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CARREIRAS
JURÍDICAS
PROCESSO
PENAL
RODRIGO BELLO
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Leis Atualizadas
Súmulas STF-STJ
Jurisprudência
Material Complementar
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Módulo 1 – Carreiras – Processo Penal
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BIBLIOGRAFIA DIRECIONADA
Melhor Livro Atualmente:
Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Volumes 1 e
2 – Aury Lopes Jr. Ed. Lúmen Juris
Concurso Magistratura:
Direito Processual Penal e sua Conformidade Constitucional Volumes 1 e
2 – Aury Lopes Jr. Ed. Lúmen Juris
Processo Penal – Fernando da Costa Tourinho Filho – Ed. Saraiva
Material Abrangente:
Código de Processo Penal Comentado – Guilherme de Souza Nucci – Ed.
Revista dos Tribunais
Clássicos:
Elementos de Direito Processual Penal (4volumes) – Frederico Marques
– Ed. Millenium
Direito e Razão – Luigi Ferrajoli – Ed. Revista dos Tribunais
Leituras Indispensáveis:
Sistema Acusatório – Geraldo Prado – Ed. Lúmen Júris
Processo Penal Constitucional – Antonio Scarance – Ed. Revista dos
Tribunais
Processo Penal e Constituição – Luis Gustavo Grandinnetti – Ed. Lúmen
Júris
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ATUALIZAÇÕES LEGISLATIVAS
Inteiro Teor das Leis: www.rodrigobello.wikidot.com
Lei 12.015/09
Altera o Título VI da Parte Especial do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de
1940 - Código Penal, e o art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, que dispõe
sobre os crimes hediondos, nos termos do inciso XLIII do art. 5o da Constituição
Federal e revoga a Lei no 2.252, de 1o de julho de 1954, que trata de corrupção de
menores.
Lei 12.012/09
Acrescenta o art. 349-A ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 -
Código Penal.
Lei 11.983/09
Revoga o art. 60 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941 - Lei de
Contravenções Penais.
Lei 11.942/09
Dá nova redação aos arts. 14, 83 e 89 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984
– Lei de Execução Penal, para assegurar às mães presas e aos recém-nascidos
condições mínimas de assistência.
Lei 11.923/09
Acrescenta parágrafo ao art. 158 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 – Código Penal, para tipificar o chamado “sequestro relâmpago"
Lei 11.900/09
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código
de Processo Penal, para prever a possibilidade de realização de interrogatório e
outros atos processuais por sistema de videoconferência, e dá outras
providências.
Lei 11.829/08
Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do
Adolescente, para aprimorar o combate à produção, venda e distribuição de
pornografia infantil, bem como criminalizar a aquisição e a posse de tal
material e outras condutas relacionadas à pedofilia na internet.
Lei 11.767/08
Altera o art. 7o da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994, para dispor sobre o
direito à inviolabilidade do local e instrumentos de trabalho do advogado, bem
como de sua correspondência.
Lei 11.719/08
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 - Código
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Lei 11.705/08
Altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, que ‘institui o Código de
Trânsito Brasileiro’, e a Lei no 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre
as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas,
medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4o do art. 220
da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor
de veículo automotor, e dá outras providências.
Lei 11.690/08
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código
de Processo Penal, relativos à prova, e dá outras providências.
Lei 11.689/08
Altera dispositivos do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 – Código
de Processo Penal, relativos ao Tribunal do Júri, e dá outras providências.
Altera os arts. 136, 137, 138, 139, 141 e 143 do Decreto-Lei no 3.689, de 3
de outubro de 1941 – Código de Processo Penal, para substituir a expressão
“seqüestro” por “arresto”, com os devidos ajustes redacionais.
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SÚMULAS STF
SÚMULA VINCULANTE 9 : O DISPOSTO NO ARTIGO 127 DA LEI Nº 7.210/1984 (LEI
DE EXECUÇÃO PENAL) FOI RECEBIDO PELA ORDEM CONSTITUCIONAL VIGENTE, E
NÃO SE LHE APLICA O LIMITE TEMPORAL PREVISTO NO CAPUT DO ARTIGO 58.
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SÚMULAS STJ
STJ
Súmula 348: Compete ao Superior Tribunal de Justiça decidir os conflitos de
competência entre juizado especial federal e juízo federal, ainda que da
mesma seção judiciária.
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O Tribunal iniciou julgamento de agravo regimental em ação penal em que se discute se o rito
previsto pela Lei 11.719/2008 para apresentação de resposta escrita à acusação se aplica aos
processos penais regulados pela Lei 8.038/90. Trata-se de recurso interposto contra decisão
proferida pelo Min. Marco Aurélio, relator, que entendera serem aplicáveis, no caso, as novas
regras previstas nos artigos 396 e 396-A, do CPP, na redação dada pela Lei 11.719/2008 [“Art.
396. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou queixa, o juiz, se não a
rejeitar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias. Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo
para a defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor
constituído. Art. 396-A. Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo o que
interesse à sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e
arrolar testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, quando necessário.”].
Asseverou que a Lei 8.038/90 não exaure os procedimentos alusivos à ação penal originária da
competência dos tribunais, e reportou-se ao seu art. 9º, que estabelece que a instrução
obedecerá, no que couber, ao procedimento comum do CPP, podendo o relator delegar a
realização do interrogatório ou de outro ato da instrução a juiz ou membro de tribunal com
competência territorial no local de cumprimento da carta de ordem. Considerou, ademais, que o
fato de, no presente processo, a denúncia não ter sido recebida antes da vigência da lei em
comento não afastaria a incidência no que os dispositivos legais tratam de matérias ligadas ao
devido processo legal e, de forma mais precisa, à defesa do acusado. Após, o julgamento foi
suspenso em face do pedido de vista da Min. Cármen Lúcia.
AP 478/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 25.6.2009. (AP-478)
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Por reputarem inexistentes elementos concretos que indicassem a conexão probatória entre as
condutas imputadas aos pacientes e o denominado “caso Banestado”, a Turma assentou a
competência da Justiça Federal em São Paulo para processar e julgar ação penal na qual se
apura a ocorrência dos crimes de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro. No caso, a
denúncia atribui aos pacientes o controle e a administração de conta bancária nos Estados
Unidos e que, por intermédio de contas CC-5 e do esquema “dólar-cabo”, teriam movimentado
vultosas quantias, supostamente evadindo divisas e mantendo recursos no exterior com a
utilização de casa de câmbio localizada no Estado de São Paulo. Ocorre que o feito fora remetido
à Vara Federal no Estado do Paraná, pois identificados relacionamentos entre a conta titularizada
pelos pacientes com contas de outros investigados envolvidos no “caso Banestado”. Salientou-se
que, no tocante à competência, o art. 69 do CPP a define ante os seguintes fatores: o lugar da
infração, o domicílio ou residência do réu, a natureza da infração, a distribuição, a conexão ou
continência, a prevenção e a prerrogativa de função. Registrou-se que, na presente situação,
não haveria qualquer trecho na inicial acusatória, na decisão proferida pelo STJ ou na
manifestação do Ministério Público junto ao STF que direcionasse no sentido da conexão
probatória e, portanto, de competência por atração, visando à racionalização da apuração dos
fatos. Considerou-se, ao contrário, laudo da Polícia Federal que revelaria a inexistência da
aludida conexão probatória, haja vista que não identificadas transações da conta apreciada com
contas mantidas no Banestado. Dessa forma, aduziu-se que os pacientes, domiciliados em São
Paulo e lá exercendo atividade econômica, estariam sendo compelidos a defenderem-se no
Paraná. Por fim, declarou-se a incompetência da 2ª Vara Criminal da Subseção Judiciária de
Curitiba-PR para julgar a ação, a partir da denúncia. Os Ministros Ricardo Lewandowski e
Cármen Lúcia ressaltaram que não se estaria apontando a nulidade de nenhum ato já praticado,
cabendo ao juízo que vier a conduzir o processo avaliar o aproveitamento desses atos.
HC 90236/PR, rel. Min. Marco Aurélio, 19.5.2009. (HC-90236)
Prisão Preventiva e Fundamentação Idônea (542)
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus no qual pleiteada a revogação de prisão
preventiva decretada contra o paciente, ante a afirmação de co-ré de que ele integraria
organização criminosa responsável pelo tráfico internacional de substâncias entorpecentes. No
caso, a co-ré, nacional sul-africana, fora presa em flagrante em aeroporto por tentar embarcar
para seu país portando grande quantidade de cocaína. Durante seu interrogatório policial,
apontara a existência dessa organização criminosa e esclarecera que o paciente, nacional
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nigeriano, havia lhe fornecido a droga apreendida. Indicara, ainda, as placas de veículos de
propriedade do paciente e mencionara que já realizara o transporte de entorpecentes outras
vezes. Confirmadas essas informações, decretara-se a prisão cautelar do paciente — mantida
pelas demais instâncias judiciais —, a qual fundamentada, dentre outras razões, no fato de o
paciente haver sido acusado pelo aliciamento de “mulas” para transporte de drogas. A
impetração alegava, na espécie, falta de justificativa concreta que amparasse a segregação do
paciente, especialmente porque fundada em delação de co-ré, a quem negado o benefício da
delação premiada, pelo juízo sentenciante, por reconhecer a inexistência de prova efetiva e
segura da participação do paciente (delatado) na empreitada criminosa. Ressaltou-se, de início,
que a presença de condições subjetivas favoráveis ao paciente não obstaria a segregação
preventiva, desde que existentes, nos autos, elementos concretos a recomendar sua
manutenção, como verificado no caso. Com relação à eventual insubsistência do decreto
prisional, considerou-se que o mesmo estaria devidamente fundamentado, nos termos do art.
312 do CPP, asseverando-se não ser viável, em sede de habeas corpus, adentrar o mérito da
ação penal para analisar questões controvertidas sobre possível inocência do paciente nos fatos
a ele imputados. Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto, que deferiam o writ. O
primeiro por entender que, da mesma forma que o depoimento em juízo da co-ré — que se
mostrara contraditório — não serviria para se impor condenação, também não se prestariam a
respaldar a preventiva a materialidade do crime, os indícios de autoria e o fato de se ter o
envolvimento de estrangeiro, com visto permanente no Brasil e família constituída. E o último,
ante a insubsistência de motivação do decreto prisional.
HC 94465/SP, rel. Min. Menezes Direito, 14.4.2009. (HC-94465)
Magistrado: Atuação em Inquérito e Ausência de Impedimento para a Ação Penal – 2
(522)
Ressaltou-se, também, que, no caso dos processos penais originários, que tramitam no STJ e no
STF, regulados pela Lei 8.038/90, o relator escolhido, na forma regimental, terá as atribuições
que a legislação processual confere aos juízes singulares, dentre as quais a de presidir o
andamento do inquérito (art. 2º), e que, finda a instrução, o tribunal procederá ao julgamento,
na forma determinada pelo regimento interno (art. 12, II). Ou seja, ainda que determinado
relator seja escolhido, nos termos regimentais, para presidir à instrução, o julgamento é feito
pelo órgão colegiado do tribunal prescrito pela Constituição para julgar a autoridade com
prerrogativa de foro. Em razão disso, repeliu-se a afirmação de que seria inconstitucional o
parágrafo único do art. 75 do CPP, que estabelece a prevenção do magistrado que houver
determinado qualquer diligência anterior à denúncia ou à queixa para o julgamento da ação
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penal. Por fim, aduziu-se que eventuais incompatibilidades ou impedimento do Ministro relator
do feito devem ser argüidos mediante o procedimento previsto no art. 112 do CPP, de espectro
mais amplo quanto à apreciação de fatos e provas. Precedentes citados: HC 86579/ES (DJU de
31.8.2007); HC 68784/SP (DJU de 26.3.93); HC 73099/SP (DJU de 13.10.95); HC 67997/DF
(DJU de 20.9.90); ADI 1517 MC/DF (DJU de 22.11.2002).
HC 92893/ES, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 2.10.2008. (HC-92893)
Defesa Técnica em Processo Administrativo Disciplinar e Ampla Defesa (505)
STJ:
TRÁFICO. PROGRESSÃO. REGIME. ESTRANGEIRO IRREGULAR. (405)
É cediço que este Superior Tribunal tem admitido ao estrangeiro condenado em situação
irregular a progressão ao regime semiaberto. Justificam-se tais decisões porque o art. 114 da
Lei de Execução Penal somente exige que o condenado esteja trabalhando ou possa trabalhar
para a inserção no regime aberto, além de que o princípio constitucional da igualdade estabelece
que os estrangeiros gozam dos mesmos direitos individuais que os brasileiros, entre os quais, do
direito de individualização da pena. Sucede que, nesse caso, a Turma concedeu a ordem de
habeas corpus, mas, devido à condição de estrangeiro irregular, comunicou o Ministério da
Justiça para que seja promovida a sua expulsão. Vencido em parte o Min. Napoleão Nunes Maia
Filho, que concedia a ordem de habeas corpus, mas votava pela comunicação antes da
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Não há ofensa ao princípio da ampla defesa no fato de o juiz de primeiro grau não realizar a
transcrição dos diálogos decorrentes de interceptação telefônica, pois se disponibilizou para os
defensores a mídia na qual todas as conversas encontram-se gravadas. Logo, a Turma, por
maioria, negou provimento ao recurso. Precedentes citados: HC 101.808-MT, DJe 4/8/2008, e
HC 86.255-DF, DJ 17/12/2007. RHC 20.472-DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 24/8/2009.
Pleiteia-se, no recurso, que seja declarada a nulidade, por deficiência de defesa, do processo que
apura a suposta prática de homicídio qualificado, visto que o defensor constituído nos autos,
apesar de intimado, não ofereceu alegações finais, não recorreu da sentença de pronúncia e não
apresentou contrariedade aos libelos. Requer-se a reabertura do prazo para alegações finais.
Este Superior Tribunal consolidou o entendimento de que a apresentação de alegações finais é
facultativa nos processos de competência do Tribunal do Júri, uma vez que não há julgamento
do mérito com a sentença de pronúncia, mas mero juízo de admissibilidade da acusação
formulada. Também possui entendimento pacífico de que, se a defesa fora intimada da sentença
de pronúncia e não manifestou a pretensão de recorrer, é aplicável a regra processual da
voluntariedade dos recursos, (art. 574, caput, do CPP). Outrossim, a não apresentação de
contrariedade ao libelo, de acordo com a jurisprudência do STJ, não implica, por si só, nulidade,
sendo mera faculdade processual da defesa. Todavia, embora a jurisprudência desta Corte
indique que a não apresentação pelo advogado de uma das peças processuais citadas não
acarreta, por si só, a declaração de nulidade do ato judicial, cabe ao magistrado verificar a
eventual ocorrência de prejuízo ao réu diante de cada caso concreto, de modo que os
automatismos devem ser evitados em se tratando de processo penal. No caso, o defensor
constituído pelos réus deixou de apresentar três peças processuais, hipótese não contemplada
em nenhum dos precedentes citados, nos quais, no máximo uma peça não foi oferecida. Para o
Min. Relator, é evidente o prejuízo à defesa dos recorrentes, não sendo crível a tese esposada
pelo acórdão recorrido de que a inércia do advogado, in casu, poderia ser mera estratégia
defensiva. Ressaltou que, somente após a não apresentação de contrariedade ao libelo, ou seja,
passados quase dez meses sem qualquer manifestação defensiva nos autos, os réus foram
intimados para informar se o advogado à época constituído ainda continuava patrocinando seus
interesses, quando o recomendado seria que os recorrentes, logo após o transcurso do prazo
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para a apresentação de alegações finais, fossem cientificados de que estavam sem defesa e, no
caso de eventual inércia, fosse nomeado defensor dativo, dando-se, assim, efetividade ao
princípio da plenitude de defesa. Conforme a CF/1988, é inadmissível que os réus fiquem tanto
tempo indefesos em processo que apura a suposta prática de homicídio qualificado. Ante o
exposto, a Turma deu provimento ao recurso. Precedente citado: HC 33.740-PE, DJ 28/6/2004.
RHC 22.919-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho julgado, em 18/6/2009.
Os pacotes de cigarro e litros de uísque apreendidos por entrada ilegal no País totalizavam quase
sete mil reais. Assim, não é possível incidir, nesse crime de descaminho, o princípio da
insignificância, pois o parâmetro contido no art. 20 da Lei n. 10.522/2002 (dez mil reais) diz
respeito ao arquivamento, sem baixa na distribuição, da ação de execução fiscal (suspensão da
execução), o que denota sua inaptidão para caracterizar o que deve ser penalmente irrelevante.
Melhor padrão para esse fim é o contido no art. 18, § 1º, daquela mesma lei, que cuida da
extinção do débito fiscal igual ou inferior a cem reais. Anote-se que não se desconhecem
recentes julgados do STF no sentido de acolher aquele primeiro parâmetro (tal qual faz a Sexta
Turma do STJ), porém se mostra ainda preferível manter o patamar de cem reais, entendimento
prevalecente no âmbito da Quinta Turma do STJ, quanto mais na hipótese, em que há dúvidas
sobre o exato valor do tributo devido, além do fato de que a denunciada ostenta outras
condenações por crimes de mesma espécie. Com esse entendimento, a Seção conheceu dos
embargos e, por maioria, acolheu-os para negar provimento ao especial. EREsp 966.077-GO, Rel.
Min. Laurita Vaz, julgados em 27/5/2009.
A Turma iniciou julgamento de embargos de declaração opostos pelo Ministério Público Federal
contra acórdão que deferira habeas corpus para permitir o acesso dos acusados a procedimento
investigativo sigiloso — v. Informativo 529. O embargante sustenta que a concessão da ordem,
sem ressalvas na parte dispositiva, pode levar o juízo de 1ª instância ao engano de autorizar o
acesso a todos os atos do procedimento investigatório e não somente àqueles referentes às
diligências já concluídas. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, acompanhado pela Min. Carmén
Lúcia, acolheu os declaratórios, sem os efeitos modificativos. Inicialmente, em face da
importância do tema, considerou oportuna a explicitação a fim de evitar qualquer equívoco
quanto ao alcance da decisão embargada e salientou que o exame do writ ocorrera antes da
aprovação da Súmula Vinculante 14 (“É direito do defensor, no interesse do representado, ter
acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito
de defesa.”). Assim, recebeu os embargos exclusivamente para esclarecer, com base inclusive
na referida Súmula Vinculante 14, que o alcance da ordem concedida refere-se ao direito
assegurado ao indiciado — bem como ao seu defensor — de acesso aos elementos constantes
em procedimento investigatório que lhe digam respeito e que já se encontrem documentados
nos autos, não abrangendo as informações concernentes à decretação e à realização das
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A Turma negou provimento a recurso ordinário em habeas corpus no qual se pleiteava fosse
declarada a competência do TRF da 1ª Região para julgar writ lá impetrado contra ato do Juízo
da 10ª Vara Criminal Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal, que deferira medida
cautelar de quebra de sigilo telefônico. No caso, a requerimento do Ministério Público Federal,
com base em relatório da Polícia Rodoviária Federal, fora determinada, pelo juízo supra, a
mencionada quebra de sigilo telefônico de diversos suspeitos de prática de crimes contra a
Administração Pública. Diante do caráter interestadual dos fatos apurados, a investigação
iniciada no Distrito Federal fora desmembrada e as informações repassadas às Seções Judiciárias
do Rio de Janeiro e de São Paulo (CPP, art. 70). Ressaltou-se, inicialmente, que o mencionado
Juízo da 10ª Vara Criminal Federal da 1ª Região, após remeter todo o conjunto probatório
recolhido, arquivara, em seguida, o procedimento original. Destarte, aduziu-se que o habeas
corpus impetrado perante o TRF da 1ª Região buscava impugnar procedimento já encerrado, daí
não ter o TRF conhecido da impetração, sob o fundamento de que não haveria ato de Juízo
Federal que se encontrasse sob a sua jurisdição a implicar ameaça ou lesão ao direito de
locomoção dos pacientes. Concluiu-se que o pedido de anulação da interceptação telefônica, cuja
irregularidade se alegava, deveria ter sido dirigido ao Tribunal responsável pela Seção Judiciária
em que instaurada a ação penal contra os pacientes, qual seja, o Juízo Federal da 2ª Vara do
Estado do Rio de Janeiro.
RHC 87198/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 25.11.2008. (RHC-87198)
Interceptação Telefônica: Fundamentação, Prorrogação e Subsidiariedade – 3 (529)
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que se imputava aos ora acusados a mera prática do chamado crime de hermenêutica. Vencido
o Min. Marco Aurélio que acolhia a preliminar por entender estar-se diante de prova ilícita,
porque extrapolado o prazo de 15 dias, prorrogável por igual prazo, previsto no art. 5º da Lei
9.296/96.
Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)
Prisões Cautelares: Fundamentação Insuficiente e Desrespeito à Decisão do Supremo
– 1 (527)
O Tribunal concedeu habeas corpus impetrado contra ato do STJ que, em decisão monocrática,
indeferira idêntica medida lá impetrada, para confirmar liminares que revogaram as prisões
temporárias e preventivas decretadas contra os pacientes, bem assim as extensões deferidas
aos co-réus. Relatou-se que os impetrantes pleiteavam acesso a documentos atinentes a
investigação que teria curso na Polícia Federal, e salvo-conduto ante a possibilidade de
decretação de suas prisões provisórias, tendo em conta matéria publicada em jornal que
informava a possível instauração de inquérito contra os pacientes. Em face disso, o relator do
presente writ, determinara a expedição de ofício ao Juízo da causa, a fim de que prestasse
informações pormenorizadas a respeito do que alegado na inicial. Essas informações teriam sido
prestadas, entretanto, no período de férias forenses, quase um mês após requisitadas, de forma
evasiva, expressando evidente recusa do Juiz federal em dá-las. O Min. Gilmar Mendes,
Presidente, durante esse período, reconhecendo a existência de situação de flagrante
constrangimento ilegal, a justificar exceção à Súmula 691, do STF, deferira a medida liminar, a
fim de que o referido Juízo franqueasse o acesso aos autos e requisitara cópia do decreto de
prisão temporária lá expedido, o que cumprido. Em seguida, o Presidente deferira nova liminar,
cassando a prisão temporária dos pacientes, e estendendo a decisão aos co-réus, por reputá-la
injustificável em face da realização da colheita de provas determinada nos mandados de busca e
apreensão. Considerara, ainda, a inviabilidade de decreto de prisão temporária com base na
mera necessidade de oitiva dos investigados para fins de instrução processual. Posteriormente, o
Juízo, atendendo a representação da autoridade policial, reconsiderara decisão que decretara a
prisão de apenas dois co-réus, e decretara, também, a prisão preventiva de um dos pacientes
por conveniência da instrução criminal, a pretexto de assegurar a aplicação da lei penal e
garantir a ordem pública e econômica. O Presidente também revogara essa prisão, nestes
termos: a) os mesmos fundamentos que permitiram o conhecimento do pedido de afastamento
da prisão temporária nestes autos também permitem conhecer do pleito de revogação da prisão
preventiva; b) a fundamentação utilizada pelo Juiz Federal não é suficiente para justificar a
restrição à liberdade do paciente; c) para que o decreto de custódia cautelar seja idôneo, é
necessário que o ato judicial constritivo da liberdade especifique, de modo fundamentado (CF,
art. 93, IX), elementos concretos que justifiquem a medida; d) não há fatos novos de relevância
suficiente a permitir a nova ordem de prisão expedida; e) o encarceramento do paciente revela
nítida via oblíqua de desrespeitar a decisão deste Supremo Tribunal Federal anteriormente
expedida.
HC 95009/SP, rel. Min. Eros Grau, 6.11.2008. (HC-95009)
Crimes contra a Ordem Tributária e Instauração de Inquérito – 1 (557)
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O Tribunal, por maioria, resolveu questão de ordem suscitada em inquérito originário promovido
pelo Ministério Público Federal, no qual se apura o envolvimento de Senador quanto à ocorrência
das supostas práticas delituosas sob investigação na denominada “Operação Sanguessuga”, no
sentido de anular o ato formal de indiciamento do parlamentar realizado por autoridade policial.
Ressaltando que a prerrogativa de foro tem por escopo garantir o livre exercício da função do
agente político, e fazendo distinção entre os inquéritos originários, a cargo e competência do
STF, e os de natureza tipicamente policial, que se regulam inteiramente pela legislação
processual penal brasileira, entendeu-se que, no exercício da competência penal originária do
STF (art. 102, I, b, da CF c/c o art. 2º da Lei 8.038/90), a atividade de supervisão judicial deve
ser constitucionalmente desempenhada durante toda a tramitação das investigações, ou seja,
desde a abertura dos procedimentos investigatórios até o eventual oferecimento, ou não, de
denúncia pelo Ministério Público, sob pena de esvaziamento da própria idéia dessa prerrogativa.
Em razão disso, concluiu-se que a autoridade policial não poderia ter indiciado o parlamentar
sem autorização prévia do Ministro-relator do inquérito. Ademais, em manifestação obiter
dictum, asseverou-se que a autoridade policial também dependeria dessa autorização para a
abertura de inquérito em que envolvido titular de prerrogativa de foro perante esta Corte.
Vencidos os Ministros Joaquim Barbosa, Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello, que não
anulavam o indiciamento, por considerar que o membro do Congresso Nacional poderia ser
submetido à investigação penal, mediante instauração de inquérito policial, e conseqüente
indiciamento — ato de natureza legal, vinculada —, por iniciativa da própria autoridade policial,
independente de autorização prévia do STF. Precedentes citados: Pet 2805/DF (DJU de
27.2.2004); Inq 2285/DF (DJU de 13.3.2006); Inq 149/DF (DJU de 27.10.83); Inq 1793 AgR/DF
(DJU de 14.6.2002); Pet 1954/DF (DJU de 1º.8.2003); Pet 2805/DF (DJU de 27.2.2004); Pet
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1104/DF (DJU de 23.5.2003); Pet 3248/DF (DJU de 23.11.2004); Pet 2998/MG (DJU de
6.11.2006); Rcl 2138/DF (acórdão pendente de publicação); Rcl 2349/TO (DJU de 5.8.2005).
Inq 2411 QO/MT, rel. Min. Gilmar Mendes, 10.10.2007. (Inq-2411)
CPI e Quebra de Sigilo Judicial – 1 (515)
O relator asseverou que, sob esse ponto de vista, o qual é o da qualidade e extensão dos
poderes instrutórios das CPIs, estas se situam no mesmo plano teórico dos juízes, sobre os
quais, no exercício da jurisdição, que lhes não é compartilhada às Comissões, nesse aspecto,
pela Constituição, não têm elas poder algum, até por força do princípio da separação dos
poderes, nem têm poder sobre as decisões jurisdicionais proferidas nos processos, entre as
quais relevam, para o caso, as que decretam o chamado segredo de justiça, previsto como
exceção à regra de publicidade, a contrario sensu, no art. 5º, LX, da CF. Esclareceu, no ponto,
que as CPIs carecem, ex autoritate propria, de poder jurídico para revogar, cassar, compartilhar,
ou de qualquer outro modo quebrar sigilo legal e constitucionalmente imposto a processo
judiciário, haja vista tratar-se de competência privativa do Poder Judiciário, ou seja, matéria da
chamada reserva jurisdicional, onde o Judiciário tem a primeira e a última palavra. Aduziu,
ainda, ser intuitiva a razão última de nem a Constituição nem a lei haverem conferido às CPIs,
no exercício de suas funções, poder de interferir na questão do sigilo dos processos
jurisdicionais, porque se cuida de medida excepcional, tendente a resguardar a intimidade das
pessoas que lhe são submissas, enquanto garantia constitucional explícita (art. 5º, X), cuja
observância é deixada à estima exclusiva do Poder Judiciário, a qual é exercitável apenas pelos
órgãos jurisdicionais competentes para as respectivas causas - o que implica que nem outros
órgãos jurisdicionais podem quebrar esse sigilo, não o podendo, a fortiori, as CPIs. Concluiu que
é essa também a razão pela qual não pode violar tal sigilo nenhuma das pessoas que, ex vi
legis, lhe tenham acesso ao objeto, assim porque intervieram nos processos, como porque de
outro modo estejam, a título de destinatários de ordem judicial, sujeitas ao mesmo dever
jurídico de reserva.
MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483)
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Nesta sessão, o Tribunal, preliminarmente, tendo em conta a relevância da matéria, por votação
majoritária, entendeu possível ao relator trazer à apreciação do Plenário a decisão liminar.
Vencido o Min. Marco Aurélio que considerava caber apenas ao relator, nos termos do art. 203
do RISTF, o exame da decisão liminar em mandado de segurança. No mérito, o Tribunal
referendou a decisão, com as ressalvas, na presente sessão, aduzidas pelo relator. Em
acréscimo à decisão liminar deferida em 4.8.2008, asseverou-se, não obstante reconhecendo os
altos propósitos da Comissão Parlamentar de Inquérito, que estes não poderiam ser feitos à
margem ou à revelia da lei. Em razão disso, entendeu-se que a maneira que seria de o Judiciário
contribuir com o trabalho da Comissão não poderia estar na quebra dos sigilos judiciais, a qual,
frisou-se, nem o Supremo teria o poder para fazê-lo no âmbito dos processos judiciais de
competência de outro juízo. Dessa forma, concluiu-se que, eventualmente, a CPI, se tivesse
interesse, poderia receber algumas informações que poderiam constituir subsídios para suas
atividades. A liminar foi concedida nestes termos: se a Comissão tiver interesse, as operadoras
deverão encaminhar as seguintes informações: 1) relação dos juízos que expediram os
mandados, bem como da quantidade destes e dos terminais objeto das ordens - quantos
mandados e quantos terminais; 2) relação dos órgãos policiais específicos destinatários das
ordens judiciais; 3) havendo elementos, relação dos órgãos que requereram as interceptações;
4) relação da cidade ou das cidades em que se situam os terminais objeto das ordens de
interceptações; e 5) duração total de cada interceptação. Ficando claro que não podem constar
das informações, de modo algum: 1) o número de cada processo; 2) o nome de qualquer das
partes ou dos titulares dos terminais interceptados; 3) os números dos terminais; e 4) cópias
dos mandados e das decisões que os acompanharam ou que os determinaram. Vencido o Min.
Marco Aurélio que negava referendo à liminar deferida, e, salientando que a regra prevista no
art. 5º, XII, da CF teria sido temperada pelo próprio constituinte quando previu, no art. 58, § 3º,
da CF, que as CPI teriam poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, afirmava
que, ao negar o acesso da CPI aos dados pretendidos, estar-se-ia esvaziando por completo o
objeto da CPI, e conferindo interpretação restritiva ao § 3º do art. 58 da CF, o que geraria um
conflito institucional.
MS 27483 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 14.8.2008. (MS-27483)
Ministério Público: Investigação Criminal e Membro da Instituição (506)
A Turma indeferiu habeas corpus em que Secretário de Segurança Pública requeria, por falta de
justa causa, o trancamento de ação penal contra ele instaurada pela suposta prática do crime de
abuso de autoridade (Lei 4.898/65, art. 4º, a), consistente no fato de haver ordenado a
delegado de polícia que mantivesse a custódia de algumas pessoas, cujas prisões foram
realizadas sem determinação escrita da autoridade judiciária e sem que estivessem em flagrante
delito. A defesa alegava, ainda, que as provas colhidas em procedimento investigatório realizado
diretamente pelo Ministério Público não poderiam embasar a denúncia. Entendeu-se que, na
espécie, a atuação do Ministério Público encontraria fundamento na legislação
infraconstitucional, haja vista que não se trataria de investigação qualquer empreendida pelo
parquet estadual, porquanto o ora paciente seria membro da instituição e, nessa qualidade,
possuiria a prerrogativa de ter sua conduta apurada pelo Procurador-Geral de Justiça (Lei
8.625/93, art. 41, parágrafo único e LC 75/93, art. 18, parágrafo único). Ademais, considerou-
se que a inicial acusatória descrevera de forma clara, precisa, pormenorizada e individualizada a
conduta imputada ao paciente, o que viabilizaria o exercício da ampla defesa, e que o
trancamento de ação penal por ausência de justa causa, fundado na inépcia da denúncia, seria
medida excepcional, não caracterizada no presente caso. Rejeitou-se, ainda, a tese de
inexigibilidade do dever legal de agir do paciente. No ponto, tendo em conta que as polícias civis
e militares seriam, conforme previsto em lei local, subordinadas hierárquica, administrativa e
funcionalmente ao Secretário de Segurança Pública, enfatizou-se que o paciente exerceria poder
de mando e determinava como seus subordinados deveriam proceder. Por fim, afastou-se a
assertiva de falta de conjunto probatório mínimo à comprovação de existência de justa causa ao
fundamento de que a via escolhida não comportaria dilação probatória.
HC 93224/SP, rel. Min. Eros Grau, 13.5.2008. (HC-93224)
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STJ:
DANOS MORAIS. IMPUTAÇÃO. FATO CRIMINOSO. (390)
O banco recorrente alega que o autor esteve em suas dependências comportando-se de maneira
a levar os funcionários a acreditar que se tratava de tentativa de assalto, comunicando o fato à
autoridade policial, que, no exercício do dever legal de investigação, teria agido com truculência.
O autor esclareceu que parou seu veículo no estacionamento privativo dos clientes, para sacar
dinheiro, utilizando-se do serviço Banco 24 horas on line. Após, foi ao terminal rodoviário e
comprou passagens e, ao retornar para o centro da cidade, foi abordado pela polícia,
acompanhada do preposto do banco, que o indicou como sendo ele assaltante. Daí se conclui
que a ação policial decorreu de ato do banco de falsa acusação e em condições que levaram à
truculência na abordagem. Dessa forma, três coisas restam induvidosas: a primeira, que a
vítima sequer estava mais na agência bancária, saíra em seu automóvel, portanto perigo
imediato não havia; a segunda, que o preposto afirmou peremptoriamente que uma das pessoas
portava uma arma e isso não correspondia à realidade; e, em terceiro, o próprio funcionário do
banco acompanhou a diligência policial de prisão, o que é um fato inusitado. Conquanto não se
esteja a afirmar que os servidores do banco não tenham de se prevenir de assaltos, pois eles,
realmente, são constantes, há que se reconhecer que, no caso, existiu culpa. Foi dada
informação equivocada à polícia sobre porte de arma, o que poderia ter levado até a um
desfecho mais trágico, e o preposto foi muito além de uma mera comunicação à autoridade,
chegando a participar, fora do banco, da diligência que resultou na prisão do autor. Sem dúvida,
agiu com culpa seja por imprudência seja por excesso em seu mister, além, é claro, do que
possa ser atribuído à própria truculência policial se extrapolou os procedimentos usuais nas
circunstâncias em que recebeu a comunicação do denunciante. Diante disso, a Turma não
conheceu do recurso do banco. REsp 537.111-MT, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, julgado
em 14/4/2009.
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Foi instaurado inquérito visando apurar eventual ocorrência de delito tipificado no art. 171, § 2º,
I, c/c o art. 14, II, ambos do CP. O autor do suposto delito, para resolver problemas particulares
em cidade localizada no Estado de São Paulo, tomou emprestado, em uma cidade paranaense,
um veículo de propriedade da vítima. O autor, chegando à cidade paulista, tentou entregar o
mencionado carro a um terceiro, a título de compensação de dívidas, como se fosse sua
propriedade. Das decisões proferidas pelos juízos suscitante e suscitado, vê-se que ambos
entendem ter o agente praticado os delitos de apropriação indébita e de estelionato, este
absorvido por aquele. A divergência foi instaurada quanto ao local de consumação do crime de
apropriação indébita, tendo o primeiro juízo entendido que se daria no local da tradição do bem
(em São Paulo) e o segundo, no local em que foi realizado o empréstimo (no Paraná). Assim, a
questão está em definir o local da consumação do delito de apropriação indébita e,
consequentemente, o juízo competente para processar e julgar a respectiva ação penal. Isso
posto, a Seção conheceu do conflito e declarou competente o juízo suscitado ao argumento de
que a apropriação consumou-se na cidade paulista, lugar em que o acusado entregou o veículo
ao credor, momento em que transformou a posse em propriedade, em que externou sua
vontade em não restituir o bem que estava em sua posse em razão de empréstimo. Precedentes
citados: CC 57. 125-MT, DJ 7/8/2006; CC 16.389-SP; DJ 21/10/1996; CC 1.646-MG, DJ
3/6/1991, e CC 355-PE, DJ 25/9/1989. CC 102.103-PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 12/8/2009.
Trata-se de paciente que, juntamente com outros 17, está sendo acusada de fraudar licitações
públicas realizadas com recursos federais oriundos de convênios firmados entre municípios,
órgãos e autarquias federais (MEC e FNDE). Irresignada com o recebimento da denúncia e com a
prisão cautelar, sustenta a nulidade da ação penal, inclusive por incompetência do juízo
processante, uma vez que os recursos são federais e ainda alvo de inquérito na Polícia Federal,
por incidirem as Súmulas ns. 208 e 122 deste Superior Tribunal. Isso posto, inicialmente, o Min.
Relator reconheceu que o mandamus impetrado no Tribunal de origem perdeu seu objeto no que
concerne à análise dos fundamentos da prisão preventiva, tendo em vista sua revogação pelo
juízo de primeiro grau. Dessa forma, a ordem foi conhecida somente em parte, em razão da
incompetência absoluta do juízo processante, pois, no caso, os recursos tem realmente origem
federal (Súm. n. 208-STJ) e o fato de a exordial acusatória imputar também crimes de
competência estadual em razão da conexão não afasta a competência do Juízo Federal (Súm. n.
122-STJ). Com esse entendimento, a Turma conheceu parcialmente da ordem de habeas corpus
e, nessa parte, concedeu-a para declarar a nulidade de todos os atos decisórios proferidos na
ação penal, devendo as peças ser remetidas ao juízo federal competente. HC 97.457-PE, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 2/6/2009.
O paciente foi denunciado pela prática de crime que consubstancia exercício arbitrário das
próprias razões (art. 346 do CP), porque mandou os corréus retirarem da vítima um laptop que
estava em poder dela e que fora cedido pela empresa em que prestava serviço. Resolveu reaver
o aparelho cedido, justificando sua conduta com o fato de não existir contrato ajustado entre a
vítima e a empresa, por não mais haver razão jurídica que fundasse a posse da máquina quando
aquele levou ao conhecimento da direção da empresa que cessaria a prestação de seus serviços.
Iniciou-se o procedimento no juizado especial criminal por ser infração penal de menor potencial
ofensivo. Mas a própria Lei n. 9.099/1995 prevê o encaminhamento dos autos ao juízo comum
na hipótese de o acusado não ser encontrado para ser citado. A primeira alegação da impetração
refere-se à atipicidade da conduta atribuída ao paciente. De acordo com os impetrantes, com a
previsão do Pacto de São José da Costa Rica de que ninguém será preso por dívida, tornou-se
inconstitucional a parte final do art. 346 do CP, pelo qual responde o paciente. Para a Min.
Relatora, o bem jurídico tutelado não é mais o patrimônio, embora se esforcem os impetrantes
em demonstrar o contrário. Trata-se do tipo penal que visa a evitar forma específica de exercício
das próprias razões. Tanto é assim que dois são os crimes que se encontram sob a rubrica de
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exercício arbitrário das próprias razões, descritos consecutivamente no Código Penal (art. 345 e
346). Pretendeu o legislador, com a tipificação de tais condutas, evitar que o indivíduo busque a
tutela de seus direitos de forma direta, ou à força, enquanto se faz necessária a intervenção do
Poder Judiciário. Isto é, se a coisa encontra-se em poder de outra pessoa, a que título for – no
caso do art. 345, por desdobramentos contratuais ou em razão de determinação judicial, no caso
do art. 346 –, não pode o proprietário da coisa tirá-la à força. Na hipótese, o paciente furtou-se
à citação. Assim, o desdobramento da competência do Juizado Especial para o juízo comum foi
determinado por decisão fundamentada. Em se tratando de causa complexa que dependeu de
inquérito policial com duração de vários meses, na qual há grande dificuldade para a localização
do autor do fato, há que se impor o deslocamento da competência para o juízo comum,
prosseguindo-se com o procedimento comum ordinário previsto no CPP (parágrafo único do art.
66 e § 2º do art. 77 da Lei n. 9.099/1995). HC 128.937-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 2/6/2009
O Tribunal, por maioria, recebeu, em parte, denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal
contra Deputado Federal e dois outros acusados pela suposta prática do delito previsto no art.
10 da Lei Complementar 105/2001 (“A quebra de sigilo, fora das hipóteses autorizadas nesta Lei
Complementar, constitui crime e sujeita os responsáveis à pena de reclusão, de um a quatro
anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Código Penal, sem prejuízo de outras sanções
cabíveis.”), c/c o art 29 do CP. Preliminarmente, o Tribunal, por maioria, acolheu questão de
ordem suscitada pelo Min. Gilmar Mendes, relator, para que o Plenário passasse ao exame da
denúncia e, caso se decidisse pelo seu recebimento, fosse aberta a vista às partes, pela
relatoria, para a manifestação quanto à proposta de suspensão condicional do processo. No
caso, o parquet propusera a suspensão do processo [Lei 9.099/95: “Art. 89 Nos crimes em que a
pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o
Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a
quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado
por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da
pena (art. 77 do Código Penal). § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença
do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a
período de prova, sob as seguintes condições: ... § 7º Se o acusado não aceitar a proposta
prevista neste artigo, o processo prosseguirá em seus ulteriores termos.”]. A defesa do
parlamentar denunciado afirmara não ter interesse em acordo suspensivo do processo, sendo
que a dos demais acusados arrolara argumentos, com o objetivo de demonstrar que somente
deveria exprimir concordância ou discordância com a proposta ministerial após efetivamente
recebida a denúncia. Entendeu-se constituir direito do denunciado obter do órgão julgador,
monocrático ou colegiado, a manifestação prévia sobre a necessária existência de justa causa
para a ação penal, daí nascendo, caso o juízo de delibação resulte positivo, a oportunidade de
optar o réu entre a suspensão ou o processamento, com isso se evitando que o denunciado sofra
indevido constrangimento, causado pela obrigatoriedade de manifestar concordância ou
discordância com a proposta do Ministério Público, antes mesmo de saber da validade da inicial
acusatória, o que poderia redundar no recebimento de denúncia inepta ou sem base empírica
nos autos a justificar o ato.
Pet 3898/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2009. (Pet-3898)
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Aduziu-se, ainda, que a suspensão condicional do processo — embora trouxesse ínsita em seu
conceito a idéia de benefício ao denunciado, permitindo ver-se afastado da ação penal mediante
cumprimento de certas condições, grosso modo mais leves do que a pena a que estaria sujeito
caso condenado —, não deixaria de representar, de outro lado, um constrangimento à pessoa,
caracterizado exatamente pela necessidade de cumprir obrigações alternativas impostas por
período mais ou menos longo, interregno em que, não bastassem as tarefas, restrições ou
dispêndios a que submetido, sempre ostentaria a condição de réu em ação penal. Frisou-se que
a simples hipótese de se ver envolvido em outro processo por crime diverso no curso do prazo
assinado, necessariamente levaria à revogação do benefício, o que também se daria se se
tratasse de simples contravenção, conforme entendimento do magistrado, em qualquer caso,
sem mínima possibilidade de exame de sua efetiva culpabilidade. Enfatizou-se não ser difícil
imaginar o dilema a que estaria submetida qualquer pessoa contra quem se apresentasse
denúncia absolutamente inválida, totalmente imprestável ao início de uma ação penal, caso se
entendesse que a manifestação do denunciado deveria preceder ao exame da denúncia.
Concluiu-se que, em tal hipótese, não obstante a plena convicção da insubsistência da peça
inaugural do processo-crime, restaria o denunciado constrangido a aceitar a proposta
suspensiva, haja vista que, do contrário, possível entendimento diverso do órgão julgador faria
com que a inicial fosse recebida e o processo iniciado sem nova possibilidade de aceitar o acordo
proposto pela parte acusatória, tudo a traduzir verdadeiro jogo de prognósticos que não se
coadunaria com o princípio garantidor da ampla defesa e do estado de inocência (CF, art. 5º, LV
e LVII). Vencidos, quanto à questão de ordem os Ministros Ellen Gracie, Marco Aurélio e Celso de
Mello, que consideravam que a manifestação quanto à proposta de suspensão só poderia ser
feita antes do recebimento da denúncia.
Pet 3898/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 27.8.2009. (Pet-3898)
Art. 222-A do CPP: Imprescindibilidade de Cartas Rogatórias e Responsabilidade pelos
Custos – 1 (550)
O Tribunal resolveu questão de ordem suscitada em ação penal — movida pelo Ministério Público
Federal contra 40 pessoas acusadas da suposta prática de crimes ligados ao esquema
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denominado “Mensalão” —, para, por maioria, deferir a expedição de carta rogatória para a
oitiva de parte das testemunhas, residentes no exterior, arroladas por réus da citada ação penal,
fixando, para o seu cumprimento, prazo de 6 meses a partir da data da expedição. Entendeu-se
que somente em relação a alguns réus teria sido demonstrada a imprescindibilidade da prova
oral requerida, conforme exigido pelo art. 222-A do CPP (“As cartas rogatórias só serão
expedidas se demonstrada previamente a sua imprescindibilidade, arcando a parte requerente
com os custos de envio.”). Rejeitou-se, ainda, a alegação de inconstitucionalidade do referido
preceito, examinando-a sob dois aspectos. Quanto à exigência da demonstração prévia da
imprescindibilidade das cartas rogatórias, aduziu-se tratar-se de norma que, em última análise,
teria explicitado diretriz já imposta ao juiz, consistente no dever que lhe incumbe de velar pela
rápida solução do litígio, indeferindo as provas inúteis, impertinentes ou protelatórias, nos
termos do que prescreve o art. 125, II, do CPC, c/c o art. 3º do CPP, e o art. 400 deste mesmo
diploma legal. Asseverou-se que a aludida norma seria consentânea com o inciso LXXVIII do art.
5º da CF, que assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
AP 470 QO/MG, rel. Min. Joaquim Barbosa, 10.6.2009. (AP-470)
Porte Ilegal de Arma e Ausência de Munição (550)
Arma desmuniciada ou sem possibilidade de pronto municiamento não configura o delito previsto
no art. 14 da Lei 10.826/2003. Com base nesse entendimento, a Turma, por maioria, deferiu
habeas corpus para trancar ação penal instaurada em desfavor de denunciado pela suposta
prática do crime de porte ilegal de arma de fogo, em razão de possuir, portar e conduzir
espingarda, sem munição, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou
regulamentar. Vencidos os Ministros Ellen Gracie, relatora, e Joaquim Barbosa que denegavam o
writ por considerar típica a conduta narrada na inicial acusatória.
HC 97811/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Eros Grau, 9.6.2009.
(HC-97811)
Princípio da Insignificância e Furto de Patrimônio Nacional (552)
Em seguida, de igual forma, rejeitou-se o pretendido trancamento da ação penal por ausência de
justa causa. Enfatizou-se que a denúncia, apesar de sucinta, descreveria fato em tese delituoso,
imputando-o aos pacientes e outros co-réus. Ademais, mencionou-se que o art. 2º da Lei dos
Crimes Ambientais responsabiliza expressamente os administradores de pessoas jurídicas cujas
atividades tenham acarretado danos que configurem crime contra o meio ambiente. Asseverou-
se, ainda, que o reconhecimento da alegação de falta de materialidade quanto ao crime previsto
no art. 54 da lei demandaria exame aprofundado do acervo fático-probatório, incabível na via
escolhida. Também se afastou o pleito dos pacientes no tocante ao argumento de que não teria
sido indicada a norma de segurança supostamente violada quando do armazenamento dos
produtos da empresa. Registrou-se, nesse ponto, que a inicial acusatória apontaria
irregularidade na armazenagem, fato que, em tese, encontra-se tipificado no art. 56 da mesma
lei. Alguns precedentes citados: HC 92797 AgR/SP (DJE de 19.12.2007); HC 90326 QO/RS (DJE
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STJ:
DESACATO. SUJEITO ATIVO. FUNCIONÁRIO PÚBLICO. (395)
Consta da denúncia que o paciente foi flagrado ao pescar em represa mediante a utilização de
uma rede de nylon, apetrecho de uso proibido. Vem daí a imputação do crime previsto no art.
34, parágrafo único, II, da Lei n. 9.605/1998. Anote-se que foram encontrados com ele apenas
dois quilos de peixes de variadas espécies. Quanto a isso, vê-se da norma incriminadora que se
trata de crime formal (crime de perigo abstrato), delito que prescinde de resultado danoso
específico (no caso, ao meio ambiente). Porém, apesar de não se desconhecer que o
enquadramento da lei de crimes ambientais no ordenamento jurídico brasileiro ainda é tema
tormentoso a causar inúmeras discussões jurídicas, sobretudo quanto à configuração dos delitos
penais nela insculpidos, chegando alguns a entender até que os princípios nela edificados, tais
como os da prevenção e da precaução, sobrepõem-se aos próprios princípios penais de garantia
ao cidadão, destaca-se que a hipótese em apreço resolve-se mesmo pela pouca invasão naquilo
que a sociedade, mediante o ordenamento jurídico, espera quanto à proteção de sua existência,
visto que há um mínimo de probabilidade de a conduta do paciente atingir o bem jurídico
tutelado na espécie, a fauna aquática. Daí não se hesitar em consignar a presença da
insignificância a ponto de, ao reconhecer a atipicidade material da conduta, conceder a ordem
para trancar a ação penal por falta de justa causa. HC 93.859-SP, Rel. Min. Maria Thereza
de Assis Moura, julgado em 13/8/2009.
A Turma, prosseguindo o julgamento, por maioria, denegou o writ, considerando ser apta a
denúncia, uma vez que a conduta ilícita atribuída ao réu (peculato) não pode ser considerada
atípica, pois presentes os indícios que fundamentaram a acusação. A inépcia da denúncia,
eventualmente, pode ser acolhida quando inequivocamente houver prova de deficiência que
impeça a compreensão da acusação em prejuízo da defesa do acusado, ou quando presentes
quaisquer das falhas elencadas no art. 43 do CPP. No caso, os processos de concessão de diárias
aos corréus, conforme a denúncia, evidenciam a pendência do pagamento de indenização à
prestação de contas pela diretoria do órgão legislativo estadual, responsável pela apreciação da
legalidade da despesa e eventual regularização. Ao acusado cabia o dever de prestar contas da
indenização concedida aos corréus, daí o reconhecimento da tipicidade de sua conduta. No mais,
ausente a alegada falta de justa causa. Precedentes citados: RHC 18.502-SP, DJ 15/5/2006; HC
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88.178-SP, DJe 2/2/2009, e RHC 14.143-ES, DJ 4/8/2003. HC 116.302-ES, Rel. Min. Laurita
Vaz, julgado em 23/6/2009.
O paciente, mediante procuração que não lhe conferia poderes para alienar imóvel, firmou
promessa de compra e venda com a vítima, que lhe pagou a importância avençada no contrato
sem, contudo, ser investida na posse. Mesmo diante da discussão a respeito de o contrato de
promessa de compra e venda poder configurar o tipo do art. 171, § 2º, I, do CP, o acórdão
impugnado mostrou-se claro em afirmar que o paciente efetivamente alienou o imóvel que não
era de sua propriedade mediante essa venda mascarada, da qual obteve lucro sem efetuar sua
contraprestação por absoluta impossibilidade de fazê-la, visto que não era o proprietário do lote
que, de fato, vendeu. Daí ser, no caso, inequívoca a tipicidade da conduta, mesmo que
perpetrado o crime mediante a feitura de promessa, não se podendo falar, assim, em
trancamento da ação penal. Precedente citado: HC 68.685-SP, DJ 10/9/2007. HC 54.353-MG,
Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2009.
Ministério Público pode mover ação por violência doméstica contra a mulher
Por maioria (3 votos a 2), a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concluiu que a
violência doméstica contra a mulher constitui delito de ação penal pública incondicionada. Com
esse entendimento, a Turma rejeitou o pedido de habeas-corpus de José Francisco da Silva
Neto, denunciado pelo Ministério Público do Distrito Federal por suposto crime de violência
doméstica contra sua mulher.
O delito sujeito a acionamento penal público incondicionado é aquele que não necessita que a
vítima impulsione a sua investigação ou o ajuizamento da ação penal, que pode ser movida pelo
Ministério Público. Na ação penal pública condicionada, a ação criminal só é ajuizada com o
consentimento expresso da vítima.
A Lei Maria da Penha define o crime de violência doméstica como a lesão corporal praticada
"contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou
tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou
de hospitalidade". No recurso ajuizado no STJ, a defesa requereu o trancamento da ação penal
contra José Francisco alegando que a suposta vítima manifestou o desejo de não dar
prosseguimento à ação.
A relatora do processo, desembargadora convocada Jane Silva, destacou em seu voto que o
Ministério Público tem o dever de mover ação em casos de lesões corporais leves e culposas
praticadas no âmbito familiar contra a mulher. Segundo a desembargadora, com a Lei Maria da
Penha, o legislador quis propor mudanças que pudessem contribuir para fazer cessar, ou ao
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menos reduzir drasticamente, a triste violência que assola muitos lares brasileiros.
O julgamento do recurso foi interrompido três vezes por pedidos de vista. O voto-vista que
definiu o resultado do julgamento, do ministro Paulo Gallotti, reconheceu que o tema é
controvertido e conta com respeitáveis fundamentos em ambos os sentidos, mas ressaltou que,
com a Lei Maria da Penha, o crime de lesão corporal qualificado deixou de ser considerado
infração penal de menor potencial ofensivo, ficando sujeito ao acionamento incondicional.
Para ele, a figura da ação incondicional é a que melhor contribui para a preservação da
integridade física da mulher, historicamente vítima de violência doméstica. Ao acompanhar o
voto da relatora, Paulo Gallotti também ressaltou que o agressor tem que estar consciente que
responderá a um processo criminal e será punido se reconhecida sua culpabilidade. Segundo o
ministro, não se pode admitir que a Lei Maria da Penha, criada para coibir a violência doméstica
e familiar contra a mulher, seja interpretada de forma benéfica ao agressor ou que se torne letra
morta.
O voto da relatora foi acompanhado pelos ministros Hamilton Carvalhido e Paulo Gallotti,
vencidos os ministros Nilson Naves e Maria Thereza de Assis Moura.
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suporte administrativo aos Juizados Especiais (artigos 21, 22 e 26). Observou-se, ademais, que
a Constituição não arrola as Turmas Recursais dentre os órgãos do Poder Judiciário, os quais são
por ela discriminados no art. 92, de forma taxativa, outorgando-lhes, apenas, a incumbência de
julgar os recursos oriundos dos Juizados Especiais. Considerou-se que a Constituição não
conferiu, portanto, às Turmas Recursais, integradas por juízes de primeiro grau, a natureza de
órgãos autárquicos ou a qualidade de tribunais, também não lhes tendo outorgado qualquer
autonomia com relação aos Tribunais Regionais Federais. Explicou-se que, por isso, contra suas
decisões não cabe recurso especial ao STJ, mas sim recurso extraordinário ao Supremo. Assim,
não sendo possível qualificar as Turmas Recursais como tribunais, não seria lícito concluir que os
juízes dos Juizados Especiais estariam a elas vinculados, salvo — e exclusivamente — no que
concerne ao reexame de seus julgados. Outro precedente citado: RE 136154/DF (DJU de
23.4.93).
RE 590409/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.8.2009. (RE-590409)
Redução a Condição Análoga à de Escravo e Competência (556)
A Turma deliberou afetar ao Plenário julgamento de habeas corpus impetrado contra acórdão do
TRF da 1ª Região que declarara a incompetência da Justiça Federal para processar e julgar o
crime de redução a condição análoga à de escravo (CP, art. 149). Sustenta a impetração que
deixar de reconhecer a competência da Justiça Federal para a apreciação e julgamento do delito
em tela seria contrariar flagrantemente a norma contida no art. 109, IV e VI, da CF.
RE 459510/MT, rel. Min. Cezar Peluso, 18.8.2009. (RE-459510)
Homicídio: Compatibilidade entre Dolo Eventual e Qualificadora da Torpeza (553)
O dolo eventual pode coexistir com a qualificadora do motivo torpe do crime de homicídio. Com
base nesse entendimento, a Turma desproveu recurso ordinário em habeas corpus interposto
em favor de médico pronunciado pela prática dos delitos de homicídio qualificado e de exercício
ilegal da medicina (artigos 121, § 2º, I e 288, parágrafo único, ambos c/c o art. 69, do CP,
respectivamente), em decorrência do fato de, mesmo inabilitado temporariamente para o
exercício da atividade, havê-la exercido e, nesta condição, ter realizado várias cirurgias plásticas
— as quais cominaram na morte de algumas pacientes —, sendo motivado por intuito
econômico. A impetração sustentava a incompatibilidade da qualificadora do motivo torpe com o
dolo eventual, bem como a inadequação da linguagem utilizada na sentença de pronúncia pela
magistrada de primeiro grau. Concluiu-se pela mencionada compossibilidade, porquanto nada
impediria que o paciente — médico —, embora prevendo o resultado e assumindo o risco de
levar os seus pacientes à morte, praticasse a conduta motivado por outras razões, tais como
torpeza ou futilidade. Afastou-se, também, a alegação de excesso de linguagem, ao fundamento
de que a decisão de pronúncia estaria bem motivada, na medida em que a juíza pronunciante —
reconhecendo a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade do fato delituoso —
tivera a cautela, a cada passo, de enfatizar que não estaria antecipando qualquer juízo
condenatório, asseverando que esta seria uma competência que assistiria unicamente ao
Tribunal do Júri.
RHC 92571/DF, rel. Min. Celso de Mello, 30.6.2009. (RHC-92571)
Não cabe mandado de segurança contra decisão interlocutória proferida em Juizado Especial.
Essa foi a orientação firmada pela maioria do Tribunal, ao negar provimento a recurso
extraordinário interposto contra acórdão de Turma Recursal Cível e Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado da Bahia que indeferira a petição inicial do mandado de segurança da
recorrente — impetrado contra decisão liminar concedida em primeiro grau, no âmbito dos
Juizados Especiais —, extinguindo o feito sem julgamento do mérito. Asseverou-se que a Lei
9.099/95 está voltada à promoção de celeridade no processamento e julgamento das causas
cíveis de complexidade menor, razão pela qual consagrou a regra da irrecorribilidade das
decisões interlocutórias. Não caberia, por isso, nos casos por ela abrangidos, a aplicação
subsidiária do Código de Processo Civil, sob a forma do agravo de instrumento ou a utilização do
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instituto do mandado de segurança, cujos prazos para interpor e impetrar, respectivamente, não
se coadunam com os fins pretendidos pela Lei 9.099/95. Aduziu-se ser facultativa a opção pelo
rito sumaríssimo, com as vantagens e limitações que a escolha acarreta. Asseverou-se, ademais,
que a admissão do mandado de segurança ensejaria ampliação da competência dos Juizados
Especiais, o que caberia exclusivamente ao Poder Legislativo. Por fim, afastou-se a ofensa ao
princípio da ampla defesa, haja vista a possibilidade de impugnação das decisões interlocutórias
quando da interposição de recurso inominado. Vencido o Min. Marco Aurélio, que provia o
recurso, por considerar estar-se diante de exceção alcançada pela Lei 1.533/51, já que, não
obstante essa lei revelar como regra o não cabimento de mandado de segurança contra decisão
judicial, tal previsão pressuporia a possibilidade de ter-se recurso contra essa decisão, o que, na
espécie, não se teria. Concluía, assim, que o afastamento do mandado de segurança importaria
o afastamento da própria jurisdição.
RE 576847/BA, rel. Min. Eros Grau, 20.5.2009. (RE-576847)
Compete à Justiça Militar processar e julgar capelão militar denunciado pela suposta prática do
crime de apropriação indébita (CPM, art. 248, caput, c/c o art. 250) de valores recolhidos de
fiéis e não repassados à Cúria Militar. Com base nisso, a Turma desproveu recurso ordinário em
habeas corpus no qual requerido o trancamento de ação penal por falta de justa causa. A
impetração reiterava a alegação de atipicidade da conduta, porquanto o paciente teria se
apropriado de quantias pertencentes à igreja, que não dizem respeito à Administração Militar.
Assentou-se que o tipo penal em causa não exigiria que a coisa alheia móvel fosse de
propriedade da Administração Pública.
RHC 96814/PA, rel. Min. Eros Grau, 12.5.2009. (RHC-96814)
Por considerar caracterizada imputação a revelar prejuízo de bem da União, a Turma deu
provimento a recurso extraordinário a fim de assentar a competência da Justiça Federal para
processar e julgar ação penal em que se apura crime praticado contra o meio ambiente. No
caso, empresa fora denunciada por descartar resíduos tóxicos sobre rio que atravessa o Estado
de Alagoas. O tribunal de justiça local reconhecera a competência da Justiça Estadual para
processar o feito ao fundamento de que não se vislumbrara, nos autos, interesse público federal.
Entendeu-se que, na espécie, teria sido potencializado o interesse da população local em
detrimento do fato de a poluição alcançar bem público federal. Asseverou-se, destarte, pouco
importar que se tivesse chegado ao comprometimento de açude, córregos e riachos locais,
devendo prevalecer a circunstância de o dano apontado haver ocorrido em rio — o qual banha
dois Estados- membros — que, pelo teor do inciso III do art. 20 da CF, consubstancia bem da
União (“São bens da União: ... os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banhem mais de um Estado...”). Concluiu-se que esse preceito e a premissa
fática constante do acórdão impugnado atrairiam a incidência do inciso IV do art. 109 da CF. Por
fim, estabeleceu-se ser competente para a propositura da ação penal o Ministério Público
Federal.
RE 454740/AL, rel. Min. Marco Aurélio, 28.4.2009. (RE-454740)
A Turma deferiu habeas corpus para assentar que o princípio da ne reformatio in pejus indireta
tem aplicação nos julgamentos realizados pelo tribunal do júri. No caso, acusado como incurso
nos delitos capitulados no art. 121, § 2º, I e IV, c/c o art. 29, ambos do CP, fora absolvido pelo
conselho de sentença, o qual acolhera a tese de legítima defesa. Interposta apelação pelo
Ministério Público, o tribunal de justiça local dera-lhe provimento para submeter o paciente a
novo julgamento, por reputar que a decisão dos jurados teria sido manifestamente contrária à
prova dos autos. Em novo julgamento, conquanto reconhecida a legítima defesa, entendera o
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júri ter o paciente excedido os limites dessa causa de justificação, motivo pelo qual o condenara
por homicídio simples à pena de 6 anos de reclusão, a ser cumprida em regime semi-aberto.
Irresignada, a defesa interpusera recurso de apelação, provido, sob o argumento de que
contradição na formulação dos quesitos teria maculado o decreto condenatório, eivando de
nulidade absoluta o feito. O paciente, então, fora submetido a terceiro julgamento perante o
tribunal do júri, sendo condenado por homicídio qualificado à pena de 12 anos de reclusão, em
regime integralmente fechado. A defesa, desse modo, recorrera à corte local e ao STJ,
concluindo este que, em crimes de competência do tribunal do júri poderia ser proferida, em
novo julgamento, decisão que agravasse a situação do réu, tendo em vista a soberania dos
veredictos. A impetração sustentava que, decretada a nulidade do julgamento anterior, não
poderia o conselho de sentença, no novo julgamento, agravar a pena do réu, sob pena de violar
o princípio constitucional da ampla defesa, bem como a vedação da reformatio in pejus.
HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. (HC-89544)
Tribunal do Júri e Princípio da “Ne Reformatio in Pejus” Indireta – 2 (542)
Esclareceu-se que, em que pese ser pacífica essa orientação na Corte, a proibição da reformatio
in pejus indireta tem sido aplicada restritivamente ao tribunal do júri, sob a explícita condição de
o conselho de sentença reconhecer a existência dos mesmos fatos e circunstâncias admitidos no
julgamento anterior. Entendeu-se que tal restrição aniquilaria, na prática, a ampla defesa, na
medida em que, intimidando o condenado, embaraçar-lhe-ia, senão que lhe inibiria o manejo
dos recursos. Aduziu-se que o conselho de sentença deve decidir sempre como lhe convier, ao
passo que o juiz presidente do tribunal do júri, ao fixar a pena, estaria obrigado a observar o
máximo da reprimenda imposta ao réu no julgamento anterior. Registrou-se, no ponto, ser
necessário distinguir, na sentença subjetivamente complexa do tribunal do júri, qual matéria
seria de competência dos jurados — e, portanto, acobertada pela soberania — e qual a de
competência do juiz-presidente — despida, pois, desse atributo. Enfatizou-se que, no âmbito de
julgamento de recurso exclusivo da defesa, conferir ao tribunal do júri o poder jurídico de lhe
agravar a pena resultaria em dano ao réu, em autêntica revisão da sentença pro societate,
favorecendo à acusação, que não recorrera. Destarte, na espécie, concluiu-se não estar o
terceiro Júri jungido à decisão anterior, que reconhecera excesso doloso à legítima defesa, de
modo que lhe era lícito decidir como conviesse, adstrito às provas dos autos. O juiz-presidente é
que, ao dosar a pena, deveria ter observado aquela fixada no julgamento anulado em razão do
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recurso exclusivo da defesa. Asseverou-se, ademais, não se encontrar nenhuma razão lógico-
jurídica que, legitimando outra conclusão, preexcluísse estender a proibição da reformatio in
pejus indireta, sempre admitida na província das decisões singulares, aos julgamentos da
competência do tribunal do júri, ainda quando consideradas circunstâncias que o não tenham
sido em julgamento anterior. Por fim, acrescentou-se que a regra que o sustenta é, em
substância, de natureza processual e, no específico quadro teórico desta causa, apareceria, com
caráter cogente, dirigida apenas ao juiz-presidente do júri, que a deveria reverenciar no
momento do cálculo da pena, sem que isso importasse limitação de nenhuma ordem à
competência do conselho de sentença ou à soberania dos veredictos. Nesse sentido, concedeu-
se a ordem para fixar a pena do paciente nos exatos termos em que imposta no segundo
julgamento, qual seja, 6 anos de reclusão, em regime inicial semi-aberto.
HC 89544/RN, rel. Min. Cezar Peluso, 14.4.2009. (HC-89544)
STJ:
COMPETÊNCIA. SÚM. N. 348-STJ. (406)
No REsp, o recorrente pleiteia que seja decretada a nulidade da denúncia ou, alternativamente,
do laudo pericial e a consequente impronúncia, bem como seja reconhecida a causa de isenção
de pena do art. 181, I, do CP, dada a inépcia da denúncia, a nulidade do laudo pericial e a
excludente de culpabilidade. Para a Turma, se a denúncia atendeu aos requisitos do art. 41 do
CPP, não há a alegada inépcia da peça acusatória. Também não poderia haver cerceamento de
defesa em razão de prazo para formulação dos quesitos se, na oportunidade, a defesa mostrou-
se inerte. Por fim, não poderia o juiz singular afastar a incidência do crime conexo de estelionato
por escusa absolutória do art. 181, I, do CP, por implicar subtração da competência do Tribunal
do Júri. Precedente citado: HC 80.636-SP, DJe 24/11/2008. REsp 957.112-SP, Rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2009.
A Seção reiterou o entendimento de que compete à Justiça Federal processar e julgar o crime
previsto no art. 183 da Lei n. 9.472/1997 referente à prática de desenvolver a atividade de
radiodifusão comunitária na clandestinidade. Precedentes citados: CC 94.570-TO, DJe
18/12/2008; REsp 756.787-PI, DJ 1º/2/2006; CC 102.708-RS, DJe 19/8/2009; CC 106.202-RS,
DJe 7/8/2009, e CC 104.208-RS, DJe 5/8/2009. CC 101.468-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes
Maia Filho, julgado em 26/8/2009.
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A empresa de comércio de madeiras foi notificada por receber, adquirir e comercializar madeira
serrada da espécie tachi, sem licença válida outorgada pela autoridade competente, uma vez
que ficou comprovado que a autorização para transporte de produto florestal (ATPF)
apresentada ao Ibama era documento falsificado. Foi constatada que a ATPF foi expedida em
nome de outra empresa, cuja sede localiza-se na cidade de Tailândia-PA, que a encaminhou à
empresa de comércio de madeiras, acompanhando as mercadorias nela descritas. Dessa forma,
há de se presumir que o mencionado documento foi falsificado supostamente no local sede da
empresa emitente, no estado do Pará, motivo pelo qual caberá à Justiça Federal daquele estado
o processo e julgamento da ação penal respectiva. Precedente citado: CC 28.979-RJ, DJ
18/2/2002. CC 103.758-PA, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
12/8/2009.
No caso, o autor desferiu socos e tapas no rosto da declarante, porém sem deixar lesões. Os
juízos suscitante e suscitado enquadraram a conduta no art. 21 da Lei de Contravenções Penais
(vias de fato). Diante disso, a Seção conheceu do conflito para declarar competente o juízo de
Direito da Vara Criminal, e não o do Juizado Especial, por entender ser inaplicável a Lei n.
9.099/1995 aos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, ainda que se trate de
contravenção penal. Precedentes citados: CC 104.128-MG, DJe 5/6/2009; CC 105.632-MG, DJe
30/6/2009, e CC 96.522-MG, DJe 19/12/2008. CC 104.020-MG, Rel. Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 12/8/2009.
Trata-se de paciente que, juntamente com outros 17, está sendo acusada de fraudar licitações
públicas realizadas com recursos federais oriundos de convênios firmados entre municípios,
órgãos e autarquias federais (MEC e FNDE). Irresignada com o recebimento da denúncia e com a
prisão cautelar, sustenta a nulidade da ação penal, inclusive por incompetência do juízo
processante, uma vez que os recursos são federais e ainda alvo de inquérito na Polícia Federal,
por incidirem as Súmulas ns. 208 e 122 deste Superior Tribunal. Isso posto, inicialmente, o Min.
Relator reconheceu que o mandamus impetrado no Tribunal de origem perdeu seu objeto no que
concerne à análise dos fundamentos da prisão preventiva, tendo em vista sua revogação pelo
juízo de primeiro grau. Dessa forma, a ordem foi conhecida somente em parte, em razão da
incompetência absoluta do juízo processante, pois, no caso, os recursos tem realmente origem
federal (Súm. n. 208-STJ) e o fato de a exordial acusatória imputar também crimes de
competência estadual em razão da conexão não afasta a competência do Juízo Federal (Súm. n.
122-STJ). Com esse entendimento, a Turma conheceu parcialmente da ordem de habeas corpus
e, nessa parte, concedeu-a para declarar a nulidade de todos os atos decisórios proferidos na
ação penal, devendo as peças ser remetidas ao juízo federal competente. HC 97.457-PE, Rel.
Min. Felix Fischer, julgado em 2/6/2009.
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O paciente, então deputado estadual, juntamente com outras pessoas, foi denunciado pela
suposta prática de uma série de crimes, tais como lavagem de dinheiro e formação de quadrilha
armada, passando por corrupção passiva e facilitação de contrabando. Houve, então, o
desmembramento das ações penais e a fixação da competência do respectivo TRF para
processar e julgar o paciente, o mesmo tribunal que lhe decretou a prisão preventiva. Sucede
que o paciente perdeu a condição de deputado, e os autos foram remetidos à vara da Justiça
Federal, que ratificou o recebimento da denúncia e o decreto de prisão preventiva. Diante disso,
a Turma, ao prosseguir o julgamento, concedeu, por maioria, a ordem ao entender ser ela
competente para julgar o habeas corpus impetrado em favor do paciente. O Min. Relator
fundava-se na constatação de que o ato tido por coator emana do TRF, pois foi ele quem
decretou a prisão do paciente (aliás, desnecessária), após mantida pelo juízo singular; por duas
outras vezes, a Turma concedeu a ordem a corréus; dos oito denunciados, seis encontram-se
em liberdade, sendo que, quanto a três deles, já se extinguiu o processo, daí que casos idênticos
devem reger-se por disposições idênticas; o decreto de prisão do paciente não se encontra
devidamente fundamentado por real motivação, e a prisão agora já se mostra excessiva. Já o
voto de desempate do Min. Celso Limongi (desembargador convocado do TJ-SP) aduziu a esses
fundamentos que deixar a decisão a outro tribunal poderia dar ensejo a decisões conflitantes
com o entendimento da Turma, o que a doutrina não recomenda. Os votos vencidos entendiam
competente o TRF, pois a competência originária para a ação passara dele para o juízo de
primeiro grau, daí ter o conflito que ser dirimido primeiro por aquele tribunal. Precedentes
citados: HC 111.089-RJ, DJ 2/3/2009, e HC 109.854-RJ, DJ 16/3/2009. HC 117.970-RJ, Rel. Min.
Nilson Naves, julgado em 26/5/2009.
Em questão de ordem, a Corte Especial decidiu desmembrar a ação penal para que somente os
com prerrogativa de foro dentre os 16 denunciados sejam julgados no STJ. O Min. Relator
destacou que a decisão de desmembrar os processos relativos a denunciados com prerrogativa
de foro vem sendo tomada no plenário do STF ou mesmo monocraticamente. Por outro lado, a
Min. Eliana Calmon, apesar de acompanhar esse entendimento, ressaltou que o
desmembramento pode ser prejudicial para a reunião de provas, principalmente nos crimes que
envolvam formação de quadrilha, porém observou que, de fato, o STF assim vem decidindo. QO
na APn 549-SP, Rel. Min. Felix Fischer, em 20/5/2009.
Assentou-se ser direito daquele que sofre persecução penal escolher o seu próprio defensor.
Observou-se, no ponto, que o paciente, quando de seu julgamento pelo Tribunal do Júri,
manifestara expressamente a sua intenção de ser defendido por seu advogado, bem como a
própria Defensoria Pública, então designada, postulara o adiamento da sessão, reconhecendo
necessário respeitar-se o direito de escolha do réu. Asseverou-se, por outro lado, que o direito à
prova, inclusive testemunhal, qualifica-se como causa de invalidação do procedimento estatal
instaurado contra qualquer pessoa, seja em sede criminal, meramente disciplinar, ou, ainda,
materialmente administrativa. Ressaltou-se que, por representar uma das projeções
concretizadoras do direito à prova, configurando, por isso mesmo, expressão de uma
inderrogável prerrogativa jurídica, não poderia ser negado, ao réu — que também não está
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A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que acusado de fraude em concurso público —
venda de gabarito do certame para o ingresso no curso de Sargentos do Exército — pretende a
cassação de aresto proferido pelo STM, sob o fundamento de ser contrário às provas dos autos.
Na espécie, o paciente fora absolvido, por sentença do Conselho Especial da 4ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar, da acusação de haver praticado o crime previsto no art. 320
(“Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração militar, seu dever
funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem:”) c/c o art.
53 (“Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.”),
ambos do CPM. Ocorre que o STM — em apelação interposta pelo Ministério Público Militar —
desclassificara a conduta do paciente, condenando-o pela prática do delito previsto no art. 251,
§ 3º (“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento: ... § 3º
A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração militar.”) c/c o art.
53, também do aludido diploma legal e cominando-lhe a pena acessória de exclusão das Forças
Armadas.
HC 95706/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.8.2009. (HC-95706)
Réu Preso: Instrução Processual e Direito de Presença (549)
Assiste ao réu preso, sob pena de nulidade absoluta, o direito de comparecer, mediante
requisição do Poder Judiciário, à audiência de instrução processual em que serão inquiridas
testemunhas arroladas pelo Ministério Público. Com base nesse entendimento, a Turma, por
maioria, concedeu habeas corpus para cassar decisão proferida por relator de recurso especial e
restabelecer acórdão de tribunal local o qual anulara processo-crime que resultara na
condenação do paciente por tráfico de drogas (Lei 6.368/76, art.12). No caso, o pleito do
paciente de comparecer à audiência de instrução, realizada no juízo deprecado, fora denegado.
Assentou-se que essa orientação teria por suporte o reconhecimento de que o direito de
audiência, de um lado, e o direito de presença do réu, de outro — esteja ele preso ou não —
traduzem prerrogativas jurídicas que derivam da garantia constitucional do due process of law e
que asseguram, por isso mesmo, ao acusado, o direito de comparecer aos atos processuais a
serem realizados perante o juízo processante, ainda que situado este em local diverso daquele
em que esteja custodiado o réu. Ressaltou-se, ademais, serem irrelevantes as alegações do
Poder Público concernentes à dificuldade ou inconveniência de proceder à remoção de acusados
presos a outros pontos do Estado ou do País, eis que razões de mera conveniência
administrativa não teriam precedência sobre as inafastáveis exigências de cumprimento e
respeito ao que determina a Constituição. Vencida a Min. Ellen Gracie que, ressalvando apenas a
inexorável conclusão de que o processo seria nulo desde a data da audiência de inquirição de
determinada testemunha, denegava a ordem por não vislumbrar nos autos elementos suficientes
que permitissem aferir que o testemunho teria sido central e indispensável para a formulação do
juízo de condenação do paciente. Acrescentou, no ponto, a necessidade de se buscar uma visão
global do processo, com a verificação de todos os elementos de prova produzidos durante a
instrução, não se revelando suficiente a seleção de determinadas peças processuais —
normalmente as que interessam à defesa — para alcançar tal conclusão.
HC 93503/SP, rel. Min. Celso de Mello, 2.6.2009. (HC-93503)
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A Turma manteve decisão do STJ que, em habeas corpus lá impetrado, admitira a utilização de
prova emprestada em processo penal, desde que sobre ela ambas as partes fossem
cientificadas, a fim de que pudessem exercer o contraditório. Tratava-se, na espécie, de writ —
impetrado em favor de condenado em primeira instância pela prática do crime de extorsão
mediante seqüestro (CP, art. 159, § 3º) — no qual se sustentava, em síntese, que a prova
emprestada deveria ser julgada ilícita, na medida em que produzida sem a observância do
devido processo legal e do contraditório, ainda que gerada em processo no qual o réu também
figurara como parte. Considerou-se que, na verdade, a defesa pretendia o revolvimento de fatos
e provas, incabível na via estreita do habeas corpus. Observou-se, ademais, relativamente à
possibilidade de manifestação do paciente quanto à prova emprestada, bem como quanto à
higidez das demais provas que serviram de embasamento para a condenação, que não haveria,
no ponto, nenhuma ilegalidade.
HC 95186/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 26.5.2009. (HC-95186)
Cerceamento de Defesa e Prova Pericial – 3 (548)
A Turma, por maioria, indeferiu habeas corpus em que se alegava falta de demonstração da
urgência na produção antecipada de prova testemunhal da acusação, decretada, nos termos do
art. 366 do CPP, ante a revelia do paciente. Assentou-se que a determinação de produção
antecipada de prova está ao alvedrio do juiz, o qual pode ordenar a sua realização se considerar
existentes condições urgentes para que isso ocorra. Observou-se, ainda, que tanto o art. 225
quanto o art. 366, ambos do CPP, dão respaldo a atuação do juízo em ouvir testemunhas,
principalmente, as presenciais da prática delituosa. Ademais, enfatizou-se que, no caso, não fora
designada audiência para a oitiva das testemunhas, o que poderia ensejar eventual automatismo
do magistrado, mas sim de audiência de antecipação de provas. Vencido o Min. Ricardo
Lewandowski, relator, que, por vislumbrar ofensa ao dever de fundamentar as decisões judiciais
e às garantias do contraditório e da ampla defesa, concedia a ordem ao fundamento de que a
antecipação da prova fora determinada de modo automático, em virtude de o paciente não ter
sido localizado para a citação (CPP: "Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se,
ou, por enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução criminal já não
exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, tomar-lhe
antecipadamente o depoimento. ... Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer,
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O Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus impetrado em favor de condenado pela prática
do delito previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP, e declarou, incidenter tantum, a
inconstitucionalidade formal da Lei paulista 11.819/2005, que previu a utilização de aparelho de
videoconferência nos procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de
presos — v. Informativo 518. Na espécie, o interrogatório do paciente, a despeito da
discordância de sua defesa, realizara-se sem a presença do paciente na sala da audiência, por
meio da videoconferência. Entendeu-se que a norma em questão teria invadido a competência
privativa da União para legislar sobre direito processual (CF, art. 22, I). Vencidos, em parte, os
Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que também consideravam caracterizada a
inconstitucionalidade material do diploma examinado. Vencida a Min. Ellen Gracie, relatora, que
indeferia o writ, por não vislumbrar vício formal, já que o Estado de São Paulo não teria legislado
sobre processo, e sim sobre procedimento (CF, art. 24, XI), nem vício material, haja vista que o
procedimento instituído teria preservado todos os direitos e garantias fundamentais, bem como
por reputar não demonstrado qualquer prejuízo na realização do interrogatório do paciente.
HC 90900/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito,
30.10.2008. (HC-90900)
STJ:
ROUBO. TENTATIVA. PREPARAÇÃO. (404)
A polícia, informada de que a quadrilha preparava-se para roubar um banco, passou a monitorar
seus integrantes mediante escuta telefônica, o que revelou todos os detalhes do planejamento
do crime. No dia avençado para o cometimento do delito, após seguir os membros do grupo até
a porta da agência bancária, ali efetuou as prisões. Denunciado por tentativa de roubo
circunstanciado e formação de quadrilha, o ora paciente, um dos autores do crime, alega, entre
outros, a atipicidade da conduta, visto que não se ultrapassou a fase dos atos preparatórios.
Contudo, essa pretensão esbarra na impossibilidade de revolvimento das provas em sede de
habeas corpus, considerado o fato de que o Tribunal de origem, de forma fundamentada,
concluiu pelo início dos atos executórios do crime, que só não se consumou em razão da pronta
intervenção policial. Anote-se que, embora se reconheça o prestígio da teoria objetivo-formal no
Direito Penal, segundo a doutrina, qualquer teoria pode revelar contornos diferenciados quando
confrontada com o caso concreto. Com esses fundamentos, a Turma concedeu parcialmente a
ordem, apenas para, conforme precedentes, redimensionar a pena aplicada ao paciente. HC
112.639-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 25/8/2009.
Trata-se de habeas corpus impetrado contra decisão do TJ que, provendo recurso em sentido
estrito interposto pelo MP estadual, pronunciou o paciente como incurso nas penas do art. 121,
caput, do CP, alterando a decisão de primeiro grau que desclassificara os fatos para delito de
competência do juiz singular, ante a inexistência de prova de que o paciente, à direção de um
veículo, agira com animus necandi. A denúncia imputara ao paciente ter atingido a bicicleta
pilotada pela vítima, o que resultara na morte dela. E agira com dolo, porque, participando de
um “racha”, assumira o risco de produzir o resultado morte, caracterizando o dolo eventual. O
paciente esclareceu que a estrada estava movimentada, com trânsito intenso, razão pela qual
não se poderia disputar corrida de automóvel naquele local. O acidente ocorreu porque, sendo
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seu veículo ultrapassado por outro que derivou à direita, cortando a trajetória do automóvel
conduzido pelo paciente, ele foi, por sua vez, obrigado a derivar ainda mais para a direita,
adentrando o acostamento, por onde trafegavam as duas bicicletas, atingindo a vítima. Assim,
alega que não teve a intenção de atingir o ciclista ou de aceitar esse resultado. Diante disso, a
Turma, por maioria, concedeu a ordem para arredar a decisão de pronúncia proferida pelo
Tribunal a quo, ao argumento de que é acertada a decisão do juízo de primeiro grau,
desclassificando os fatos para delito de competência de juízo singular, sem prova razoável de
que o paciente prestara anuência ao resultado morte. Na espécie, a invasão de acostamento
para evitar a colisão com o automóvel que interceptara abruptamente a trajetória do veículo
conduzido pelo paciente, provocando a colisão contra o ciclista que por ele trafegava, afasta o
dolo eventual, pois o paciente não quis nem assumiu o risco de matar a vítima. Ausente tal
elemento volitivo, não há dolo, nem na modalidade eventual. O habeas corpus, no caso, é hábil
para os fins pretendidos pelo impetrante, desde que, como nos autos, demonstre o excesso de
imputação. HC 126.974-SP, Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-
SP), julgado em 4/8/2009.
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A Turma deu provimento ao recurso do Ministério Público, reafirmando que, se o acusado vier a
ser processado por outro crime, a teor do art. 89, § 3º, da Lei n. 9.099/1995, impõe-se a
revogação da suspensão condicional do processo (sursis) ainda que essa decisão venha a ser
proferida após transcorrido o período de prova, mas desde que não tenha sido proferida
sentença extintiva da punibilidade. Nesses casos, explica o Min. Relator, o réu deixa de ser
merecedor do benefício proveniente de norma excepcional, para ser processado com todas as
garantias pertinentes. Precedentes citados do STF: HC 80.747-PR, DJ 19/10/2001; do STJ: HC
105.333-MG, DJ 19/12/2008; HC 88.281-RJ, DJe 22/9/2008; HC 62.401-ES, DJe 23/6/2008, e
RHC 21.868-SP, DJe 4/8/2008. REsp 1.111.427-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
2/6/2009.
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Afastou-se, de igual modo, a preliminar de ilicitude das provas obtidas mediante instalação de
equipamento de captação acústica e acesso a documentos no ambiente de trabalho do último
acusado, porque, para tanto, a autoridade, adentrara o local três vezes durante o recesso e de
madrugada. Esclareceu-se que o relator, de fato, teria autorizado, com base no art. 2º, IV, da
Lei 9.034/95, o ingresso sigiloso da autoridade policial no escritório do acusado, para instalação
dos referidos equipamentos de captação de sinais acústicos, e, posteriormente, determinara a
realização de exploração do local, para registro e análise de sinais ópticos. Observou-se, de
início, que tais medidas não poderiam jamais ser realizadas com publicidade alguma, sob pena
de intuitiva frustração, o que ocorreria caso fossem praticadas durante o dia, mediante
apresentação de mandado judicial. Afirmou-se que a Constituição, no seu art. 5º, X e XI,
garante a inviolabilidade da intimidade e do domicílio dos cidadãos, sendo equiparados a
domicílio, para fins dessa inviolabilidade, os escritórios de advocacia, locais não abertos ao
público, e onde se exerce profissão (CP, art. 150, § 4º, III), e que o art. 7º, II, da Lei 8.906/94
expressamente assegura ao advogado a inviolabilidade do seu escritório, ou local de trabalho, de
seus arquivos e dados, de sua correspondência, e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou
afins, salvo caso de busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de
representante da OAB. Considerou-se, entretanto, que tal inviolabilidade cederia lugar à tutela
constitucional de raiz, instância e alcance superiores quando o próprio advogado seja suspeito
da prática de crime concebido e consumado, sobretudo no âmbito do seu escritório, sob pretexto
de exercício da profissão. Aduziu-se que o sigilo do advogado não existe para protegê-lo quando
cometa crime, mas proteger seu cliente, que tem direito à ampla defesa, não sendo admissível
que a inviolabilidade transforme o escritório no único reduto inexpugnável de criminalidade.
Enfatizou-se que os interesses e valores jurídicos, que não têm caráter absoluto, representados
pela inviolabilidade do domicílio e pelo poder-dever de punir do Estado, devem ser ponderados e
conciliados à luz da proporcionalidade quando em conflito prático segundo os princípios da
concordância. Não obstante a equiparação legal da oficina de trabalho com o domicílio, julgou-se
ser preciso recompor a ratio constitucional e indagar, para efeito de colisão e aplicação do
princípio da concordância prática, qual o direito, interesse ou valor jurídico tutelado por essa
previsão. Tendo em vista ser tal previsão tendente à tutela da intimidade, da privatividade e da
dignidade da pessoa humana, considerou-se ser, no mínimo, duvidosa, a equiparação entre
escritório vazio com domicílio stricto sensu, que pressupõe a presença de pessoas que o
habitem. De toda forma, concluiu-se que as medidas determinadas foram de todo lícitas por
encontrarem suporte normativo explícito e guardarem precisa justificação lógico-jurídico
constitucional, já que a restrição conseqüente não aniquilou o núcleo do direito fundamental e
está, segundo os enunciados em que desdobra o princípio da proporcionalidade, amparada na
necessidade da promoção de fins legítimos de ordem pública. Vencidos os Ministros Marco
Aurélio, Celso de Mello e Eros Grau, que acolhiam a preliminar, ao fundamento de que a invasão
do escritório profissional, que é equiparado à casa, no período noturno estaria em confronto com
o previsto no art. 5º, XI, da CF.
Inq 2424/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19 e 20.11.2008. (Inq-2424)
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Entendeu-se que todo o procedimento, desde sua origem até a instauração da ação penal
perante o STJ observara os critérios previamente impostos de distribuição de processos na
Procuradoria Regional da República da 3ª Região, sem que houvesse designação casuística ou
criação de “acusador de exceção”. Aduziu-se que, na espécie, deixara-se de adotar,
relativamente aos procedimentos em tramitação perante o Órgão Especial do TRF daquela
região, o critério numérico (referente ao final dos algarismos lançados segundo a ordem de
entrada dos feitos naquela Procuradoria) para se assumir a ordem de entrada das
representações junto ao Núcleo do Órgão Especial (NOE) em correspondência à ordem de
ingresso dos procuradores no aludido núcleo. Ademais, salientou-se que, na estreita via do writ,
a impetração não conseguira demonstrar a ocorrência de vício ou mácula na atribuição do
procedimento inquisitorial que tramitara perante o TRF da 3ª Região às procuradoras regionais
da república designadas pelo Procurador-Chefe do parquet. Aduziu-se, ainda, que por uma das
portarias reputadas violadas, dera-se apenas a formalização de requerimento para que as
mencionadas procuradoras atuassem em conjunto ou separadamente no procedimento. Dessa
forma, concluiu-se que as portarias em vigor na ocasião em que o inquérito passara a transitar
perante o TRF da 3ª Região respaldaram a estrita transparência e respeito às normas existentes
quanto aos critérios objetivos de atribuição dos procedimentos aos órgãos de atuação do
Ministério Público Federal perante aquela Corte.
HC 90277/DF, rel. Min. Ellen Gracie, 17.6.2008. (HC-90277)
Inquérito Civil Público e Recebimento de Denúncia (507)
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A Turma iniciou julgamento de habeas corpus no qual se pleiteia, sob alegação de inobservância
do art. 38 da Lei 10.409/2002, a nulidade de processo-crime que resultara na condenação da
paciente como incursa nas sanções do art. 12, III, c/c o art. 18, III, ambos da Lei 6.368/76. A
impetração sustenta que a não abertura de prazo para o oferecimento da defesa preliminar por
escrito geraria nulidade processual de caráter absoluto. A Min. Cármen Lúcia, relatora, indeferiu
o writ, no que foi acompanhada pelo Min. Ricardo Lewandowski. De início, ressaltou que, não
obstante exista entendimento do STF no sentido de que o prejuízo de determinadas nulidades
seria de prova impossível, o princípio do pas de nullitè sans grief exige, em regra, a
demonstração de prejuízo concreto à parte que suscita o vício, independentemente da sanção
prevista para o ato — nulidade absoluta ou relativa. Em seguida, aduziu que, no caso, a defesa
da paciente não comprovara eventual prejuízo que a preterição da formalidade teria causado,
limitando-se a afirmar que a inobservância do rito previsto na Lei 10.409/2002 ofenderia os
princípios da ampla defesa e do contraditório. Asseverou que, apesar de haver, nesta Corte,
decisões nas quais as ações penais foram anuladas em decorrência do não cumprimento do
disposto no art. 38 da Lei 10.409/2002, constatar-se-ia na situação dos autos que: a) o juízo
local, ao apreciar a alegada nulidade na sentença penal condenatória, considerara inexistir
violação ao contraditório e à ampla defesa, uma vez que a defesa fora bem realizada, não dando
ensejo a qualquer nulidade; b) o tribunal de justiça local, ao analisar o recurso de apelação
interposto pela defesa, consignara que o pedido de nulidade não fora motivado; e c) a existência
de precedente específico da 1ª Turma do STF desfavorável à tese da impetração (HC 94011/SP,
DJE de 12.9.2008).
HC 96864/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 16.6.2009. (HC-96864)
STJ:
COMPETÊNCIA. EXERCÍCIO ARBITRÁRIO. (397)
O paciente foi denunciado pela prática de crime que consubstancia exercício arbitrário das
próprias razões (art. 346 do CP), porque mandou os corréus retirarem da vítima um laptop que
estava em poder dela e que fora cedido pela empresa em que prestava serviço. Resolveu reaver
o aparelho cedido, justificando sua conduta com o fato de não existir contrato ajustado entre a
vítima e a empresa, por não mais haver razão jurídica que fundasse a posse da máquina quando
aquele levou ao conhecimento da direção da empresa que cessaria a prestação de seus serviços.
Iniciou-se o procedimento no juizado especial criminal por ser infração penal de menor potencial
ofensivo. Mas a própria Lei n. 9.099/1995 prevê o encaminhamento dos autos ao juízo comum
na hipótese de o acusado não ser encontrado para ser citado. A primeira alegação da impetração
refere-se à atipicidade da conduta atribuída ao paciente. De acordo com os impetrantes, com a
previsão do Pacto de São José da Costa Rica de que ninguém será preso por dívida, tornou-se
inconstitucional a parte final do art. 346 do CP, pelo qual responde o paciente. Para a Min.
Relatora, o bem jurídico tutelado não é mais o patrimônio, embora se esforcem os impetrantes
em demonstrar o contrário. Trata-se do tipo penal que visa a evitar forma específica de exercício
das próprias razões. Tanto é assim que dois são os crimes que se encontram sob a rubrica de
exercício arbitrário das próprias razões, descritos consecutivamente no Código Penal (art. 345 e
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346). Pretendeu o legislador, com a tipificação de tais condutas, evitar que o indivíduo busque a
tutela de seus direitos de forma direta, ou à força, enquanto se faz necessária a intervenção do
Poder Judiciário. Isto é, se a coisa encontra-se em poder de outra pessoa, a que título for – no
caso do art. 345, por desdobramentos contratuais ou em razão de determinação judicial, no caso
do art. 346 –, não pode o proprietário da coisa tirá-la à força. Na hipótese, o paciente furtou-se
à citação. Assim, o desdobramento da competência do Juizado Especial para o juízo comum foi
determinado por decisão fundamentada. Em se tratando de causa complexa que dependeu de
inquérito policial com duração de vários meses, na qual há grande dificuldade para a localização
do autor do fato, há que se impor o deslocamento da competência para o juízo comum,
prosseguindo-se com o procedimento comum ordinário previsto no CPP (parágrafo único do art.
66 e § 2º do art. 77 da Lei n. 9.099/1995). HC 128.937-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis
Moura, julgado em 2/6/2009
Trata-se de HC impetrado pelo MP em favor do paciente contra acórdão proferido pelo TJ que
negou provimento à reclamação ajuizada pelo impetrante naquele tribunal e referente à decisão
proferida nos autos do processo-crime em que o paciente foi condenado à pena de cinco anos,
sete meses e 20 dias de reclusão em regime fechado, pela prática do delito previsto no art. 157,
caput, do CP. Na reclamação e neste HC, a questão de grande relevância é a aplicabilidade do
art. 212 do CPP diante da alteração de sua redação promovida pela Lei n. 11.690/2008, que
passou a vigir a partir de 9 de agosto de 2008. O MP alega que, designada audiência de
instrução e julgamento, essa se realizou no dia 14/8/2008 em desacordo com as normas
contidas no referido art. 212 do CPP, uma vez que houve inversão na ordem de formulação das
perguntas, o que enseja nulidade absoluta (que prescinde da demonstração do efetivo prejuízo e
de dilação probatória), em virtude da violação do referido artigo, bem como do sistema
acusatório, do devido processo legal e do princípio da dignidade da pessoa humana (arts. 129,
I; 5º, LIV, e 1º, III, todos da CF/1988). O juiz de 1º grau indeferiu o pleito do MP em audiência
sob o fundamento de que tal dispositivo legal não trouxe inovação com relação ao sistema
outrora estabelecido a respeito da presidência dos atos procedimentais no curso das audiências,
qual seja, sistema presidencial, o qual permanece em pleno vigor e, nessa condição, concede ao
magistrado o poder/dever de, caso queira, arguir primeiro as testemunhas arroladas pelas
partes. Diante disso, a Turma concedeu a ordem para anular a audiência realizada em
desconformidade com o contido no art. 212 do CPP e os atos subsequentes, determinando que
outra seja realizada nos moldes do referido dispositivo, sob os argumentos de que, dentre
outros, no caso vertente restou violado due process of law constitucionalmente normatizado,
pois o retrocitado art. 5º, LIV, da CF/1988 preceitua que ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal e, na espécie, o ato reclamado não seguiu o rito
estabelecido na legislação processual penal, acarretando a nulidade do feito. Afinal, a teor do
art. 212 do CPP com sua nova redação, a oitiva das testemunhas deve ocorrer com perguntas
feitas direta e primeiramente pelo MP e depois pela defesa, sendo que, no caso, o juiz não se
restringiu a colher, ao final, os esclarecimentos que elegeu necessários, mas sim realizou o ato
no antigo modo, ou seja, efetuou a inquirição das vítimas, olvidando a alteração legal, mesmo
diante do alerta ministerial no sentido de que a audiência fosse concretizada nos moldes da
vigência da Lei n. 11.690/2008. Também restou consignado que, além de a parte ter direito à
estrita observância do procedimento estabelecido na lei, por força do princípio do devido
processo legal, o paciente teve proferido julgamento em seu desfavor, sendo que, diante do
novo método utilizado para a inquirição de testemunhas, a colheita da referida prova de forma
diversa, ou seja, pelo sistema presidencial, indubitavelmente lhe acarretou evidente prejuízo. HC
121.216-DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/5/2009.
O paciente viu sua denúncia ser aceita pela suposta prática dos crimes de associação para o
tráfico de entorpecentes (art. 14 da Lei n. 6.368/1976) e de corrupção de menores (art. 1º da
Lei n. 2.252/1954). Insurge-se, então, contra a adoção do rito ordinário pelo juízo. Sucede que
acolher esse rito em detrimento do especial previsto na Lei n. 10.409/2002 (semelhante ao
estabelecido pela Lei n. 11.343/2006) enquanto se encontra em apuração crime comum não dá
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ensejo a qualquer nulidade. A aplicação do rito ordinário, no caso, é até mais benéfica ao
acusado, que poderá, entre outros benefícios, arrolar um número maior de testemunhas ou
mesmo prestar alegações finais, daí não haver lesão à ampla defesa. Assim, com esse
entendimento, a Turma, ao prosseguir o julgamento, negou provimento ao agravo regimental da
defesa. Precedentes citados: HC 102.041-SP, DJ 8/9/2008, e HC 46.337-GO, DJ 10/12/2007.
AgRg no RHC 24.342-RJ, Rel. Min. Jane Silva (Desembargadora convocada do TJ-MG),
julgado em 26/5/2009.
O paciente e os corréus foram denunciados como incursos nas penas do art. 121, § 2º, IV, c/c o
art. 29, ambos do CP, porque, em concurso e previamente ajustados, ceifaram a vida da vítima.
O autor do homicídio foi absolvido pelo Conselho de Sentença em razão do reconhecimento de
ter agido sob a excludente de ilicitude do art. 23, II, do CP (legítima defesa), decisão transitada
em julgado. O impetrante alega a impossibilidade de condenação do partícipe ante a inexistência
de crime. Diante disso, a Turma concedeu a ordem para anular o julgamento do paciente,
estendendo-lhe os efeitos da decisão absolutória proferida em favor do autor material do ilícito,
ao argumento de que, entendendo o Tribunal do Júri, ainda que erroneamente, que o autor
material do crime não cometeu qualquer ato ilícito, o que ocorre quando reconhecida alguma
excludente de ilicitude, no caso, a legítima defesa, não pode persistir a condenação contra o
mero partícipe, pois a participação, tal como definida no art. 29 do CP, pressupõe a existência de
conduta antijurídica. A participação penalmente reprovável há de pressupor a existência de um
crime, sem o qual descabe cogitar punir a conduta acessória. Precedentes citados do STF: HC
69.741-DF, DJ 19/2/1993; do STJ: RHC 13.056-RJ, DJe 22/9/2008, e RHC 14.097-MG, DJ
1º/8/2005. HC 129.078-SP, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em
25/8/2009.
Entendeu o relator que essa mesma regra deveria ser aplicada na presente situação, haja vista
que a qualificadora do rompimento de obstáculo (natureza nitidamente objetiva) em nada se
mostraria incompatível com o fato de ser o acusado primário e a coisa de pequeno valor.
Reconheceu, assim, a possibilidade de incidência do privilégio do § 2º do art. 155 do CP,
cassando, no ponto, a sentença penal condenatória. Ademais, considerando a análise das
circunstâncias judiciais (CP, art. 59) realizada pelo juízo monocrático, a qual revelara a
desnecessidade de uma maior reprovação, reduziu a pena em 1/3, para torná-la definitiva em 8
meses de reclusão, o que implicaria a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva em caráter
retroativo, tendo em conta a ausência de recurso da acusação, bem como a menoridade do
paciente (menor de 21 anos na data do fato). Assim, o prazo prescricional de 1 ano já teria
transcorrido entre a data do recebimento da denúncia e a data da publicação da sentença penal
condenatória. Em suma, concedeu a ordem para reconhecer a incidência do privilégio do § 2º do
art. 155 do CP, inobstante a qualificadora, e assim julgar extinta a punibilidade do paciente pela
prescrição retroativa. Após, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio.
HC 98265/MS, rel. Min. Carlos Britto, 25.8.2009. (HC-98265)
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A Turma iniciou julgamento de habeas corpus em que acusado de fraude em concurso público —
venda de gabarito do certame para o ingresso no curso de Sargentos do Exército — pretende a
cassação de aresto proferido pelo STM, sob o fundamento de ser contrário às provas dos autos.
Na espécie, o paciente fora absolvido, por sentença do Conselho Especial da 4ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar, da acusação de haver praticado o crime previsto no art. 320
(“Violar, em qualquer negócio de que tenha sido incumbido pela administração militar, seu dever
funcional para obter especulativamente vantagem pessoal, para si ou para outrem:”) c/c o art.
53 (“Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas.”),
ambos do CPM. Ocorre que o STM — em apelação interposta pelo Ministério Público Militar —
desclassificara a conduta do paciente, condenando-o pela prática do delito previsto no art. 251,
§ 3º (“Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou
mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento: ... § 3º
A pena é agravada, se o crime é cometido em detrimento da administração militar.”) c/c o art.
53, também do aludido diploma legal e cominando-lhe a pena acessória de exclusão das Forças
Armadas.
HC 95706/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.8.2009. (HC-95706)
Fraude em Concurso Público e Fundamentação da Decisão – 2 (556)
O Min. Ricardo Lewandowski, relator, deferiu o writ para anular o acórdão proferido pelo STM,
tornando definitiva a decisão absolutória proferida pelo Conselho Especial da 4ª Auditoria da 1ª
Circunscrição Judiciária Militar. Assentou que o STM — ao concluir pela existência de provas
aptas a embasar a condenação — não o fizera de forma fundamentada, ou seja, não explicitara
quais os elementos probatórios que levara em consideração hábeis a demonstrar a efetiva
participação do paciente na prática do delito que lhe era imputado, em clara afronta ao disposto
no art. 93, IX, da CF. Destarte, aduziu que, mostrando-se patente a ausência de fundamentação
da condenação do paciente, se imporia a anulação da decisão do STM. Concluiu que o processo
de conhecimento se exaurira, em definitivo, com o pronunciamento final do STM, afigurando-se
inadmissível o rejulgamento do paciente tantas vezes quantas necessárias para se alcançar a
sua condenação, mediante o revolvimento do acervo probatório, procedimento que, em tese,
poderia renovar-se ad infinitum, considerada a possibilidade de repetir-se a ausência de
fundamentação em novos acórdãos emanados da Justiça castrense. Em divergência, os Ministros
Cármen Lúcia e Marco Aurélio concederam a ordem parcialmente para que autos retornem ao
STM, a fim de que nova decisão, devidamente fundamentada, seja proferida. Após, pediu vista
dos autos o Min. Carlos Britto.
HC 95706/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 18.8.2009. (HC-95706)
Concurso de Pessoas: Teoria Monista e Fixação de Reprimenda mais Grave a um dos
Co-réus (554)
Por reputar não observada a teoria monista adotada pelo ordenamento pátrio (CP, art. 29) —
segundo a qual, havendo pluralidade de agentes e convergência de vontades para a prática da
mesma infração penal, todos aqueles que contribuem para o crime incidem nas penas a ele
cominadas, ressalvadas as exceções legais —, a Turma deferiu habeas corpus cassar decisão do
STJ que condenara o paciente pela prática de roubo consumado. No caso, tanto a sentença
condenatória quanto o acórdão proferido pelo tribunal local condenaram o paciente e o co-réu
por roubo em sua forma tentada (CP, art. 157, § 2º, I e II, c/c o art. 14, II). Contra esta
decisão, o Ministério Público interpusera recurso especial, apenas contra o paciente, tendo
transitado em julgado o acórdão da Corte estadual relativamente ao co-réu. Assentou-se que o
acórdão impugnado, ao prover o recurso especial, para reconhecer que o paciente cometera o
crime de roubo consumado, provocara a inadmissível situação consistente no fato de se
condenar, em modalidades delitivas distintas quanto à consumação, os co-réus que perpetraram
a mesma infração penal. Destarte, considerando que os co-réus atuaram em acordo de
vontades, com unidade de desígnios e suas condutas possuíram relevância causal para a
produção do resultado decorrente da prática do delito perpetrado, observou-se ser imperioso o
reconhecimento uniforme da forma do delito cometido. Assim, restabeleceu-se a reprimenda
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A modificação do título executivo judicial quanto à pena imposta não implica o afastamento da
interrupção verificada com a decisão condenatória, considerada a prescrição da pretensão
punitiva. Com base nessa orientação, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado contra
acórdão do STJ o qual reputara que a redução da pena, operada em sede de habeas corpus, não
desconstituiria os fatos interruptivos da prescrição da pretensão punitiva, nem o seu termo final.
No caso, a defesa, tendo em conta que o STJ, em writ lá impetrado, diminuíra a reprimenda
aplicada ao paciente, reiterava o pleito de extinção da punibilidade da pretensão punitiva, ao
argumento de ocorrência da prescrição intercorrente. Enfatizou-se, inicialmente, que o processo
configura uma marcha objetivando a solução final. Entendeu-se, destarte, que atos formalizados
— a menos que sejam declarados nulos — repercutiriam no campo próprio, pouco importando a
alteração de conteúdo ocorrido por meio de nova decisão. Esclareceu-se que, na espécie, os
fatores interruptivos da prescrição surgiram com o recebimento da denúncia e a sentença
condenatória, não implicando o pronunciamento formalizado em habeas corpus — mediante o
qual reduzida a pena imposta — o afastamento do fenômeno levando em conta a sentença
modificada. Concluiu-se que o fato de a sentença ser reformada para se diminuir a pena
cominada não afastaria a conseqüência que é própria da sentença condenatória, qual seja, a de
interrupção da prescrição.
HC 95758/PE, rel. Min. Marco Aurélio, 23.6.2009. (HC-95758)
Tribunal do Júri: Impugnação dos Quesitos e Preclusão (550)
Por considerar preclusa a matéria, a Turma indeferiu habeas corpus impetrado contra acórdão
do STJ que rechaçara a tese de nulidade absoluta do processo que condenara paciente pelos
delitos de homicídio simples e homicídio qualificado, ambos na forma tentada. A impetração
reiterava a alegação de vício absoluto no julgamento ante o suposto equívoco na formulação de
quesito relativo à tese defensiva do privilégio (CP, art. 121, § 1º), o que teria impedido os
jurados de votar segundo o seu convencimento. Aduziu-se, de início, que os quesitos retrataram
adequadamente as teses sustentadas tanto pela acusação quanto pela defesa em plenário, na
medida em que sua redação não se mostrara contraditória, de difícil compreensão ou
desconectada das alegações da acusação ou da defesa. Registrou-se, neste ponto, que as partes
anuíram aos quesitos, conforme descrito na ata de julgamento, incidindo o disposto no art. 571,
VIII, do CPP (“Art. 571. As nulidades deverão ser argüidas: ... VIII - as do julgamento em
plenário, em audiência ou em sessão do tribunal, logo depois de ocorrerem.”). Esclareceu-se,
por outro lado, que o quesito impugnado pela defesa sequer fora objeto de votação pelo
Conselho de Sentença, porquanto assentado o seu prejuízo, em função da resposta dada ao
quesito imediatamente anterior. Nesse sentido, frisou-se que, ainda que se reconhecesse vício
no quesito contestado, isso em nada alteraria o resultado do julgamento, uma vez que a
resposta dada pelos jurados no quesito anterior prejudicaria o exame da tese inscrita no quesito
superveniente. Ressaltou-se, por fim, traçadas tais premissas, a impossibilidade de ser
declarada a nulidade do feito sem a demonstração de prejuízo, conforme previsto no art. 563 do
CPP (“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação e
para a defesa”).
HC 96469/RJ, rel. Min. Carlos Britto, 9.6.2009. (HC-96469)
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STJ:
PRESCRIÇÃO. 70 ANOS. REDUÇÃO. (406)
A Turma, ao prosseguir o julgamento, entendeu, por maioria, que não se aplica o benefício do
art. 115 do CP (redução pela metade do prazo prescricional) se o agente conta mais de 70 anos
de idade somente na data do acórdão que se limita a confirmar a sentença condenatória.
Precedentes citados do STF: HC 86.320-SP, DJ 24/11/2006; HC 84.909-MG, DJ 6/5/2005; HC
71.811-SP, DJ 15/12/2000; do STJ: REsp 951.510-DF, DJe 4/8/2008; HC 104.557-RS, DJe
3/11/2008; EDcl nos EDcl no REsp 628.652-RJ, DJ 2/5/2005; EDcl no REsp 624.988-RJ, DJ
5/12/2005, e REsp 662.958-RS, DJ 29/11/2004. HC 131.909-GO, Rel. Min. Felix Fischer,
julgado em 10/9/2009.
O paciente foi denunciado e condenado como incurso no art. 33 da Lei n. 11.343/2006 à pena de
sete anos e seis meses de reclusão e 750 dias multa. Apelou, mas o Tribunal a quo só reduziu a
pena base ao mínimo legal, deixando de conceder a minorante prevista no art. 33, § 4º, da
citada lei ao argumento de que seria facultativa sua aplicação. Insurge-se o paciente contra esse
entendimento, por preencher todos os requisitos legais para sua aplicação. Observa a Min.
Relatora que o delito foi cometido sob a égide da nova legislação (Lei n. 11.343/2006) e, uma
vez preenchidos os requisitos previstos no seu art. 33, § 4º, é de rigor a aplicação da causa de
diminuição por não se tratar de mera faculdade do julgador. Diante do exposto, a Turma, ao
prosseguir o julgamento, concedeu a ordem para reformar o acórdão recorrido e a sentença
condenatória, para quantificar a pena em dois anos e seis meses de reclusão e 250 dias multa e,
ainda, de ofício, determinar que o paciente seja submetido ao regime aberto mediante aferição
dos requisitos subjetivos e estabelecimento de condições pelo juízo das Execuções Penais. HC
129.626-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/8/2009.
O ora paciente foi condenado pela prática do crime previsto no art. 214 c/c o art. 224, “a”,
ambos do CP. No seu recurso de apelação, foi-lhe reduzida a pena; mantida, porém, a
condenação. No HC, busca-se, em síntese, o reconhecimento da prescrição da pretensão
punitiva na forma retroativa, a qual teria ocorrido entre o recebimento da denúncia e a
publicação da sentença condenatória. Afirma-se que, tendo o paciente atingido 70 anos de idade
antes do trânsito em julgado da referida sentença, impõe-se a redução do prazo prescricional
pela metade, tendo em vista o disposto no art. 115 do CP. Inicialmente, o Min. Relator destacou
que, apesar de a alegada ocorrência da prescrição não ter sido enfrentada no acórdão
impugnado, impõe-se seu exame, isso porque, em se tratando de matéria de ordem pública,
essa pode e deve ser reconhecida de ofício a qualquer tempo, inclusive após o trânsito em
julgado da condenação. Destacou, ainda, que o termo “sentença” pode ser interpretado de
forma ampla, devendo ser lido como o último provimento judicial, admitindo a aplicação da
norma quando o condenado completar a idade de 70 anos na data do julgamento da apelação
por ele interposta, mormente quando o recurso é provido parcialmente, como ocorreu na
hipótese dos autos. Assim, por se tratar de interpretação mais favorável ao réu, além de estar
de acordo com a finalidade da norma, qual seja, de evitar a prisão de pessoa em idade
avançada, deve aplicar-se o redutor do prazo prescricional ao paciente, que contava com mais
de 70 anos quando do julgamento da apelação, cujo acórdão limitou-se a redimensionar a pena
imposta, reduzindo-a. Diante disso, a Turma, ao prosseguir o julgamento, por maioria, concedeu
a ordem para declarar extinta a punibilidade do agente, reconhecendo a prescrição da pretensão
punitiva na modalidade retroativa, a teor do disposto no art. 109, III, c/c os arts. 110, § 1º, e
115, todos do CP. Precedentes citados: REsp 823.866-SP, DJe 22/4/2008; EDcl nos EDcl no Ag
701.669-RJ, DJ 12/11/2007, e REsp 764.348-PR, DJ 26/6/2006. HC 124.375-PR, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 23/6/2009.
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Pleiteia-se, no recurso, que seja declarada a nulidade, por deficiência de defesa, do processo que
apura a suposta prática de homicídio qualificado, visto que o defensor constituído nos autos,
apesar de intimado, não ofereceu alegações finais, não recorreu da sentença de pronúncia e não
apresentou contrariedade aos libelos. Requer-se a reabertura do prazo para alegações finais.
Este Superior Tribunal consolidou o entendimento de que a apresentação de alegações finais é
facultativa nos processos de competência do Tribunal do Júri, uma vez que não há julgamento
do mérito com a sentença de pronúncia, mas mero juízo de admissibilidade da acusação
formulada. Também possui entendimento pacífico de que, se a defesa fora intimada da sentença
de pronúncia e não manifestou a pretensão de recorrer, é aplicável a regra processual da
voluntariedade dos recursos, (art. 574, caput, do CPP). Outrossim, a não apresentação de
contrariedade ao libelo, de acordo com a jurisprudência do STJ, não implica, por si só, nulidade,
sendo mera faculdade processual da defesa. Todavia, embora a jurisprudência desta Corte
indique que a não apresentação pelo advogado de uma das peças processuais citadas não
acarreta, por si só, a declaração de nulidade do ato judicial, cabe ao magistrado verificar a
eventual ocorrência de prejuízo ao réu diante de cada caso concreto, de modo que os
automatismos devem ser evitados em se tratando de processo penal. No caso, o defensor
constituído pelos réus deixou de apresentar três peças processuais, hipótese não contemplada
em nenhum dos precedentes citados, nos quais, no máximo uma peça não foi oferecida. Para o
Min. Relator, é evidente o prejuízo à defesa dos recorrentes, não sendo crível a tese esposada
pelo acórdão recorrido de que a inércia do advogado, in casu, poderia ser mera estratégia
defensiva. Ressaltou que, somente após a não apresentação de contrariedade ao libelo, ou seja,
passados quase dez meses sem qualquer manifestação defensiva nos autos, os réus foram
intimados para informar se o advogado à época constituído ainda continuava patrocinando seus
interesses, quando o recomendado seria que os recorrentes, logo após o transcurso do prazo
para a apresentação de alegações finais, fossem cientificados de que estavam sem defesa e, no
caso de eventual inércia, fosse nomeado defensor dativo, dando-se, assim, efetividade ao
princípio da plenitude de defesa. Conforme a CF/1988, é inadmissível que os réus fiquem tanto
tempo indefesos em processo que apura a suposta prática de homicídio qualificado. Ante o
exposto, a Turma deu provimento ao recurso. Precedente citado: HC 33.740-PE, DJ 28/6/2004.
RHC 22.919-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho julgado, em 18/6/2009.
A Turma concedeu a ordem para assegurar ao paciente, salvo se estiver preso por outro motivo,
que aguarde em liberdade o trânsito em julgado do processo crime. Para a Min. Relatora, há de
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Realizado julgamento pelo tribunal do júri, foi lavrada ata, da qual constaram
os seguintes protestos apresentados pela defesa:
• indeferimento de adiamento do julgamento, porque a testemunha arrolada,
em contrariedade ao libelo com a cláusula de imprescindibilidade, mudou-se
para comarca contígua e não foi intimada, sem que disso tivesse ciência a
defesa;
• desistência de testemunha arrolada pela acusação durante intervalo do
almoço, sem ciência do defensor;
• oitiva de testemunha não-arrolada pelas partes a pedido de jurado.
Foi proferida sentença do seguinte teor.
Vistos etc.
Júlio César foi denunciado e pronunciado pela prática de homicídio qualificado
pela torpeza e surpresa.
Submetido a julgamento pelo tribunal popular, foram reconhecidas a surpresa
e a agravante articulada pelo promotor de justiça durante os debates do abuso
da hospitalidade.
A tese da defesa, legítima defesa própria, foi rejeitada por quatro votos.
Apesar de ter sido reconhecido que o réu agiu repelindo injusta agressão a
direito seu e a atualidade, entenderam os jurados que a ação não foi moderada
e que os meios não eram necessários, o que caracterizou excesso doloso.
Posto isso, condeno Júlio Cézar nas penas do art. 121, § 2.°, incisos I
(torpeza), porque realmente ocorreu, e IV (surpresa), c/c art. 61, inciso II,
letra “f”, do Código Penal brasileiro.
Passo à dosagem da pena.
O réu é primário, possui bons antecedentes, é trabalhador e está terminando
curso de doutorado. Por lhe serem favoráveis as circunstâncias judiciais, fixo-
lhe a pena base um pouco acima do mínimo legal, ou seja, quinze anos de
reclusão; servindo a qualificadora do motivo torpe como agravante, elevo-a
em um ano, totalizando dezesseis anos de reclusão.
Tendo sido reconhecida a agravante da hospitalidade aumento-a em mais um
ano, tornando-a definitiva em dezessete anos de reclusão, à míngua de
quaisquer outras causas de aumento ou diminuição.
A execução do crime iniciou-se antes da entrada em vigor da lei dos crimes
hediondos, entretanto, o resultado morte ocorreu quando já em vigor tal
legislação, daí que o regime de cumprimento da pena será o integralmente
fechado.
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SENTENÇA CRIMINAL
(1) João Souza, motorista particular, casado, pai de dois filhos, foi preso em
flagrante e, posteriormente, denunciado como incurso nas penas do art. 14,
caput, da Lei n.º 10.826/2003, atribuindo-lhe o Ministério Público conduta
delituosa, de que trata o trecho transcrito a seguir. (…)
No dia 26 de dezembro 2003, por volta das 9 h 27 min, em via pública, em Rio
Branco, Acre, o denunciado, voluntária e conscientemente, portava, sem
possuir o devido registro de arma no órgão competente e, ainda, sem possuir
porte legal de arma de fogo, o revólver calibre 38, marca Taurus, número de
série XY 123456, desmuniciado.
No local, policiais militares realizavam bloqueio policial, com abordagens
rotineiras que tinham por objetivo o desarmamento da população, quando
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(2) O Ministério Público ofereceu denúncia contra Lúcio Dias pela prática do
crime tipificado no art. 180 do Código Penal. O fato foi praticado em 7 de julho
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(4) Creonte, policial militar, foi denunciado pela suposta prática de homicídio
tentado, visto que disparara sua arma contra um civil, lesionando-o, em
operação que objetivara a ocupação de uma favela na periferia. Devidamente
pronunciado, foi levado a julgamento perante o Tribunal do Júri. A defesa
sustentou a tese da desclassificação para lesão corporal, já que Creonte não
possuíra o dolo de retirada da vida da vítima. Indaga-se:
(1) PAULETE SERGAY, que se encontrava preso por força de flagrante, após
regular instrução, foi condenado ao cumprimento da pena de 12 anos de
reclusão pela prática delituosa do art. 12 da Lei 6.368/76, porque ofertara um
cigarro de maconha a sua namorada KATYLEIA. Da sentença condenatória,
somente o Ministério Público recorreu, aduzindo que a pena fora
extremamente gravosa e pedia o seu abrandamento. Todavia, antes do
recurso ser julgado pelo Tribunal, PAULETE fugiu da penitenciária. Discorra
fundamentadamente sobre o destino de tal recurso.
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(7) Na legislação processual vigente, a citação por edital gera uma destacada
conseqüência ou particularidade em relação a produção da prova. Destaque tal
particularidade e discorra sobre ela.
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(A) A nova lei não permite que se aplique qualquer tipo de sanção ao usuário.
(B) A nova lei manteve o mesmo procedimento da lei antiga (Lei n.º
6.368/1976).
(C) A nova lei pune o crime de tráfico de entorpecente na mesma gravidade
com que era punido na lei antiga (Lei n.º 6.368/1976).
(D) A nova lei cria crime inexistente na lei anterior (Lei n.º 6.369/1976)
consistente no oferecimento eventual de droga, sem intuito de lucro, a pessoa
de relacionamento do
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10- O art. 306 da Lei n.o 9.503/97 dispõe ser crime “conduzir
veículo automotor, na via pública, sob a influência de álcool
ou substância de efeitos análogos, expondo a dano potencial a
incolumidade de outrem”. Trata-se de crime de
(A) dano.
(B) perigo abstrato.
(C) menor potencial ofensivo.
(D) perigo concreto.
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15- De acordo com a Lei n.º 11.340/2006, conhecida como Lei Maria
da Penha, constatada a prática de violência doméstica e familiar contra
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A O recurso em sentido estrito será declarado deserto caso o réu fuja após
haver recorrido.
B No julgamento de apelação de decisão do tribunal do júri em que a sentença
seja contrária à decisão dos jurados, o tribunal ad quem deve determinar que
o réu seja submetido a novo
júri, em respeito à soberania dos veredictos.
C No julgamento de apelação de decisão do tribunal do júri em que a decisão
dos jurados seja manifestamente contrária à prova dos autos, o tribunal ad
quem deve determinar que o
réu seja submetido a novo júri, em respeito à soberania dos veredictos.
D Na apelação das decisões proferidas por juiz singular, admite-se o juízo de
retratação.
A O juiz deve ter plena convicção de que o acusado é responsável pelo delito,
bastando a dúvida a respeito da sua culpa para absolvê-lo.
B O réu tem o dever de provar sua inocência e cabe ao acusador apresentar
indícios de autoria e materialidade.
C Com a decisão de pronúncia, que reconhece a existência de crime e indícios
de autoria, o nome do réu pode ser incluído no rol dos culpados.
D A restrição à liberdade do acusado antes da sentença definitiva deve ser
admitida sempre que se verificar o fumus boni iuris, independentemente da
existência de periculum in mora.
Rodrigo Bello 61
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1__ Verificando que o fato evidentemente não constitui crime, o delegado poderá
mandar arquivar o inquérito policial, desde que o faça motivadamente.
2__ A reprodução simulada dos fatos ou reconstituição do crime pode ser determinada
durante o inquérito policial, caso em que o indiciado é obrigado a comparecer e
participar da reconstituição, em prol do princípio da verdade real.
Rodrigo Bello 62
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7__A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da
ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente
de autoria, em caso de crime doloso ou culposo, punidos com detenção, quando se
apurar que o indiciado é vadio ou, havendo dúvida sobre a sua identidade, não
fornecer ou não indicar elementos para esclarecê-la.
8__Na prisão temporária, decorrido o prazo de 5 dias de detenção, o preso deverá ser
posto imediatamente em liberdade, salvo se já tiver sido decretada sua prisão
preventiva.
9__Um cidadão foi intimado para depor como testemunha em um inquérito policial e
apresentou, como documento de identificação, cópia autenticada de sua cédula de
identidade civil, cujo original afirmou estar perdido. O delegado que o ouviu resolveu
apreender a citada cópia, embora não houvesse suspeita de inidoneidade dela. Nessa
situação, o delegado agiu de maneira ilegal.
10__Um cidadão foi vítima de abuso de autoridade e pretende indenização do Estado
pela lesão que sofreu. Nessa situação, na forma da lei que reprime o abuso de
autoridade, ele somente poderá ajuizar a ação adequada depois de apurar-se, na via
administrativa, a ocorrência do fato.
11__Júlia foi vítima de abuso de autoridade por parte de agentes públicos federais e
representou ao MPF para que este promovesse a responsabilização penal daqueles. À
representação, anexou as provas de que dispunha e indicou o modo de obter outras. O
procurador da República a quem a representação foi enviada considerou haver indícios
suficientes dos fatos e ofereceu denúncia. O juiz federal que recebeu os autos rejeitou
a denúncia, sob o fundamento de ser indispensável a apuração do fato, seja pela
administração pública, seja por meio de inquérito policial. Nessa situação, o juiz
federal equivocou-se, pois deveria ter recebido a denúncia.
12__Um grupo de religiosos radicais capturou uma pessoa de outra religião e contra
ela praticou longa sessão de ofensas, ameaças e castigos físicos. A vítima,
posteriormente, comunicou o fato à polícia judiciária, que o apurou. O promotor de
justiça que recebeu o inquérito ofereceu denúncia contra o grupo pelos crimes de
ameaça e lesões corporais, afastando a imputação de tortura pelo fato de os
integrantes do grupo não serem funcionários públicos. Nessa situação, o promotor de
justiça incidiu em erro, pois a lei que reprime a tortura não pune apenas agentes
públicos, mas pode também alcançar particulares.
13__Um agente de polícia resolveu torturar um preso sob sua guarda, e, antes que
isso ocorresse, o delegado responsável tomou conhecimento da intenção do agente. O
delegado não concordava com a tortura e não a praticou, mas nada fez para evitá-la.
Nessa situação, tanto o agente quanto o delegado poderiam ser responsabilizados
penalmente, com base na lei que define os crimes de tortura.
14__No caso de prisão em flagrante por crime previsto na legislação que pune os
delitos relacionados a entorpecentes, deve realizar-se, já no momento da lavratura do
auto de prisão, exame pericial que ateste, em caráter definitivo, a natureza da
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substância proibida, sob pena de a prisão ter de ser relaxada pela autoridade
judiciária.
15__Se, no curso de um inquérito policial, o advogado do indiciado protocolizar
petição com virulentas ofensas contra o juiz da causa, em virtude da atuação deste,
deverá o delegado responsável pela investigação, de ofício e imediatamente, instaurar
novo inquérito para apurar o crime contra a honra do magistrado em razão da função.
16__Se, ao final do inquérito policial, o delegado ficar convencido de que o ato foi
inequivocamente praticado em situação de legítima defesa, deverá lançar relatório
minucioso das investigações nos autos e, em seguida, arquivá-los; nesse caso, o
inquérito poderá ser desarquivado, desde que surjam novas provas.
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de Processo Penal (CPP), determinar a produção de provas que possam vir a justificar
a condenação do acusado.
22__A despeito da natureza científica de boa parte das provas periciais, o fato de
determinada perícia indicar que o réu foi o autor dos atos materiais em que se baseou
a acusação não implicará necessariamente a condenação do acusado.
23__Considere a seguinte situação hipotética.
Uma equipe de policiais federais encontrava-se em plantão e foi comunicada de que
algumas pessoas haviam acabado de cometer roubo contra agência da CAIXA. Após
algumas horas de diligências e buscas, encontraram o grupo de criminosos com
objetos que deram certeza aos policiais de eles haverem cometido o crime. A equipe,
então, levou o grupo ao DPF, onde foi autuado em flagrante pelo delegado de Polícia
Federal. Nessa situação, agiu de maneira juridicamente válida o delegado ao lavrar o
auto de prisão em flagrante.
24__Se um indivíduo praticar crime de seqüestro e este se prolongar por mais de
uma semana, a polícia pode validamente realizar a prisão em flagrante do
seqüestrador mesmo se somente o conseguir capturar ao final desse período, pois,
nesse caso, o estado de flagrância perdurará.
25__Considere a seguinte situação hipotética.
Isabela já fora condenada, por sentença passada em julgado, pela prática de roubo,
cuja pena cumprira. Além disso, figurava como ré em diversas ações penais por essa
espécie de crime. Certo dia, o promotor de justiça recebeu mais um inquérito policial
em que a polícia judiciária reunira provas de Isabela persistir nessa atividade
criminosa. Por isso, juntamente com a denúncia, o membro do MP requereu a prisão
preventiva dela. Nesse caso, à luz do CPP, não havia fundamento para a autoridade
judiciária decretar a prisão preventiva de Isabela, pois, como ela cumprira a pena da
única condenação que sofrera, o fato de responder a outros processos não justificaria a
prisão.
26__5 Considere a seguinte situação hipotética. Um cidadão foi denunciado pelo MP
sob a acusação de haver cometido crime de lesões corporais. No curso do processo,
veio aos autos prova de as lesões haverem surgido como conseqüência do estrito
cumprimento do dever legal do acusado. Não obstante, o membro do MP entendeu, a
certa altura, cabível a decretação da prisão preventiva do réu, motivo por que a
requereu. Nessa situação, em face da prova mencionada, a prisão preventiva não
poderia ser validamente decretada.
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46__A doutrina dos frutos da árvore envenenada (fruits of the poisonous tree) está
relacionada à questão da contaminação gerada pela prova ilícita em face das provas
dela derivadas.
47__A norma transcrita do CPP não foi inteiramente recepcionada pela Constituição
de 1988. Assim, a parte final deve ser declarada inconstitucional pelo STF, no âmbito
de processo objetivo, para ser definitivamente expurgada do sistema jurídico.
48__O aparente conflito entre as normas transcritas pode ser solucionado no âmbito
da eficácia temporal da lei processual, considerando ter havido sua derrogação, o que
dispensaria o juiz ou tribunal de, no caso concreto, declarar incidenter tantum
a inconstitucionalidade apontada.
49__As comissões parlamentares de inquérito, posto que detenham poderes
instrutórios próprios das autoridades judiciais, não podem processar nem julgar. Logo,
nelas não há acusados, de modo que a norma citada do CPP mantém-se hígida e
aplicável integralmente aos seus procedimentos.
50__Tem pertinência, no caso da norma transcrita do CPP, a aplicação, pelo STF, da
técnica da declaração de inconstitucionalidade parcial sem redução de texto.
51__A correção da norma transcrita do CPP pode ser levada a efeito pelo Poder
Legislativo por meio de lei ordinária com validade nacional, cuja iniciativa é facultada
também ao povo.
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62__A autoridade policial federal recebeu uma delatio criminis contra um magistrado
federal, imputando-lhe a prática de crime de corrupção passiva. Nessa situação, em
face do requerimento da vítima, a autoridade policial deverá instaurar inquérito policial
e, após relatá-lo com a conclusão das investigações, encaminhar os autos ao Tribunal
Regional Federal (TRF).
63__O órgão do Ministério Público Federal requereu o arquivamento de inquérito
policial relatado, sob o fundamento de que o fato suficientemente apurado não
constituía crime, era atípico. O juiz federal acolheu o pedido e determinou o
arquivamento dos autos. Nessa situação, e de acordo com o STF, a decisão que deferiu
o arquivamento faz coisa julgada, não podendo serem desarquivados os autos e ser
instaurada ação penal, mesmo diante de outros elementos de prova que venham a
surgir posteriormente.
64__A autoridade policial recebeu uma notitia criminis anônima imputando a um
indivíduo a prática de crimes de concussão. Nessa situação, apesar do princípio da
obrigatoriedade, caberá à autoridade policial preliminarmente proceder com cautela às
investigações preliminares, no sentido de apurar a verossimilhança das informações
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92__Célio praticou crime de falso testemunho qualificado, pois foi cometido com o
fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo penal.
93__De acordo com o entendimento dominante do Supremo Tribunal Federal (STF),
como o delito praticado é de mão própria, não se admite co-autoria ou participação,
sendo atípica a conduta do advogado de defesa.
94__No dia 1.º/3/1984, Jorge foi preso em flagrante por ter vendido lança-perfume
(cloreto de etila), substância considerada entorpecente por portaria do Ministério da
Saúde de 27/1/1983. Todavia, no dia 4/4/1984, houve publicação de nova portaria
daquele Ministério excluindo o cloreto de etila do rol de substâncias entorpecentes.
Posteriormente, em 13/3/1985, foi publicada outra portaria do Ministério da Saúde,
incluindo novamente a referida substância naquela lista. Nessa situação, de acordo
com o entendimento do STF, ocorreu a chamada abolitio criminis, e Jorge, em
4/4/1984, deveria ter sido posto em liberdade, não havendo retroação da portaria de
13/3/1985, em face do princípio da irretroatividade da lei penal mais severa.
95__Rômulo seqüestrou Lúcio, exigindo de sua família o pagamento de R$
100.000,00 como resgate. Nessa situação, o crime de extorsão mediante seqüestro
praticado por Rômulo é considerado crime habitual.
96__O médico Caio, por negligência que consistiu em não perguntar ou pesquisar
sobre eventual gravidez de paciente nessa condição, receita-lhe um medicamento que
provocou o aborto. Nessa situação, Caio agiu em erro de tipo vencível, em que se
exclui o dolo, ficando isento de pena, por não existir aborto culposo.
97__Laura, funcionária pública a serviço do Brasil na Inglaterra, cometeu, naquele
país, crime de peculato. Nessa situação, o crime praticado por Laura ficará sujeito à lei
brasileira, em face do princípio da extraterritorialidade.
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Material Complementar
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funcionário público.
328 Usurpação de Usurpar = assumir Funcionário em outra função pode
função pública ser sujeito ativo. Cuidado, pois se
alguém se intitula funcionário
público e induz a erro, o crime é de
estelionato.
329 Resistência Opor-se à execução
330 Desobediência Desobedecer à ordem legal Se a desobediência estiver
relacionada à decisão judicial, o
crime é de desobediência do art.
359; Se tiver violência ou ameaça
o crime é de Resistência.
331 Desacato Desacatar funcionário Na ausência do funcionário,
responde por injúria qualificada do
art. 141 II
332 Tráfico de Solicitar, exigir, cobrar ou obter a Se houver acordo entre o particular
Influência pretexto de influir em ato de e o funcionário o crime é de
funcionário. corrupção; Se a influência é em
membros do P. Judiciário, o crime
é exploração de prestígio, art 357.
333 Corrupção Ativa Oferecer ou prometer Sempre antes do ato do funcionário
334 Contrabando ou Importar ou exportar mercadoria Competência da J. Federal.
Descaminho proibida ou iludir pagamento de
direito ou imposto devido pela
entrada ou saída de mercadoria
337-A Sonegação de Suprimir ou reduzir contribuição Sujeitos ativos são os sócios,
Contribuição social previdenciária gerentes de empresas.
Previdenciária Confissão sem pagamento antes da
ação fiscal extinção da
punibilidade
Pagamento depois da ação fiscal,
mas antes da denúncia extinção
da punibilidade.
A diferença com a Apropriação
Indébita Previdenciária (art. 168-
A) é que nesta deixa-se de repassar
e para haver a extinção da
punibilidade, deve-se pagar antes
da ação fiscal.
349-A Ingressar, promover, intermediar, Acrescentado pela lei LEI Nº
auxiliar ou facilitar a entrada de 12.012, DE 6 DE AGOSTO DE
aparelho telefônico de comunicação 2009.
móvel, de rádio ou similar, sem
autorização legal, em estabelecimento
prisional.
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