Órgãos de Soberania e suas funções

4- Órgãos de Soberania
• O Estado, para cumprir a sua missão ou tarefas

(Fins do Estado) que estão consagrados na
Constituição, necessita de atribuir competências ou
poderes aos seus Órgãos.
Fins do Estado
• São Fins do estado (como sociedade politicamente
organizada):
– Garantir a Segurança;
– Assegurar a realização da Justiça;
– Promover o bem-estar económico-social.
• Estes fins estão consagrados no artigo 9º da CRP.

Fins do Estado
• Da leitura do art.º 9.º da CRP resulta que a satisfação das
necessidades do povo é da responsabilidade do Estado:
– O Estado deve ser o garante da segurança das pessoas e dos
seus bens, dentro do seu território e defender o povo de qualquer
ataque exterior.
– Incumbe ao Estado a realização da Justiça.
• Comutativa, na relação entre os cidadãos;
• Distributiva nas relações do cidadão com a comunidade e com o Estado.
– Cabe ao Estado o bem-estar económico e social dos cidadãos.
(água, eletricidade, transportes públicos, estradas,
escolas,hospitais, etc.)
Órgãos de Soberania
• Existem órgãos:
– singulares (presidente da República) só têm um titular;
ou
– colegiais (Assembleia da República), têm mais de um titular.
• Os Órgãos não se confundem com os seus titulares.
– os titulares vão mudando ao longo da história, por razões
físicas ou jurídicas;
– Os órgãos vão permanecendo no tempo.
• Em Portugal, vigora o princípio da renovação dos
titulares dos órgãos de soberania:
– O Presidente da República não pode ser reeleito para um
terceiro mandato consecutivo.
• os Órgãos de Soberania são elementos integrantes do
Estado.
• É através dos Órgãos de Soberania que o Estado exerce
as funções legislativa, executiva, judicial e política.
• Órgãos de soberania - são aqueles que se encontram
em posição dominante no Estado, que decidem
independentemente da obediência a ordens de outros
órgãos e é através deles que, num Estado democrático, o
povo exerce a soberania.
• São Órgãos de Soberania (nº 1 do art.º 110º da CRP):
– Presidente da República - artigo 120.º da C.R.P. e segs.
– Assembleia da República - artigo 147.º da C.R.P. e segs.
– Governo - artigo 182.º da C.R.P. e segs.
– Tribunais - artigo 202.º da C.R.P. e segs.
• Vamos analisar estes órgãos:
– designação dos titulares,
– caraterísticas e
– competências
Órgãos de Soberania - Presidente da República
• Estatuto (art.º 120º da CRP):
– É o órgão máximo da nação que representa a República
Portuguesa e garante a independência nacional, a unidade do
Estado e o regular funcionamento das instituições
democráticas e é, por inerência, comandante das Forças
Armadas.
Órgãos de Soberania - Presidente da república
• Eleição (art.º121º, nº 1 e 126º da CRP)
– É eleito por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos
portugueses eleitores recenseados no território nacional, bem
como dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro,
devendo neste caso ter-se em conta a existência de laços de
efetiva ligação à comunidade nacional.
– A eleição faz-se por mais de metade dos votos validamente
expressos. Se nenhum dos candidatos tiver mais de metade
dos votos há uma segunda volta entre os dois candidatos mais
votados.
• Elegibilidade (art.º 122º da CRP)
– São elegíveis para Presidente da República, cidadãos
eleitores portugueses de origem, maiores de 35 anos.
• Ineligibilidade (art.º 123 e 130º, nº3 da CRP)
– Não é permitida a reeleição para um terceiro mandato
consecutivo;
– Se o PR renunciar ao cargo, não se pode recandidatar, nas
eleições imediatas nem naquelas que se realizem nos cinco
anos seguintes.
• Mandato (art.º 128º,nº1 da CRP)
– O mandato do Presidente da República tem a duração de
cinco anos e termina com a posse do novo Presidente eleito.
• Competências (art.º 133º 134º 135º 136º e 138º da CRP)
– Alguns exemplos:
• Convocar extraordinariamente a AR e dissolvê-la;
• Nomear o Primeiro Ministro;
• Demitir o Governo;
• Promulgar e mandar publicar as leis, os decretos-leis e os
decretos-regulamentares
• Ratificar os tratados internacionais, depois de aprovados.
Órgãos de Soberania - Assembleia da República
• Estatuto e Composição (artº 147, 148, 149 e 152, nº2)
– Assembleia da República - É o órgão representativo de
todos os cidadãos portugueses, sendo este o seu estatuto
constitucional.
– Os deputados representam todo o país e não os círculos por
que são eleitos.
– A Assembleia tem no mínimo 180 e no máximo de 230
deputados no termos da lei eleitoral.
• Elegibilidade (artº 149, nº 1 e 150 da CRP)
– São elegíveis para deputados cidadão portugueses,
eleitores,
– Sendo eleitos por círculos eleitorais geograficamente
definidos na lei.
• Legislatura (artº 171, nº1 e 174, nº1 da CRP)
– A legislatura tem a duração de quatro sessões
legislativas, cada sessão legislativa tem a duração de um
ano e inicia-se a 15 de setembro.
• Competências - (artº 161, 162, 163, 164, 165 da CRP)
– aprovar alterações à Constituição;
– fazer leis sobre todas as matérias, salvo as reservadas ao
Governo pela Constituição.
– aprovar as leis das grandes opções dos plano e orçamento do
Estado;
– aprovar os tratados (de participação de Portugal em organizações
internacionais);
– vigiar pelo cumprimento da Constituição e das leis;
– votar moções de confiança e de censura ao Governo.
• A assembleia da República tem competências
– Políticas,
– Legislativas e de
– Fiscalização em relação a outros órgãos
• Competência Legislativa (artº 164 e 165 CRP)
– Existem matérias em que tem competência exclusiva para
legislar - reserva absoluta
– Outras matérias pode delegar competências para legislar ao
governo - reserva relativa.
– É da exclusiva competência da AR legislar sobre as
seguintes matérias (reserva absoluta) artº 164:
• Eleições dos titulares dos órgãos de soberania;
• Regimes dos referendos;
• Definição dos limites das águas territoriais, da zona económica
exclusiva e dos direitos de Portugal aos fundos do mar contíguos;
• Bases do sistema de ensino.
– É da exclusiva competência da AR salvo autorização ao
governo, (reserva relativa) legislar sobre as seguintes
matérias:
• Direitos liberdades e garantias;
• Definição dos crimes, penas, medidas de segurança e respetivos
pressupostos;
• Criação de impostos e sistema fiscal.
4- Órgãos de Soberania - O Governo
• Função e Composição (artº 182 e 183)

– É o órgão a quem compete a condução da política geral
(interna e externa) do país e da administração pública;
– O Governo é constituído pelo Primeiro Ministro, pelos
Ministros, pelos Secretários e Subsecretários de Estado e
pode incluir um ou mais Vice-Primeiros-Ministros.
– Os membros do Governo reúnem-se em Conselho de
Ministros.
• Formação (artº 187)

– Primeiro Ministro é nomeado pelo Presidente da
República, ouvidos os partidos representados na
Assembleia da República e tendo em conta os resultados
eleitorais.
– Os restantes membros do Governo são nomeados pelo
Presidente da República, sob proposta do Primeiro
Ministro
• Responsabilidade (artº 190)

– O Governo é politicamente responsável perante
• o Presidente da República e
• a Assembleia da República, o que significa que estes o podem
demitir.
• Demissão (artº 195)

– Aprovação de uma moção de censura por parte da maioria
dos deputados da AR
– Aceitação do pedido de demissão por parte do
PR,apresentado pelo primeiro ministro.
– O PR pode demitir o Governo quando se torne necessário ao
bom funcionamento das instituições.
• Competência (artº 197, 198, 199)
– Política:
• negociar e ajustar convenções internacionais
• apresentar propostas de lei e de resolução à AR
– Legislativa:
• fazer decretos-leis em matérias não reservadas à AR
• fazer decretos-leis em matérias de reserva relativa da AR mediante autorização
desta.
– Administrativa:
• Fazer e executar o Orçamento de Estado
• fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis
• praticar todos os atos e tomar todas as providências necessárias à promoção dos
desenvolvimento económico-social e à satisfação das necessidades coletivas.
4- Órgãos de Soberania - Os Tribunais
• Função (artº 202 CRP)

– Os tribunais têm a função jurisdicional
– São os órgãos de soberania com competência para administrar
a justiça, incumbindo-lhes:
• assegurar a defesa dos direitos e interesses legalmente protegidos
dos cidadãos;
• reprimir a violação da legalidade democrática e
• dirimir os conflitos de interesse públicos e privados.
• Os Tribunais são Independentes, estando apenas sujeitos
à lei e à Constituição.
– A independência dos Tribunais (e Juízes) tem como objetivo a
inexistência de pressões ou de condicionamentos.
– Os juízes:
• não recebem ordens ou instruções nas decisões que tomam.
• não sujeição a qualquer ordem ou instrução dos outros órgãos de soberania
nem de tribunais superiores.
• A independência dos Tribunais face aos outros órgãos de
soberania é fundamental em qualquer Estado de Direito
Democrático.
• A independência dos Juízes é reforçada pela inamovibilidade
e pela irresponsabilidade consagradas no artº 216 da CRP:
• Categorias de tribunais (artº 209 da CRP):

– Tribunal Constitucional (2211º e segts)
– Supremo Tribunal de Justiça e Tribunais Judiciais de 1ª e de 2ª
Instância (210 e 211)
– Supremo Tribunal Administrativo e demais Tribunais
Administrativos e Fiscais (212)
– Tribunal de Contas (214)
– Tribunais Militares (213
– Tribunais Marítimos, arbitrais e julgados de paz
• Hierarquia dos Tribunais
• Os tribunais judiciais encontram-se hierarquizados, para efeito de recurso das suas
decisões - Art. 27.º da Lei n.º 52/08 e Art. 210.º da C.R.P. da forma seguinte:
– Supremo Tribunal de Justiça – órgão superior dos tribunais judiciais, sem prejuízo da
competência própria do Tribunal Constitucional. Tem sede em Lisboa e competência em
todo o território nacional.
– Tribunais da Relação ( Tribunais de 2.ª Instância) – funcionam por princípio na sede
do respetivo distrito judicial, tomando a designação deste e exercendo aí a sua
competência. (Existem tribunais Judiciais em Lisboa, Coimbra, Porto, Évora, Guimarães e
Faro.)
– Tribunais Judiciais (Tribunais de 1.ª Instância) – são em regra os Tribunais de Comarca
e designam-se pelo nome da circunscrição em que se encontram instalados.
 Tribunais Judiciais (Tribunais de 1.ª Instância)

–
 são em regra os Tribunais de Comarca
 São de 1ª instância porque lhes cabe apreciar a
generalidade das causas pela 1ª vez.
 Têm competência genérica (podem ser
especializados)
 Os juízes chamam-se juízes de direito
 Os outros tribunais são tribunais de recurso
• Tribunais da Relação ( Tribunais de 2.ª

Instância)
• Compete-lhes apreciar os recursos das decisões dos tribunais
de 1ª instância.
• Os juízes destes tribunais chamam-se juizes desembargadores.
• Supremo Tribunal de Justiça
• É a última instância de recurso.
• Tem sede em Lisboa e competência em todo o território nacional.
• A hierarquia dos tribunais

– não significa a subordinação de uns a outros, mas sim
a possiblidade de recurso das decisões dos
tribunais inferiores para os tribunais superiores.
– A lei define os termos e as possibilidades de recurso.
• Alçada
– Valor até ao qual o
Tribunal julga sem
hipótese de recurso
• Em matéria criminal
não há alçada.

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4- Órgãos de Soberania

• O Estado, para cumprir a sua missão ou tarefas

• Estes fins estão consagrados no artigo 9º da CRP.

• Função e Composição (artº 182 e 183)

• Formação (artº 187)

• Responsabilidade (artº 190)

• Demissão (artº 195)

• Função (artº 202 CRP)

• Categorias de tribunais (artº 209 da CRP):

 Tribunais Judiciais (Tribunais de 1.ª Instância)

• Tribunais da Relação ( Tribunais de 2.ª

• A hierarquia dos tribunais

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