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Módulo 1 – Carreiras – Processo Penal

Última Atualização 16 de setembro de 2009

CARREIRAS
JURÍDICAS

PROCESSO
PENAL

RODRIGO BELLO
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Programação das Aulas

Indicações Bibliográficas Direcionadas

Leis Atualizadas

Súmulas STF-STJ

Jurisprudência

Exercícios de Concurso Público

Material Complementar

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PROGRAMAÇÃO DAS AULAS


CURSO CARREIRAS JURÍDICAS I – PROCESSO
PENAL
*sujeita a alteração

Carga Horária: 11 noites x 3h 20 min aula

1ª Aula Processo Penal & Constituição


– Princípios Constitucionais
2ª Aula Persecução Criminal –
Sistemas de Investigação
Preliminar
3ª Aula Teoria Geral da Ação Penal
4ª Aula Ação Penal
5ª Aula Jurisdição & Competência
6ª Aula Competência
7ª Aula Prova Penal (Teoria Geral) e
Provas em Espécie – 1ª parte
8ª Aula Provas em Espécie – 2ª parte
9ª Aula Das Partes e Medidas
Assecuratórias –
Procedimento Ordinário – 1ª
parte
10ª Aula Procedimento Ordinário – 2ª
parte
11ª Aula Sentença Penal e Revisão do
Módulo

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BIBLIOGRAFIA DIRECIONADA
Melhor Livro Atualmente:
Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Volumes 1 e
2 – Aury Lopes Jr. Ed. Lúmen Juris

Concursos Federais CESPE/UNB:


Curso de Processo Penal – Eugênio Pacelli de Oliveira – Ed. Lúmen Júris

Concurso Ministério Público:


Direito Processual Penal – Afrânio Silva Jardim – Ed. Forense
Direito Processual Penal – Paulo Rangel – Ed. Lúmen Júris

Concurso Magistratura:
Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Volumes 1 e
2 – Aury Lopes Jr. Ed. Lúmen Juris
Processo Penal – Fernando da Costa Tourinho Filho – Ed. Saraiva

Concurso Defensoria Pública:


Recursos – Ada Pelegrinne Grinover – Ed. Revista dos Tribunais
Nulidades – Ada Pelegrinne Grinover – Ed. Revista dos Tribunais

Material Abrangente:
Código de Processo Penal Comentado – Guilherme de Souza Nucci – Ed.
Revista dos Tribunais

Recentes Reformas do CPP:


Comentários às Reformas do Código de Processo Penal e da Lei de
Trânsito – Luiz Flávio Gomes – Ed. Revista dos Tribunais

Clássicos:
Elementos de Direito Processual Penal (4volumes) – Frederico Marques
– Ed. Millenium
Direito e Razão – Luigi Ferrajoli – Ed. Revista dos Tribunais

Leituras Indispensáveis:
Sistema Acusatório – Geraldo Prado – Ed. Lúmen Júris
Processo Penal Constitucional – Antonio Scarance – Ed. Revista dos
Tribunais
Processo Penal e Constituição – Luis Gustavo Grandinnetti – Ed. Lúmen
Júris

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ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS
Inteiro Teor das Leis: www.rodrigobello.wikidot.com

Lei 12.015/09
Altera o Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe
sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição
Federal e revoga a Lei no 2.252, de 1o de julho de 1954, que trata de corrupção de
menores.

Lei 12.012/09
Acrescenta o art. 349-A ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal.

Lei 11.983/09
Revoga o art. 60 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941 - Lei de
Contravenções Penais.

Lei 11.942/09
Dá nova redação aos arts. 14, 83 e 89 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984
– Lei de Execução Penal, para assegurar às mães presas e aos recém-nascidos
condições mínimas de assistência.

Lei 11.923/09
Acrescenta parágrafo ao art. 158 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 – Código Penal, para tipificar o chamado “sequestro relâmpago"

Lei 11.900/09
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código
de Processo Penal, para prever a possibilidade de realização de interrogatório e
outros atos processuais por sistema de videoconferência, e dá outras
providências.

Lei 11.829/08
Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente, para aprimorar o combate à produção, venda e distribuição de
pornografia infantil, bem como criminalizar a aquisição e a posse de tal
material e outras condutas relacionadas à pedofilia na internet.

Lei 11.767/08
Altera o art. 7o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994, para dispor sobre o
direito à inviolabilidade do local e instrumentos de trabalho do advogado, bem
como de sua correspondência.

Lei 11.719/08
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código

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de Processo Penal, relativos à suspensão do processo, emendatio libelli,


mutatio libelli e aos procedimentos.

Lei 11.705/08
Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de
Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre
as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas,
medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220
da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor
de veículo automotor, e dá outras providências.

Lei 11.690/08
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código
de Processo Penal, relativos à prova, e dá outras providências.

Lei 11.689/08
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código
de Processo Penal, relativos ao Tribunal do Júri, e dá outras providências.

LEI Nº 11.596, DE 29 NOVEMBRO DE 2007.

Altera o inciso IV do caput do art. 117 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de


dezembro de 1940 – Código Penal, para definir como causa interruptiva da
prescrição a publicação da sentença ou acórdão condenatório recorrível.

LEI Nº 11.466, DE 28 DE MARÇO DE 2007.

Altera a Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal, e o


Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para prever
como falta disciplinar grave do preso e crime do agente público a utilização de
telefone celular.

LEI Nº 11.464, DE 28 DE MARÇO DE 2007.

Dá nova redação ao art. 2o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que


dispõe sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da
Constituição Federal.

LEI Nº 11.449, DE 15 DE JANEIRO DE 2007.

Altera o art. 306 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código


de Processo Penal.

LEI Nº 11.435, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2006.

Altera os arts. 136, 137, 138, 139, 141 e 143 do Decreto-Lei no 3.689, de 3
de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, para substituir a expressão
“seqüestro” por “arresto”, com os devidos ajustes redacionais.

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SÚMULAS STF
SÚMULA VINCULANTE 9 : O DISPOSTO NO ARTIGO 127 DA LEI Nº 7.210/1984 (LEI
DE EXECUÇÃO PENAL) FOI RECEBIDO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL VIGENTE, E
NÃO SE LHE APLICA O LIMITE TEMPORAL PREVISTO NO CAPUT DO ARTIGO 58.

SÚMULA VINCULANTE Nº 11: SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE


RESISTÊNCIA E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE
FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, JUSTIFICADA
A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE RESPONSABILIDADE
DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE E DE NULIDADE DA
PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM PREJUÍZO DA
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.

SÚMULA VINCULANTE Nº 14: É DIREITO DO DEFENSOR, NO INTERESSE DO


REPRESENTADO, TER ACESSO AMPLO AOS ELEMENTOS DE PROVA QUE, JÁ
DOCUMENTADOS EM PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO REALIZADO POR ÓRGÃO COM
COMPETÊNCIA DE POLÍCIA JUDICIÁRIA, DIGAM RESPEITO AO EXERCÍCIO DO DIREITO
DE DEFESA.

SÚMULA Nº 701: NO MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO MINISTÉRIO


PÚBLICO CONTRA DECISÃO PROFERIDA EM PROCESSO PENAL, É OBRIGATÓRIA A
CITAÇÃO DO RÉU COMO LITISCONSORTE PASSIVO.

SÚMULA Nº 702: A COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA JULGAR


PREFEITOS RESTRINGE-SE AOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA COMUM
ESTADUAL; NOS DEMAIS CASOS, A COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA CABERÁ AO
RESPECTIVO TRIBUNAL DE SEGUNDO GRAU.

SÚMULA Nº 703: A EXTINÇÃO DO MANDATO DO PREFEITO NÃO IMPEDE A


INSTAURAÇÃO DE PROCESSO PELA PRÁTICA DOS CRIMES PREVISTOS NO ART. 1º DO
DECRETO-LEI 201/1967.

SÚMULA Nº 704: NÃO VIOLA AS GARANTIAS DO JUIZ NATURAL, DA AMPLA DEFESA


E DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A ATRAÇÃO POR CONTINÊNCIA OU CONEXÃO DO
PROCESSO DO CO-RÉU AO FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO DE UM DOS
DENUNCIADOS.

SÚMULA Nº 705: A RENÚNCIA DO RÉU AO DIREITO DE APELAÇÃO, MANIFESTADA


SEM A ASSISTÊNCIA DO DEFENSOR, NÃO IMPEDE O CONHECIMENTO DA APELAÇÃO
POR ESTE INTERPOSTA.

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SÚMULA Nº 706: É RELATIVA A NULIDADE DECORRENTE DA INOBSERVÂNCIA DA


COMPETÊNCIA PENAL POR PREVENÇÃO.

SÚMULA Nº 707:CONSTITUI NULIDADE A FALTA DE INTIMAÇÃO DO DENUNCIADO


PARA OFERECER CONTRA-RAZÕES AO RECURSO INTERPOSTO DA REJEIÇÃO DA
DENÚNCIA, NÃO A SUPRINDO A NOMEAÇÃO DE DEFENSOR DATIVO.

SÚMULA Nº 708: É NULO O JULGAMENTO DA APELAÇÃO SE, APÓS A MANIFESTAÇÃO


NOS AUTOS DA RENÚNCIA DO ÚNICO DEFENSOR, O RÉU NÃO FOI PREVIAMENTE
INTIMADO PARA CONSTITUIR OUTRO.

SÚMULA Nº 709: SALVO QUANDO NULA A DECISÃO DE PRIMEIRO GRAU, O


ACÓRDÃO QUE PROVÊ O RECURSO CONTRA A REJEIÇÃO DA DENÚNCIA VALE, DESDE
LOGO, PELO RECEBIMENTO DELA.

SÚMULA Nº 710: NO PROCESSO PENAL, CONTAM-SE OS PRAZOS DA DATA DA


INTIMAÇÃO, E NÃO DA JUNTADA AOS AUTOS DO MANDADO OU DA CARTA
PRECATÓRIA OU DE ORDEM.

SÚMULA Nº 711: A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU


AO CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA
CONTINUIDADE OU DA PERMANÊNCIA.

SÚMULA Nº 712: É NULA A DECISÃO QUE DETERMINA O DESAFORAMENTO DE


PROCESSO DA COMPETÊNCIA DO JÚRI SEM AUDIÊNCIA DA DEFESA.

SÚMULA Nº 713: O EFEITO DEVOLUTIVO DA APELAÇÃO CONTRA DECISÕES DO JÚRI


É ADSTRITO AOS FUNDAMENTOS DA SUA INTERPOSIÇÃO.

SÚMULA Nº 714: É CONCORRENTE A LEGITIMIDADE DO OFENDIDO, MEDIANTE


QUEIXA, E DO MINISTÉRIO PÚBLICO, CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO
OFENDIDO, PARA A AÇÃO PENAL POR CRIME CONTRA A HONRA DE SERVIDOR
PÚBLICO EM RAZÃO DO EXERCÍCIO DE SUAS FUNÇÕES.

SÚMULA Nº 715: A PENA UNIFICADA PARA ATENDER AO LIMITE DE TRINTA ANOS


DE CUMPRIMENTO, DETERMINADO PELO ART. 75 DO CÓDIGO PENAL, NÃO É
CONSIDERADA PARA A CONCESSÃO DE OUTROS BENEFÍCIOS, COMO O LIVRAMENTO
CONDICIONAL OU REGIME MAIS FAVORÁVEL DE EXECUÇÃO.

SÚMULA Nº 716: ADMITE-SE A PROGRESSÃO DE REGIME DE CUMPRIMENTO DA


PENA OU A APLICAÇÃO IMEDIATA DE REGIME MENOS SEVERO NELA DETERMINADA,

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ANTES DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA.

SÚMULA Nº 717: NÃO IMPEDE A PROGRESSÃO DE REGIME DE EXECUÇÃO DA PENA,


FIXADA EM SENTENÇA NÃO TRANSITADA EM JULGADO, O FATO DE O RÉU SE
ENCONTRAR EM PRISÃO ESPECIAL.

SÚMULA Nº 718: A OPINIÃO DO JULGADOR SOBRE A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO


CRIME NÃO CONSTITUI MOTIVAÇÃO IDÔNEA PARA A IMPOSIÇÃO DE REGIME MAIS
SEVERO DO QUE O PERMITIDO SEGUNDO A PENA APLICADA.

SÚMULA Nº 719: A IMPOSIÇÃO DO REGIME DE CUMPRIMENTO MAIS SEVERO DO


QUE A PENA APLICADA PERMITIR EXIGE MOTIVAÇÃO IDÔNEA.

SÚMULA Nº 721: A COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL DO TRIBUNAL DO JÚRI


PREVALECE SOBRE O FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO ESTABELECIDO
EXCLUSIVAMENTE PELA CONSTITUIÇÃO ESTADUAL.

SÚMULA Nº 723: NÃO SE ADMITE A SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO POR


CRIME CONTINUADO, SE A SOMA DA PENA MÍNIMA DA INFRAÇÃO MAIS GRAVE COM
O AUMENTO MÍNIMO DE UM SEXTO FOR SUPERIOR A UM ANO.

SÚMULA Nº 720: O ART. 309 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO, QUE RECLAMA


DECORRA DO FATO PERIGO DE DANO, DERROGOU O ART. 32 DA LEI DAS
CONTRAVENÇÕES PENAIS NO TOCANTE À DIREÇÃO SEM HABILITAÇÃO EM VIAS
TERRESTRES.

SÚMULAS STJ
STJ
Súmula 348: Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de
competência entre juizado especial federal e juízo federal, ainda que da
mesma seção judiciária.

Súmula 347: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de


sua prisão.

Súmula 341: A freqüência a curso de ensino formal é causa de remição de


parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou semi-aberto.

Súmula 338: A prescrição penal é aplicável nas medidas sócio-educativas.

Súmula 337: É cabível a suspensão condicional do processo na


desclassificação do crime e na procedência parcial da pretensão punitiva.

Súmula 330: É desnecessária a resposta preliminar de que trata o artigo 514


do Código de Processo Penal, na ação penal instruída por inquérito policial.

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1ª Aula – Processo Penal e Constituição –


Princípios Constitucionais
STF:
Princípio da Insignificância: Furto Privilegiado e Serviço Público (557)

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus no qual se discute a incidência, ou não, do


princípio da insignificância em relação a denunciado pela prática do delito previsto no art. 155, §
2º, do CP (“Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar
somente a pena de multa.”) em decorrência de haver furtado água potável mediante ligação
clandestina, o que resultara em prejuízo econômico avaliado em R$ 96,33. O Min. Ricardo
Lewandowski, relator, deferiu o writ para cassar o acórdão do STJ e restabelecer a decisão de 1º
grau que absolvera o paciente ante a aplicação do mencionado princípio. O relator considerou
satisfeitos os requisitos necessários à configuração do delito de bagatela, quais sejam: a)
conduta minimamente ofensiva do agente; b) ausência de risco social da ação; c) reduzido grau
de reprovabilidade do comportamento; e d) relativa inexpressividade da lesão jurídica. Desse
modo, reputou cabível a incidência do postulado da insignificância e afastou, em conseqüência, a
tipicidade da conduta imputada ao paciente. Acrescentou que caberia à concessionária lesada
buscar a reparação do dano no juízo cível. O Min. Marco Aurélio, ressaltando sua dificuldade em
colocar em plano secundário desvio de conduta quando envolvido serviço público, também
concedeu a ordem, porém em menor extensão, para determinar que o juízo sentenciante
observe o § 2º do art. 155 do CP. Após, pediu vista dos autos o Min. Carlos Britto.
HC 99054/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 25.8.2009. (HC-99054)
Lei 11.719/2008: Art. 396 do CPP e Processos de Competência do STF e do STJ (552)

O Tribunal iniciou julgamento de agravo regimental em ação penal em que se discute se o rito
previsto pela Lei 11.719/2008 para apresentação de resposta escrita à acusação se aplica aos
processos penais regulados pela Lei 8.038/90. Trata-se de recurso interposto contra decisão
proferida pelo Min. Marco Aurélio, relator, que entendera serem aplicáveis, no caso, as novas
regras previstas nos artigos 396 e 396-A, do CPP, na redação dada pela Lei 11.719/2008 [“Art.
396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a
rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo
para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor
constituído. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e
arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.”].
Asseverou que a Lei 8.038/90 não exaure os procedimentos alusivos à ação penal originária da
competência dos tribunais, e reportou-se ao seu art. 9º, que estabelece que a instrução
obedecerá, no que couber, ao procedimento comum do CPP, podendo o relator delegar a
realização do interrogatório ou de outro ato da instrução a juiz ou membro de tribunal com
competência territorial no local de cumprimento da carta de ordem. Considerou, ademais, que o
fato de, no presente processo, a denúncia não ter sido recebida antes da vigência da lei em
comento não afastaria a incidência no que os dispositivos legais tratam de matérias ligadas ao
devido processo legal e, de forma mais precisa, à defesa do acusado. Após, o julgamento foi
suspenso em face do pedido de vista da Min. Cármen Lúcia.
AP 478/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 25.6.2009. (AP-478)

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Liberdade Provisória e Tráfico de Drogas – 2 (552)

A Turma retomou julgamento de habeas corpus em que se pleiteia a concessão de liberdade


provisória a denunciado — preso em flagrante — pela suposta prática dos crimes previstos nos
artigos 33, caput e § 1º, II, e 35, caput, ambos combinados com o art. 40, I, todos da Lei
11.343/2006 — v. Informativo 550. O Min. Eros Grau, em voto-vista, iniciou a divergência para
conceder a ordem a fim de que o paciente aguarde em liberdade o trânsito em julgado da
sentença condenatória. Reputou que a vedação do deferimento de liberdade provisória ao preso
em flagrante por tráfico de entorpecentes, veiculada pelo art. 44 da mencionada Lei
11.343/2006, consubstanciaria ofensa aos princípios da dignidade da pessoa humana, do devido
processo legal e da presunção de inocência (CF, artigos 1º, III e 5º, LIV e LVII). Aduziu que
incumbiria ao STF adequar a esses princípios a norma extraível do texto do art. 5º, XLIII, da CF,
a qual se refere à inafiançabilidade do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. Nesse
sentido, asseverou que a inafiançabilidade não poderia e não deveria, por si só, em virtude dos
princípios acima citados, constituir causa impeditiva da liberdade provisória e que, em nosso
ordenamento, a liberdade seria regra e a prisão, exceção. Considerando ser de
constitucionalidade questionável o texto do art. 44 da Lei 11.343/2006, registrou que, no caso, o
juízo homologara a prisão em flagrante do paciente sem demonstrar, concretamente, situações
de fato que, vinculadas ao art. 312 do CPP, justificassem a necessidade da custódia cautelar.
Após, o julgamento foi suspenso ante o pedido de vista do Min. Cezar Peluso.
HC 97579/MT, rel. Min. Ellen Gracie, 23.6.2009. (HC-97579)
Princípio do Juiz Natural e Falta de Conexão Probatória (547)

Por reputarem inexistentes elementos concretos que indicassem a conexão probatória entre as
condutas imputadas aos pacientes e o denominado “caso Banestado”, a Turma assentou a
competência da Justiça Federal em São Paulo para processar e julgar ação penal na qual se
apura a ocorrência dos crimes de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro. No caso, a
denúncia atribui aos pacientes o controle e a administração de conta bancária nos Estados
Unidos e que, por intermédio de contas CC-5 e do esquema “dólar-cabo”, teriam movimentado
vultosas quantias, supostamente evadindo divisas e mantendo recursos no exterior com a
utilização de casa de câmbio localizada no Estado de São Paulo. Ocorre que o feito fora remetido
à Vara Federal no Estado do Paraná, pois identificados relacionamentos entre a conta titularizada
pelos pacientes com contas de outros investigados envolvidos no “caso Banestado”. Salientou-se
que, no tocante à competência, o art. 69 do CPP a define ante os seguintes fatores: o lugar da
infração, o domicílio ou residência do réu, a natureza da infração, a distribuição, a conexão ou
continência, a prevenção e a prerrogativa de função. Registrou-se que, na presente situação,
não haveria qualquer trecho na inicial acusatória, na decisão proferida pelo STJ ou na
manifestação do Ministério Público junto ao STF que direcionasse no sentido da conexão
probatória e, portanto, de competência por atração, visando à racionalização da apuração dos
fatos. Considerou-se, ao contrário, laudo da Polícia Federal que revelaria a inexistência da
aludida conexão probatória, haja vista que não identificadas transações da conta apreciada com
contas mantidas no Banestado. Dessa forma, aduziu-se que os pacientes, domiciliados em São
Paulo e lá exercendo atividade econômica, estariam sendo compelidos a defenderem-se no
Paraná. Por fim, declarou-se a incompetência da 2ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de
Curitiba-PR para julgar a ação, a partir da denúncia. Os Ministros Ricardo Lewandowski e
Cármen Lúcia ressaltaram que não se estaria apontando a nulidade de nenhum ato já praticado,
cabendo ao juízo que vier a conduzir o processo avaliar o aproveitamento desses atos.
HC 90236/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 19.5.2009. (HC-90236)
Prisão Preventiva e Fundamentação Idônea (542)

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus no qual pleiteada a revogação de prisão
preventiva decretada contra o paciente, ante a afirmação de co-ré de que ele integraria
organização criminosa responsável pelo tráfico internacional de substâncias entorpecentes. No
caso, a co-ré, nacional sul-africana, fora presa em flagrante em aeroporto por tentar embarcar
para seu país portando grande quantidade de cocaína. Durante seu interrogatório policial,
apontara a existência dessa organização criminosa e esclarecera que o paciente, nacional

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nigeriano, havia lhe fornecido a droga apreendida. Indicara, ainda, as placas de veículos de
propriedade do paciente e mencionara que já realizara o transporte de entorpecentes outras
vezes. Confirmadas essas informações, decretara-se a prisão cautelar do paciente — mantida
pelas demais instâncias judiciais —, a qual fundamentada, dentre outras razões, no fato de o
paciente haver sido acusado pelo aliciamento de “mulas” para transporte de drogas. A
impetração alegava, na espécie, falta de justificativa concreta que amparasse a segregação do
paciente, especialmente porque fundada em delação de co-ré, a quem negado o benefício da
delação premiada, pelo juízo sentenciante, por reconhecer a inexistência de prova efetiva e
segura da participação do paciente (delatado) na empreitada criminosa. Ressaltou-se, de início,
que a presença de condições subjetivas favoráveis ao paciente não obstaria a segregação
preventiva, desde que existentes, nos autos, elementos concretos a recomendar sua
manutenção, como verificado no caso. Com relação à eventual insubsistência do decreto
prisional, considerou-se que o mesmo estaria devidamente fundamentado, nos termos do art.
312 do CPP, asseverando-se não ser viável, em sede de habeas corpus, adentrar o mérito da
ação penal para analisar questões controvertidas sobre possível inocência do paciente nos fatos
a ele imputados. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto, que deferiam o writ. O
primeiro por entender que, da mesma forma que o depoimento em juízo da co-ré — que se
mostrara contraditório — não serviria para se impor condenação, também não se prestariam a
respaldar a preventiva a materialidade do crime, os indícios de autoria e o fato de se ter o
envolvimento de estrangeiro, com visto permanente no Brasil e família constituída. E o último,
ante a insubsistência de motivação do decreto prisional.
HC 94465/SP, rel. Min. Menezes Direito, 14.4.2009. (HC-94465)
Magistrado: Atuação em Inquérito e Ausência de Impedimento para a Ação Penal – 2
(522)

No mérito, afastaram-se todos os argumentos do impetrante. Ao salientar que as hipóteses de


impedimento elencadas no art. 252 do CPP constituem um rol taxativo, considerou-se não ser
possível interpretar extensivamente os incisos I e II desse artigo para entender que um juiz que
atuou na fase pré-processual haja desempenhado função equivalente a de delegado de polícia
ou membro do Ministério Público. Em seguida, afirmou-se que, no Brasil, não foi adotada a
sistemática do juizado de instrução, na qual o magistrado exerce, simultaneamente, as funções
próprias da autoridade policial e do parquet no que respeita à coleta das provas. Esclareceu-se
que, no modelo acusatório aplicado em nosso ordenamento processual penal, caracterizado pela
publicidade, pelo contraditório, pela igualdade entre as partes e pela neutralidade do juiz,
quando o magistrado preside o inquérito, apenas atua como um administrador, um supervisor,
um coordenador, no que tange à montagem do acervo probatório e às providências
acautelatórias, agindo sempre por provocação, e nunca de ofício. Portanto, não exterioriza
nenhum juízo de valor sobre os fatos ou as questões de direito, emergentes nessa fase
preliminar, que o impeça de proceder com imparcialidade no curso da ação penal. Assim, o
Judiciário, em nosso sistema processual penal, atua no inquérito para assegurar a observância
dos direitos e liberdades fundamentais e dos princípios sobre os quais se assenta o Estado
Democrático de Direito.
HC 92893/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.10.2008. (HC-92893)
Magistrado: Atuação em Inquérito e Ausência de Impedimento para a Ação Penal – 3
(522)

Ressaltou-se, também, que, no caso dos processos penais originários, que tramitam no STJ e no
STF, regulados pela Lei 8.038/90, o relator escolhido, na forma regimental, terá as atribuições
que a legislação processual confere aos juízes singulares, dentre as quais a de presidir o
andamento do inquérito (art. 2º), e que, finda a instrução, o tribunal procederá ao julgamento,
na forma determinada pelo regimento interno (art. 12, II). Ou seja, ainda que determinado
relator seja escolhido, nos termos regimentais, para presidir à instrução, o julgamento é feito
pelo órgão colegiado do tribunal prescrito pela Constituição para julgar a autoridade com
prerrogativa de foro. Em razão disso, repeliu-se a afirmação de que seria inconstitucional o
parágrafo único do art. 75 do CPP, que estabelece a prevenção do magistrado que houver
determinado qualquer diligência anterior à denúncia ou à queixa para o julgamento da ação

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penal. Por fim, aduziu-se que eventuais incompatibilidades ou impedimento do Ministro relator
do feito devem ser argüidos mediante o procedimento previsto no art. 112 do CPP, de espectro
mais amplo quanto à apreciação de fatos e provas. Precedentes citados: HC 86579/ES (DJU de
31.8.2007); HC 68784/SP (DJU de 26.3.93); HC 73099/SP (DJU de 13.10.95); HC 67997/DF
(DJU de 20.9.90); ADI 1517 MC/DF (DJU de 22.11.2002).
HC 92893/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.10.2008. (HC-92893)
Defesa Técnica em Processo Administrativo Disciplinar e Ampla Defesa (505)

O Tribunal aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante 5 nestes termos: “A falta de defesa


técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.”. Essa
orientação foi firmada pelo Tribunal ao dar provimento a recurso extraordinário interposto contra
acórdão da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, que concedera mandado de
segurança para anular a aplicação de penalidade expulsiva, ao fundamento de ausência de
defesa técnica no curso do processo administrativo disciplinar instaurado contra o impetrante,
servidor público. Salientou-se, inicialmente, que a doutrina constitucional vem enfatizando que o
direito de defesa não se resume a simples direito de manifestação no processo, e que o
constituinte pretende garantir uma pretensão à tutela jurídica. Tendo em conta a avaliação do
tema no direito constitucional comparado, sobretudo no que diz respeito ao direito alemão,
afirmou-se que a pretensão à tutela jurídica, que corresponderia exatamente à garantia
consagrada no art. 5º, LV, da CF, abrangeria o direito de manifestação (que obriga o órgão
julgador a informar à parte contrária dos atos praticados no processo e sobre os elementos dele
constantes); o direito de informação sobre o objeto do processo (que assegura ao defendente a
possibilidade de se manifestar oralmente ou por escrito sobre os elementos fáticos e jurídicos
contidos no processo); e o direito de ver os seus argumentos contemplados pelo órgão
incumbido de julgar (que exige do julgador capacidade de apreensão e isenção de ânimo para
contemplar as razões apresentadas). Asseverou-se, ademais, que o direito à defesa e ao
contraditório tem aplicação plena em relação a processos judiciais e procedimentos
administrativos, e reportou-se, no ponto, ao que disposto no art. 2º, e parágrafo único, da Lei
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal,
enfatizando que o Supremo, nos casos de restrições de direitos em geral e, especificamente, nos
de punições disciplinares, tem exigido a observância de tais garantias. Considerou-se,
entretanto, que, na espécie, os direitos à informação, à manifestação e à consideração dos
argumentos manifestados teriam sido devidamente assegurados, havendo, portanto, o exercício
da ampla defesa em sua plenitude. Reportando-se, ainda, a precedentes da Corte no sentido de
que a ausência de advogado constituído ou de defensor dativo não importa nulidade de processo
administrativo disciplinar, concluiu-se que, o STJ, ao divergir desse entendimento, teria violado
os artigos 5º, LV e 133, da CF. Alguns precedentes citados: RE 244027 AgR/SP (DJU de
28.6.2002); AI 207197/PR (DJU de 5.6.98); MS 24961/DF (DJU de 4.3.2005).
RE 434059/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 7.5.2008. (RE-434059)

STJ:
TRÁFICO. PROGRESSÃO. REGIME. ESTRANGEIRO IRREGULAR. (405)

É cediço que este Superior Tribunal tem admitido ao estrangeiro condenado em situação
irregular a progressão ao regime semiaberto. Justificam-se tais decisões porque o art. 114 da
Lei de Execução Penal somente exige que o condenado esteja trabalhando ou possa trabalhar
para a inserção no regime aberto, além de que o princípio constitucional da igualdade estabelece
que os estrangeiros gozam dos mesmos direitos individuais que os brasileiros, entre os quais, do
direito de individualização da pena. Sucede que, nesse caso, a Turma concedeu a ordem de
habeas corpus, mas, devido à condição de estrangeiro irregular, comunicou o Ministério da
Justiça para que seja promovida a sua expulsão. Vencido em parte o Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, que concedia a ordem de habeas corpus, mas votava pela comunicação antes da

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progressão de regime. HC 122.662-SP, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em


3/9/2009.

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA. MÍDIA. (404)

Não há ofensa ao princípio da ampla defesa no fato de o juiz de primeiro grau não realizar a
transcrição dos diálogos decorrentes de interceptação telefônica, pois se disponibilizou para os
defensores a mídia na qual todas as conversas encontram-se gravadas. Logo, a Turma, por
maioria, negou provimento ao recurso. Precedentes citados: HC 101.808-MT, DJe 4/8/2008, e
HC 86.255-DF, DJ 17/12/2007. RHC 20.472-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 24/8/2009.

MP. PARECER. CONTRADITÓRIO. (403)

Quando ausente a hipótese de competência originária ou na falta de específica previsão legal em


sentido contrário, a função do MP que atua em segundo grau é de custos legis. Dessarte, após
sua manifestação, não há contraditório, pois o parecer não possui natureza de ato de parte, não
estando sequer vinculado às contrarrazões ofertadas pelo promotor de Justiça, esse sim parte na
ação penal. Desse modo, não há ofensa aos princípios do contraditório, da ampla defesa e do
devido processo legal se não há intimação da defesa para manifestar-se acerca do parecer
elaborado pelo Parquet. Anote-se que o CPP não prevê qualquer intimação da defesa quanto ao
parecer ministerial (art. 610 daquele código), o que reforça ainda mais o caráter imparcial da
função exercida pela Procuradoria Geral de Justiça nessa hipótese. Ademais, no caso em tela, a
Turma Recursal sequer acolheu o parecer, pois deu provimento parcial ao apelo para diminuir a
pena, enquanto o prévio parecer escrito sugeria o não provimento do apelo. Daí evidenciada a
ausência de prejuízo que justifique a anulação do ato, pois se mostra o julgamento favorável ao
réu. Precedentes citados do STF: MC na ADI 758, DJ 8/4/1994; HC 81.436-MG, DJ 22/2/2002;
do STJ: HC 57.019-SE, DJe 3/3/2008; HC 58.587-RJ, DJ 20/11/2006; HC 97.217-GO, DJe
29/9/2008, e RHC 12.720-BA, DJ 18/8/2003. HC 134.275-GO, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 18/8/2009.

HOMICÍDIO QUALIFICADO. JÚRI. PREJUÍZO. DEFESA. (399)

Pleiteia-se, no recurso, que seja declarada a nulidade, por deficiência de defesa, do processo que
apura a suposta prática de homicídio qualificado, visto que o defensor constituído nos autos,
apesar de intimado, não ofereceu alegações finais, não recorreu da sentença de pronúncia e não
apresentou contrariedade aos libelos. Requer-se a reabertura do prazo para alegações finais.
Este Superior Tribunal consolidou o entendimento de que a apresentação de alegações finais é
facultativa nos processos de competência do Tribunal do Júri, uma vez que não há julgamento
do mérito com a sentença de pronúncia, mas mero juízo de admissibilidade da acusação
formulada. Também possui entendimento pacífico de que, se a defesa fora intimada da sentença
de pronúncia e não manifestou a pretensão de recorrer, é aplicável a regra processual da
voluntariedade dos recursos, (art. 574, caput, do CPP). Outrossim, a não apresentação de
contrariedade ao libelo, de acordo com a jurisprudência do STJ, não implica, por si só, nulidade,
sendo mera faculdade processual da defesa. Todavia, embora a jurisprudência desta Corte
indique que a não apresentação pelo advogado de uma das peças processuais citadas não
acarreta, por si só, a declaração de nulidade do ato judicial, cabe ao magistrado verificar a
eventual ocorrência de prejuízo ao réu diante de cada caso concreto, de modo que os
automatismos devem ser evitados em se tratando de processo penal. No caso, o defensor
constituído pelos réus deixou de apresentar três peças processuais, hipótese não contemplada
em nenhum dos precedentes citados, nos quais, no máximo uma peça não foi oferecida. Para o
Min. Relator, é evidente o prejuízo à defesa dos recorrentes, não sendo crível a tese esposada
pelo acórdão recorrido de que a inércia do advogado, in casu, poderia ser mera estratégia
defensiva. Ressaltou que, somente após a não apresentação de contrariedade ao libelo, ou seja,
passados quase dez meses sem qualquer manifestação defensiva nos autos, os réus foram
intimados para informar se o advogado à época constituído ainda continuava patrocinando seus
interesses, quando o recomendado seria que os recorrentes, logo após o transcurso do prazo

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para a apresentação de alegações finais, fossem cientificados de que estavam sem defesa e, no
caso de eventual inércia, fosse nomeado defensor dativo, dando-se, assim, efetividade ao
princípio da plenitude de defesa. Conforme a CF/1988, é inadmissível que os réus fiquem tanto
tempo indefesos em processo que apura a suposta prática de homicídio qualificado. Ante o
exposto, a Turma deu provimento ao recurso. Precedente citado: HC 33.740-PE, DJ 28/6/2004.
RHC 22.919-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho julgado, em 18/6/2009.

PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. DESCAMINHO. (396)

Os pacotes de cigarro e litros de uísque apreendidos por entrada ilegal no País totalizavam quase
sete mil reais. Assim, não é possível incidir, nesse crime de descaminho, o princípio da
insignificância, pois o parâmetro contido no art. 20 da Lei n. 10.522/2002 (dez mil reais) diz
respeito ao arquivamento, sem baixa na distribuição, da ação de execução fiscal (suspensão da
execução), o que denota sua inaptidão para caracterizar o que deve ser penalmente irrelevante.
Melhor padrão para esse fim é o contido no art. 18, § 1º, daquela mesma lei, que cuida da
extinção do débito fiscal igual ou inferior a cem reais. Anote-se que não se desconhecem
recentes julgados do STF no sentido de acolher aquele primeiro parâmetro (tal qual faz a Sexta
Turma do STJ), porém se mostra ainda preferível manter o patamar de cem reais, entendimento
prevalecente no âmbito da Quinta Turma do STJ, quanto mais na hipótese, em que há dúvidas
sobre o exato valor do tributo devido, além do fato de que a denunciada ostenta outras
condenações por crimes de mesma espécie. Com esse entendimento, a Seção conheceu dos
embargos e, por maioria, acolheu-os para negar provimento ao especial. EREsp 966.077-GO, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgados em 27/5/2009.

2ª Aula – Persecução Criminal – Sistemas de


Investigação Preliminar
STF:
ED: Inquérito Policial e Direito de Vista (553)

A Turma iniciou julgamento de embargos de declaração opostos pelo Ministério Público Federal
contra acórdão que deferira habeas corpus para permitir o acesso dos acusados a procedimento
investigativo sigiloso — v. Informativo 529. O embargante sustenta que a concessão da ordem,
sem ressalvas na parte dispositiva, pode levar o juízo de 1ª instância ao engano de autorizar o
acesso a todos os atos do procedimento investigatório e não somente àqueles referentes às
diligências já concluídas. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, acompanhado pela Min. Carmén
Lúcia, acolheu os declaratórios, sem os efeitos modificativos. Inicialmente, em face da
importância do tema, considerou oportuna a explicitação a fim de evitar qualquer equívoco
quanto ao alcance da decisão embargada e salientou que o exame do writ ocorrera antes da
aprovação da Súmula Vinculante 14 (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.”). Assim, recebeu os embargos exclusivamente para esclarecer, com base inclusive
na referida Súmula Vinculante 14, que o alcance da ordem concedida refere-se ao direito
assegurado ao indiciado — bem como ao seu defensor — de acesso aos elementos constantes
em procedimento investigatório que lhe digam respeito e que já se encontrem documentados
nos autos, não abrangendo as informações concernentes à decretação e à realização das

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diligências investigatórias pendentes, em especial, as que digam respeito a terceiros


eventualmente envolvidos. O Min. Marco Aurélio, enfatizando que o sigilo diz respeito a
terceiros, divergiu para possibilitar à defesa o conhecimento do todo existente nos autos e não
apenas às peças que estariam ligadas ao envolvido. Após, pediu vista dos autos o Min. Carlos
Britto.
HC 94387 ED/RS, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 30.6.2009. (HC-94387)
Arquivamento do Feito e Competência (530)

A Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus no qual se pleiteava fosse
declarada a competência do TRF da 1ª Região para julgar writ lá impetrado contra ato do Juízo
da 10ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, que deferira medida
cautelar de quebra de sigilo telefônico. No caso, a requerimento do Ministério Público Federal,
com base em relatório da Polícia Rodoviária Federal, fora determinada, pelo juízo supra, a
mencionada quebra de sigilo telefônico de diversos suspeitos de prática de crimes contra a
Administração Pública. Diante do caráter interestadual dos fatos apurados, a investigação
iniciada no Distrito Federal fora desmembrada e as informações repassadas às Seções Judiciárias
do Rio de Janeiro e de São Paulo (CPP, art. 70). Ressaltou-se, inicialmente, que o mencionado
Juízo da 10ª Vara Criminal Federal da 1ª Região, após remeter todo o conjunto probatório
recolhido, arquivara, em seguida, o procedimento original. Destarte, aduziu-se que o habeas
corpus impetrado perante o TRF da 1ª Região buscava impugnar procedimento já encerrado, daí
não ter o TRF conhecido da impetração, sob o fundamento de que não haveria ato de Juízo
Federal que se encontrasse sob a sua jurisdição a implicar ameaça ou lesão ao direito de
locomoção dos pacientes. Concluiu-se que o pedido de anulação da interceptação telefônica, cuja
irregularidade se alegava, deveria ter sido dirigido ao Tribunal responsável pela Seção Judiciária
em que instaurada a ação penal contra os pacientes, qual seja, o Juízo Federal da 2ª Vara do
Estado do Rio de Janeiro.
RHC 87198/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 25.11.2008. (RHC-87198)
Interceptação Telefônica: Fundamentação, Prorrogação e Subsidiariedade – 3 (529)

Em seguida, também por votação majoritária, o Tribunal afastou as alegações de ilicitude da


prova de interceptação telefônica por falta de fundamentação, inviabilidade da prorrogação e
violação da regra da subsidiariedade da prova. Afirmou-se que as decisões estariam
devidamente fundamentadas nos termos do art. 93, IX, da CF c/c os artigos 4º e 5º da Lei
9.296/96, e que as interceptações telefônicas foram medidas necessárias e absolutamente
imprescindíveis às investigações. Registrou-se que, a cada 15 dias, o relator analisava
novamente a conveniência de se mantê-las, tendo, por diversas vezes, excluído linhas, incluído
terminais, alterado o foco da investigação, no sentido de corresponder às sugestões e aos
requerimentos da autoridade policial e do Procurador-Geral da República, o qual se reportava, a
cada novo pedido, aos relatórios da inteligência policial. Considerou-se, também, a orientação
fixada pelo Supremo no julgamento o HC 83515/RS (DJU de 4.3.2005), no sentido de ser lícita a
prorrogação do prazo para interceptação telefônica, ainda que de modo sucessivo, quando o fato
seja complexo e o imponha a sua investigação, o que sucedera na espécie. Frisou-se que o
prazo máximo de 30 dias para a manutenção da interceptação da comunicação não pode ser
injustificadamente alargado, mas pode o magistrado, com outro motivo, e diversa motivação,
determinar nova interceptação do mesmo telefone. Repeliu-se, ainda, a assertiva de ofensa ao
princípio do juiz natural, por ter o relator determinado, durante o recesso, que as interceptações
até então autorizadas não fossem interrompidas, visto que o recesso forense não lhe tiraria a
qualidade, a função, nem a competência de relator do caso, pois o Presidente do Tribunal
funciona apenas quando o relator não se encontra e, no caso, o relator se encontrava presente.
Não se vislumbrou, ademais, na determinação das interceptações, ofensa ao art. 2º, II, da Lei
9.296/96, ao fundamento de que todas as medidas tomadas para apuração dos fatos narrados
na denúncia foram sancionadas pela subsidiariedade desse meio para obtenção de prova, sendo
óbvio que o envolvimento de magistrados, membros de tribunais, um deles, de Tribunal
Superior, implicava a necessidade de se apurar os fatos com rigor perceptivo, de modo que a
singularidade e a especificidade da situação demandava um meio excepcional de prova.
Enfatizou-se que, sem essas provas, sem indícios mais consistentes, sempre se poderia argüir

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que se imputava aos ora acusados a mera prática do chamado crime de hermenêutica. Vencido
o Min. Marco Aurélio que acolhia a preliminar por entender estar-se diante de prova ilícita,
porque extrapolado o prazo de 15 dias, prorrogável por igual prazo, previsto no art. 5º da Lei
9.296/96.
Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)
Prisões Cautelares: Fundamentação Insuficiente e Desrespeito à Decisão do Supremo
– 1 (527)

O Tribunal concedeu habeas corpus impetrado contra ato do STJ que, em decisão monocrática,
indeferira idêntica medida lá impetrada, para confirmar liminares que revogaram as prisões
temporárias e preventivas decretadas contra os pacientes, bem assim as extensões deferidas
aos co-réus. Relatou-se que os impetrantes pleiteavam acesso a documentos atinentes a
investigação que teria curso na Polícia Federal, e salvo-conduto ante a possibilidade de
decretação de suas prisões provisórias, tendo em conta matéria publicada em jornal que
informava a possível instauração de inquérito contra os pacientes. Em face disso, o relator do
presente writ, determinara a expedição de ofício ao Juízo da causa, a fim de que prestasse
informações pormenorizadas a respeito do que alegado na inicial. Essas informações teriam sido
prestadas, entretanto, no período de férias forenses, quase um mês após requisitadas, de forma
evasiva, expressando evidente recusa do Juiz federal em dá-las. O Min. Gilmar Mendes,
Presidente, durante esse período, reconhecendo a existência de situação de flagrante
constrangimento ilegal, a justificar exceção à Súmula 691, do STF, deferira a medida liminar, a
fim de que o referido Juízo franqueasse o acesso aos autos e requisitara cópia do decreto de
prisão temporária lá expedido, o que cumprido. Em seguida, o Presidente deferira nova liminar,
cassando a prisão temporária dos pacientes, e estendendo a decisão aos co-réus, por reputá-la
injustificável em face da realização da colheita de provas determinada nos mandados de busca e
apreensão. Considerara, ainda, a inviabilidade de decreto de prisão temporária com base na
mera necessidade de oitiva dos investigados para fins de instrução processual. Posteriormente, o
Juízo, atendendo a representação da autoridade policial, reconsiderara decisão que decretara a
prisão de apenas dois co-réus, e decretara, também, a prisão preventiva de um dos pacientes
por conveniência da instrução criminal, a pretexto de assegurar a aplicação da lei penal e
garantir a ordem pública e econômica. O Presidente também revogara essa prisão, nestes
termos: a) os mesmos fundamentos que permitiram o conhecimento do pedido de afastamento
da prisão temporária nestes autos também permitem conhecer do pleito de revogação da prisão
preventiva; b) a fundamentação utilizada pelo Juiz Federal não é suficiente para justificar a
restrição à liberdade do paciente; c) para que o decreto de custódia cautelar seja idôneo, é
necessário que o ato judicial constritivo da liberdade especifique, de modo fundamentado (CF,
art. 93, IX), elementos concretos que justifiquem a medida; d) não há fatos novos de relevância
suficiente a permitir a nova ordem de prisão expedida; e) o encarceramento do paciente revela
nítida via oblíqua de desrespeitar a decisão deste Supremo Tribunal Federal anteriormente
expedida.
HC 95009/SP, rel. Min. Eros Grau, 6.11.2008. (HC-95009)
Crimes contra a Ordem Tributária e Instauração de Inquérito – 1 (557)

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que se discute a possibilidade, ou não, de


instauração de inquérito policial para apuração de crime contra a ordem tributária, antes do
encerramento do procedimento administrativo-fiscal. Na espécie, empresa da qual os pacientes
eram sócios sofrera fiscalização promovida pela Fazenda Estadual, que remetera ao Ministério
Público representação fiscal, solicitando a quebra do sigilo fiscal daquela, para exame de suposta
prática de crimes contra a ordem tributária. Os fiscais reputavam a diligência imprescindível
para a conclusão do procedimento fiscal instaurado, haja vista que os pacientes não
apresentaram as informações requeridas sobre determinada conta corrente da empresa. O
parquet, então, requerera a quebra do sigilo bancário da empresa, o que fora deferido pelo juízo
de origem. Contra esta decisão, a defesa impetrara habeas corpus perante o tribunal local que o
acolhera, em parte, por entender manifestamente ilegal o ato, dado que prolatado sem forma ou
figura de juízo, ausentes o inquérito ou o processo judicial. Em conseqüência disso, o órgão
ministerial requisitara a instauração de inquérito policial, no bojo do qual fora formalizado e

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deferido judicialmente o pleito de afastamento do sigilo bancário da empresa. A impetração


reitera as alegações de que: a) seria ilegal a instauração de inquérito policial antes da conclusão
do procedimento administrativo-fiscal; b) posterior encerramento do procedimento
administrativo-fiscal não convalidaria anterior iniciativa de instauração de inquérito policial; e c)
seria ilegal a prova obtida por meio da quebra de sigilo bancário decretada judicialmente.
HC 95443/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 25.8.2009. (HC-95443)
CPI e Quebra de Sigilo Judicial – 1 (515)

Em regra, o segredo de justiça é oponível à Comissão Parlamentar de Inquérito e representa


uma expressiva limitação aos seus poderes de investigação. Com base nesse entendimento, o
Tribunal, por maioria, referendou decisão concessiva de pedido de liminar, formulado em
mandado de segurança, impetrado por Tim Celular S/A e outras operadoras de telefonia fixa e
móvel, contra ato do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
Escutas Telefônicas Clandestinas, que lhes determinara a remessa de informações cobertas por
sigilo judicial. Em 4.8.2008, o Min. Cezar Peluso, deferira a cautelar, autorizando, até decisão
contrária nesta causa, as impetrantes a não encaminharem à CPI o conteúdo dos mandados
judiciais de interceptação telefônica cumpridos no ano de 2007 e protegidos por segredo de
justiça, exceto se os correspondentes sigilos fossem quebrados prévia e legalmente. Reputou
que aparentava razoabilidade jurídica (fumus boni iuris) a pretensão das impetrantes de se
guardarem da pecha de ato ilícito criminoso, por força do disposto no art. 325 do CP e no art.
10, c/c o art. 1º, da Lei federal 9.296/96, que tipifica como crime a quebra de segredo de
justiça, sem autorização judicial, ou, ainda, por deixarem de atender ao que se caracterizaria
como requisição da CPI, bem como que estaria presente o risco de dano grave, porque na
referida data se esgotava o prazo outorgado, sob cominação implícita, no ato impugnado, a cujo
descumprimento poderia corresponder medida imediata e suscetível de lhes acarretar
constrangimento à liberdade. Naquela sessão, considerou o relator a jurisprudência pacífica da
Corte no sentido de que, nos termos do art. 58, § 3º da CF, as CPIs têm todos os "poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais", mas apenas esses, restando elas sujeitas aos
mesmos limites constitucionais e legais, de caráter formal e substancial, oponíveis aos juízes de
qualquer grau, no desempenho de idênticas funções.
MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483)
Detentor de Foro por Prerrogativa de Função e Indiciamento (483)

O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada em inquérito originário promovido
pelo Ministério Público Federal, no qual se apura o envolvimento de Senador quanto à ocorrência
das supostas práticas delituosas sob investigação na denominada “Operação Sanguessuga”, no
sentido de anular o ato formal de indiciamento do parlamentar realizado por autoridade policial.
Ressaltando que a prerrogativa de foro tem por escopo garantir o livre exercício da função do
agente político, e fazendo distinção entre os inquéritos originários, a cargo e competência do
STF, e os de natureza tipicamente policial, que se regulam inteiramente pela legislação
processual penal brasileira, entendeu-se que, no exercício da competência penal originária do
STF (art. 102, I, b, da CF c/c o art. 2º da Lei 8.038/90), a atividade de supervisão judicial deve
ser constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitação das investigações, ou seja,
desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento, ou não, de
denúncia pelo Ministério Público, sob pena de esvaziamento da própria idéia dessa prerrogativa.
Em razão disso, concluiu-se que a autoridade policial não poderia ter indiciado o parlamentar
sem autorização prévia do Ministro-relator do inquérito. Ademais, em manifestação obiter
dictum, asseverou-se que a autoridade policial também dependeria dessa autorização para a
abertura de inquérito em que envolvido titular de prerrogativa de foro perante esta Corte.
Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello, que não
anulavam o indiciamento, por considerar que o membro do Congresso Nacional poderia ser
submetido à investigação penal, mediante instauração de inquérito policial, e conseqüente
indiciamento — ato de natureza legal, vinculada —, por iniciativa da própria autoridade policial,
independente de autorização prévia do STF. Precedentes citados: Pet 2805/DF (DJU de
27.2.2004); Inq 2285/DF (DJU de 13.3.2006); Inq 149/DF (DJU de 27.10.83); Inq 1793 AgR/DF
(DJU de 14.6.2002); Pet 1954/DF (DJU de 1º.8.2003); Pet 2805/DF (DJU de 27.2.2004); Pet

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1104/DF (DJU de 23.5.2003); Pet 3248/DF (DJU de 23.11.2004); Pet 2998/MG (DJU de
6.11.2006); Rcl 2138/DF (acórdão pendente de publicação); Rcl 2349/TO (DJU de 5.8.2005).
Inq 2411 QO/MT, rel. Min. Gilmar Mendes, 10.10.2007. (Inq-2411)
CPI e Quebra de Sigilo Judicial – 1 (515)

Em regra, o segredo de justiça é oponível à Comissão Parlamentar de Inquérito e representa


uma expressiva limitação aos seus poderes de investigação. Com base nesse entendimento, o
Tribunal, por maioria, referendou decisão concessiva de pedido de liminar, formulado em
mandado de segurança, impetrado por Tim Celular S/A e outras operadoras de telefonia fixa e
móvel, contra ato do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar
Escutas Telefônicas Clandestinas, que lhes determinara a remessa de informações cobertas por
sigilo judicial. Em 4.8.2008, o Min. Cezar Peluso, deferira a cautelar, autorizando, até decisão
contrária nesta causa, as impetrantes a não encaminharem à CPI o conteúdo dos mandados
judiciais de interceptação telefônica cumpridos no ano de 2007 e protegidos por segredo de
justiça, exceto se os correspondentes sigilos fossem quebrados prévia e legalmente. Reputou
que aparentava razoabilidade jurídica (fumus boni iuris) a pretensão das impetrantes de se
guardarem da pecha de ato ilícito criminoso, por força do disposto no art. 325 do CP e no art.
10, c/c o art. 1º, da Lei federal 9.296/96, que tipifica como crime a quebra de segredo de
justiça, sem autorização judicial, ou, ainda, por deixarem de atender ao que se caracterizaria
como requisição da CPI, bem como que estaria presente o risco de dano grave, porque na
referida data se esgotava o prazo outorgado, sob cominação implícita, no ato impugnado, a cujo
descumprimento poderia corresponder medida imediata e suscetível de lhes acarretar
constrangimento à liberdade. Naquela sessão, considerou o relator a jurisprudência pacífica da
Corte no sentido de que, nos termos do art. 58, § 3º da CF, as CPIs têm todos os "poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais", mas apenas esses, restando elas sujeitas aos
mesmos limites constitucionais e legais, de caráter formal e substancial, oponíveis aos juízes de
qualquer grau, no desempenho de idênticas funções.
MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483)
CPI e Quebra de Sigilo Judicial – 2 (515)

O relator asseverou que, sob esse ponto de vista, o qual é o da qualidade e extensão dos
poderes instrutórios das CPIs, estas se situam no mesmo plano teórico dos juízes, sobre os
quais, no exercício da jurisdição, que lhes não é compartilhada às Comissões, nesse aspecto,
pela Constituição, não têm elas poder algum, até por força do princípio da separação dos
poderes, nem têm poder sobre as decisões jurisdicionais proferidas nos processos, entre as
quais relevam, para o caso, as que decretam o chamado segredo de justiça, previsto como
exceção à regra de publicidade, a contrario sensu, no art. 5º, LX, da CF. Esclareceu, no ponto,
que as CPIs carecem, ex autoritate propria, de poder jurídico para revogar, cassar, compartilhar,
ou de qualquer outro modo quebrar sigilo legal e constitucionalmente imposto a processo
judiciário, haja vista tratar-se de competência privativa do Poder Judiciário, ou seja, matéria da
chamada reserva jurisdicional, onde o Judiciário tem a primeira e a última palavra. Aduziu,
ainda, ser intuitiva a razão última de nem a Constituição nem a lei haverem conferido às CPIs,
no exercício de suas funções, poder de interferir na questão do sigilo dos processos
jurisdicionais, porque se cuida de medida excepcional, tendente a resguardar a intimidade das
pessoas que lhe são submissas, enquanto garantia constitucional explícita (art. 5º, X), cuja
observância é deixada à estima exclusiva do Poder Judiciário, a qual é exercitável apenas pelos
órgãos jurisdicionais competentes para as respectivas causas - o que implica que nem outros
órgãos jurisdicionais podem quebrar esse sigilo, não o podendo, a fortiori, as CPIs. Concluiu que
é essa também a razão pela qual não pode violar tal sigilo nenhuma das pessoas que, ex vi
legis, lhe tenham acesso ao objeto, assim porque intervieram nos processos, como porque de
outro modo estejam, a título de destinatários de ordem judicial, sujeitas ao mesmo dever
jurídico de reserva.
MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483)

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CPI e Quebra de Sigilo Judicial – 3 (515)

Nesta sessão, o Tribunal, preliminarmente, tendo em conta a relevância da matéria, por votação
majoritária, entendeu possível ao relator trazer à apreciação do Plenário a decisão liminar.
Vencido o Min. Marco Aurélio que considerava caber apenas ao relator, nos termos do art. 203
do RISTF, o exame da decisão liminar em mandado de segurança. No mérito, o Tribunal
referendou a decisão, com as ressalvas, na presente sessão, aduzidas pelo relator. Em
acréscimo à decisão liminar deferida em 4.8.2008, asseverou-se, não obstante reconhecendo os
altos propósitos da Comissão Parlamentar de Inquérito, que estes não poderiam ser feitos à
margem ou à revelia da lei. Em razão disso, entendeu-se que a maneira que seria de o Judiciário
contribuir com o trabalho da Comissão não poderia estar na quebra dos sigilos judiciais, a qual,
frisou-se, nem o Supremo teria o poder para fazê-lo no âmbito dos processos judiciais de
competência de outro juízo. Dessa forma, concluiu-se que, eventualmente, a CPI, se tivesse
interesse, poderia receber algumas informações que poderiam constituir subsídios para suas
atividades. A liminar foi concedida nestes termos: se a Comissão tiver interesse, as operadoras
deverão encaminhar as seguintes informações: 1) relação dos juízos que expediram os
mandados, bem como da quantidade destes e dos terminais objeto das ordens - quantos
mandados e quantos terminais; 2) relação dos órgãos policiais específicos destinatários das
ordens judiciais; 3) havendo elementos, relação dos órgãos que requereram as interceptações;
4) relação da cidade ou das cidades em que se situam os terminais objeto das ordens de
interceptações; e 5) duração total de cada interceptação. Ficando claro que não podem constar
das informações, de modo algum: 1) o número de cada processo; 2) o nome de qualquer das
partes ou dos titulares dos terminais interceptados; 3) os números dos terminais; e 4) cópias
dos mandados e das decisões que os acompanharam ou que os determinaram. Vencido o Min.
Marco Aurélio que negava referendo à liminar deferida, e, salientando que a regra prevista no
art. 5º, XII, da CF teria sido temperada pelo próprio constituinte quando previu, no art. 58, § 3º,
da CF, que as CPI teriam poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, afirmava
que, ao negar o acesso da CPI aos dados pretendidos, estar-se-ia esvaziando por completo o
objeto da CPI, e conferindo interpretação restritiva ao § 3º do art. 58 da CF, o que geraria um
conflito institucional.
MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483)
Ministério Público: Investigação Criminal e Membro da Instituição (506)

A Turma indeferiu habeas corpus em que Secretário de Segurança Pública requeria, por falta de
justa causa, o trancamento de ação penal contra ele instaurada pela suposta prática do crime de
abuso de autoridade (Lei 4.898/65, art. 4º, a), consistente no fato de haver ordenado a
delegado de polícia que mantivesse a custódia de algumas pessoas, cujas prisões foram
realizadas sem determinação escrita da autoridade judiciária e sem que estivessem em flagrante
delito. A defesa alegava, ainda, que as provas colhidas em procedimento investigatório realizado
diretamente pelo Ministério Público não poderiam embasar a denúncia. Entendeu-se que, na
espécie, a atuação do Ministério Público encontraria fundamento na legislação
infraconstitucional, haja vista que não se trataria de investigação qualquer empreendida pelo
parquet estadual, porquanto o ora paciente seria membro da instituição e, nessa qualidade,
possuiria a prerrogativa de ter sua conduta apurada pelo Procurador-Geral de Justiça (Lei
8.625/93, art. 41, parágrafo único e LC 75/93, art. 18, parágrafo único). Ademais, considerou-
se que a inicial acusatória descrevera de forma clara, precisa, pormenorizada e individualizada a
conduta imputada ao paciente, o que viabilizaria o exercício da ampla defesa, e que o
trancamento de ação penal por ausência de justa causa, fundado na inépcia da denúncia, seria
medida excepcional, não caracterizada no presente caso. Rejeitou-se, ainda, a tese de
inexigibilidade do dever legal de agir do paciente. No ponto, tendo em conta que as polícias civis
e militares seriam, conforme previsto em lei local, subordinadas hierárquica, administrativa e
funcionalmente ao Secretário de Segurança Pública, enfatizou-se que o paciente exerceria poder
de mando e determinava como seus subordinados deveriam proceder. Por fim, afastou-se a
assertiva de falta de conjunto probatório mínimo à comprovação de existência de justa causa ao
fundamento de que a via escolhida não comportaria dilação probatória.
HC 93224/SP, rel. Min. Eros Grau, 13.5.2008. (HC-93224)

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STJ:
DANOS MORAIS. IMPUTAÇÃO. FATO CRIMINOSO. (390)

O banco recorrente alega que o autor esteve em suas dependências comportando-se de maneira
a levar os funcionários a acreditar que se tratava de tentativa de assalto, comunicando o fato à
autoridade policial, que, no exercício do dever legal de investigação, teria agido com truculência.
O autor esclareceu que parou seu veículo no estacionamento privativo dos clientes, para sacar
dinheiro, utilizando-se do serviço Banco 24 horas on line. Após, foi ao terminal rodoviário e
comprou passagens e, ao retornar para o centro da cidade, foi abordado pela polícia,
acompanhada do preposto do banco, que o indicou como sendo ele assaltante. Daí se conclui
que a ação policial decorreu de ato do banco de falsa acusação e em condições que levaram à
truculência na abordagem. Dessa forma, três coisas restam induvidosas: a primeira, que a
vítima sequer estava mais na agência bancária, saíra em seu automóvel, portanto perigo
imediato não havia; a segunda, que o preposto afirmou peremptoriamente que uma das pessoas
portava uma arma e isso não correspondia à realidade; e, em terceiro, o próprio funcionário do
banco acompanhou a diligência policial de prisão, o que é um fato inusitado. Conquanto não se
esteja a afirmar que os servidores do banco não tenham de se prevenir de assaltos, pois eles,
realmente, são constantes, há que se reconhecer que, no caso, existiu culpa. Foi dada
informação equivocada à polícia sobre porte de arma, o que poderia ter levado até a um
desfecho mais trágico, e o preposto foi muito além de uma mera comunicação à autoridade,
chegando a participar, fora do banco, da diligência que resultou na prisão do autor. Sem dúvida,
agiu com culpa seja por imprudência seja por excesso em seu mister, além, é claro, do que
possa ser atribuído à própria truculência policial se extrapolou os procedimentos usuais nas
circunstâncias em que recebeu a comunicação do denunciante. Diante disso, a Turma não
conheceu do recurso do banco. REsp 537.111-MT, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado
em 14/4/2009.

MS. APREENSÃO. DOCUMENTOS. ARQUIVAMENTO. INQUÉRITO. (390)

No inquérito policial para apurar a comprovada falsificação (estelionato) de assinatura de um


avalista em cédula de crédito industrial (constante de ação executiva), foi determinada pelo
juízo a quebra de sigilo bancário e a busca e apreensão de documentos depositados no
departamento jurídico de um banco (documentos originais relativos às transações entre a
instituição financeira e a sociedade avalizada). Desse modo, o mandado de segurança que
pretende reconhecer a ilegalidade dessa ordem judicial diante das peculiaridades não perde seu
objeto pelo arquivamento do inquérito por falta de elementos suficientes à instauração da ação
penal. Quanto a isso, é certo que a inviolabilidade do escritório de advocacia é relativa, pois é
prevista a possibilidade de nele ingressar quando em cumprimento do mandado de busca e
apreensão expedido por magistrado, desde que a apreensão verse sobre objeto capaz de
constituir elemento do corpo de delito e essa decisão esteja fundamentada (antiga redação do
art. 7º, II, da Lei n. 8.906/1994 e art. 243, § 2º, do CPP): que haja satisfatória demonstração
da necessidade da medida para evitar o desaparecimento ou adulteração de provas
indispensáveis à comprovação da materialidade do delito. Sucede que, na hipótese, carecem de
fundamentação tanto a decisão que ordenou a quebra de sigilo bancário quanto a que
determinou a apreensão. Desse modo, há que preservar o sigilo profissional do advogado em
respeito a seu papel essencial na administração da Justiça (arts. 5º, XIV, e 133 da CF/1988) e a
própria confiança empenhada por seus clientes. Assim, ao se preservar o princípio da ampla
defesa, está vedada a apreensão de todos os documentos acobertados pelo sigilo: os que
possam comprometer o cliente ou sua defesa seja na esfera cível ou na penal (segundo o banco,
os documentos só interessam à busca da anulação do título na ação executiva). Precedente
citado: RMS 19.772-MT, DJ 17/11/2008. RMS 27.419-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
julgado em 14/4/2009.

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COMPETÊNCIA. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. VEÍCULO. (402)

Foi instaurado inquérito visando apurar eventual ocorrência de delito tipificado no art. 171, § 2º,
I, c/c o art. 14, II, ambos do CP. O autor do suposto delito, para resolver problemas particulares
em cidade localizada no Estado de São Paulo, tomou emprestado, em uma cidade paranaense,
um veículo de propriedade da vítima. O autor, chegando à cidade paulista, tentou entregar o
mencionado carro a um terceiro, a título de compensação de dívidas, como se fosse sua
propriedade. Das decisões proferidas pelos juízos suscitante e suscitado, vê-se que ambos
entendem ter o agente praticado os delitos de apropriação indébita e de estelionato, este
absorvido por aquele. A divergência foi instaurada quanto ao local de consumação do crime de
apropriação indébita, tendo o primeiro juízo entendido que se daria no local da tradição do bem
(em São Paulo) e o segundo, no local em que foi realizado o empréstimo (no Paraná). Assim, a
questão está em definir o local da consumação do delito de apropriação indébita e,
consequentemente, o juízo competente para processar e julgar a respectiva ação penal. Isso
posto, a Seção conheceu do conflito e declarou competente o juízo suscitado ao argumento de
que a apropriação consumou-se na cidade paulista, lugar em que o acusado entregou o veículo
ao credor, momento em que transformou a posse em propriedade, em que externou sua
vontade em não restituir o bem que estava em sua posse em razão de empréstimo. Precedentes
citados: CC 57. 125-MT, DJ 7/8/2006; CC 16.389-SP; DJ 21/10/1996; CC 1.646-MG, DJ
3/6/1991, e CC 355-PE, DJ 25/9/1989. CC 102.103-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 12/8/2009.

CRIMES CONEXOS. COMPETÊNCIA FEDERAL. (397)

Trata-se de paciente que, juntamente com outros 17, está sendo acusada de fraudar licitações
públicas realizadas com recursos federais oriundos de convênios firmados entre municípios,
órgãos e autarquias federais (MEC e FNDE). Irresignada com o recebimento da denúncia e com a
prisão cautelar, sustenta a nulidade da ação penal, inclusive por incompetência do juízo
processante, uma vez que os recursos são federais e ainda alvo de inquérito na Polícia Federal,
por incidirem as Súmulas ns. 208 e 122 deste Superior Tribunal. Isso posto, inicialmente, o Min.
Relator reconheceu que o mandamus impetrado no Tribunal de origem perdeu seu objeto no que
concerne à análise dos fundamentos da prisão preventiva, tendo em vista sua revogação pelo
juízo de primeiro grau. Dessa forma, a ordem foi conhecida somente em parte, em razão da
incompetência absoluta do juízo processante, pois, no caso, os recursos tem realmente origem
federal (Súm. n. 208-STJ) e o fato de a exordial acusatória imputar também crimes de
competência estadual em razão da conexão não afasta a competência do Juízo Federal (Súm. n.
122-STJ). Com esse entendimento, a Turma conheceu parcialmente da ordem de habeas corpus
e, nessa parte, concedeu-a para declarar a nulidade de todos os atos decisórios proferidos na
ação penal, devendo as peças ser remetidas ao juízo federal competente. HC 97.457-PE, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 2/6/2009.

COMPETÊNCIA. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO. (397)

O paciente foi denunciado pela prática de crime que consubstancia exercício arbitrário das
próprias razões (art. 346 do CP), porque mandou os corréus retirarem da vítima um laptop que
estava em poder dela e que fora cedido pela empresa em que prestava serviço. Resolveu reaver
o aparelho cedido, justificando sua conduta com o fato de não existir contrato ajustado entre a
vítima e a empresa, por não mais haver razão jurídica que fundasse a posse da máquina quando
aquele levou ao conhecimento da direção da empresa que cessaria a prestação de seus serviços.
Iniciou-se o procedimento no juizado especial criminal por ser infração penal de menor potencial
ofensivo. Mas a própria Lei n. 9.099/1995 prevê o encaminhamento dos autos ao juízo comum
na hipótese de o acusado não ser encontrado para ser citado. A primeira alegação da impetração
refere-se à atipicidade da conduta atribuída ao paciente. De acordo com os impetrantes, com a
previsão do Pacto de São José da Costa Rica de que ninguém será preso por dívida, tornou-se
inconstitucional a parte final do art. 346 do CP, pelo qual responde o paciente. Para a Min.
Relatora, o bem jurídico tutelado não é mais o patrimônio, embora se esforcem os impetrantes
em demonstrar o contrário. Trata-se do tipo penal que visa a evitar forma específica de exercício
das próprias razões. Tanto é assim que dois são os crimes que se encontram sob a rubrica de

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exercício arbitrário das próprias razões, descritos consecutivamente no Código Penal (art. 345 e
346). Pretendeu o legislador, com a tipificação de tais condutas, evitar que o indivíduo busque a
tutela de seus direitos de forma direta, ou à força, enquanto se faz necessária a intervenção do
Poder Judiciário. Isto é, se a coisa encontra-se em poder de outra pessoa, a que título for – no
caso do art. 345, por desdobramentos contratuais ou em razão de determinação judicial, no caso
do art. 346 –, não pode o proprietário da coisa tirá-la à força. Na hipótese, o paciente furtou-se
à citação. Assim, o desdobramento da competência do Juizado Especial para o juízo comum foi
determinado por decisão fundamentada. Em se tratando de causa complexa que dependeu de
inquérito policial com duração de vários meses, na qual há grande dificuldade para a localização
do autor do fato, há que se impor o deslocamento da competência para o juízo comum,
prosseguindo-se com o procedimento comum ordinário previsto no CPP (parágrafo único do art.
66 e § 2º do art. 77 da Lei n. 9.099/1995). HC 128.937-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 2/6/2009

3-4ª Aula – Ação Penal


STF:
Proposta de Suspensão Condicional do Processo: Manifestação após o Recebimento da
Denúncia – 1 (557)

O Tribunal, por maioria, recebeu, em parte, denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal
contra Deputado Federal e dois outros acusados pela suposta prática do delito previsto no art.
10 da Lei Complementar 105/2001 (“A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei
Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro
anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis.”), c/c o art 29 do CP. Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, acolheu questão de
ordem suscitada pelo Min. Gilmar Mendes, relator, para que o Plenário passasse ao exame da
denúncia e, caso se decidisse pelo seu recebimento, fosse aberta a vista às partes, pela
relatoria, para a manifestação quanto à proposta de suspensão condicional do processo. No
caso, o parquet propusera a suspensão do processo [Lei 9.099/95: “Art. 89 Nos crimes em que a
pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado
por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal). § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença
do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a
período de prova, sob as seguintes condições: ... § 7º Se o acusado não aceitar a proposta
prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.”]. A defesa do
parlamentar denunciado afirmara não ter interesse em acordo suspensivo do processo, sendo
que a dos demais acusados arrolara argumentos, com o objetivo de demonstrar que somente
deveria exprimir concordância ou discordância com a proposta ministerial após efetivamente
recebida a denúncia. Entendeu-se constituir direito do denunciado obter do órgão julgador,
monocrático ou colegiado, a manifestação prévia sobre a necessária existência de justa causa
para a ação penal, daí nascendo, caso o juízo de delibação resulte positivo, a oportunidade de
optar o réu entre a suspensão ou o processamento, com isso se evitando que o denunciado sofra
indevido constrangimento, causado pela obrigatoriedade de manifestar concordância ou
discordância com a proposta do Ministério Público, antes mesmo de saber da validade da inicial
acusatória, o que poderia redundar no recebimento de denúncia inepta ou sem base empírica
nos autos a justificar o ato.
Pet 3898/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2009. (Pet-3898)

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Proposta de Suspensão Condicional do Processo: Manifestação após o Recebimento da


Denúncia – 2 (557)

Asseverou-se, de início, que a questão que se colocaria, de grande relevância e indicativa da


insuficiência do critério literal para o deslinde da controvérsia, residiria em saber se estaria o
denunciado obrigado a se manifestar sobre a proposta de suspensão do processo formulado pelo
Ministério Público, aceitando-a ou não, antes mesmo de ver analisados os argumentos de inépcia
da denúncia que embasa o acordo ou a flagrante falta de justa causa para ação penal. Citaram-
se, em seguida, precedentes da Corte que trataram da questão apenas sob o ponto de vista da
admissibilidade do habeas corpus em ordem a atacar a denúncia que dera ensejo à proposta
suspensiva do processo aceita pelo denunciado (RHC 82365/SP, DJE de 27.6.2008 e HC
85747/SP, DJU de 14.10.2005). Tais julgados afirmariam, portanto, o cabimento do writ, de
modo a permitir fosse a denúncia questionada mesmo depois de formalizado o termo de acordo
de suspensão do processo, dando a idéia de que o exame deveria ser feito pela instância
superior àquela que homologou o pacto. Observou-se, entretanto, que, no caso sob análise,
tratar-se-ia de denúncia oferecida ao Plenário do Supremo, para, no exercício de sua
competência originária, julgar ação penal, cujo réu disporia de foro por prerrogativa de função, o
que, evidentemente, afastaria a possibilidade de impetração de habeas corpus depois de
formalizado o acordo. Asseverou-se que, em tal situação, uma vez adotado o entendimento
assente na Corte, não restaria alternativa, devendo o Plenário proceder à análise da inicial
acusatória, aquilatando eventual inépcia ou falta de justa causa e efetivamente recebendo a
denúncia, providência que daria ensejo ao ato seguinte, consistente na colheita da concordância,
ou não, dos denunciados e de seus defensores quanto à proposta suspensiva.
Pet 3898/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2009. (Pet-3898)
Proposta de Suspensão Condicional do Processo: Manifestação após o Recebimento da
Denúncia – 3 (557)

Aduziu-se, ainda, que a suspensão condicional do processo — embora trouxesse ínsita em seu
conceito a idéia de benefício ao denunciado, permitindo ver-se afastado da ação penal mediante
cumprimento de certas condições, grosso modo mais leves do que a pena a que estaria sujeito
caso condenado —, não deixaria de representar, de outro lado, um constrangimento à pessoa,
caracterizado exatamente pela necessidade de cumprir obrigações alternativas impostas por
período mais ou menos longo, interregno em que, não bastassem as tarefas, restrições ou
dispêndios a que submetido, sempre ostentaria a condição de réu em ação penal. Frisou-se que
a simples hipótese de se ver envolvido em outro processo por crime diverso no curso do prazo
assinado, necessariamente levaria à revogação do benefício, o que também se daria se se
tratasse de simples contravenção, conforme entendimento do magistrado, em qualquer caso,
sem mínima possibilidade de exame de sua efetiva culpabilidade. Enfatizou-se não ser difícil
imaginar o dilema a que estaria submetida qualquer pessoa contra quem se apresentasse
denúncia absolutamente inválida, totalmente imprestável ao início de uma ação penal, caso se
entendesse que a manifestação do denunciado deveria preceder ao exame da denúncia.
Concluiu-se que, em tal hipótese, não obstante a plena convicção da insubsistência da peça
inaugural do processo-crime, restaria o denunciado constrangido a aceitar a proposta
suspensiva, haja vista que, do contrário, possível entendimento diverso do órgão julgador faria
com que a inicial fosse recebida e o processo iniciado sem nova possibilidade de aceitar o acordo
proposto pela parte acusatória, tudo a traduzir verdadeiro jogo de prognósticos que não se
coadunaria com o princípio garantidor da ampla defesa e do estado de inocência (CF, art. 5º, LV
e LVII). Vencidos, quanto à questão de ordem os Ministros Ellen Gracie, Marco Aurélio e Celso de
Mello, que consideravam que a manifestação quanto à proposta de suspensão só poderia ser
feita antes do recebimento da denúncia.
Pet 3898/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2009. (Pet-3898)
Art. 222-A do CPP: Imprescindibilidade de Cartas Rogatórias e Responsabilidade pelos
Custos – 1 (550)

O Tribunal resolveu questão de ordem suscitada em ação penal — movida pelo Ministério Público
Federal contra 40 pessoas acusadas da suposta prática de crimes ligados ao esquema

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denominado “Mensalão” —, para, por maioria, deferir a expedição de carta rogatória para a
oitiva de parte das testemunhas, residentes no exterior, arroladas por réus da citada ação penal,
fixando, para o seu cumprimento, prazo de 6 meses a partir da data da expedição. Entendeu-se
que somente em relação a alguns réus teria sido demonstrada a imprescindibilidade da prova
oral requerida, conforme exigido pelo art. 222-A do CPP (“As cartas rogatórias só serão
expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente
com os custos de envio.”). Rejeitou-se, ainda, a alegação de inconstitucionalidade do referido
preceito, examinando-a sob dois aspectos. Quanto à exigência da demonstração prévia da
imprescindibilidade das cartas rogatórias, aduziu-se tratar-se de norma que, em última análise,
teria explicitado diretriz já imposta ao juiz, consistente no dever que lhe incumbe de velar pela
rápida solução do litígio, indeferindo as provas inúteis, impertinentes ou protelatórias, nos
termos do que prescreve o art. 125, II, do CPC, c/c o art. 3º do CPP, e o art. 400 deste mesmo
diploma legal. Asseverou-se que a aludida norma seria consentânea com o inciso LXXVIII do art.
5º da CF, que assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
AP 470 QO/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 10.6.2009. (AP-470)
Porte Ilegal de Arma e Ausência de Munição (550)

Arma desmuniciada ou sem possibilidade de pronto municiamento não configura o delito previsto
no art. 14 da Lei 10.826/2003. Com base nesse entendimento, a Turma, por maioria, deferiu
habeas corpus para trancar ação penal instaurada em desfavor de denunciado pela suposta
prática do crime de porte ilegal de arma de fogo, em razão de possuir, portar e conduzir
espingarda, sem munição, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. Vencidos os Ministros Ellen Gracie, relatora, e Joaquim Barbosa que denegavam o
writ por considerar típica a conduta narrada na inicial acusatória.
HC 97811/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Eros Grau, 9.6.2009.
(HC-97811)
Princípio da Insignificância e Furto de Patrimônio Nacional (552)

Por reputar ausentes os requisitos que autorizam a incidência do princípio da insignificância, a


Turma indeferiu habeas corpus no qual militar condenado pela prática do crime de furto
qualificado (CPM, art. 240, § 5º) — em virtude da subtração de um laptop que se encontrava em
sala sujeita à administração militar (sala de sargenteação) — alegava a falta de justa causa para
o prosseguimento da persecução penal, na medida em que se tratava de fato cuja conduta seria
atípica. Entendeu-se que, sendo um bem pertencente ao patrimônio nacional, não se poderia
aplicar o sufragado princípio da insignificância. Asseverou-se, ademais, que o valor do bem
subtraído não poderia ser considerado ínfimo, que a pena fora bem aplicada, inclusive com a
atenuante de restituição da coisa antes de instaurada a ação penal (CPM, art. 240, § 2º), bem
como que o paciente fora agraciado com a suspensão condicional do processo.
HC 98159/MG, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 23.6.2009. (HC-98159)
Crime Ambiental e Trancamento de Ação Penal – 2 (548)

Em seguida, de igual forma, rejeitou-se o pretendido trancamento da ação penal por ausência de
justa causa. Enfatizou-se que a denúncia, apesar de sucinta, descreveria fato em tese delituoso,
imputando-o aos pacientes e outros co-réus. Ademais, mencionou-se que o art. 2º da Lei dos
Crimes Ambientais responsabiliza expressamente os administradores de pessoas jurídicas cujas
atividades tenham acarretado danos que configurem crime contra o meio ambiente. Asseverou-
se, ainda, que o reconhecimento da alegação de falta de materialidade quanto ao crime previsto
no art. 54 da lei demandaria exame aprofundado do acervo fático-probatório, incabível na via
escolhida. Também se afastou o pleito dos pacientes no tocante ao argumento de que não teria
sido indicada a norma de segurança supostamente violada quando do armazenamento dos
produtos da empresa. Registrou-se, nesse ponto, que a inicial acusatória apontaria
irregularidade na armazenagem, fato que, em tese, encontra-se tipificado no art. 56 da mesma
lei. Alguns precedentes citados: HC 92797 AgR/SP (DJE de 19.12.2007); HC 90326 QO/RS (DJE

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de 29.2.20088); HC 85190/SC (DJU de 8.11.2005) e HC 86361/SP (DJE de 1º.2.2008).


HC 94842/RS, rel. Min. Eros Grau, 26.5.2009. (HC-94842)

STJ:
DESACATO. SUJEITO ATIVO. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. (395)

O paciente, na qualidade de Secretário de Estado, foi chamado a prestar esclarecimentos à


Assembléia Legislativa. Consta que, na sessão, ele teria detratado os deputados estaduais ali
presentes, o que resultou em sua denúncia pela suposta prática do delito de desacato (art. 331
do CP). A Sexta Turma, prosseguindo no julgamento, após o voto vista do Min. Og Fernandes
(que desempatou a votação), denegou, por maioria, a ordem entendendo que o crime em
questão, de natureza comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, inclusive, funcionário
público, seja ele superior ou inferior hierárquico à vítima. Isto porque o bem jurídico a ser
tutelado é o prestígio da função pública, portanto, o sujeito passivo principal é o Estado e,
secundariamente, o funcionário ofendido. Decidiu-se, ainda, que a exordial acusatória apresenta
indícios suficientes para a persecução criminal, sendo impossível aferir, no momento, a alegada
atipicidade da conduta do paciente por ausência de dolo. Os votos vencidos concediam a ordem
para extinguir a ação penal por falta de justa causa. Precedentes citados: Inq 292-AC, DJ
4/2/2002, e HC 9.322-GO, DJ 23/8/1999. HC 104.921-SP, Rel. Min. Jane Silva
(Desembargadora convocada do TJ-MG), julgado em 21/5/2009.

PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA. PESCA. APETRECHO PROIBIDO. (402)

Consta da denúncia que o paciente foi flagrado ao pescar em represa mediante a utilização de
uma rede de nylon, apetrecho de uso proibido. Vem daí a imputação do crime previsto no art.
34, parágrafo único, II, da Lei n. 9.605/1998. Anote-se que foram encontrados com ele apenas
dois quilos de peixes de variadas espécies. Quanto a isso, vê-se da norma incriminadora que se
trata de crime formal (crime de perigo abstrato), delito que prescinde de resultado danoso
específico (no caso, ao meio ambiente). Porém, apesar de não se desconhecer que o
enquadramento da lei de crimes ambientais no ordenamento jurídico brasileiro ainda é tema
tormentoso a causar inúmeras discussões jurídicas, sobretudo quanto à configuração dos delitos
penais nela insculpidos, chegando alguns a entender até que os princípios nela edificados, tais
como os da prevenção e da precaução, sobrepõem-se aos próprios princípios penais de garantia
ao cidadão, destaca-se que a hipótese em apreço resolve-se mesmo pela pouca invasão naquilo
que a sociedade, mediante o ordenamento jurídico, espera quanto à proteção de sua existência,
visto que há um mínimo de probabilidade de a conduta do paciente atingir o bem jurídico
tutelado na espécie, a fauna aquática. Daí não se hesitar em consignar a presença da
insignificância a ponto de, ao reconhecer a atipicidade material da conduta, conceder a ordem
para trancar a ação penal por falta de justa causa. HC 93.859-SP, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, julgado em 13/8/2009.

PECULATO. DIÁRIAS. (400)

A Turma, prosseguindo o julgamento, por maioria, denegou o writ, considerando ser apta a
denúncia, uma vez que a conduta ilícita atribuída ao réu (peculato) não pode ser considerada
atípica, pois presentes os indícios que fundamentaram a acusação. A inépcia da denúncia,
eventualmente, pode ser acolhida quando inequivocamente houver prova de deficiência que
impeça a compreensão da acusação em prejuízo da defesa do acusado, ou quando presentes
quaisquer das falhas elencadas no art. 43 do CPP. No caso, os processos de concessão de diárias
aos corréus, conforme a denúncia, evidenciam a pendência do pagamento de indenização à
prestação de contas pela diretoria do órgão legislativo estadual, responsável pela apreciação da
legalidade da despesa e eventual regularização. Ao acusado cabia o dever de prestar contas da
indenização concedida aos corréus, daí o reconhecimento da tipicidade de sua conduta. No mais,
ausente a alegada falta de justa causa. Precedentes citados: RHC 18.502-SP, DJ 15/5/2006; HC

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88.178-SP, DJe 2/2/2009, e RHC 14.143-ES, DJ 4/8/2003. HC 116.302-ES, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 23/6/2009.

INSIGNIFICÂNCIA. SURSIS PROCESSUAL. (404)

A paciente foi denunciada por tentativa de furto de bens de pequena monta de um


supermercado. Em primeiro grau, logo aceitou a proposta de suspensão condicional do processo;
porém, posteriormente, impetrou habeas corpus em busca do trancamento da ação penal por
atipicidade da conduta, em razão do princípio da insignificância. Nesse cenário, o trancamento
da ação penal pode, num primeiro momento, aparentar desprestígio ao juízo de primeiro grau,
porém se verifica não haver qualquer óbice a sua ultimação superveniente à referida suspensão,
pois a denunciada tem o direito à ampla defesa. É certo que a aceitação da proposta ministerial
de suspensão tem momento próprio. Dessa forma, não seria razoável exigir da defesa rejeitar a
proposta por convicção da ilegalidade da ação penal, quando sobre ela pesaria o risco de
aceitação da denúncia pelo juízo. Assim, a par de que a aplicação do princípio da bagatela
utiliza-se de duplo critério: o valor de pequena monta e seu caráter ínfimo para a vítima,
condições atendidas na espécie, há que se conceder a ordem para trancar a ação penal pela
atipicidade da conduta. Anote-se que, mesmo quando o réu ostenta maus antecedentes, dos
quais não há notícia nos autos, o princípio da insignificância exclui a tipicidade a ponto de tornar
irrelevantes aspectos subjetivos para sua aplicação. Precedentes citados: HC 100.403-ES, DJe
11/5/2009; HC 103.370-MG, DJe 13/10/2008; HC 96.929-MG, DJe 25/8/2008; REsp 1.084.540-
RS, DJe 1º/6/2009, e REsp 898.392-RS, DJe 9/3/2009. HC 137.740-SP, Rel. Min. Celso
Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em 25/8/2009.

ESTELIONATO. PROMESSA. COMPRA E VENDA. (404)

O paciente, mediante procuração que não lhe conferia poderes para alienar imóvel, firmou
promessa de compra e venda com a vítima, que lhe pagou a importância avençada no contrato
sem, contudo, ser investida na posse. Mesmo diante da discussão a respeito de o contrato de
promessa de compra e venda poder configurar o tipo do art. 171, § 2º, I, do CP, o acórdão
impugnado mostrou-se claro em afirmar que o paciente efetivamente alienou o imóvel que não
era de sua propriedade mediante essa venda mascarada, da qual obteve lucro sem efetuar sua
contraprestação por absoluta impossibilidade de fazê-la, visto que não era o proprietário do lote
que, de fato, vendeu. Daí ser, no caso, inequívoca a tipicidade da conduta, mesmo que
perpetrado o crime mediante a feitura de promessa, não se podendo falar, assim, em
trancamento da ação penal. Precedente citado: HC 68.685-SP, DJ 10/9/2007. HC 54.353-MG,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2009.

Ministério Público pode mover ação por violência doméstica contra a mulher
Por maioria (3 votos a 2), a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concluiu que a
violência doméstica contra a mulher constitui delito de ação penal pública incondicionada. Com
esse entendimento, a Turma rejeitou o pedido de habeas-corpus de José Francisco da Silva
Neto, denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal por suposto crime de violência
doméstica contra sua mulher.
O delito sujeito a acionamento penal público incondicionado é aquele que não necessita que a
vítima impulsione a sua investigação ou o ajuizamento da ação penal, que pode ser movida pelo
Ministério Público. Na ação penal pública condicionada, a ação criminal só é ajuizada com o
consentimento expresso da vítima.
A Lei Maria da Penha define o crime de violência doméstica como a lesão corporal praticada
"contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade". No recurso ajuizado no STJ, a defesa requereu o trancamento da ação penal
contra José Francisco alegando que a suposta vítima manifestou o desejo de não dar
prosseguimento à ação.
A relatora do processo, desembargadora convocada Jane Silva, destacou em seu voto que o
Ministério Público tem o dever de mover ação em casos de lesões corporais leves e culposas
praticadas no âmbito familiar contra a mulher. Segundo a desembargadora, com a Lei Maria da
Penha, o legislador quis propor mudanças que pudessem contribuir para fazer cessar, ou ao

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menos reduzir drasticamente, a triste violência que assola muitos lares brasileiros.
O julgamento do recurso foi interrompido três vezes por pedidos de vista. O voto-vista que
definiu o resultado do julgamento, do ministro Paulo Gallotti, reconheceu que o tema é
controvertido e conta com respeitáveis fundamentos em ambos os sentidos, mas ressaltou que,
com a Lei Maria da Penha, o crime de lesão corporal qualificado deixou de ser considerado
infração penal de menor potencial ofensivo, ficando sujeito ao acionamento incondicional.
Para ele, a figura da ação incondicional é a que melhor contribui para a preservação da
integridade física da mulher, historicamente vítima de violência doméstica. Ao acompanhar o
voto da relatora, Paulo Gallotti também ressaltou que o agressor tem que estar consciente que
responderá a um processo criminal e será punido se reconhecida sua culpabilidade. Segundo o
ministro, não se pode admitir que a Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher, seja interpretada de forma benéfica ao agressor ou que se torne letra
morta.
O voto da relatora foi acompanhado pelos ministros Hamilton Carvalhido e Paulo Gallotti,
vencidos os ministros Nilson Naves e Maria Thereza de Assis Moura.

5-6ª Aula – Jurisdição e Competência


STF:
Conflito de Competência: Juizado Especial e Juízo Federal – 1 (557)

Compete ao Tribunal Regional Federal o julgamento de conflito de competência estabelecido


entre Juizado Especial Federal e juiz de primeiro grau da Justiça Federal da mesma Seção
Judiciária. Com base nesse entendimento, o Tribunal proveu recurso extraordinário, para anular
acórdão do Superior Tribunal de Justiça, determinando-se a remessa dos autos ao Tribunal
Regional Federal da 2ª Região, a fim de que julgue, como entender de direito, o conflito de
competência entre o Juízo Federal do 7º Juizado Especial e o Juízo Federal da 35ª Vara da Seção
Judiciária do Estado do Rio de Janeiro. Na espécie, o STJ, dando solução ao aludido conflito,
declarara o Juízo Federal competente para julgar ação declaratória de nulidade, cumulada com
pedido de pensão por falecimento, ajuizada contra o INSS. Contra essa decisão, o Ministério
Público interpusera agravo regimental, ao qual fora negado provimento, o que ensejara a
interposição do recurso extraordinário. Salientou-se, inicialmente, que, nos termos do art. 105,
I, d, da CF, a competência do STJ para julgar conflitos de competência está circunscrita aos
litígios que envolvam tribunais distintos ou juízes vinculados a tribunais diversos. Considerou-se
que a competência para dirimir o conflito em questão seria do Tribunal Regional Federal ao qual
o juiz suscitante e o juizado suscitado estariam ligados, haja vista que tanto os juízes de
primeiro grau quanto os que integram os Juizados Especiais Federais estão vinculados àquela
Corte. No ponto, registrou-se que esse liame de ambos com o tribunal local restaria
caracterizado porque: 1) os crimes comuns e de responsabilidade dos juízes de primeiro grau e
das Turmas Recursais dos Juizados Especiais são julgados pelo respectivo Tribunal Regional
Federal e 2) as Varas Federais e as Turmas Recursais dos Juizados Especiais Federais são
instituídos pelos respectivos Tribunais Regionais Federais, estando subordinados a eles
administrativamente.
RE 590409/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009. (RE-590409)
Conflito de Competência: Juizado Especial e Juízo Federal – 2 (557)

Reportou-se à orientação firmada pelo Tribunal no julgamento do HC 86834/SP (DJU de


9.3.2007), no sentido de reconhecer a competência do Tribunal Regional Federal para o
julgamento dos crimes comuns e de responsabilidade praticados por juízes de primeiro grau e
das Turmas Recursais. Citou-se, também, o disposto na Lei 10.259/2001, que comete aos
Tribunais Regionais Federais a faculdade de instituir os Juizados Especiais Federais e de
estabelecer sua competência, bem como lhes atribui o poder-dever de coordenar e prestar

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suporte administrativo aos Juizados Especiais (artigos 21, 22 e 26). Observou-se, ademais, que
a Constituição não arrola as Turmas Recursais dentre os órgãos do Poder Judiciário, os quais são
por ela discriminados no art. 92, de forma taxativa, outorgando-lhes, apenas, a incumbência de
julgar os recursos oriundos dos Juizados Especiais. Considerou-se que a Constituição não
conferiu, portanto, às Turmas Recursais, integradas por juízes de primeiro grau, a natureza de
órgãos autárquicos ou a qualidade de tribunais, também não lhes tendo outorgado qualquer
autonomia com relação aos Tribunais Regionais Federais. Explicou-se que, por isso, contra suas
decisões não cabe recurso especial ao STJ, mas sim recurso extraordinário ao Supremo. Assim,
não sendo possível qualificar as Turmas Recursais como tribunais, não seria lícito concluir que os
juízes dos Juizados Especiais estariam a elas vinculados, salvo — e exclusivamente — no que
concerne ao reexame de seus julgados. Outro precedente citado: RE 136154/DF (DJU de
23.4.93).
RE 590409/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009. (RE-590409)
Redução a Condição Análoga à de Escravo e Competência (556)

A Turma deliberou afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus impetrado contra acórdão do
TRF da 1ª Região que declarara a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o
crime de redução a condição análoga à de escravo (CP, art. 149). Sustenta a impetração que
deixar de reconhecer a competência da Justiça Federal para a apreciação e julgamento do delito
em tela seria contrariar flagrantemente a norma contida no art. 109, IV e VI, da CF.
RE 459510/MT, rel. Min. Cezar Peluso, 18.8.2009. (RE-459510)
Homicídio: Compatibilidade entre Dolo Eventual e Qualificadora da Torpeza (553)

O dolo eventual pode coexistir com a qualificadora do motivo torpe do crime de homicídio. Com
base nesse entendimento, a Turma desproveu recurso ordinário em habeas corpus interposto
em favor de médico pronunciado pela prática dos delitos de homicídio qualificado e de exercício
ilegal da medicina (artigos 121, § 2º, I e 288, parágrafo único, ambos c/c o art. 69, do CP,
respectivamente), em decorrência do fato de, mesmo inabilitado temporariamente para o
exercício da atividade, havê-la exercido e, nesta condição, ter realizado várias cirurgias plásticas
— as quais cominaram na morte de algumas pacientes —, sendo motivado por intuito
econômico. A impetração sustentava a incompatibilidade da qualificadora do motivo torpe com o
dolo eventual, bem como a inadequação da linguagem utilizada na sentença de pronúncia pela
magistrada de primeiro grau. Concluiu-se pela mencionada compossibilidade, porquanto nada
impediria que o paciente — médico —, embora prevendo o resultado e assumindo o risco de
levar os seus pacientes à morte, praticasse a conduta motivado por outras razões, tais como
torpeza ou futilidade. Afastou-se, também, a alegação de excesso de linguagem, ao fundamento
de que a decisão de pronúncia estaria bem motivada, na medida em que a juíza pronunciante —
reconhecendo a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade do fato delituoso —
tivera a cautela, a cada passo, de enfatizar que não estaria antecipando qualquer juízo
condenatório, asseverando que esta seria uma competência que assistiria unicamente ao
Tribunal do Júri.
RHC 92571/DF, rel. Min. Celso de Mello, 30.6.2009. (RHC-92571)

Juizados Especiais e Mandado de Segurança contra Decisão Interlocutória (547)

Não cabe mandado de segurança contra decisão interlocutória proferida em Juizado Especial.
Essa foi a orientação firmada pela maioria do Tribunal, ao negar provimento a recurso
extraordinário interposto contra acórdão de Turma Recursal Cível e Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia que indeferira a petição inicial do mandado de segurança da
recorrente — impetrado contra decisão liminar concedida em primeiro grau, no âmbito dos
Juizados Especiais —, extinguindo o feito sem julgamento do mérito. Asseverou-se que a Lei
9.099/95 está voltada à promoção de celeridade no processamento e julgamento das causas
cíveis de complexidade menor, razão pela qual consagrou a regra da irrecorribilidade das
decisões interlocutórias. Não caberia, por isso, nos casos por ela abrangidos, a aplicação
subsidiária do Código de Processo Civil, sob a forma do agravo de instrumento ou a utilização do

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instituto do mandado de segurança, cujos prazos para interpor e impetrar, respectivamente, não
se coadunam com os fins pretendidos pela Lei 9.099/95. Aduziu-se ser facultativa a opção pelo
rito sumaríssimo, com as vantagens e limitações que a escolha acarreta. Asseverou-se, ademais,
que a admissão do mandado de segurança ensejaria ampliação da competência dos Juizados
Especiais, o que caberia exclusivamente ao Poder Legislativo. Por fim, afastou-se a ofensa ao
princípio da ampla defesa, haja vista a possibilidade de impugnação das decisões interlocutórias
quando da interposição de recurso inominado. Vencido o Min. Marco Aurélio, que provia o
recurso, por considerar estar-se diante de exceção alcançada pela Lei 1.533/51, já que, não
obstante essa lei revelar como regra o não cabimento de mandado de segurança contra decisão
judicial, tal previsão pressuporia a possibilidade de ter-se recurso contra essa decisão, o que, na
espécie, não se teria. Concluía, assim, que o afastamento do mandado de segurança importaria
o afastamento da própria jurisdição.
RE 576847/BA, rel. Min. Eros Grau, 20.5.2009. (RE-576847)

Competência da Justiça Militar e Capelania Castrense (546)

Compete à Justiça Militar processar e julgar capelão militar denunciado pela suposta prática do
crime de apropriação indébita (CPM, art. 248, caput, c/c o art. 250) de valores recolhidos de
fiéis e não repassados à Cúria Militar. Com base nisso, a Turma desproveu recurso ordinário em
habeas corpus no qual requerido o trancamento de ação penal por falta de justa causa. A
impetração reiterava a alegação de atipicidade da conduta, porquanto o paciente teria se
apropriado de quantias pertencentes à igreja, que não dizem respeito à Administração Militar.
Assentou-se que o tipo penal em causa não exigiria que a coisa alheia móvel fosse de
propriedade da Administração Pública.
RHC 96814/PA, rel. Min. Eros Grau, 12.5.2009. (RHC-96814)

Crime Ambiental: Bem da União e Competência (544)

Por considerar caracterizada imputação a revelar prejuízo de bem da União, a Turma deu
provimento a recurso extraordinário a fim de assentar a competência da Justiça Federal para
processar e julgar ação penal em que se apura crime praticado contra o meio ambiente. No
caso, empresa fora denunciada por descartar resíduos tóxicos sobre rio que atravessa o Estado
de Alagoas. O tribunal de justiça local reconhecera a competência da Justiça Estadual para
processar o feito ao fundamento de que não se vislumbrara, nos autos, interesse público federal.
Entendeu-se que, na espécie, teria sido potencializado o interesse da população local em
detrimento do fato de a poluição alcançar bem público federal. Asseverou-se, destarte, pouco
importar que se tivesse chegado ao comprometimento de açude, córregos e riachos locais,
devendo prevalecer a circunstância de o dano apontado haver ocorrido em rio — o qual banha
dois Estados- membros — que, pelo teor do inciso III do art. 20 da CF, consubstancia bem da
União (“São bens da União: ... os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banhem mais de um Estado...”). Concluiu-se que esse preceito e a premissa
fática constante do acórdão impugnado atrairiam a incidência do inciso IV do art. 109 da CF. Por
fim, estabeleceu-se ser competente para a propositura da ação penal o Ministério Público
Federal.
RE 454740/AL, rel. Min. Marco Aurélio, 28.4.2009. (RE-454740)

Tribunal do Júri e Princípio da “Ne Reformatio in Pejus” Indireta – 1 (542)

A Turma deferiu habeas corpus para assentar que o princípio da ne reformatio in pejus indireta
tem aplicação nos julgamentos realizados pelo tribunal do júri. No caso, acusado como incurso
nos delitos capitulados no art. 121, § 2º, I e IV, c/c o art. 29, ambos do CP, fora absolvido pelo
conselho de sentença, o qual acolhera a tese de legítima defesa. Interposta apelação pelo
Ministério Público, o tribunal de justiça local dera-lhe provimento para submeter o paciente a
novo julgamento, por reputar que a decisão dos jurados teria sido manifestamente contrária à
prova dos autos. Em novo julgamento, conquanto reconhecida a legítima defesa, entendera o

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júri ter o paciente excedido os limites dessa causa de justificação, motivo pelo qual o condenara
por homicídio simples à pena de 6 anos de reclusão, a ser cumprida em regime semi-aberto.
Irresignada, a defesa interpusera recurso de apelação, provido, sob o argumento de que
contradição na formulação dos quesitos teria maculado o decreto condenatório, eivando de
nulidade absoluta o feito. O paciente, então, fora submetido a terceiro julgamento perante o
tribunal do júri, sendo condenado por homicídio qualificado à pena de 12 anos de reclusão, em
regime integralmente fechado. A defesa, desse modo, recorrera à corte local e ao STJ,
concluindo este que, em crimes de competência do tribunal do júri poderia ser proferida, em
novo julgamento, decisão que agravasse a situação do réu, tendo em vista a soberania dos
veredictos. A impetração sustentava que, decretada a nulidade do julgamento anterior, não
poderia o conselho de sentença, no novo julgamento, agravar a pena do réu, sob pena de violar
o princípio constitucional da ampla defesa, bem como a vedação da reformatio in pejus.
HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. (HC-89544)
Tribunal do Júri e Princípio da “Ne Reformatio in Pejus” Indireta – 2 (542)

Inicialmente, salientou-se que, se, de um lado, a Constituição da República reconhece a


instituição do júri e a soberania de seus veredictos (art. 5º, XXXVIII, c), de outro, assegura aos
acusados em geral o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes
(art. 5º, LV). Observou-se que ambas as garantias, as quais constituem cláusulas elementares
do princípio constitucional do devido processo, devem ser interpretadas sob a luz do critério da
chamada concordância prática, que consiste numa recomendação para que o aplicador das
normas constitucionais, em se deparando com situações de concorrência entre bens
constitucionalmente protegidos, adote a solução que otimize a realização de todos eles, mas, ao
mesmo tempo, não acarrete a negação de nenhum. Ressaltou-se que tal situação seria
decorrência lógico-jurídica do princípio da unidade da Constituição, e cuja ratio juris estaria em
garantir a coexistência harmônica dos bens nela tutelados, sem predomínio teórico de uns sobre
outros, cuja igualdade de valores fundamenta o critério ou princípio da concordância.
Considerou-se, ademais, que, como corolário do contraditório e da ampla defesa, o CPP
contempla, dentre outros, o princípio da personalidade dos recursos (art. 617, parte final), que
obsta a reformatio in pejus, tratando-se, aí, de proibição taxativa, segundo a qual o recorrente
não pode ver agravada sua situação jurídica, material ou processual, quando não haja recurso
da parte contrária. Acrescentou-se, nesse sentido, ser consolidada a jurisprudência da Corte, ao
estabelecer que o juiz o qual venha a proferir nova decisão, em substituição à cassada no
âmbito de recurso exclusivo da defesa, está limitado e adstrito ao máximo da pena imposta na
sentença anterior, não podendo de modo algum piorar a situação jurídico-material do réu, sob
pena de incorrer em reformatio in pejus indireta.
HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. (HC-89544)
Tribunal do Júri e Princípio da “Ne Reformatio in Pejus” Indireta – 3 (542)

Esclareceu-se que, em que pese ser pacífica essa orientação na Corte, a proibição da reformatio
in pejus indireta tem sido aplicada restritivamente ao tribunal do júri, sob a explícita condição de
o conselho de sentença reconhecer a existência dos mesmos fatos e circunstâncias admitidos no
julgamento anterior. Entendeu-se que tal restrição aniquilaria, na prática, a ampla defesa, na
medida em que, intimidando o condenado, embaraçar-lhe-ia, senão que lhe inibiria o manejo
dos recursos. Aduziu-se que o conselho de sentença deve decidir sempre como lhe convier, ao
passo que o juiz presidente do tribunal do júri, ao fixar a pena, estaria obrigado a observar o
máximo da reprimenda imposta ao réu no julgamento anterior. Registrou-se, no ponto, ser
necessário distinguir, na sentença subjetivamente complexa do tribunal do júri, qual matéria
seria de competência dos jurados — e, portanto, acobertada pela soberania — e qual a de
competência do juiz-presidente — despida, pois, desse atributo. Enfatizou-se que, no âmbito de
julgamento de recurso exclusivo da defesa, conferir ao tribunal do júri o poder jurídico de lhe
agravar a pena resultaria em dano ao réu, em autêntica revisão da sentença pro societate,
favorecendo à acusação, que não recorrera. Destarte, na espécie, concluiu-se não estar o
terceiro Júri jungido à decisão anterior, que reconhecera excesso doloso à legítima defesa, de
modo que lhe era lícito decidir como conviesse, adstrito às provas dos autos. O juiz-presidente é
que, ao dosar a pena, deveria ter observado aquela fixada no julgamento anulado em razão do

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recurso exclusivo da defesa. Asseverou-se, ademais, não se encontrar nenhuma razão lógico-
jurídica que, legitimando outra conclusão, preexcluísse estender a proibição da reformatio in
pejus indireta, sempre admitida na província das decisões singulares, aos julgamentos da
competência do tribunal do júri, ainda quando consideradas circunstâncias que o não tenham
sido em julgamento anterior. Por fim, acrescentou-se que a regra que o sustenta é, em
substância, de natureza processual e, no específico quadro teórico desta causa, apareceria, com
caráter cogente, dirigida apenas ao juiz-presidente do júri, que a deveria reverenciar no
momento do cálculo da pena, sem que isso importasse limitação de nenhuma ordem à
competência do conselho de sentença ou à soberania dos veredictos. Nesse sentido, concedeu-
se a ordem para fixar a pena do paciente nos exatos termos em que imposta no segundo
julgamento, qual seja, 6 anos de reclusão, em regime inicial semi-aberto.
HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. (HC-89544)

STJ:
COMPETÊNCIA. SÚM. N. 348-STJ. (406)

A Seção acolheu os embargos de declaração com efeitos infringentes a fim de reconhecer a


incompetência deste Superior Tribunal para julgar conflito de competência estabelecido entre
juizado especial federal e juiz de primeiro grau da Justiça Federal da mesma Seção Judiciária,
determinando a remessa dos autos ao TRF da 4ª Região para deslinde do conflito. Essa decisão é
contrária à Súm. n. 348-STJ e foi tomada em razão de julgamento do STF no RE 590.409-RJ, na
sessão plenária de 26/8/2009. Aquele Tribunal considerou, nos termos do art. 105, I, d, da
CF/1988, que a competência do STJ para julgar conflitos de competência está circunscrita aos
litígios que envolvam tribunais distintos ou juízes vinculados a tribunais diversos. Dessa forma, a
competência para dirimir o conflito, nesses casos, é do TRF ao qual o juiz suscitante e o juizado
suscitado estão vinculados. EDcl no AgRg no CC 103.085-SC, Rel. Min. Humberto Martins,
julgados em 9/9/2009.

COMPETÊNCIA. JÚRI. HOMICÍDIO. CONEXÃO. ESTELIONATO. (405)

No REsp, o recorrente pleiteia que seja decretada a nulidade da denúncia ou, alternativamente,
do laudo pericial e a consequente impronúncia, bem como seja reconhecida a causa de isenção
de pena do art. 181, I, do CP, dada a inépcia da denúncia, a nulidade do laudo pericial e a
excludente de culpabilidade. Para a Turma, se a denúncia atendeu aos requisitos do art. 41 do
CPP, não há a alegada inépcia da peça acusatória. Também não poderia haver cerceamento de
defesa em razão de prazo para formulação dos quesitos se, na oportunidade, a defesa mostrou-
se inerte. Por fim, não poderia o juiz singular afastar a incidência do crime conexo de estelionato
por escusa absolutória do art. 181, I, do CP, por implicar subtração da competência do Tribunal
do Júri. Precedente citado: HC 80.636-SP, DJe 24/11/2008. REsp 957.112-SP, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2009.

COMPETÊNCIA. RADIODIFUSÃO CLANDESTINA. (404)

A Seção reiterou o entendimento de que compete à Justiça Federal processar e julgar o crime
previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997 referente à prática de desenvolver a atividade de
radiodifusão comunitária na clandestinidade. Precedentes citados: CC 94.570-TO, DJe
18/12/2008; REsp 756.787-PI, DJ 1º/2/2006; CC 102.708-RS, DJe 19/8/2009; CC 106.202-RS,
DJe 7/8/2009, e CC 104.208-RS, DJe 5/8/2009. CC 101.468-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 26/8/2009.

COMPETÊNCIA. CRIME. BRASILEIRO. ESTRANGEIRO. (402)

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No caso, os policiais civis residentes na cidade de Santana do Livramento-RS foram mortos na


cidade de Rivera no Uruguai. A questão está em definir a competência para processar e julgar os
crimes de homicídio perpetrados por brasileiro juntamente com corréus uruguaios, em desfavor
de vítimas brasileiras, naquela região fronteiriça. Isso posto, a Seção conheceu do conflito para
declarar a competência de uma das varas do Júri de São Paulo-SP, ao fundamento de que se
aplica a extraterritorialidade prevista no art. 7º, II, b, e § 2º, a, do CP, se o crime foi praticado
por brasileiro no estrangeiro e, posteriormente, o agente ingressou em território nacional. Nos
termos do art. 88 do CPP, sendo a cidade de Ribeirão Preto-SP o último domicílio do indiciado, é
patente a competência do juízo da capital do Estado de São Paulo. No caso, afasta-se a
competência da Justiça Federal, tendo em vista a inexistência de qualquer hipótese prevista no
art. 109 da CF/1988, principalmente porque todo o iter criminis dos homicídios ocorreu no
estrangeiro. Precedente citado: HC 102.829-AC, DJe 17/11/2008. CC 104.342-SP, Rel. Min.
Laurita Vaz, julgado em 12/8/2009.

COMPETÊNCIA. FALSIFICAÇÃO. DOCUMENTO PÚBLICO. (402)

A empresa de comércio de madeiras foi notificada por receber, adquirir e comercializar madeira
serrada da espécie tachi, sem licença válida outorgada pela autoridade competente, uma vez
que ficou comprovado que a autorização para transporte de produto florestal (ATPF)
apresentada ao Ibama era documento falsificado. Foi constatada que a ATPF foi expedida em
nome de outra empresa, cuja sede localiza-se na cidade de Tailândia-PA, que a encaminhou à
empresa de comércio de madeiras, acompanhando as mercadorias nela descritas. Dessa forma,
há de se presumir que o mencionado documento foi falsificado supostamente no local sede da
empresa emitente, no estado do Pará, motivo pelo qual caberá à Justiça Federal daquele estado
o processo e julgamento da ação penal respectiva. Precedente citado: CC 28.979-RJ, DJ
18/2/2002. CC 103.758-PA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
12/8/2009.

COMPETÊNCIA. CONTRAVENÇÃO. LEI MARIA DA PENHA. (402)

No caso, o autor desferiu socos e tapas no rosto da declarante, porém sem deixar lesões. Os
juízos suscitante e suscitado enquadraram a conduta no art. 21 da Lei de Contravenções Penais
(vias de fato). Diante disso, a Seção conheceu do conflito para declarar competente o juízo de
Direito da Vara Criminal, e não o do Juizado Especial, por entender ser inaplicável a Lei n.
9.099/1995 aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda que se trate de
contravenção penal. Precedentes citados: CC 104.128-MG, DJe 5/6/2009; CC 105.632-MG, DJe
30/6/2009, e CC 96.522-MG, DJe 19/12/2008. CC 104.020-MG, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 12/8/2009.

CRIMES CONEXOS. COMPETÊNCIA FEDERAL. (397)

Trata-se de paciente que, juntamente com outros 17, está sendo acusada de fraudar licitações
públicas realizadas com recursos federais oriundos de convênios firmados entre municípios,
órgãos e autarquias federais (MEC e FNDE). Irresignada com o recebimento da denúncia e com a
prisão cautelar, sustenta a nulidade da ação penal, inclusive por incompetência do juízo
processante, uma vez que os recursos são federais e ainda alvo de inquérito na Polícia Federal,
por incidirem as Súmulas ns. 208 e 122 deste Superior Tribunal. Isso posto, inicialmente, o Min.
Relator reconheceu que o mandamus impetrado no Tribunal de origem perdeu seu objeto no que
concerne à análise dos fundamentos da prisão preventiva, tendo em vista sua revogação pelo
juízo de primeiro grau. Dessa forma, a ordem foi conhecida somente em parte, em razão da
incompetência absoluta do juízo processante, pois, no caso, os recursos tem realmente origem
federal (Súm. n. 208-STJ) e o fato de a exordial acusatória imputar também crimes de
competência estadual em razão da conexão não afasta a competência do Juízo Federal (Súm. n.
122-STJ). Com esse entendimento, a Turma conheceu parcialmente da ordem de habeas corpus
e, nessa parte, concedeu-a para declarar a nulidade de todos os atos decisórios proferidos na
ação penal, devendo as peças ser remetidas ao juízo federal competente. HC 97.457-PE, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 2/6/2009.

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COMPETÊNCIA. HC. DEPUTADO ESTADUAL. (396)

O paciente, então deputado estadual, juntamente com outras pessoas, foi denunciado pela
suposta prática de uma série de crimes, tais como lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
armada, passando por corrupção passiva e facilitação de contrabando. Houve, então, o
desmembramento das ações penais e a fixação da competência do respectivo TRF para
processar e julgar o paciente, o mesmo tribunal que lhe decretou a prisão preventiva. Sucede
que o paciente perdeu a condição de deputado, e os autos foram remetidos à vara da Justiça
Federal, que ratificou o recebimento da denúncia e o decreto de prisão preventiva. Diante disso,
a Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu, por maioria, a ordem ao entender ser ela
competente para julgar o habeas corpus impetrado em favor do paciente. O Min. Relator
fundava-se na constatação de que o ato tido por coator emana do TRF, pois foi ele quem
decretou a prisão do paciente (aliás, desnecessária), após mantida pelo juízo singular; por duas
outras vezes, a Turma concedeu a ordem a corréus; dos oito denunciados, seis encontram-se
em liberdade, sendo que, quanto a três deles, já se extinguiu o processo, daí que casos idênticos
devem reger-se por disposições idênticas; o decreto de prisão do paciente não se encontra
devidamente fundamentado por real motivação, e a prisão agora já se mostra excessiva. Já o
voto de desempate do Min. Celso Limongi (desembargador convocado do TJ-SP) aduziu a esses
fundamentos que deixar a decisão a outro tribunal poderia dar ensejo a decisões conflitantes
com o entendimento da Turma, o que a doutrina não recomenda. Os votos vencidos entendiam
competente o TRF, pois a competência originária para a ação passara dele para o juízo de
primeiro grau, daí ter o conflito que ser dirimido primeiro por aquele tribunal. Precedentes
citados: HC 111.089-RJ, DJ 2/3/2009, e HC 109.854-RJ, DJ 16/3/2009. HC 117.970-RJ, Rel. Min.
Nilson Naves, julgado em 26/5/2009.

QO. APN. PRERROGATIVA. FORO. (395)

Em questão de ordem, a Corte Especial decidiu desmembrar a ação penal para que somente os
com prerrogativa de foro dentre os 16 denunciados sejam julgados no STJ. O Min. Relator
destacou que a decisão de desmembrar os processos relativos a denunciados com prerrogativa
de foro vem sendo tomada no plenário do STF ou mesmo monocraticamente. Por outro lado, a
Min. Eliana Calmon, apesar de acompanhar esse entendimento, ressaltou que o
desmembramento pode ser prejudicial para a reunião de provas, principalmente nos crimes que
envolvam formação de quadrilha, porém observou que, de fato, o STF assim vem decidindo. QO
na APn 549-SP, Rel. Min. Felix Fischer, em 20/5/2009.

7-8ª Aula – Prova Penal


STF:
Júri e Cerceamento de Defesa – 2 (557)

Assentou-se ser direito daquele que sofre persecução penal escolher o seu próprio defensor.
Observou-se, no ponto, que o paciente, quando de seu julgamento pelo Tribunal do Júri,
manifestara expressamente a sua intenção de ser defendido por seu advogado, bem como a
própria Defensoria Pública, então designada, postulara o adiamento da sessão, reconhecendo
necessário respeitar-se o direito de escolha do réu. Asseverou-se, por outro lado, que o direito à
prova, inclusive testemunhal, qualifica-se como causa de invalidação do procedimento estatal
instaurado contra qualquer pessoa, seja em sede criminal, meramente disciplinar, ou, ainda,
materialmente administrativa. Ressaltou-se que, por representar uma das projeções
concretizadoras do direito à prova, configurando, por isso mesmo, expressão de uma
inderrogável prerrogativa jurídica, não poderia ser negado, ao réu — que também não está

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obrigado a justificar ou a declinar, previamente, as razões da necessidade do depoimento


testemunhal —, o direito de ver inquiridas as testemunhas que arrolara em tempo oportuno e
dentro do limite numérico legalmente admissível, sob pena de inqualificável desrespeito ao
postulado constitucional do “due process of law”. Assinalou-se que, no caso, a testemunha —
arrolada com a cláusula de imprescindibilidade — fora regularmente intimada, mas deixara de
comparecer à sessão de julgamento, providenciando, no entanto, mediante atestado médico,
adequada justificação para sua ausência. Enfatizou-se que, não obstante o réu houvesse
insistido no depoimento de referida testemunha, no que obteve aquiescência do próprio
Ministério Público, a juíza-presidente do Tribunal do Júri indeferira esse pleito e determinara a
realização do julgamento.
HC 96905/RJ, rel. Min. Celso de Mello, 25.8.2009. (HC-96905)
Fraude em Concurso Público e Fundamentação da Decisão – 1 (556)

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que acusado de fraude em concurso público —
venda de gabarito do certame para o ingresso no curso de Sargentos do Exército — pretende a
cassação de aresto proferido pelo STM, sob o fundamento de ser contrário às provas dos autos.
Na espécie, o paciente fora absolvido, por sentença do Conselho Especial da 4ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar, da acusação de haver praticado o crime previsto no art. 320
(“Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração militar, seu dever
funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem:”) c/c o art.
53 (“Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.”),
ambos do CPM. Ocorre que o STM — em apelação interposta pelo Ministério Público Militar —
desclassificara a conduta do paciente, condenando-o pela prática do delito previsto no art. 251,
§ 3º (“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento: ... § 3º
A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração militar.”) c/c o art.
53, também do aludido diploma legal e cominando-lhe a pena acessória de exclusão das Forças
Armadas.
HC 95706/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.8.2009. (HC-95706)
Réu Preso: Instrução Processual e Direito de Presença (549)

Assiste ao réu preso, sob pena de nulidade absoluta, o direito de comparecer, mediante
requisição do Poder Judiciário, à audiência de instrução processual em que serão inquiridas
testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Com base nesse entendimento, a Turma, por
maioria, concedeu habeas corpus para cassar decisão proferida por relator de recurso especial e
restabelecer acórdão de tribunal local o qual anulara processo-crime que resultara na
condenação do paciente por tráfico de drogas (Lei 6.368/76, art.12). No caso, o pleito do
paciente de comparecer à audiência de instrução, realizada no juízo deprecado, fora denegado.
Assentou-se que essa orientação teria por suporte o reconhecimento de que o direito de
audiência, de um lado, e o direito de presença do réu, de outro — esteja ele preso ou não —
traduzem prerrogativas jurídicas que derivam da garantia constitucional do due process of law e
que asseguram, por isso mesmo, ao acusado, o direito de comparecer aos atos processuais a
serem realizados perante o juízo processante, ainda que situado este em local diverso daquele
em que esteja custodiado o réu. Ressaltou-se, ademais, serem irrelevantes as alegações do
Poder Público concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados
presos a outros pontos do Estado ou do País, eis que razões de mera conveniência
administrativa não teriam precedência sobre as inafastáveis exigências de cumprimento e
respeito ao que determina a Constituição. Vencida a Min. Ellen Gracie que, ressalvando apenas a
inexorável conclusão de que o processo seria nulo desde a data da audiência de inquirição de
determinada testemunha, denegava a ordem por não vislumbrar nos autos elementos suficientes
que permitissem aferir que o testemunho teria sido central e indispensável para a formulação do
juízo de condenação do paciente. Acrescentou, no ponto, a necessidade de se buscar uma visão
global do processo, com a verificação de todos os elementos de prova produzidos durante a
instrução, não se revelando suficiente a seleção de determinadas peças processuais —
normalmente as que interessam à defesa — para alcançar tal conclusão.
HC 93503/SP, rel. Min. Celso de Mello, 2.6.2009. (HC-93503)

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Prova Emprestada em Processo Penal (548)

A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá impetrado, admitira a utilização de
prova emprestada em processo penal, desde que sobre ela ambas as partes fossem
cientificadas, a fim de que pudessem exercer o contraditório. Tratava-se, na espécie, de writ —
impetrado em favor de condenado em primeira instância pela prática do crime de extorsão
mediante seqüestro (CP, art. 159, § 3º) — no qual se sustentava, em síntese, que a prova
emprestada deveria ser julgada ilícita, na medida em que produzida sem a observância do
devido processo legal e do contraditório, ainda que gerada em processo no qual o réu também
figurara como parte. Considerou-se que, na verdade, a defesa pretendia o revolvimento de fatos
e provas, incabível na via estreita do habeas corpus. Observou-se, ademais, relativamente à
possibilidade de manifestação do paciente quanto à prova emprestada, bem como quanto à
higidez das demais provas que serviram de embasamento para a condenação, que não haveria,
no ponto, nenhuma ilegalidade.
HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.5.2009. (HC-95186)
Cerceamento de Defesa e Prova Pericial – 3 (548)

Em conclusão de julgamento, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado em favor de


condenado por atentado violento ao pudor (CP, art. 214, c/c o art. 61, c, última parte), no qual
se pretendia a anulação do acórdão condenatório proferido pelo tribunal de origem, bem como a
realização de prova pericial — v. Informativo 546. Enfatizou-se que a condenação do paciente
tivera por fundamento o conjunto probatório, que incluía o auto de exame de corpo de delito, o
relatório da vítima ao posto médico do local de trabalho — onde o crime teria ocorrido — e os
depoimentos colhidos em juízo. Afirmou-se que a palavra da vítima, nesse contexto, não se
encontrava isolada, mas em harmonia com as provas pericial e testemunhal, produzidas com
observância das garantias do devido processo legal. Aduziu-se, ademais, que esta questão já
fora submetida ao Supremo. Quanto à perícia almejada, asseverou-se que o juiz criminal deve
proceder à reconstituição histórica dos fatos mediante a realização de provas, ordenando
diligências que repute necessárias (CPP, art. 156, II). Contudo, salientou-se que, com exceção
do exame de corpo de delito, a lei outorga ao juízo a ponderação da necessidade de nova prova
pericial, de modo que, se motivadamente denega o pedido, com o objetivo de evitar perícias
inúteis, impertinentes ou procrastinatórias, não há que se falar em cerceamento de defesa.
Tendo em conta o contexto da situação descrita nos autos, afastou-se a reputada ofensa à
garantia da ampla defesa. Por fim, concedeu-se a ordem de ofício, para autorizar a progressão
de regime, se a ela, segundo decisão do juízo da execução, tiver jus o paciente, nos termos do
art. 112 da Lei de Execução Penal - LEP, já que os fatos ocorreram antes do advento da Lei
11.464/2007.
HC 82587/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 26.5.2009. (HC-82587)
Produção Antecipada de Prova e Fundamentação (521)

A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se alegava falta de demonstração da
urgência na produção antecipada de prova testemunhal da acusação, decretada, nos termos do
art. 366 do CPP, ante a revelia do paciente. Assentou-se que a determinação de produção
antecipada de prova está ao alvedrio do juiz, o qual pode ordenar a sua realização se considerar
existentes condições urgentes para que isso ocorra. Observou-se, ainda, que tanto o art. 225
quanto o art. 366, ambos do CPP, dão respaldo a atuação do juízo em ouvir testemunhas,
principalmente, as presenciais da prática delituosa. Ademais, enfatizou-se que, no caso, não fora
designada audiência para a oitiva das testemunhas, o que poderia ensejar eventual automatismo
do magistrado, mas sim de audiência de antecipação de provas. Vencido o Min. Ricardo
Lewandowski, relator, que, por vislumbrar ofensa ao dever de fundamentar as decisões judiciais
e às garantias do contraditório e da ampla defesa, concedia a ordem ao fundamento de que a
antecipação da prova fora determinada de modo automático, em virtude de o paciente não ter
sido localizado para a citação (CPP: "Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se,
ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não
exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
antecipadamente o depoimento. ... Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer,

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nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,


podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o
caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.").
HC 93157/SP, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, rel. p/ o acórdão Min. Menezes
Direito, 23.9.2008. (HC-93157)
Interrogatório por Videoconferência – 2 (526)

O Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus impetrado em favor de condenado pela prática
do delito previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP, e declarou, incidenter tantum, a
inconstitucionalidade formal da Lei paulista 11.819/2005, que previu a utilização de aparelho de
videoconferência nos procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de
presos — v. Informativo 518. Na espécie, o interrogatório do paciente, a despeito da
discordância de sua defesa, realizara-se sem a presença do paciente na sala da audiência, por
meio da videoconferência. Entendeu-se que a norma em questão teria invadido a competência
privativa da União para legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I). Vencidos, em parte, os
Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que também consideravam caracterizada a
inconstitucionalidade material do diploma examinado. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que
indeferia o writ, por não vislumbrar vício formal, já que o Estado de São Paulo não teria legislado
sobre processo, e sim sobre procedimento (CF, art. 24, XI), nem vício material, haja vista que o
procedimento instituído teria preservado todos os direitos e garantias fundamentais, bem como
por reputar não demonstrado qualquer prejuízo na realização do interrogatório do paciente.
HC 90900/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito,
30.10.2008. (HC-90900)

STJ:
ROUBO. TENTATIVA. PREPARAÇÃO. (404)

A polícia, informada de que a quadrilha preparava-se para roubar um banco, passou a monitorar
seus integrantes mediante escuta telefônica, o que revelou todos os detalhes do planejamento
do crime. No dia avençado para o cometimento do delito, após seguir os membros do grupo até
a porta da agência bancária, ali efetuou as prisões. Denunciado por tentativa de roubo
circunstanciado e formação de quadrilha, o ora paciente, um dos autores do crime, alega, entre
outros, a atipicidade da conduta, visto que não se ultrapassou a fase dos atos preparatórios.
Contudo, essa pretensão esbarra na impossibilidade de revolvimento das provas em sede de
habeas corpus, considerado o fato de que o Tribunal de origem, de forma fundamentada,
concluiu pelo início dos atos executórios do crime, que só não se consumou em razão da pronta
intervenção policial. Anote-se que, embora se reconheça o prestígio da teoria objetivo-formal no
Direito Penal, segundo a doutrina, qualquer teoria pode revelar contornos diferenciados quando
confrontada com o caso concreto. Com esses fundamentos, a Turma concedeu parcialmente a
ordem, apenas para, conforme precedentes, redimensionar a pena aplicada ao paciente. HC
112.639-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2009.

COMPETÊNCIA. PRONÚNCIA DECRETADA. (401)

Trata-se de habeas corpus impetrado contra decisão do TJ que, provendo recurso em sentido
estrito interposto pelo MP estadual, pronunciou o paciente como incurso nas penas do art. 121,
caput, do CP, alterando a decisão de primeiro grau que desclassificara os fatos para delito de
competência do juiz singular, ante a inexistência de prova de que o paciente, à direção de um
veículo, agira com animus necandi. A denúncia imputara ao paciente ter atingido a bicicleta
pilotada pela vítima, o que resultara na morte dela. E agira com dolo, porque, participando de
um “racha”, assumira o risco de produzir o resultado morte, caracterizando o dolo eventual. O
paciente esclareceu que a estrada estava movimentada, com trânsito intenso, razão pela qual
não se poderia disputar corrida de automóvel naquele local. O acidente ocorreu porque, sendo

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seu veículo ultrapassado por outro que derivou à direita, cortando a trajetória do automóvel
conduzido pelo paciente, ele foi, por sua vez, obrigado a derivar ainda mais para a direita,
adentrando o acostamento, por onde trafegavam as duas bicicletas, atingindo a vítima. Assim,
alega que não teve a intenção de atingir o ciclista ou de aceitar esse resultado. Diante disso, a
Turma, por maioria, concedeu a ordem para arredar a decisão de pronúncia proferida pelo
Tribunal a quo, ao argumento de que é acertada a decisão do juízo de primeiro grau,
desclassificando os fatos para delito de competência de juízo singular, sem prova razoável de
que o paciente prestara anuência ao resultado morte. Na espécie, a invasão de acostamento
para evitar a colisão com o automóvel que interceptara abruptamente a trajetória do veículo
conduzido pelo paciente, provocando a colisão contra o ciclista que por ele trafegava, afasta o
dolo eventual, pois o paciente não quis nem assumiu o risco de matar a vítima. Ausente tal
elemento volitivo, não há dolo, nem na modalidade eventual. O habeas corpus, no caso, é hábil
para os fins pretendidos pelo impetrante, desde que, como nos autos, demonstre o excesso de
imputação. HC 126.974-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-
SP), julgado em 4/8/2009.

DANO MORAL. OFENSA. HONRA. IMAGEM. (400)

O autor, recorrido, jogador de futebol, interpôs ação de indenização objetivando o ressarcimento


dos danos à sua honra e imagem contra empresa de jornalismo que publicou, em sua revista,
matéria referente a acidentes de trânsito, utilizando-se do seu apelido e de sua foto em capa de
revista de grande circulação. A recorrente aduz que, em se tratando de matéria jornalística (art.
27, VIII, da Lei n. 5.250/1967), não há que se falar em dever de indenizar. A condenação
imposta denota desproporção entre a mensuração da extensão do dano e a gravidade da culpa.
Afirma que as expressões utilizadas na matéria já foram valoradas pelo Poder Judiciário em sede
de ação criminal, quando se afastou a ofensividade dessas em relação ao recorrido. Alega ainda
ser dispensável a autorização para o uso da imagem do recorrido, já que sua utilização deu-se
para ilustrar reportagem de inequívoco interesse público. O Min. Relator dava parcial provimento
ao recurso ao entendimento de que a empresa de jornalismo, ao empregar a notória alcunha
conferida ao recorrido pela imprensa esportiva, conferindo-lhe conotação ambígua no título da
matéria, e ao utilizar imagem daquele, sem sua autorização, em contexto diverso e depreciativo
propiciou inequivocamente abalo à honra e à imagem daquele, acarretando-lhe, por
conseguinte, a obrigação de reparar os danos causados. Afastado pela Justiça criminal o crime
do art. 22 da Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/1967) imputado ao autor da matéria jornalística,
não há qualquer óbice para que aquele que se considere prejudicado pela veiculação da matéria
jornalística pleiteie, perante a Justiça cível, a reparação civil pelos danos morais e materiais dela
decorrentes. O dano à imagem decorrente de sua inserção em contexto depreciativo, além de
ensejar reparação extrapatrimonial, poderá, se demonstrado que a utilização indevida da
imagem de alguém propiciou algum ganho, um enriquecimento indevido a outrem, acarretar a
reparação de caráter patrimonial. O Min. Sidnei Beneti, em seu voto vista, entendeu que a
publicação não teve o intuito de ofender a honra do autor. No caso já houve a absolvição
criminal do jornalista, acusado, em queixa-crime movida pelo autor, do cometimento de delito
contra a honra e tal absolvição não se fundou em falta de provas (CPP, art. 386, VI), mas sim,
ao contrário, em não constituir o fato infração penal (CPP, art. 386, III). Quer dizer: não se
configuraram injúria, calúnia ou difamação, isto é, ausente o intuito de ofender. Essa ausência
do intuito de ofender transmigra para o julgamento da questão cível de ação de indenização por
dano moral e, uma vez ausente o intuito de ofender por parte do profissional de imprensa
responsável pela matéria, tem-se que ausente, também, a responsabilidade indenizatória da
revista que a publicou. Não há como exigir o sentido único de direcionamento da imprensa para
a versão favorável. Todas as figuras públicas, não só ocupantes de cargos e funções públicas,
mas também as particulares que se tornam públicas pela exposição da imagem, são obrigadas a
conviver com o destaque da interpretação agradável ou desagradável que seja dada aos atos
que praticam e aos fatos que as envolvem. Não houve mais que incômodo ou desconforto
pessoal pela exposição de características próprias já antes amplamente divulgadas, com fruição
pessoal, e notícia de fatos efetivamente ocorridos, ou seja, o acidente e a condenação, ainda
que sujeita a recurso. Diante disso, a Turma, por maioria, deu provimento ao recurso. REsp
1.021.688-RJ, Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Sidnei
Beneti, julgado em 23/6/2009.

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REVOGAÇÃO. SURSIS PROCESSUAL. PERÍODO. PROVA. (397)

A Turma deu provimento ao recurso do Ministério Público, reafirmando que, se o acusado vier a
ser processado por outro crime, a teor do art. 89, § 3º, da Lei n. 9.099/1995, impõe-se a
revogação da suspensão condicional do processo (sursis) ainda que essa decisão venha a ser
proferida após transcorrido o período de prova, mas desde que não tenha sido proferida
sentença extintiva da punibilidade. Nesses casos, explica o Min. Relator, o réu deixa de ser
merecedor do benefício proveniente de norma excepcional, para ser processado com todas as
garantias pertinentes. Precedentes citados do STF: HC 80.747-PR, DJ 19/10/2001; do STJ: HC
105.333-MG, DJ 19/12/2008; HC 88.281-RJ, DJe 22/9/2008; HC 62.401-ES, DJe 23/6/2008, e
RHC 21.868-SP, DJe 4/8/2008. REsp 1.111.427-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
2/6/2009.

PROCESSO PENAL. PROVA EMPRESTADA. NULIDADE. (396)

A Turma denegou a ordem, reiterando o entendimento de ser admissível a prova emprestada no


processo penal, desde que não constitua o único elemento de convicção do juiz. No caso, porém,
o fato de não haver segurança de que a prova encartada nos autos (depoimentos de
testemunhas) trasladada de outra ação penal em que o impetrante não era réu sequer levada ao
conhecimento do Conselho de Sentença, inibe o acolhimento da pretendida nulidade pela defesa,
com base exclusivamente, em sua suposta utilização pelo MP em Plenário. Precedentes citados
do STF: HC 67.707-RS, DJ 14/8/1992; do STJ: HC 103.510-RJ, DJe 19/12/2008; HC 93.431-SP,
DJe 18/8/2008; HC 93.521-SP, DJe 14/4/2008; HC 41.805-RJ, DJ 22/8/2005; HC 66.873-SP, DJ
29/6/2007, e REsp 499.177-RS, DJ 2/4/2007. HC 94.624-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado
em 26/5/2009.

9ª-10ª Aula – Das partes e Medidas


Assecuratórias e Procedimento Ordinário
STF:
Escuta Ambiental e Exploração de Local: Escritório de Advogado e Período Noturno – 4
(529)

Prosseguindo, rejeitou-se a preliminar de ilicitude da prova de escuta ambiental, por ausência de


procedimento previsto em lei. Sustentava a defesa que a Lei 9.034/95 não teria traçado normas
procedimentais para a execução da escuta ambiental, razão pela qual a medida não poderia ser
adotada no curso das investigações. Entendeu-se não proceder a alegação, tendo vista que a Lei
10.217/2001 deu nova redação aos artigos 1º e 2º da Lei 9.034/95, definindo e regulando meios
de prova e procedimentos investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações
praticadas por quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer tipo.
Salientou-se o disposto nesse art. 2º, na redação dada pela Lei 10.217/2001 (“Em qualquer fase
de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguintes
procedimentos de investigação e formação de provas: ... IV - a captação e a interceptação
ambiental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante
circunstanciada autorização judicial;”), e concluiu-se pela licitude da escuta realizada, já que
para obtenção de dados por meio dessas formas excepcionais seria apenas necessária
circunstanciada autorização judicial, o que se dera no caso. Asseverou-se, ademais, que a escuta
ambiental não se sujeita, por motivos óbvios, aos mesmos limites de busca domiciliar, sob pena
de frustração da medida, e que, não havendo disposição legal que imponha disciplina diversa,

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basta a sua legalidade a circunstanciada autorização judicial.


Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)
Escuta Ambiental e Exploração de Local: Escritório de Advogado e Período Noturno – 5
(529)

Afastou-se, de igual modo, a preliminar de ilicitude das provas obtidas mediante instalação de
equipamento de captação acústica e acesso a documentos no ambiente de trabalho do último
acusado, porque, para tanto, a autoridade, adentrara o local três vezes durante o recesso e de
madrugada. Esclareceu-se que o relator, de fato, teria autorizado, com base no art. 2º, IV, da
Lei 9.034/95, o ingresso sigiloso da autoridade policial no escritório do acusado, para instalação
dos referidos equipamentos de captação de sinais acústicos, e, posteriormente, determinara a
realização de exploração do local, para registro e análise de sinais ópticos. Observou-se, de
início, que tais medidas não poderiam jamais ser realizadas com publicidade alguma, sob pena
de intuitiva frustração, o que ocorreria caso fossem praticadas durante o dia, mediante
apresentação de mandado judicial. Afirmou-se que a Constituição, no seu art. 5º, X e XI,
garante a inviolabilidade da intimidade e do domicílio dos cidadãos, sendo equiparados a
domicílio, para fins dessa inviolabilidade, os escritórios de advocacia, locais não abertos ao
público, e onde se exerce profissão (CP, art. 150, § 4º, III), e que o art. 7º, II, da Lei 8.906/94
expressamente assegura ao advogado a inviolabilidade do seu escritório, ou local de trabalho, de
seus arquivos e dados, de sua correspondência, e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou
afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de
representante da OAB. Considerou-se, entretanto, que tal inviolabilidade cederia lugar à tutela
constitucional de raiz, instância e alcance superiores quando o próprio advogado seja suspeito
da prática de crime concebido e consumado, sobretudo no âmbito do seu escritório, sob pretexto
de exercício da profissão. Aduziu-se que o sigilo do advogado não existe para protegê-lo quando
cometa crime, mas proteger seu cliente, que tem direito à ampla defesa, não sendo admissível
que a inviolabilidade transforme o escritório no único reduto inexpugnável de criminalidade.
Enfatizou-se que os interesses e valores jurídicos, que não têm caráter absoluto, representados
pela inviolabilidade do domicílio e pelo poder-dever de punir do Estado, devem ser ponderados e
conciliados à luz da proporcionalidade quando em conflito prático segundo os princípios da
concordância. Não obstante a equiparação legal da oficina de trabalho com o domicílio, julgou-se
ser preciso recompor a ratio constitucional e indagar, para efeito de colisão e aplicação do
princípio da concordância prática, qual o direito, interesse ou valor jurídico tutelado por essa
previsão. Tendo em vista ser tal previsão tendente à tutela da intimidade, da privatividade e da
dignidade da pessoa humana, considerou-se ser, no mínimo, duvidosa, a equiparação entre
escritório vazio com domicílio stricto sensu, que pressupõe a presença de pessoas que o
habitem. De toda forma, concluiu-se que as medidas determinadas foram de todo lícitas por
encontrarem suporte normativo explícito e guardarem precisa justificação lógico-jurídico
constitucional, já que a restrição conseqüente não aniquilou o núcleo do direito fundamental e
está, segundo os enunciados em que desdobra o princípio da proporcionalidade, amparada na
necessidade da promoção de fins legítimos de ordem pública. Vencidos os Ministros Marco
Aurélio, Celso de Mello e Eros Grau, que acolhiam a preliminar, ao fundamento de que a invasão
do escritório profissional, que é equiparado à casa, no período noturno estaria em confronto com
o previsto no art. 5º, XI, da CF.
Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)

Ministério Público e Investigação Criminal – 1 (526)

A Turma negou provimento a recurso extraordinário, em que se sustentava invasão das


atribuições da polícia judiciária pelo Ministério Público Federal, porque este estaria presidindo
investigação criminal, e ilegalidade da quebra do sigilo de dados do recorrente. Na espécie, o
recorrente tivera seu sigilo bancário e fiscal quebrado para confrontação de dados da CPMF com
a declaração de imposto de renda, com o intuito de se apurar possível sonegação fiscal. Quanto
à questão relativa à possibilidade de o parquet promover procedimento administrativo de cunho
investigatório e à eventual violação da norma contida no art. 144, § 1º, I e IV, da CF,
considerou-se irrelevante o debate. Asseverou-se que houvera a devida instauração de inquérito

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policial para averiguar fatos relacionados às movimentações de significativas somas pecuniárias


em contas bancárias, bem como que o Ministério Público requerera, a título de tutela cautelar
inominada, ao juízo competente, a concessão de provimento jurisdicional que afastasse o sigilo
dos dados bancários do recorrente.
RE 535478/SC, rel. Min. Ellen Gracie, 28.10.2008. (RE-535478)
Princípio do Promotor Natural e Designação por Procurador-Chefe – 1 (511)

A Turma indeferiu habeas corpus em que denunciado — a partir de investigações procedidas na


denominada “Operação Anaconda” — pela suposta prática do crime de corrupção ativa (CP, art.
333) pleiteava a nulidade de procedimento que tramitara perante o TRF da 3ª Região, sob o
argumento de ofensa ao princípio do promotor natural (CF, artigos 5º, LIII; 127, § 1º e 128, §
5º, b), bem como de violação a regras contidas no Código de Processo Penal e em portarias da
Procuradoria Regional da República da respectiva região. Inicialmente, asseverou-se que,
conforme a doutrina, o princípio do promotor natural representa a impossibilidade de alguém ser
processado senão pelo órgão de atuação do Ministério Público dotado de amplas garantias
pessoais e institucionais, de absoluta independência e liberdade de convicção, com atribuições
previamente fixadas e conhecidas. Entretanto, enfatizou-se que o STF, por maioria de votos,
refutara a tese de sua existência (HC 67759/RJ, DJU de 1º.7.93) no ordenamento jurídico
brasileiro, orientação essa confirmada, posteriormente, na apreciação do HC 84468/ES (DJU de
20.2.2006). Considerou-se que, mesmo que eventualmente acolhido o mencionado princípio, no
presente caso não teria ocorrido sua transgressão.
HC 90277/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 17.6.2008. (HC-90277)
Princípio do Promotor Natural e Designação por Procurador-Chefe – 2 (511)

Entendeu-se que todo o procedimento, desde sua origem até a instauração da ação penal
perante o STJ observara os critérios previamente impostos de distribuição de processos na
Procuradoria Regional da República da 3ª Região, sem que houvesse designação casuística ou
criação de “acusador de exceção”. Aduziu-se que, na espécie, deixara-se de adotar,
relativamente aos procedimentos em tramitação perante o Órgão Especial do TRF daquela
região, o critério numérico (referente ao final dos algarismos lançados segundo a ordem de
entrada dos feitos naquela Procuradoria) para se assumir a ordem de entrada das
representações junto ao Núcleo do Órgão Especial (NOE) em correspondência à ordem de
ingresso dos procuradores no aludido núcleo. Ademais, salientou-se que, na estreita via do writ,
a impetração não conseguira demonstrar a ocorrência de vício ou mácula na atribuição do
procedimento inquisitorial que tramitara perante o TRF da 3ª Região às procuradoras regionais
da república designadas pelo Procurador-Chefe do parquet. Aduziu-se, ainda, que por uma das
portarias reputadas violadas, dera-se apenas a formalização de requerimento para que as
mencionadas procuradoras atuassem em conjunto ou separadamente no procedimento. Dessa
forma, concluiu-se que as portarias em vigor na ocasião em que o inquérito passara a transitar
perante o TRF da 3ª Região respaldaram a estrita transparência e respeito às normas existentes
quanto aos critérios objetivos de atribuição dos procedimentos aos órgãos de atuação do
Ministério Público Federal perante aquela Corte.
HC 90277/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 17.6.2008. (HC-90277)
Inquérito Civil Público e Recebimento de Denúncia (507)

A decisão que reputa válido o recebimento de denúncia lastreada em notícia-crime extraída de


inquérito civil público não viola o texto constitucional. Com base nesse entendimento e tendo em
conta a desnecessidade de prévia instauração de inquérito policial para o oferecimento da inicial
acusatória, a Turma negou provimento a recurso extraordinário em que se sustentava ofensa
aos artigos 129, I, III, VI, VII e VIII, e 144, § 4º, ambos da CF. No caso, o recorrente pleiteava
o restabelecimento da rejeição de tal peça, sob a alegação de que o Ministério Público não teria
atribuição para oferecer denúncia baseada em inquérito civil público instaurado com o objetivo
de propor futura ação civil pública para a proteção do meio ambiente. Inicialmente, ressaltou-se
que as peças de investigação trazidas ao conhecimento do parquet teriam sido autuadas no
âmbito de suas atribuições constitucionais (CF, art. 129, III) e que o representante daquele

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órgão, ao concluir as investigações na esfera cível e constatar a possibilidade de a conduta


também configurar crime, remetera cópia do procedimento ao Procurador-Geral de Justiça, haja
vista a presença de suposto acusado com prerrogativa de foro. Asseverou-se que se o fato
disser respeito a interesse difuso ou coletivo, o Ministério Público pode instaurar procedimento
administrativo, com base no aludido art. 129, III, da CF. Ademais, entendeu-se que, na espécie,
a notícia-crime continha os elementos necessários para provar a materialidade e os indícios da
autoria do fato apurado.
RE 464893/GO, rel. Min. Joaquim Barbosa, 20.5.2008. (RE-464893)
Lei 10.409/2002 e Inobservância de Rito – 1 (551)

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus no qual se pleiteia, sob alegação de inobservância
do art. 38 da Lei 10.409/2002, a nulidade de processo-crime que resultara na condenação da
paciente como incursa nas sanções do art. 12, III, c/c o art. 18, III, ambos da Lei 6.368/76. A
impetração sustenta que a não abertura de prazo para o oferecimento da defesa preliminar por
escrito geraria nulidade processual de caráter absoluto. A Min. Cármen Lúcia, relatora, indeferiu
o writ, no que foi acompanhada pelo Min. Ricardo Lewandowski. De início, ressaltou que, não
obstante exista entendimento do STF no sentido de que o prejuízo de determinadas nulidades
seria de prova impossível, o princípio do pas de nullitè sans grief exige, em regra, a
demonstração de prejuízo concreto à parte que suscita o vício, independentemente da sanção
prevista para o ato — nulidade absoluta ou relativa. Em seguida, aduziu que, no caso, a defesa
da paciente não comprovara eventual prejuízo que a preterição da formalidade teria causado,
limitando-se a afirmar que a inobservância do rito previsto na Lei 10.409/2002 ofenderia os
princípios da ampla defesa e do contraditório. Asseverou que, apesar de haver, nesta Corte,
decisões nas quais as ações penais foram anuladas em decorrência do não cumprimento do
disposto no art. 38 da Lei 10.409/2002, constatar-se-ia na situação dos autos que: a) o juízo
local, ao apreciar a alegada nulidade na sentença penal condenatória, considerara inexistir
violação ao contraditório e à ampla defesa, uma vez que a defesa fora bem realizada, não dando
ensejo a qualquer nulidade; b) o tribunal de justiça local, ao analisar o recurso de apelação
interposto pela defesa, consignara que o pedido de nulidade não fora motivado; e c) a existência
de precedente específico da 1ª Turma do STF desfavorável à tese da impetração (HC 94011/SP,
DJE de 12.9.2008).
HC 96864/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 16.6.2009. (HC-96864)

STJ:
COMPETÊNCIA. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO. (397)

O paciente foi denunciado pela prática de crime que consubstancia exercício arbitrário das
próprias razões (art. 346 do CP), porque mandou os corréus retirarem da vítima um laptop que
estava em poder dela e que fora cedido pela empresa em que prestava serviço. Resolveu reaver
o aparelho cedido, justificando sua conduta com o fato de não existir contrato ajustado entre a
vítima e a empresa, por não mais haver razão jurídica que fundasse a posse da máquina quando
aquele levou ao conhecimento da direção da empresa que cessaria a prestação de seus serviços.
Iniciou-se o procedimento no juizado especial criminal por ser infração penal de menor potencial
ofensivo. Mas a própria Lei n. 9.099/1995 prevê o encaminhamento dos autos ao juízo comum
na hipótese de o acusado não ser encontrado para ser citado. A primeira alegação da impetração
refere-se à atipicidade da conduta atribuída ao paciente. De acordo com os impetrantes, com a
previsão do Pacto de São José da Costa Rica de que ninguém será preso por dívida, tornou-se
inconstitucional a parte final do art. 346 do CP, pelo qual responde o paciente. Para a Min.
Relatora, o bem jurídico tutelado não é mais o patrimônio, embora se esforcem os impetrantes
em demonstrar o contrário. Trata-se do tipo penal que visa a evitar forma específica de exercício
das próprias razões. Tanto é assim que dois são os crimes que se encontram sob a rubrica de
exercício arbitrário das próprias razões, descritos consecutivamente no Código Penal (art. 345 e

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346). Pretendeu o legislador, com a tipificação de tais condutas, evitar que o indivíduo busque a
tutela de seus direitos de forma direta, ou à força, enquanto se faz necessária a intervenção do
Poder Judiciário. Isto é, se a coisa encontra-se em poder de outra pessoa, a que título for – no
caso do art. 345, por desdobramentos contratuais ou em razão de determinação judicial, no caso
do art. 346 –, não pode o proprietário da coisa tirá-la à força. Na hipótese, o paciente furtou-se
à citação. Assim, o desdobramento da competência do Juizado Especial para o juízo comum foi
determinado por decisão fundamentada. Em se tratando de causa complexa que dependeu de
inquérito policial com duração de vários meses, na qual há grande dificuldade para a localização
do autor do fato, há que se impor o deslocamento da competência para o juízo comum,
prosseguindo-se com o procedimento comum ordinário previsto no CPP (parágrafo único do art.
66 e § 2º do art. 77 da Lei n. 9.099/1995). HC 128.937-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 2/6/2009

AUDIÊNCIA. ART. 212 do CPP. NOVA REDAÇÃO. (395)

Trata-se de HC impetrado pelo MP em favor do paciente contra acórdão proferido pelo TJ que
negou provimento à reclamação ajuizada pelo impetrante naquele tribunal e referente à decisão
proferida nos autos do processo-crime em que o paciente foi condenado à pena de cinco anos,
sete meses e 20 dias de reclusão em regime fechado, pela prática do delito previsto no art. 157,
caput, do CP. Na reclamação e neste HC, a questão de grande relevância é a aplicabilidade do
art. 212 do CPP diante da alteração de sua redação promovida pela Lei n. 11.690/2008, que
passou a vigir a partir de 9 de agosto de 2008. O MP alega que, designada audiência de
instrução e julgamento, essa se realizou no dia 14/8/2008 em desacordo com as normas
contidas no referido art. 212 do CPP, uma vez que houve inversão na ordem de formulação das
perguntas, o que enseja nulidade absoluta (que prescinde da demonstração do efetivo prejuízo e
de dilação probatória), em virtude da violação do referido artigo, bem como do sistema
acusatório, do devido processo legal e do princípio da dignidade da pessoa humana (arts. 129,
I; 5º, LIV, e 1º, III, todos da CF/1988). O juiz de 1º grau indeferiu o pleito do MP em audiência
sob o fundamento de que tal dispositivo legal não trouxe inovação com relação ao sistema
outrora estabelecido a respeito da presidência dos atos procedimentais no curso das audiências,
qual seja, sistema presidencial, o qual permanece em pleno vigor e, nessa condição, concede ao
magistrado o poder/dever de, caso queira, arguir primeiro as testemunhas arroladas pelas
partes. Diante disso, a Turma concedeu a ordem para anular a audiência realizada em
desconformidade com o contido no art. 212 do CPP e os atos subsequentes, determinando que
outra seja realizada nos moldes do referido dispositivo, sob os argumentos de que, dentre
outros, no caso vertente restou violado due process of law constitucionalmente normatizado,
pois o retrocitado art. 5º, LIV, da CF/1988 preceitua que ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal e, na espécie, o ato reclamado não seguiu o rito
estabelecido na legislação processual penal, acarretando a nulidade do feito. Afinal, a teor do
art. 212 do CPP com sua nova redação, a oitiva das testemunhas deve ocorrer com perguntas
feitas direta e primeiramente pelo MP e depois pela defesa, sendo que, no caso, o juiz não se
restringiu a colher, ao final, os esclarecimentos que elegeu necessários, mas sim realizou o ato
no antigo modo, ou seja, efetuou a inquirição das vítimas, olvidando a alteração legal, mesmo
diante do alerta ministerial no sentido de que a audiência fosse concretizada nos moldes da
vigência da Lei n. 11.690/2008. Também restou consignado que, além de a parte ter direito à
estrita observância do procedimento estabelecido na lei, por força do princípio do devido
processo legal, o paciente teve proferido julgamento em seu desfavor, sendo que, diante do
novo método utilizado para a inquirição de testemunhas, a colheita da referida prova de forma
diversa, ou seja, pelo sistema presidencial, indubitavelmente lhe acarretou evidente prejuízo. HC
121.216-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/5/2009.

RITO. ENTORPECENTE. CRIME COMUM. (396)

O paciente viu sua denúncia ser aceita pela suposta prática dos crimes de associação para o
tráfico de entorpecentes (art. 14 da Lei n. 6.368/1976) e de corrupção de menores (art. 1º da
Lei n. 2.252/1954). Insurge-se, então, contra a adoção do rito ordinário pelo juízo. Sucede que
acolher esse rito em detrimento do especial previsto na Lei n. 10.409/2002 (semelhante ao
estabelecido pela Lei n. 11.343/2006) enquanto se encontra em apuração crime comum não dá

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ensejo a qualquer nulidade. A aplicação do rito ordinário, no caso, é até mais benéfica ao
acusado, que poderá, entre outros benefícios, arrolar um número maior de testemunhas ou
mesmo prestar alegações finais, daí não haver lesão à ampla defesa. Assim, com esse
entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, negou provimento ao agravo regimental da
defesa. Precedentes citados: HC 102.041-SP, DJ 8/9/2008, e HC 46.337-GO, DJ 10/12/2007.
AgRg no RHC 24.342-RJ, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG),
julgado em 26/5/2009.

ABSOLVIÇÃO. LEGÍTIMA DEFESA. EXTENSÃO. (404)

O paciente e os corréus foram denunciados como incursos nas penas do art. 121, § 2º, IV, c/c o
art. 29, ambos do CP, porque, em concurso e previamente ajustados, ceifaram a vida da vítima.
O autor do homicídio foi absolvido pelo Conselho de Sentença em razão do reconhecimento de
ter agido sob a excludente de ilicitude do art. 23, II, do CP (legítima defesa), decisão transitada
em julgado. O impetrante alega a impossibilidade de condenação do partícipe ante a inexistência
de crime. Diante disso, a Turma concedeu a ordem para anular o julgamento do paciente,
estendendo-lhe os efeitos da decisão absolutória proferida em favor do autor material do ilícito,
ao argumento de que, entendendo o Tribunal do Júri, ainda que erroneamente, que o autor
material do crime não cometeu qualquer ato ilícito, o que ocorre quando reconhecida alguma
excludente de ilicitude, no caso, a legítima defesa, não pode persistir a condenação contra o
mero partícipe, pois a participação, tal como definida no art. 29 do CP, pressupõe a existência de
conduta antijurídica. A participação penalmente reprovável há de pressupor a existência de um
crime, sem o qual descabe cogitar punir a conduta acessória. Precedentes citados do STF: HC
69.741-DF, DJ 19/2/1993; do STJ: RHC 13.056-RJ, DJe 22/9/2008, e RHC 14.097-MG, DJ
1º/8/2005. HC 129.078-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
25/8/2009.

10-11ª Aula – Sentença Penal e Revisão do


Módulo
STF:
Art. 155, § 2º, do CP: Furto Qualificado e Privilégio – 2 (557)

Entendeu o relator que essa mesma regra deveria ser aplicada na presente situação, haja vista
que a qualificadora do rompimento de obstáculo (natureza nitidamente objetiva) em nada se
mostraria incompatível com o fato de ser o acusado primário e a coisa de pequeno valor.
Reconheceu, assim, a possibilidade de incidência do privilégio do § 2º do art. 155 do CP,
cassando, no ponto, a sentença penal condenatória. Ademais, considerando a análise das
circunstâncias judiciais (CP, art. 59) realizada pelo juízo monocrático, a qual revelara a
desnecessidade de uma maior reprovação, reduziu a pena em 1/3, para torná-la definitiva em 8
meses de reclusão, o que implicaria a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva em caráter
retroativo, tendo em conta a ausência de recurso da acusação, bem como a menoridade do
paciente (menor de 21 anos na data do fato). Assim, o prazo prescricional de 1 ano já teria
transcorrido entre a data do recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença penal
condenatória. Em suma, concedeu a ordem para reconhecer a incidência do privilégio do § 2º do
art. 155 do CP, inobstante a qualificadora, e assim julgar extinta a punibilidade do paciente pela
prescrição retroativa. Após, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio.
HC 98265/MS, rel. Min. Carlos Britto, 25.8.2009. (HC-98265)

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Fraude em Concurso Público e Fundamentação da Decisão – 1 (556)

A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que acusado de fraude em concurso público —
venda de gabarito do certame para o ingresso no curso de Sargentos do Exército — pretende a
cassação de aresto proferido pelo STM, sob o fundamento de ser contrário às provas dos autos.
Na espécie, o paciente fora absolvido, por sentença do Conselho Especial da 4ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar, da acusação de haver praticado o crime previsto no art. 320
(“Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração militar, seu dever
funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem:”) c/c o art.
53 (“Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.”),
ambos do CPM. Ocorre que o STM — em apelação interposta pelo Ministério Público Militar —
desclassificara a conduta do paciente, condenando-o pela prática do delito previsto no art. 251,
§ 3º (“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento: ... § 3º
A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração militar.”) c/c o art.
53, também do aludido diploma legal e cominando-lhe a pena acessória de exclusão das Forças
Armadas.
HC 95706/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.8.2009. (HC-95706)
Fraude em Concurso Público e Fundamentação da Decisão – 2 (556)

O Min. Ricardo Lewandowski, relator, deferiu o writ para anular o acórdão proferido pelo STM,
tornando definitiva a decisão absolutória proferida pelo Conselho Especial da 4ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar. Assentou que o STM — ao concluir pela existência de provas
aptas a embasar a condenação — não o fizera de forma fundamentada, ou seja, não explicitara
quais os elementos probatórios que levara em consideração hábeis a demonstrar a efetiva
participação do paciente na prática do delito que lhe era imputado, em clara afronta ao disposto
no art. 93, IX, da CF. Destarte, aduziu que, mostrando-se patente a ausência de fundamentação
da condenação do paciente, se imporia a anulação da decisão do STM. Concluiu que o processo
de conhecimento se exaurira, em definitivo, com o pronunciamento final do STM, afigurando-se
inadmissível o rejulgamento do paciente tantas vezes quantas necessárias para se alcançar a
sua condenação, mediante o revolvimento do acervo probatório, procedimento que, em tese,
poderia renovar-se ad infinitum, considerada a possibilidade de repetir-se a ausência de
fundamentação em novos acórdãos emanados da Justiça castrense. Em divergência, os Ministros
Cármen Lúcia e Marco Aurélio concederam a ordem parcialmente para que autos retornem ao
STM, a fim de que nova decisão, devidamente fundamentada, seja proferida. Após, pediu vista
dos autos o Min. Carlos Britto.
HC 95706/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.8.2009. (HC-95706)
Concurso de Pessoas: Teoria Monista e Fixação de Reprimenda mais Grave a um dos
Co-réus (554)

Por reputar não observada a teoria monista adotada pelo ordenamento pátrio (CP, art. 29) —
segundo a qual, havendo pluralidade de agentes e convergência de vontades para a prática da
mesma infração penal, todos aqueles que contribuem para o crime incidem nas penas a ele
cominadas, ressalvadas as exceções legais —, a Turma deferiu habeas corpus cassar decisão do
STJ que condenara o paciente pela prática de roubo consumado. No caso, tanto a sentença
condenatória quanto o acórdão proferido pelo tribunal local condenaram o paciente e o co-réu
por roubo em sua forma tentada (CP, art. 157, § 2º, I e II, c/c o art. 14, II). Contra esta
decisão, o Ministério Público interpusera recurso especial, apenas contra o paciente, tendo
transitado em julgado o acórdão da Corte estadual relativamente ao co-réu. Assentou-se que o
acórdão impugnado, ao prover o recurso especial, para reconhecer que o paciente cometera o
crime de roubo consumado, provocara a inadmissível situação consistente no fato de se
condenar, em modalidades delitivas distintas quanto à consumação, os co-réus que perpetraram
a mesma infração penal. Destarte, considerando que os co-réus atuaram em acordo de
vontades, com unidade de desígnios e suas condutas possuíram relevância causal para a
produção do resultado decorrente da prática do delito perpetrado, observou-se ser imperioso o
reconhecimento uniforme da forma do delito cometido. Assim, restabeleceu-se a reprimenda

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anteriormente fixada para o paciente pelo tribunal local.


HC 97652/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 4.8.2009. (HC-97652)
Redução da Pena: Prescrição da Pretensão Punitiva e Causa de Interrupção (552)

A modificação do título executivo judicial quanto à pena imposta não implica o afastamento da
interrupção verificada com a decisão condenatória, considerada a prescrição da pretensão
punitiva. Com base nessa orientação, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado contra
acórdão do STJ o qual reputara que a redução da pena, operada em sede de habeas corpus, não
desconstituiria os fatos interruptivos da prescrição da pretensão punitiva, nem o seu termo final.
No caso, a defesa, tendo em conta que o STJ, em writ lá impetrado, diminuíra a reprimenda
aplicada ao paciente, reiterava o pleito de extinção da punibilidade da pretensão punitiva, ao
argumento de ocorrência da prescrição intercorrente. Enfatizou-se, inicialmente, que o processo
configura uma marcha objetivando a solução final. Entendeu-se, destarte, que atos formalizados
— a menos que sejam declarados nulos — repercutiriam no campo próprio, pouco importando a
alteração de conteúdo ocorrido por meio de nova decisão. Esclareceu-se que, na espécie, os
fatores interruptivos da prescrição surgiram com o recebimento da denúncia e a sentença
condenatória, não implicando o pronunciamento formalizado em habeas corpus — mediante o
qual reduzida a pena imposta — o afastamento do fenômeno levando em conta a sentença
modificada. Concluiu-se que o fato de a sentença ser reformada para se diminuir a pena
cominada não afastaria a conseqüência que é própria da sentença condenatória, qual seja, a de
interrupção da prescrição.
HC 95758/PE, rel. Min. Marco Aurélio, 23.6.2009. (HC-95758)
Tribunal do Júri: Impugnação dos Quesitos e Preclusão (550)

Por considerar preclusa a matéria, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado contra acórdão
do STJ que rechaçara a tese de nulidade absoluta do processo que condenara paciente pelos
delitos de homicídio simples e homicídio qualificado, ambos na forma tentada. A impetração
reiterava a alegação de vício absoluto no julgamento ante o suposto equívoco na formulação de
quesito relativo à tese defensiva do privilégio (CP, art. 121, § 1º), o que teria impedido os
jurados de votar segundo o seu convencimento. Aduziu-se, de início, que os quesitos retrataram
adequadamente as teses sustentadas tanto pela acusação quanto pela defesa em plenário, na
medida em que sua redação não se mostrara contraditória, de difícil compreensão ou
desconectada das alegações da acusação ou da defesa. Registrou-se, neste ponto, que as partes
anuíram aos quesitos, conforme descrito na ata de julgamento, incidindo o disposto no art. 571,
VIII, do CPP (“Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas: ... VIII - as do julgamento em
plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.”). Esclareceu-se,
por outro lado, que o quesito impugnado pela defesa sequer fora objeto de votação pelo
Conselho de Sentença, porquanto assentado o seu prejuízo, em função da resposta dada ao
quesito imediatamente anterior. Nesse sentido, frisou-se que, ainda que se reconhecesse vício
no quesito contestado, isso em nada alteraria o resultado do julgamento, uma vez que a
resposta dada pelos jurados no quesito anterior prejudicaria o exame da tese inscrita no quesito
superveniente. Ressaltou-se, por fim, traçadas tais premissas, a impossibilidade de ser
declarada a nulidade do feito sem a demonstração de prejuízo, conforme previsto no art. 563 do
CPP (“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação e
para a defesa”).
HC 96469/RJ, rel. Min. Carlos Britto, 9.6.2009. (HC-96469)

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STJ:
PRESCRIÇÃO. 70 ANOS. REDUÇÃO. (406)

A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, que não se aplica o benefício do
art. 115 do CP (redução pela metade do prazo prescricional) se o agente conta mais de 70 anos
de idade somente na data do acórdão que se limita a confirmar a sentença condenatória.
Precedentes citados do STF: HC 86.320-SP, DJ 24/11/2006; HC 84.909-MG, DJ 6/5/2005; HC
71.811-SP, DJ 15/12/2000; do STJ: REsp 951.510-DF, DJe 4/8/2008; HC 104.557-RS, DJe
3/11/2008; EDcl nos EDcl no REsp 628.652-RJ, DJ 2/5/2005; EDcl no REsp 624.988-RJ, DJ
5/12/2005, e REsp 662.958-RS, DJ 29/11/2004. HC 131.909-GO, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 10/9/2009.

TRÁFICO. ENTORPECENTE. NOVA LEI. (402)

O paciente foi denunciado e condenado como incurso no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 à pena de
sete anos e seis meses de reclusão e 750 dias multa. Apelou, mas o Tribunal a quo só reduziu a
pena base ao mínimo legal, deixando de conceder a minorante prevista no art. 33, § 4º, da
citada lei ao argumento de que seria facultativa sua aplicação. Insurge-se o paciente contra esse
entendimento, por preencher todos os requisitos legais para sua aplicação. Observa a Min.
Relatora que o delito foi cometido sob a égide da nova legislação (Lei n. 11.343/2006) e, uma
vez preenchidos os requisitos previstos no seu art. 33, § 4º, é de rigor a aplicação da causa de
diminuição por não se tratar de mera faculdade do julgador. Diante do exposto, a Turma, ao
prosseguir o julgamento, concedeu a ordem para reformar o acórdão recorrido e a sentença
condenatória, para quantificar a pena em dois anos e seis meses de reclusão e 250 dias multa e,
ainda, de ofício, determinar que o paciente seja submetido ao regime aberto mediante aferição
dos requisitos subjetivos e estabelecimento de condições pelo juízo das Execuções Penais. HC
129.626-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/8/2009.

PRESCRIÇÃO RETROATIVA. MAIOR DE 70 ANOS. (400)

O ora paciente foi condenado pela prática do crime previsto no art. 214 c/c o art. 224, “a”,
ambos do CP. No seu recurso de apelação, foi-lhe reduzida a pena; mantida, porém, a
condenação. No HC, busca-se, em síntese, o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva na forma retroativa, a qual teria ocorrido entre o recebimento da denúncia e a
publicação da sentença condenatória. Afirma-se que, tendo o paciente atingido 70 anos de idade
antes do trânsito em julgado da referida sentença, impõe-se a redução do prazo prescricional
pela metade, tendo em vista o disposto no art. 115 do CP. Inicialmente, o Min. Relator destacou
que, apesar de a alegada ocorrência da prescrição não ter sido enfrentada no acórdão
impugnado, impõe-se seu exame, isso porque, em se tratando de matéria de ordem pública,
essa pode e deve ser reconhecida de ofício a qualquer tempo, inclusive após o trânsito em
julgado da condenação. Destacou, ainda, que o termo “sentença” pode ser interpretado de
forma ampla, devendo ser lido como o último provimento judicial, admitindo a aplicação da
norma quando o condenado completar a idade de 70 anos na data do julgamento da apelação
por ele interposta, mormente quando o recurso é provido parcialmente, como ocorreu na
hipótese dos autos. Assim, por se tratar de interpretação mais favorável ao réu, além de estar
de acordo com a finalidade da norma, qual seja, de evitar a prisão de pessoa em idade
avançada, deve aplicar-se o redutor do prazo prescricional ao paciente, que contava com mais
de 70 anos quando do julgamento da apelação, cujo acórdão limitou-se a redimensionar a pena
imposta, reduzindo-a. Diante disso, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu
a ordem para declarar extinta a punibilidade do agente, reconhecendo a prescrição da pretensão
punitiva na modalidade retroativa, a teor do disposto no art. 109, III, c/c os arts. 110, § 1º, e
115, todos do CP. Precedentes citados: REsp 823.866-SP, DJe 22/4/2008; EDcl nos EDcl no Ag
701.669-RJ, DJ 12/11/2007, e REsp 764.348-PR, DJ 26/6/2006. HC 124.375-PR, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/6/2009.

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HOMICÍDIO QUALIFICADO. JÚRI. PREJUÍZO. DEFESA. (399)

Pleiteia-se, no recurso, que seja declarada a nulidade, por deficiência de defesa, do processo que
apura a suposta prática de homicídio qualificado, visto que o defensor constituído nos autos,
apesar de intimado, não ofereceu alegações finais, não recorreu da sentença de pronúncia e não
apresentou contrariedade aos libelos. Requer-se a reabertura do prazo para alegações finais.
Este Superior Tribunal consolidou o entendimento de que a apresentação de alegações finais é
facultativa nos processos de competência do Tribunal do Júri, uma vez que não há julgamento
do mérito com a sentença de pronúncia, mas mero juízo de admissibilidade da acusação
formulada. Também possui entendimento pacífico de que, se a defesa fora intimada da sentença
de pronúncia e não manifestou a pretensão de recorrer, é aplicável a regra processual da
voluntariedade dos recursos, (art. 574, caput, do CPP). Outrossim, a não apresentação de
contrariedade ao libelo, de acordo com a jurisprudência do STJ, não implica, por si só, nulidade,
sendo mera faculdade processual da defesa. Todavia, embora a jurisprudência desta Corte
indique que a não apresentação pelo advogado de uma das peças processuais citadas não
acarreta, por si só, a declaração de nulidade do ato judicial, cabe ao magistrado verificar a
eventual ocorrência de prejuízo ao réu diante de cada caso concreto, de modo que os
automatismos devem ser evitados em se tratando de processo penal. No caso, o defensor
constituído pelos réus deixou de apresentar três peças processuais, hipótese não contemplada
em nenhum dos precedentes citados, nos quais, no máximo uma peça não foi oferecida. Para o
Min. Relator, é evidente o prejuízo à defesa dos recorrentes, não sendo crível a tese esposada
pelo acórdão recorrido de que a inércia do advogado, in casu, poderia ser mera estratégia
defensiva. Ressaltou que, somente após a não apresentação de contrariedade ao libelo, ou seja,
passados quase dez meses sem qualquer manifestação defensiva nos autos, os réus foram
intimados para informar se o advogado à época constituído ainda continuava patrocinando seus
interesses, quando o recomendado seria que os recorrentes, logo após o transcurso do prazo
para a apresentação de alegações finais, fossem cientificados de que estavam sem defesa e, no
caso de eventual inércia, fosse nomeado defensor dativo, dando-se, assim, efetividade ao
princípio da plenitude de defesa. Conforme a CF/1988, é inadmissível que os réus fiquem tanto
tempo indefesos em processo que apura a suposta prática de homicídio qualificado. Ante o
exposto, a Turma deu provimento ao recurso. Precedente citado: HC 33.740-PE, DJ 28/6/2004.
RHC 22.919-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho julgado, em 18/6/2009.

FURTO QUALIFICADO. DOSIMETRIA. PENA. (393)

O paciente insurge-se contra a pena-base e a incidência da qualificadora prevista no art. 155, §


4º, I, do CP, isso porque ele destruiu vidro traseiro de veículo para subtrair objeto do seu
interior. Para o Min. Relator a súplica não pode prosperar quanto à qualificadora, uma vez que,
conforme a jurisprudência deste Superior Tribunal, o rompimento de obstáculo (no caso, o vidro)
para subtração de objeto no interior do veículo qualifica o furto, embora também a
jurisprudência reconheça como furto simples o fato de levar o automóvel após arrombá-lo.
Ressalta ainda seu ponto de vista nos dois casos, observando que não poderia prevalecer
entendimento desigual, entretanto se curva à posição do colegiado. Na ocasião, comentou-se a
possibilidade de reavaliar tal posicionamento. Com relação à pena-base, explica o Min. Relator,
está incorreta a decisão a quo, por ter sido majorada com base em dados insuficientes quanto à
personalidade do agente, e de ofício constatou que a confissão extrajudicial do paciente serviu
como fundamento para sua condenação, mas não foi reconhecida como atenuante (art. 65, III,
d, do CP). Diante desses fatos, a Turma concedeu parcialmente a ordem para anular a sentença
condenatória unicamente no que concerne à dosimetria da pena, para que outra seja proferida
com nova e motivada fixação da reprimenda. Precedentes citados do STF: HC 91.654-PR, DJe
7/11/2008; do STJ: REsp 875.918-RS, DJ 5/2/2007; HC 42.658-MG, DJ 22/8/2005; REsp
745.530-RS, DJ 12/6/2006; HC 116.541-SP, DJe 2/3/2009; HC 51.427-MS, DJ 5/6/2006, e HC
47.950-MS, DJ 10/4/2006. HC 127.464-MG, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 5/5/2009.

HC. EXECUÇÃO PROVISÓRIA. PRISÃO. (392)

A Turma concedeu a ordem para assegurar ao paciente, salvo se estiver preso por outro motivo,
que aguarde em liberdade o trânsito em julgado do processo crime. Para a Min. Relatora, há de

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prosperar a alegação de ilegalidade na expedição de mandado de prisão pelo Tribunal a quo em


consequência do julgamento da apelação, uma vez que o STF, ao julgar o HC 91.676-RJ e o RHC
93.172-SP, decidiu pela inconstitucionalidade da execução provisória da sentença penal. HC
103.811-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 27/4/2009.

EXERCÍCIOS – Questões Discursivas

 Defensoria Pública Alagoas – 2003

Em 5 de outubro de 2001, às 19 h 30 min, Maria Virgínia, brasileira,


estudante, nascida aos 10 de março de 1980, estacionou seu veículo em frente
ao prédio onde funciona a Biblioteca Central da Universidade Federal de
Alagoas, em Maceió – AL, quando foi abordada por Marcelo, seu ex-namorado,
que, de posse de uma arma de fogo, obrigou-a a adentrar o veículo
pertencente a ele, levando-a, em seguida, até um lote baldio. Ameaçando-a
com a arma de fogo, Marcelo despiu-a e consumou conjunção carnal. Após tal
ato, determinou que Maria Virgínia descesse do carro, dizendo a ela que, caso
tomasse qualquer medida contra ele, a mataria. Maria Virgínia, aterrorizada,
não contou o fato aos seus familiares ou amigos. Em virtude da agressão
sofrida, a vítima engravidou, razão pela qual procurou orientação junto a um
advogado e decidiu processar criminalmente Marcelo. O representante legal da
vítima compareceu ao Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas e apresentou a
queixa, em 10/6/2002, contra Marcelo, imputando-lhe a prática do crime de
estupro, tipificado no art. 213 do Código Penal (“Constranger mulher à
conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça.”). O magistrado
recebeu a queixa e designou o interrogatório, determinando a citação do réu e
a notificação do Ministério Público (MP).
O oficial de justiça compareceu ao endereço do réu, constante no processo,
porém, não o encontrou, em razão de o mesmo encontrar-se recolhido a
estabelecimento carcerário da Secretaria de Segurança Pública em Maceió –
AL, em virtude de sua prisão em flagrante pelo crime de roubo, perpetrado
naquela cidade, dias antes. A citação de Marcelo foi realizada por edital, tendo
ele comparecido ao juízo na data designada para o interrogatório e confessado
a autoria da infração penal perante a autoridade judiciária. Ao final do
interrogatório, foi-lhe nomeado defensor público, por não possuir recursos para
constituir um advogado, porém, o defensor não foi intimado para apresentar
defesa prévia, tendo o tríduo legal passado in albis. Na fase do art. 499 do
Código de Processo Penal, juntou-se aos autos a folha de antecedentes do réu.
A seguir, em sede de alegações finais, o MP requereu a procedência da
pretensão punitiva, requerendo a condenação do réu. Em face da situação
hipotética acima apresentada e na qualidade de defensor público do Estado de
Alagoas, elabore peça jurídica apropriada ao caso, abordando todos os

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aspectos de direito que considerar pertinentes, inclusive possíveis nulidades


verificadas no decorrer do processo, sempre em defesa do réu.

 Defensoria Pública Amazonas – 2001

Realizado julgamento pelo tribunal do júri, foi lavrada ata, da qual constaram
os seguintes protestos apresentados pela defesa:
• indeferimento de adiamento do julgamento, porque a testemunha arrolada,
em contrariedade ao libelo com a cláusula de imprescindibilidade, mudou-se
para comarca contígua e não foi intimada, sem que disso tivesse ciência a
defesa;
• desistência de testemunha arrolada pela acusação durante intervalo do
almoço, sem ciência do defensor;
• oitiva de testemunha não-arrolada pelas partes a pedido de jurado.
Foi proferida sentença do seguinte teor.
Vistos etc.
Júlio César foi denunciado e pronunciado pela prática de homicídio qualificado
pela torpeza e surpresa.
Submetido a julgamento pelo tribunal popular, foram reconhecidas a surpresa
e a agravante articulada pelo promotor de justiça durante os debates do abuso
da hospitalidade.
A tese da defesa, legítima defesa própria, foi rejeitada por quatro votos.
Apesar de ter sido reconhecido que o réu agiu repelindo injusta agressão a
direito seu e a atualidade, entenderam os jurados que a ação não foi moderada
e que os meios não eram necessários, o que caracterizou excesso doloso.
Posto isso, condeno Júlio Cézar nas penas do art. 121, § 2.°, incisos I
(torpeza), porque realmente ocorreu, e IV (surpresa), c/c art. 61, inciso II,
letra “f”, do Código Penal brasileiro.
Passo à dosagem da pena.
O réu é primário, possui bons antecedentes, é trabalhador e está terminando
curso de doutorado. Por lhe serem favoráveis as circunstâncias judiciais, fixo-
lhe a pena base um pouco acima do mínimo legal, ou seja, quinze anos de
reclusão; servindo a qualificadora do motivo torpe como agravante, elevo-a
em um ano, totalizando dezesseis anos de reclusão.
Tendo sido reconhecida a agravante da hospitalidade aumento-a em mais um
ano, tornando-a definitiva em dezessete anos de reclusão, à míngua de
quaisquer outras causas de aumento ou diminuição.
A execução do crime iniciou-se antes da entrada em vigor da lei dos crimes
hediondos, entretanto, o resultado morte ocorreu quando já em vigor tal
legislação, daí que o regime de cumprimento da pena será o integralmente
fechado.

Rodrigo Bello 49
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Publicada em plenário e intimadas as partes, registre-se.


Transitada em julgado, expeça-se mandado de prisão.
Sala de sessões, quinta-feira, 8/9/1999.
Diante da situação hipotética acima, elabore as razões de apelação,
desprezando a petição de interposição e o relatório. Considere ter sido
apresentada no último dia do prazo e não ter ocorrido qualquer causa
interruptiva ou suspensiva.

 Defensoria Pública da União – 2007

(1) Elabore dissertação acerca do sistema processual penal acusatório


consagrado na atual Carta Constitucional, abordando, necessariamente, os
seguintes aspectos:
< lastro normativo constitucional do sistema processual penal em vigor;
< características do sistema processual penal acusatório;
< gestão das provas e posição do juiz no sistema acusatório;
< impacto do sistema processual penal acusatório ditado pela Constituição
Federal no Código de Processo Penal brasileiro.

(2) Considerando os crimes contra a liberdade individual, especialmente o


tipo previsto no artigo 149 do Código Penal, qual seja, redução à condição
análoga à de escravo, aponte qual é o juízo competente para conhecer,
processar e julgar os feitos que tratam da matéria, justificando a resposta e
indicando o posicionamento do Supremo Tribunal Federal e do Superior
Tribunal de Justiça acerca do tema, se houver.

 Juiz Acre – 2007

SENTENÇA CRIMINAL
(1) João Souza, motorista particular, casado, pai de dois filhos, foi preso em
flagrante e, posteriormente, denunciado como incurso nas penas do art. 14,
caput, da Lei n.º 10.826/2003, atribuindo-lhe o Ministério Público conduta
delituosa, de que trata o trecho transcrito a seguir. (…)
No dia 26 de dezembro 2003, por volta das 9 h 27 min, em via pública, em Rio
Branco, Acre, o denunciado, voluntária e conscientemente, portava, sem
possuir o devido registro de arma no órgão competente e, ainda, sem possuir
porte legal de arma de fogo, o revólver calibre 38, marca Taurus, número de
série XY 123456, desmuniciado.
No local, policiais militares realizavam bloqueio policial, com abordagens
rotineiras que tinham por objetivo o desarmamento da população, quando

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pararam o ônibus Mercedes Benz, placa ABC 1234-AC, da empresa Viva o


Acre, ordenando a todos os passageiros que descessem.
Em revista ao ônibus, os policiais encontraram a arma de fogo, que estava no
assoalho de um dos bancos à frente da porta traseira, e perceberam que ela
estava “quente”, o que indicava que o seu portador ainda estava, em alguma
parte do corpo, com alguma marca de que a havia portado.
Em nova revista aos passageiros, os policiais visualizaram a esperada marca
avermelhada na cintura do denunciado, tendo um dos passageiros reconhecido
o denunciado como aquele que sentara no banco em que a arma fora
encontrada. (…)
A denúncia foi recebida em 15 de dezembro de 2006. O acusado foi
interrogado em 18 de dezembro de 2006, quando negou a veracidade dos
fatos narrados na denúncia. Foi apresentada tempestivamente defesa prévia,
com indicação das mesmas testemunhas arroladas na inicial acusatória,
reservando-se à defesa o direito de apreciar o meritum causae por ocasião das
alegações finais. No curso da instrução probatória, foram colhidos os
depoimentos das testemunhas Daniel e Márcio, tendo Daniel afirmado que
nada sabia e Márcio, que havia sentado ao lado do acusado e viu quando ele
jogou a arma embaixo de um dos bancos do ônibus. Reconheceu o acusado,
em juízo, e ratificou, assim, o reconhecimento feito na delegacia de polícia. As
partes dispensaram a oitiva das testemunhas faltantes.
Na fase prevista no art. 499 do Código de Processo Penal (CPP), o Ministério
Público requereu a atualização da folha de antecedentes penais do acusado,
bem como a juntada do laudo de exame de eficiência da arma. A defesa nada
requereu.
Comprovou-se a primariedade técnica do acusado. O laudo de exame de
eficiência da arma não foi juntado.
Em alegações finais, o Ministério Público postulou pela procedência da
denúncia, para condenar o acusado pela prática do crime narrado na denúncia.
Na mesma fase, a defesa postulou pela absolvição do acusado, com fulcro no
princípio do in dubio pro reo, nos termos do art. 386, inciso VI, do CPP.
Argumentou, ainda, com base no princípio da ofensividade, que a configuração
do crime em tela se daria somente com a comprovação do perigo. Aduziu não
ser o caso em questão, uma vez que a arma estava desmuniciada. Afirmou,
também, que o processo estava eivado de nulidade, porque não fora realizada
perícia para auferir a ofensividade da arma de fogo. Requereu o
reconhecimento da abolitio criminis. Pleiteou, alternativamente, a
desclassificação do crime para tipo previsto no art. 12 da Lei n.o 10.826/2003
e asseverou que o acusado, caso estivesse com a arma, teria agido em estado
de necessidade, dado o caos da segurança pública no local. Em eventual
hipótese de condenação, requereu a substituição da pena privativa de
liberdade por prestação pecuniária.
Com relação à situação hipotética cujo histórico está apresentado acima,
redija, na condição de juiz da causa e sem criar fatos novos, uma sentença
criminal cabível, dispensando o relatório.

(2) O Ministério Público ofereceu denúncia contra Lúcio Dias pela prática do
crime tipificado no art. 180 do Código Penal. O fato foi praticado em 7 de julho

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de 1999, quando o réu contava com 18 anos de idade. O réu é primário e


portador de bons antecedentes, mas encontra-se segregado, pois foi preso em
flagrante. O processo veio concluso para decisão.
Considerando a situação hipotética acima apresentada, redija, na condição de
juiz e atento ao princípio da efetividade do processo, a decisão que deve ser
tomada no caso. Fundamente sua resposta conceituando o crime, indicando
sua natureza jurídica e demonstrando o tratamento dado a ele pelos tribunais
superiores.
(3) Em um atentado na cidade de Rio Branco – AC, um grupo de três supostos
traficantes, a mando de uma facção criminosa sediada em presídio, ateou fogo
a um ônibus, sem deixar que os passageiros abandonassem o veículo. Como
resultado, oito pessoas morreram carbonizadas e outras vinte ficaram feridas.
Com relação à situação hipotética apresentada acima, redija um texto que
apresente a situação jurídico-penal relacionada à conduta dos supostos
traficantes.

 Delegado de Polícia DF - 2005


(1) Juiz de Direito de Maricá/RJ, tendo decretado a prisão preventiva de Adolfo
Vazquez, remeteu o mandado diretamente à Autoridade Policial de
Planaltina/DF, sem a expedição de carta precatória ao Juiz competente para tal
remessa. Analise tal atuação à luz da teoria dos atos processuais, da teoria da
nulidade, da atribuição e da competência das personagens envolvidas,
observando, ao final, a possibilidade de manutenção ou não da prisão
provisória

(2) Qual é o conceito e âmbito de incidência do princípio da necessidade do


processo penal? Este princípio produz algum efeito no campo pré-processual?

(3) Cláudio, Delegado de Polícia do 5º Distrito Policial, deu por encerrado


inquérito policial instaurado para apurar crime de extorsão mediante
seqüestro. Durante a investigação a autoridade policial representou pela
decretação das interceptações telefônicas de Manoel e Maria, principais
suspeitos, obtendo parecer favorável do Ministério Público e decisão judicial
igualmente favorável. Ocorre que, ao fim do mencionado inquérito, a
autoridade policial concluiu que nada havia em face dos suspeitos. Assim,
procedeu ao envio dos autos principais à secretaria da Vara Criminal
competente, providenciando de imediato a inutilização da gravação, que
considerou não interessar à prova, e o apensamento dos autos da
interceptação, com o relatório.
Indaga-se
a) A autoridade policial adotou o procedimento adequado para a destruição
das gravações que não interessavam à prova?
b) A autoridade policial tem “legitimidade” para requerer a interceptação, em
crime de ação pública, ou sempre
dependerá de parecer favorável do Ministério Público?

Rodrigo Bello 52
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c) A interceptação poderia ser validamente ordenada pelo juiz, a requerimento


da autoridade policial e diante
de parecer favorável do Ministério Público, para investigar notícia de extorsão
mediante seqüestro que dois
agentes estavam planejando praticar?

(4) Creonte, policial militar, foi denunciado pela suposta prática de homicídio
tentado, visto que disparara sua arma contra um civil, lesionando-o, em
operação que objetivara a ocupação de uma favela na periferia. Devidamente
pronunciado, foi levado a julgamento perante o Tribunal do Júri. A defesa
sustentou a tese da desclassificação para lesão corporal, já que Creonte não
possuíra o dolo de retirada da vida da vítima. Indaga-se:

a) Qual a diferença entre desclassificação própria e imprópria?


b) Acolhendo a tese defensiva, o Conselho de Sentença desclassificou a
conduta para lesão corporal. Nesse sentido, qual o órgão jurisdicional
competente para proferir a sentença definitiva?

(5) Rodisberto foi denunciado pela suposta prática do delito de homicídio


culposo. Citado, de forma real, não compareceu ao interrogatório, não
obstante sua devida intimação. Indaga-se

a) Qual a sanção processual cabível no caso em concreto e sua conseqüência,


haja vista a ausência de Rodisberto no interrogatório?
b) Mesmo presente o periculum libertatis e fumus comissi delicti, poderá o juiz
decretar a prisão preventiva de Rodisberto?
c) Identifique os pressupostos e requisitos legais da prisão preventiva.

 Juiz Amapá - 2006

(1) PAULETE SERGAY, que se encontrava preso por força de flagrante, após
regular instrução, foi condenado ao cumprimento da pena de 12 anos de
reclusão pela prática delituosa do art. 12 da Lei 6.368/76, porque ofertara um
cigarro de maconha a sua namorada KATYLEIA. Da sentença condenatória,
somente o Ministério Público recorreu, aduzindo que a pena fora
extremamente gravosa e pedia o seu abrandamento. Todavia, antes do
recurso ser julgado pelo Tribunal, PAULETE fugiu da penitenciária. Discorra
fundamentadamente sobre o destino de tal recurso.

(2) Em razão das Comissões Parlamentares de Inquérito que tramitam no


Congresso Nacional, o Ministério Público está sempre na mídia, dando azo a que
a mesma mídia tenha se ocupado bastante com o fenômeno jurídico denominado
“Delação Premiada”. Discorra sobre esse fenômeno jurídico.

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(3) Dentro da processualística penal brasileira é facultado ao titular da ação


penal acionar ou arquivar fato punível. Discorra sobre o embasamento de tal
faculdade.

(4) Na sessão do Tribunal do Júri, na qual o candidato é o Juiz Presidente,


julgava-se uma tentativa de homicídio. Acatando a tese da defesa, os jurados, na
votação dos quesitos, desclassificaram aquele delito para o de lesão corporal
simples. Após tal ato desclassificatório, qual atitude tomaria o candidato na
condição de presidente do Júri? Fundamente seu entendimento.

(5) Discorra sobre os princípios processuais que norteiam o julgamento dos


feitos nos Juizados Especiais Criminais. Especifique-os detalhadamente,
identificando sua localização na legislação vigente.

(6) Qual a relação que existe entre a Carta Precatória e o princípio da


indelegabilidade no Processo Penal? Fundamente seu entendimento

(7) Na legislação processual vigente, a citação por edital gera uma destacada
conseqüência ou particularidade em relação a produção da prova. Destaque tal
particularidade e discorra sobre ela.

(8) O juiz da Comarca de Ferreira Gomes assistia a uma partida de futebol no


estádio do Município, oportunidade em que observou que policiais, de modo
arbitrário, sem qualquer motivo, prenderam um cidadão sob a alegação de furto.
Dias após chega a sua mesa o Inquérito Policial no qual as arbitrariedades
estavam materializadas, até porque não havia objeto do furto, nem laudo pericial
além de conter outras irregularidades menores. Revoltado com aquele absurdo,
determinou de plano o arquivamento daquele famigerado Inquérito Policial.
O candidato se fosse o Promotor de Justiça da Comarca, concordaria com tal
decisão? Evidentemente, a manifestação deve ser fundamentada.

EXERCÍCIOS – Questões Múltipla Escolha


1 Acerca da interceptação das comunicações telefônicas, com base na
legislação pertinente, assinale a opção correta.
A A interceptação telefônica poderá ser determinada pelo juiz a requerimento
da autoridade policial ou do MP, não podendo ser determinada de ofício.
B No caso de a diligência possibilitar a gravação da comunicação interceptada,
não há necessidade de sua transcrição, bastando a juntada de CDs com o
conteúdo da comunicação.

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C Deferido o pedido, os procedimentos de interceptação telefônica poderão ser


conduzidos pela autoridade policial ou pelo MP, dando-se ciência, em todos os
casos, à corregedoria-geral de polícia.
D Excepcionalmente, o pedido de interceptação de comunicação telefônica
poderá ser feito verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos
que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à
sua redução a termo.
E Ainda que a gravação não interesse à prova, não se admite a sua
inutilização, devendo toda a gravação permanecer arquivada, ao final, junto
com os autos principais.

2 Acerca do tráfico ilícito de entorpecentes, assinale a opção correta


segundo o entendimento do STJ.
A Dispõe a Lei n.º 11.343/2006, quanto ao crime de tráfico ilícito de
entorpecente, que “as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços,
vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem
integre organização criminosa.”. Considerando que a lei anterior não possuía
redação similar, o Juízo das Execuções Criminais poderá facultar ao condenado
por crime de tráfico de entorpecentes, sob a égide da Lei n.º 6.368/1976, que
preencha tais condições, a opção entre o regramento antigo e o atual, tendo
em vista que a pena de multa sofreu significativo aumento, não havendo como
afirmar, nesse aspecto, qual das leis é mais severa.
B Ainda que o fato tenha sido cometido antes da vigência da Lei n.º
11.343/2006 e que o condenado preencha os requisitos dispostos no art. 44 do
CP, não é possível a substituição da pena privativa de liberdade por penas
restritivas de direito em crime de tráfico de entorpecentes, já que o STF, ao
julgar inconstitucional o art. 2.º, § 1.º, da Lei n.º 8.072/1990 — Lei dos
Crimes Hediondos —, passou a admitir somente a progressão de regimes aos
condenados por crimes hediondos, mas não a conversão em pena restritiva de
direito.

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C A competência para processar e julgar crimes de tráfico ilícito de


entorpecentes é, em regra, da justiça estadual, exceto se caracterizado ilícito
transnacional, quando a competência será da justiça federal. Nesse contexto, a
probabilidade de a droga ser de origem estrangeira é suficiente para deslocar a
competência da justiça estadual para a justiça federal.
D É nula a sentença penal condenatória por crime de tráfico ilícito de
entorpecentes cuja pena-base tenha sido exacerbada com base na quantidade
da droga apreendida, entendendo-se, assim, haver maior censurabilidade da
conduta (culpabilidade), tendo em vista que tal critério é expressamente
previsto na legislação respectiva como definidor na conduta do agente, isto é,
se uso ou tráfico.
E A inobservância do rito procedimental estabelecido pela Lei n.º 11.343/2006
quanto à intimação e conseqüente apresentação de defesa preliminar constitui
causa de nulidade relativa, sendo, pois, necessário que se comprove o
prejuízo, restando preclusa a alegação, se não for feita no momento oportuno.

3- No que se refere a delação premiada e com base no entendimento


jurisprudencial dado ao tema, assinale a opção correta.
A Tratando-se de crime hediondo, se o delator prestar informações eficientes
relacionadas aos seus comparsas, ainda que a associação de agentes seja
eventual, admite-se o reconhecimento da delação premiada.
B Em caso de delito praticado antes da vigência da lei que previu o benefício
da delação premiada como causa de redução de pena, não há que se falar em
retroatividade da lei posterior para beneficiar o agente, pois, tratando-se de lei
processual penal, tempus regit actum.
C Constitui constrangimento ilegal a manifestação do MP, por ocasião do
oferecimento da denúncia, no sentido de apresentar a condição de o réu
confirmar em juízo as declarações prestadas na fase investigatória para que
possa vir a ser beneficiado com o perdão judicial previsto no art. 13 da Lei n.º
9.807/1999.

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D A minorante da delação premiada, por ser circunstância, e não elementar, é


incomunicável e incabível no que se refere à aplicação automática, por
extensão, no caso de concurso de pessoas.
E Em caso de crime de extorsão mediante seqüestro com resultado morte,
ainda que as informações do delator propiciem ou facilitem a libertação da
vítima, a incidência do benefício delação premiada, que prevê a redução da
pena do delator em um a dois terços, é facultativa.
QUESTÃO 12
4- Acerca dos recursos, assinale a opção correta com base no
entendimento do STF e do STJ.
A O protesto por novo júri, enquanto não revogado, deve ser concedido
quando ocorrer condenação no júri igual ou superior a vinte anos, decorrente
de um único crime, independentemente de ele ser doloso contra a vida ou a
ele conexo.
B O assistente de acusação tem legitimidade para recorrer,
independentemente do recurso do órgão do MP, inclusive para fins de aumento
da pena imposta na sentença.
C O requisito constitucional relativo à demonstração de repercussão geral não
se aplica ao recurso extraordinário em matéria criminal.
D Não se admite habeas corpus contra decisão denegatória da interposição de
recurso em sentido estrito, tendo em vista que tal decisão pode ser impugnada
por carta testemunhável.
E Diferentemente do que ocorre no processo civil, no processo penal é
aplicável o princípio da fungibilidade recursal, ainda que evidenciado erro
grosseiro na substituição de um recurso por outro, pois o que se busca tutelar,
em último plano, é sempre a liberdade da parte.

5- Com relação ao mandado de segurança em matéria penal, assinale a


opção correta à luz do entendimento do STJ.
A O MP não possui legitimidade para propor ação mandamental com o fim de
conferir efeito suspensivo a recurso de agravo em execução.

Rodrigo Bello 57
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B Cabe mandado de segurança contra decisão que concede, nega ou revoga


suspensão condicional do processo.
C A competência para a apreciação do mandado de segurança em matéria
penal é fixada em razão da competência jurisdicional, e não da autoridade da
qual emanou o ato combatido.
D A comprovação do direito líquido e certo não é condição intransponível à
concessão do mandado de segurança em matéria penal.
E É cabível mandado de segurança interposto por pessoa interessada, com a
finalidade de impugnar o ato judicial que, acolhendo promoção do MP,
determinou o arquivamento de inquérito policial.

6- Dentre as opções abaixo marque a assertiva correta acerca do


interrogatório por videoconferência, criado recentemente pela lei
11.900/09 (art. 185 §2º CPP):

a) Trata-se um meio de prova e meio de defesa no direito processual


brasileiro, constituindo-se exceção sua realização somente nos casos de
criminosos de alta periculosidade que tenham a possibilidade de fuga e que
tenham tido bom comportamento carcerário.
b) Trata-se de um meio de defesa e de prova no direito processual
brasileiro, cuja realização constitui exceção apenas nos casos de grave ordem
pública, crimes punidos até detenção e em casos de risco à segurança pública.
c) Trata-se de um dos meios de prova no direito processual penal
brasileiro, além de ser também um meio de defesa cuja realização se dará em
casos excepcionais, tais como risco a segurança pública e para não influencia
no ânimo da vítima e da testemunha, sendo possível inclusive também ser
utilizada a videoconferência para colhimento de prova testemunhal.
d) Trata-se de meio de defesa, onde não se permite perguntas diretas ao
acusado, cuja realização se dará em casos excepcionais tais como
primariedade, bons antecedentes e nos casos de crimes culposos.

7- Entre as afirmativas seguintes, assinale a que corresponde à nova


Lei Antitóxicos (Lei n.º 11.343/2006).

(A) A nova lei não permite que se aplique qualquer tipo de sanção ao usuário.
(B) A nova lei manteve o mesmo procedimento da lei antiga (Lei n.º
6.368/1976).
(C) A nova lei pune o crime de tráfico de entorpecente na mesma gravidade
com que era punido na lei antiga (Lei n.º 6.368/1976).
(D) A nova lei cria crime inexistente na lei anterior (Lei n.º 6.369/1976)
consistente no oferecimento eventual de droga, sem intuito de lucro, a pessoa
de relacionamento do

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agente, para juntos consumirem.

8- Acerca do significado dos princípios limitadores do poder punitivo


estatal, assinale a opção correta.

A Segundo o princípio da ofensividade, no direito penal somente se consideram


típicas as condutas que tenham certa relevância social, pois as consideradas
socialmente adequadas não podem constituir delitos e, por isso, não se
revestem de tipicidade.
B O princípio da intervenção mínima, que estabelece a atuação do direito penal
como ultima ratio, orienta e limita o poder incriminador do Estado,
preconizando que a criminalização de uma conduta só se legitima se constituir
meio necessário para a proteção de determinado bem jurídico.
C Segundo o princípio da culpabilidade, o direito penal deve limitar-se a punir
as ações mais graves praticadas contra os bens jurídicos mais importantes,
ocupando-se somente de uma parte dos bens protegidos pela ordem jurídica.
D De acordo com o princípio da fragmentariedade, o poder punitivo estatal não
pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados por sentença transitada
em julgado.

9- Quatro rapazes são detidos na ocasião em que andavam pela Praça


da Sé. Questionam aos policiais acerca do motivo para tal prisão,
respondendo eles no sentido de que é prisão para averiguação. Assim,
algemados, são levados para o Distrito mais próximo, permanecendo lá
por um dia. Qual o entendimento correto sobre esta questão?

A) À exceção do flagrante delito, a prisão não poderá efetuar-se senão em


virtude de pronúncia ou nos casos determinados em lei e mediante ordem
escrita da autoridade competente.
B) A prisão está correta, podendo ser efetuada em qualquer hora do dia.
C) A prisão para averiguação é permitida pelo Código de Processo Penal,
podendo perdurar por 48 horas, independentemente de mandado da
autoridade competente.
D) Somente em flagrante delito poderá a polícia efetuar a prisão para
averiguação durante o dia.

10- O art. 306 da Lei n.o 9.503/97 dispõe ser crime “conduzir
veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool
ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem”. Trata-se de crime de

(A) dano.
(B) perigo abstrato.
(C) menor potencial ofensivo.
(D) perigo concreto.

Rodrigo Bello 59
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11- Nos crimes de ação penal privada, os autos do inquérito policial já


relatados

A) serão encaminhados diretamente ao Ministério Público para que se


manifeste pelo arquivamento ou pelo prosseguimento das investigações
policiais.
B) serão encaminhados ao juízo competente, onde aguar-dará a manifestação
do Ministério Público.
C) serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
D) aguardarão, na Delegacia de Polícia, a juntada da queixa para ser
encaminhado ao juízo competente.

12- Governador do Estado do Espírito Santo e seu colega Deputado


Federal pelo mesmo Estado, ordenam que um pistoleiro mate um
desafeto político que vem ganhando força no Estado. Determine a
competência para o processamento e julgamento do feito:

a) Governador será julgado no STJ, Deputado Federal será julgado


no STF e o pistoleiro será julgado no Tribunal do Júri do local do crime
b) Governador, Deputado e Pistoleiro serão julgados no STF.
c) Governador e Deputado serão julgados no STJ e o pistoleiro será
julgado no Tribunal do Júri Federal da comarca da realização da conduta típica.
d) Governador e Deputado serão julgados no STF e o pistoleiro será
julgado no Tribunal do Júri da comarca da realização do crime.

13- Em relação ao inquérito policial, pode-se afirmar que

A) constitui peça indispensável à apuração da infração penal e sua autoria.


B) nos crimes em que a ação pública depender de representação, poderá ser
iniciado mediante requisição do Ministério Público.
C) é dispensável, nos casos de ação pública, quando o Ministério Público
reunir elementos de convicção suficientes ao oferecimento da denúncia.
D) nos crimes de ação privada, poderá ser iniciado de ofício, aguardando,
porém, a manifestação da vítima quanto à realização de diligências.

14- A suspensão condicional do processo é cabível

A) em qualquer crime cuja pena máxima cominada for igual ou inferior a 1


ano.
B) somente nas infrações de menor potencial ofensivo cuja pena mínima
cominada for igual ou inferior a 1 ano.
C) somente nas infrações de menor potencial ofensivo cuja pena máxima
cominada for inferior a 1 ano.
D) em qualquer crime cuja pena mínima cominada for igual ou inferior a 1
ano.

15- De acordo com a Lei n.º 11.340/2006, conhecida como Lei Maria
da Penha, constatada a prática de violência doméstica e familiar contra

Rodrigo Bello 60
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a mulher, o juiz poderá aplicar ao agressor, de imediato, a seguinte


medida protetiva de urgência:

A arbitramento do valor a ser prestado a título de alimentos definitivos à


ofendida e aos filhos menores.
B proibição de aproximar-se da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando limite mínimo de distância entre estes e o agressor.
C decretação da prisão temporária do agressor.
D proibição de contato direto com a ofendida, seus familiares e testemunhas,
salvo indiretamente, por telefone ou carta.

16- Com relação a recursos, assinale a opção correta.

A O recurso em sentido estrito será declarado deserto caso o réu fuja após
haver recorrido.
B No julgamento de apelação de decisão do tribunal do júri em que a sentença
seja contrária à decisão dos jurados, o tribunal ad quem deve determinar que
o réu seja submetido a novo
júri, em respeito à soberania dos veredictos.
C No julgamento de apelação de decisão do tribunal do júri em que a decisão
dos jurados seja manifestamente contrária à prova dos autos, o tribunal ad
quem deve determinar que o
réu seja submetido a novo júri, em respeito à soberania dos veredictos.
D Na apelação das decisões proferidas por juiz singular, admite-se o juízo de
retratação.

17- Acerca do princípio da inocência, assinale a opção correta.

A O juiz deve ter plena convicção de que o acusado é responsável pelo delito,
bastando a dúvida a respeito da sua culpa para absolvê-lo.
B O réu tem o dever de provar sua inocência e cabe ao acusador apresentar
indícios de autoria e materialidade.
C Com a decisão de pronúncia, que reconhece a existência de crime e indícios
de autoria, o nome do réu pode ser incluído no rol dos culpados.
D A restrição à liberdade do acusado antes da sentença definitiva deve ser
admitida sempre que se verificar o fumus boni iuris, independentemente da
existência de periculum in mora.

18- Em relação à delimitação da competência no processo penal, às


prerrogativas de função e ao foro especial, assinale a opção correta.

A O militar que, no exercício da função, pratica crime doloso contra a vida de


um civil deve ser processado perante a justiça militar.
B Membro do Ministério Público estadual que pratica crime doloso contra a vida
deve ser processado perante o tribunal do júri e, não, no foro por prerrogativa
de função ou especial, visto que a competência do tribunal do júri está
expressa na Constituição Federal.

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C No caso de conexão entre um crime comum e um crime eleitoral, este deve


ser processado perante a justiça eleitoral e aquele, perante a justiça estadual,
visto que, no concurso de jurisdições
de diversas categorias, ocorre a separação dos processos.
D Não viola a garantia do juiz natural a atração por continência do processo do
co-réu ao foro especial do outro denunciado, razão pela qual um advogado e
um juiz de direito que pratiquem crime contra o patrimônio devem ser
processados perante o tribunal de justiça.

EXERCÍCIOS – Questões Certo ou Errado

Com relação ao inquérito policial, julgue os seguintes itens.

1__ Verificando que o fato evidentemente não constitui crime, o delegado poderá
mandar arquivar o inquérito policial, desde que o faça motivadamente.

2__ A reprodução simulada dos fatos ou reconstituição do crime pode ser determinada
durante o inquérito policial, caso em que o indiciado é obrigado a comparecer e
participar da reconstituição, em prol do princípio da verdade real.

Com referência à ação penal, julgue os itens que se seguem.

3__ Oferecida a representação pelo ofendido, o Ministério Público não é obrigado a


intentar a ação penal pública condicionada à representação.
4__ Na ação penal privada personalíssima, a titularidade é exclusiva do ofendido, não
se transmitindo, em caso de morte, aos seus herdeiros ou sucessores.

Acerca de prisão e de habeas corpus, julgue os itens a seguir.

5__Considera-se coação ilegal, passível de habeas corpus, a manutenção do acusado


em cárcere quando houver cessado o motivo que autorizou a coação.
6__Se o habeas corpus for concedido em virtude de nulidade do processo, este será
renovado.

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7__A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente
de autoria, em caso de crime doloso ou culposo, punidos com detenção, quando se
apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não
fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la.
8__Na prisão temporária, decorrido o prazo de 5 dias de detenção, o preso deverá ser
posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão
preventiva.

Em cada um dos itens a seguir, é apresentada uma situação hipotética


relativa à legislação penal, seguida de uma assertiva a ser julgada.

9__Um cidadão foi intimado para depor como testemunha em um inquérito policial e
apresentou, como documento de identificação, cópia autenticada de sua cédula de
identidade civil, cujo original afirmou estar perdido. O delegado que o ouviu resolveu
apreender a citada cópia, embora não houvesse suspeita de inidoneidade dela. Nessa
situação, o delegado agiu de maneira ilegal.
10__Um cidadão foi vítima de abuso de autoridade e pretende indenização do Estado
pela lesão que sofreu. Nessa situação, na forma da lei que reprime o abuso de
autoridade, ele somente poderá ajuizar a ação adequada depois de apurar-se, na via
administrativa, a ocorrência do fato.
11__Júlia foi vítima de abuso de autoridade por parte de agentes públicos federais e
representou ao MPF para que este promovesse a responsabilização penal daqueles. À
representação, anexou as provas de que dispunha e indicou o modo de obter outras. O
procurador da República a quem a representação foi enviada considerou haver indícios
suficientes dos fatos e ofereceu denúncia. O juiz federal que recebeu os autos rejeitou
a denúncia, sob o fundamento de ser indispensável a apuração do fato, seja pela
administração pública, seja por meio de inquérito policial. Nessa situação, o juiz
federal equivocou-se, pois deveria ter recebido a denúncia.
12__Um grupo de religiosos radicais capturou uma pessoa de outra religião e contra
ela praticou longa sessão de ofensas, ameaças e castigos físicos. A vítima,
posteriormente, comunicou o fato à polícia judiciária, que o apurou. O promotor de
justiça que recebeu o inquérito ofereceu denúncia contra o grupo pelos crimes de
ameaça e lesões corporais, afastando a imputação de tortura pelo fato de os
integrantes do grupo não serem funcionários públicos. Nessa situação, o promotor de
justiça incidiu em erro, pois a lei que reprime a tortura não pune apenas agentes
públicos, mas pode também alcançar particulares.
13__Um agente de polícia resolveu torturar um preso sob sua guarda, e, antes que
isso ocorresse, o delegado responsável tomou conhecimento da intenção do agente. O
delegado não concordava com a tortura e não a praticou, mas nada fez para evitá-la.
Nessa situação, tanto o agente quanto o delegado poderiam ser responsabilizados
penalmente, com base na lei que define os crimes de tortura.

No que se refere ao direito processual penal, julgue os itens que se seguem.

14__No caso de prisão em flagrante por crime previsto na legislação que pune os
delitos relacionados a entorpecentes, deve realizar-se, já no momento da lavratura do
auto de prisão, exame pericial que ateste, em caráter definitivo, a natureza da

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substância proibida, sob pena de a prisão ter de ser relaxada pela autoridade
judiciária.
15__Se, no curso de um inquérito policial, o advogado do indiciado protocolizar
petição com virulentas ofensas contra o juiz da causa, em virtude da atuação deste,
deverá o delegado responsável pela investigação, de ofício e imediatamente, instaurar
novo inquérito para apurar o crime contra a honra do magistrado em razão da função.
16__Se, ao final do inquérito policial, o delegado ficar convencido de que o ato foi
inequivocamente praticado em situação de legítima defesa, deverá lançar relatório
minucioso das investigações nos autos e, em seguida, arquivá-los; nesse caso, o
inquérito poderá ser desarquivado, desde que surjam novas provas.

No que se refere ao direito processual penal, julgue os itens que se seguem.

Considere a seguinte situação hipotética.


17__Danilo, pessoa violenta, tentou assassinar sua esposa, Julieta, durante briga do
casal. Julieta registrou a ocorrência, e instaurou-se inquérito policial, que foi
oportunamente remetido ao MP. O promotor de justiça ofereceu denúncia em face de
Danilo por tentativa de homicídio. Iniciado o processo, Julieta procurou o promotor de
justiça, dizendo-lhe que se reconciliara com o marido, que desejava “retirar a queixa”
e que gostaria de encerrar o processo. Nessa situação, considerando a natureza da
ação penal, o pedido de Julieta não poderia ser atendido.
18__Considere a seguinte situação hipotética.
Eros foi vítima de injúria praticada por Isabel no dia 1.º de janeiro de 2001, em sua
presença. Eros requereu a instauração de inquérito policial e, com base nele, seu
advogado ofereceu queixa contra Isabel no dia 1.º de outubro de 2001. Nessa
situação, considerando a natureza da ação penal, a queixa oferecida por Eros, se
houvesse cumprido os requisitos processuais, deveria ser recebida pelo juiz
competente.
19__Considere a seguinte situação hipotética.
A polícia descobriu um cadáver na comarca de Belo Horizonte – MG, e a perícia
constatou que a morte não ocorrera naquela localidade. Posteriormente, as
investigações identificaram Juvenal, residente e domiciliado na comarca de Diadema –
MG, como autor do crime. Jamais se descobriu, porém, onde realmente o homicídio
ocorrera. Nessa situação, o juízo competente para o julgamento da ação penal seria,
necessariamente, o da comarca onde o corpo foi localizado.
20__Considere a seguinte situação hipotética.
Afrodite recebeu financiamento do Banco do Brasil S.A., ao amparo de linha de crédito
com verbas federais, para plantar lavoura de mandioca. Todavia, desviou os recursos
do financiamento para a compra de uma casa na praia. Essa conduta configura crime
contra o sistema financeiro nacional, cuja competência para julgamento é de juiz
federal. Iniciadas as investigações, Afrodite assassinou um servidor público federal que
as conduzia, crime cujo julgamento compete ao tribunal do júri federal. Nessa
situação, considerando que houvesse conexão entre os delitos, tanto o crime contra o
sistema financeiro nacional quanto o homicídio deveriam ser julgados conjuntamente
pelo tribunal do júri federal.
21__Devido ao princípio constitucional da presunção de inocência, compete ao MP
produzir a prova da materialidade e da autoria do delito, de modo que o réu não
precisa provar que é inocente; pela mesma razão — e também para não afetar a
exigência de imparcialidade do órgão julgador —, não cabe ao juiz, segundo o Código

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de Processo Penal (CPP), determinar a produção de provas que possam vir a justificar
a condenação do acusado.

No que diz respeito à prova e à prisão no direito processual penal, julgue os


itens abaixo.

22__A despeito da natureza científica de boa parte das provas periciais, o fato de
determinada perícia indicar que o réu foi o autor dos atos materiais em que se baseou
a acusação não implicará necessariamente a condenação do acusado.
23__Considere a seguinte situação hipotética.
Uma equipe de policiais federais encontrava-se em plantão e foi comunicada de que
algumas pessoas haviam acabado de cometer roubo contra agência da CAIXA. Após
algumas horas de diligências e buscas, encontraram o grupo de criminosos com
objetos que deram certeza aos policiais de eles haverem cometido o crime. A equipe,
então, levou o grupo ao DPF, onde foi autuado em flagrante pelo delegado de Polícia
Federal. Nessa situação, agiu de maneira juridicamente válida o delegado ao lavrar o
auto de prisão em flagrante.
24__Se um indivíduo praticar crime de seqüestro e este se prolongar por mais de
uma semana, a polícia pode validamente realizar a prisão em flagrante do
seqüestrador mesmo se somente o conseguir capturar ao final desse período, pois,
nesse caso, o estado de flagrância perdurará.
25__Considere a seguinte situação hipotética.
Isabela já fora condenada, por sentença passada em julgado, pela prática de roubo,
cuja pena cumprira. Além disso, figurava como ré em diversas ações penais por essa
espécie de crime. Certo dia, o promotor de justiça recebeu mais um inquérito policial
em que a polícia judiciária reunira provas de Isabela persistir nessa atividade
criminosa. Por isso, juntamente com a denúncia, o membro do MP requereu a prisão
preventiva dela. Nesse caso, à luz do CPP, não havia fundamento para a autoridade
judiciária decretar a prisão preventiva de Isabela, pois, como ela cumprira a pena da
única condenação que sofrera, o fato de responder a outros processos não justificaria a
prisão.
26__5 Considere a seguinte situação hipotética. Um cidadão foi denunciado pelo MP
sob a acusação de haver cometido crime de lesões corporais. No curso do processo,
veio aos autos prova de as lesões haverem surgido como conseqüência do estrito
cumprimento do dever legal do acusado. Não obstante, o membro do MP entendeu, a
certa altura, cabível a decretação da prisão preventiva do réu, motivo por que a
requereu. Nessa situação, em face da prova mencionada, a prisão preventiva não
poderia ser validamente decretada.

Alexandre, funcionário público federal, expunha à venda, em uma via pública,


oferecendo aos transeuntes que passavam, papelotes de 10 g contendo a
substância Cannabis sativa, vulgarmente conhecida por maconha. A polícia foi
comunicada do fato, mas não compareceu ao local. Antes de ele efetivar
qualquer venda, alguns pedestres efetuaram a prisão de Alexandre,
encaminhando-o à superintendência da Polícia Federal. Na superintendência,
a substância entorpecente foi apreendida, e foi lavrado o auto de prisão em
flagrante. A comunicação da prisão foi realizada à justiça comum. Pelo fato de
Alexandre ser primário, ter bons antecedentes, emprego fixo e residir no
distrito da culpa, o seu advogado postulou a liberdade provisória, que foi
indeferida. O órgão do Ministério Público (MP) ofereceu denúncia em desfavor
de Alexandre, que foi recebida pelo magistrado sem observar o rito dos

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crimes de responsabilidade dos funcionários públicos, ou seja, o denunciado


não foi notificado para apresentar defesa preliminar antes do recebimento da
exordial acusatória.

Com base nessa situação hipotética, julgue os itens subseqüentes.

27__Alexandre praticou o crime de tráfico ilícito de entorpecentes, na sua forma


tentada, uma vez que não chegou a comercializar a substância entorpecente,
difundindo-a ilicitamente.
28__Em face da ocorrência do flagrante próprio, qualquer pessoa do povo poderia
efetuar a prisão de Alexandre.
29__Tratando-se de crime de tráfico interno de entorpecente, ou seja, realizado no
território nacional, a competência para processar e julgar Alexandre será da justiça
comum, sendo irrelevante o fato de o réu ser funcionário público federal.
30__A liberdade provisória é incabível a Alexandre.
31__Por ser Alexandre funcionário público, a autoridade judiciária teria de observar,
sob pena de nulidade absoluta, o rito para o processo e o julgamento dos crimes de
responsabilidade dos funcionários públicos.

Bento, após fazer uso de substância entorpecente, consumindo um cigarro de


maconha, foi preso em flagrante por agentes de polícia. Na delegacia, os
agentes, com o intuito de obterem informações a respeito do nome do
traficante que fornecia a substância entorpecente, colocaram Bento em um
pau-de-arara e deram-lhe choques elétricos, causando-lhe intenso sofrimento
físico. Em face dos constrangimentos, Bento assinou um termo de declarações
indicando o nome do traficante, Ivo, e o local onde era realizada a difusão
ilícita do tóxico, tendo os agentes, em decorrência das informações,
apreendido 10 kg de maconha e prendido em flagrante o traficante. Foi
lavrado o auto de prisão em flagrante de Ivo pela prática de tráfico ilícito de
entorpecente. O advogado de Ivo impetrou uma ordem de habeas corpus
objetivando a nulidade do flagrante, alegando constrangimento ilegal.
Com relação a essa situação hipotética, julgue os itens que se seguem.

32__Bento praticou o crime de porte de substância entorpecente para uso.


33__Em face da apreensão da substância entorpecente e da prisão do traficante Ivo,
as declarações prestadas por Bento são provas lícitas.
34__Anulado o auto de prisão em flagrante em sede de hábeas corpus por vício de
forma, não poderá a autoridade judiciária decretar a prisão preventiva de Ivo se
presentes os requisitos legais.
35__Os agentes de polícia que participaram da oitiva de Bento praticaram crime de
tortura, sendo que a condenação, caso advenha, acarretará a perda do cargo público.
36__Por tratar-se de crime equiparado a hediondo, a pena privativa de liberdade
imposta aos agentes, se condenados pela prática de tortura, deverá ser cumprida em
regime integralmente fechado.

Pedro e Ricardo, previamente ajustados e com unidade de desígnios,


subtraíram do almoxarifado de uma agência da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos (ECT), em um final de semana, vários computadores e
impressoras de propriedade da empresa. Pedro era funcionário público e

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aproveitou essa circunstância para ter acesso à garagem interna do órgão e


transportar o produto do crime, assim como para ter a posse de cópia da
chave da porta do almoxarifado, unidade onde estava lotado como atendente.
Ricardo desconhecia o fato de seu comparsa ser funcionário público.
Descoberta a subtração, instaurou-se um processo administrativo disciplinar
em desfavor de Pedro. Após conclusão, o processo administrativo foi
encaminhado ao MP.
A propósito dessa situação hipotética, julgue os itens seguintes.

37__Pedro e Ricardo responderão pelo crime de peculato-furto.


38__Será da justiça federal a competência para processar e julgar Pedro e Ricardo
pela prática da infração penal.
39__Oferecida denúncia pelo órgão do MP e tratando-se de crime funcional, o juiz,
antes de recebê-la, deverá determinar a notificação de Pedro para, dentro do prazo de
quinze dias, responder por escrito.
40__Mesmo comprovada a autoria da subtração dos equipamentos em sede de
processo administrativo disciplinar, com a observância do contraditório e da ampla
defesa, Pedro não estará sujeito à pena disciplinar de demissão antes do término do
processo-crime.
41__Ocorrendo a demissão de Pedro, haverá a vacância do cargo público que
ocupava.

No âmbito da jurisdição constitucional das liberdades, a proscrição da prova


ilícita no processo é tema recorrente, seja porque o aparelho policial
brasileiro ainda se entremostra arbitrário, seja porque há dificuldades, em
certos casos, de avaliar-se a extensão dos efeitos que a inadmissão da prova
tida por ilícita acarreta para a investigação e persecução criminal. Na esteira
da doutrina dominante e das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF),
julgue os itens abaixo, relativos a esse assunto.

42__Por não se tratar de hipótese de interceptação telefônica sem autorização


judicial, a conversa informal mantida pelo indiciado com policiais, na delegacia, pode
ser gravada por estes, e a eventual confissão de prática delituosa constante na
gravação é tida por prova válida para sustentar pedido de prisão temporária do
confesso.
43__O habeas corpus é meio processual idôneo à impugnação de provas ilícitas já
realizadas, bem assim para postular-se seu desentranhamento de autos de
investigação, mesmo quando desta não possa resultar condenação à pena privativa de
liberdade.
44__O privilégio contra a auto-incriminação (nemo tenetur se detegere) impõe ao
inquiridor o dever de advertir o interrogado do seu direito ao silêncio; a falta dessa
advertência faz ilícita a prova que, contra si mesmo, forneça o acusado, ainda quando
observadas as formalidades procedimentais do interrogatório.
45__Em se tratando de crimes hediondos, tem plena aplicação o princípio da
proporcionalidade na valoração da admissibilidade da prova, pois a busca da verdade
real tem prevalência constitucional. Disso resultam constantes mitigações, pelo STF, à
garantia constitucional segundo a qual são inadmissíveis no processo as provas obtidas
por meios ilícitos.

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46__A doutrina dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree) está
relacionada à questão da contaminação gerada pela prova ilícita em face das provas
dela derivadas.

Art. 186 do Código de Processo Penal (CPP) : ”Antes de iniciar o


interrogatório, o juiz observará ao réu que, embora não esteja obrigado a
responder às perguntas que lhe forem formuladas, o seu silêncio poderá ser
interpretado em prejuízo da própria defesa.”
Art. 5.º, inciso LXIII, da Constituição da República de 1988: “O preso será
informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado.”
A partir do conteúdo das normas acima transcritas, julgue os itens a seguir.

47__A norma transcrita do CPP não foi inteiramente recepcionada pela Constituição
de 1988. Assim, a parte final deve ser declarada inconstitucional pelo STF, no âmbito
de processo objetivo, para ser definitivamente expurgada do sistema jurídico.
48__O aparente conflito entre as normas transcritas pode ser solucionado no âmbito
da eficácia temporal da lei processual, considerando ter havido sua derrogação, o que
dispensaria o juiz ou tribunal de, no caso concreto, declarar incidenter tantum
a inconstitucionalidade apontada.
49__As comissões parlamentares de inquérito, posto que detenham poderes
instrutórios próprios das autoridades judiciais, não podem processar nem julgar. Logo,
nelas não há acusados, de modo que a norma citada do CPP mantém-se hígida e
aplicável integralmente aos seus procedimentos.
50__Tem pertinência, no caso da norma transcrita do CPP, a aplicação, pelo STF, da
técnica da declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto.
51__A correção da norma transcrita do CPP pode ser levada a efeito pelo Poder
Legislativo por meio de lei ordinária com validade nacional, cuja iniciativa é facultada
também ao povo.

Em cada um dos itens abaixo, é apresentada uma situação hipotética


concernente à competência no processo penal, seguida de uma assertiva a ser
julgada.

52__Maria, diretora de um hospital privado vinculado por convênio à assistência


médica da seguridade social, exigiu do genitor de um paciente internado em estado
grave na unidade de terapia intensiva (UTI), sem recursos financeiros, um depósito a
título de caução, no valor de R$ 600,00, e a importância de R$ 1.500,00, por ocasião
da baixa hospitalar, a título de despesas da UTI. Nessa situação, e de acordo com os
entendimentos do STF e do STJ, a justiça federal será competente para processar e
julgar a infração penal praticada por Maria.
53__Ítalo, mediante grave ameaça exercida com o emprego de uma arma de fogo,
subtraiu do cofre de uma agência da Caixa Econômica Federal (CAIXA) a importância
de R$ 60.000,00 em dinheiro. Nessa situação, será da justiça federal a competência
para processar e julgar Ítalo pela prática do crime de roubo.
54__Sebastião, funcionário público da Secretaria de Saúde, desviou da repartição
municipal a importância de R$ 200.000,00 de que tinha a posse em razão do cargo,
verba proveniente do orçamento da União Federal, fiscalizada pelo Ministério da Saúde
e destinada ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante o convênio FAE/PNAE com as

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prefeituras. Nessa situação, por terem os valores desviados integrado o patrimônio


municipal, caberá à justiça comum processar e julgar Sebastião pelo crime de
peculato.
55__Léa fez uso de histórico escolar e de guia de transferência falsos, de
estabelecimento de ensino superior particular sediado no município de Goiânia – GO,
perante entidade e ensino superior privada com sede em Brasília – DF, visando, com
isso, ao ingresso nesta. Nessa situação, e de acordo com o entendimento do STF, a
competência para processar e julgar Léa será da justiça federal.
56__Renato, após arrombar a porta e adentrar em uma agência franqueada da
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), de propriedade privada, subtraiu
em proveito próprio a importância de R$ 5.000,00. Nessa situação, caberá à justiça
federal processar e julgar Renato pelo crime de furto qualificado.

No que concerne ao auto de prisão em flagrante, julgue os seguintes itens.

57__Havendo autoridade policial na circunscrição, a lavratura de auto de prisão em


flagrante em local diverso da prisão ocasiona a sua nulidade, em face da
incompetência ratione loci.
58__Na lavratura do auto de prisão em flagrante, para integrar o mínimo legal, a
autoridade policial poderá ouvir o condutor do preso como testemunha, considerando-o
como testemunha numerária.
59__Não invalida a prisão em flagrante a audiência do conduzido no leito de
hospital, subseqüentemente à lavratura do auto na delegacia, quando impossibilitado
de ser interrogado por ter sido baleado durante perseguição policial.
60__A ausência de comunicação da prisão em flagrante imediatamente à autoridade
judiciária competente ocasiona a nulidade do auto.
61__O juiz, após receber a comunicação do flagrante, está obrigado a fundamentar
o despacho homologatório.

Em cada um dos itens subseqüentes, é apresentada uma situação hipotética


relativa ao inquérito policial, seguida de uma assertiva a ser julgada.

62__A autoridade policial federal recebeu uma delatio criminis contra um magistrado
federal, imputando-lhe a prática de crime de corrupção passiva. Nessa situação, em
face do requerimento da vítima, a autoridade policial deverá instaurar inquérito policial
e, após relatá-lo com a conclusão das investigações, encaminhar os autos ao Tribunal
Regional Federal (TRF).
63__O órgão do Ministério Público Federal requereu o arquivamento de inquérito
policial relatado, sob o fundamento de que o fato suficientemente apurado não
constituía crime, era atípico. O juiz federal acolheu o pedido e determinou o
arquivamento dos autos. Nessa situação, e de acordo com o STF, a decisão que deferiu
o arquivamento faz coisa julgada, não podendo serem desarquivados os autos e ser
instaurada ação penal, mesmo diante de outros elementos de prova que venham a
surgir posteriormente.
64__A autoridade policial recebeu uma notitia criminis anônima imputando a um
indivíduo a prática de crimes de concussão. Nessa situação, apesar do princípio da
obrigatoriedade, caberá à autoridade policial preliminarmente proceder com cautela às
investigações preliminares, no sentido de apurar a verossimilhança das informações

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recebidas, para, havendo indícios da ocorrência dos ilícitos penais, instaurar o


procedimento regular (inquérito policial).
65__Manoel foi preso em flagrante pela prática do crime de latrocínio, identificando-
se civilmente por ocasião da lavratura do auto de prisão por meio da apresentação da
cédula de identidade, regularmente expedida pela Secretaria de Segurança Pública.
Nessa situação, a autoridade policial não poderá submeter Manoel a identificação
criminal.
66__Instaurado inquérito policial para apurar crime de homicídio e a sua autoria, o
órgão do MP requereu ao juiz a reprodução simulada da infração penal, diligência que
foi deferida com a devolução dos autos à delegacia. Nessa situação, caberá à
autoridade policial notificar o suposto autor do ilícito penal a participar da
reconstituição simulada dos fatos, sob pena de ser autuado em flagrante pela prática
do crime de desobediência.

A respeito das prisões preventiva e temporária, julgue os itens a seguir.

67__A falta de inquérito policial impede a decretação da prisão preventiva, mesmo


que embasada em peças informativas da existência do crime e em indícios da autoria
apresentados pelo órgão do MP.
68__Considere a seguinte situação hipotética.
Marina foi denunciada perante a justiça comum pela prática do crime de peculato,
tendo sido decretada a sua prisão preventiva em atendimento a representação da
autoridade policial. Cumprido o mandado de prisão, a ré foi interrogada, tendo, no
prazo da defesa prévia, argüido a incompetência do juiz –— ratione materiae. O juiz
acatou a exceção e remeteu os autos à justiça federal.
Nessa situação, presentes os requisitos legais, o juiz federal deverá renovar o
despacho da custódia cautelar.
69__Justifica-se a decretação da prisão temporária de pessoa envolvida em crimes
de roubo e homicídio qualificado que, por se encontrar foragida, impede a autoridade
policial de concluir o inquérito policial.
70__De acordo com a jurisprudência majoritária, a prisão preventiva pode ser
decretada para garantir a ordem pública em face da periculosidade do agente,
demonstrada pela gravidade, pela violência ou pelas circunstâncias em que o crime foi
perpetrado.
71__A simples fuga do acusado do distrito da culpa, tão logo descoberto o crime,
não justifica o decreto de prisão preventiva para garantir a aplicação da lei penal e a
conveniência da instrução criminal.

Acerca da prisão em flagrante e seus desdobramentos, julgue os itens que se


seguem.

72__Considere a seguinte situação hipotética.


Roberto, funcionário público, desviou, em proveito próprio, a importância de R$
50.000,00 de que tinha a posse em razão do cargo que exercia. No mesmo dia,
arrependido, Roberto compareceu espontaneamente perante a autoridade policial e
comunicou a ocorrência e a autoria da infração penal. Nessa situação, em face da
quase-flagrância, caberá à autoridade policial efetuar a prisão em flagrante de
Roberto.
73__Considere a seguinte situação hipotética.

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Tomando conhecimento de que uma grande quantidade de cocaína estava em depósito


em determinada residência para difusão ilícita, agentes de polícia passaram-se por
eventuais compradores de droga e, ao terem acesso ao interior da casa visada,
efetuaram a prisão em flagrante de vários traficantes, apreendendo vinte quilos da
substância entorpecente. Nessa situação, pelo fato de a ação delituosa ter sido
provocada e induzida pelos agentes disfarçados, ocorreu flagrante preparado.
74__É cabível a prisão em flagrante em crime de ação penal privada.
75__Considere a seguinte situação hipotética.
Um deputado federal foi surpreendido e detido por agentes de polícia, em um
restaurante, no momento em que efetuou seis disparos de revólver contra um
desafeto, ceifando-lhe a vida. A autoridade policial autuou o parlamentar em flagrante
delito, remetendo os autos, em dezesseis horas, à Câmara dos Deputados.
Nessa situação, a Câmara dos Deputados, pelo voto secreto da maioria de seus
membros, resolverá sobre a prisão e autorizará, ou não, a formação de culpa.
76__Considere a seguinte situação hipotética.
Intimado para prestar declarações em um inquérito policial, um cidadão desacatou a
autoridade policial que o presidia, rasgando peças dos autos e atirando-as ao chão,
além de proferir palavras de baixo calão à sua pessoa. Nessa situação, a autoridade
policial poderá presidir a lavratura do auto de prisão em flagrante.

A respeito da prova no processo penal, julgue os itens a seguir.

77__Deixando o crime vestígios materiais, é indispensável o exame de corpo de


delito direto elaborado por peritos para se comprovar a materialidade do crime, sob
pena de nulidade. A falta desse exame, entretanto, não impede a propositura da ação
penal.
78__Considere a seguinte situação hipotética.
Um indivíduo adentrou em uma agência da CAIXA e, mediante ameaça exercida com o
emprego de uma metralhadora, subtraiu do caixa a importância de R$ 10.000,00 em
espécie. Ao sair da agência, ele foi preso em flagrante, tendo a arma de fogo sido
extraviada no caminho para a delegacia. Nessa situação, em face da não-apreensão da
arma e da não-realização de perícia nela, não será cabível o reconhecimento da causa
de aumento do crime de roubo (roubo qualificado com o emprego de arma).
79__O laudo pericial assinado por dois peritos oficiais no qual somente uma das
assinaturas está legível é nulo de pleno direito.
80__Considere a seguinte situação hipotética.
Marta foi indiciada em inquérito policial instaurado para apurar o crime de estelionato,
na modalidade de fraude no pagamento por meio de cheque. A autoridade policial,
visando submeter a cártula a exame grafotécnico, notificou Marta para comparecer à
delegacia a fim de fornecer padrões gráficos do próprio punho.
Nessa situação, como o objetivo do exame pericial é proporcionar a comparação entre
o escrito comprovadamente feito pelo punho da indiciada e aquele cuja autoria está
sendo pesquisada e que constitui o corpo de delito, a autoridade policial não poderá
compelir Marta a comparecer à delegacia e a lançar as assinaturas.
81__Considere a seguinte situação hipotética.
Ana foi agredida fisicamente por Marcos com socos e pontapés, sofrendo lesões
corporais de natureza leve. Passados dois meses do evento, Ana compareceu
perante a autoridade policial e apresentou representação contra o agressor. Na
ocasião, entretanto, os vestígios das lesões tinham desaparecido. Nessa situação, será
possível o exame de corpo de delito de forma indireta por meio da prova testemunhal.

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A respeito dos direitos penal, processual penal e constitucional, julgue os


itens subseqüentes.

82__A incomunicabilidade do indiciado no inquérito policial, decretada por despacho


fundamentado do juiz, encontra-se revogada pela atual Constituição da República.
83__São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos.
Adicionalmente, segundo entendimento majoritário do STF, decreta-se a nulidade das
provas subseqüentes obtidas com fundamento na ilícita (prova ilícita por derivação).
84__Por ter força de lei, não viola o princípio da legalidade a medida provisória que
define crimes e comina sanções penais.
85__Considere a seguinte situação hipotética.
O MP ofereceu denúncia contra um deputado federal pela prática de infração penal
durante o exercício funcional, tendo o STF, antes do recebimento, solicitado da
respectiva Casa Legislativa licença para que fosse processado. A Câmara dos
Deputados não se pronunciou a respeito do pedido de licença, tendo o mandato do
parlamentar expirado. Nessa situação, como o crime foi perpetrado durante o exercício
funcional, mesmo com a sua cessação prevalece a competência especial por
prerrogativa de função.
86__O delegado de polícia pode determinar o arquivamento de inquérito policial
iniciado de ofício, desde que não reste comprovada a materialidade do delito ou a
autoria imputada ao indiciado.

Com fulcro nos direitos administrativo, constitucional, penal e processual


penal, julgue os itens a seguir.

87__Considere a seguinte situação hipotética.


A promotoria de justiça do patrimônio público instaurou, por portaria, inquérito civil
para apurar atos de improbidade administrativa atribuídos a deputado federal, que
teriam causado danos ao erário. Nessa situação, uma vez que compete
originariamente ao STF processar e julgar parlamentar federal por crime, em virtude
da prerrogativa de foro, qualquer medida investigatória de caráter pré-processual deve
ser adotada perante o órgão judiciário competente, o STF, sob pena de configurar
constrangimento ilegal passível de habeas corpus a ser impetrado perante a referida
corte.
88__Considere a seguinte situação hipotética.
O MP ingressou com uma ação civil pública em face de Jorge, por ele ter praticado atos
de improbidade administrativa que ocasionaram danos ao erário. Pelos mesmos fatos,
foi instaurada uma ação penal contra Jorge, sendo-lhe imputada a prática do crime de
concussão. A pretensão deduzida na ação civil pública foi julgada improcedente,
estando o processo em grau de recurso. Nessa situação, em sede de habeas corpus,
será possível o trancamento da ação penal por falta de justa causa.
89__Considere a seguinte situação hipotética.
Um indivíduo foi denunciado pela prática do crime de peculato. Após receber a
notificação prévia, ele apresentou a defesa preliminar, tendo o juiz, em despacho
fundamentado, recebido a vestibular acusatória. Nessa situação, poderá o juiz
criminal, após o recebimento da denúncia e a requerimento do MP, determinar o
afastamento do réu do exercício do cargo.

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90__Compete à justiça federal processar e julgar o crime de porte ilegal de arma de


fogo de procedência estrangeira.
91__No crime de contrabando ou descaminho, a competência para processar e julgar
a ação penal é do juízo federal do local onde foram apreendidos os objetos
introduzidos ilegalmente no país.

Célio, arrolado como testemunha em processo criminal em que se imputava


ao réu crime de homicídio culposo, é instigado pelo advogado de defesa a
fazer afirmações falsas acerca dos fatos, a fim de inocentar o réu, o que
efetivamente vem a fazer.
Com base na situação hipotética acima apresentada, julgue os itens que se
seguem.

92__Célio praticou crime de falso testemunho qualificado, pois foi cometido com o
fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal.
93__De acordo com o entendimento dominante do Supremo Tribunal Federal (STF),
como o delito praticado é de mão própria, não se admite co-autoria ou participação,
sendo atípica a conduta do advogado de defesa.

Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética,


seguida de uma assertiva a ser julgada.

94__No dia 1.º/3/1984, Jorge foi preso em flagrante por ter vendido lança-perfume
(cloreto de etila), substância considerada entorpecente por portaria do Ministério da
Saúde de 27/1/1983. Todavia, no dia 4/4/1984, houve publicação de nova portaria
daquele Ministério excluindo o cloreto de etila do rol de substâncias entorpecentes.
Posteriormente, em 13/3/1985, foi publicada outra portaria do Ministério da Saúde,
incluindo novamente a referida substância naquela lista. Nessa situação, de acordo
com o entendimento do STF, ocorreu a chamada abolitio criminis, e Jorge, em
4/4/1984, deveria ter sido posto em liberdade, não havendo retroação da portaria de
13/3/1985, em face do princípio da irretroatividade da lei penal mais severa.
95__Rômulo seqüestrou Lúcio, exigindo de sua família o pagamento de R$
100.000,00 como resgate. Nessa situação, o crime de extorsão mediante seqüestro
praticado por Rômulo é considerado crime habitual.
96__O médico Caio, por negligência que consistiu em não perguntar ou pesquisar
sobre eventual gravidez de paciente nessa condição, receita-lhe um medicamento que
provocou o aborto. Nessa situação, Caio agiu em erro de tipo vencível, em que se
exclui o dolo, ficando isento de pena, por não existir aborto culposo.
97__Laura, funcionária pública a serviço do Brasil na Inglaterra, cometeu, naquele
país, crime de peculato. Nessa situação, o crime praticado por Laura ficará sujeito à lei
brasileira, em face do princípio da extraterritorialidade.

Com relação ao direito processual penal, julgue os itens subseqüentes.

98__No inquérito policial em que figure como indiciado um inimigo do delegado de


polícia responsável pelas investigações, o Ministério Público oporá exceção de
suspeição em relação a esse delegado.

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99__Considere que o delegado de polícia de determinada circunscrição tenha


ordenado diligências em outra, sem ter expedido carta precatória, requisições ou
solicitações. Nessa situação, não houve nulidade no inquérito policial respectivo.
100__Considere a seguinte situação hipotética.
Evandro é acusado de prática de homicídio doloso simples contra a própria esposa.
Nessa situação, recebida a denúncia pelo juiz competente, é cabível a decretação da
prisão temporária de Evandro, com prazo de 30 dias, prorrogável por igual período,
haja vista tratar-se de crime hediondo.
101__É pacífico o entendimento jurisprudencial no sentido de que é inconstitucional
a prisão decorrente de sentença de pronúncia, nos procedimentos do júri popular.
102__Em face de crime de ação penal privada, é cabível a decretação de prisão
preventiva.

De acordo com o entendimento do STF, julgue os itens a seguir.


103__A inobservância da competência penal por prevenção gera nulidade absoluta
do processo.
104__Considere que a Constituição de um estado brasileiro determina que o
secretário de Estado de Educação será julgado pelo tribunal de justiça. Nessa situação,
prevalecerá a competência do tribunal do júri em caso de crime de homicídio cometido
pelo referido secretário em concurso de agentes com pessoa sem foro por prerrogativa
de função.

Acerca do direito penal e do direito processual penal, julgue os itens


seguintes.

105__O tráfico internacional de entorpecentes, por ser um crime inafiançável, é


considerado um crime hediondo.
106__Se a empresa Alfa S.A. mantiver, no exterior, depósito bancário não declarado
à repartição competente da administração pública federal, essa empresa será sujeito
ativo de crime contra o sistema financeiro nacional.

Acerca do direito processual penal, julgue os seguintes itens.

107__Se, em crime de ação penal privada, o ofendido formular requerimento para a


abertura do inquérito, e o delegado de polícia, por despacho, indeferir o referido
requerimento, caberá recurso ao chefe de polícia por parte do ofendido.
108__A ação penal será pública em qualquer crime praticado em detrimento do
patrimônio ou interesse da União.
109__Considere a seguinte situação hipotética.
Na fronteira do Brasil com a Venezuela, mas ainda em território nacional, na cidade de
Pacaraima, em Roraima, Otávio desferiu cinco facadas contra Armindo, que conseguiu
correr e faleceu na cidade de Santa Helena, na Venezuela. Nessa situação, como o
crime se consumou na Venezuela, não há competência jurisdicional do Brasil para
processar e julgá-lo.
110__Havendo divergência entre os peritos de um laudo pericial, deverão eles
chegar a uma conclusão antes de apresentar o laudo, pois não se admite mais de uma
resposta para um único quesito.

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111__No caso de flagrante delito, se não houver testemunhas da infração, não se


poderá lavrar o auto de prisão em flagrante.
112__A prisão preventiva não pode ser decretada no curso do processo criminal,
pois é instituto típico do inquérito policial. É decretada pelo juiz, de ofício, a
requerimento do Ministério Público, ou do querelante, ou mediante representação da
autoridade policial, e é cabível quando se tratar de crimes dolosos ou culposos punidos
com reclusão. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na
iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, inclusive nos
casos de punição administrativa e disciplinar.
113__A prisão temporária deve ser decretada pelo juiz, em face da representação
da autoridade policial ou de requerimento do Ministério Público, e tem o prazo de 5
dias, prorrogáveis por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade,
exceto no caso dos crimes hediondos, em que o prazo é diferenciado.

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Material Complementar

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Praticados por funcionário público
Vide Súmula 330 STJ
Artigos 513 e seguintes do CPP

Artigo Crime Núcleo Obs


312 Peculato Apropriar-se ou desvia-lo ou Reparação, compensação e
subtrair restituição não excluem a
punibilidade; em concurso o
particular tb responde.
312 Forma culposa Admite-se a extinção da
§2° punibilidade se o pagamento for
antes da sentença. Se depois, reduz
da metade
316 Concussão Exigir (=constranger) devido à Exigência antes da ação
autoridade que exerce
316 Excesso de Exigência de [tributo ou A vantagem é para o Estado
§1° Exação contribuição social] (diferença com a concussão)
316 Excesso de Ou desvio do que recebeu
§2° Exação indevidamente
317 Corrupção Solicita ou recebe ou aceita Nem sempre preexiste corrupção
Passiva ativa
317 Corrupção Retarda ou deixa de fazer em
§1° Passiva virtude do que recebeu
318 Facilitação ou Competência da JF
Contrabando
319 Prevaricação Retarda ou deixa de praticar em
virtude de interesse ou sentimento
pessoal (diferença esta com o 317
§1°)
319-A Deixar aparelho telefônico para Acrescentado pela lei 11.466/07
comunicação de presos
320 Condescendência Deixar de responsabilizar Crime omissivo próprio
Criminosa funcionário subordinado
321 Advocacia Patrocinar interesse privado
Administrativa legítimo ou ilegítimo
323 Abandono de Abandonar
Função
325 Violação de Revelar ou facilitar a revelação
Sigilo Funcional
A partir do artigo 326 são crimes
praticados por particular, mas
que tb podem ser praticados por

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funcionário público.
328 Usurpação de Usurpar = assumir Funcionário em outra função pode
função pública ser sujeito ativo. Cuidado, pois se
alguém se intitula funcionário
público e induz a erro, o crime é de
estelionato.
329 Resistência Opor-se à execução
330 Desobediência Desobedecer à ordem legal Se a desobediência estiver
relacionada à decisão judicial, o
crime é de desobediência do art.
359; Se tiver violência ou ameaça
o crime é de Resistência.
331 Desacato Desacatar funcionário Na ausência do funcionário,
responde por injúria qualificada do
art. 141 II
332 Tráfico de Solicitar, exigir, cobrar ou obter a Se houver acordo entre o particular
Influência pretexto de influir em ato de e o funcionário o crime é de
funcionário. corrupção; Se a influência é em
membros do P. Judiciário, o crime
é exploração de prestígio, art 357.
333 Corrupção Ativa Oferecer ou prometer Sempre antes do ato do funcionário
334 Contrabando ou Importar ou exportar mercadoria Competência da J. Federal.
Descaminho proibida ou iludir pagamento de
direito ou imposto devido pela
entrada ou saída de mercadoria
337-A Sonegação de Suprimir ou reduzir contribuição Sujeitos ativos são os sócios,
Contribuição social previdenciária gerentes de empresas.
Previdenciária Confissão sem pagamento antes da
ação fiscal  extinção da
punibilidade
Pagamento depois da ação fiscal,
mas antes da denúncia  extinção
da punibilidade.
A diferença com a Apropriação
Indébita Previdenciária (art. 168-
A) é que nesta deixa-se de repassar
e para haver a extinção da
punibilidade, deve-se pagar antes
da ação fiscal.
349-A Ingressar, promover, intermediar, Acrescentado pela lei LEI Nº
auxiliar ou facilitar a entrada de 12.012, DE 6 DE AGOSTO DE
aparelho telefônico de comunicação 2009.
móvel, de rádio ou similar, sem
autorização legal, em estabelecimento
prisional.

Rodrigo Bello 77
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DEFINIÇÃO ANALÍTICA DE CRIME  DIVISÃO TRIPARTIDA


Teoria do crime ou delito – proteção dos bens jurídicos mais importantes. Apenados com
reclusão ou detenção. Contravenção é diferente, são mais leves e apenados apenas com
prisão simples ou multa (delitos-anões)

TÍPICO ILÍCITO CULPÁVEL Punibilidade


Tipo é o conjunto dos Ilícito é o comportamento Culpabilidade é a Depois de verificada a
elementos do fato punível humano contrário à censurabilidade, a tipicidade, a ilicitude e a
descrito na lei penal; é a ordem jurídica que lesa reprovabilidade social. culpabilidade há o crime
descrição concreta da ou expõe a perigo bens Para ser culpável deve e este, portanto, deve ser
conduta proibida. jurídicos tutelados. haver: imputabilidade, punido.
Tipicidade é a Ilicitude é a relação de que é a condição de Punibilidade é a
conformidade do fato antagonismo que se maturidade; potencial possibilidade jurídica de
praticado pelo agente estabelece entre a conduta consciência da ilicitude, o Estado impor a sanção
com a moldura descrita humana voluntária e o que é a possibilidade do ao autor do delito.
na lei penal. Para o fato ordenamento jurídico. agente saber que a Causas de Extinção da
ser típico deve Causas excludentes de conduta é ilícita e Punibilidade: morte do
compreender: Ilicitude: estado de exigibilidade de conduta agente, anistia, graça,
Dolo ou culpa – resultado necessidade – legítima diversa. indulto, abolitio criminis,
– nexo causal – defesa – estrito As excludentes de decadência, prescrição,
tipicidade. cumprimento do dever culpabilidade são: perempção, renúncia,
Dolo é a consciência e legal – exercício regular doença mental, perdão do ofendido,
vontade de realização da do direito – menoridade, embriaguez, retratação do agente,
conduta no tipo. Culpa é consentimento do erro de proibição, coação casamento da vítima com
a inobservância do dever ofendido moral irresistível e o agente, com terceiro,
objetivo de cuidado obediência hierárquica. perdão judicial.
(imprudência
negligência-imperícia Qd o agente não atua em: IMPUTABILIDADE
Elementares são estado de necessidade, +
imprescindíveis para a legítima defesa, estrito POTENCIAL
configuração do tipo e as cumprimento do dever CONSCIÊNCIA DA
circunstâncias são legal, exercício regular do ILICITUDE
dados. direito e consentimento +
do ofendido. EXIGIBILIDADE DE
CONDUTA (ação ou = CONDUTA DIVERSA
comportamento humano) FATO ILÍCITO =
– Finalismo: dirigida à FATO CULPÁVEL
consecução de um fim. Se
este for lícito, gerará OBS: 3 sentidos da
culpa; ao revés, sendo fim culpabilidade 
ilícito, haverá dolo. a) Elemento
+ integrante do
RESULTADO tipo
+ b) Como medidor
NEXO DE de pena
CAUSALIDADE c) Como
+ impedimento
TIPICIDADE (formal para resp. obj.
e/ou conglobante)
=
FATO TÍPICO

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Rodrigo Bello 79
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