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Ciência Política

Sistemas de Governo – analisam o modo como os órgãos políticos se relacionam entre si.

Sistema Parlamentar

Surge no Reino Unido com a Revolução Gloriosa, com o objetivo de:

 Limitar o poder real;

 Estabelecer o respeito pelos direitos individuais dos cidadãos;

 Permitir a separação de poderes.

Segundo um sistema parlamentar britânico:

 O chefe de estado (Rei) não governa;

 Quem legisla é o parlamento (normalmente bicameral);

 Quem governa é o governo (que é única e exclusivamente responsável perante o parlamento,


caindo ou no fim do seu mandato, ou perante o parlamento, ou em situação de missão do governo,
sendo o último um ato voluntário).

 A responsabilidade perante o parlamento aplica-se, por exemplo, através das votações de censura.

 Existe também o direito de dissolução do parlamento por parte do primeiro-ministro, sendo este
um deputado, nomeadamente o líder do partido mais votado.

 Apesar do parlamento ser verdadeiramente essencial, no sistema parlamentar distingue-se o


exercício do poder legislativo e do poder executivo. É necessário que haja uma maioria
parlamentar.

É ainda possível distinguir sistemas parlamentares puros e degenerados:

 Sistema parlamentar puro – de gabinete, com uma maioria relacionada com o governo. Existe
estabilidade relacionada com o bipartidarismo ou a bipolarização (maiorias parlamentares).

 Sistema parlamentar degenerado – sistema de assembleia com uma multiplicidade de partidos. A


solução para a instabilidade que isto possa criar é a racionalização, criando regras jurídicas que
levem à estabilidade, tais como:

 Admissão de moções de censura construtivas, que servem quando a oposição quer


derrubar o governo, apresentando um candidato alternativo a primeiro-ministro.
Sistema Presidencial

Surge nos EUA com a Revolução Americana, com o objetivo de garantir um poder executivo forte.

 O Chefe de Estado é o Chefe de Governo, exercendo funções presidenciais e executivas.

 O poder executivo a nível nacional é abrangente e distante das pessoas.

 O sistema presidencial também inclui o elemento de separação de poderes, sendo sustentada a


democracia pelas eleições, pelo controlo dos tribunais, e pelo controlo feito pela comunicação
social.

 Tal como no sistema parlamentar, o parlamento apresenta o bicameralismo, possuindo funções de


natureza legislativa.

 O sistema tem a vantagem de permitir estabilidade governativa e uma grande autoridade e eficácia
por parte do governo, que tem importantes competências no plano internacional e interno (fiscais).

No caso americano, o sistema funciona à base de “checks and balances” – impossibilidade de dissolução do
congresso pelo presidente e impossibilidade de destituição do presidente pelo parlamento (exceto em
caso de impeachment).

Sistema Semipresidencial

Surgiu em França, em meados do século XX, com o objetivo de racionalizar o parlamentarismo e estabilizar
o governo.

 O governo é duplamente responsável perante o parlamento e perante o chefe de estado.

 O Chefe de Estado é designado por eleição universal.

 O governo depende essencialmente do parlamento na sua relação diária.

Em França, verifica-se um presidencialismo executivo bicéfalo, dado que o chefe do estado (Presidente da
Républica) e o chefe de governo (primeiro-ministro) possuem funções governativas, ambos possuem o
poder executivo. Desta forma, é necessária uma forte coordenação entre estes (coabitação).

No caso português, o poder executivo está entregue apenas ao chefe de governo, ou seja, ao primeiro-
ministro, contudo, o Presidente da República também possui funções de grande relevância, como é o caso
da possibilidade de demissão do Governo e de dissolução da Assembleia da República.
Caso Português

Formas de Estado – Estado unitário, parcialmente regional (art. 6º)

Forma de Governo – República (art. 1º)

Sistema de Governo – Semipresidencialismo (art. 190º)

Regime Político – Democracia (art. 2º, art. 48º e 109º)

Órgãos de Soberania – (art. 111º) Divisão e separação de poderes – (art. 110º)

 Presidente da República (art. 120º - art. 140º)  Poder legislativo – Governo e Parlamento

 Assembleia da República (art. 147º - art. 181º)  Poder judicial – Tribunais

 Governo (art. 182º - art. 201º)  Poder executivo – Governo

 Tribunais (art. 202º - art. 224º)  Presidente da República – poder moderador/


federador (art. 120º)

Presidente da República

 O Presidente da República é eleito por sufrágio direto, universal e secreto (art. 121º) e por maioria
absoluta (art. 126º) – sistema eleitoral maioritário –, o que lhe confere grande legitimidade
democrática.

 O mandato presidencial é de 5 anos (art. 128º), sendo interdito ao mesmo presidente mais do que
do que dois mandatos consecutivos (art. 123º).

 Podem ser eleitos todos os cidadãos de origem portuguesa com mais de 35 anos (art. 122º).

 As candidaturas têm de possuir no mínimo 7500 e no máximo 15000 assinaturas de cidadãos


eleitores (art. 124º).

 É assistido por um Conselho de Estado (art. 141 - art. 146º), cuja consulta é obrigatória em todas as
decisões relevantes.

 O Presidente da República é o garante da independência nacional. Competem a este as funções de


salvaguarda constitucional e de moderação do poder político. Sendo o mais alto magistrado da
Nação zela pelo bom funcionamento das instituições e, em casos graves, possui poderes para
demitir o Governo e dissolver a Assembleia da República, convocando eleições legislativas
antecipadas. É também o Comandante Supremo das Forças Armadas.

art. 120º
Mandato: 5 anos

Aprestação de candidatura: cidadãos eleitores (mínimo 7500)

Poderes:

 Escolher e nomear o primeiro-ministro (de acordo com os resultados eleitorais);

 Demitir o Governo (em caso de crise institucional grave);

 Convocar extraordinariamente a Assembleia da República e dissolvê-la (crise institucional grave);

 Promulgar as leis ou veta-las suspensivamente (art. 136º);

 Ratificar e assinar convenções internacionais (art. 135º);

 Nomear titulares de cargos públicos de destaque;

 Declarar o estado de sítio ou de emergência, com autorização da Assembleia da República (art.


138º).

1. Poderes PRÓPRIOS – artigo 133º


• alínea e) + artigo 172º
• alínea f) + artigo 196º
• alínea g) + artigo 195º
• alínea h)

2. Poderes PARTILHADOS – artigos 140º e 136º

3. Poderes de DIREÇÃO POLÍTICA – pode ser discutível a sua


existência, parecem estar mitigados – artigos 133º, 134º e 190º

4. Poderes de CONTROLO – nomeadamente, de aferição de atos


legislativos – artigos 136º e 278º

Assembleia da República

 A Assembleia da República corresponde à assembleia representativa de todos os cidadãos


portugueses (art. 147º).

 A Assembleia da República, constituída por deputados eleitos por círculos eleitorais


correspondentes aos distritos e às regiões autónomas (art. 149º).
 Cada legislatura tem a duração de 4 anos, salvo dissolução antecipada da Assembleia (art. 171º).

 Esta pode ser dissolvida pelo Presidente da República ou durante a vigência do estado de sítio ou
do estado de emergência (art. 172º, remissão para o art. 133º).
 Os deputados organizam-se por grupos parlamentares, de acordo com os partidos por que foram
eleitos (art. 180º).

 A Assembleia da República é o órgão legislativo por excelência e do jogo de forças dos partidos aí
representados resulta a constituição e a manutenção dos Governos.

Mandato: 4 anos (em caso de mandato completo)

Composição: 180 a 230 deputados (art. 148º)

Apresentação das candidaturas: partidos políticos (art. 151º)

Poderes:

 Aprovar alterações à Constituição;

 Legislar em todas as matérias, em particular as mais importantes;

 Aprovar as grandes opções do Plano e o Orçamento de Estado;

 Aprovar as convenções internacionais mais relevantes;

 Votar moções de confiança ou de censura ao Governo;

 Interpelar o Governo;

 Instaurar inquéritos parlamentares;

 Designar titulares de certos cargos públicos ou órgãos constitucionais

1. Função LEGISLATIVA
• artigo 164.º - reserva absoluta
• artigo 165.º - reserva relativa

2. Função de CONTROLO e FISCALZAÇÃO (em relação à atividade do


Governo)
• artigo 162.º
• artigo 193.º e 194.º

3. Função ELETIVA – auxílio na formação de outros órgãos


• artigo 163.º, alíneas g) e h)
Governo

 O Governo é o órgão executivo por excelência, ao qual compete a condução da política geral do
país (art. 182º).

 Para além das suas funções executivas, o Governo detém ainda una vasta competência legislativa
que exerce através de decretos-leis e de propostas de lei que apresenta à Assembleia da República
(art. 198º).

 Á cabeça do governo encontra-se o primeiro-ministro. Este é designado pelo Presidente da


República, de acordo com os resultados das eleições legislativas pelo que a escolha recai, regar
geral, no chefe do partido mais votado (art. 187º).

 Os restantes membros são também nomeados pelo Presidente da República, sob proposta do
primeiro-ministro (art. 187º).

 O governo é responsável perante o Presidente da República e a Assembleia da República (art.


190º), ou seja, poder ser demitido quer pelo Presidente da República, quer pela Assembleia da
República (art. 195º).

Mandato: 4 anos (em caso de mandato completo)

Poderes:

 Conduzir a política interna e externa;

 Legislar em matérias não reservadas à Assembleia.

1. Função POLÍTICA
• artigo 197º

2. Função LEGISLATIVA
• artigo 198º

3. Função ADMINISTRATIVA
• artigo 199.º
Tribunais

Os tribunais são os órgãos de soberania com competência para administrar a justiça em nome do povo
(art. 202º). Os tribunais apresentam como características fundamentais: independência interna (dentro da
função jurisdicional) e externa (face a outros órgãos e a outros poderes) e imparcialidade

 Tribunal Constitucional;

 Tribunais Administrativos e Fiscais;

 Tribunais Judiciais;

 Tribunal de Contas.

Nota: A independência dos tribunais foi consagrada pela Constituição de 1976,


uma vez que determinou que os juízes fossem nomeados pelos conselhos
superiores da Magistratura e não pelo ministro da Justiça, como anteriormente.
Assim, o poder judicial verdadeiramente autónomo, proporcionando as condições
para a sua imparcialidade. A revisão de 1982 criou, ainda, o Tribunal Constitucional
ao qual compete zelar pelo cumprimento das disposições constitucionais, receber e
aceitar as candidaturas a Presidência da República, proceder ao registo dos
partidos políticos, entre outras funções.
Orçamento de Estado

• Se for chumbado, podem se efetuar eleições antecipadas.

• Outra das hipóteses é a apresentação de uma nova proposta de orçamento por parte do
governo.

Consequências do chumbo do Orçamento de Estado:

 A partir de 1 de janeiro Portugal vai viver num regime de duodécimos (1/12 das despesas
orçamentais – não se pode ultrapassar esse limite).

O que está em cima da mesa é a possibilidade de realização de eleições, em consequência da dissolução da


Assembleia da República, por parte do Presidente. Se isso acontecer, apesar de estar dissolvido, os
deputados e o parlamento continuam a exercer as suas funções até novas assembleias, não perdendo o
seu mandato imediatamente.

Se estas acontecerem terão de ser marcadas com 55 dias de antecedência, e todos os partidos que
desejam concorrer, dispõem de 41 antes das eleições para a entrega de listas.

Depois das novas eleições legislativas, já eleita a assembleia da república, é necessária a nomeação do
governo, sendo o primeiro-ministro nomeado pelo Presidente da República, tendo em conta os resultados
eleitorais e depois de ter ouvido os partidos políticos.

Quando o governo acabar de ser nomeado, dispõe de 90 dias para apresentar um novo Orçamento de
Estado, sendo necessário mais 40 dias para a sua discussão. Para manter o equilíbrio de poder, caso o novo
Orçamento de Estado não seja aprovado, o Presidente da República não pode dissolver o parlamento, uma
vez que esta só pode ser dissolvido passado 6 meses da sua eleição.

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