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Marcha do procedimento regulamentar comum previsto no CPA

O procedimento regulamentar previsto no CPA (artigos 97º e ss.) trata-se de um regime geral, aplicável
apenas quando não exita um regime especial para um determinado tipo de regulamento.

1. FASE PREPARATÓRIA:

 FASE DE INICIATIVA  iniciativa oficiosa: o procedimento regulamentar depende de um ato do


órgão competente, sem prejuízo de este o poder praticar na sequência de petição apresentada por
qualquer cidadão (artigo 97º CPA).

O início do procedimento é objeto de publicitação no sítio institucional da entidade pública


competente (artigo 98º CPA).

 FASE DE INSTRUÇÃO  dirige-se à aquisição, composição e graduação dos interesses públicos e


privados coenvolvidos, à ponderação dos custos e benefícios das medidas projetadas e à
elaboração do projeto de regulamento e da respetiva nota justificativa, que deverá conter a
fundamentação das opções tomadas (artigo 99º CPA).

 FASE DA PARTICIPAÇÃO  finda a instrução, e elaborado um projeto de regulamento e respetiva


nota justificativa, os mesmos são sujeitos à participação dos interessados, por uma de duas vias:

 Audiência dos interessados (artigo 100º CPA)  tratando-se de regulamento que contenha
disposições que afetem de modo direto e imediato direitos ou interesses legalmente protegidos
dos cidadãos, o responsável pela direção do procedimento submete o projeto de regulamento
por prazo razoável, mas não inferior a 30 dias, a audiência dos interessados que como tal se
tenham constituído no procedimento.

Pode não ter lugar nos casos previstos nas alíneas a), b) e d) do número 3 do artigo 100º CPA.

 A emissão do regulamento é urgente.

 É de prever que a diligência pode comprometer a execução ou a utilidade do regulamento.

 Os interessados já se pronunciam no procedimento sobre as questões que importam à decisão.

É substituída pela consulta pública quando o número de interessados seja de tal forma elevado
que a audiência se torne incompatível, nos termos do artigo 100º, 3, c) CPA.

 Consulta pública (artigo 101º CPA)  tem lugar quando deve haver audiência dos interessados
e o número de interessados seja de tal forma elevado que a audiência se torne incompatível
(artigo 100º, 1, c) CPA) ou quando a natureza da matéria o justifique.
No preâmbulo do regulamento, é feita menção de que o respetivo projeto foi objeto de
consulta pública, quando tenha sido o caso.

 FASE DA ELABORAÇÃO DO PROJETO FINAL DO REGULAMENTO ADMINISTRATIVO (acolhendo ou


não as sugestões apresentadas pelos administrados).

2. FASE CONSTITUTIVA – aprovação do regulamento pelo órgão com competência regulamentar, o qual
poderá ser singular ou colegial. No caso de se tratar de um órgão colegial, deverão ser observadas as
normas referentes à tomada de deliberações por órgãos colegiais, designadamente quanto à menção
na convocatória, quórum, maioria de aprovação e sujeição a ata.

Os vícios referentes ao ato de aprovação, a verificarem-se, correspondem a ilegalidades ocorridas no


procedimento tendente à emissão do regulamento.

O ato de aprovação integra o procedimento regulamentar e tem caráter instrumental. Não tem
autonomia face ao regulamento como ato administrativo. A aprovação do regulamento, por si só, não
introduz qualquer modificação no sistema jurídico. A regulação inovatória de situações jurídicas
decorre do regulamento administrativo aprovado.

Só assim não será quando a competência para elaborar o regulamento e a competência para o aprovar
não estão reunidas no mesmo órgão. Neste caso concreto, a recusa da aprovação de um regulamento
consubstancia já um ato administrativo.

3. FASE INTEGRATIVA DE EFICÁCIA – o regime geral é definido no artigo 139º CPA.

Sem prejuízo do disposto em normas especiais, os regulamentos estão sujeitos:

 A publicação em Diário da República.

 E a publicação no boletim oficial da entidade pública e no respetivo sítio institucional na Internet.

Os regulamentos entram em vigor na data neles estabelecida ou no quinto dia após a sua publicação
(artigo 140º CPA).

Não pode ser atribuída eficácia retroativa aos regulamentos que imponham deveres, encargos, ónus,
sujeições ou sanções, que causem prejuízos ou restrinjam direitos ou interesses legalmente protegidos,
ou afetem as condições do seu exercício (artigo 141º, 1 CPA).

Os efeitos dos regulamentos não podem reportar se a data anterior àquela a que se reporta a lei
habilitante (artigo 141º, 2 CPA).

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