Você está na página 1de 6

~

Mecanismos de reação
, administrativa previstos no CPA

1. RECLAMAÇÃO  dirige-se ao autor do ato administrativo, da norma regulamentar com eficácia


externa ou da omissão ilegal (artigos 191º e 192º CPA).

2. RECURSOS  dirigem-se para outro órgão que não o autor do ato administrativo, da norma
regulamentar com eficácia externa ou da omissão ilegal.

 RECURSO HIERÁRQUICO  dirige-se para o mais elevado superior hierárquico do autor do ato
administrativo, da norma regulamentar com eficácia externa ou da omissão ilegal (artigos 193º a
198º CPA).

 RECURSOS ADMINISTRATIVOS ESPECIAIS (artigo 199º CPA):

 Recurso para órgão da mesma pessoa coletiva que exerça funções de supervisão.

 Recurso para órgão colegial de atos ou omissões de qualquer dos seus membros, comissões ou
secções.

 Recurso para órgão de outra pessoa coletiva que exerça poderes de tutela ou de superintendência.

 Recurso para o delegante ou subdelegante de atos do delegado ou subdelegado, mediante


disposição legal expressa.

Ao contrário das reclamações e dos recursos hierárquicos, que podem ser apresentados sempre e em todos os
casos, não sendo necessário uma norma especial que habilite os interessados a, com referência àquele
determinado tipo de ato jurídico, apresentar a reclamação ou o recurso hierárquico, no que diz respeito aos
recursos administrativos especiais, há dependência relativamente a uma norma especial que, com referência a
determinado tipo de ato jurídico, possibilite a utilização do recurso administrativo especial.

 É necessária uma norma de habilitação expressa, específica, com referência a cada um dos tipos de
recursos administrativos especiais.

Existe uma exceção relativamente ao recurso para o delegante ou subdelegante. O artigo 199º CPA, na parte
que se refere ao recurso para o delegante ou subdelegante, ao fazer depender o recurso de uma norma
expressa e especial, entra em contradição com o artigo 49º CPA, que prevê um conjunto de poderes do
delegante relativamente aos atos praticados pelo delegado. Esta contradição interna de normas (ou antinomia)
é solucionada pela cedência do artigo 199º CPA, na parte que faz depender o recurso para o delegante ou
subdelegante de uma norma especial.

 Ou seja, todos os recursos administrativos especiais dependem de disposição especial expressa, com
exceção do recurso para o delegante ou subdelegante, por força deste exercício interpretativa de
conformação com o artigo 49º CPA.
O Código do Procedimento Administrativo prevê:

 Um regime geral para a reclamação e para os recursos  artigos 184º a 190º CPA.

 A que acrescem regimes específicos:

o Reclamação  artigos 191º a 192º CPA.

o Recurso hierárquico  artigos 193º a 198º CPA.

o Recursos administrativos especiais  artigo 199º CPA.

De todo o modo, é de realçar que todas estas normas integram um regime geral, que é o regime geral do CPA,
pelo que apenas se aplicam se não existirem normas especiais relativamente às reclamações e aos recursos.

REGIME GERAL (artigos 184º a 190º CPA)

1. NATUREZA DAS IMPUGNAÇÕES ADMINISTRATIVAS (artigo 185º, 2 CPA):

 Facultativas  quando a possibilidade de acesso aos meios contenciosos de impugnação ou de


condenação à prática do ato legalmente devido não dependa da sua prévia utilização.

 Necessárias  quando a possibilidade de acesso aos meios contenciosos de impugnação ou de


condenação à prática de ato legalmente devido dependa da prévia utilização das garantias
administrativas.

 A regra é de que as reclamações e os recursos têm caráter facultativo, salvo se a lei os denominar
como necessários.

O critério interpretativo a ter aqui em consideração é o artigo 3º Decreto-Lei nº 4/2015.

ARTIGO 3º
Impugnações administrativas necessárias

1 – As impugnações administrativas existentes à data da entrada em vigor do presente decreto-lei só são necessárias
quando previstas em lei que utilize uma das seguintes expressões:

a) A impugnação administrativa em causa é “necessária”;

b) Do ato em causa “existe sempre” reclamação ou recurso;

c) A utilização de impugnação administrativa “suspende” ou “tem efeito suspensivo” dos efeitos do ato impugnado.

2 – O prazo mínimo para a utilização de impugnações administrativas necessárias é de 10 dias, passando a ser esse o
prazo a observar quando seja previsto prazo inferior na legislação existente à data da entrada em vigor do presente
decreto-lei.

3 – As impugnações administrativas necessárias previstas na legislação existente à data da entrada em vigor do


presente decreto-lei têm sempre efeitos suspensivos da eficácia do ato impugnado.
4 – São revogadas as disposições incompatíveis com o disposto nos números 2 e 3.

2. OBJETO (artigo 184º, 1 CPA)  contra que tipos de atos jurídicos é que é possível fazer uso das
reclamações e dos recursos?

 Atos administrativos (artigo 148º CPA).

 Omissões ilegais (artigos 13º e 129º CPA).

 Normas regulamentares com eficácia externa (artigos 135º e 147º CPA).

3. FUNDAMENTOS DAS IMPUGNAÇÕES (artigo 185º, 3 CPA):

 Ilegalidade.

 Inconveniência.

Fundar a reclamação ou o recurso no mérito ou na conveniência tem como pressuposto a verificação


prévia da relação que se estabelece entre o órgão cuja atuação se está a fiscalizar e o órgão que o fiscaliza.
Se, por exemplo, estiver em causa um ato administrativo praticado pela Câmara Municipal (Administração
Autónoma), em relação ao qual se pretende apresentar um recurso tutelar, junto da Inspeção Geral das Finanças
(Administração Estadual Direta). Neste caso, não é possível fundar esse recurso tutelar no mérito e na conveniência
da atuação da Câmara Municipal, porque a tutela que se exerce sobre a Administração Autónoma é uma tutela de
mera legalidade.

 Nos termos do artigo 199º, 3 CPA, o recurso tutelar só pode ter por fundamento a inconveniência ou a
inoportunidade nos casos em que a lei estabeleça uma tutela de mérito (Administração Estadual
Indireta).

4. EFEITOS SOBRE OS PRAZOS DE ACESSO AOS TRIBUNAIS ADMINISTRATIVOS (artigo 190º CPA):

 Reclamações sobre os recursos administrativos necessários:

o A reclamação de atos ou omissões sujeitos a recurso administrativo necessário suspende o


prazo da sua interposição (artigo 190º, 1 CPA).

o Nos restantes casos, a reclamação não suspende o prazo de interposição dos recursos
administrativos (artigo 190º, 2 CPA).

 Impugnações administrativas (facultativas) sobre a propositura da ação judicial:

o A utilização dos meios impugnatórios administrativos contra atos administrativos suspende o


prazo de propositura de ações nos Tribunais Administrativos e Fiscais, só retomando o seu curso
com a notificação da decisão proferida sobre a impugnação administrativa ou com o decurso do
respetivo prazo legal (artigo 190º, 3 CPA e artigo 59º, 4 e 5 CPTA).
5. EFEITOS SOBRE O ATO JURÍDICO IMPUGNADO (artigo 189º CPA):

 Impugnações administrativas necessárias  suspendem os respetivos efeitos (artigo 189º, 1 CPA).


 Impugnações administrativas facultativas:

o Não têm efeito suspensivo, com a exceção dos casos em que o autor do ato ou o órgão
competente para conhecer do recurso, oficiosamente ou a pedido do interessado (neste último
caso a decisão tem de ser tomada no prazo de 3 dias), considere que a sua execução imediata
causa prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação ao destinatário e a suspensão não cause
prejuízos para o interesse público (artigo 189º, 2 e 3 CPA).

o A possibilidade de ser decidida pela administração a suspensão de eficácia do ato não prejudica
o pedido de suspensão de eficácia perante os tribunais administrativos (artigo 189º, 5 CPA).

Os regulamentos administrativos podem ser objeto de reclamação e de recursos administrativos (artigo


147º CPA). O regime é o está previsto nos artigos 184º e ss. CPA. Nos termos do artigo 147º, 3 CPA, a
impugnação administrativa de regulamentos é sempre facultativa.

REGIME ESPECIAL PREVISTO NO CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (artigos 267º e ss. CCP)

Artigo 267º
Direito aplicável
1 – As impugnações administrativas das decisões relativas à formação dos contratos públicos regem-se pelo disposto no
presente título e, subsidiariamente, pelo disposto no Código do Procedimento Administrativo.

Artigo 268º
Natureza
As impugnações administrativas são facultativas.

Artigo 269º
Decisões impugnáveis
1 – São suscetíveis de impugnação administrativa quaisquer decisões administrativas ou outras àquelas equiparadas
proferidas no âmbito de um procedimento de formação de um contrato público.
2 – As peças do procedimento são também suscetíveis de impugnação administrativa.

Artigo 270º
Prazo de impugnação
Sem prejuízo do disposto no nº 3 do artigo 138º e no nº 3 do artigo 177º, as impugnações administrativas de quaisquer
decisões administrativas ou de outras àquelas equiparadas relativas à formação de um contrato público devem ser
apresentadas no prazo de cinco dias a contar da respetiva notificação.

Artigo 271º
Apresentação da impugnação
1 – O interessado deve expor, na reclamação ou no requerimento de interposição do recurso, todos os fundamentos
da impugnação, podendo juntar os documentos que considere convenientes.
2 – O recurso administrativo das deliberações do júri deve ser interposto para o órgão competente, por lei ou por
delegação, para a decisão de contratar.

Artigo 272º
Efeitos da impugnação
1 – A apresentação de quaisquer impugnações administrativas não suspende a realização das operações
subsequentes do procedimento em causa.
2 - Enquanto as impugnações administrativas não forem decididas ou não tiver decorrido o prazo para a respetiva
decisão, não se pode proceder:
a) À decisão de qualificação.
b) Ao início da fase de negociação.
c) À decisão de adjudicação.

Artigo 273º
Audiência dos contrainteressados
Quando a impugnação administrativa tiver por objeto a decisão de qualificação, a decisão de adjudicação ou a
rejeição de impugnação administrativa de qualquer dessas decisões, o órgão competente para dela conhecer deve,
nos dois dias seguintes à respetiva apresentação, notificar os candidatos ou os concorrentes para, querendo, se
pronunciarem no prazo de cinco dias, sobre o pedido e os seus fundamentos.

Artigo 274º
Decisão
1 – As impugnações administrativas são decididas no prazo de cinco dias a contar da data da sua apresentação,
equivalendo o silêncio à rejeição das mesmas.
2 – Quando haja lugar a audiência dos contrainteressados nos termos do disposto no artigo anterior, o prazo para a
decisão da impugnação administrativa conta-se do termo do prazo fixado para aquela audiência.

VANTAGENS DAS GARANTIAS ADMINISTRATIVAS FACE ÀS GARANTIAS CONTENCIOSAS

 A suspensão dos prazos de interposição de ação junto dos tribunais administrativos (artigo 190º, 3 CPA
e artigo 59º, 4 e 5 CPTA) e no caso de impugnação administrativa necessária a suspensão da eficácia do
ato (artigo 189º, 1 CPA).

 O caráter não preclusivo das garantias administrativas relativamente à tutela jurisdicional.

 A apreciação da legalidade e do mérito (artigo 185º, 3 CPA e artigo 3º, 1 CPTA): os regimes da
revogação e da anulação administrativas (artigos 165º e ss. CPA).

 A desnecessidade constituição de patrocínio jurídico e de pagamento de custas judiciais.


 Simplicidade, informalidade, celeridade e quase gratuitidade.

Você também pode gostar