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TIPO DE PROVA: Teste Parcelar

DATA: 20/05/2019 – 18h00

ANO LETIVO: 2º SEMESTRE 2º

1º CICLO DE ESTUDOS EM: Direito

UNIDADE CURRICULAR: Contencioso da União Europeia

Duração da prova: 1h 30 minutos

TESTE PARCELAR
OBSERVAÇÕES
Este teste é constituído por um grupo, devendo ler atentamente todo o enunciado da prova antes de começar a
responder. A resposta deve ser completa e fundamentada juridicamente. A ponderaçã o da prova é de 20% para a parte
escrita.
A estrutura e o grau de precisã o da resposta sã o considerados na avaliaçã o. Conforme presente um texto
introdutó rio, a resposta deverá ter com ele uma relaçã o objetiva, sendo essa conexã o elemento de avaliaçã o.

I (20 valores)

Benjamin Clementine é um arqueó logo maltês que trabalha, desde junho de


2008, no Museu Nacional de Histó ria e Patrimó nio Arqueoló gico, em Malta.
Anteriormente, Benjamin Clementine trabalhou no Museu de Arte Contemporâ nea em
Portugal (de janeiro de 2001 a dezembro de 2003) e no Museu Pré-histó rico da Alemanha
(de janeiro de 2004 a dezembro de 2006).
A Diretiva nº YYYY/XX estabelece um quadro geral de igualdade de tratamento no
emprego e na atividade profissional no âmbito do exercício da livre circulaçã o de pessoas.
No seu artigo 2º, nº 1, a Diretiva determina o seguinte: “Para efeitos da presente
diretiva, entende-se por «princípio da igualdade de tratamento» a ausência de qualquer
discriminação, direta ou indireta […].”, sendo que se entende como existindo uma
discriminaçã o direta quando, nos termos do artigo 2º, nº 2, a), “[…] uma pessoa seja objeto
de um tratamento menos favorável do que aquele que é, tenha sido ou possa vir a ser dado a
outra pessoa em situação comparável, que nunca tenha circulado no espaço da União
Europeia”.
Sucede que, nos termos do seu artigo 3º, a Diretiva estabelece que “As disposições
constantes no artigo 2º poderão ser objeto de derrogação, por parte dos Estados-Membros,

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no desempenho de funções públicas”. A diretiva deveria ter sido transposta até dezembro
de 2013.
Por sua vez, e dando cumprimento à transposiçã o da Diretiva, o artigo 50º, nº 1, da
Lei Orgâ nica (maltesa) dos Trabalhadores Pú blicos em Funçõ es Culturais, estabelece que
“um trabalhador público em funções culturais que tenha a antiguidade de quinze anos
adquirida ao serviço de estabelecimentos culturais malteses tem direito a um subsídio
especial de antiguidade do montante de 500,00 €”.
Decorridos 10 anos, ou seja, em junho de 2018, Benjamin Clementine solicita o
pagamento deste subsídio especial por antiguidade alegando que, muito embora ainda nã o
computasse 15 anos de antiguidade como arqueó logo ao serviço de museus malteses,
tinha a antiguidade exigida se fosse considerada a duraçã o dos seus serviços noutros
Estados-Membros, alegando, para o efeito, o artigo 2º da Diretiva.
O Museu Nacional de Histó ria e Patrimó nio Arqueoló gico nã o acedeu ao pedido de
pagamento do subsídio especial de antiguidade feito por Benjamin Clementine,
demonstrando que o artigo 3º da Diretiva abre um regime de exceçã o relativamente ao
tratamento de trabalhadores em funçõ es pú blicas, o que determinou que este reagisse
judicialmente.
Assim, perante os tribunais nacionais malteses, Benjamin Clementine invocou
que tal entendimento violava o direito da Uniã o e, especificamente, levantou o problema
de saber se a norma do artigo 3º da Diretiva estava ou nã o em conformidade com os
Tratados.
Nenhum dos tribunais de instâ ncia aderiu aos argumentos esgrimidos por
Benjamin Clementine. Por via de recurso, o caso chegou ao conhecimento do tribunal
maltês que decide em ú ltima instâ ncia.

Pronuncie-se sobre as condições de admissibilidade, obrigatoriedade e


tipologias do reenvio e equacione as consequências da ausência de reenvio prejudicial
no caso concreto.

IMP.GE.92.0
TIPO DE PROVA: Teste parcelar DATA: 20/05/2020 18h

ANO LETIVO: 2019 / 2020 2º SEMESTRE

1º CICLO EM Direito

UNIDADE CURRICULAR: CONTENCIOSO DA UNIÃ O EUROPEIA - 2º ANO

Grelha de critérios de correção desenvolvidos, na intençã o de permanecerem como tó picos de


estudo em futuros períodos de avaliaçã o.
As grelhas de correçã o sã o elaboradas para as diversas questõ es para constituírem uma orientaçã o
adequada e suficiente para assegurar a uniformidade dos critérios de correçã o na classificaçã o das
provas, princípio elementar subjacente ao ato de corrigir. Admite-se, no entanto, que as respostas
concretas podem apresentar aná lises, ou mesmo simples perspetivas, que nã o tenham sido
ponderadas na elaboraçã o da grelha. Assim, sem prejuízo da necessidade de assegurar critérios
uniformes, sempre que as respostas apresentem, com base jurídica e nos dados do enunciado da
prova, soluçõ es diferentes das indicadas na grelha de correçã o que sejam consideradas abordagens
plausíveis e nã o desadequadas ao bom entendimento jurídico, poderã o considerar-se tais respostas
vá lidas para efeitos de classificaçã o.
Total: 20 valores

Apreciação global do texto elaborado atendendo às advertências feitas


atempadamente nas aulas e no enunciado da própria prova sobre a fundamentação
jurídica, boa construção do texto e completude da resposta sempre com menção ao texto
do enunciado.

I (20 valores)

O aluno deve construir um texto com a descrição pedida.

Deve referir os seguintes aspetos:

- Demonstrar a aplicabilidade do direito da União Europeia por estar em causa um


Estado-Membro (artigo 52º do TUE), indicando qual;
- Daí resultando a obrigação de aplicação do direito da União Europeia (artigo 4º, nº
3, do TUE);

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- Identificar o mecanismo de Contencioso da União Europeia possível em causa:
reenvio prejudicial (artigo 267º do TFUE) e o por quê de estar presente no caso
exposto;
- Caracterizar o mecanismo como diálogo formal entre os tribunais nacionais e o
Tribunal de Justiça, demonstrando a situação presente;
- Caracterizar a arquitetura jurisdicional do TJUE (artigo 19º do TUE): Tribunal de
Justiça e Tribunal Geral, demonstrando que é competente para emanar decisão em
sede de reenvio o Tribunal de Justiça;
- Identificar genericamente as dimensões objetiva (= diálogo formal) e subjetiva (ao
serviço da tutela jurisdicional efetiva) do reenvio prejudicial;
- Caracterizar a tipologia de reenvio prejudicial em causa no caso colocado: reenvio
de validade (pretende alcançar a declaração de invalidade das disposições da
Diretiva em causa, enquanto direito derivado da União Europeia - artigo 288º do
TFUE) vs. de interpretação (não mobilizável no caso concreto);
- Consulta do artigo 263º do TFUE;
- A questão do princípio da efetividade do DUE;
- Equacionar o reenvio nas várias instâncias jurisdicionais nacionais: por conta da
jurisprudência Foto-Frost e IATA, e por conta da efetividade do DUE, é percecionado
como obrigatório em qualquer instância jurisdicional nacional (por oposição aos
reenvios de interpretação que se reputam obrigatórios perante o tribunal que decide
em última instância / facultativo nas anteriores instâncias);
- Referir a presunção de pertinência do reenvio prejudicial neste caso e articular tal
presunção com as condições de admissibilidade do reenvio: 1) incidência sobre
direito da União Europeia; 2) não se tratar de questão hipotética; 3) relacionar-se
com o objeto do litígio nacional;
- Referir a tramitação prejudicial em causa: a comum (por oposição às tramitações
acelerada e urgente) por não haver elementos identificadores para outra;
- Possível menção ao papel do Advogado-geral;
- Identificar a língua do processo (o maltês) e a língua de trabalho do Tribunal de
Justiça da União Europeia (o francês) no quadro do regime linguístico da União
(artigo 55º do TUE);
- Identificar o argumento da invalidade da norma na situação em apreço;
- Identificar os possíveis efeitos do acórdão de declaração de invalidade: efeitos no
processo principal + efeitos amplos por conta do princípio do precedente vinculativo
vigente no contexto da União Europeia;
- Ausência de reenvio prejudicial no caso acarretará: 1) quando obrigatório,
possibilidade de justificar ação de responsabilidade do Estado-juiz por violação do
direito da União (acórdão Ferreira da Silva); 2) possibilidade de justificar ação por
incumprimento (artigos 258º a 260º do TFUE), podendo ser despoletada por queixa
dirigida, pelo particular, à Comissão Europeia.

IMP.GE.92.0
- Permanente reporte ao caso concreto apresentado na prova, sendo a valorização da
resposta diminuída pela sua falta;
- Menção à base jurídica de direito da União Europeia em questão;
- Possível valorização pelo uso de jurisprudência europeia anterior relevante e
justificativa do exposto na resposta.

Para toda a resposta sã o indicados os manuais:

MESQUITA, Maria José Rangel. Introduçã o ao Contencioso da Uniã o Europeia. Almedina, 2018. ISBN
978-972-40-6941-8.

CAMPOS, Joã o Mota de; PEREIRA, Antó nio Pinto; CAMPOS, Joã o Luiz. O direito processual da Uniã o
Europeia - contencioso comunitá rio. Lisboa: Fundaçã o Calouste Gulbenkian. 2.ª ed. revista e
aumentada, 2014. ISBN 978-972-31-1516-1.

BRANDÃ O, Ana Paula; COUTINHO, Francisco Pereira; CAMISÃ O, Isabel; ABREU, Joana Covelo de.
Enciclopédia da Uniã o Europeia. Petrony, 2017. ISBN: 9789726852391

A prova deve ser realizada com recurso e utilizaçã o dos textos:

TUE – Tratado da Uniã o Europeia


TFUE – Tratado sobre o Funcionamento da Uniã o Europeia, ambos na versã o alterada pelo Tratado
de Lisboa de 2007
ESTATUTO do Tribunal de Justiça da Uniã o Europeia
CRP – Constituiçã o da Repú blica Portuguesa, em versã o posterior a 2005

Enunciado ficcionado mas com base inspirada no


Acó rdã o Günter Fuß de 25 de Novembro de 2010, processo C-429/09 em
https://eur-lex.europa.eu/legal-content/PT/TXT/PDF/?uri=CELEX:62009CJ0429&from=EN

IMP.GE.92.0

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