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DIREITO ADMINISTRATIVO

Exame Parcelar
28-05-2019

Critérios de Correção

1.

a) O princípio genérico de decisão (cfr. artigo 13.º do CPA): pressupostos do dever de


decidir.

Consequências jurídicas que derivam da ausência de uma decisão expressa no


prazo legalmente previsto: artigos 184.º/1/b), 187.º, 191.º/1, 193.º/1/b) do CPA e
artigo 67.º/1/a) do CPTA.

O deferimento tácito (cfr. artigo 130.º do CPA): fundamentos, âmbito, efeitos e


utilidade da figura. Mecanismo de garantia a utilizar pelo requerente.

A omissão ilegal (cfr. artigos 129.º do CPA e 67.º/1/a) do CPTA): a omissão ilegal
pressupõe o incumprimento do dever de decidir que a lei não qualifique como de
deferimento tácito; o pedido de condenação à prática de ato legalmente devido (cfr.
artigo 67.º/1/a) do CPTA).

1.

b) A anulabilidade como a sanção associada a um vicio de invalidade (cfr. artigo 163.º


do CPA); nem todos os atos anuláveis são anulados – o principio do aproveitamento
do ato (cfr. artigo 163.º/5 do CPA); a anulação administrativa como um ato
administrativo de segundo grau que pretende cessar os efeitos de um ato anulável
(cfr. artigos 3.º e 165.º/2 CPA e 266.º/2 CRP); a natureza da função administrativa
exercida (controlo ou fiscalização), a temporalidade da sua determinação (cfr. artigo
168.º/1 do CPA), os efeitos (cfr. artigo 172.º do CPA), e a determinação do órgão
competente (cfr. artigo 169.º/3 do CPA).

Feita esta distinção por razões pedagógicas, a anulabilidade corresponde a um dos


tipos de invalidade administrativa, sendo, aliás, a regra, em consonância com a
ideia tradicional de um sistema de Administração executiva e com as ideias de
estabilidade das relações jurídicas e a autoridade do ato administrativo. Sendo a

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anulabilidade a invalidade regra, ela corresponde à consequência jurídica para os


vícios menos graves.

O ato anulável produz efeitos até ser anulado, embora a anulação do ato possa ter
eficácia retroativa (artigo 163.º/2 do CPA).

2. Com efeito, assim é, sendo que é necessário compreender previamente o que entende
por relações especiais de direito administrativo. Dentro destas relações, há que
distinguir dois tipos de situações: a relação orgânica ou de funcionamento e a relação
de serviço ou fundamental.

Se o regulamento se aplica apenas à primeira situação, o regulamento `´e interno. Ao


invés, se se tratar de regulamentos aplicáveis à segunda hipótese, o regulamento tem
eficácia externa, na medida em que agora estão en causa direitos fundamentais. Por
exemplo, o funcionário é visto na sua qualidade de cidadão ou de sujeito da relação
jurídica de emprego público, e não como um mero elemento do aparelho administrativo.

3.

a)

i) vício material de violação de lei/erro quanto aos pressupostos de direito, consequência


jurídica: anulabilidade (cfr. artigo 163.º/1 do CPA); ii) vício formal por preterição de
formalidade essencial, falta de audiência prévia, o facto de, na notificação para audiência
prévia, a elaborar nos termos do artigo 122.º do CPA, não constar o projeto de decisão,
obsta a uma participação livre e esclarecida como o exige a lei e a CRP, consequência
jurídica: anulabilidade (cfr. artigo 163º/1 do CPA); iii) verificação de uma situação de
impedimento (cfr. artigo 69.º/1/d) do CPA) e, portanto, de violação do princípio da
imparcialidade (cfr. artigo 9.º do CPA), consequência jurídica: anulabilidade (cfr. artigo
163.º do CPA) – em alternativa foi considerada a possibilidade de vício orgânico por
incompetência.

b) O acesso à jurisdição administrativa não depende, em princípio, da interposição de


recurso hierárquico (cfr. artigos 268.º/4 da CRP, 51.º/1 e 59.º/4/5 do CPTA); a regra geral é
hoje a da impugnação administrativa potestativa/facultativa, salvo previsão em lei
especial – artigo 185.º/2 CPA; a suscetibilidade de produção de efeitos jurídicos externos e
a ilegalidade como critério de recorribilidade do ato administrativo. Não obstante, é
vantajoso o recurso prévio às garantias administrativas: i) a suspensão dos prazos de

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interposição de ação junto dos tribunais administrativos nos termos dos artigos 190.º/3 do
CPA e 59.º/4/5 do CPTA e no caso de impugnação administrativa necessária a suspensão
da eficácia do ato (cfr. artigo 189.º/1 do CPA); ii) o caráter não preclusivo das garantias
administrativas relativamente à tutela jurisdicional; iii) a apreciação da legalidade e do
mérito (cfr. artigos 185.º/3 do CPA e 3.º/1 do CPTA): os regimes da revogação e da anulação
administrativas (cfr. artigos 165.º e seguintes do CPA); iv) a desnecessidade de patrocínio
jurídico e de pagamento de custas judiciais; v) simplicidade, informalidade, celeridade e
quase gratuitidade.

c)

Ato administrativo de indeferimento parcial (cfr. artigo 148.º CPA): caráter regulador e
produção de efeitos externos numa situação individual e concreta. O ato administrativo é
uma estatuição autoritária, um comando jurídico, positivo ou negativo, vinculativo, que
produz, por si só, mesmo perante terceiros, uma consequência que consiste na criação,
modificação ou extinção de um direito ou dever ou na determinação jurídica de uma coisa,
definindo de forma inovadora o direito para um caso concreto. O carácter regulador,
constitutivo e externo dos efeitos jurídicos inovadores produzidos; qualifica-se como um
ato administrativo para efeitos substantivos e procedimentais (cfr. artigo 148.º do CPA) e
para efeitos adjetivos e processuais (cfr. artigo 51.º do CPTA); ato administrativo primário,
singular, de conteúdo negativo considerando que nega parcialmente o pedido apresentado
por Maria das Dores; não se pretende a eliminação dos benefícios introduzidos na esfera
jurídica de Maria das Dores mas o seu alargamento/expansão ao solicitado; o pedido
adequado é um pedido de condenação à prático de ato legalmente com vista à satisfação
integral da pretensão da interessada (cfr. alínea c) do n.º 1 do artigo 67.º do CPTA), a
apresentar sob a forma da ação administrativa (cfr. alínea b) do n.º 1 do artigo 37.º do
CPTA), no prazo de três meses (cfr. artigo 69.º/2 do CPTA) pela Maria das Dores, enquanto
titular de um direito ou interesse legalmente protegido, dirigido à emissão desse ato (cfr.
alínea a) do n.º 1 do artigo 68.º do CPTA).

d)
A exclusão da responsabilidade civil dos subalternos no cumprimento de comandos
hierárquicos, depende dos seguintes pressupostos de aplicação cumulativa: 1. que se trate
de um comando hierárquico que reúna três características: a) seja proveniente de legítimo
superior hierárquico; b) incida sobre matéria de serviço; c) não se traduza na prática de
um crime. 2. que o subalterno tenha dele previamente reclamado ou exigido a sua
transmissão ou confirmação por escrito (direito de respeitosa representação). Cumpridos

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os referidos pressupostos, o subalterno não pode vir ao processo (contra si proposto) invocar
a sua específica causa de exclusão de responsabilidade civil, visto que a norma goza, em
regra, de uma eficácia interna na Administração, ou seja, no âmbito das relações entre o
subalterno e a respetiva entidade pública a que pertence. O que deve fazer é provocar a
intervenção processual do autor do comando ou da entidade pública, tal como o lesado o
poderá fazer em termos processuais através incidente da intervenção de terceiros. A
exclusão da responsabilidade do subalterno é relevante para diversos efeitos: constitui
fundamento para uma ação de regresso do subalterno ou serve de causa de exclusão da
sua responsabilidade, no caso de uma ação de regresso contra ele intentada pela entidade
pública, tal como constitui base para o incidente de intervenção de terceiros. Não poderá é
ser utilizada contra o lesado em sede de “ação de responsabilidade”, salvo se a este
houvesse sido dado conhecimento externo de que o cumprimento do comando hierárquico
só foi efetuado após o cumprimento do direito de respeitosa representação.

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