participado no cartel através do diretor da BNGW (n.o 236 da comunicação de acusações),
posteriormente da BN Infra (n.o 339 da comunicação de acusações) e que, uma vez que a recorrente
controlava a totalidade do capital da BN Infra (anteriormente Ballast Nedam Wegenbouw BV
e BNGW) através da entidade intermediária Ballast Nedam Nederland, presumiu que a sociedade-mãe
exercia uma influência determinante no comportamento destas duas filiais. Por último, a Comissão
apresentou determinados elementos complementares relativos à existência de uma empresa unitária
entre a recorrente e a BN Infra (n.o 340 da comunicação de acusações). Tendo em conta todos estes
elementos, a Comissão decidiu que devia dirigir a comunicação de acusações à BN Infra pela
participação direta desta (e das suas antecessoras) nos acordos e à recorrente pela participação desta
através do exercício efetivo de uma influência determinante no comportamento da BN Infra (n.o 342
da comunicação de acusações).

69 Resulta de todos de estes elementos que, embora a forma como a comunicação de acusações foi
redigida pudesse ser mais clara, nomeadamente no que respeita à relação entre a BN Infra e a
BNGW, a Comissão forneceu à recorrente elementos suficientes para que esta pudesse compreender
os factos e as circunstâncias utilizados em apoio da sua alegação da existência de uma infração e
especificou, inequivocamente, quais as pessoas jurídicas que poderiam ser objeto da aplicação de
coimas. Com efeito, o simples facto de a Comissão, na comunicação de acusações, não ter fornecido
qualquer elemento de prova complementar relativo à existência de uma empresa unitária entre a
recorrente e a BNGW não basta para considerar que não indicou claramente que pretendia aplicar a
presunção do exercício efetivo pela recorrente de uma influência determinante no comportamento
comercial da BN Infra e da BNGW. Consequentemente, o Tribunal Geral considera que, com base
nas informações que constam da comunicação de acusações, a recorrente não podia ignorar que
poderia ser destinatária de uma decisão final da Comissão na qualidade de sociedade-mãe da BNGW.

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ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

70 Há que constatar, de resto, que, em resposta a esta alegação formulada na comunicação de acusações, a
recorrente alegou, na sua resposta à comunicação de acusações, que a BN Infra não era sucessora da
BNGW, mas sim sua sociedade-mãe a 100%, e apresentou argumentos para demonstrar a autonomia
da BNGW em relação a ela.

71 Nestas circunstâncias, o Tribunal considera que a recorrente estava em condições, desde a fase da
comunicação de acusações, de compreender o alcance da acusação formulada pela Comissão no que
respeita à sua participação na infração na qualidade de sociedade-mãe da BNGW e, assim, de
assegurar utilmente a sua defesa.

¾ Quanto aos efeitos do acórdão de anulação no processo T-362/06

72 Na audiência, a recorrente sustentou que, uma vez que se considerava que constituía com a BN Infra
uma mesma empresa, na aceção do artigo 81.o CE, a redução do montante da coima aplicada à BN
Infra tinha como consequência que a coima que lhe fora aplicada solidariamente como sociedade-mãe
devia ser igualmente reduzida.

73 Em todo o caso, e sem que seja necessário emitir pronúncia sobre a admissibilidade destes argumentos,
importa recordar que a anulação, pelo Tribunal Geral, no processo T-362/06, do artigo 1.o, alínea a), da
decisão impugnada, na medida em que imputou à BN Infra o comportamento ilícito da BNGW entre
21 de junho de 1996 e 1 de outubro de 2000, resulta do facto de a Comissão ter desrespeitado os
direitos de defesa da BN Infra ao não referir, na comunicação de acusações, que a considerava
responsável pela infração cometida pela BNGW na sua qualidade de sociedade-mãe da BNGW, e não
na sua qualidade de sucessora legal desta. Se o Tribunal Geral considerou que a Comissão tinha,
assim, desrespeitado os direitos de defesa da BN Infra, em contrapartida, não concluiu que não houve
comportamento ilícito por parte da BNGW.

74 Ora, resulta da decisão impugnada (considerando 295) que a Comissão presumiu que a recorrente
tinha exercido uma influência determinante sobre a BNGW por deter, indiretamente, a totalidade do
seu capital.

75 Por conseguinte, a recorrente não pode sustentar que a Comissão não podia imputar-lhe o
comportamento ilícito da BNGW no que respeita ao período compreendido entre 21 de junho de
1996 e 1 de outubro de 2000 nem condená-la solidariamente no pagamento da coima. De facto, de
acordo com jurisprudência constante, a Comissão dispõe de uma margem de apreciação para decidir
quais são as entidades que, numa empresa, considera responsáveis por uma infração (acórdãos do
Tribunal Geral de 1 de abril de 1993, BPB Industries e British Gypsum/Comissão, T-65/89, Colet.,
p. II-389, n.o 154, e Michelin/Comissão, referido no n.o 26, supra, n.o 290). Nada impede, por isso, que
a recorrente seja considerada a única responsável pelo comportamento da BNGW.

76 Por último, importa salientar que a recorrente não contestou a existência da infração cometida pela
BNGW no que respeita ao período compreendido entre 21 de junho de 1996 e 1 de outubro de 2000 e
que, em conformidade com o n.o 57, supra, não conseguiu ilidir a presunção de que, por deter 100% do
capital da BNGW, exerceu efetivamente uma influência determinante sobre esta.

77 Resulta das considerações que antecedem que a argumentação da recorrente relativa às consequências
a retirar da anulação parcial da decisão impugnada no processo T-362/06 deve ser considerada
improcedente.

78 Em consequência, há que julgar improcedente o segundo fundamento e, por isso, negar provimento ao
recurso na sua totalidade.

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Quanto às despesas

79 Nos termos do artigo 87.o, n.o 2, do Regulamento de Processo, a parte vencida é condenada nas
despesas se a parte vencedora o tiver requerido. Tendo a recorrente sido vencida, há que condená-la
nas despesas em conformidade com os pedidos da Comissão.

Pelos fundamentos expostos,

O TRIBUNAL GERAL (Sexta Secção)

decide:

1) É negado provimento ao recurso.

2) A Ballast Nedam NV é condenada nas despesas.

Jaeger Wahl Soldevila Fragoso

Proferido em audiência pública no Luxemburgo, em 27 de setembro de 2012.

Assinaturas

ECLI:EU:T:2012:491 15
ACÓRDÃO DE 27. 9. 2012 – PROCESSO T-361/06
BALLAST NEDAM / COMISSÃO

Índice

Factos na origem do litígio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Tramitação processual e pedidos das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

Questão de direito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Quanto ao primeiro fundamento, relativo aos erros de direito e aos erros manifestos de apreciação na
imputação à recorrente da responsabilidade pela infração cometida pela BN Infra e pela BNGW . . . . . . . . 4

Quanto ao erro de direito relativo à tomada em consideração apenas do vínculo de capital na presunção
do exercício de uma influência determinante pela sociedade-mãe na política comercial das suas filiais . . 4

— Argumentos das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

— Apreciaηγo do Tribunal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Quanto aos erros manifestos de apreciação relativos à imputação à recorrente da responsabilidade pela
infração cometida pela BN Infra e pela BNGW . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

— Argumentos das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

— Apreciaηγo do Tribunal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Quanto ao segundo fundamento, relativo à violação do artigo 27.o, n.o 1, do Regulamento n.o 1/2003 e
dos direitos de defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Argumentos das partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Apreciação do Tribunal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

— Quanto ΰ violaηγo dos direitos de defesa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

— Quanto aos efeitos do acσrdγo de anulaηγo no processo T-362/06 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Quanto às despesas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

16 ECLI:EU:T:2012:491

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